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MATÉRIA: Literatura

PROFESSOR : Paulo Ricardo

ALUNO:_______________________________________________
LITERATURA PORTUGUESA
A POESIA TROVADORESCA
- ERA MEDIEVAL -
A poesia trovadoresca era cultivada por
Trovadorismo: «trovadores», poetas cantores. As composições eram
sempre cantadas e acompanhadas de instrumentos
Movimento poético iniciado no século XI, na
musicais (lira, viola, pandeiro, alaúde, flauta entre outros).
Provença, e difundido pela Península Ibérica, Itália e
Por isso eram denominadas de «cantigas» ou «cantares».
Alemanha entre os séculos XII e XIV. O nascimento da
Também conhecida como «poesia provençal». (Provença,
lírica trovadoresca vincula-se às modificações dos
região ao de França). O idioma empregado era o galego
costumes no princípio da Alta Idade Média: os senhores
português, em virtude da unificação linguística ocorrida
feudais, recolhidos nos seus castelos e fruindo os ócios
entre Portugal e Galiza.
que a prosperidade e a paz condicionavam, entraram a
estimular as atividades culturais: par a par com o requinte
social, despontava o gosto pela poesia, a música, a pintura
e as artes manuais.
Em Portugal, a época trovadoresca é o período que
se estende de 1189 (ou 1198), com a «Cantiga da
Ribeirinha» de Pai Soares de Taveirós, dedicada a Maria
Pais Ribeiro, “A Ribeirinha”, amante de Dom Sancho I, e
esmorece em 1418, quando Fernão Lopes é nomeado
Guarda-Mor da Torre do Tombo por Dom Duarte.

CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL

 Teocentrismo: Crença ou doutrina que vê em


Deus o centro do universo, de todas as coisas. [Do Gr.
theos, deus + kentron, centro]
 Feudalismo: Sistema político, econômico e social
que vigou na Europa durante a Idade Média, baseado na
propriedade da terra do senhor feudal, trabalhada pelos
vassalos em regime servil.
 As Cantigas de Amor – têm ascendência
 Tomás de Aquino (1225-1274): Empenhou-se em
na poesia provençal. O ambiente das cantigas é sempre
ordenar o saber teológico e moral acumulado na Idade
palaciano. O poeta, em tom de confissão, quase sempre se
Média
dirige à dama cortejada com tais expressões «mia
 As Cruzadas: Expedição militar de caráter
senhor», «fremosa senhor» e «mia pastor». O tema
religioso que se fazia na Idade Média, contra hereges ou
constante dessas cantigas – e por isso monótono - é a
infiéis.
«coita», a paixão vivida pelo homem que está a serviço
duma dama.
 As Cantigas de Amigo – têm raízes na
própria Península Ibérica. O ambiente descrito nas
cantigas é sempre rural ou popular. De acordo com o
assunto, as cantigas são classificadas em «albas» (falam
do amanhecer), «bailadas» (dança e baile), «barcarolas»
(vida marítima), «pastorelas» (vida pastoril), «romarias»,
(peregrinação religiosa). Nelas sempre está presente a
palavra «amigo» (namorado ou amante).
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Fugindo a regra das composições líricas, quer seja derivam das canções de gesta, poemas que narram
nas cantigas de amigo ou nas cantigas de amor, há outro heróicas aventuras de cavaleiros andantes.
tipo de composição poética nesse período, cujo objetivo é As novelas de cavalarias são organizadas em três
tecer uma crítica falando mal ou escarnecendo ciclos, de acordo com o tema central:
publicamente alguém.  ciclo bretão ou arturiano – sobre o rei
 Cantigas de Escárnio - sátiras indiretas, Artur e os cavaleiros da Távola Redonda.
com palavras ambíguas.  ciclo carolíngio – gira em torno de Carlos
 Cantigas de Maldizer - sátiras diretas, Magno e os doze pares de França.
com linguagem obscena.  ciclo clássico – sobre temas greco-latinos.

