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The evolution and development of laboratorial test methods in the prevention and
assessment of AAR
Resumo
A reação álcali-agregado (RAA) é um fenômeno altamente deletério para estruturas e elementos
estruturais de concreto e, até os dias atuais, não existe um consenso em termos de reabilitação
dos elementos deteriorados, sendo cada caso tratado de maneira individual.
É de conhecimento geral que a melhor solução técnico-econômica no combate desta
manifestação patológica é a prevenção e por conseqüência, diversos métodos laboratoriais foram
estudados e desenvolvidos neste sentido. Atualmente, o meio técnico possui diversos ensaios que
podem classificar a reatividade potencial de um agregado ou de uma combinação
cimento/agregado antes de sua utilização e, embora ainda existam incompatibilidades
laboratório/campo para alguns ensaios, pode-se dizer de maneira geral que existe conhecimento
suficiente para prevenir a RAA.
Por outro lado, uma vez que uma dada estrutura ou elemento estrutural apresenta deterioração
pela RAA, um dos objetivos mais importantes dos engenheiros envolvidos, consultores e
proprietários é o conhecimento do seu estado atual de deterioração, assim como a possibilidade
de degradação futura. Para isso, alguns pesquisadores encontram-se estudando e desenvolvendo
ferramentas e ensaios que consigam diagnosticar com precisão e confiabilidade estas questões.
O presente trabalho apresenta uma revisão crítica do estado da arte do desenvolvimento de
ensaios laboratoriais na prevenção e avaliação da RAA.
Abstract
Alkali-aggregate reaction is a quite deleterious reaction for concrete structures and/or concrete
elements and there is no consensus on how to retrofit deteriorated concrete structures so far.
Moreover, each case needs to be treated individually.
It has been found that the best solution to face AAR is the prevention and therefore several
laboratorial procedures were developed during the years. Nowadays, there are many test methods
that can analyze and classify aggregates and combinations cement/aggregates before their use
with reliability and even though sometimes distortions laboratory/field are found, it can be said that
there is knowledge enough to prevent AAR.
On the other hand, when some concrete structure is already deteriorated by AAR, one of the most
important goals for either engineers involved or owners is to figure out its present stage of
deterioration as well as the possibility of further degradation. For this, some researchers have been
studying and developing tools and procedures to assess with reliability these questions. This work
presents a critical review of the development of test procedures do prevent and assess AAR.
Ao conceber e planejar uma obra de engenharia em concreto, muitos parâmetros são levados em
consideração. Em todas as obras e, principalmente, naquelas de infraestrutura e de extrema
responsabilidade (pontes, viadutos, túneis, barragens, etc) e/ou será submetida em serviço a um
ambiente agressivo (alta umidade relativa, exposição ao ambiente marinho, etc.) algumas
questões adicionais devem ser respondidas de modo que problemas futuros possam ser evitados.
Dentre as questões adicionais pertinentes, surge a seguinte: “Os agregados (graúdos e miúdos)
utilizados são potencialmente reativos com os álcalis do cimento?” Para responder esta questão, a
indicação mais confiável seria o histórico do comportamento dos presentes agregados em obras
anteriores. Entretanto, como esta informação é somente disponível em caso de agregados
freqüentemente utilizados, esta situação torna-se bastante rara. Para toda a outra gama de
agregados utilizados, a solução para a avaliação de sua potencial reatividade é a realização de
ensaios de laboratório (BÉRUBÉ & FOURNIER, 1993).
Análise Petrográfica
- ASTM C295 1 dia
Método Químico
- ASTM C289 e ASTM C289 modificado 2 a 3 dias
- Método de dissolução (Alemanha) 1 dia
- Teste da célula osmótica < 40 dias
- Teste da pasta de gel 1 semana
- Método da retração química 1 dia
Análise Petrográfica
O método acelerado de barras de argamassa (AMBT) foi desenvolvido por OBERHOLSTER &
DAVIES (1986) no NBRI (National Building Research Institute), sendo atualmente o método mais
difundido e utilizado no Brasil e no mundo.
