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" O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho, é no dicionário"

Albert Einstein

1 Grandezas Físicas e Unidades

1.1 Introdução

O que é a Física?
Física é a ciência do mundo natural que trata dos componentes fundamentais do universo, as
forças que eles exercem, e os resultados destas forças. O termo vem do grego physiké, que
significa natureza. Actualmente, é dificílimo definir qual o campo de actuação da física, pois ela
aparece em diferentes campos do conhecimento que, à primeira vista, parecem completamente
descorrelacionados.
Como ciência, faz uso do método científico. Baseia-se essencialmente na matemática e na lógica
quando da formulação de seus conceitos

Quais são o ramos da Física

A Física é dividida de acordo com diversos critérios. Em primeiro lugar há uma divisão
fundamental entre física teórica, física experimental e física aplicada. No entanto, a divisão mais
importante é aquela que é baseada nos fenómenos e no seu estudo.
Mecânica
Cinemática
Dinâmica
Estática
Hidrostática
Hidrodinâmica
Aerostática
Aerodinâmica
Termologia
Termodinâmica
Calorimetria
Ondulatória
Acústica
Óptica
Electromagnetismo
Magnetismo

1
Eletricidade
Física de Semicondutores
Física Moderna
Teoria da relatividade
Relatividade geral
Relatividade restrita
Física de Partículas
Física Subatômica
Física Atômica
Física Molecular
Física Nuclear
Mecânica Quântica
Mecânica Estatística

As aplicações da física são vastas indo desde da electrónica à medicina.

As Leis da física permitem:

• Descrever o comportamento de partículas de dimensões subatómicas e de objectos de


dimensões superiores ao sol.
• Usar as mesmas leis para medir a velocidade de uma estrela através da sua luz e a
velocidade de um automóvel através de um radar.

2 Grandezas Físicas
Sabemos que, por exemplo:

• a gramática trabalha com palavras, e com a relação existente entre elas;


• a história trabalha com factos e eventos.

... e a Física, com o que ela trabalha ???

A Física trabalha com as grandezas físicas e as leis da Física exprimem relações entre as
diferentes grandezas físicas.

Existem 2 tipos de grandezas, as físicas e as não físicas.

Físicas (vectoriais, escalares ou adimensionais): São aquelas


grandezas que podem ser medidas e quantificadas. Ex: comprimento,
GRANDEZAS massa, tempo etc...
Não físicas: São aquelas que não podem ser medidas. Ex: beleza,
emoção, alegria, amor etc...

2
As grandezas Físicas podem ser classificadas em:

• ESCALARES – Que ficam perfeitamente determinados com o valor numérico e a


unidade em que se exprimem. Ex: comprimento, massa, etc.

• VECTORIAIS – Grandezas que para ficarem perfeitamente definidas necessitam para


além do seu valor numérico de mais 3 elementos; ponto de aplicação, direcção e sentido.
Ex: velocidade, força, aceleração...

• ADIMENSIONAIS – Aquelas que ficam perfeitamente definidas com um valor


numérico. Ex: coeficiente de atrito, medida de ângulos....

A observação de um fenómeno em Física só é completa quando dela não resultar uma


informação quantitativa. Medir é então um processo que nos permite atribuir um número a uma
grandeza física como resultado da comparação entre quantidades semelhantes. A medida de
qualquer grandeza física envolve sempre a comparação da grandeza com um valor unitário da
grandeza definida com precisão e envolve sempre um número e uma unidade padrão.

Exemplo: A distância entre dois pontos é de 25 metros, ou seja, ela é igual a 25 vezes o
comprimento da unidade padrão.

A medição de uma grandeza pode ser efectuada por comparação directa com um padrão ou
com um aparelho de medida (medição directa), ou ser calculada, através de uma expressão
conhecida, à custa das medições de outras grandezas (medição indirecta).

Contudo antes de ser feita uma medida deve-se ser seleccionada a unidade padrão para
cada tipo de grandeza que se pretende medir.

As grandezas físicas podem ser divididas em duas categorias:

• As fundamentais – aquelas que são obtidas directamente e são independentes entre


si e são as seguintes:
- Comprimento
- Massa
- Tempo
- Intensidade da corrente eléctrica
- Temperatura
- Intensidade Luminosa
- Quantidade de Substancia

• As Derivadas – As que podem ser expressas em função das grandezas


fundamentais:

- Velocidade
- Força
- Peso
- Energia

3
- Pressão
- ……

A cada uma destas grandezas esta associada um símbolo e a sua respectivas unidades. Na tabela
seguinte estão representadas as grandezas fundamentais.

Grandeza Unidade
Grandeza Símbolo Nome Símbolo
comprimento l metro m
massa m quilograma kg
tempo t segundo s
corrente eléctrica I ampere A
temperatura T Kelvin K
Quantidade de matéria η mole mol
Intensiade luminosa Iν candela cd

As unidades do quadro anterior são as unidades base do Sistema Internacional (S.I.). Todas
as outras unidades podem ser obtidas as partir destas. Estas unidades chamam-se unidades
derivadas.
As grandezas físicas podem ser também divididas em grupos que constituem afinidades
particulares, como por exemplo:

• Mecânica – em que é expressa nas grandezas comprimento, massa e tempo


• Electromagnetismo – Expresso em comprimento, massa, tempo e intensidade de
corrente eléctrica.
Assim o sistema internacional é tridimensional para a mecânica e tetradimensional para o
electromagnetismo

O Sistema Internacional é o sistema mais usado pois todas as unidades derivadas resultam
apenas de produtos ou divisões de outras unidades e as fórmulas mais usadas encontram-se
simplificadas. Nas equações que existe simetria são introduzidos unicamente factores de
proporcionalidade.
O Sistema Internacional de Unidades (SI) foi criado em 1960, pela 11ªConferência Geral de
Pesos e Medidas (CGPM) e adoptado, em Portugal, pelo Decreto-Lei n°427/83, de 7 de
Dezembro, como o sistema legal deunidades de medida.
O SI é composto de:

· Unidades de base (sete unidades


· Unidades suplementares (ângulo plano – Radiano e o ângulo sólido - esterradiano)
· Unidades derivadas.