Os textos poéticos da época trovadoresca eram Demanda do Santo Graal


acompanhados por música, e normalmente cantados em
coro. Nessa época os artistas eram classificados, de "Novela de cavalaria das mais importantes, gira em
acordo com a posição social: torno das aventuras dos cavaleiros da Távola Redonda,
 Trovadores - eram poetas, em geral presidida pelo Rei Artur, os quais saem em «demanda» do
nobres, que faziam poesias, simplesmente por amor. Santo Vaso, isto é, o cálice em que José de Arimateia teria
 Jograis- eram recitadores, cantores e recolhido o sangue que Cristo derramou na Cruz. Era
músicos que perambulavam pelas feiras, castelos e véspera de Pentecostes quando, em Camaalot, reunidos os
aldeias. cavaleiros para a ceia, surge misterioso vaso esparzindo
 Segréis- profissionais que faziam poesias esplêndida luz que a todos nutre de místico alimento.
como meio de vida. Resolvem empreender as aventuras que permitam
 Menestréis - músicos agregados a uma reencontrá-lo e usufruir de sua celestial presença.
corte. A lenda, que remonta a origens célticas, foi
inicialmente glosada em verso, e apresentava Perceval
OS CANCIONEIROS como o cavaleiro que «daria fim à demanda do Graal».
Por volta de 1220, em França, decerto por influência
A produção literária da época trovadoresca, entre clerical, o tema é posto em novela e Galaaz, filho de
1250 e 1350, chegou até os nossos dias através dos Lancelote, substitui Perceval. A lenda, até então, pagã, é
Cancioneiros – coletâneas de cantigas ou canções de cristianizada, passando os seus símbolos (o Vaso, a
variados tipos de poemas, com participação de vários Espada e outros) a ter valor místico. E, em lugar de
autores. aventuras muitas vezes carregadas de realismo, a ascese
Os Cancioneiros mais importantes são: passa a dominar, como processo de experimentação das
 o Cancioneiro da Ajuda – compilado forças físicas e espirituais no sentido de alcançar a
provavelmente no reinado de Afonso III, ou seja, em fins Eucaristia.
do século XIII e princípios do século XIV. Reúne 310 A Demanda torna-se, pois, uma novela de cavalaria
cantigas, no geral de amor. Encontra-se hoje, na mística e simbólica. Fazendo dos cavaleiros, na sua
Biblioteca do Palácio da Ajuda, em Lisboa. maioria, homens voltados para o símbolo da Comunhão,
 o Cancioneiro da Biblioteca Nacional – propicia apenas um deles, Galaaz, a sua realização. O
compilado provavelmente em fins do século XV e cavaleiro escolhido, cujo nome bíblico se liga a Galaad
princípios do XVI. É o mais completo dos cancioneiros, (“puro dos puros”; o próprio Messias), simboliza um novo
com 1647 cantigas. Cristo, atingindo o fim almejado depois de penosa via
 o Cancioneiro da Vaticana – compilado crucis de aventuras que põem à prova todas as suas
em fins do século XV e inícios do XVI, com 1205 virtudes”.
cantigas. Nesse cancioneiro encontram-se as composições
do rei Dom Dinis, o mais notável trovador medieval. O Humanismo - Um período transitório
entre a Idade Média e o Renascimento
A PROSA MEDIEVAL