A tentativa de desenvolvimento do AMBT começou quando VAN AARDT & VISSER (1982, apud
OBERHOLSTER & DAVIES, 1986), baseados no trabalho de CHATTERJI, propuseram que o
ensaio de barras de argamassa convencional (MBT) fosse acelerado a partir da imersão das
barras em solução alcalina de NaOH – 1M a 80º C. Esta proposição foi feita com base em estudos
de temperatura e de concentração de solução, onde estes autores puderam comprovar que a 80°
C e 1M ocorria a máxima expansão das barras testadas em uma idade considerada (Figura 1). No
entanto, VAN AARDT & VISSER não propuseram limites para a classificação da reatividade
potencial dos agregados testados.
Figura 1. Estudo da temperatura (A) e da concentração da solução (B) do ensaio acelerado NBRI.
OBERHOLSTER & DAVIES (1986), baseados nos estudos prévios de VAN AARDT & VISSER
(1982), investigaram os possíveis limites de classificação e períodos de ensaio para o método
previamente proposto. Para isso, foram realizadas algumas correlações com o ensaio de barras
de argamassa convencional (Figura 2 e Figura 3). Como conclusões, os autores perceberam que:
Mesmo com a baixa correlação obtida entre os dois ensaios (66%), adotando a regressão
demonstrada (y = 0,37*x + 0,008) e, utilizando o valor limite do método MBT (0,05%), concluiu-se
que agregados utilizados em barras de argamassa com expansões maiores do que 0,11% aos 12
dias de ensaio poderiam ser classificados como reativos.
Figura 2. Curva de expansão no tempo do método MBT (ASTM C 227) e AMBT (NBRI)
(OBERHOLSTER & DAVIES, 1985).
Embora o AMBT seja rápido e relativamente de fácil execução, algumas distorções laboratório
campo (resultados falso-negativos e falso-positivos) foram encontradas. Dentre os principais
fatores que podem ocasionar estas distorções tem-se (THOMAS et al., 2006; SANCHEZ, 2008):
Teor de álcalis e finura do cimento utilizado;
Granulometria dos agregados analisados;
Relação água cimento e traço das barras de argamassa;
Ambiente de ensaio altamente agressivo (NaOH – 1N).
No Brasil, o comitê de estudos da norma brasileira (CB18/ABNT), optou por levar o ensaio até os
30 dias (acreditando que agregados lentamente reativos teriam mais tempo para apresentar
expansão deletéria) e o valor limite adotado para separar comportamentos potencialmente
deletérios e potencialmente inócuos foi de 0,19%. Entretanto, já existe no país o conhecimento de
estruturas hidráulicas de concreto deterioradas pela RAA que tiveram seus agregados testados
pelo método AMBT e apresentaram resultados expansivos inferiores a 0,19% aos 30 dias de
ensaio (SANCHEZ, 2008).
Segundo THOMAS et al. (2006), o método CPT foi desenvolvido devido à inconfiabilidade
transmitida pelo método MBT preconizado pela ASTM C 227. O teste foi sendo calibrado ao longo
dos anos para que o comportamento dos corpos de prova em laboratório fosse similar ao
Segundo THOMAS et al., (2006), as condições proporcionadas pelo CPT podem ser às vezes
demasiadamente severas para um dado agregado, ocasionando resultados falso-positivos.
Entretanto, ensaios posteriores confirmam que estes mesmos agregados poderiam causar
reações deletérias se fossem utilizados em concretos com alto teor de álcalis, como são os casos
freqüentes de infraestruturas em concreto (pontes, viadutos, túneis, etc.)
Com o grande problema do período de ensaio do método CPT e considerando que ensaios
laboratoriais realizados em concretos seriam mais representativos do que ensaios em agregados
e/ou argamassas, RANC & DEBRAY (1992), propuseram acelerar a taxa de expansão do método
CPT pelo aumento da temperatura de ensaio para 60º C.
