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CURSO DE PSICOLOGIA

GISELY POVOROSNEK INÁCIO

ANGÉLICA DE OLIVEIRA

WANESSA MACHADO DOS SANTOS

GISELLI AVELAR BORGES

PSICOLOGIA HOSPITALAR

MARINGA
2018
CURSO DE PSICOLOGIA

GISELY POVOROSNEK INÁCIO

ANGÉLICA DE OLIVEIRA BORGES

WANESSA MACHADO DOS SANTOS

GISELLI AVELAR

PSICOLOGIA HOSPITALAR

Trabalho apresentado à Faculdade


Metropolitana de Maringá – UNIFAMMA,
como requisito da disciplina de Psicologia
Hospitalar, sob orientação da Prof. Valquíria
Lazarin.

MARINGA
2018
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo correlacionar o tema estudado


sobre os cuidados paliativos de pacientes em estágios avançados da doença
terminal, em tratamento hospitalar e como é realizado o trabalho do Psicólogo
Hospitalar no processo da morte do paciente e bem como, o atendimento dado
aos familiares. Iremos abordar também como os profissionais da área da saúde
lidam com essas questões de enfrentamento da morte eminente.

Este estudo aborda como é realizados os trabalhos em pacientes


terminais e como auxilia-los a enfrentar os estágios da morte, como um
processo natural, e não como uma fatalidade.

Podemos citar também o filme “Uma prova de amor”, aonde a


protagonista Kate vive esse processo da doença, até a sua morte, como os
seus familiares lidam com o processo do luto, e as dificuldades a serem
enfrentadas pelos profissionais da saúde, e também como, por exemplo: os
comportamentos e expressões inconscientes das defesas presumem ser
comum a todos os que cuidam dos enfermos.
Sinopse do filme: Uma prova de amor.

No filme Uma prova de amor, a família de Kate descobre que ela tem
uma doença, e lhe restam poucos anos de vida, prejudicando sua infância o
câncer (leucemia) lhe trará uma grande batalha desde muito cedo.
O médico sugere aos pais terem outro filho, gerando um filho de proveta
que seja um doador compatível com a menina, então os pais viram que esta
seria uma maneira de prolongar a vida de sua filha sendo está a solução mais
rápida que encontraram, e com muita esperança decidiram trazer ao mundo
uma segunda filha que seria sua doadora compatível.
Assim veio Anna, sua irmã, que desde bebê e utilizada em processos
para salvar Kate, até que um dia Kate passa muito mal e o médico diz que ela
precisa da doação de um rim, e Anna com 11 anos ( 8 hospitalizações, 6
cateterismo, 2 transplantes de medula, 2 retirada de célula-tronco,
sangramentos, infecções hematomas doses de hormônio do crescimento,
comprimidos para náuseas, dor e para dormir) se nega, procura um advogado
e processa os Pais por ter feito tudo contra sua vontade esse tempo todo,
pedindo a emancipação para poder decidir o que fazer com seu próprio corpo.
Sara se sente frustrada por não entender como Anna não queria salvar a irmã.
Na audiência o irmão de Anna fala para todos que quem não quer mais viver é
Kate.
No decorrer do filme Kate relembra momentos de sua vida suas relações
de convívio com seus familiares assim como seu grande amor que no decorrer
do filme morrer por conta da mesma doença de Kate, o processo de luto que
ela enfrenta sobre esta situação e ao final o processo de aceitação da morte,
de Kate e posteriormente a sua mãe aceita deixa-la morrer.
Kate morre e Anna ganha o processo de emancipação de menores.
Anna termina falando que houve um tempo em que ela achou que
nasceu para salvar a irmã, porém no final ela não conseguiu, mais teve uma
grande experiência com sua irmã.
DESENVOLVIMENTO

Segundo relatado pela autora, ao receber o diagnóstico, os pacientes


se negam a aceitar e realizar os possíveis tratamento, dando início ao primeiro
estágio, o de negação, que também pode ser substituído por outro, o da
Raiva, no qual sentimentos como revolta, inveja e ressentimento, são vistos
frequentemente em discurso como: “Por que eu?”. Este estágio é difícil tanto
para a família, quanto para equipe hospitalar, pois trazem inúmeros
confrontos, uma vez que os familiares são recebidos com pouco entusiasmo e
sem expectativa, resultando em penosos encontros. “A reação dos parentes é
de choro, pesar, culpa ou humilhação, ou na evitação de visitas futuras,
aumentando no paciente a mágoa e a raiva”. Os enfermeiros, por sua vez, são
alvos constantes da raiva dos pacientes, e tudo que fazem, pegam ou servem,
não estão de seu agrado. É comum fazerem exigências, queixarem-se
exacerbadamente, levantarem a voz, fazem os profissionais repetir
procedimentos para que se certifiquem do tratamento, entre outros
comportamentos. (KÜBLER-ROSS, 2008)

