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PROMOÇÃO DA RESILIÊNCIA E DA EDUCAÇÃO EMOCIONAL NA

APRENDIZAGEM ESCOLAR.

Bruna Campos da Silva


Graduanda em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB Campos VIII
brunacamposdasilva745@gmail.com
João Carlos Silveira Junior
Graduando em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB Campus VIII
joaosilveira8fsapa@gmail.com
Prof.ª Orientadora Me. Gicelma de Oliveira Carvalho
Universidade do Estado da Bahia – UNEB/Campus VIII
gicelma.oloveira@gmail.com

Esse artigo tem como objetivo apresentar reflexões vividas durante a prática do estágio
supervisionado nas séries iniciais do ensino fundamental. Para tanto, buscou-se relatar o
processo de imersão no estágio em suas distintas etapas, levando em consideração sua
importância para formação no curso de Pedagogia. Os principais teóricos utilizados para
fundamentar esse trabalho foram: Goleman (2007), Wallon (1975) que abordam os embates
acerca da educação emocional e resiliência infantil. A metodologia de pesquisa utilizada nesse
estudo foi de natureza qualitativa, sendo caracterizada como uma pesquisa-ação. O local de
realização desse estudo foi no Sesc Ler, no município de Paulo Afonso, na turma de 3º ano do
ensino fundamental. Os principais participantes desse estudo foram 22 crianças e duas
pedagogas. Os instrumentos de coleta de dados foram a observação direta e o diário de campo
da prática de estágio. Portanto, foi estabelecido um diálogo pertinente, considerando todas as
nuances deste processo e o campo moldando a roupagem da pesquisa, diante da relação
dicotômica entre teoria e prática. O fundamento teórico proporcionou todo embasamento
necessário para a observação e elaboração da intervenção no período de regência. Por fim, a
prática do estágio supervisionado tornou-se um rico espaço de aprendizagem profissional,
pois o conhecimento obtido em sala de aula na universidade faz total sentido quando
relacionado a realidade prática, fazendo com que o graduando, tenha a experiência de
vivenciar os embates que circundam o ambiente escolar e buscar práticas pedagógicas
adequadas para as situações encontradas durante o período de observação, ou seja o indivíduo
em formação profissional, passa por etapas como observar, planejar e fazer uma auto
avaliação, desenvolvendo para ser um futuro professor pesquisador.

Palavras-chave: Estágio. Ensino fundamental. Pesquisa. Educação emocional.

This article aims to present reflections lived during the practice of supervised internship in the
initial grades of elementary school. Therefore, we sought to report the immersion process in
the internship in its different stages, taking into account its importance for training in the
pedagogy course. The main theorists used to support this work were: Goleman (2007), Wallon
(1975) who address the clashes about emotional education and child resilience. The research
methodology used in this study was qualitative in nature, being characterized as an action
research. The place of accomplishment of this study was at Sesc Ler, in the municipality of
Paulo Afonso, in the class of 3rd year of elementary school. The main participants of this
study were 22 children and two pedagogues. The data collection instruments were direct
observation and field diary of internship practice. The theoretical foundation provided all
necessary basis for the observation and elaboration of the intervention in the regency period.

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Finally, the practice of supervised internship has become a rich space for professional
learning, because the knowledge obtained in the classroom at the university makes total sense
when related to practical reality, causing the undergraduate, to have the experience of
experiencing the clashes that surround the school environment and seek appropriate
pedagogical practices for the situations found during the observation period, that is, the
individual in professional training, goes through stages such as observing, planning and make
a self-assessment, developing to be a future research professor.

Keywords: Stage. Elementary school. Research. Emotional education.

INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é compreender como se desenvolve a resiliência infantil e como a
inteligência emocional pode ajudar na formação e desenvolvimento da criança, e aprender
estratégias de acolhimento e de maior socialização entre os discentes, identificando fatores
que impedem e bloqueia emocionalmente o aluno de maior participação e interação em classe.
Descreve e relata vivências que ocorreram durante o estágio, que por sua vez é dividido em
três partes, sendo elas: Observação com um período de 20 horas coparticipação 20 horas e
regência 40 horas. A primeira etapa trata do momento de analisar, anotar tudo que acha
relevante, tendo um olhar clínico para o objeto estudado, cada detalhe é importante. Na
segunda etapa para além do olhar clínico o estagiário participa ativamente das interações em
classe, já trabalhando como mediador, mais próximo das práticas pedagógicas e das relações
em sala, antes da última etapa é necessário planejar os momentos da regência com a turma a
partir da problemática e das outras etapas Neste terceiro momento é quando a pesquisa faz
total sentido, quando prática é viva e é o momento crucial para trabalhar as práticas
pedagógicas corretas, após o embasamento e olhar adquirido nas etapas anteriores. Tudo trata
do componente curricular Estágio II- Educação Infantil do Curso de licenciatura plena em
Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Este componente é fundamental
para o futuro pedagogo, pois a experiência adquirida é extremamente enriquecedora,
principalmente ao ter contato com a prática utilizando a teoria, faz com que o estudante
universitário se sinta pertencente a categoria de professor e tenha um breve contato com a
rotina de um. Para maior compreensão da temática é necessário perceber o real propósito da
educação no ensino fundamental. Com os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula
e a vivência nas etapas de observação e coparticipação, regência surge uma reflexão evidente,
a socialização destes anos na escola. A criança como um ser social, precisa lidar com as
relações interpessoais, nas quais ela aprende a dividir espaços e objetos, lidar com as

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diferenças, ter responsabilidades, etc. É neste momento em que a educação emocional e a
resiliência é fundamental para que esta fase seja de grande aprendizado para o presente, e para
as experiências futuras.
Dentro deste contexto conceitua-se também como objetivo deste trabalho aprender a
mediar a relação interpessoal e intrapessoal das crianças, promovendo reflexões, estimulando
a resiliência e a inteligência emocional de forma interdisciplinar e como tema transversal.

CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO DE ESTÁGIO


O estágio ocorreu na unidade Sesc Ler em Paulo Afonso, Bahia, foi realizado no Ensino
fundamental I, especificamente no terceiro ano do turno vespertino, com crianças de em
média 8 a 10 anos, entre o dia 00/10 o dia 00/12/2019.
A instituição tem uma proposta pedagógica Construtivista e Sociointeracionista, onde
promovem o protagonismo do educando como sujeito de sua realidade, priorizando o
processo de aprendizagem de maneira que abranja o desenvolvimento do indivíduo em sua
amplitude de ser, com ações sistemáticas desenvolvidas para a formação da cidadania,
preparando o aluno para a construção de habilidades e competências num mundo globalizado

REFERENCIAL TEÓRICO
A inteligência emocional é um dos principais fatores para ter sucesso na relação interpessoal,
financeira, social, educacional, dentre outros. Por isso que o desenvolvimento da inteligência
emocional promove a autogestão, a consciência social e a facilidade de alta qualidade de vida
em todos os setores da vida pessoal do indivíduo, estando diretamente relacionada a
elementos fundamentais do comportamento, de forma que a construção da inteligência
emocional possa ser aprendida diante da flexibilidade de absorção de experiências.
Para Goleman:
“A educação emocional é tão importante na aprendizagem quanto a matemática e a leitura.
Percebe-se que não é que a educação da grade curricular comum não seja importante para o
aluno, mas reconhecer o poder da emoção do indivíduo e a influência da mesma na
percepção/relação que este tem com o equilíbrio do seu corpo é fundamental.”
(GOLEMAN 2007, p 215)
Como é difícil uma criança que tem fome concentrar-se no conteúdo que a professora passa
no quadro negro, igualmente é difícil uma criança com conflitos emocionais dedicar-se ao que
é estudado, estará sua cabeça em qualquer mundo fora da sala de aula, envolta em sentimentos
que muitas vezes não sabem expressar ou não fazer por simplesmente não saber.

