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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

UNIVERSIDADE DO SUL CATARINENSE - UNISUL


HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL COM PAREDES
MONOLÍTICAS DE SOLO ESTABILIZADO

Coordenador: Arquiteto Dr. Wilson Jesuz da Cunha Silveira


Professor Associado III, voluntário – PósARQ/UFSC
Professor colaborador - ARQ/UNISUL

Acadêmicos dos Cursos:


Arquitetura e Urbanismo – UNISUL
POSARQ/UFSC

SUMÁRIO :

Resumo

1. INTRODUÇÃO
1.1. Apresentação do Projeto
1.2. Justificativa
1.3. Objetivos
1.3.1. Objetivo geral
1.3.2. Objetivos específicos
1.4. Metodologia

2. HABITAÇÕES COM PAREDES MONOLÍTOCAS DE SOLO ESTABILIZADO

3. LOCAL DA OBRA

4. PLANEJAMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE

5. ESTUDOS DE CASO

6. ANÁLISE DAS PROPOSTAS

7. RESULTADOS ESPERADOS

REFERÊNCIAS

Resumo:
A partir da catástrofe ocorrida em Novembro de 2008, quando uma parcela significativa da
população de Santa Catarina, residente no Vale do Rio Itajaí Açu, ficou desalojada, decidiu-
se contribuir com pesquisa específica para elaborar uma proposta para redução das
perdas. O fato ocorreu nas cidades de Blumenau, Gaspar, Ilhota e comunidades ribeirinhas.
Nessas localidades, muitos moradores tiveram suas residências destruídas ou danificadas
pelas águas e deslizamentos de terra, conforme noticiado amplamente pela imprensa
catarinense e nacional.
O projeto será baseado na cultura local e na cultura dos imigrantes que exigem casa
maiores para suas atividades produtivas e convívio em famílias e amigos. Essa cultura
executava suas casas com porão para abrigo de implementos agrícolas, ferramentas e
depósito de materiais não perecíveis. Caso houvesse inundação, não se perdia muita coisa,
porque a casa principal fica no andar superior, protegendo os moradores.
1. INTRODUÇÃO
1.1. Apresentação do projeto
Para possibilitar o planejamento de habitações populares, há necessidade de recuperação
ambiental, para evitar novas tragédias. Essa recuperação ambiental faz parte de um projeto
em execução, coordenado pela defesa civil.
A conservação e gestão sustentável dos recursos naturais tema de trabalhos que se
iniciaram de forma emergencial, possibilitarão a execução de moradias para reconstrução e
reorganização da comunidades locais. Serão preparados programas de educação ambiental
para a população local com a finalidade de preservação dos recursos naturais.
O reuso da água de chuva será feita com projetos de coberturas com sistema de teto verde,
com drenagem e filtro das águas pluviais, para aproveitamento em descargas e uso externo
para jardins e limpeza externa.
A preservação dos mananciais e cursos de água serão garantidos com sistema de
tratamento de esgotos por processo de desidratação com aproveitamento da energia solar,
por meio de câmaras de desidratação, conforme projetos específicos.
Ações comunitárias de racionalização do uso da água.
O prazo para realização do projeto será de 24 meses, conforme cronograma apresentado no
projeto.
O local escolhido é a região mais atingida, no Morro do Baú, município de Ilhota, SC.
A colonização é Italiana, alemã e belga. Essas etnias geraram a forma de ocupação do
solo, principalmente agrícola, com atividades extrativas de madeira e cultivo de banana.
O clima é mesotérmico úmido, com verão fresco, inverno ameno e temperatura média de
20°C. A altitude é de 5m acima do nível do mar, próxima ao rio, com partes mais elevadas
no interior.
As cidades próximas são Blumenau, Itajaí e Navegantes, que sofreram, também graves
consequências das inundações que, ultimamente, tem sido mais freqêntes.
1.2. Justificativa
O projeto se justifica pela necessidade dos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo
praticarem seu conhecimento de solos, a formação geológica e pedológica, para poderem
projetar com recursos naturais disponíveis na comunidade.
1.3. Objetivos
Devido às necessidades de reconstrução de uma grande quantidade de habitações
populares no Vale do Rio Itajaí Açu, cuja população perdeu casas em áreas consideráveis,
não se pode utilizar o preconceito de construção de casas mínimas, principalmente na área
rural, onde a casa grande faz parte da cultura local.
1.3.1 Objetivo geral
Desenvolver um protótipo de edificação sustentável com qualidade ambiental baseada na
cultura da população envolvida.