O terceiro estágio é a barganha, processo velado ou explícito, no qual


busca-se uma espécie de acordo que adie o desfecho inevitável: “Se Deus
decidiu levar-me deste mundo e não atendeu a meus apelos cheios de ira,
talvez seja mais condescendente seu apelar com calma.” Consiste em uma
outra forma de conduzir o problema, pautada na condição de bom
comportamento: se eu fizer “isso”, conseguirei “aquilo”, ou por meio da meta
auto imposta. Esta, consiste em uma troca que geralmente é o prolongamento
da vida (viver alguns dias para realizar algo pela última vez), ou alguns dias
sem dor e sem males físicos. Psicologicamente, as promessas podem estar
associadas a uma culpa recôndita, ao desejo de punição causado por ela, e
por isso não deveriam ser menosprezadas pela equipe hospitalar. (KÜBLER-
ROSS, 2008)

A depressão (outro estágio proposto pela autora) é vista quando a


doença não pode mais ser escondida e um estado de grande perda toma
conta do paciente, esta pode ser de sua imagem, função, sonhos, aspirações,
empregos, bens, entre outros - nesta fase, o paciente prepara-se para deixar o
mundo. Segundo a autora, a depressão pode ser classificada como reativa e
preparatória, e diferenciá-las faz diferença no tratamento dos gravemente
enfermos.

A primeira - chamada de reativa- trata-se dos cuidados de questões


vitais e são amparadas por meio de elogios, injeção de ânimo, autoconfiança
no paciente, cuidados especiais, notícias da família, isto é, o aspecto positivo
da vida. Para uma mãe, por exemplo, é interessante saber que seus filhos
brincam, riem, e que ficam com alguém enquanto o pai trabalha, apesar da
ausência da mãe.

O segundo tipo de depressão, preparatória, “ao invés de se dar com


perda passada, leva em conta perdas iminentes”. Ou seja, é uma espécie de
preparação para a morte, rompimento com todos os objetos amados e para
facilitar o estado de aceitação. “Se deixarmos que exteriorize seu pesar,
aceitará mais facilmente a situação e ficará agradecido aos que puderem estar
com ele neste estado de depressão” (KÜBLER-ROSS, 2008)

O estado preparatório é silencioso, pouco comunicativo, mais


exprimido pelo sentir e deve ser acompanhado de um toque de mão, afago ou
simples companhia para acompanhar o paciente terminal à aceitação e à paz,
livre de angústias e ansiedades pelo que deixou de fazer.

A aceitação, por fim, é a o estágio em que o indivíduo não tem


desespero e consegue enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto
para enfrentar a perda ou a morte. Com o acompanhamento devido, pôde
externar seus sentimentos, sua inveja pela vida, por saúde, e agora encontra-
se cansado e fraco, no entanto, estes estados não são acompanhados de
arrependimentos. “É quase um estado de fuga de sentimentos. É como se a
dor tivesse esvanecido, a luta tivesse cessado e fosse chegado o momento do
‘repouso derradeiro antes da longa viagem’”. (KÜBLER-ROSS, 2008)

Por meio dos cinco estágios da morte, elaborada por Kübler-Ross


(2008) é possível observar a complexidade e dureza que se dá o processo de
morrer, para os pacientes em estado terminal. Dar-se conta desses processos
implica na compreensão e aceitação de algumas atitudes tomadas por
pacientes que se encontram repletos de falta de onipotência. Também, ajuda
a descobrir as necessidades deles, e a ver o ser humano que ali está,
buscam-se comunicações abertas ou sutis para que o conforto venha desse
sentimento de empatia.