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Entende-se que alguns indivíduos possuem a inteligência emocional mais elevada que outros,
isso se dá devido a fatores ambientais e treinamentos comportamentais que podem ser
desenvolvidos visando aumentar tal inteligência. Simplesmente algumas características
podem ser destacadas no comportamento de crianças que possuem alto ou baixo quociente
emocional, a exemplo de agressividade, autoritarismo, resistência a mudanças, impulsividade,
denotando baixa inteligência emocional.
Em outro sentido, características como empatia, determinação, persuasão, consistência,
organização, entusiasmo, habilidade de decisão e paciência são algumas características que
demonstram um nível elevado de inteligência emocional. Desta forma, a inteligência
emocional consiste na capacidade de perceber e interpretar as próprias emoções, bem como
gerir e interpretar as emoções das pessoas que estão no nosso convívio social.
A maneira como demonstramos nossas emoções são influenciadas por nossa história, cultura,
meio social, por isso pessoas com características semelhantes podem não corresponder da
mesma forma diante de determinadas situações aparentemente iguais.
O grande pai do conceito de “Inteligência Emocional”, Daniel Goleman afirma a importância
do desenvolvimento da inteligência emocional, sobretudo quando esta é deixada de lado em
preferência a intelectual.
Nesse sentido Goleman (2007) afirma que:
[...] Uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é
lamentavelmente míope. A própria denominação Homo sapiens, a espécie pensante,
é enganosa à luz do que hoje a ciência diz acerca do lugar que as emoções ocupam
em nossas vidas. Como sabemos por experiência própria, quando se trata de moldar
nossas decisões e ações, a emoção pesa tanto – e às vezes muito mais – quanto a
razão. Fomos longe demais quando enfatizamos o valor e a importância do
puramente racional – do que mede o QI – na vida humana. Para o bem ou para o
mal, quando são as emoções que dominam, o intelecto não pode nos conduzir a
lugar nenhum (GOLEMAN, 2007, p. 21)

Segundo o psicólogo Goleman, as emoções têm um caráter primordial no desenvolvimento do


ser humano, lembrando que as emoções estão ligadas inclusive a características biológicas do
indivíduo, de modo que quando as emoções prevalecem negativamente sobre o mesmo, este
será incapaz de promover a sua intelectualidade plenamente.
O ilustre autor afirma que o ser humano é dotado de cinco sentimentos primitivos: a raiva,
medo, tristeza, alegria e amor, variando de intensidade desde a mais branda ou mais intensa,
dependendo do meio em que está inserido, histórico social, cultura e fatores orgânicos do
corpo humano. Sendo estas as emoções básicas universais, reconhecidas por diferentes
culturas de todo o mundo, desde as populações mais primitivas às mais modernas.

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Ao aprofundarmos o assunto, observa-se que Wallon (1971,) alerta-nos sobre a necessidade
de lidar com dois aspectos da natureza humana que são, ao mesmo tempo, antagônicos e
complementares: o afetivo e o intelectual. O autor afirma que para produzir intelectualmente é
necessário o controle emocional, não se se submetendo ao poder da emoção, fato que
contribuiria significativamente para a redução do nível de atividades intelectuais do indivíduo.
Portanto, o grande desafio é conseguir manter o equilíbrio entre o cognitivo e a emoção sob
pena de comprometer a realização de qualquer atividade do indivíduo. Essa tarefa tem como
resultado a resiliência, um estado de grande valia para as mais difíceis elaborações mentais do
sujeito.