1.3.2. Objetivos específicos
1) Elaborar projetos de edificações com técnica construtiva tradicional, com paredes
monolíticas de solo estabilizado;
2) pesquisar e caracterizar os solos da região de Braço do Baú e Baú de Baixo;
3) Aplicação de estudos desenvolvidos no grupo de pesquisa dos participantes deste
projeto, aprimorando o processo de ensino-aprendizagem através de uma
experiência concreta;
4) Capacitação da população local para processo de auto-construção, a partir de uma
situação real;
5) Incentivar a participação da comunidade em práticas ambientais sustentáveis e
oportunizar respostas sociais às atividades de pesquisa, estimulando a interação
universidades e sociedade, em projetos de extensão universitária.
1.3. Metodologia
Os projetos de edificações serão elaborados com técnica construtiva tradicional, planejadas
para execução com recursos locais. As paredes serão monolíticas de solo estabilizado, as
coberturas com lajes alternativas e cobertura com teto verde, para melhorar a eficiencia
energética das haqbitações.
A pesquisa pretende caracterizar os solos da região de Ilhota, do Braço do Baú e Baú de
Baixo. Serão aplicados estudos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa dos participantes
deste projeto, aprimorando o processo de ensino-aprendizagem através de uma experiência
concreta.
Serão preparados cursos de capacitação mão de obra e de atividades produtivas para a
população local, para os processos de reconstrução. As obras deverão ser executadas com
processo de autoconstrução, orientada, a partir dos resultados da pesquisa, com
participaçãqo de alunos dos cursos de graduação e pósgraduação em arquitetura e
urbanismo. Serão fundamentadas na situação real da comunidade e de seus habitantes.
Serão preparados programas nos cursos, para incentivar a participação da comunidade em
práticas ambientais sustentáveis e oportunizar respostas sociais às atividades de pesquisa,
estimulando a interação entre as universidades envolvidas e a sociedade local.
2. HABITAÇÕES COM PAREDES MONOLÍTICAS DE SOLO ESTABILIZADO
Hoje, para a reconstrução das habitações destruídas pelas constantes enchentes, há
necessidade de se trabalhar com material tradicional, disponível no local das obras. Esse
material é o solo, que pode ser estabilizado quimicamente pela adição de cal e estabilizante
químico de uso corrente em obras rodoviárias. A técnica tem na mão de obra sua principal
característica. Necessita-se, é claro, de capacitação para sua aplicação correta, com
investimentos reduzidos e aplicação facilmente transferida aos moradores. O material é de
qualidade comprovada, durável, com garantia de conforto térmico, acústico proporcionando
ambiente saudável, devido às trocas de umidade do ambiente devido às características
oferecidas por esse material.
Trata-se de técnica construtiva tradicional, cuja origem é muito remota, tendo sido importada
dos países árabes, devido às propriedades de inércia térmica da terra.
Construção com terra, tem sido utilizada desde os tempos mais remotos da civilização.
Foram redescobertas pelos romanos, em suas conquistas, principalmente na África e
aplicadas com solos vulcânicos, como solução para impermeabilização de tanques,
piscinas, aquedutos e reservatórios de água. Os países desenvolvidos utilizam esse
processo em habitações, pelas propriedades das paredes monolíticas impermeáveis à agua
e permeáveis ao vapor de água, evitando, assim, a umidade de condensação geradora de
muitos problemas patológicos, tanto nas edificações, quanto nos seus usuários.
Muitas obras foram realizadas pelos projetos financiados com doações angariadas pela
Comissão de Reconstrução de Ilhota, de Gaspar, de Blumenau e de outros municípios da
região. A articulação do direcionamento das doações foi feita pela Defesa Civil do Estado,
Cruz Vermelha e Visão Mundial.
3. LOCAL DA OBRA
Em outubro de 2008 ocorreu uma inundação provocada por forte precipitação pluviométrica,
gerando grandes deslizamentos de solo que provocou arrastamento e destruição de uma
grande quantidade de habitações, em toda a região do Vale do Rio Itajaí Açu. Esse fato,
recorrente na região, tem se agravado na atualidade, uma vez que o índice pluviométrico
somente tem aumentado, superando todas as previsões estatísticas.

Efeitos da enchente no Braço do Baú, em Ilhota SC, em 2008.


