De acordo com Kast (1997), a palavra símbolo vem do grego
“symbolon”, um sinal de reconhecimento. Quando alguém de uma mesma família ou amigos se separavam quebravam uma moeda, um pequeno prato de argila ou um anel, para quando voltassem a se encontrar, unirem essas metades novamente e se a junção das partes se combinassem, as identidades eram reveladas e assim tinham direito a serem recebidos novamente. A palavra “symbalein” significa juntar, reunir, combinar duas metades. Esta etimologia conceituando símbolo, mostra que algo pode se tornar um símbolo apenas quando combinado. Segundo Carl G. Jung (1964), o que podemos chamar de símbolo seria um termo, nome ou imagem que possa ser familiar ao indivíduo em sua vida cotidiana. O símbolo além de seu significado evidente e convencional, existem informações especiais além das evidências que podem estar ocultas. Para exemplificar podemos pensar que uma roda como um símbolo, pode-se remeter ao significado de um sol “divino” mas o ser humano não consegue descrever com clareza o que é algo divino, mas se apoia no símbolo para evidências de suas crenças. Para Jung (1964), os símbolos são a representatividade de conteúdos que estão no inconsciente. Quando é apresentado o símbolo essas informações retornam para consciência. Desta forma o símbolo sempre pode provocar um indivíduo a trazer à tona conteúdos que estavam esquecidos e os símbolos podem ajudar nessa articulação de trazer as informações de volta para a consciência. No símbolo é possível observar dois níveis: algo externo que pode revelar algo interno, o visível revelando algo invisível e algo corporal revelando espiritual. Contudo podemos afirmar que um símbolo pode ter diversas possibilidades de significados e que nele está representado uma conexão interna onde não se separam um do outro. Os sinais são substituíveis mediante um acordo já os símbolos não, pois seu significado interno está vinculado diretamente com sua imagem simbólica. Segundo Kast (1997), os símbolos são importantes durante um certo tempo dando um significado em conexão com a vida. Em um determinado momento alguns símbolos transitam para um segundo plano e outros se apresentam no lugar com maior importância. Os símbolos podem reconstruir a história de vida das pessoas pois os mesmos tem um tempo de origem, floração e perecimento. Uma gama de associações está ligada a um símbolo que pode ser para nossa necessidade de clareza um aborrecimento ou para necessidade de mistério e um sentido pode representar uma mina de ouro. Algumas lembranças que os símbolos expõem não gostaríamos de recordar, talvez como angustiantes não se conciliam com a autoimagem que formamos. Por outro lado o símbolo pode ser significativo para as pessoas pois apontam lembranças da história vivida pessoalmente ou do passado dos seres humanos em geral, como por exemplo os contos de fadas, artes, literaturas e os mitos.
O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
Para Kast (1997), o processo de individuação é o relacionamento do
consciente com o inconsciente, conteúdos de ambas as partes fazem uma união através dos símbolos. Neste processo de individuação, o indivíduo torna-se o que realmente é. A aceitação de si mesmo com as capacidades e dificuldades é uma virtude no caminho da individuação. Esse caminho não significa que será plano, harmonioso ou polido, mas sim de aceitação da personalidade homogênea com os defeitos. O processo de individuação é uma aproximação sem uma finalização do que se é realmente e está sujeito a constantes correções e transições provisórias. Ainda de acordo com Kast (1997) um outro aspecto do processo de individuação é a conquista de mais autonomia se desligando dos complexos paterno e materno, padrões e normas coletivas da sociedade e expectativas das outras pessoas se tornando si mesmo e alcançando a maioridade. Além dos valores sociais a busca da individuação requer também se libertar de arquétipos que estão no inconsciente e que mantém o indivíduo preso sem ser notado viver cada vez menos sendo determinado por forças do inconsciente coletivo e aprender a dialogar entre consciente e sociedade e consciente-inconsciente proporcionado o rumo para a autonomia do ser. Segundo Jung (1964) o processo de individuação traz a consciência o inconsciente que une e é comum a todo ser humano diante disso e esse desenvolvimento não implica somente em autonomia mas também em desenvolver a capacidade de se relacionar com o outro. A individuação é um caminho para o alvo e a busca por tornar-se si mesmo é constante para toda vida e é o que dá sentido à ela. REFERÊNCIAS
Jung; Carl G. O Homem e seus símbolos / Carl G. Jung. 1.964.3° Ed.
Especial. – Rio de Janeiro: Harper Collins Brasil, 2016.