Foi determinado, igualmente, o uso dos múltiplos e submúltiplos daquele sistema, bem
como regras para a escrita dos símbolos.

Para alem do S. I. existem outros dois sistemas de unidades também usados: o Inglês e o
CGS.

Unidades SI Inglês CGS

4
comprimento metro pé (ft) centímetro (cm)
massa quilograma libra (lb) grama (g)
tempo segundo segundo segundo

Estes sistemas competem entre si, existindo por isso a possibilidade de se converter as
unidades dos outros dois sistemas para SI e vice-versa. Em seguida estão alguns factores de
conversão entre as respectivas unidades:

• 1 polgada = 2,54 cm
• 1 milha = 1609 m
• 1 pé = 0,3848 m
• 1 libra = 0,4536 kg
• 1onça = 28,4 g

Assim sabendo estes factores de conversão pode-se passar facilmente de sistemas de


unidades.

2.1 Grandezas Físicas Elementares

• Comprimento – O primeiro padrão internacional de comprimento foi uma barra de


platina designada por metro padrão. Foi definido como a distância entre dois traços
gravados próximos de cada extremidade da barra, sendo esta mantida a uma temperatura
constante de 0ºC e suportada de forma a não sofrer alterações mecânicas. O metro foi
estabelecido como sendo um décimo milionésimo da distância entre o pólo norte e o
equador através do meridiano que passa por Paris.
Actualmente e com a evolução tecnológica utiliza-se a luz para definir o metro com uma
melhor precisão. Este agora é definido como senso a distância percorrida pela luz, no
1
vazio, no intervalo de tempo de do segundo. A unidade SI do comprimento e
299792458
o metro (m).

Distancias medidas Metros


Raio da Via Láctea 6x1019
Raio do Sol 7x107
Raio da Terra 6x106
Altura do Monte Everest 9x103
Altura de uma pessoa 1,8
Tamanho de um vírus 1x10-6

• Massa – O padrão SI da massa é um cilindro de platina ao qual é atribuído, por acordo


internacional, a massa de 1 quilograma. A unidade de massa no sistema SI é o quilograma
(kg)

Massas medidas Quilogramas


Sol 2x1030
Terra 6x1024

5
Lua 7x1022
Pessoa 70
Vírus 1x10-15
Electrão 9x10-31

• Tempo – Começou a ser definido em termos do dia médio de ano de 1900. O segundo
solar medido era a unidade fundamental de tempo definido por:
1 1 1
⋅ ⋅ do dia solar médio.
60 60 24

O tempo referenciado à rotação da terra em torno do eu eixo é o tempo universal. Contudo


a rotação da terra em torno do seu eixo não é constante ao longo do tempo. O erro obtido
utilizando a rotação da terra como calibração é de 5microsegundos por ano.
Em 1967, o segundo foi redefinido através da introdução dos relógios atómicos. Neste
tipo de aparelhos, as frequências associadas a certas transições atómicas (independentes do meio
ambientes e estáveis) podem se medidas com uma precisão de 1 parte em 1012 o que equivale a
uma incerteza de 1s em 30000 anos.
Assim a unidade de tempo, segundo (s), foi definido em função de uma frequência
característica de uma espécie do átomo de Césio, sendo definido como:
O segundo é o tempo necessário para um átomo de césio 133 efectuar 9 192 631 77
vibrações.

Tempos medidos Segundos


Vida media de um protão >1040
Idade do universo 5x1017
Idade da pirâmide de Queops 1x1011
Período da terra em torno do Sol (1 ano) 3x107
Período da terra em torno do eixo (1 dia) 9x104
Período típico de um satélite em torno da terra 5x103
Intervalo entre as batidas normais de um coração 8x10-1
Pulso de luz mais curto produzido (1990) 6x10-15

Resumo das Grandezas Físicas Elementares SI.

6
2.2 Recomendações relativas a grandezas físicas (algumas)

• As grandezas devem ser representadas por impressos em itálico (l,m). Se forem grandezas
vectoriais devem ser representadas por caracteres itálicos a negro (v,F) ou por itálicos
encimados por uma seta ( v, F ).
• As abreviaturas das grandezas devem ser representadas por caracteres direitos (f.e.m).
• Os índices numéricos devem ser escritos com caracteres direitos (v1) e os índices literais
devem ser escritos em itálico se corresponderem a grandezas (Cp – capacidade térmica a
pressão constante)
• Notações a utilizar no produto e quociente de duas grandezas a e b
a
a.b, a ⋅ b, a b, a × b, , a b , ab −1
b
• Representação de grandezas e suas unidades em gráficos ou tabelas
t/s, v/ms-1, P/MPa

