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Cinesiologia Aplicados
à Educação Física
Material Teórico
Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Conceitos de Cinemática para Análise
do Movimento Humano
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Permitir ao aluno conhecer os principais aspectos da cinemática,
mais especificamente a cinemática linear, bem com sua contribuição
para descrição do movimento do ser humano e de objetos utilizados
por ele na prática de atividade física e esportes.
ORIENTAÇÕES
Seja bem-vindo(a) às nossas discussões sobre fundamentos de Cinesiologia
aplicados à Educação Física!
Saiba que esta Disciplina tem como propósito o estudo dos princípios da Ana-
tomia aplicados à execução do movimento humano e dos fatores mecânicos
internos e externos associados à execução desse movimento; conhecer a des-
crição da terminologia de movimento adotada por profissionais da área da
saúde e visão geral dos aspectos cinesiológicos e biomecânicos que são utiliza-
dos na análise do movimento humano; além de lhe proporcionar momentos
de leitura – textual e audiovisual – e reflexão sobre os temas que serão aqui dis-
cutidos, contribuindo com sua formação continuada e trajetória profissional.
Esta Disciplina está organizada em seis unidades, cujo eixo principal será
conhecer os conceitos da Cinesiologia e Biomecânica, e relacioná-los às
análises de movimentos dos executantes durante as aulas de Educação Física
e prática de atividades físicas; criar meios de análise dos movimentos dos
executantes nas aulas de Educação Física e durante a prática de atividades
físicas; aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos à atuação profissional;
além de adequar os movimentos conforme a capacidade e necessidades
individuais dos executantes. Isso é o que você encontrará nas próximas
unidades, está preparado(a) para embarcar nesta viagem de estudos sobre o
movimento do corpo humano?
Ademais, perceba que a Disciplina em ensino a distância pode ser realizada
em qualquer lugar que você tenha acesso à Internet e em qualquer horário.
Dessa forma, normalmente com a correria do dia a dia não nos organizamos
e deixamos para o último momento o acesso ao estudo, o que implicará no
não aprofundamento do material trabalhado, ou ainda, na perda dos prazos
para o lançamento das atividades solicitadas.
https://youtu.be/PszD-GJY3j8
Usain Bolt batendo Recorde Mundial dos 200 MTS Rasos
https://youtu.be/rk4Pxa8LE44
A Receita para o Salto em Distância Perfeito
https://youtu.be/-2_c85LYiAI
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Podemos definir a Mecânica como a Ciência que se interessa pelos efeitos das
forças ativas nos objetos. Para nós, os objetos pelos quais estamos interessados em
nossa área de estudo são os humanos e os implementos que eles podem manipular
no esporte, no exercício, e/ou na prática de atividade física, como os diferentes
tipos de bolas, bastões, raquetes, pesos etc. Especificamente, a Mecânica dinâmica,
a qual envolve os objetos que estão em movimento acelerado (maioria das situações
do movimento humano) é subdividida em cinética e cinemática, campos os quais se
referem a analises específicas dos movimentos. Conforme já abordado, a cinética é
a área da Mecânica que se preocupa com as forças que causam ou tendem a causar
mudanças no movimento, a qual será melhor explorada na próxima Unidade de
estudo. E a cinemática, afinal, ao que a mesma se refere?
Importante! Importante!
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Você também já aprendeu que os movimentos podem ser lineares (ou de trans-
lação), quando o movimento ocorre ao longo de uma linha que pode ser reta (retilí-
neo) ou curva (curvilíneo); angulares (ou de rotação), quando o movimento envolve
a rotação ao redor de uma linha ou de um ponto central, ou seja, que possua um
eixo de rotação; e gerais, quando à combinação de movimentos lineares e angula-
res. Na verdade, em todo movimento humano (ou na maioria deles) o que ocorre
são movimentos gerais, até porque em muitas situações do esporte e exercício são
os movimentos angulares que ocorrem nas articulações que produzem movimentos
lineares em outras partes do corpo. Qual é então a contribuição dos movimentos
angulares para os movimentos lineares? Pense em uma situação simples de chu-
te ao gol no futebol: movimentos angulares ao redor das articulações do quadril,
joelho e tornozelo são utilizados para desencadear movimentos lineares em uma
bola, além das próprias articulações que desencadearam os movimentos angulares,
afinal, elas se tornam como um “ponto central” que se movimentam na mesma
direção e com a mesma velocidade, algo que caracteriza um movimento linear.