A partir dos estudos preliminares de RANC & DEBRAY, diversos pesquisadores como
TREMBLAY et al., MURDOCK e BLANCHETTE, TOUMA et al. e DE GROSBOIS E FONTAINE,
acreditando no potencial deste ensaio, testaram agregados de muitas localidades, no intuito de
que limites de classificação e períodos de análise fossem fixados (
Tabela 3).
Figura 5. Correlação entre o CPT e o ACPT após vários estudos de muitos pesquisadores
(FOURNIER et al., 2004).
Através da regressão linear da equação exposta acima, (y = 0,9864*x – 0,0041), uma expansão
de 0,04% a 1 ano e 38º C, corresponde a uma expansão de 0,03% aos três meses e 60º C.
Portanto, em aproximadamente 12 ou 13 semanas, o mesmo diagnóstico do CPT (0,04% a 1 ano)
poderia ser conseguido através do ACPT, para 95% dos casos (FOURNIER et al., 2004).
Embora atualmente existam muitas pesquisas sobre o método ACPT e o ensaio venha se
mostrando com bastante potencial, este ainda não foi normatizado (THOMAS et al., 2006).
FOLLIARD et al. (2004, apud FOURNIER et al., 2004), atentam à comunidade científica sobre o
perigo da lixiviação quando da utilização do método ACPT. Segundo o autor, a lixiviação é tanto
maior quanto maior a temperatura e neste caso, esta poderia ocasionar a distorção dos resultados
do ensaio.
O método das microbarras de concreto foi proposto por Xu et al. (2000, apud FOURNIER et al.,
2006), para avaliar a potencial reatividade de agregados frente à reação álcali-sílica. O CMT foi
proposto devido à impressão da perda de representatividade do comportamento de determinados
agregados quando testados em barras de argamassa devido ao processo de britagem.
GRATTAN-BELEW et al. (2004, apud FOURNIER et al., 2006), testaram este método com uma
larga gama de agregados carbonáticos e silicosos oriundos de vários países no laboratório
CANMET. Os resultados demonstraram uma razoável correlação entre os métodos CMBT e CPT
com ambos os tipos de agregados.
Diversos pesquisadores vêm estudando métodos alternativos ao ACPT que possam de maneira
rápida (ou ainda mais rápida) classificar um agregado mediante a sua potencial reatividade.
Entre eles LEE, LIU & WANG (2004), desenvolveram um método acelerado de prismas de
concreto a 80º C (ACPST). Neste ensaio, os corpos de prova são dosados de acordo com o
método CPT, e o procedimento operacional e o ambiente de armazenamento são realizados de
acordo com o método AMBT. Através de ensaios realizados com 22 agregados da China, e
correlações de resultados de expansão com o ensaio CPT (a 1 mês e aos 3 meses), os autores
estabeleceram os respectivos limites para estas idades como sendo 0,15 % e 0,20 %
respectivamente. A Figura 8 mostra a correlação entre os dois métodos.
A B
O método acelerado brasileiro de prismas de concreto (ABCPT) foi proposto devido ao panorama
de não consenso na utilização de um método de ensaio rápido e eficiente na prevenção da RAA.
O ensaio é realizado em prismas de concreto, possuindo o mesmo traço dos corpos de prova do
método CPT e o mesmo procedimento operacional do método AMBT (exceto a concentração da
solução que é igual a 0,3125 M). O método ABCPT dura 28 dias e o limite assumido para
caracterizar os efeitos deletérios provenientes da RAA é de 0,04% aos 28 dias. Muito embora o
método necessite de uma gama muito maior de ensaios e amostras para que seja comprovado,
este demonstra bastante potencial (SANCHEZ et al., 2008b) (Figura 9).
