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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE UBERLÂNDIA

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA


CRIMINAL DA COMARCA UBERLANDIA/MG

Autos n.º 5839-57.2019.4.01.3308

Denunciando: Luciana Feitosa


Vítima: Sergio Messias da Silva
Natureza: Art. 148 do Código Penal.
Art. 157, § 2º, inciso V do Código Penal
Art. 69 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40 (Decreto Lei nº
2.848 de 07 de dezembro de 1940)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, pela Promotora de Justiça


signatária, no uso de suas atribuições e com base nos autos de Inquérito Policial anexo,
em reciprocidade de respeito, oferece DENÚNCIA em face de Sra. Luciana Feitosa ,
brasileira, solteira, natural de Uberlândia, nascida aos 26.08.1984, filho de Pedro da
Feitosa e Maria da Silva Feitosa, portadora da cédula de identidade RG-12345678-SSP-
MG, residente na Avenida Floriano Peixoto, n.º13, no município de Uberlândia/MG. Pela
prática das condutas delituosas a seguir descritas.
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Imputação Penal

Constitui-se dos autos de inquérito policial que, no dia 30 de novembro de 2018, por volta
das 20h00min, no domicílio do Sr. Sergio Messias da Silva, localizado na Rua Pedro Alves
Cabral n. º1500, Uberlândia/MG, a denunciada subtraiu um relógio Rolex, depois de
havê-la reduzindo a impossibilidade de resistência da vítima. E um crime de dolo,
consubstanciado na vontade de subtrair coisa alheia móvel, com a fim especial de tê-la
para si ou para (animus rem sibi habendi).
No segundo crime, em síntese, após subtrair o bem móvel a denunciada reteve a vítima
em cárcere privado durante a noite e evadiu do local, artigo 18, inciso I do Código penal,
impossibilitou e dificultou a defesa da vítima. E um crime doloso previsto no caput do
artigo 148, a privação de liberdade ocorre em recinto fechado, enclausurado, confinado.

Dinâmica dos Fatos

Expõe no inquérito policial anexa que, no dia 30 de novembro de 2018, por volta das 20:00
hs, na Rua Pedro Álvares Cabral, nº1500, na cidade de Uberlândia, no Estado de Minas
Gerais, a denunciada Luciana Feitosa, foi chamada para ir até a casa S.r. Sergio Messias
da Silva, a fim de exerce a seu trabalho como garota de programa, foi acertado com o S.r.
Messias por duas horas de serviços o valor de R$450,00. Ao adentra a denunciada foi até
ao banheiro para ser arrumar, pois a vítima lhe solicitou uma fantasia. No banheiro a
denunciada se deparou com um relógio Rolex em cima da pia, um relógio Rolex original
é um objeto precioso, cujo valor não é possível mensurar, porem a denunciada não tem
ciência sobre a originalidade do relógio, contudo a denunciada notou que seria de maior
valor levar o objeto, sem tremeluzir a denunciada subtrair o relógio esconde na sua bolça,
e regressa ao quarto onde está a vítima.
Ainda consta dos autos que a denunciada Luciana Feitosa enquanto se despia, começou
a recear que vitima sentisse falta do objeto ao adentra no banheiro, assim a denunciada
algemou a vítima na cama, aparentando fazer parte da fantasia. Segundo o inquérito da
Polícia Militar, a denúncia se subterfugiu da residência levando o objeto. Aprisionado a
vítima consegue alcançar o seu telefone móvel e acionar a polícia militar que vai até sua
residência para libertá-lo.
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Da Responsabilidade Penal

Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, que independe de representação


do ofendido ou de seu representante legal e que está sujeito ao procedimento ordinário
(CPP, Arts.394 a 405). Ação Penal proposta pelo Ministério Público do Estado de Minas
Gerais que pretende a condenação da denunciada Luciana Feitosa , em razão da pratica
dos delitos previstos no artigo 157 - roubo próprio , disposto no caput ( é a subtração,
para si ou para outrem, de coisa alheia móvel , mediante o emprego de grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzindo a
impossibilidade de resistência) e §2º, inciso V(se o agente mantém a vítima em seu
poder, restringindo sua liberdade), no Código Penal Brasileiro. E incorreu na pena no
que dispõe o artigo 148 (Privar alguém de sua liberdade, mediante cárcere privado. No
cárcere privado a privação da liberdade destituir alguém de sua liberdade, no caso, de
locomoção). A foi realizado na forma de retenção – impedir que a vítima saia de casa. A
consumação do crime ocorreu no instante em que a vítima se vê privado de liberdade
de locomoção. Na súmula 711 do STF a duração da privação é irrelevante o tempo de
duração da privação ou restrição de liberdade, o crime se consuma em que a vítima se vê
privada de sua liberdade de locomoção.
Nos crimes em concurso de material de acordo com Art. 69 do Código Penal (Quando o
agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja
incorrido). No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-
se primeiro aquela, § 1º na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada
pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código, e § 2º - Quando forem
aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que
forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.