Movimentos angulares das articulações do corpo humano dão origem a movimentos lineares.
Vamos refletir um pouco mais sobre esses movimentos angulares. Você já sabe
que movimento pode ser definido como mudança de posição e/ou postura do
corpo no espaço (ambiente) e que sendo assim, para se descrever o movimento se
faz necessário uma referência, seja ela interna ou externa ao corpo. Um movimento
angular do corpo humano pode então ser descrito baseado em uma referência
interna, como a partir do ângulo articular entre dois segmentos adjacentes, como
também baseado em uma referência externa, como a partir do ângulo segmentar
que é, justamente, relativo a um plano externo. Os ângulos formados a partir
da relação dos segmentos tronco e coxa, dos segmentos coxa e perna, e dos
segmentos perna e pé, são todos exemplos de ângulos articulares, ou seja, que
descrevem os movimentos que acontecem entre segmentos que são adjacentes.
Agora, se levarmos em consideração os ângulos formados entre os segmentos
tronco, coxa, perna e pé, separadamente, em relação a um plano no ambiente
como, por exemplo, o chão (em um plano horizontal) ou a parede (em um plano
vertical), nessa situação estaremos descrevendo os movimentos a partir da relação
de um segmento com um plano externo, ou seja, a partir de ângulos segmentares.
Em Síntese Importante!
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Trocando ideias...Importante!
Por que poderia ser importante descrever movimentos baseados em ângulos segmentares?
Digamos que você leu em um livro a descrição de como realizar um salto horizontal com
maior eficiência e lá é informado que para se obter maior impulsão e, consequentemente,
saltar mais longe, uma pessoa deve iniciar flexionando a articulação do quadril por
aproximadamente 60 graus. Por conhecer os movimentos de um salto horizontal a descrição
pode parecer um pouco obvia e, rapidamente, você pode tê-la entendido. Entretanto,
suponha que você não conheça ou nunca tenha visto um salto horizontal, a pergunta
que pode surgir é: devo flexionar o quadril movimentando o tronco na direção da coxa ou
movimentando a coxa na direção do tronco? Movimentar somente o tronco em relação à
coxa não condiz com o propósito da descrição de eficiência do salto (conforme ilustrado
na Figura 2a). Nessa condição a descrição poderia incluir qual segmento deveria ser
movimento em relação a um plano externo, como o chão, ou seja, descrever o movimento
a partir de um ângulo segmentar, o que na verdade seria flexionar o quadril aproximando o
tronco do chão em 30 graus, além de flexionar o joelho aproximando a coxa do chão em 30
graus (Figura 2b). No salto horizontal, o movimento preparatório inclui não só a flexão do
quadril aproximando o tronco da coxa, mas também aproximar a coxa do tronco, algo que
também envolve flexão do joelho. Dizer apenas para aproximar os segmentos coxa e tronco
diminuindo o ângulo articular do quadril em 60 graus, sem saber qual segmento que se
movimenta em relação ao outro gera dúvidas sobre o movimento. Já dizer para diminuir o
ângulo segmentar do tronco e da coxa em relação ao chão em 30 graus cada descreve com
precisão o movimento que precisa ser feito.