Nesse contexto, para CARDOSO:


“Como nossa educação emocional não é satisfatória e nossas dificuldades emocionais não
podem ser resolvidas individualmente, faz-se necessário que a escola auxilie a sociedade
nesse fardo. As recentes descobertas das ciências do comportamento mostram que uma má
formação emocional desencadeia grandes dificuldades pessoais, profissionais, escolares e
sociais para um indivíduo. ” CARDOSO (2004,p.117)
Wallon (1971) questiona se para produzir intelectualmente é preciso diminuir a intensidade do
estado emotivo e os comprometimentos dos surtos emotivos que acometem os indivíduos são
prejudiciais para as elaborações intelectuais e para a própria sobrevivência desses indivíduos.
Segundo o autor, a teoria das emoções deve ser estudada em toda sua complexidade, evitando
se basear em teorias lógica mecanicista para explicar as emoções.
O professor é fundamental na trajetória de delimitação da personalidade, dos limites nas
relações sociais como parceiro responsável da administração de conflitos. Segundo Wallon
(1971), é necessário compreender que na relação professor-aluno a afetividade é expressa por
meio de conversa, do ouvir, do conhecimento do seu aluno, não limitado apenas a
demonstrações de afeto físico, mas algo não palpável como a empatia.
Goleman, também destaca a importância da escola, do profissional da educação na
contribuição de um ensino voltado também, para o aspecto emocional, proporcionando uma
educação integral e de qualidade para o indivíduo em seu contexto social. É necessário que a
escola e professores busquem reconhecer as necessidades de seus alunos, levando em
consideração os diferentes níveis de desenvolvimento afetivo e cognitivo, para melhor
orientar a ação educativa.
Essa capacidade de adaptação e resistência frente aos obstáculos que a vida oferece pode ser
denominada “resiliência”. A resiliência nada mais é do que a capacidade de enfrentar

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adversidades da vida e superá-las, transformando-as em situações de crescimento e
aprendizagem. Sim, ela não é apenas uma palavra da moda, em que frases e textos compostos
por sua essência são postados nas redes sociais, ela torna-se nos dias atuais uma ferramenta de
autoconhecimento e habilidade de controle de emoções.
Falar de resiliência infantil pode ser um assunto novo, mas é fundamental haja vista não só
adultos que passam por momentos traumáticos e situações adversas em suas vidas, as crianças
também absorvem e sofrem com a realidade ao seu redor, estando suscetíveis a vivenciar
momentos de dificuldade, dor e sofrimento. Entretanto, como estão na primeira infância, as
crianças estão em um processo de desenvolvimento de suas habilidades de linguagem e
expressão, muitas vezes incapacitados de expressar os seus sentimentos.
Dessa forma é tão imprescindível que se ensine e estimule a resiliência infantil estimulando
para que a criança possa, por meio dessa habilidade emocional de transformação e superação,
recuperar-se de experiências negativas de trauma, dor e de situações de ansiedade e
insegurança, sendo capazes de sair das situações mais fortes que antes da experiência
negativa.
A palavra resiliência – do latim resilire (recuar ou dar um passo atrás) – é um conceito geral
relativo à adaptação positiva em um contexto de mudança. Nos campos da física e da
engenharia, a resiliência refere-se normalmente à capacidade de um corpo suportar estresse ou
tensão sem se romper, ou à capacidade de recobrar sua forma original, como no caso de uma
mola ou de um elástico. Na ciência do desenvolvimento humano, a resiliência tem um
significado amplo e diversificado, o que inclui a recuperação do indivíduo após experiências
traumáticas, a superação de desvantagens para alcançar o sucesso, e a resistência a situações
estressoras para cumprir tarefas cotidianas.
Tanto as pesquisas sobre resiliência quanto os estudos sobre o desenvolvimento normal e a
ciência da psicopatologia e da prevenção destacam a importância da primeira infância para o
estabelecimento de proteções fundamentais oferecidas às crianças por relacionamentos
positivos, desenvolvimento saudável do cérebro, habilidades de autorregulação adequadas,
apoio da comunidade para com as famílias e oportunidades de aprendizagem. Um referencial
de resiliência para os sistemas de cuidados emergiu com ênfase na construção de pontos fortes
e de competências para crianças, suas famílias, seus relacionamentos e as comunidades em
que vivem.
No que se refere a resiliência, vemos que a mesma não é absoluta, ou seja, as crianças podem
mostrar pontos fortes em algumas áreas, como qualidade escolar, entretanto, ao mesmo