Não havendo dúvidas quanto a autoria e a existência do crime de roubo seguido de


cárcere privado, outra solução não resta do que submeter a acusada ao crivo do
julgamento. Oportuno salientar a inexistência de qualquer causa que exclua a ilicitude
do fato em comento ou que isente o réu de pena.
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Por esta razão, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais em denúncia e requer
que:
a) Seja recebida a presente denúncia e processada pelo rito ordinário, nos termos dos
artigos. 394/497 do Código de Processo Penal;
b) Juntada aos autos folhas de antecedentes penais do denunciado e vítima, devidamente
atualizadas e esclarecidas.
c) Seja determinada a citação do denunciada para oferecer, defesa escrita;
d) Seja julgada a ação penal para condenar o réu as penas dos Art. 148, Art. 157, § 2º,
inciso V c/c art. 69, § 1ºe § 2ºdo Código Penal

Uberlândia/MG, 04 de setembro de 2019.

Helen Neide Gonçalves Macedo

Promotora de Justiça em Auxílio


A | R Advogados Associados

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

VARA CRIMINAL DA COMARCA UBERLANDIA/MG

Ação Penal nº: 5839-57.2019.4.01.3308

Luciana Feitosa, brasileira, solteira, natural de Uberlândia,


nascida aos 26.08.1984, filha de Pedro da Feitosa e Maria da Silva
Feitosa, portador da cédula de identidade RG-12345678-SSP-MG,
residente na Avenida Floriano Peixoto, n.º13, no município de
Uberlândia/MG, já qualificada nos autos da ação penal em
destaque, vem, por seu advogado que esta subscreve, com
fundamento no artigo 406 do Código de Processo Penal, em
RESPOSTA À ACUSAÇÃO, dizer que a instrução criminal
demonstrará a improcedência da acusação, evidenciando ser a
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA um imperativo de JUSTIÇA, pelos motivos
de fato e de direito a seguir delineados:
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1 – Da Denúncia:

Meritíssima Juíza:

O Ministério Público na condição de dominus litis, exibiu


proposta acusatória em face da denunciada, a qual estaria, em
tese, incurso nas sanções dos Art. 148, 157, § 2º, inciso V c/c art.
69, § 1ºe § 2ºdo Código Penal.

“Por esta razão, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais


a denuncia e requer que:

a) Seja recebida a presente denúncia e processada pelo rito


ordinário, nos termos dos artigos. 394/497 do Código de
Processo Penal;

b) Juntada aos autos folhas de antecedentes penais do


denunciado e vítima, devidamente atualizadas e esclarecidas.

c) Seja determinada a citação do denunciada para oferecer,


defesa escrita;

d) Seja julgada a ação penal para condenar o réu as penas dos


Art. 148, Art. 157, § 2º, inciso V c/c art. 69, § 1ºe § 2ºdo
Código Penal.”

2 – Da Situação Fática

A Ré Luciana Feitosa esclarece que, é mãe solteira de Lucas


Feitosa, de 14 anos, trabalha como caixa de um supermercado, e
que complementa a renda como garota de programa para conseguir
sustentar o filho e estar em dia com suas obrigações financeiras.
Luciana relata que no dia dos fatos, 30 de novembro de 2018, foi
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procurada pelo sr. Sérgio Messias para um programa sexual com
duração de duas horas. Foi combinado entre as partes que o
mesmo se daria na residência de Sérgio e o valor pago por este
seria de R$450,00 (quatrocentos e cinquenta reais). Por volta das
20 horas, Luciana compareceu no endereço de Sérgio, na Rua
Pedro Álvares Cabral, nº1500, na cidade de Uberlândia, no Estado
de Minas Gerais para iniciar os trabalhos para qual foi contratada.