A assistência humana psicológica aos doentes terminais

De acordo com a semântica proposta por Maranhão (1996), humanizar a


morte é ajudar o enfermo a ser ele mesmo, animando-o a que prossiga em seu
processo de crescimento até o último alento. Em uma sociedade que nega a
morte como a nossa e o ato de morrer se tornou um assunto privado e
tecnicamente controlado, as pessoas recebem por parte da comunidade uma
ajuda humana muito pequena e sobre esta situação e a respeito das
consequências das transferências dos ambiente familiar para os centros de
atendimento médicos reservados para estes casos. Essa situação se acresce o
problema da própria formação acadêmica dos profissionais ligados a área de
saúde. A grande parte das faculdades, devido a uma distorção curricular, está
preocupada em qualificar pessoas aptas para curar, tratar e prolongar a vida, e
pouco aptas para assistir psicológica e humanamente pacientes que não vão
se recuperar. E a única informação que tem sobre pacientes ou algo a ver com
a morte e o morrer, é como preencher um atestado de óbito. (MARANHÃO,
1992).
Ainda segundo o autor a dificuldade que os profissionais e membros da
equipe de saúde experimentam no relacionamento com doentes próximos da
morte deve-se também, em boa parte dos casos, a sua incapacidade de lidar
com os seus próprios temores da morte. Uma hipótese constantemente
reforçada segundo o autor é de que um dos principais motivos por que muitos
profissionais de saúde optaram por esta preocupação é para conhecer a fundo
suas próprias ansiedades e sentimentos a respeito da morte. Em outras
palavras a escolha do gênero desta profissão, em muitos casos explica-se pelo
comportamento em que os psicólogos denominam de “atitude contra fóbica”
isto é frente a um fenômeno no caso da morte que provoca medo intenso, e
algumas pessoas reagem defensivamente, aproximando como uma
curiosidade mórbida.(MARANHÃO, 1992)
Quando suas ansiedades a respeito da morte são redespertadas os
profissionais que trabalham na área da saúde podem mudar seu inter-
relacionamento com os pacientes, ao ponto de inconscientemente abandoná-
los psicologicamente e ao mesmo tempo em que intensificam seus cuidados a
atenção a necessidades fisiológicas. (MARANHÃO, 1992).
O autor traz como exemplo o psicólogo Lawrence Leshan, norte-
americano, que se propôs a observar um posto de enfermagem de um hospital
de Nova Iorque, e cronometrou o intervalo de tempo que decorria entre o
ressoar da campainha à beira do leito e o tempo em que levava para a
enfermagem atender ao chamado, ele verificou que as enfermeiras
constantemente demoravam mais tempo para responder os chamados dos
pacientes à beira da morte do que de pacientes em vias de melhora, ao
mostrar os resultados de suas observações às enfermeiras se mostraram
surpresas e negaram suas atitudes em que não estavam sendo democráticas.
Estes comportamentos é uma clara expressão inconsciente das defesas contra
a morte, sendo este comportamento defensivo presume-se ser comum a todos
os que cuidam de doentes terminais. Ainda sobre o comportamento cada qual
faz sua comédia os médicos fazem sua comédia dos cuidados inventando
sempre algo para mascarar sua falsa onipotência, os parentes fazem a
comédia da esperança. Consequentemente a equipe médica quando se sente
impotente diante de uma crise existencial pela qual passa o paciente, se
protegendo ofertando apenas os cuidados físicos, se utilizando de uma barreira
que corta a possibilidade de uma possível e indesejável envolvimento humano.
(MARANHÃO,1992)
Ao experienciar a possibilidade da morte, o homem o indivíduo é levado
a rever as prioridades e os valores de sua existência relativando o que até
então era considerado absoluto, a consciência da morte revela a insignificância
do acumulo de posses e dos cuidados cotidianos os seus valores mundanos
que cultivam com tanto esforços e abnegação.” a morte acaba sendo
equiparada a uma doença que o homem pode lidar como a tuberculose ou a
poliomielite”. A própria natureza do conhecimento humano parece contribuir
para reprimir a consciência da morte pessoal. (MARANHÃO, 1992).