Figura 9. Análise comparativa entre os ensaios CPT (1 ano) e ABCPT (28 dias) para cinco
amostras testadas (SANCHEZ et al., 2008b).
Como mencionado e discutido anteriormente, muitos métodos de ensaio permitem mitigar e/ou
inibir os riscos de ocorrência da RAA em novas estruturas de concreto. Entretanto, numerosas
estruturas através do mundo encontram-se atualmente afetadas por esta reação deletéria e, sua
ANAIS DO 52º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2010 – 52CBC0000 10
gestão é um imenso desafio aos engenheiros e proprietários em questão. Quando se avaliam
estruturas de concreto afetadas pela RAA, algumas questões surgem (Wood & Johnson, 1993) :
A reação deletéria é pontual ou generalizada ?
Estaria a estrutura/elemento estrutural em questão sem perigo de colapso e/ou deformação
excessiva ?
Existe a possibilidade do estado de deterioração da estrutura/elemento estrutural se agravar
ainda mais ao longo do tempo ? A qual taxa ?
Seria possível diminuir ou mesmo inibir a continuidade da reação deletéria ?
Como poderíamos reabilitar os elementos de concreto deteriorados ? Seria a reabilitação eficaz
e/ou definitiva?
Bérubé et al., 2005a, desenvolveu em parceria com o Ministério de Transportes do Québec (MTQ)
um programa de gestão de longo prazo das obras de infraestrutura do estado do Québec,
Canadá. Através deste programa, os autores desenvolveram e aprimoraram algumas ferramentas
e métodos de ensaio para avaliar o estado atual de degradação das estruturas assim como seus
potenciais de expansão futuros. Embora altamente promissores, os métodos de ensaio estudados
e desenvolvidos por BÉRUBÉ et al., (2005a) ainda possuem limitações e alguns parâmetros não
completamente compreendidos. Portanto, torna-se necessário o estudo e o aprimoramento destes
métodos de modo que engenheiros e responsáveis possam sentir-se mais confortáveis no
convívio com a RAA em estruturas de grande responsabilidade.
Sabe-se que a característica mais freqüente associada a RAA é a aparição de uma quadro
fissuratório superficial do elemento de concreto deteriorado. Esta fissuração é conseqüente da
expansão diferencial que ocorre entre a superfície do elemento e o seu núcleo (Courtier, 1990,
apud ISE 1992) (Figura 10).
Afim de avaliar a expansão atingida por elementos de concreto deteriorados pela RAA, Courtier
(1990, apud 1992) propôs a avaliação das fissuras superficiais, assim como das deformações
relativas dos elementos não estruturais. Neste mesmo ano, o Instituto de Engenheiros Estruturais
(ISE, 1992) propôs um método de quantificação da fissuração superficial do concreto que
consistia na medição da abertura de fissuras transversais de pelo menos cinco linhas paralelas
(de 1 metro de comprimento) separadas de 25 cm cada. A expansão total causada pela RAA foi
tomada como sendo a soma de todas as aberturas das fissuras analisadas, dividida pelo
comprimento total das linhas de referência (Smaoui et al., 2004).
Um método similar foi desenvolvido pelo Laboratório Central de Pontes e Estradas (LCPC, 1997).
Este método consistia em medir a abertura de fissuras transversais a 2 linhas perpendiculares (de
1 metro de comprimento) e duas diagonais (de 1,4 metros de comprimento) originadas em um
mesmo ponto e traçadas na superfície de um elemento em estudo.
Este método foi bastante testado por Smaoui et al., (2004) em uma série de blocos de concreto,
cuja expansão era conhecida, assim como em estruturas afetadas por RAA na região de Quebec.
Os resultados dos ensaios realizados não foram conclusivos quanto à aplicabilidade do método,
entretanto, os autores concluíram que os melhores valores de correlação com outros testes físicos
(SDT) e microscópicos (DRI) foram obtidos através dos elementos de concreto mais expostos ao
ambiente.