Para evitar catástrofes, a população deve migrar para regiões mais elevadas. Esse
processo, no entanto tem que ser monitorado e assessorado por equipes técnicas para
evitar ocupação de áreas de risco e recomposição de áreas que foram degradadas.
Tucci et al., afirmam que Blumenau já teve enchentes de nível mais elevado que os atuais,
como em 1911 e 1936, que superaram os 16,00m de altura. As enchentes de 1983 e 1984,
chegaram a 15,34m e 15,46m, respectivamente. As enchentes de 1992 chegou a 12,80m e,
em 2008 chegou a 11,52m. No entanto, não foi o nível da enchente, mas a duração das
precipitações que saturou os solos causando os deslizamentos.

Deslizamento de encosta no Braço do Baú, em Ilhota SC, em 2008.


4. PLANEJAMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE
O solo é um material local, que na região é abundante, principalmente porque está sendo
revolvido em volume muito grande para a criação de bancos de contenção.
A mão de obra local necessita processos de autoconstrução orientada por equipe técnica
para a relocação e reconstrução de moradias.
A tecnica de uso de solo estabilizado é milenar, considerando que as obras mais antigas do
mundo foram feitas com esse material. A primeira piramide daChina, construída pelo seu
primeiro imperador e a própria muralha da China eram feitas com esse material.
Os árabes sempre usaram habitações em solo estabilizado, com paredes e cobertura em
arcos, com grande espessura para conseguir atraso térmico, evitando, assim, o calor
intenso durante o dia e temperaturas negativas muito frias durante a noite.
As paredes monolíticas podem ser executadas com formas desmontáveis com grande
reaproveitamento, se executadas com material impermeabilizado, como os compensados
supoerplastificados de forma. Os travamentos feitos com cunhas, possibilitam sua
montagem e desmontagem inúmeras vezes. Com esse processo pode-se fazer uma casa
com apenas um jogo de formas, conforme já fpoi executado em uma casa em Braço do Baú,
executada pelo proprietário que está erguendo sozinho sua moradia.
7. ESTUDOS DE CASO
A casa que está sendo feita, ainda carece de aperfeiçoamento. O proprietário não possui
recurso suficiente para contratar quem o ajude e isso dificultou, em muito, sua obra.
Há, no entanto, exemplos no mundo todo, onse se constroi com essa técnica, possibilitando
estudos mais avançados, inclusive com filmes do processo em execução.
Será analizada uma residência em condições semelhaqntes, para avaliar o projeto piloto a
ser executado.
8. ANÁLISE DAS PROPOSTAS
Serão analizadas as propostas de casas na região, para escolher uma família carente, que
possa conseguir um terreno para seu assentamento e que possa ficar com a casa protótipo.
Esse terreno será investigado para se preparar um diagnóstico completo para a edificação
que irá suportar.
Quando estiver escolhida a área, será feita análise do solo a ser ensaiado em laboratório,
para sua perfeita caracterização e mistura adequada para uma boa estabilização que
impeça os efeitos da umidade.
7. RESULTADOS ESPERADOS
Pelos resultados da casa em construção, serão feitas correções para o treinamento da
equipe que deverá executar o protótipo.
Os cursos pretendem uma correta transferência tecnológica para uma habitação com
qualidade garantida pelo adequado treinamento da mão de obra, nos cursos que serão
ministrados.
Para possibilitar uma qualidade de vida melhor, serão elaborados cursos para abrir
oportunidades de trabalho e renda baseados na cultura local e habilidades dos moradores.
Pretende-se, ainda, ao final dos trabalhos organizar eventos de divulgação científica de toda
a experiência, tanto nacional, como internacional, para gerar publicações que divulguem os
resultados. A publicação de livro específico sobre a experiência, causas, efeitos e atitudes
tomadas serão a meta final da presente pesquisa.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Regis de Castro; FALEIRO, Heloina Teresinha;FREIRE, Wesley Jorge.
Desempenho físico mecânico de solo argiloso estabilizado com cal e silicato de sódio,
visando construções rurais. Brasília: Pesquisa Agropecuária Tropical, 35 (3): 191-198, 2005
p191. EMBRAPA.
GUIMARÃES, José Epitácio dos Passos. A cal. São Paulo. Poli.USP, 1995.
NATIONAL LIME ASSOCIATION. Evlaluation of structural properties of lime stabilized soils
and aggregates V 1: Summary of findings prepared for the NATIONAL LIME ASSOCIATION
by Dallas N. Little January 5, 1999.
TUCCI, et al. Drenagem urbana. São Paulo: USP/UFPR/UFRS, 1995.

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