A) B)
30
60
30
Figura 2 – Exemplo de ângulos articulares (a) e segmentares (b) na fase de preparação do salto horizontal
Fonte: Elaborado pelo autor
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O salto horizontal é apenas um dos muitos exemplos possíveis, basta pensar
na diversidade do movimento humano e na necessidade de descrevê-lo, que será
possível de se encontrar outras situações como do exemplo acima citado. Utilizar
um ou outro método de análise depende do objetivo que se tem ao avaliar o mo-
vimento humano. Se a partir da cinemática se descreve os movimentos lineares e
angulares, podemos então dividir essa área da Mecânica em cinemática angular e
cinemática linear. Isso não modifica muito a definição geral já dada anteriormente
à cinemática, a única diferença é que, enquanto cinemática linear descreve os mo-
vimentos lineares em termos espaciais e temporais, cinemática angular descreve
os movimentos angulares em termos espaciais e temporais. Para nossos estudos,
enfatizaremos mais especificamente as contribuições da cinemática linear para o
movimento humano. Lembrando que a maioria dos movimentos que nos importam
é geral, sendo que apenas nos ateremos a descrever a parte linear desses movimen-
tos gerais, como as posições, deslocamentos, velocidades e acelerações do ser hu-
mano e dos implementos utilizados por ele na prática de atividade física e esportes.
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Essa referência pode ser unidimensional (descrição sobre uma linha ou através
de uma coordenada e/ou medida), como ao dizer que um mergulhador está a 10
metros da superfície da água, ou que um carro está no quilômetro 100 de uma
rodovia. Pense descrição do famoso corredor Usain Bolt em uma corrida de 100
metros do atletismo. Se referenciado à linha de início da prova você pode dizer que
ele está, por exemplo, na posição 60 metros ou, ainda, se referenciando à linha
de chegada da prova, você pode dizer que ele está na posição - 40 metros. Essa
referência também pode ser bidimensional (descrição sobre um plano ou através de
duas coordenadas e/ou medidas), como ao dizer que um jogador está a 2 metros
da linha de fundo de uma quadra e a 3 metros da linha lateral da mesma; ou
ainda, pode ser tridimensional (descrição de um ponto no espaço através de três
coordenadas e/ou medidas), como ao dizer a posição de uma bola em determinado
instante a partir de sua altura do chão, distância da linha lateral e da linha de fundo
de uma quadra.
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linha central ou de fundo como eixo X. Nesse sistema de coordenadas poderia se
descrever então a posição de um jogador dentro da quadra como a partir da linha
central 2 metros (x = 2 m) e partir da linha lateral esquerda 3 metros (y = 3 m), algo
que pode ser simplesmente representado pelos dois valores separados por vírgula
(2, 3). Nessa posição descrita, os números são positivos já que o jogador se encontra
à frente da linha central e à direita da linha lateral esquerda e, consequentemente,
dentro da quadra. A posição de um jogador que está 3 metros atrás da linha central
e 2 metros à direita da linha lateral poderia ser descrita como (-3, 2). Já a posição
de um jogador que está fora da quadra, 2 metros à esquerda da linha lateral e 1
metro à frente da linha central poderia ser descrita como (1, -2). Perceba que a
primeira coordenada a ser descrita sempre é a do eixo X.
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Digamos que você observa um jogador de handebol que está para cobrar um tiro
de 7 metros, infração que se assemelha ao pênalti no futebol. Você se posiciona
perpendicularmente ao plano de movimento justamente para melhor observação
dos movimentos, os quais ocorrem preferencialmente no plano sagital. Obviamente,
a posição do jogador pode ser descrita de forma unidimensional, a 7 metros da
linha do gol. O movimento da bola até o gol pode ser descrito como na direção
diagonal ou até mesmo horizontal dependendo de como o arremesso é realizado.
Já o sentido da bola pode ser descrito complementado a direção, como diagonal
para baixo ou para cima, ou ainda, horizontal para direita ou para esquerda, de
acordo com o posicionamento relativo entre o jogador e o gol. Se ao invés de
observar o movimento da bola, você quisesse descrever o sentido do movimento
realizado pelo membro superior do jogador, você poderia dizer que seu braço se
movimentou no sentido horário, enquanto seu tronco se movimentava para frente
(ou direita/esquerda, dependendo da posição).