O acompanhamento psicológico aos familiares


A doença que a finge pacientes resulta também em sofrimento psíquico
nos familiares do mesmo. A grande maioria das pessoas não tem qualquer
tipo de preparo para lidar com situações de adoecimento, se tornando um
processo cruel e doloroso para todos os envolvidos.
Diante disso, o psicólogo no âmbito hospitalar irá realizar seu trabalho
por meio das palavras, fazendo com que os pacientes lidem e exponham suas
angústias, sendo uma forma de manter sua subjetividade.
Segundo Simonetti (2013)

[…] A psicologia hospitalar não trata apenas das


doenças com causas psíquicas, classicamente
denominadas “psicossomáticas”, mas sim dos
aspectos psicológicos de toda e qualquer doença.
Enfatizemos: toda doença apresenta aspectos
psicológicos, toda doença encontra-se repleta de
subjetividade, e por isso pode se beneficiar do
trabalho da psicologia hospitalar. (p. 15)

O objeto de trabalho na psicologia hospitalar seria não somente o


adoecimento do paciente e sim toda a esfera na qual ele está inserido, o que
inclui a angústia dos familiares bem como da equipe multidisciplinar que está
ao seu redor. Busca-se restaurar a subjetividade muitas vezes esquecida pela
equipe, que já estão imersos em uma realidade que pode ser desanimadora e
angustiante.
Quando se trata do acompanhamento psicológico fornecido aos
familiares infelizmente têm-se este como um assunto pouco abordado. Devido
às dificuldades embutidas nas instituições de tratamento, que vão desde a
desvalorização do trabalho do psicólogo a um possível despreparo para lidar
com tais situações por parte de alguns profissionais, não consegue-se atingir
uma totalidade, ou parte dela, a respeito do papel do psicólogo no ambiente
hospitalar.
Quando têm-se o adoecimento físico, paralelamente têm-se também o
sofrimento psíquico, tanto no paciente como em seu familiar. O psicólogo
auxilia na busca de uma ressignificação para este momento de intenso conflito
psíquico.
No caso dos pacientes em estado terminal, o adoecer e o período de
internação interrompem o curso da vida, no âmbito biopsicossocial, ou seja, as
funções do corpo, da mente, do ser e das relações sociais (trabalho, família,
amigos). Nesse sentido, cabe ao psicólogo avaliar e intervir sobre os efeitos
do adoecer e do tratamento na realidade psíquica bem como evidenciar os
aspectos psicológicos e a diversidade de vivências que podem estar
implicadas neste processo, que é adoecer, tanto para o paciente como para
as famílias.
A solicitação do trabalho do psicólogo hospitalar pode partir tanto da
equipe médica, familiares bem como do próprio paciente.
Segundo Simonetti (2013):

Diagnosticar é o instante de ver, seguido pelo tempo de


entender que leva ao momento de intervir, não
necessariamente nessa ordem, mas necessariamente
interligados. A principal razão pela qual os diagnósticos
são feitos é eles facilitarem o tratamento, de modo que
diante de um diagnóstico bem feito a melhor estratégia
terapêutica se evidencie, naturalmente, na mente do
psicólogo bem treinado. As outras razões são a pesquisa
científica e a comunicação entre os profissionais. (p. 33)

Segundo Simonetti (2013), é necessário fazer uma diferenciação dos


conceitos de solicitação de atendimento psicológico e demanda de
atendimento psicológico. A solicitação envolve um pedido de atendimento feito
por um sujeito (médico, enfermagem, família ou até mesmo o próprio
paciente), já a demanda é própria, ou seja, envolve um estado de
questionamento e/ou incômodo a respeito de seu adoecimento da própria
pessoa acerca de como está sendo vivenciado o adoecimento. A demanda
muitas vezes pode estar no paciente e sim na equipe de saúde, médico,
instituição ou na própria família.
Em relação ao enfrentamento da morte e o morrer, a família necessita
de um acompanhamento e suporte maior, pois pode ocorrer um certo
afastamento do paciente a medida que ocorre a aceitação do morrer, gerando
aflição aos familiares, que não sabem lidar com este tipo de comportamento,
já que problemas e notícias do mundo exterior de certa forma não o afetam
mais.
O cuidado com os familiares deve ser iniciado desde o instante da
comunicação do diagnóstico, por se tratar de um momento extremamente
impactante, onde tem se a descoberta de uma possível doença que pode tirar
a vida de um de seus membros. Por essa e outra razões, as necessidades
psicológicas dos familiares podem exceder as do paciente, e a ansiedade
gerada na família torna-se um dos aspectos mais complicados de trabalho
para o psicólogo hospitalar, este que pode funcionar como um facilitador do
fluxo de emoções, inquietações e questionamentos dos familiares. A atuação
do psicólogo, em que se trabalha por meio da comunicação, funciona como
um meio de adaptação dos familiares ao enfrentamento da situação,
estruturando-os. O estabelecimento ou reestruturação dos vínculos familiares,
bem como compreender, apoiar e dar atenção o psicólogo no âmbito
hospitalar irá fornecer para os mesmos de alguma forma.
Segundo Mendes, Lustosa, Andrade (2013):