7
v/m.s-1

t/s
Figura 1

2.3 Recomendações sobre unidades

• Os nomes das unidades escrevem-se com caracteres minúsculos mesmos que derivem de
nomes próprios:
metro, watt, pascal, newton, hertz - a única excepção grau Celsius que é usado
para exprimir uma diferença ou intervalos de temperatura

• Os nomes das unidades quando escritos por extenso admitem plural se o valor da
grandeza for ≥ 2:
0,47 metro; 1,99 joule; 2 miliamperes; 5,2 metros por segundo

• Os símbolos das unidades, quando impressos, são escritos em caracteres direitos e, em


geral, minúsculos. No entanto, se o nome deriva de um nome próprio a 1ª letra do símbolo
será maiúscula:
metro (m); pascal (Pa); newton (N)

• Os símbolos das unidades não admitem abreviaturas, nem plural, nem índices:
vmax= 12 m.s-1 e não 12metro/s – não se deve combinar símbolos e nomes;
x= 12m e não 12m., 12ms ou 12mts;

• Não se deve acrescentar as unidades os símbolos que indiquem alguma grandeza;


Pe = 20 KW não P = 20 KWe

• Deve ser clara a correspondência entre os valores e as unidades:


• 20cm x 30 cm e não 20x30cm

• Notação a utilizar no produto e quociente de duas unidades c e d:


a
c.d , c ⋅ d , , c d , cd −1
b
m.s , ( m s ) s , m s −2
−2

• Os nomes das unidades que derivam de nomes próprios são escritos no idioma original

8
2.4 Prefixos SI

Por razões de ordem prática, utilizam-se múltiplos e submúltiplos das unidades fundamentais
e derivadas na forma de potências de base 10. Eles são designados por um prefixo e os seus
nomes derivam do grego e do latim respectivamente.

Prefixo – Caracteres direitos sem deixar espaço entre o prefixo e o símbolo da unidade. Não
empregar prefixos compostos:
nm (nanometro) e não mμm
μg (micrograma) e não nkg
μs-1(10-6s)-1 e não 10-6s-1

Nas duas tabelas seguintes estão os nomes e símbolos dos prefixos usados nas unidades

Figura 2 – Prefixos Múltiplos

Figura 3 – Prefixos submúltiplos

9
2.5 Recomendações relativas a prefixos

Entre as unidades de base SI, a unidade de massa é a única cujo nome contém, devido a razões
históricas, um prefixo. Os nomes dos múltiplos e dos submúltiplos decimais da unidade de massa
são formados pelo acréscimo dos prefixos à palavra “grama”

10-6 kg= 1 miligrama (mg) e não microquilograma (μkg)

2.6 Unidades SI com nome especial

Algumas unidades têm nomes especiais devidos derivarem de nome de cientistas ou da


combinação de outras unidades. O emprego destes nomes permite distinguir grandezas que
tenham a mesma dimensão e tornar menos extensas as designações das unidades.

10
2.7 Unidades fora do sistema SI

Algumas unidades estão fora do sistema SI mas são úteis em domínios especializados. O
valor destas unidades é obtido experimentalmente, não sendo portanto conhecido exactamente.
Podem ser usadas conjuntamente com as unidades SI

11
2.8 Unidades de uso temporário e uso desaconselhado

Unidades usadas em conjunto com unidades SI.

Deve-se evitar usar as seguintes unidades, devendo der substituído por unidades SI. Contudo em
certos domínios ainda são usadas

12
2.9 Unidades CGS

2.10 Mais recomendações à utilização de prefixos.

• Nas unidades derivadas, expressas por meio de um quociente, é preferível aplicar o


prefixo SI à unidade referida no numerador:
Mm/s em vez de m/ks
kN/m em vez N/mm
No entanto é admissível V/cm; A/cm2;g/cm3; µmol/dm3

13
• Os prefixos também podem ser aplicados as unidades fora do SI
MeV (megaelectrão-volt)
Ml (mililitro)

• Em geral escolhe-se um múltiplo ou submúltiplo de tal modo que o valor numérico


da grandeza física fique entre 0,1 e 1000, excepto na comparação de valores
3,6x105m = 360km
47x104W = 0,47MW

2.11 Restrições ao uso de prefixos SI

Não se usam quando a unidade tem como símbolos índices superiores (º, ’ ”)
Para unidades fora do SI
Tempo (min, h,d)
Ângulo plano(º, ’ ”)
Nas unidades fora do SI não se deve combinar com unidades SI a utilizar prefixos (excepção:
km/h)

3 Noções Básicas de Mecânica


Antes do início do próximo capítulo sobre dimensões das grandezas físicas e dedução de
equações físicas, vamos introduzir algumas grandezas físicas que posteriormente serão
aprofundadas nos capítulos seguintes.

• Velocidade – a velocidade media de um objecto com um movimento rectilíneo e


uniforme como sendo a razão entre a distância percorrida pelo objecto (um comprimento)
e o tempo que demorou a percorrer essa distância.

∆x x f − xi
v= =
∆t t f − ti
Também se pode definir a velocidade instantânea, que é a velocidade num determinado ponto do
∆x
espaço com sendo o limite da razão quando Δt tende para zero:
∆t

∆x
v = lim
x→0 ∆t
ou
∂x
v=
∂t
m
Onde x é o vector posição. A unidade de velocidade é o metro por segundo ( ).
s

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• Aceleração – define a variação da velocidade num certo intervalo de tempo.