Assim que adentrou na residência, pediu permissão para ir ao


banheiro para trocar de roupa e colocar a fantasia que o cliente
havia pedido. Ao se despir colocou a roupa na bancada do lavatório
e fez a troca rapidamente, amontoando tudo e guardando na bolsa,
não percebendo que debaixo da roupa havia o relógio e que este,
acabou por ser guardado na bolsa em meio a roupa e acessórios.
No decorrer do programa, quando Luciana abriu sua bolsa para
pegar um chicote de couro e a algema, que faziam parte da fantasia
do cliente, percebeu que ali dentro estava o relógio. Diante da
inusitada cena, Luciana temeu grandemente que Sergio visse o
relógio em sua bolsa e a acusasse de furto, ou que se ela retirasse
o relógio da bolsa naquele momento, jamais o cliente acreditaria
que tudo não passou de uma distração da ré.

Tomada por grande temor, sem saber que tipo de atitude


tomar, levada pelo estado emocional que se encontrava diante da
situação, pegou a algema e prendeu Sérgio na cama e saiu
correndo da residência, pegando sua bolsa e ainda vestida com a
fantasia, não pensando nas consequências do ato, apenas
querendo se ver longe daquela situação vexatória, além de temer
que, ao ser acusada de furto ou algo do tipo, poderia ser agredida.
Diante disso, tomou tal medida em desespero pelo fato e para
salvaguardar sua integridade física.

No dia seguinte dos fatos, pela manhã, Luciana procurou


assistência jurídica, a qual foi acolhida por seu representante legal
que a orientou para entregar o relógio à autoridade competente na
Delegacia, no caso o delegado de polícia, explicando os fatos.
Assim foi feito junto à autoridade policial, acompanhada de seu
defensor legal.
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3 – Da Defesa

A sra. Luciana algemou o sr. Sérgio na cama como meio de


defesa, uma vez que não havia outra maneira de se defender de
alguma atitude truculenta deste. O uso das algemas se deu de
forma consensual, uma vez que fazia parte da fantasia e que, a
fuga se deu no ímpeto da emoção e desespero ao se deparar com
o relógio do cliente em sua bolsa e ser confrontada.

Jamais houve a intenção de furtar ou roubar o relógio, uma


vez que a profissional já iria receber uma considerável quantia em
dinheiro por 2 horas de seus serviços. Portanto não há que se falar
em roubo (art. 157 do CP) e cárcere privado (art. 148 do CP), uma
vez que não houve uma subtração de coisa móvel alheia de forma
dolosa, muito menos utilizando de meios violentos ou através de
ameaça. Não houve o cárcere privado, pois o conceito deste é
privar alguém de liberdade mediante violência ou grave ameaça, o
que não ocorreu. A ré saiu correndo em meio a um lapso temporal
diante da já mencionada situação vexatória e o receio por sua
integridade física, uma vez que é mãe e cuida sozinho de seu filho,
o qual é totalmente dependente de sua genitora.

O lapso temporal é um ato, onde se comete uma mudança


repentina de atitude, diferente do comportamento usual sem a
intenção de fazer, em um curto espaço de tempo. Na psicologia, o
termo é utilizado como lapso freudiano, ou conhecido por ato falho.
É um erro levado por falhas na memória, geralmente associadas ao
subconsciente. Isso explica a repentina atitude da ré, buscando sair
daquela situação sem pensar de forma racional em todo o contexto,
apenas buscando resguardar sua integridade física diante do medo.

Por entender que não houve o crimes de roubo e cárcere


privado, não há que se falar também em concurso material (art. 69
do CP). A coisa móvel, no caso o relógio, foi devidamente entregue
à autoridade policial e devolvido ao sr. Sérgio, não lhe causando
prejuízo financeiro.

Por fim, a ré, sra. Luciana Feitosa não possui antecedentes


criminais, possui uma conduta idônea e ilibada, é uma mãe
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exemplar e que não mede esforços para dar a seu filho uma
educação de qualidade, suprir suas necessidades, além de muito
amor, atenção e carinho, que uma criança requer.

Pelo exposto, serve o presente para requerer, seja a acusada,


ABSOLVIDA SUMARIAMENTE, por ser medida da mais inteira e
cristalina Justiça, e os demais elementos que serão supridos pelos
áureos fluídos de cultura e misericórdia dessa Nobre Juíza.