“Dessa forma, o psicólogo tem como foco: auxiliar na


reorganização egóica frente ao sofrimento; facilitar e
trabalhar medos, fantasias, angústias, ansiedades;
enfrentamento da dor, sofrimento e medo da morte do
paciente; detectar e trabalhar focos de ansiedade,
dúvidas; facilitar e incentivar vínculo com a equipe de
saúde; detectar e reforçar defesas egóicas
adaptativas, etc. Também importante é o trabalho do
psicólogo na facilitação da comunicação da família
com o próprio paciente, para que se possa, muitas
vezes, auxiliar na solução de situações emocionais
muitas vezes vividas como difíceis durante a
convivência anterior ao advento da doença terminal.
Não raro, se pode proporcionar elucidação de
situações existenciais mal resolvidas, gerando alívio
de culpas, ressentimentos e dores, frutos de relações
neurotizadas pela convivência existencial prévia. A
preparação de um luto antecipatório, sempre facilita e
minimiza dores naturais da perda de entes
emocionalmente importantes.” (p.169-170)

Uma questão que precisa ser discutida e influencia diretamente o


desenvolvimento do trabalho do psicólogo seria a instituição na qual ele está
inserido. Segundo Simonetti (2013):

Em psicologia hospitalar, a relação entre o paciente e


o profissional de saúde jamais é do tipo dual. Há
sempre um terceiro elemento: a instituição, que pode
ser o hospital, o governo, o sistema de saúde pública,
a empresa de seguro-saúde, até mesmo a família. É
preciso, portanto, analisar a situação do paciente no
que concerne às questões institucionais, bem como a
inserção do psicólogo nesse universo. (p.97)

O hospital pode funcionar tanto como um facilitador ou um empecilho


para o trabalho do psicólogo. A importância dada ao trabalho deste
profissional pela equipe de saúde pode se tornar determinante na propagação
e um papel mais ativo deste profissional na unidade de saúde na qual ela é
integrante. Um papel mais ativo por parte do psicólogo nos hospitais poderá
ocorrer em um ambiente onde a equipe de saúde haja e seja multidisciplinar,
onde é se dada o devido valor a cada profissional ali presente.

O hospital é, sim, uma instituição, para o melhor e


para o pior. Por um lado ele reúne o que há de
avançado na medicina, como equipamentos
sofisticados, médicos bem treinados e medicamentos
de alto custo, constituindo-se, assim, no local ideal
para a busca da cura. (SIMONETTI, 2013, p.97)

Em um ambiente hostil em que o trabalho seja limitado e desvalorizado,


tem-se a onipotência do psicólogo, já que está condicionada a agir somente em
situações de crises como apaziguador de situações emergenciais. Além disso
tem como um problema gravíssimo o despreparo de alguns profissionais da
psicologia para lidar com situações de terminalidade no hospital. Mesmo tendo
diversos recursos como supervisão, literatura e psicoterapia para lidar com o
significado da morte, muitos ainda não fazem da utilização de tais recursos.

“A onipotência do psicólogo, tão comum em nosso


meio, é tão ou mais maléfica do que a onipotência
médica , tão criticada por nós, ao considerar que
podem lidar com esta temática (finitude humana), sem
a necessidade de auxílio reflexivo, assim como de
tratamento e apoio psicoterápico. Encontram-se tantos
psicólogos que jamais “sentiram necessidade”(!!!) de
supervisão ou até de psicoterapia, mesmo trabalhando
em serviços onde o confronto com temáticas tão
impactantes como esta se fazem presentes no dia a
dia de sua rotina profissional. Cabe aqui o alerta para
estes profissionais que se crêem superiores às
indagações ansiogênicas do ser humano comum.”
(MENDES, LUSTOSA, ANDRADE, 2009, p.171)
Segundo Simonetti (2013), os aspectos psicológicos estão
concatenados não somente na figura do paciente, mas também na dor e
angústia da família, da equipe e dos médicos. Dessa forma, a psicologia
hospitalar também se ocupará das relações entre estes grupos, com o intuito
de viabilizar o acesso entre eles, pois, muitas vezes, o paciente tem como
interesse o sintoma, a família com o prognóstico e o médico em descobrir o
diagnóstico, gerando um desencontro de objetivos que será manejado pelo
psicólogo hospitalar.
CONCLUSÃO