Este se estendeu do final do século XV ao início do


Novelas de cavalaria - são histórias tipicamente
século XVI – época de grandes inovações no campo das
medievais, originárias da Inglaterra ou/e de França. Elas
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artes, ciência e filosofia. Como sabemos, cada movimento  As Grandes Navegações trouxeram ao
literário que se instaura na história da Literatura traz  homem confiança de sua capacidade e
consigo inúmeras mudanças, que refletem em todas as vontade de conhecer e descobrir várias coisas. A religião
esferas da sociedade vigente. Desta feita, a propagação do começou a decair (mas não desapareceu) e o teocentrismo
Cristianismo em decorrência das Cruzadas, fez com que deu lugar ao antropocentrismo, ou seja, o homem passou a
se alargasse o intercâmbio comercial entre as regiões do ser o centro de tudo e não mais Deus.
Mar Mediterrâneo. Consequentemente, foi notória a  Os artistas começaram a dar mais valor às
expansão da burguesia, classe que não pertencia nem à emoções humanas.
nobreza e nem à classe dos servos, haja vista que era  É bom ressaltar que todas essas mudanças
ligada ao comércio, artesanato e à pequena indústria. não ocorreram do dia para a noite.
Tal expansão alavancou principalmente o  HUMANISMO = TEOCENTRISMO X
crescimento do comércio, tornando inevitável o ANTROPOCENTRISMO
dinamismo econômico, representado pelo surgimento dos
cheques e outras formas de movimentação financeira. ALGUMAS MANIFESTAÇÕES
Diante disso, o poder, antes concentrado nas mãos da Teatro
nobreza, passava agora a pertencer àqueles que detinham O teatro foi a manifestação literária em que ficavam
grandes fortunas. mais claras as características desse período. Gil Vicente
Em meio a toda essa evolução, a descoberta de foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de 40
novos mercados que ultrapassassem os domínios europeus peças. Sua obra pode ser dividida em 2 blocos:
representaria um grande avanço. Foi assim que no século Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a
XV tiveram início as grandes navegações com vistas à religião. “Auto da alma” e “Trilogia das barcas” são
expansão marítima e comercial. Portugal e Espanha foram alguns exemplos.
os grandes responsáveis por significativos inventos: a Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no
bússola, o astrolábio e a caravela. Enfrentando os cotidiano. “Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da
obstáculos além-mar, partiram em busca de novos horta”, “Quem tem farelos?” são alguns exemplos.
propósitos, como bem representa o comércio realizado
com as Índias, referente às suas especiarias. Poesia
Diante de todo esse encorajamento, o homem Em 1516 foi publicada a obra “Cancioneiro Geral”,
passou a se valorizar em toda a sua plenitude. As forças, uma coletânea de poemas de época.
antes consagradas apenas pelo poder do Criador, O cancioneiro geral resume 2865 autores que tratam
revelavam um instinto voltado para o racional. Surgia daí de diversos assuntos em poemas amorosos, satíricos,
uma nova concepção – o antropocentrismo, cuja visão se religiosos entre outros. Temos a poesia palaciana que
voltava para as forças humanas.  trata de assuntos da vida palaciana e reproduz a visão de
mundo dos nobres e fidalgos que a produziam. O amor é
 O humanismo foi uma época de transição tratado de forma mais sensual e a mulher já não é tão
entre a Idade Média e o Renascimento. Como o próprio idealizada quanto no trovadorismo.
nome já diz, o ser humano passou a ser valorizado.
 Foi nessa época que surgiu uma nova Prosa
classe social: a burguesia. Os burgueses não eram nem Crônicas: registravam a vida dos personagens e
servos e nem comerciantes. acontecimentos históricos.
 Com o aparecimento desta nova classe Fernão Lopes foi o mais importante cronista
social foram aparecendo as cidades e muitos homens que (historiador) da época, tendo sido considerado o “Pai da
moravam no campo se mudaram para morar nestas História de Portugal”. Foi também o 1º cronista que
cidades, como consequência o regime feudal de servidão atribuiu ao povo um papel importante nas mudanças da
desapareceu. história, essa importância era, anteriormente, atribuída
 Foram criadas novas leis e o poder parou somente à nobreza.
nas mãos daqueles que, apesar de não serem nobres, eram Obras:
ricos. “Crônica d’El-Rei D. Pedro”
 O “status” econômico passou a ser muito “Crônica d’El-Rei D. Fernando”
valorizado, muito mais do que o título de nobreza. “Crônica d’El-Rei D. João I”
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EXERCÍCIOS
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por exemplo, o grupo Legião Urbana encontra inspiração
na:

01 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) - Eu sou apenas alguém


Das estrofes abaixo, a que apresenta traços da estética do Ou até mesmo ninguém
Trovadorismo é: Talvez alguém invisível
(A) "Leva na cabeça o pote, Que a admira a distância
O testo nas mãos de prata, Sem a menor esperança (...)
Cinta de fina escarlata, Dono de um amor sublime
Sainha de chamalote; Mas culpado por querê-la
Traz a vasquinha de cote, Como quem a olha na vitrine
Mais branca que a neve pura: Mas jamais poderá tê-la (...)
Vai fermosa, e não segura." Eu sei de todas as suas tristezas
E alegrias
(B) "Se sabedes novas do meu amigo, Mas você nada sabe (...)
aquel que mentiu do que pôs comigo? Nem sequer que eu existo.
Ai, Deus, e u é? a) crença de que a ciência e a metafísica roubam a
Se sabedes novas do meu amado, naturalidade do homem, presente nos poemas modernistas
aquel que mentiu do que mi á jurado? de Alberto Caeiro.
Ai, Deus, e u é?" b) morbidez latente evidenciada na poesia simbolista de
Alphonsus de Guimaraens.
(C) "Competir não pretendo c) sátira conservadora e preconceituosa que se manifesta
Contigo, ó cristalino na poesia barroca de Gregório de Matos.
Tejo, que mansamente vais correndo d) coita e vassalagem amorosa presentes nas cantigas de
Meu ingrato destino amor do trovadorismo português.
Me nega a prateada majestade,
Que os muros banha da maior cidade." 03 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) –

(D) "A cada canto um grande conselheiro


Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro."

(E) "Deus, ó Deus!. .. Quando a morte à luz me roube


ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube."

testo: tampa do pote


chamalote: tecido de lã e seda
vasquinha: saia que se vestia por sobre toda a roupa
de cote: de uso diário
fermosa: formosa
do que mi á jurado: sobre o que me jurou

02 - UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA (Unama) - Os


fragmentos da letra da música contemporânea do grupo
Legião Urbana demonstram que a barreira geográfica e
temporal não impede que os temas universais presentes
nos poemas sejam recorrentes em outros textos e em
outros autores em diferentes épocas e lugares. Nesse caso,

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CALCANHOTTO, Adriana. (Composição:
Abdullah/Cacá Moraes)

A lírica trovadoresca medieval, exemplificada nas


“cantigas de amor” e “de amigo”, permanece nas diversas
formas e estilos da poesia e da música brasileiras. Ao
relacionarmos essa afirmativa à música gravada na voz de
Adriana Calcanhoto, podemos dizer que nos versos lidos
a) há busca de um diálogo em tom coloquial, confessando
a saudade e a mágoa da longa espera pelo amado, tema
que se repete em muitas das canções de amigo medievais.
b) a linguagem é no nível mais elaborado, como nas
canções de amor medievais, uma vez que tais se
ambientavam no espaço do palácio.
c) o que é cantado é a perda, ou o abandono, tema que se
repete em muitas das canções de amor do trovadorismo.
Sobre essa cantiga de amigo, é correto afirmar: d) o eu lírico feminino reclama, ou canta o distanciamento
(A) Apesar de abandonada, a moça conserva lembranças social do ser amado, marca da vassalagem amorosa das
alegres da época em que seu amor era correspondido. cantigas de amigo trovadorescas.
(B) A natureza, a quem o poeta dirige seus lamentos,
assume, em todas as estrofes, o papel da amiga confidente 05 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) -
e solidária. Leia atentamente o texto seguinte:
(C) O poeta, ao cantar suas desilusões amorosas, descreve
com detalhes o tormento causado pela indiferença do
objeto do seu amor.
(D) Sempre triste e distante, o trovador confessa o seu
sentimento e revela sua obediência às leis da vassalagem
amorosa, próprias à sua época.
(E) O tema da paixão não correspondida dissolve-se em
um clima geral de espiritualidade platônica, pelo fato de
ser um relacionamento entre pessoas de níveis sociais
diferentes.

04 - UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA (Unama) - Leia


o texto a seguir para responder à questão.