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tempo, apresentar dificuldades em outras áreas, como interação com outras crianças. Da
mesma forma, indivíduos em risco podem ter desempenho excelente em determinado
momento, porém quando precisam enfrentar adversidades contínuas – ou quando não contam
com o apoio adequado para enfrentá-las, podem submergir.
Por isso, a primeira infância é um período fundamental de oportunidades para que as famílias
e a sociedade garantam às crianças os recursos e as proteções necessárias para o
desenvolvimento das ferramentas adaptativas e dos relacionamentos necessários para
enfrentar o futuro bem preparadas.
Na teoria Walloniana, de acordo com Wallon (1971) as emoções são comandadas pelo
sistema nervoso central e que estão situadas na região subcortical. Sendo assim, o
desenvolvimento da emoção evolui desde o nascimento do indivíduo, portanto este é o
argumento utilizado para combater sua redução a uma mera ação do meio, a um reflexo. De
modo que é necessário considerar o caráter evolutivo, a maturação dos centros nervosos
responsáveis pela emoção, tendo em vista sobretudo a questão biológica humana.
De igual forma, Goleman (2007), acredita que é possível desenvolver a inteligência
emocional que possuímos, quanto mais cedo melhor será o processo de aprendizagem e que
os efeitos dessa aprendizagem serão utilizados somente para o bem, ou seja, existe um olhar
moralista por parte do autor, afirmando que o ser humano somente poderá contribuir
positivamente para a sociedade, destacando a importância da família e da escola no papel da
educação emocional, e às escolas, apresenta diversos trabalhos a serem desenvolvidos como
programas curriculares sistemáticos.
Goleman (2007), em sua incrível obra ressalta que a crise que a humanidade vive hoje, com
aumento da criminalidade, violência e infelicidade é o reflexo de uma cultura que se
preocupou apenas com o intelecto, esquecendo o lado emocional da pessoa. Ele afirma que
existem duas mentes: a que raciocina e a que sente. A primeira, uma mente racional, é o modo
de compreensão, de que quase sempre temos consciência, capaz de ponderar e refletir. Já, a
segunda, a mente emocional, é um sistema de conhecimento impulsivo. Na maior parte do
tempo, essas duas mentes se harmonizam, mesclando seus modos de conhecimento para que
nos orientemos no mundo. Em outros momentos, essas mentes se coordenam,
respectivamente. No entanto, quando a mente emocional se destaca tomando vazão a razão, e
o impulso impera sobre a racionalidade, há um efetivo desequilíbrio que poderá comprometer
a função sócio biológica do ser humano.

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Estimular o autoconhecimento e a capacidade de ser resilientes frente as adversidades é uma
das dificuldades que a escola tem que se responsabilizar. Colocar a responsabilidade nas mãos
da família não é o caminho correto, haja vista que o aluno passa 5 horas de seu dia no
ambiente escolar e, por mais que se queira determinar na cabecinha das crianças apenas
conhecimentos da didática curricular, torna-se imperioso promover o desenvolvimento
completo do ser humano, sobretudo emocional, a fim de evitar que com o avanço da sua
formação escolar o aluno seja apenas uma esponja que absorve conteúdos.
Ao longo da pesquisa será demonstrado como a turma que foi estudada foi capaz de
desenvolver uma educação emocional nos alunos, bem como avaliar a dificuldades dos
docentes em identificar e trabalhar possíveis transtornos emocionais que acabam
comprometendo o aspecto intelectual dos discentes.