Através dos estudos realizados, direcionados a psicologia hospitalar,


foram considerados diversos fatores abrangentes desta área dentro da
psicologia, envolvendo diagnóstico, enfrentamento do mesmo, tratamento e
hospitalização, relações sociais e familiares, profissionais envolvidos e
situações de morte. Com tudo, é possível observar o quão abrangente é o
trabalho do psicólogo que está inserido neste contexto, que varia dependendo
das caracterizações dos casos.
Juntamente com a evolução dos tratamentos frente a diversos
diagnósticos, a psicologia também tem evoluído em seus estudos sobre o
enfrentamento geral do paciente frente a doença para assim proporcionar uma
melhor relação com todas as modificações que ela traz no cotidiano,
principalmente quando a medicina chega ao seu limite e determina seus prazos
na existência. Isso exige um grande preparo por parte do psicólogo, que
precisa considerar todos os fatores que fazem parte deste contexto e assim
tomar a conduta mais cabível a estas situações, estabelecendo uma relação de
ajuda ao paciente, família e equipes médicas envolvidas.
SERVIÇO DE PSICOLOGIA HOSPITALAR

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

NOME: Kate Fitzgerald nº: 8232


IDADE: 17 SEXO: Fem. EST. CIVIL: Solteira RELIGIÃO: Católica
DATA INTER. 08/09/2005
PSICÓLOGO: Fabrícia Alves MÉDICO: Dr. Change Taylor
SERVIÇO/ DEPARTAMENTO: Oncologia
DIAG. MÉDICO: Neoplasia Maligna / Leucemia DATA: 23/09/2005

O estado emocional geral da paciente é apresentado pela aceitação da


doença, considerando um bom conhecimento sobre a mesma e o tratamento.
Possui uma boa estrutura emocional básica com alto conceito e defesas
predominantes positivas, estados de autoestima, ansiedade e depressão em
fase regular, não apresentando ruptura psicótica. Sequelas emocionais são
visíveis e intensas, com tratamentos, internações, separações e perdas, porém,
apresenta por vezes temperamento extrovertido.
Apresenta uma tendência necrófila com enfrentamento de aceitação a
doença. Estágio da infância considerado normal até o diagnóstico, que se deu
através dos sintomas iniciais de sonolência excessiva e manchas na pele. A
paciente sempre esteve informada de seu estado.
Um fato marcante depois da descoberta da doença se deu durante o
tratamento, caracterizado por um relacionamento. Seu namorado também
sofreu com câncer e foi a óbito em tratamento referente a doença que
enfrentava.
Em nível psicossocial, apresenta boa relação familiar, com mais fatores
marcantes, sendo a gestação da irmã e a mãe deixando de lado sua carreira
para os cuidados de sua doença.
Na adolescência apresenta momentos de baixa autoestima, mantém seus
contatos sociais restritos devido à doença.
Em exame psíquico apresenta boas condições gerais mantidas de
consciência, senso de percepção, pensamentos, linguagem, memória,
inteligência, consciência de si dentro da normalidade, apresentando estado de
humor com depressão e ansiedade reativa e angústia existencial. Possui
motivação preservada pois deseja e operacionaliza.
Das manifestações psíquicas apresenta aspectos moderados de
negação, impotência, fracasso, insegurança, dependência, isolamento,
esperança, medo real, limitação de atividades, privação da liberdade, perda de
autonomia, esquema corporal modificado e ainda neste aspecto apresenta alto
nível de conformismo acentuado.
O diagnóstico psicológico indica estado geral de aceitação com foco
direcionado a entrega em relação a doença.
Toma-se como conduta sugestiva, psicoterapia breve focal.
REFERÊNCIAS

MARANHÃO, Jose Luiz de Souza. O que é morte. 4 ed. São Paulo:


Brasiliense S.A, 1992.

KUBLER-ROSS, Elisabeth. Sobre a morte e o morrer. 8 ed. São Paulo:


Martins Fontes, 2000.

SHIOZAKI, Marcos Paulo. Atuação do psicólogo hospitalar no


acompanhamento dos familiares de pacientes terminais no sistema
privado. 2016. 19 f. artigo (psicologia)- CENTRO UNIVERSITÁRIO DE
MARINGÁ, UNICESUMAR, Maringá, 2016. 1.

SIMONETTI, Alfredl. Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença.


7.ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013.

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