A filosofia do ensaio SDT é de quantificar o grau de deterioração interno de um material (no caso
concreto) deteriorado pela RAA (Crisp et al., 1989; Crisp et al., 1993). A idéia inicial do ensaio
começou com os trabalhos de Walsh et al. (1965) (apud Crisp et al., 1989) que observou uma
correlação interessante entre a densidade de fissuras e ciclos de carregamento em rochas.
Crouch et al. (1987, apud Crisp et al. 1989), tomou conhecimento dos trabalhos de Walsh e
propuseram este novo ensaio para concretos.
A B
Figura 11. Equipamento utilizado para a realização do SDT (Universidade Laval, Canadá).
Crisp et al. (1989, 1993), após terem testado mais de mil corpos de prova extraídos de estruturas
deterioradas, concluíram que existia uma correlação muito interessante entre alguns parâmetros
do ensaio (módulo de elasticidade e energia dissipada ou histerese) e o grau e a natureza da
deterioração observada. Após esta série de ensaios, os autores decidiram fixar os seguintes
parâmetros a serem analisados através do ensaio:
Figura 13. Descrição da influência da orientação e fissuras no ensaio SDT (Crisp et al.,
1993).
Segundo Crisp et al. (1993), concretos com pequeno grau de deterioração irão apresentar o
parâmetro Ec como o mais sensível. Entretanto, para concretos muito deteriorados, a energia
dissipada é o parâmetro mais afetado e importante na análise. Os autores, observaram também
diferenças nos resultados do ensaio de acordo com o padrão fissuratório dos corpos de prova. Por
exemplo, corpos de prova com fissuras perpendiculares a carga foram caracterizados por um
baixo módulo de elasticidade (Ec), uma alta energia dissipada (H) e um índice de não linearidade
maior que a unidade (NLI). Por outro lado, corpos de prova com fissuras paralelas a carga foram
caracterizados com um módulo de elasticidade maior, uma baixa energia dissipada e um NLI
inferior a unidade.
Smaoui et al. (2004), com base em análises de corpos de prova produzidos em laboratório com
diferentes níveis de expansão devido a RAA (através do armazenamento a 38°C e 100% de
umidade relativa) e incorporando uma variedade de agregados reativos, sugeriu que a melhor
abordagem para a avaliação concreta do SDT é a utilização da área de histerese (energia
dissipada) do primeiro ciclo (onde as fissuras estão em um nível de tensão máxima) além da
deformação plástica ao longo do ensaio. Por outro lado, os autores também constataram que a
A B
Figura 14. Correlação entre a expansão de corpos de prova contendo agregados reativos
(cascalho de New Mexico (A) e areia do Texas (B)) e a energia dissipada durante o primeiro
ciclo e a deformação plástica do concreto (Smaoui et al., 2004).
Vale mencionar finalmente, que o SDT foi desenvolvido originalmente para avaliar os efeitos de
deterioração da RAA em concretos. Entretanto, este ensaio certamente tem potencial para avaliar
outros mecanismos deletérios como ciclos de gelo-degelo, ação do fogo, sulfatos, etc. (Crisp et
al., 1993).
Além disso, o SDT tem a característica de ser um ensaio não-destrutivo (na medida em que a
carga máxima utilizada é baixa). Portanto, como freqüentemente o número de amostras extraídas
das estruturas deterioradas é limitado (por razões econômicas), pode-se considerar o reuso dos
corpos de prova submetidos a este ensaio em outros testes, como o de expansão residual,
análises petrográficas, ensaios de resistência à compressão, tração, etc. (Crisp et al., 1993).
A B
C D
Figura 15. Fissuração causada por diferentes mecanismos de deterioração (BCA, 1992). A.
Ação do gelo-degelo. B. DEF. C. RAA oriunda de uma areia reativa. D. RAA oriunda de um
agregado graúdo reativo.