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Por exemplo, dizer que se passaram 30 segundos (30 s) desde que você iniciou a
leitura deste parágrafo, dizer que neste momento a temperatura está por volta dos
23 graus Celsius (23º C), ainda, dizer que você correu ou caminhou 2 quilômetros
(2 km) ontem pela manhã, esses são todos exemplos de grandezas que para serem
descritos necessitam apenas de um valor numérico representando sua magnitude
acompanhado da unidade de medida – em nosso caso, baseado no Sistema
Internacional de medidas (SI). Entretanto, existem situações em que precisamos
descrever algo, e apenas a magnitude pode não ser suficiente, faz-se necessário
apresentar também a direção e sentido.
Esse é o caso das grandezas vetoriais, as quais também são descritas por um
valor numérico que representa sua magnitude e respectiva unidade de medida, mas
no caso, são representados por vetores (setas), que indicam a direção e o sentido
do movimento. Por exemplo, dizer que a velocidade de um corpo variou pode não
ser suficiente, pois pode ter variado para mais ou para menos, informar a direção
(e sentido) do movimento permite saber se um corpo acelerou ou desacelerou, dizer
se a velocidade aumentou ou diminui, dizer se a força que atuou sobre uma bola
acelerou ela para a direita ou para a esquerda, para cima ou para baixo. Vetores
são segmentos de reta orientados, que possuem magnitude, direção e sentido.
A magnitude de um vetor é o seu tamanho ou comprimento e a orientação do
símbolo do representa sua direção e sentido, as figuras a seguir ilustram vetores de
força em diferentes magnitudes, direções e sentidos.
https://goo.gl/pPuCne
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Importante! Importante!
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de sua casa para qualquer outro lugar. Quando saímos de casa até podemos andar
alguns quarteirões em linha reta, mas logo precisar virar à direita ou à esquerda, subir
ou descer uma rua inclinada, desviar de pessoas ou objetos na calçada, ou seja, a
trajetória que você realiza envolve mudança de direções e sentidos, não ocorre em
uma linha reta até seu destino, algo que é ilustrado na Figura 6.
Perceba então que sua trajetória (distância percorrida) será maior que seu deslo-
camento, pois enquanto deslocamento é dado pela subtração da posição final pela
inicial (Deslocamento = Posição final – Posição inicial ou, simplificadamente, Deslo-
camento = ∆ posição), a trajetória corresponde ao comprimento do caminho que
foi percorrido. Conforme é exemplificado na Figura 6, digamos que se traçada uma
linha reta da sua casa a um destino qualquer fosse encontrado um comprimento de
30 km, mas o caminho que você percorre na verdade é de 50 km.
Imagine um corredor que percorre 100 metros em uma pista reta. Nessa condição
seu deslocamento e sua distância percorrida seriam 100 metros (matematicamente,
Deslocamento = 100 m – 0 m). Digamos que esse corredor, na posição final 100
metros, retorna correndo à posição inicial também em linha reta, como no percurso
de ida. Nessa condição agora teríamos a distância percorrida igual 200 metros
(distância = 100 m + 100 m) e o deslocamento do corredor igual a zero, já que a
posição inicial e final do corredor é 0 metros (matematicamente, Deslocamento =
0 m – 0 m).
Um nadador que atravessa (em linha reta) uma piscina de 25 metros tem sua
distância percorrida e deslocamento igual a 25 metros. Já um nadador que vai
até o fim e volta à posição inicial nessa mesma piscina de 25 metros tem sua
distância percorrida igual a 50 metros e seu deslocamento igual a zero. E se o
nadador percorresse 5 vezes esse caminho de ida e volta? É só você multiplicar
os 50 metros por 5, ou seja, ele teria percorrido uma distância de 250 metros,
mas seu deslocamento continuaria sendo igual a zero. Desnecessário apresentar
mais exemplos, pois fica evidente que para distância percorria é necessário
medir ou calcular o comprimento do percurso propriamente dito, enquanto para
o deslocamento, grandeza vetorial, importa saber a direção e o sentido, sempre
relacionando a posição final à posição inicial em linha reta.