∆v v f − vi
Aceleração média: a = =
∆ t t f − ti
∂v
Aceleração instantânea: a =
∂t
m
onde v é o vector velocidade. A unidade de aceleração é o metro por segundo ao quadrado (
).
s2
Se a aceleração de um objecto for constante ao longo do trajecto do objecto o movimento é
uniformemente acelerado é descrito pelas seguintes equações:
1
x = x0 + v0t + at 2
2
v = v0 + at
v 2 = v02 + 2a∆x

• Aceleração da gravidade – g = 9,8 m/s2

Todos corpos, quaisquer que sejam a forma, tamanho ou composição caem com a mesma
aceleração no mesmo local próximo da terra. Esta aceleração contudo depende da distancia ao
centro da terra diminuindo com o aumento da altitude e varia ligeiramente com a latitude.
A aceleração da gravidade é responsável pelo aumento da velocidade de um objecto em
queda livre e pela sua diminuição para a atmosfera. Um objecto, movendo no sentido da terra
ou no sentido contrário, exprime sempre a mesma aceleração devido à gravidade.

• Força – uma força é qualquer influência sobre um corpo que provoca uma modificação
da velocidade deste, isto é, da sua aceleração. O módulo da força é igual ao produto da
massa do corpo pelo módulo da aceleração que provoca, ou seja:

F = ma
m
Em que as unidade da força e o Newton ( N ou kg 2 )
s

• Peso – O peso de um corpo na terra é a força gravítica que a terra exerce sobre esse corpo
M m
P = G T2
r
Em que MT é massa da terra, m a massa do corpo e r a distancia do corpo ao centro da terra.
O peso de um corpo num outro planeta é a força gravítica que esse planeta exerce nesse corpo.
O vector de P é vertical e esta sempre dirigido para o centro da terra. Se um corpo de massa
m for deixado cair livremente perto da superfície da terra, a sua aceleração é a da gravidade g e a
força que actua sobre ele é o seu peso. Então pela segunda lei de Newton obtém-se:

P = mg
O que implica que

15
MT
g =G
r2
A unidade do peso é o Newton (N).

• Massa Volúmica ou densidade

A massa volúmica, ρ, de uma substancia é definida com sendo a razão da sua massa pelo seu
volume:
m
ρ=
V
kg
A unidade de massa volúmica é 3 . Também é comum definir densidade relativa que
m
corresponde à razão entre a densidade de um dado corpo pela densidade da água.
Em geral, volumes iguais de substâncias diferentes têm massa diferente. Portanto a massa
volúmica depende da natureza do material. A densidade depende igualmente da temperatura e da
pressão a que é medida. Os gases são particularmente sensíveis a estas grandezas.

• Pressão – é a razão entre o modulo da força normal e a área da superfície onde actua,
sendo definida por:
F
p= n
A

Isto vem do facto de um fluido em equilíbrio estático, em repouso, não poder sustentar uma
força tangencial.
N
A unidade de pressão no SI é o Pascal (Pa ou 2 ).
m

• Momento linear – o momento de uma partícula define-se como o produto da sua massa
pela sua velocidade, sendo uma grandeza vectorial, dada por:

p = mv

m
A unidade de momento linear é kg . O momento linear pode ser imaginado como a dificuldade
s
de levar um objecto em movimento ate ao repouso.

• Momento de uma força

Se F representa a força que actua numa partícula de massa m e r a distancia entre o ponto em
que aplicada a força e um eixo de rotação, o momento de uma força, τ, em relação a esse eixo é
dado pelo seguinte produto vectorial:
τ = r×F
m2
A unidade SI para o momento de uma força é kg 2 . O módulo do momento é dado por
s
τ = rFsenθ , em que θ é o ângulo entre o vector força e o braço.

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• Velocidade e aceleração angular

A velocidade angular define a razão entre o deslocamento angular num determinado intervalo
de tempo. Corresponde a velocidade linear no movimento rectilíneo. A velocidade angular surge
sempre que tenhamos o movimento em torno de um eixo, sendo definida por:

∆θ θ f − θ i
Velocidade angular média: ω = =
∆t t f − ti
∆θ
ω = lim
x →0 ∆t

Velocidade angular instantânea: ou


∂θ
θ=
∂t
rad
Onde θ representa o vector posição angular e a unidade de velocidade é .
s
As relações entre grandezas angular e linear são:

v = rω
x = rθ
Também existe a aceleração angular que é similar ao caso linear:

∆ω ω f − ωi
Aceleração média: α = =
∆t t f − ti
∂ω
Aceleração instantânea: α =
∂t
onde ω é o vector velocidade. A unidade de aceleração é o metro por segundo ao quadrado
rad
( 2 ).
s
Se a aceleração de um objecto for constante ao longo do trajecto do objecto o movimento é
uniformemente acelerado é descrito pelas seguintes equações:
1
θ = θ 0 + ω0 t + α t 2
2
ω = ω0 + α t
ω 2 = ω02 + 2α∆θ

• Força centrípeta

É o tipo de forças que actuam quando existe movimento circular uniforme, isto é com
velocidade constante. Estas forças estão dirigidas para o centro do círculo de rotação e é definida
por:

v2
Fc = m
r

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• Trabalho

Considere-se uma partícula que se move ao longo de uma trajectória curvilínea sob a acção de
uma força F . Num dado intervalo de tempo t ela efectua um deslocamento s. O trabalho
realizado pela força durante o deslocamento é dado pelo produto escalar:
W = F •s
W = Fs cos θ
Em que θ é o ângulo entre a direcção da força e o deslocamento. A unidade de trabalho é o Joule
(J).