METODOLOGIA DE PESQUISA
A essência desta discussão é voltada as Ciências Humanas e nada mais natural do que a
utilização de uma abordagem metodológica qualitativa, que vem sendo utilizada desde a
década de 1960, no campo educacional, onde Lüdke e André (1986, p 73) ressaltam que essa
abordagem permite a compreensão do ambiente escolar em suas peculiaridades estruturais e
funcionais, sobretudo, da relação professores e alunos. Para FAZENDA (2010, p 55) É
interessante perceber que para melhor realização desta abordagem precisa-se observar a
linguagem, de como o sujeito ou o grupo representam palavras para si mesmos utilizando a
suas formas de significado, compõem discursos reais, revelam e ocultam neles o que estão
pensando ou falando, a maneira a qual representa a si mesmo, com a forma de expressão oral
ou através de comportamentos repetitivos, é lidar a partir do que o sujeito apresenta de si
mesmo com suas representações, principalmente nos primeiros contatos em grupos da mesma
faixa etária. Para (GOLEMAN 1995, pg 318). Existem aptidões comportamentais não-
verbais como comunicar-se por contato ocular, expressão facial, tom de voz, gestos e assim
por diante e existem as aptidões verbais, como fazer pedidos claros, responder eficientemente
a crítica, resistir a influências negativa, ouvir os outros, participar de grupos positivos de
colegas. Essa afirmação une a temática com a abordagem metodológica, estreitando esta
relação
Ao falar sobre a importância da pesquisa qualitativa, Godoy (1995, p. 20) mostra que “ela
ocupa um lugar significativo entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que

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envolvem os seres humanos e suas intrincadas relações sociais estabelecidas em diversos
ambientes”.
Diante dos fatos, pode-se afirmar que o que importa ao pesquisador qualitativo é o contato
direto e constante com no dia a dia dos sujeitos pesquisado, isso porque eles sofrem
influências do contexto, o que pode acarretar mudanças durante o processo de coleta de
dados. Segundo Lüdke e André (1986, p.12) o interesse do pesquisador ao estudar um
determinado problema é verificar como ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e
nas interações cotidianas.
Por se tratar de um projeto de pesquisa que toma o ambiente de educação como objeto de
estudo e, pela pesquisadora compreender que nesse lugar o processo das relações humanas é
dinâmico, interativo e interpretativo, o arcabouço metodológico será alicerçado pelas técnicas
qualitativas. Dessa forma, a escolha teórica fica justificada quando se pensa nos “agentes
interpretativos”, de (apud MOREIRA, 2002), ou seja, as pessoas interpretam seu mundo,
compartilhando o seu modo de ver com outros que, por sua vez, também interpretam.
Ainda, sobre a determinação da escolha metodológica, Lüdke e André (1986) sinalizam que
ao se pretender rigor científico no estudo da realidade complexa que caracteriza o ambiente
escolar, será necessário empregar os subsídios encontrados na vertente qualitativa de
pesquisa, sobretudo pelo fato de haver uma atenção com o preparo do planejamento da
pesquisa.
Para melhor entender o objeto a ser pesquisado serão realizadas uma pesquisa bibliográfica e
uma pesquisa de campo Lakatos e Marconi afirmam que “as fases da pesquisa de campo
requerem, em primeiro lugar, a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em
questões” (2010, p.169). De acordo com os mesmos autores, a pesquisa bibliográfica “[...]
servirá, como primeiro passo, para se saber em que estado se encontra atualmente o problema,
que trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões reinantes sobre o assunto”
(2010, p.169).
Nesse sentido, o presente estudo será realizado através do levantamento bibliográfico,
com o objetivo de fazer uma abordagem didática e histórica do tema. Dessa forma, conceitua
Gil (1999):
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja
exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios
podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de
pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo. (GIL, 1999, p.65)

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Dentro do processo da pesquisa bibliográfica é obtido todo o conhecimento prévio necessário
para o momento da prática. Utilizando conceitos dos autores sobre a temática para embasar o
olhar do pesquisado frente ao objeto de estudo.
Neste trabalho, existe o apoio teórico em obras de autores que analisam a educação
emocional na infância, Segundo Goleman:.
[...]Uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é
lamentavelmente míope. A própria denominação Homo sapiens, a espécie pensante, é
enganosa à luz do que hoje a ciência diz acerca do lugar que as emoções ocupam em
nossas vidas. Como sabemos por experiência própria, quando se trata de moldar
nossas decisões e ações, a emoção pesa tanto – e às vezes muito mais – quanto a
razão. Fomos longe demais quando enfatizamos o valor e a importância do puramente
racional – do que mede o QI – na vida humana. Para o bem ou para o mal, quando são
as emoções que dominam, o intelecto não pode nos conduzir a lugar nenhum
(GOLEMAN, 2007, p. 21)