Caso Vossa Excelência assim não entenda, requer-se a oitiva das


mesmas testemunhas que foram arroladas pela acusação.

Faça-se Justiça.

Uberlândia, 20 de setembro de 2019.

_____________________________

André Luís Fonseca Rezende


Advogado – OAB/MG 107.814
AÇÃO PENAL: 5839-57.2019.4.01.3308
ACUSADO: LUCIANA FEITOSA.
VÍTIMA: SERGIO MESSIAS DA SILVA

SENTENÇA

1. Relatório:

Trata-se de denúncia oferecida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, com


base no incluso Inquérito Policial, contra LUCIANA FEITOSA, qualificada nos autos,
pela prática do crime de roubo próprio conforme art. 157 §2º, inciso V e privação
de liberdade art. 148 §1º, inciso V, ambos do Código Penal, figurando como
SERGIO MESSIAS DA SILVA.

A acusada, em sua autodefesa, negou que tivesse a intenção de cometer o


crime.

A defesa técnica também pugnou pela absolvição do réu sob o argumento de


que este não foi o seu intento nos fatos.

2. Fundamentação:

2.1. Crime de Roubo. Vítima: SERGIO MESSIAS DA SILVA

Não se qualifica o caso acima supracitado nos autos como crime de roubo e
sim um furto de um relógio, tipificado no art. 155 do Código Penal, no qual estando à
autora arrependida do fato o devolveu na delegacia.

2.2. Dispositivo:

O Ministério Público do Estado requereu a condenação pelo crime de roubo


qualificado cometido pela redução da capacidade de resistência da vitima e restrição
da liberdade art. 157, §2, V Código Penal, e cárcere privado, no que se refere à
privação da liberdade art. 148 Código Penal. Em concurso material de Crimes pela
pratica de dois ou mais crimes idênticos ou não.

Já a defesa técnica sustentou a tese da absolvição uma vez que a mesma não
possui antecedentes criminais, possui uma idônea e ilibada conduta, pugna pela
absolvição sumária, e exclusão das qualificadoras.

2.3. Crime de Privação de Liberdade. Vítima: SERGIO MESSIAS DA SILVA

Não se qualifica o caso acima supracitado nos autos como crime de roubo e
sim um furto de um relógio, tipificado no art. 155 do Código Penal, no qual estando à
autora arrependida do fato o devolveu na delegacia.
2.4. Dispositivo:

O Ministério Público do Estado requereu a condenação pelo crime de roubo


qualificado cometido pela redução da capacidade de resistência da vitima e restrição
da liberdade art. 157, §2, V Código Penal, e cárcere privado, no que se refere à
privação da liberdade art. 148 Código Penal. Em concurso material de Crimes pela
pratica de dois ou mais crimes idênticos ou não.

Já a defesa técnica sustentou a tese da absolvição uma vez que a mesma não
possui antecedentes criminais, possui uma idônea e ilibada conduta, pugna pela
absolvição sumária, e exclusão das qualificadoras.

3. Dosimetria:

À vista disso, passo a dosimetria das penas do acusado.

4. Crime de Roubo. Vitima: SERGIO MESSIAS DA SILVA

4.1 Circunstâncias Judiciais:

Culpabilidade: Houve dolo do réu em subtrair o relógio

Antecedentes Criminais: O réu não possui antecedentes.

Conduta social: Sem elementos para aferir.

Personalidade: Sem elementos para valoração.

Motivos do crime: Motivo Fútil, em razão da subtração do relógio.

Circunstâncias do crime: Não houve a intenção de furtar ou roubar o relógio,


uma vez que a profissional já iria receber uma considerável quantia em dinheiro por 2
horas de seus serviços. Por se tratar de um bem de pequeno valor o qual não
ultrapassa o valor de um salário mínimo.

4.2 Circunstâncias Legais:

Ausentes circunstâncias atenuantes.

Não existem circunstancias atenuantes.

4.3 Causas de Aumento e Diminuição da Pena:

Será aplicada a pena de multa prevista no art 155, §2 inciso II, do Código
Penal.

4.4 Crime de Privação de Liberdade. Vitima: SERGIO MESSIAS DA SILVA

4.4.1 Circunstâncias Judiciais:

Culpabilidade: Não houve dolo do réu em privar a vítima de sua liberdade

Antecedentes Criminais: O réu não possui antecedentes.


Conduta social: Sem elementos para aferir.