• Energia Cinética

Uma partícula ou sistemas de partículas que tem capacidade de realizar trabalho possui
energia. Uma dessas energias é a energia cinética.
A energia cinética de uma partícula é a medida da sua capacidade de realizar trabalho devido
ao seu movimento e é dada por:
1
Ec = mv 2
2
Em que as unidades de energia é o Joule (J).

• Energia Potencial

Representa a capacidade de produzir trabalho resultante da capacidade da interacção entre


dois ou mais corpos, ou seja, a capacidade do sistema realizar trabalho devido à sua
configuração. Existem dois tipos de energia potencial: a elástica e a gravítica.

• Energia potencial gravítica

A energia potencial gravítica Epg é a energia que um objecto de massa m possui


devido à sua posição em relação à terra. A definição de energia potencial gravítica
implica que se escolha uma posição de referência para a qual a energia potencial é
nula.
No caso de um objecto próximo da terra:
E pg = mgh
Onde h é a altura a que esta colocado o objecto em relação ao solo (ou referencia).

• Energia potencial elástica

Esta energia é devido à deformação de um corpo elástico (mola). Este tipo de energia
é definida como sendo o trabalho que essa mola realiza para regressar à sua posição
de equilíbrio.
1
E pe = kd 2
2

18
Onde k é a constante da mola e d a deformação ou deslocamento relativamente à
posição de equilíbrio.

• Viscosidade Dinâmica (μ)

A viscosidade representa a resistência à deformação dos fluidos em movimento, não


se manifestando se o fluido estiver em repouso. A acção da viscosidade representa
uma forma de atrito interno, exercendo-se entre as partículas adjacentes que se
deslocam com velocidades diferentes. A viscosidade é uma propriedade
termodinâmica que depende da temperatura e da pressão. A unidade SI da
viscosidade é Pa s e é descrita pela seguinte equação:

FL
µ=
vA

4 Dimensões das grandezas físicas

4.1 Introdução

O conceito de dimensão é muito especial em física. Em geral denota a natureza física de


uma grandeza. Por exemplo, uma distância, quer seja medida em metros ou quilómetros, é
sempre uma distância. Então a sua dimensão é o comprimento.
Tal como as grandezas e as unidades as dimensões também se podem dividir em
fundamentais ou derivadas.
As dimensões fundamentais são:

Grandeza Dimensão Unidade


Comprimento L m
Massa M kg
Tempo T S
Corrente eléctrica I A
Temperatura Θ k
Quantidade de matéria N mol
Intensiade luminosa J cd

As dimensões são importantes pois permitem verificar ou deduzir, a menos de constantes


adimensionais, as equações, pois as dimensões podem ser tratadas como se fossem grandezas
algébricas.

Dimensão de uma grandeza - Expressão que representa uma grandeza como produto das
potencias das grandezas base do sistema correspondente:

DimG = [G ] = Lα M β T γ I δ Θε N ξ J η

19
L,M,T,.….- dimensões base
α,β,γ,…. – expoentes dimensionais (∈ Q). Se forem todos nulos a grandeza diz-se adimensional.

• A dimensão de uma grandeza determina-se recorrendo à sua equação de definição.

Exemplo:
Massa Volúmica.

m
ρ=
V
[ m]
[ρ ] =
[V ]
[ m] = M
[V ] = l 3  = L3
M
[ρ ] = = L−3 M
L3

4.2 Homogeneidade dimensional das Equações físicas.

• Uma equação física correcta terá de ser dimensionalmente homogénea, isto é, a dimensão
do 1º membro da equação terá que ser igual ao segundo.
Esta condição é necessária para se verificar se a eq. Física está correcta, contudo não é
suficiente, porque a homogeneidade dimensional não verifica por exemplo os coeficientes
numéricos.
1
Exemplo: Ec = mv 2
2

1º membro Ec = [1]
1
2º membro mv 2 = [2]
2
2
[1] =L MT -2

[2] =[m][v2]=L2MT-2
1
Como [1] = [2] a equação é homogénea (o termo é adimensional)
2

4.3 Comprovação da veracidade das fórmulas

Uma equação desde que seja correcta é homogénea mas o contrário não se verifica, ou seja, a
equação pode ser homogénea mas isto não significa que esteja correcta.
Considere-se a seguinte equação:

τ = mgh

20
Em que τ é o momento de uma força com dimensão de L2MT-2 ou seja dimensão de energia.
O segundo termo corresponde à energia potencial gravítica, logo dimensão L2MT-2.
Dimensionalmente esta equação é homogénea, contudo não é correcta pois o momento de uma
força não é igual à variação da energia potencial gravítica.
No entanto, a analise dimensional permite verificar se no caso de duvida entre varias
equações qual está correcta.
Exemplo: Qual das seguintes equações esta correcta?
1 l 1 g
1) f = ou 2) f =
2π g 2π l

Para equação 1) as dimensões são:

[f] =T-1
[l ] =T logo esta equação não está correcta sendo a 2) correcta.
[g]

4.4 Dedução de equações físicas

Partindo do princípio que as equações correctas têm de ser homogéneas, pode-se através da
análise dimensional deduzir a dependência funcional entre as grandezas intervenientes nessas
equações.
Exemplo:
Um estudo experimental mostra que o valor de uma força é função da massa, velocidade e
do raio da trajectória. Determine, a menos de uma constante adimensional, a expressão que
descreve esta força.