A análise petrográfica é habitualmente qualitativa, motivo pelo qual esta recebe muitas críticas do
meio técnico. No entanto, métodos quantitativos ou semi-quantitativos que permitem “quantificar”
os efeitos de deterioração acarretada pela RAA foram desenvolvidos por Sims et al. (1992),
Salomon et Panetier (1994), Grattan-Bellew et Danay 1992 et Dunbar et Grattan-Bellew (1995).
Dentre estes métodos, o último ganhou recentemente a aceitação de parte dos pesquisadores dos
Estados Unidos e Canadá (Powers & Shrimer, 2008).
Idealmente, para uma boa análise, uma superfície de pelo menos 200 cm² deve ser utilizada,
podendo ser maior caso da utilização de concreto massa, onde os agregados normalmente
utilizados são maiores. No entanto, para fins comparativos, o valor do DRI final é padronizado
para uma área de 100 cm² (Powers & Shrimer, 2008).
A B
Figura 16. Método DRI.A. Montagem de microscópio utilizado no ensaio.B. Malhas de 1 cm²
desenhadas na superfície de uma placa polida de concreto (Villeneuve et Fournier, 2009).
Os resultados do método DRI normalmente são representados por gráficos que permitem
visualizar facilmente e de maneira eficaz a distribuição dos índices petrográficos da reação nas
amostras analisadas (Figura 17).
Muito embora o método DRI tenha se mostrado com bastante potencial, não existe atualmente um
método normatizado; além disso, observa-se que os fatores de ponderação podem variar
significativamente de um operador a outro ou de um estudo a outro (Villeneuve, 2010 - dissertação
de mestrado : Caractérisation pétrographique de granulats réactifs et description des indices de
détérioration qu’ils gérèrent dans le béton, em fase de publicação). Tudo isso explica sem dúvida
em boa parte a forte variabilidade do ensaio por vezes observada (Villeneuve et Fournier, 2009).
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Recentemente, Villeneuve et Fournier (2009) propuseram uma modificação nos fatores de
deterioração propostos por Grattan-Bellew e colaboradores, para análises de concretos afetados
pela RAA. Esta tentativa foi realizada afim de reduzir a variabilidade entre os operadores na
realização deste ensaio e aparentemente o ensaio tornou-se mais reprodutível.
Figura 17. Gráfico ilustrando os valores do DRI para os concretos mostrando níveis
equivalentes de expansão, para dois tipos de agregados diferentes (Villeneuve & Fournier,
2009).
Nesta metodologia, a aquisição de imagens foi realizada com a ajuda de uma vídeo câmera de
alta sensibilidade e de um sistema de tratamento automático dos dados. A quantificação das
fissuras foi efetuada em medida (comprimentos) e número (densidade de fissuras) (Salomon &
Panetier, 1994). Entretanto, o ensaio não levava em consideração o gel produto da reação
deletéria (Rivard et al., 2000).
Uma solução de acetato de uranila é então pulverizada sobre a superfície da amostra, tornando-
os produtos florescentes quando expostos à radiação UV de comprimento de onda de 254 nm. A
amostra é então submetida a uma análise petrográfica preliminar. Em seguida, a amostra é limpa
através de um banho ultra-sônico sendo conseqüentemente tratada com uma resina epóxi
fluorescente de baixa viscosidade sob vácuo. Após 12 horas de cura, a superfície impregnada da
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amostra é submetida ao polimento com discos de diamante para remover o excesso de epóxi. A
amostra é então submetida a uma segunda etapa para a análise petrográfica (Rivard et al., 2000)
(Figura 18).