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Considerando que o texto acima é uma cantiga de Assinale a alternativa correta quanto às atitudes das
amor, é correto afirmar, sobre esse tipo de produção personagens.
poética, que
a. O Diabo designa o inferno utilizando uma figura de
(A) o trovador, de acordo com as regras do amor cortês, linguagem.
ao cantar a alegria de amar na cantiga de amor, revela em b. O Fidalgo garante ao Diabo que será salvo porque o
seus poemas o nome da mulher amada. Anjo virá em seu socorro.
(B) o homem, nesse tipo de composição poética, nutre c. O Diabo aceita o argumento do Fidalgo de que este será
esperanças de, um dia, conquistar a mulher amada, que, salvo pelo Anjo.
mesmo sendo imperfeita, é o objeto do seu desejo. d. A Ilha perdida é a designação do lugar de salvação das
(C) a cantiga de amor, na lírica trovadoresca, caracteriza- almas arrependidas.
se por conter a confissão amorosa da mulher, que lamenta e. O Anjo e o Diabo conseguem salvar o Fidalgo do
a ausência do namorado que viajou e a abandonou. inferno.
(D) o trovador, na cantiga de amor, coloca-se no lugar da
mulher que sofre com a partida do amado e confessa seus 07 - Nas cantigas de amor,
sentimentos a um confidente (mãe, amiga ou algum a) o trovador expressa um amor à mulher amada,
elemento da natureza). encarando-a como um objeto acessível a seus anseios.
(E) o homem apaixonado, na cantiga de amor, sofre e b) o trovador velada ou abertamente ironiza personagens
coloca-se em posição de servo do “senhor” (não existia a da época.
palavra “senhora”), divinizando a mulher amada, o que c) o “eu-lírico” é feminino, expressando a saudade da
torna quase sempre a sua cantiga um lamento, expressão ausência do amado.
do sofrimento amoroso. d) o poeta pratica a vassalagem amorosa, pois, em postura
platônica, expressa seu amor à mulher amada.
06 - UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO e) existe a expressão de um sentimento feminino, apesar
GROSSO (Unemat) - A leitura do texto de Gil Vicente de serem escritas por homens.
coloca o leitor em contato com o mundo do Humanismo
português. O fragmento abaixo do Auto da barca do 08 - Interpretando historicamente a relação de vassalagem
inferno mostra o diálogo entre o Diabo e o Fidalgo no entre homem amante /mulher amada, ou mulher
porto. amante/homem amado, pode-se afirmar que: (0,5)
a) o Trovadorismo corresponde ao Renascimento.
Fidalgo: Esta barca onde vai ora,
qu’assim está apercebida? b) o Trovadorismo corresponde ao movimento humanista.
Diabo: Vai pêra a Ilha perdida, c) o Trovadorismo corresponde ao Feudalismo.
e há de partir logo essora (...). d) o Trovadorismo e o Medievalismo só poderiam ser
Fidalgo: E passageiros achais provençais.
pera tal habitação? (...). e) tanto o Trovadorismo como Humanismo são
Diabo: Vejo-vos eu em feição expressões da decadência medieval.
pêra ir ao nosso cais.
Fidalgo: Parece-te a ti assi.
Diabo: Em que esperas ter guarida? 09 - Assinale a alternativa INCORRETA a respeito das
Fidalgo: Que deixo na outra vida cantigas de amor.
quem reze sempre por mi. a) O ambiente é rural ou familiar.
Diabo: Quem reze sempre por ti? b) O trovador assume o eu-lírico masculino: é o homem
Hi hi hi hi hi hi hi. quem fala.
E tu viveste a teu prazer, c) Têm origem provençal.
cuidando cá guarecer,
d) Expressam a "coita" amorosa do trovador, por amar
Porque rezam lá por ti?
Embarca, hou, embarcai, uma dama inacessível.
qu’haveis d’ir à derradeira. e) A mulher é um ser superior, normalmente pertencente a
Mandai meter a cadeira, uma categoria social mais elevada que a do trovador.
qu’assi passou vosso pai (...).
VICENTE, Gil. 1996, p. 32. 10 - Sobre o Humanismo, identifique a alternativa falsa:
a) Em sentido amplo, designa a atitude de valorização do
homem, de seus atributos e realizações.
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b) Configura-se na máxima de Protágoras: “O homem é a Brísida Vaz, Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e
medida de todas as coisas”. Quatro Cavaleiros são personagens do Auto da Barca do
c) Rejeita a noção do homem regido por leis sobrenaturais Inferno, de Gil Vicente.
e opõe-se ao misticismo. Analise as informações abaixo e selecione a
d) Designa tanto uma atitude filosófica intemporal quanto alternativa incorreta cujas características não descrevam
um período especifico da evolução da cultura ocidental. adequadamente a personagem.
e) Fundamenta-se na noção bíblica de que o homem é pó
e ao pó retornará, e de que só a transcendência liberta o a) O Onzeneiro idolatra o dinheiro, é agiota e usurário; de
homem de sua insignificância terrena. tudo que juntara, nada leva para a morte, ou melhor, leva
a bolsa vazia.
11 - Sobre a poesia palaciana, assinale a alternativa falsa: b) O Frade representa o clero decadente e é subjugado por
a) É mais espontânea que a poesia trovadoresca, pela suas fraquezas: mulher e esporte; leva a amante e as
superação da influência provençal, pela ausência de armas de esgrima.
normas para a composição poética e pelo retorno á c) O Diabo, capitão da barca do inferno, é quem apressa o
medida velha. embarque dos condenados; é dissimulado e irônico.
b) A poesia, que no trovadorismo era canto, separa-se da d) O Anjo, capitão da barca do céu, é quem elogia a morte
música, passando a ser fala. Destina-se à leitura individual pela fé; é austero e inflexível.
ou à recitação, sem o apoio de instrumentos musicais. e) O Corregedor representa a justiça e luta pela aplicação
c) A diversidade métrica da poesia trovadoresca foi integra e exata das leis; leva papéis e processos.
praticamente reduzida a duas medidas: os versos de 7
sílabas métricas (redondilhas menores). 14 - (FUVEST-SP) Indique a afirmação correta sobre o
d) A utilização sistemática dos versos redondilhas Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:
denominou-se medida velha, por oposição à medida nova,
denominação que recebemos os versos decassílabos, a) É intricada a estruturação de suas cenas, que
trazidos da Itália por Sá de Miranda, em 1527. surpreendem o público com a inesperado de cada
e) A poesia palaciana foi compilada em 1516, por Garcia situação.
de Resende, no Cancioneiro Geral, antologia que reúne b) O moralismo vicentino localiza os vícios, não nas
880 composições, de 286 autores, dos quais 29 escreviam instituições, mas nos indivíduos que as fazem viciosas.
em castelhano. Abrange a produção poética dos reinados c) É complexa a critica aos costumes da época, já que o
de D. Afonso V (1438-1481), de D. João II (1481-1495) e autor primeiro a relativizar a distinção entre Bem e o Mal.
de D. Manuel I – O Venturoso (1495-1521). d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens
populares mais ridicularizadas e as mais severamente
12 - A obra de Fernão Lopes tem um caráter: punidas.
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não
a) Puramente científico, pelo tratamento documental da fazendo referência a qualquer exemplo de valor positivo.
matéria histórica;
b) Essencialmente estético pelo predomínio do elemento 15 – (FUVEST) Aponte a alternativa correta em relação a
ficcional; Gil Vicente:
c) Basicamente histórico, pela fidelidade à documentação
e pela objetividade da linguagem científica; a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
d) Histórico-literário, aproximando-se do moderno b) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.
romance histórico, pela fusão do real com o imaginário. c) Escreveu a novela Amadis de Gaula.
e) Histórico-literário, pela seriedade da pesquisa histórica, d) Só escreveu peças em português.
pelas qualidades do estilo e pelo tratamento literário, que e) Representa o melhor do teatro clássico português.
reveste a narrativa histórica de um tom épico e compõe
cenas de grande realismo plástico, além do domínio da 16 – (FUVEST-SP) Caracteriza o teatro de Gil Vicente:
técnica dramática de composição.
a) A revolta contra o cristianismo.
13 - (FUVEST-SP) Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, b) A obra escrita em prosa.
Fidalgo, Onzeneiro, Parvo, Sapateiro, Frade, Florença,