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Caso não se lembre do teorema de Pitágoras, talvez seja necessário você revisá-lo, para
Explor
isso, você pode acessar um dos livros da Referência básica desta Unidade (HALL, 2009),
especificamente o Apêndice B sobre funções trigonométricas.
Para mais exemplos de como calcular o deslocamento você pode acessar um dos livros da
Explor
Velocidade e Rapidez
Uma vez abordados com maiores detalhes as diferenças entre deslocamento
e distância percorrida, fica mais fácil abordamos as diferenças entre velocidade
e rapidez. Provavelmente, você pode acabar também achando que velocidade e
rapidez se referem à mesma coisa, assim como ocorrido para deslocamento e
distância percorrida. Mas não, essas grandezas não se referem à mesma coisa!
Apesar de algumas vezes poderem refletir os mesmos valores para descrever
o quão rápido um corpo ou objeto se movimenta, velocidade é uma grandeza
vetorial e rapidez uma grandeza escalar. Podemos então dizer que velocidade leva
em consideração o deslocamento de um corpo ou objeto no espaço e rapidez leva
em consideração a distância percorrida desse mesmo corpo ou objeto no espaço,
podendo, assim, serem correspondentes ou não. Para melhor compreender essas
grandezas cinemáticas – velocidade e rapidez –, vejamos suas respectivas definições.
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Importante! Importante!
Onde:
v = rapidez.
v = velocidade.
∆d = variação de distância em linha reta (deslocamento).
∆t = variação de tempo.
d = 0,9 km
TRAJETÓRIA REALIZADA
Figura 8 – Representação do percurso realizado por um nadador que atravessa um lago de 0,9 km de extensão
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Sendo,
Tempo inicial = 0
A velocidade média do nadador ao atravessar o rio foi de 1,8 km/h, ou seja,
sua taxa de movimento em um sentido específico ou taxa de deslocamento
foi de 1,8 quilômetros por hora. Perceba que é necessário relacionar medidas
correspondentes, como no caso de relacionar quilômetros a horas (como no
exemplo, transformando 30 minutos para 0,5 horas) ou de relacionar metros a
segundos. Poderia se calcular a velocidade média do nadador, transformando 0,9
quilômetros para 900 metros e 30 minutos para 1.800 segundos, onde dividindo-
se 900 metros por 1.800 segundos se encontraria a velocidade média de 0,5 m/s.
Para converter m/s para km/h basta multiplicar por um valor constante de 3,6, o
mesmo valor constante válido para transformar de km/h para m/s, onde no caso
basta dividir por 3,6. Se você multiplicar 0,5 m/s por 3,6 você encontrará 1,8
km/h, da mesma forma se dividir 1,8 km/h por 3,6 encontrará 0,5 m/s, refletindo
a mesma taxa de movimento, só que em unidades de medidas diferentes.
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Quando utilizar m/s ou km/h, já que se referem à mesma coisa? Basta você
pensar quando descreve algo em centímetros e não em metros, em metros e não
quilômetros, ainda, em segundos e não minutos, em minutos e não horas, o que nos
faz escolher a unidade de medida que vamos utilizar? Justamente a quantidade do
que estamos avaliando. Descrever a velocidade de um carro como 100 km/h é mais
lógico do que dizer que a velocidade do mesmo é 27,78 m/s. Outra justificativa que
define a unidade de media que vamos escolher é a unidade de medida dos dados que
temos disponíveis. Se tenho as informações em metros e em segundos, é mais fácil
calcular em m/s do que transformar cada um dos valores para calcular em km/h.
Desnecessário apresentar mais exemplos, você provavelmente já esteja acostumado
com essa variável cinemática que relaciona uma unidade de comprimento com uma
unidade de tempo, afinal, você frequentemente descreve no seu dia a dia à rapidez
(velocidade) de um carro, de uma pessoa que está correndo, de uma bola que foi
chutada, cortada, rebatida etc.