Figura 18. Análise de uma amostra pelo método de análise de imagem (Rivard et al., 2000)
Os próximos passos incluem a captação de imagens das seções polidas sob iluminação UV
usando uma câmera de alta sensibilidade sob um microscópio 20x. Uma vez que as fissuras no
concreto podem ser mais ou menos preenchidas com gel, a utilização de duas etapas do
tratamento UV destina-se a melhor detectá-las dentro das partículas de agregados e na pasta de
cimento. Dada a ampliação usada, cada seção polida é dividida para observação em campos de
15 mm por 15 mm. Um total de 30 campos por secção é observado. Um sistema para a remoção
automática de amostras é utilizado para permitir maior precisão na aquisição das imagens. As
imagens resultantes devem ser registrados e analisados utilizando um algoritmo específico
desenvolvido para este método (Rivard et al., 2000).
No trabalho de Rivard et al. (2000), foram desenvolvidos dois algoritmos, o primeiro para a
detecção da quantidade e da distribuição do gel da RAA, e o segundo para a quantificação das
fissuras no concreto. Os principais parâmetros de caracterização são:
A área total do gel (Stot) - Soma da área total de gel em uma amostra (mm²);
Percentual de área de gel em cada "classe" (%) – Do total da área de gel, a porcentagem
encontrada em cada classe é computada (i.e. nos agregados, nos poros ou nas fissuras da pasta);
Comprimento total da fissuras (Ltot): comprimento total das fissuras (cm/cm²);
Densidade de fissuras (CD): Número de fissuras para uma dada área (unidade/cm²);
Orientação das fissuras: a orientação preferencial é contada, se necessário.
Para concretos incorporando o agregado calcário “Spratt” e cuja expansão é conhecida, Rivard et
al. (2000) obtiveram uma boa correlação entre a expansão do concreto e o comprimento total de
fissuras (Ltot), assim como com a densidade de fissuras (CD) (Figura 19).
Na verdade, o monitoramento dos elementos deteriorados “in-loco” continua a ser o único método
realmente confiável para estimar o potencial de continuidade de expansão. No entanto, o
monitoramento “in loco” é muito caro e geralmente requer a realização de várias medidas ao longo
de muitos anos antes que possam ser diferenciadas deformações permanentes e cumulativas
associadas à RAA (Bérubé et al., 2005a).
Nos últimos 15 anos, muitos ensaios foram realizados de acordo com os dois procedimentos
seguintes (Bérubé et al., 2005a):
Ensaio a 38°C e > 95% e RH;
Ensaio em imersão em solução alcalina – NaOH-1M a 38 ° C.
O primeiro ensaio é considerado o teste mais confiável para avaliar o potencial de expansão residual
do concreto afetado pela RAA, uma vez que o concreto é testado em condições que se assemelham
às encontradas em campo, além do fato do ensaio ser equivalente ao método de prismas de
concreto, ensaio mais confiável existente na classificação da reatividade potencial de agregados
(NBR 15577-6, CSA A23.2-14ª ou ASTM C 1293) (Figura 20). O segundo ensaio trata-se de um teste
de imersão dos testemunhos extraídos em solução alcalina (NaOH-1M) e é principalmente utilizado
para determinar o potencial residual "absoluto" de expansão de um concreto já deteriorado (Bérubé
et al., 2002a, 2004c apud Bérubé et al., 2005a). A
Tabela 5 apresenta a interpretação dos ensaios a 38°C e a Tabela 6 dos ensaios em imersão de
NaOH-1M a 38°C.
A B
Embora o ensaio seja muito interessante, presentemente ainda faltam dados sobre a
correspondência entre a expansão real de estruturas em serviço e testemunhos extraídos destas
mesmas obras, assim como sobre o efeito da lixiviação dos álcalis no ensaio.
Para ajudar a avaliar o potencial de expansão futuro de um concreto frente à reação álcali-
agregado, pode-se fazer a medição do teor de álcalis solúveis de concreto (em kg/m³ de Na2O)
pelo método de extração em água quente (Rogers e Hooton (1993, apud Bérubé et al., 2005a).
Este método foi estudado em detalhado por Bérubé et al. (1994, 2002a apud Bérubé et al. 2005a),
que propôs uma série de mudanças visando à melhoria da precisão e confiabilidade do ensaio, ao
simplificar algumas etapas experimentais (Bérubé al., 2005a).