F = f ( m, v, r )
F = km x v y r z

Em k é uma constante adimensional. A dimensão de força é LMT-2. Para a equação estar correcta
ele terá que ser homogénea, logo as dimensões dois termos da equação terão que ser iguais. A
dimensão do segundo termo é:

y
 m x  v y   r z  = M x ( LT −1 ) Lz
Para ser homogénea, os dois termos a dimensão dos termos da equação tem que ser iguais,
LMT −2 = Lz + y M xT − y

Igualando os termos de mesma dimensão e passando para um sistema linear

z + y = 1 z = 1
 
x = 1 ⇔ x = 1
− y = −2 y = 2
 
Obtém-se a expressão para a força

21
v2
F = km
r

Nota: O número de incógnitas ≤ numero de grandezas. Caso contrario terá de se decorrer a


teoremas mais complexos.

5 Exercícios
1. Um cientista pretende determinar a força que uma partícula está sujeita quando faz uma
trajectória circular. Ao fazer um estudo experimental verificou que esta dependia da
massa, da velocidade e do raio da trajectória. Determine a expressão desta força a menos
de uma constante.

2. A força de resistência (F) que o ar apõe ao movimento de uma gota depende da


viscosisade do ar (µ), da velocidade da gota (v) e do raio (R) da gota a menos de uma
constante adimensional. Determine a equação dessa força.

µ LQ
3. Verifique se a equação ∆P = c está correcta (c é uma constante e os restantes
D3
símbolos têm o significado habitual).

Exercício Extra:

A figura em baixo representa um sistema experimental utilizado para determinar o caudal


(volume por unidade de tempo) de um líquido que escoa através de um tubo capilar de
comprimento L e secção transversal de área A.

Capilar
Fluído

Os resultados mostram que a quantidade desse fluxo depende da variação da pressão ao longo
∆P
do comprimento L do tubo por unidade de comprimento , do raio do tubo (a) e da
L
viscosidade do fluido (µ). Sabe-se que o coeficiente de viscosidade (µ) de um fluido tem a
mesma dimensão do produto de uma tensão tangencial (força por unidade de área) por um
comprimento dividido por uma velocidade.
Recorrendo à análise dimensional, e a menos de uma constante adimensional, deduzir a equação
que descreve o caudal.

Equation Chapter 1 Section 1Vetores

22
O estudo da física, requer muitas vezes grandezas físicas que tenham propriedades numéricas e
direcionais. Grandezas dessa natureza são grandezas vetores. Este capítulo aborda principalmente
as propriedades gerais do vetor quantidades. Nesta secção vamos abordar algumas propriedades
dos vetores que serão aplicadas nos tópicos seguintes.

Sistemas de coordenadas

Muitos aspetos da física envolvem uma descrição de um local no espaço. Em geral os sistemas de
coordenadas mais usado é o sistema de coordenadas cartesianas, em que os eixos perpendiculares
se cruzam em um ponto definido como a origem O (como exemplo usamos a duas dimensões).
As coordenadas cartesianas também são chamadas de coordenadas retangulares. Às vezes, é mais
conveniente representar um ponto no plano em coordenadas polares (r, θ). No sistema de
coordenadas polares, r é a distância da origem ao ponto com coordenadas cartesianas (x, y) e θ é
o ângulo entre um eixo fixo e uma linha extraída da origem para o ponto. O eixo fixo geralmente
é o eixo do x positivo, e θ normalmente é medido no sentido anti-horário.

Muitos aspetos da física envolvem uma descrição de um local no espaço. Do triângulo direito na
Figura 5b, descobrimos que senθ = y e cos θ = x . Portanto, começando com as coordenadas
r r
polares de qualquer ponto, podemos obter as coordenadas cartesianas usando as equações

x = r cos θ
(1.1)
y = rsenθ

Além disso, se conhecemos as coordenadas cartesianas, as definições de trigonometria dizem-nos


que

y
tan θ =
x (1.2)
2 2
r= x +y

Estas quatro expressões que relacionam as coordenadas (x, y) às coordenadas (r, θ) aplicam-se
somente quando θ é definido como mostrado na Figura 5ª (θ é um ângulo positivo quando
medido no sentido anti-horário do eixo x positivo -algumas calculadoras científicas executam
conversões entre coordenadas cartesianas e polares com base nessas convenções padrão).

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Figura 4- coordenadas cartesianas

Figura 5- coordenadas polares

Vetores e escalares

Algumas grandezas físicas ficam completamente definidas quando informamos um número e


uma unidade. Quando dizemos que a temperatura de uma pessoa é 37ºC a informação está
completa. A temperatura é uma grandeza escalar. Se dissermos que a velocidade de um
automóvel é de 50km/h, esta informação não está completa. Não foi dito em que direção e
sentido esse corpo se movimenta. A necessidade dessa informação complementar - direção e
sentido - caracteriza a velocidade como um vetor.

Os vetores são representados, de forma simples, como setas. Numa representação gráfica, as setas
começam na origem das coordenadas de referência e terminam num ponto. As partes dessa seta
possuem nomes e funções específicas. Na escrita de uma grandeza vetorial, essa grandeza é
representada por uma letra com uma “seta” em cima: v, a . São as características do vetor:

1. Módulo: graficamente é o tamanho da seta e representa o escalar, o número associado


ao vetor. O módulo é, por definição, uma grandeza positiva, por isso associado ao
tamanho e é representado da seguinte forma v lê-se “módulo do vetor v”;

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2. Direção: é a reta associada à seta - no plano, poderia ser a direção horizontal, vertical,
obliqua, etc;

3. Sentido: é a ponta da seta, ou seja, para onde a seta “aponta”. Cada direção possui dois
sentidos: positivo ou negativo.