Personalidade: Sem elementos para valoração.

Motivos do crime: Motivo Fútil.

Circunstâncias do crime: Não houve a intenção manter a vitima privada de


sua liberdade, o uso de algemas se caracterizou por fazer parte da fantasia e sua fuga
foi pelo desespero e medo de estar praticando algo errado.

4.4.2 Circunstâncias Legais:

Ausentes circunstâncias atenuantes.

Não existem circunstancias atenuantes.

4.4.3 Causas de Aumento e Diminuição da Pena:

Não há causas de aumento ou diminuição da pena.

5. Pena Definitiva:

Face, pois, a decisão soberana do Conselho de Sentença, fica o réu LUCIANA


FEITOSA, qualificado nos autos, ABSOLVIDO, pela prática do crime de Privação de
Liberdade mediante cárcere privado, em face da vitima SERGIO MESSIAS DA
SILVA, e CONDENO ao pagamento de 5 1/30 do salário mínimo a instituições
carente, Conforme art. 155 §2.

A Lei 9.268/96 conferiu nova redação ao artigo 51 do Código Penal, in verbis:


“Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de
valor, aplicando sê-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição”. Dessa forma, ao transformar a pena de multa em dívida de valor, se não
paga, poderá ser realizada a sua conversão em pena de prisão.

6. Deliberações Finais:

A pena deverá ser cumprida nos próximos 30 dias conforme artigo 51, do
Código Penal, sob pena de ter a pena de multa convertida em pena de prisão.

Expeça-se a guia de execução penal, encaminhando-a ao Juízo competente.

Transitada em julgado, lance-se o nome do réu no rol dos culpados e expeça-se guia
de homologação da sentença comunicando-se à Justiça eleitoral, para os fins
constitucionais.

Dou a presente sentença por publicada e as partes por intimadas Tribunal de Justiça,
às 14h00min (MG).

Registre-se e façam-se as comunicações de estilo.


Uberlândia/MG, Tribunal de Justiça aos 23 dias do mês de Outubro ano de 2019.

CRISLAINE FARIA MEIRELES

__________________________________________
Juíza de Direito

HELEN NEIDE GONCALVES MACEDO ANDRE LUIS FONSECA REZENDE

__________________________________ ________________________________
Promotor de Justiça Promotora de Justiça Advogado - OAB/MG 107.814

SERGIO MESSIAS DA SILVA


__________________________________
Acusado
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA


CRIMINAL DA COMARCA UBERLANDIA/MG

Processo nº: 5839-57.2019.4.01.3308

Embargante: LUCIANA FEITOSA

Embargado: Ministério Público Estadual

LUCIANA FEITOSA, já qualificado na inicial acusatória oferecida pelo Ministério


Público de Minas Gerais, por seu advogado abaixo assinado, mandato incluso, com
fundamento no art. 382, do CPP, vem, mui respeitosamente, perante V. Exa., interpor
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, em relação à sentença de fls 5, pelos fatos e
fundamentos que se seguem:

FATOS

O embargante foi processado e julgado como incurso nas sanções do pelo crime de roubo
qualificado cometido pela redução da capacidade de resistência da vítima e restrição da
liberdade art. 157, §2, V e cárcere privado, no que se refere à privação da liberdade art.
148 Código Penal.

Ocorre que a respeitável sentença emanada por esta juíza se encontra, com a devida
vênia, claramente maculada pelos vícios da contradição e da omissão, fator
condicionante dos presentes embargos declaratórios, os quais tem por objetivo
simplesmente a correção de tais faltas, restituindo a plena validade da decisão.

A omissão da referida decisão adveio da falta das indicações dos motivos ou fatores
que se dirigem a dosimetria penal aplicada a acusada e dos parâmetros pelos quais a
pena foi estabelecida.
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Houve contradição quando a Excelentíssima magistrada determinou a aplicação das


penas em seu patamar mínimo, restando evidentemente demonstrado pela aplicação
mínima das sanções penais, já que a cominação legal pode possuir margem para
imposição de sanções maiores do que a decretada, como no caso em questão.