Em seguida, a solução de cada sub-amostra é filtrada e seu volume aumentado para 100 mL (pela
adição de água destilada). As concentrações de sódio e potássio são então determinadas por
absorção atômica ou emissão atômica (preferivelmente por emissão atômica, já que os resultados
são mais precisos). Os resultados são expressos em quilogramas de álcalis (Na2O, K2O e Na2
Oe) por m³ de concreto, já que a densidade do concreto é conhecida ou estimada com precisão
(Bérubé et al., 2005).
Um valor bastante preciso da concentração de álcalis da solução dos poros do concreto pode ser
obtido uma vez que o teor de água dos poros do concreto é conhecido (determinado por secagem
sob vácuo até que o equilíbrio de massa de uma amostra representativa de concreto em estufa a
80°C), desde que o concreto não tenha sofrido significativa secagem antes do ensaio (Bérubé et
al. 1994 , 2002a, 2004, apud Bérubé et al., 2005a). A seguinte relação será utilizada para o
cálculo:
Vale a pena ser ressaltado que embora esta técnica tenha como objetivo avaliar o potencial de
expansão residual do concreto, não está claro se esses valores se correlacionam bem com o
potencial de "expansão" do concreto afetado pela RAA.
5. Conclusões
Existem muitos métodos atualmente que podem ser utilizados na prevenção da RAA. Muito
embora existam ainda problemas de inconfiabilidade em alguns deles, pode-se dizer que
atualmente não existe mais razão para que obras novas venham a sofrer problemas com a RAA.
De maneira geral, os métodos de ensaio em concreto, mesmo os acelerados, fornecem
avaliações da potencial reatividade de agregados mais confiáveis do que os métodos em
argamassa.
É muito importante conhecer o estado atual de degradação de elementos estruturais de
concreto deteriorados pela RAA, assim como a expansão atingida pelos mesmos, principalmente
para fazer uma previsão da vida útil da estrutura (tempo até o momento onde ocorrerá a
plastificação da armadura). Para isso, alguns métodos como fissuração superficial (SC), avaliação
da deterioração da rigidez (SDT), avaliação do índice de deterioração (DRI) e análise de imagens
(IA)) podem ser utilizados.
O método da avaliação da fissuração superficial é de fácil execução e de fácil reprodutividade
ao longo do tempo. Entretanto, aparentemente os resultados são subestimados, pois na verdade o
que se mede durante este ensaio é a expansão diferencial núcleo/superfície do elemento.
Portanto, sugere-se que a realização do método seja feita em elementos expostos diretamente as
intempéries do meio ambiente.
O método da avaliação da deterioração da rigidez (SDT) aparentemente é um ensaio bastante
interessante para o conhecimento da densidade de fissuras e conseqüentemente da deterioração
apresentada por um concreto. Torna-se necessária a realização de um maior número de ensaios
através do método, assim como a fixação de alguns parâmetros do ensaio e valores de
classificação para os materiais estudados.
As análises petrográficas semi-quantitativas e quantitativas respectivamente (DRI/AI) são
ferramentas bastante poderosas na quantificação da deterioração do concreto através de um
mecanismo deletério, como a RAA. Da mesma maneira que o SDT, torna-se necessário um
estudo mais aprofundado destes ensaios e sua correlação com resultados de ensaios mecânicos.
As técnicas de previsão da expansão futura através dos ensaios de expansão residual e do
teor de álcalis solúveis são interessantes do ponto de vista da previsão da vida útil de estruturas
deterioradas, assim como para o conhecimento da necessidade de utilização de materiais de
reparo dos elementos afetados. Da mesma maneira como os ensaios anteriores, é necessária a
realização de um estudo mais aprofundado dos métodos para que sua utilização torne-se corrente
no mercado.
6. Referências
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