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c) A elaboração requintada dos quadros e cenários (SEVCENKO, p. 15)
apresentados.
d) A preocupação com o homem e com a religião. I. No texto, a característica marcante do movimento
e) A busca de conceitos universais. humanista-renascentista é:
a) espírito crítico voltado para o estímulo às
17 - (UEL-PR) O renascimento, amplo movimento
mudanças.
artístico, literário e científico, expandiu-se da Península
b) supremacia do mundo espiritual sobre o material.
Itálica por quase toda a Europa, provocando
c) valorização da piedade, da mansidão e da
transformações na sociedade. Sobre o tema, é correto
disciplina.
afirmar:
d) defesa da Igreja e da cultura medievais.
e) reprodução da crença dogmática dos teólogos
a) O racionalismo renascentista reforçou o princípio da
medievais.
autoridade da ciência teológica e da tradição medieval.
b) Houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos
II. A crítica dos humanistas era dirigida à sociedade:
ideais medievais ligados aos dogmas do catolicismo,
sobretudo na concepção teocêntrica do mundo. a) capitalista.
c) Nesse período, reafirmou-se a ideia do homem cidadão, b) feudal.
que terminou por enfraquecer os sentidos de identidade c) comunista.
nacional e cultural, os quais contribuíram para o fim das d) escravista.
monarquias absolutas. e) socialista.
d) O humanismo pregou a determinação das ações
humanas pelo divino e negou que o homem tivesse a 19 - (Fuvest-SP, adaptado) Leia atentamente os textos
capacidade de agir sobre o mundo, transformando-o de abaixo.
acordo com sua vontade e interesse. “Há muitas maravilhas mas nenhuma é tão
e) Os estudiosos do período buscaram apoio na maravilhosa quanto o homem. [...] homem de engenhos e
observação, no modelo experimental e na reflexão artes inesgotáveis [...] soube sozinho aprender a usar a
racional, valorizando a natureza e o ser humano. fala e o pensamento mais veloz que o vento [...] sagaz de
certo modo na inventiva além do que seria de esperar e
18 - (Centec-BA) Leia o texto abaixo para poder na destreza, que o desvia às vezes para a maldade, às
responder às duas questões que em seguida serão vezes para o bem [...].”
apresentadas. SÓFOCLES, Antígona, 497-406 a.C.

