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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

Aline Marcela Figueiredo Chaves Gomes


Anna Carolina Matos Mendes Amaral
Caio Proite Lombardi
Edilson de Souza Rocha
Izabella Duarte Santos
Luanna Mayara dos Santos Ferreira
Sarah Stéfani Santos Souza
Sheila Aparecida dos Santos Guimarães
Thamires Rayane Nascimento dos Santos
Távila Temponi Rosa

A IMPORTÂNCIA DO CONCEITO DE MUDANÇA PARA A INTERVENÇÃO


PSICSSOCIAL

Belo Horizonte
2019
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
Aline Marcela Figueiredo Chaves Gomes
Anna Carolina Matos Mendes Amaral
Caio Proite Lombardi
Edilson de Souza Rocha
Izabella Duarte Santos
Luanna Mayara dos Santos Ferreira
Sarah Stéfani Santos Souza
Sheila Aparecida dos Santos Guimarães
Thamires Rayane Nascimento dos Santos
Távila Temponi Rosa
9° período

A IMPORTÂNCIA DO CONCEITO DE MUDANÇA PARA A INTERVENÇÃO


PSICSSOCIAL

Trabalho apresentado como requisito parcial


para conclusão da disciplina de Intervenção
Psicossocial sob a orientação da Professora
Andrea Moreira Lima.

Belo Horizonte
2019
No intuito de compreender e identificar os diversos conceitos da palavra mudança, como
também sua importância na intervenção psicossocial, traremos o momento de pandemia que
estamos vivendo com o Covid-19 (Corona vírus) a fim de compreender o processo de
construção de mudanças, ações, traçados e artifícios presentes a partir de alguns relatos
coletados de diversos atores sociais, como, mães, professoras, enfermeira, pedreiro, office-boy
do IFood e estudante de medicina.

Segundo Rhéaume (2002, p.138) a palavra mudança tem múltiplos sentidos, sendo destacado
que o termo é atribuído a “passagem de um estado a outro levando a definição simples da
mudança psicológica ou social”. Dessa forma, pode-se dizer que um sujeito muda de acordo
com as mudanças de seu contexto, ou seja, ele tem modificações na sua subjetividade, mas
continua a ser o mesmo sujeito. Assim podemos pensar que, o mesmo ocorre com um grupo,
uma organização ou sociedade. Entretanto, quando não acontece a mudança há “o
desaparecimento e emergência de outra realidade, morte ou criação”, ou seja, ocorre uma
estagnação e alienação do ser humano, que no contexto da pandemia do Covid-19, se os
cientistas não pesquisam maneiras de reduzir o contágio, o aumento de mortes por Corona
Vírus, pode vir a ser muito mais exorbitante.

A partir disso, o conceito de mudança é discutido de diversas formas em várias áreas de


conhecimento, mas aqui destaco a psicossociologia. Desse modo, cinco tradições de
pensamentos vão marcar o campo psicossociológico, sendo elas: a dinâmica da mudança; a
abordagem sistémica; a mudança planificada; o desenvolvimento (pessoal, organizacional ou
social); a mudança e o inconsciente (RHÉAUME, 2002).

A dinâmica da mudança em seus diversos contextos (pessoal, grupo ou social) é vista como
quase imóvel no campo social, sendo ela como figura/fundo nas relações sociais entre sujeito,
sociedade e objeto. Além disso, a mesma é vista como um processo de mudança frequente tendo
três fases: descristalização, deslocado e cristalização. Entretanto, o autor Rhéaume (2002, p.
139) aponta que ela foi substituída pela mudança sistêmica.

Em relação a mudança sistêmica, o autor em suas referências a caracteriza por componentes


que se correlacionam. Segundo a visão da psicossociologia, esse conceito perpassa pelo
delineamento da situação que pessoas ou grupos no seu contexto atual estão até a mudança
pretendida, visto que, são identificados as causas de facilitar a descristalização do campo
psicológico e social, possibilitando a intervenção desses fatores, uma vez que, o processo
finaliza pela avaliação de um novo estado ou sistema modificado (RHÉAUME, 2002).