Para aprofundar o estudo diz Wallon (1971):


[...] é preciso diminuir a intensidade do estado emotivo e os comprometimentos dos surtos
emotivos que acometem os indivíduos que são prejudiciais para as elaborações intelectuais e
para a própria sobrevivência desses indivíduos. A teoria das emoções deve ser estudada em
toda sua complexidade, evitando se basear em teorias lógica mecanicista para explicar as
emoções.
Acrescenta Wallon:
[...] é necessário que os professores busquem conhecimento e técnicas para serem
utilizados em suas aulas, técnicas de representações como: a dramatização, o desenho,
o relato oral, a música e outras atividades que diminuem a emotividade dos alunos. O
professor é fundamental na trajetória de delimitação da personalidade, dos limites nas
relações sociais como parceiro responsável da administração de conflitos, é necessário
compreender que na relação professor-aluno a afetividade é expressa por meio de
conversa, do ouvir, do conhecimento do seu aluno, não limitado apenas a
demonstrações de afeto físico, mas algo não palpável como a empatia. (Wallon 1971,
pág. 43).

Diante da visão teoria da temática, o projeto se volta para a pesquisa exploratória.


A pesquisa exploratória segundo Gil:
[...] tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas
a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas
envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que
estimulem a compreensão (GIL, 2007, p. 41).

Desta forma na pesquisa de campo o pesquisador precisa ir até o local onde o problema ocorre
para presenciar toda a realidade e comparar o que foi presenciado com o que diz a teoria. Por
esse motivo a pesquisa de campo na abordagem qualitativa é muito importante porque permite
que o pesquisador possa ter o contato com o que está sendo pesquisado.
Portanto a partir do que foi exposto, podemos concluir que, a pesquisa bibliográfica ajuda o
pesquisador a adquirir fundamentação teórica sobre o assunto pesquisado. E a pesquisa de
campo é a investigação do pesquisador no local onde ocorre o problema pesquisado.
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ANÁLISE DA PRÁTICA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
O estágio é de fato uma ferramenta com um poder transformador, ele age proporcionando a
construção do saber de modo muito natural, contextualizando a bagagem teórica com a
prática, trabalhando a realidade e aproximando o estagiário dos embates que circundam o
meio no qual ele estará inserido enquanto profissional da área.
Durante a sondagem sentiu-se certo incomodo com a presença dos estagiários na etapa de
observação, notou-se práticas relevantes do docente e instituição perante a classe em sua
coletividade. Tais como: Confecção de maquetes, brinquedos recicláveis e cartazes,
trabalhando temáticas diversas; Contação de histórias pelos alunos em projetos de leitura e
mala viajante; brincadeiras que trabalhava a educação, porém é necessário ainda assim um
maior acompanhamento no acolhimento e nas relações interpessoais e intrapessoais dos
indivíduos.
Essa visão é oriunda de um embasamento teórico onde segundo Wallon (1971)
[...] é necessário que os professores busquem conhecimento e técnicas para serem
utilizados em suas aulas, técnicas de representações como: a dramatização, o
desenho, o relato oral, a música e outras atividades que diminuem a emotividade dos
alunos.