“Os teólogos, portanto, tinham toda a preocupação “Este animal previdente, sagaz, complexo,
voltada para as almas e para Deus, ou seja, para o penetrante, dotado de memória, capaz de raciocinar e de
mundo transcendente, o mundo dos fenômenos espirituais refletir, ao qual damos o nome de homem [...] único entre
e imateriais. Os humanistas, por sua vez, voltavam-se todos os vivos e entre todas as naturezas animais, só ele
para o aqui e agora, para o mundo concreto dos seres raciocina e pensa. Ora, o que há [...] de mais divino que
humanos em luta entre si e com a natureza, a fim de a razão, que chegada à maturidade e à sua perfeição é
terem um controle maior sobre o próprio destino. Por justamente chamada de sabedoria?”
outro lado, a pregação do clero tradicional reforçava a CÍCERO, Sobre as lei, 106-46 a.C.
submissão total do homem, em primeiro lugar, à
onipotência divina, em segundo, à orientação do clero e, “Eu não te dei, Adão, nem um lugar
em terceiro, à tutela da nobreza, exaltando no ser predeterminado, nem quaisquer prerrogativas. [...] Tu
humano, sobretudo, os valores de piedade, da mansidão e mesmo fixarás as tuas leis sem estar constrangido por
da disciplina. A postura dos humanistas era nenhum entrave, segundo teu livre-arbítrio, a cujo
completamente diferente, valorizava o que de divino domínio te confiei [...]. Poderás degenerar à maneira das
havia em cada homem, induzindo-o a expandir suas coisas inferiores, que são os brutos, ou poderás, segundo
forças, a criar e a produzir, agindo sobre o mundo para tua vontade, te regenerar à maneira dos superiores, que
transformá-lo de acordo com sua vontade e interesse.” são as divinas.”

Pá gina 8
MIRANDOLA, Pico della, Sobre a dignidade do homem,
1463-1494.
Os textos acima apresentam elementos comuns
sobre a visão que os autores detêm sobre os seres
humanos. Frente a esses, elementos avalie as afirmativas
abaixo.
I – Os três autores entendem o mundo a partir da superior
capacidade de raciocínio que detém o homem, e de suas
potencialidades de atuação sobre os demais animais e
sobre a natureza.
II – O terceiro autor afirma que apesar de capacidade do
livre-arbítrio que detém Adão, este seria incapaz de atuar
autonomamente, sendo sempre dependente da vontade e
do destino imposto por Deus.
III – Os três textos expõem uma visão teocêntrica do
mundo.

a) se todas as alternativas estiverem corretas.


b) se todas as alternativas estiverem incorretas.
c) se apenas as alternativas I e II estiverem corretas.
d) se apenas as alternativas II e III estiverem
incorretas.
e) se apenas a alternativa I estiver incorreta.

GABARITO

Pá gina 9

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