Você está na página 1de 3

Lula livre, saudades do fracasso do

PT e um problema para os petistas


23/11/2019 às 18:10

1383COMPARTILHARAM ISSO
Livre, Lula se tornou novo problema do PT. Egresso da carceragem da PF de
Curitiba, resta-lhe uma estatura política muito menor do que tinha quando
sitiado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ele rendia mais preso do que
solto.

Lula e o grupo de partidos na órbita do PT, que quanto mais tentam dele se
dissociar, mais parecidos com ele ficam, inclusive no eterno mau humor,
cometeram o equívoco de imaginar que a bajulação internacional guarda
alguma relação com o prestígio de seu mito privado junto ao público. Não é
assim.

O aparelho esquerdista mundial é um aparelho publicitário ativo, mas não


influente de modo homogêneo na política interna das nações.
Parcela significativa da sociedade brasileira teve tempo para ajustar o foco e
entender o quanto o país perdeu e se perdeu enquanto a corrupção se
institucionalizava, a ordem era desprezada, a liberdade abusada e a
responsabilidade extraviada nos meios de influência e na vida social. É sabido:
a corrupção luta nos tribunais, mas se afastou da tesouraria.

Outro equívoco do lulopetismo foi imaginar revertendo em seu benefício o


antagonismo que boa parte da mídia convencional esbanja contra Bolsonaro.
Não há qualquer evidência de que isso possa acontecer depois de ficarem tão
expostas as vísceras dos sistemas criminosos instituídos pela corrupção no
país.

Em tal cenário, nada mais relevante e benéfico aconteceu entre nós, nos
últimos 35 anos, do que a Lava Jato, Sérgio Moro, Paulo Guedes e Bolsonaro.
As lições disso decorrentes ainda levarão alguns anos para impregnar as
instituições nacionais e fazer do Brasil uma democracia não apenas formal.

São comuns, entre nós, referências ao Estado Democrático de Direito, como se


vivêssemos num.

Grave equívoco a que se chega diante da mera existência de eleições


periódicas e da operação das instituições de Estado. Ora, eleições e
instituições de Estado existem, igualmente, em Cuba, Venezuela e em outros
totalitarismos. Elas são necessárias para a democracia, mas não são, por si só,
causa eficiente, suficiente, da democracia.

Há, no Brasil, um déficit democrático que se manifesta, por exemplo, quando o


Congresso arrosta a opinião pública, legisla em causa própria e encobre os
maus passos de seus membros; quando o Senado se acumplicia com o STF
para descumprirem seus deveres de fiscalização mútua; e quando as pautas
de Sérgio Moro batem, sempre, na acolhedora trave da impunidade.

Do Brasil se pode dizer que vivemos num Estado de Direito, onde as coisas
são, mais ou menos, regradas por uma Constituição. Bem nos serviria que
essas instituições fossem racionais e, por essa via, efetivamente democráticas.

Em “Nabuco e a reorganização teórica do Império”, João Camilo de Oliveira


Torres escreve:

“Nas épocas da decadência e decomposição, o tribuno do povo


chama-se demagogo e procura condicionar a vontade para fins
baixos e pessoais, para fins criminosos e antipatrióticos”.

Essa é uma definição precisa da carreira política do ex-presidiário de Curitiba.


Seu partido conferiu caráter orgânico à corrupção, enfermando moralmente as
principais legendas políticas do país; devastou as finanças nacionais jogando-
nos na mais danosa recessão da história. O Brasil vive a situação de um país
pós-guerra, sem outra guerra que não aquela proporcionada por meios e fins
criminosos e antipatrióticos.

Quem tiver alguma dúvida sobre isso, ouça as falas de Lula e os discursos de
seus representantes em Brasília. São bem explícitos quanto à saudade que
sentem de seus fracassos.

Percival Puggina
Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular
do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada
do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

Você também pode gostar