Aceleração
Agora que você já possui um grande repertório para descrever o movimento
humano, pode descrever a posição, o deslocamento, a distância percorrida,
a velocidade, a rapidez, tudo dependendo do seu objetivo para relacionar ou
não à direção e sentido do movimento humano, utilizando grandezas vetoriais
(deslocamento e velocidade) ou grandezas escalares (distância percorrida e rapidez).
Que outra grandeza cinemática importante ainda nos falta abordar? A aceleração!
Certamente você já deve ter ouvido falar dessa grandeza, utiliza ela inclusive para
dizer que um carro aumentou ou diminuiu a velocidade (acelerou ou desacelerou),
como uma pessoa que aumentou ou diminui sua velocidade na corrida e por
consequência venceu uma corrida, ainda, uma bola chutada que perdeu velocidade
após atingir certa distância etc.
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Importante! Importante!
∆ν ν final − ν inicial
a= =
∆t t final − tinicial
∆ν 11 − 0
a= = = 1, 57m / s 2
∆t 7−0
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Nessa condição, o corredor teria acelerado 1,57 m/s² ao longo dos primeiros
60 metros de prova. Se ele mantém a velocidade máxima por 2 s, qual seria a
aceleração média nesse intervalo de tempo? Para responder tal questionamento
não seria necessário qualquer cálculo matemático, já que se a velocidade foi mantida
a mesma então foi constante e, consequentemente, não houve taxa mudança de
velocidade, ou seja, a aceleração é igual a zero pois o corpo não acelerou nem
desacelerou. Mesmo assim, observe a resolução:
∆ν 11 − 11 0
a= = = = 0m / s 2
∆t 9−7 2
→
∆ν 10, 5 − 11 −0, 5
a= = = = −0, 17m / s ²
∆t 12 − 9 3
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Importante! Importante!
Projétil é um corpo (objeto ou pessoa) que é projetado ou lançado ao ar e que está sujeito
somente à ação da gravidade e à resistência do ar. Em qualquer instante do movimento
do projétil a aceleração é a força da gravidade (representada pela letra g), ou seja,
essa aceleração é constante durante todo o movimento. A aceleração da gravidade na
terra é 9,81 m/s², valor importante a ser memorizado, pois frequentemente poderá ser
utilizado para a realização de cálculos referentes ao alcance, altura máxima e tempo de
voo de um projétil.
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Imagine um objeto em queda livre, como uma bola que cai em linha reta de uma
cesta de basquete em direção ao chão, essa bola acelera a 9,81 m/s². Digamos que
a queda livre acontece de um lugar mais alto, como um mergulhador que salta de
plataforma e desce verticalmente em direção à água. No primeiro segundo de queda
desse projétil (mergulhador) sua velocidade é justamente o valor da aceleração da
gravidade. Caso essa distância na vertical seja alta o suficiente para que esse projétil
fique por dois segundos no ar, a velocidade alcançada é de duas vezes o valor da
gravidade, ou seja, a velocidade passa a ser 19,62 m/s. Após três segundos a
velocidade seria 29,43 m/s, após quatro segundos a velocidade seria 39,24 m/s e
assim sucessivamente. Note que a velocidade aumenta 9,81 m/s a cada segundo,
logo, acelera 9,81 m/s², é claro, desprezando-se a resistência do ar, que apesar
de nem sempre influenciar de forma efetiva no movimento de um projétil, nem
sempre pode ser desprezada.
Em uma situação em que uma bola é lançada verticalmente para cima, essa bola
subirá de acordo com força exercida sobre ela, desacelerando proporcionalmente à
força da gravidade, que nessa condição enquanto a bola sobe pode ser representada
como sendo uma aceleração negativa (-9,81 m/s²), já que atua justamente no
sentido oposto do movimento da bola. Uma pessoa que salta verticalmente também
se comporta como um projétil e seu corpo desacelera conforme sobe assim como
ocorre com a bola. Após a bola ou corpo que salta atingir o que seria o ápice
de altura, imediatamente após os mesmos se tornam projéteis em queda livre,
conforme já abordado.