Diante de Fatos vivenciados como desequilíbrio emocional do discente frente a ameaças


recorrentes como de “ficar sem recreio” sendo uma espécie de chantagem para que a criança
faça o que a professora pede entre outros casos de situações entre os próprios alunos.
Sentimos em alguns momentos certa dispersão no quesito mediação da turma por parte da
professora. O que contradiz com uma prática pedagógica mais relevante diante da realidade
da turma e da problemática escolhida para este trabalho.
No 3º ano, nota-se uma grande dificuldade de concentração e foco, a instituição
através da coordenadora do ensino fundamental adota uma estratégia interessante, a
ramificação da turma para execução de atividades distintas e simultâneas, a turma é dividida
em 3 grupos nos quais, cada um trabalha com uma atividade diferente, havendo um
revezamento, desta forma a assimilação, concentração e participação aumenta muito, além do
interesse pelas interações. É notório que por trás do “véu” dos olhos destas crianças há algo
que gera determinados comportamentos, com colegas, professores e coordenadores,
comportamentos estes que não condiz com a postura de um aluno, a família geralmente tem
ligação direta nesta relação, porém é papel da escola utilizar estratégias para melhorar o
rendimento do mesmo.

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Justamente por entender que alguns indivíduos possuem a inteligência emocional mais
elevada que outros, isso se dá devido a fatores ambientais e treinamentos comportamentais
que podem ser desenvolvidos visando aumentar tal inteligência. Simplesmente algumas
características podem ser destacadas no comportamento de crianças que possuem alto ou
baixo quociente emocional, a exemplo de agressividade, autoritarismo, resistência a
mudanças, impulsividade, denotando baixa inteligência emocional.
Em outro sentido, características como empatia, determinação, persuasão,
consistência, organização, entusiasmo, habilidade de decisão e paciência são algumas
características que demonstram um nível elevado de inteligência emocional. Desta forma, a
inteligência emocional consiste na capacidade de perceber e interpretar as próprias emoções,
bem como gerir e interpretar as emoções das pessoas que estão no nosso convívio social.
Esta definição não dialoga totalmente com a visão presenciada no período de observação e
coparticipação, os pontos levantados pelos autores. Pois a prática não está de acordo com o
olhar de professor pesquisador, onde busca meios para obter a aprendizagem dos discentes,
quando se compreende as inteligências, é adquirido o saber de mesclar práticas diferenciadas
nas quais agrega todos indivíduos, não apenas os que tem algum transtorno, mas todos
precisam de práticas diversas para obter o conhecimento da forma que conseguir e o próprio
discente construir o conhecimento
É relevante pontuar que a autonomia é fundamental na construção social dessas
crianças, então é muito importante este olhar do docente, dar o espaço da criança, do criar e
construir, não existindo uma fórmula para chegar a aprendizagem o aprender é no conviver,
nas interações mediadas pela professora .
O período de Regência é o momento da relação mais próxima estagiário e alunos.
Onde há verdadeira troca e absorção de conhecimento para todos, para o professor em
formação e para os alunos.
Neste momento a proposta foi elaborar um planejamento que adentrasse na ideia do
embasamento teórico, buscando práticas muitas vezes nem muito novas, mais diferenciadas e
agregadoras.
O aprendizado se estabelece também a partir da relação estagiário e meio a ser
pesquisado, o que envolve não somente os alunos, mas também os professores, neste
momento foi onde se encontrou mais dificuldade
Aprender a lidar com minhas próprias emoções durante o processo, desenvolver e
trabalhar minha inteligência emocional e resiliência, tiveram provações, porém o prazer de

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estar no campo só fez com que o interesse aumentasse e o apoio a teoria e os conhecimentos
já obtidos na prática guiaram todo o processo.
As atividades foram desenvolvidas dentro dos eixos e temáticas já determinadas pela
Instituição, mas a proposta foi trabalhar a educação emocional como um tema transversal o
que deu possibilidades incríveis e surpreendentes.
A experiência de estágio permitiu expandir os horizontes acerca da educação no ensino
fundamental, como existe uma infinidade de possibilidades, as vezes a escola tem recursos
como nesse caso, mas existem profissionais que não aproveitam e cai em um mecanismo
reprodutivo.

REFERÊNCIAS

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar-projeto-de pesquisa- São- Paulo-atlas-2002.
GOLEMAN, D. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
FAZENDA, I . Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez, 2010
WALLON, H . A evolução psicológica da criança. Tradução de Cláudia Berliner: São
Paulo: Martins Fontes, 2007.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
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