Uma outra mudança sustentada pelos defensores de uma teoria lewiniana é a mudança
planificada que engloba aspectos da mudança sistêmica, sendo decorrente “de um plano, de
uma vontade e de uma intervenção de se chegar a um novo estado desejado, individual, de
grupo ou organizacional” (RHÉAUME, 2002, p.139). Dessa forma, um exemplo de mudança
planificada são as ações dos governantes para a conter a difusão do Covid-19, por exemplo, a
elaboração de decretos para que diversos locais não tenham aglomeração de pessoas, o
fechamento de escolas e determina aos que puderem fazer isolamento social.

O autor Rhéaume (2002, p.139) destaca também a perspectiva de mudança do filósofo educador
John Dewey que aborda sobre “o sentimento de um mal-estar ou de uma necessidade de mudar
uma situação em que leva os indivíduos a identificar os problemas a resolver, a fixar objetivos
e um plano de ação para obter os resultados desejados”. Diante do exposto, alguns relatos foram
coletados a fim de compreender a partir de cada contexto as mudanças que estão ocorrendo com
a pandemia do Covid-19.

A partir disso, as mães entrevistadas relataram que a rotina modificou muito com os filhos em
casa, tendo que adaptar o seu tempo a diversas brincadeiras, tarefas de casa e exercícios
escolares para que a criança não perca a rotina escolar, além disso, a ida ao supermercado é
apenas em casos de extrema urgência. Outro ponto, explicitado por elas foi a mudança de
remédios que as crianças utilizavam devido a um resfriado e também a suspensão de consultas
que a criança utilizava no posto de saúde (SUS), como fonoaudióloga, terapeuta ocupacional,
pediatra e psiquiatra.

No ambiente escolar, a professora de educação infantil, relatou que já se tinha um cuidado para
não espalhar viroses e com essa pandemia do Corona Vírus o cuidado é muito maior, pois é a
frequência da utilização de álcool em gel e mesmo havendo essas medidas não é garantido a
imunidade, por isso também a escolas estão fechadas por tempo indeterminado.

No que tange ao ambiente hospitalar, a enfermeira que trabalha no Pronto Atendimento infantil
do Hospital José Lucas Filho, explicitou que, a rotina do hospital não modificou muito neste
setor, sendo visto mais casos de dengue, entretanto, o cuidado com a limpeza foi redobrado
para evitar contágio.

Segundo o relato do pedreiro Ademar de 58 anos, o mesmo relata a preocupação em perder a


única fonte de renda de sua família, pela ausência de serviço devido a paralização, do
isolamento social, como também a apreensão de deixar os filhos em casa em consequência
suspensão das aulas escolares.

Conforme a narrativa da estudante de medicina Laís de 26 anos, a mesma se diz extremamente


triste e preocupada com a situação de saúde do nosso país. Relata que antes da epidemia do
Corona Vírus o sistema de saúde já se mostrava sucateado, com falta de medicamentos e leitos
em vários hospitais. No que se refere a sua rotina acadêmica, a mesma menciona que o internato
foi suspenso por 1 semana, até segunda ordem. Expõe que todos os estudantes foram
informados pela coordenação, da presença futura de simulações com o intuito de receber
treinamento de como agir durante esse período, principalmente em casos mais graves. Além
disso, descreve que a coordenação orientou que nesse momento é necessário permanecer em
casa, orientando as famílias, amigos e vizinhos, como também, ficar atentos e de sobreaviso
caso necessitem da nossa ajuda.

Segundo a declaração do office – boy do Ifood Natan de 25 anos, o mesmo relata que devido a
epidemia do Corona Vírus, a demanda de serviço aumentou de forma significativa tanto para
ele, como para todos os integrantes do serviço em sua região. Menciona que está tomando os
devidos cuidados quanto as medidas de proteção e prevenção.

No que tange a uma outra perspectiva de mudança para a psicossociologia é a do


desenvolvimento de grupo, institucional ou pessoal, dispondo de uma associação com a
biologia em relação a maturação de um organismo. Dessa forma, pressupõem que esta mudança
ocorre por etapas em um contexto progressista, ou seja, o que está na passagem é marcada por
uma série de fases, uma “mudança em desenvolvimento e que vem sempre de um estado
inacabado ou incompleto no sentido de alcançar sua totalidade enquanto ser vivo”
(RHÉAUME, 2002, p.139).