Obviamente, nem sempre o projétil sobe e desce verticalmente. Na verdade, o mais
comum, inclusive na Educação Física e no esporte, é que esse projétil faça um dese-
nho parabólico no ar, conforme é representado na Figura 10. Lançamento do dardo,
arremesso de peso, salto em altura, salto em distância, passes e finalizações no futebol,
basquetebol, handebol, saques e toques no voleibol, rebatidas no tênis, no taco, no
badminton, são esses apenas alguns exemplos de uma grande quantidade de projéteis
que podem ser observados na Educação Física e no esporte. Todos os projéteis terão
uma altura máxima a atingir e, consequentemente, um tempo para alcançar essa al-
tura máxima denominado tempo de subida. Se possuem um tempo subida, possuem
também, obviamente, um tempo de descida, que pode ou não corresponder ao tem-
po de subida. O projétil que não é lançado exatamente na vertical possui também um
alcance, que representa a distância alcançada pelo mesmo na horizontal.
Tempo Tempo
subindo descendo
até o ápice do ápice
Ápice
0
Alcance
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
X
75O
60O
45O
30O
15O
Y
Figura 11 – Exemplos de ângulos de lançamento oblíquo de projéteis
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Uma parábola é simétrica, onde suas metades esquerda e direita são imagens
espelhadas uma da outra. A Figura 11 apresenta exemplos de trajetórias parabólicas
de um projétil. O ângulo de lançamento de um projétil tem implicações diretas
no sucesso dentro da atividade física e esporte. Por exemplo, note que para um
maior alcance, o ângulo ideal na projeção de um projétil deve ser em torno de 45
graus, algo que é objetivo em modalidades esportivas como arremesso de peso e
lançamento do dardo. Outro exemplo é a cesta no basquete, no qual um ângulo
íngreme de entrada da bola para a cesta permite uma margem de erro bem maior
se comparado com um ângulo de entrada mais raso. Diversos poderiam ser os
exemplos de ângulos dentro das possíveis atividades dentro da Educação Física,
como num saque de vôlei que busque o fim da quadra, uma cortada de tênis em
que a bola caia próxima a rede, um chute no futebol que busque encobrir o goleiro.
Para mais informações e exemplos sobre o ângulo de lançamento de um projétil, você pode
Explor
acessar um dos livros de Referência básica desta Unidade (HALL, 2009), especificamente o
capítulo 10, sobre cinemática linear do movimento humano.
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
como calcular suas componentes horizontal e vertical, você pode acessar um dos livros
da Referência básica desta Unidade (HALL, 2009), especificamente o capítulo 10, sobre
cinemática linear do movimento humano. Você também pode acessar o livro da Referência
básica desta Unidade elaborado por McGinnis (2015), especificamente o capítulo 2, sobre
cinemática linear do movimento humano, a fim de adquirir melhores informações sobre
como calcular as componentes vertical e horizontal da velocidade de saída de um projétil.
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Tempo Tempo Tempo Tempo Tempo Tempo
subindo descendo subindo descendo subindo descendo
até o ápice do ápice até o ápice do ápice até o ápice do ápice
0
= + 0
-
Alcance Alcance Alcance
Em Síntese Importante!
Para mais informações e exemplos sobre esses três fatores que influenciam a trajetória
Explor
d = Vi t + 0, 5at 2 (2)
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UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
JOGO interativo: movimento de projéteis. [20--].
https://goo.gl/YUSkH
Livros
Biomecânica Básica
HALL, S. Biomecânica Básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Cinesiologia Clínica e Anatomia
LIPPERT, L. S. Cinesiologia Clínica e Anatomia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013.
Leitura
Atlas Fotográfico de Anatomia
COLICIGNO, P. R. C. et al. Atlas fotográfico de Anatomia. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2009.
https://goo.gl/4ppM6u
Manual de Cinesiologia Estrutural
FLOYD, R. T. Manual de Cinesiologia Estrutural. 16. ed. Barueri, SP: Manole, 2011.
https://goo.gl/bH78dT
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Referências
HALL, S. J. Biomecânica Básica. 5. ed. São Paulo: Manole, 2009.
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