DO DIREITO:

CRIME DE ROUBO E CARCERE

Na condenação pelo crime de furto (art. 155, Vossa Excelência fixou multa, e cárcere
privado, no que se refere à privação da liberdade art. 148 Código Penal foi absolvido ,
não indicando o motivo pelo qual o fez, sendo assim omissa, quando inclusive poderia
ter estabelecido Pena - reclusão, de um a três anos. Veja-se:
Art. 148 – Diz-se o crime: Privar alguém de sua liberdade, mediante cárcere privado:
(Vide Lei nº 10.446, de 2002) Pena - reclusão, de um a três anos.

Considerando que no Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou


omissão, prática dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as
penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa
de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição
de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) concurso formal
A magistrada também refutou o fato que a embargante tinha real intenção de subtrair
o relógio e esconde na sua bolça, e regressa ao quarto onde está a vítima.

DA TEMPESTIVIDADE E DOS EFEITOS DOS EMBARGOS


MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE UBERLÂNDIA

A decisão foi publicada no dia 23/10/2019 no diário de Justiça do Minas Gerias.


O recurso de Embargos de Declaração deve ser realizado no prazo máximo de 2 (dois)
dias, a teor do que prescreve o art. 382 do CPP, contados da publicação da sentença.
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que
declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição
ou omissão.
Conhecidos os presentes embargos, já que são tempestivos, por meio de uma aplicação
analógica do artigo 538 do Código de Processo Civil, todos os demais prazos recursais
porventura questionáveis devem restar interrompidos em favor do recorrente.
Sobre a execução da sentença, esta deve ser provisoriamente suspensa, como garantia
do processo e devido à possibilidade de modificação substancial da parte dispositiva
da suscitada sentença.

DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:

1. O acolhimento dos presentes Embargos de Declaração, com efeitos modificativos,


inclusive reconhecendo sua tempestividade, objetivando sanar os vícios presentes na
decisão, quais sejam:
a) Contradição quanto a afirmar o deferimento da pena;
b) Omissão quanto a ausência de justificativa na imposição de apenas sendo assim
omissa, quando inclusive poderia ter estabelecido Pena - reclusão, de um a três anos em
razão do crime de Cáceres privado;
2. A modificação do julgado condenatório;
3. A intimação do embargado para manifestação em dois dias, a fim de evitar ofensas
ao contraditório.

Nestes termos,
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE UBERLÂNDIA

Pede e espera deferimento.

Uberlândia - MG, 03 de outubro de 2019.

Helen Neide Gonçalves Macedo

Promotora de Justiça em Auxílio


PROCESSO: 5839-57.2019.4.01.3308
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO
EMBARGANTE: LUCIANA FEITOSA
EMBARGADO: MINISTERIO PUBLICO ESTADUAL

VOTO

Presentes os pressupostos recursais, não reconheço.

No mérito, não assiste razão aos ora embargantes.

Decisão diametralmente oposta ao interesse da parte encerra omissão,


contradição ou obscuridade. Não alterando o resultado do julgado, diante do remédio
processual aplicado.

O Juízo analisou e julgou as questões essenciais para o deslinde da demanda,


indicando, precisa e claramente, os fundamentos que respaldam a sua convicção no
decidir. A decisão examinou todas as questões que eram relevantes em face da linha
de raciocínio adotada no julgamento, expondo com clareza os motivos que levaram à
conclusão do julgado, sem incorrer nos motivos a impor a oposição dos presentes
embargos. A motivação que enseja a oposição dos embargos de declaração deve ser
intrínseca ao julgado, ou seja, entre a fundamentação e dispositivo, e não entre o
quanto decidido e as provas produzidas nos autos. O embargante pretende rediscutir
provas e o julgado, o que não se admite pela via escolhida. Houve adoção de tese
expressa acerca do decidido, já estando pré-questionadas as matérias apontadas. O
Embargante, em sede de embargos, pretende a reforma do Julgado, o que é vedado
pelo ordenamento legal.

À evidência, descabe provimento. Constata-se claramente que se tratam de


embargos meramente protelatórios.

DISPOSITIVO

Ante o exposto,

ACORDAM os Magistrados da 5ª VARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça de Belo


Horizonte: NÃO CONHECER dos Embargos de Declaração opostos e, no mérito,
REJEITÁ-LOS, na forma da fundamentação do voto do relator, que fica fazendo parte
integrante deste dispositivo, para todos os fins. MAURÍLIO DE PAIVA DIAS Juiz Titular
de 5ª Vara Criminal – Relator

Belo Horizonte, 05 de Novembro 2019.

Maurilio de Paiva Dias

Juíz de Direito Relator

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