A psicossociologia abrange também a mudança institucional, que explicita uma crítica social,
exemplificada na centralidade das relações de poder na prática de grupos, organizações e
instituições. Desse modo, faz uma crítica a outras teorias da mudança psicossociológica, as
nomeando como manipuladoras e reprodutoras da ordem estabelecida. Assim, o propósito da
mudança institucional é “propor práticas de empreendimento de mudança, trocar o local de
poder para quem mais necessita” (RHÉAUME, 2002, p.140).

A psicanálise a partir do preceito de inconsciente, colaborou para o desenvolvimento da


correlação entre mudança e inconsciente na psicossociologia. Sendo então, visto o lugar que o
imaginário e o inconsciente ocupam constituindo-se como fonte ou resistência à mudança. Os
primeiros trabalhos foram desenvolvidos nas bases psicanalíticas nas correntes de pensamento
europeias (RHÉAUME, 2002, p.140).

O autor Rhéaume (2002, p.141) desvela alguns aspectos comuns ao conceito de mudança dentro
da abordagem psicossociológica, como o vínculo teórico e prático, a pesquisa-ação,
pensamento crítico e o inconsciente e liberdade. Dessa forma, respectivamente, o primeiro
desvela que o progresso das teorias na ciências humanas fundamenta a prática social. O segundo
elaborado por Kurt Lewin, em que “a validação dos saberes resulta de um confronto com a
prática social”. Neste sentido, para psicossociologia a mudança social ocorre quando a prática
e a teoria caminham juntas.

No que tange ao pensamento crítico, é explicitado sobre as configurações do poder, sendo visto
os limites da psicossociologia, já que, a mesma tem um foco na intenção da mudança a fim de
“uma maior democracia e emancipação de seus atores sociais, é incapaz de ser separado de uma
perspectiva crítica”. Por fim, é observado o inconsciente e liberdade em que no texto a mudança
perpassa tanto pela questão do inconsciente, quanto pela questão da liberdade das pessoas. Na
psicanálise a mudança é colocada em pauta através de “forças inconscientes na determinação
da conduta humana”. Em relação a teoria humanista se destaca o “caráter inflexível da liberdade
humana e do projeto como fatores de mudança intencional, voluntária ou não”. Sendo assim, a
partir dessas abordagens pode-se perceber que “o homem nunca é inteiramente determinado,
nem tão pouco inteiramente livre” (RHÉAUME, 2002, p.142-143).

Portanto, o termo mudança apresentado, se refere a uma interação de fatores individuais, sociais
e grupais para uma modificação, transformação e reflexão de contextos, relações,
subjetividades e experiências estabelecendo assim uma metodologia de intervenção
psicossocial, ou seja, uma mudança social em busca de empoderamento do sujeito, promoção
de capacidades, mudanças comportamentais e sociais, tendo como objeto uma pesquisa
pautada pela indissociabilidade entre a teoria e a prática.

Considerando esse novo contexto social, individual e grupal é significativo nomear alguns dos
principais impactos sociais, econômicos, psicológicos, e individuais nas pessoas e nas
comunidades diante dessa realidade que abrange, uma modificação da rotina, hábitos, restrição
da mobilidade, limitações, perda da liberdade individual, episódios de ansiedade, medo,
suprimentos ou informações inadequadas e distanciamento social.

Dessa forma, é relevante mencionar o processo de construção de mudanças, ações, condutas, e


intervenções presente com o objetivo de promover conscientização do impacto de uma
pandemia na realidade emocional e comportamental da sociedade, assim como também a
criação de alternativas como o fechamento de espaços públicos, uso de máscaras e outros
Equipamentos de Proteção Individual (EPI), higienização em transportes públicos e medidas
sanitárias e administrativas para prevenção, controle de riscos frente ao Covid-19.

REFERÊNCIA

RHÉAUME, J. Mudança. In: BARUS-MICHEL, J; ENRIQUEZ, E; LÉVY, A. (Org.).


Dicionário de Psicossociologia. Lisboa: CLIMEPSI, 2002.

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