Usamos basicamente de dois modos de representar os vetores, o método geométrico e o método


analítico. No método geométrico, a visualização dos vetores fica mais óbvia, mas não é adequado
para a operações com diversos vetores, é necessário uma alta precisão ou em problemas
tridimensionais. Por exemplo: a força é uma grandeza vetorial. Quando consideramos duas forças
a atuar sobre um dado corpo, o efeito resultante será igual à atuação de uma única força resultante
que corresponde à soma vetorial das duas forças mencionadas. A soma desses dois vetores pode
ser efetuada usando-se a regra do paralelograma.

O método analítico consiste basicamente em definir um sistema de coordenadas cartesianas e


decompor os vetores segundo as suas componentes nestes eixos. Um vetor fica definido pelas
suas componentes. Após a decomposição aplica-se as operações seguindo as regras das operações
vetoriais.

Decomposição de vetores e vetor unitário.

Decomposição de Vetores

O método analítico para o estudo e operações de vetores consiste basicamente em definir um


sistema de coordenadas cartesianas e decompor os vetores segundo as suas componentes ou
projeções nestes eixos. Qualquer vetor pode ser completamente descrito pelas suas componentes.
Vamos considerar um sistema de coordenadas bidimensional (exemplo), definido pelos eixos x e
y e vetor A que está no plano no plano. Este vetor pode ser expresso como a soma dos dois
outros vetores componentes A x , que é paralelo ao eixo x, e A y , que é paralelo ao eixo y.

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Figura 6 – decomposição de vetores

Da Figura 6, vemos que os três vetores formam um triângulo reto e que A = A x + A y . As


componentes de um vetor A " serão Ax (sem a notação vetorial) que representa a projeção de
A ao longo do eixo x, e serão Ay (sem a notação vetorial) que representa a projeção de A ao
longo do eixo y. Para o caso tridimensional é só introduzir o eixo z. Estas componentes podem
ser positivas ou negativas, dependendo do sentido em que apontam.
Analisando a Figura 6 e as definições de seno e coseno de um triangulo retângulo

cateto adjacente Ax
cos θ = =
hipotenusa A
(1.3)
cateto oposto Ay
senθ = =
hipotenusa A

As componentes do vetor ficam


Ax = A cos θ
(1.4)
Ay = Asenθ
A magnitude do vetor e direcção do A é dado por:
A = Ax2 + Ay2
 Ay  (1.5)
θ = arctan  
 Ax 

Vetor unitário

As quantidades de vetor geralmente são expressas em termos de vetores unitários. Os vetores


unitários, ou versores são um grupo muito importante dentro do conjunto dos vetores. Um vetor
unitário é um vetor adimensional com uma magnitude de exatamente 1. Os vetores unitários são
usados para especificar uma determinada direção e não têm outro significado física e são usados
para descrever uma direção no espaço. A notação padrão para vetores unitários nas direções x, y
e z, apontando na direção positiva, são respectivamente, iɵ, ɵj, kɵ e formam um conjunto de vetores
perpendiculares num sistema de coordenadas. O modulo de cada vetor unitário é 1.

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Figura 7- vetores unitários
Considere-se o A da Figura 7. Os vetors componentes Ax e A y com os seus componentes podem
ser escritos como o produto do modulo de cada componente como respectivo vetor unitário,
ficando

A x = Ax ɵi
(1.6)
A y = A ɵj
y

Ficando o vetor A descrito da seguinte forma:

A = Ax ɵi + Ay ɵj (1.7)

Esta representação é genérica em que A pode ser substituído por qualquer grandeza física
vetorial. No caso a tridimensional será necessário introduzir a direção z, ficando:

A = Ax ɵi + Ay ɵj + Az kɵ
(1.8)
2 2 2
A= A +A +A
x y z

Operações com vetores

Nesta seção, devemos investigar as propriedades gerais dos vetores que representam as
quantidades físicas. Também discutimos como adicionar e subtrair vetores usando métodos
algébricos e geométricos.

Igualdade de vetores

Dois vetores A e B podem ser definidos como iguais se tiverem a mesma magnitude e se
apontarem na mesma direção. Ou seja, A = B apenas se A = B e se A e B apontarem na mesma
direção ao longo de linhas paralelas. Esta propriedade nos permite mover um vetor para uma
posição paralela a si mesma em um diagrama sem afetar o vetor.

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Figura 8- igualdade de vetores

Soma e subtrações

As regras para adicionar vetores são convenientemente descritas por um método gráfico. Para
adicionar o vetor B ao vetor A , primeiro desenho vector em papel gráfico, com sua magnitude
representada por uma escala de comprimento conveniente e, em seguida, desenhe o vetor B para
o mesmo escala, com a sua cauda a partir da ponta de A . O vetor resultante R é o vetor
desenhado da cauda de A para a ponta de B .Uma construção geométrica também pode ser usada
para adicionar mais de dois vetores como mostrado na Figura 3.7 para o caso de quatro vetores. O
vetor resultante R é o vetor que completa o polígono. Em outras palavras, R é o vetor desenhado
a partir da cauda do primeiro vetor para a ponta do último vetor. Esta técnica para adicionar
vetores é frequentemente chamada de "método de cabeça para cauda". Quando dois vetores são
adicionados, a soma é independente da ordem da adição. Esta propriedade é conhecida como a lei
comutativa de adição:

Figura 9

A+ B = B+ A (1.9)

Quando três ou mais vetores são adicionados, sua soma é independente da maneira pela qual os
vetores individuais são agrupados. Esta propriedade é chamada de lei associativa de adição:

28
( A + B) + C = A + ( B + C ) (1.10)

O negativo do vetor A é definido como o vetor que, quando adicionado a A dá zero


para a soma vetorial, ou seja, A +(- A )=0. Os vetores A e - A tem a mesma magnitude,
mas apontam em direções opostas. A subtração de 2 vetores fica:

A − B = A + −B( ) (1.11)

Nas aplicações estudadas ao longo dos vários tópicos irá ser usado o método analítico para
resolver os problemas. Neste caso iremos usar as componentes dos vetores e os vetores unitários.
Considere-se os vetores A e B definidos por:

A = Ax ɵi + Ay ɵj
(1.12)
B = Bx ɵi + By ɵj

A soma deste 2 vetores resulta num terceiro vetor R = A + B . Em termos de componentes:

( ) ( )
R = A + B = Ax ɵi + Ay ɵj + Bx ɵi + By ɵj = ( Ax + Bx ) ɵi + ( Ay + By ) ɵj (1.13)

Ou

29
R = Rx ɵi + Ry ɵj (1.14)

Em que

Rx = Ax + Bx
(1.15)
Ry = Ay + By

A modulo do vetor R é dada por:

R = Rx2 + Ry2 (1.16)

Produto escalar

O resultado do produto escalar entre dois vetores é um escalar. O produto escalar de dois vetores
A e B é definido como uma como a multiplicação de 2 vetores cujo o resultado é um numero, e
é representado por:

C = Ai B (1.17)

Cujo o módulo é dado por:

C = Ai B = A B cos θ (1.18)

Podemos dizer que o produto escalar de dois vetores é igual ao módulo do primeiro vezes a
componente do segundo no eixo determinado pelo primeiro, ou vice-versa. Geometricamente,
projeta-se A na direção de B e multiplica-se por B (ou vice-versa).

Ai B = Bi A = ( A cos θ ) B = A ( B cos θ ) (1.19)


Ou seja, O produto escalar é comutativo.

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Os vetores A e B podem ser escritos usando o conceito de vetor unitário, ficando

A = Ax ɵi + Ay ɵj + Az kɵ
(1.20)
B = Bx ɵi + By ɵj + Bz kɵ

Usando a propriedade distributiva fica:

( )(
Ai B = Ax ɵi + Ay ɵj + Az kɵ i Bx ɵi + By ɵj + Bz kɵ )
=Ax Bx ɵi iɵi + Ax By ɵi i ɵj + Ax Bz ɵi ikɵ +
(1.21)
+Ay Bx ɵj iɵi + Ay By ɵj i ɵj + Ay Bz ɵj ikɵ +
+Az Bx kɵ iɵi + Az By kɵ i ɵj + Az Bz kɵ ikɵ

E sabendo que ɵi iɵi = ii cos 0 = 1 , ɵj i ɵj = kɵ ikɵ = 1 e que ɵi i ɵj = ij cos 90 = 0 , ɵi ikɵ = ɵj ikɵ = 0 a equação
(1.21) fica

Ai B = Ax Bx + Ay By + Az Bz (1.22)

Produto vetorial

O produto vetorial entre dois vetores A e B , representado por A × B , é um vetor C = A × B tal


que:

a) a direção de C é perpendicular ao plano formado por A e B ;

b) o seu módulo é igual C = ABsenθ , onde θ corresponde ao menor angulo entre A e B

c) o seu sentido obedece à regra da mão direita, parafuso ou do saca-rolhas

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O produto vectorial, ao contrario do produto escalar, não é comutativo

A× B = − B× A ( ) (1.23)
Os vetores A e B podem ser escritos usando o conceito de vetor unitário, e sendo produto
vetorial é distributivo, o resultado em termos dos vetores unitários fica:

( ) (
A × B = Ax ɵi + Ay ɵj + Az kɵ × Bx ɵi + By ɵj + Bz kɵ )
=Ax Bx ɵi × ɵi + Ax By ɵi × ɵj + Ax Bz ɵi × kɵ +
(1.24)
+Ay Bx ɵj × ɵi + Ay By ɵj × ɵj + Ay Bz ɵj × kɵ +
+Az Bx kɵ × ɵi + Az By kɵ × ɵj + Az Bz kɵ × kɵ

E sabendo que ɵi × ɵi = ɵj × ɵj = kɵ × kɵ = 0 e que


ɵi × ɵj = kɵ ,
ɵj × kɵ = ɵi ,

kɵ × ɵi = ɵj ,
ɵj × ɵi = − kɵ ,

kɵ × ɵj = −ɵi ,
ɵi × kɵ = − ɵj

A equação (1.24) fica

A × B = ( Ay Bz − Az By ) ɵi + ( Az Bx − Ax Bz ) ɵj + ( Ax By − Ay Bx ) kɵ (1.25)
Outra forma de escrever-se produto vetorial de dois vetores e é através do determinante da matriz
formada pelos versores e pelas componentes cartesianas dos vetores e ao longo das suas linhas,

ɵi ɵj kɵ
A × B = Ax Ay Az (1.26)
Bx By Bz

Ficando

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ɵi ɵj kɵ +
Ax Ay Az
Bx By Bz
ɵi ɵj -

Ax Ay Az

Obtendo-se o resultado da equação (1.25)

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