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Olá, bom dia, o poema que nos foi atribuído foi o “Lacrimae Rerum” de Antero de Quental, e

que vou passar a ler: “Noite, irmã da Razão e irmã da Morte,


Quantas vezes tenho eu interrogado
Teu verbo, teu oráculo sagrado,
Confidente e intérprete da Sorte!

Aonde são teus sóis, como corte


De almas inquietas, que conduz o Fado?
E o homem porque vaga desolado
E em vão busca a certeza que o conforte?

Mas, na pompa de imenso funeral,


Muda, a noite, sinistra e triunfal,
Passa volvendo as horas vagarosas...

É tudo, em torno a mim, dúvida e luto;


E, perdido num sonho imenso, escuto
O suspiro das coisas tenebrosas...”

Este poema é um soneto constituído por duas quadras e dois tercetos em versos
decassilábicos. A rima é interpolada e emparelhada nas quadras e nos tercetos, segundo o
esquema rimático: abba / abba / ccd / eed.

O poema é considerado por muitos um dos mais pessimistas de Antero de Quental tendo
como tema a sua angustia existencial, segundo o António Sergio é então um poema dionisíaco,
visto que mostra o desanimo e o pessimismo do sujeito poético, a sua inquietação e a sua
entrega á Noite como refugio. Podemos até dizer que o sujeito poético mostra muitos
sentimentos ao escrever este poema podendo então ser inserido na corrente literária
Romântica.

Começando por analisar o titulo, que trata-se de uma expressão utilizada por Virgilio, na
epopeia Eneida e significa coisas humanizadas vertem lágrimas.

Este soneto inicia-se com uma reflexão do sujeito poético, este debate-se com um profundo
conflito existencial e, ciente da sua tristeza, procura a noite como confidente. Através da
apóstrofe, “Noite”, o sujeito lírico dirige-se diretamente à entidade, personificando-a, para
tentar encontrar respostas ás suas dúvidas. Já na segunda quadra, o sujeito poético,
recorrendo às interrogações retóricas, mostra que o questionamento da realidade e a procura
de conhecimento é a busca de todo o ser humano, e não só uma inquietação dele. E com o uso
da metáfora “Aonde são teus sóis” realça os aspetos positivos que a noite proporciona às
“almas inquietas”, pois consegue confortá-las e dar-lhes consolo

Na terceira estrofe, a conjunção adversativa («Mas») mostra um contraste em relação ao


discurso anterior, já que a noite passa a simbolizar a morte. As questões que coloca à sua
interlocutora inicialmente, mostra a sua preocupação em encontrar uma resposta que lhe dê
algum conforto, no entanto não consegue resposta.
O último terceto conclui então o tema do soneto. O sujeito poético chega à conclusão a vida é
feita de “dúvida e luto” e que o homem não tem capacidade de encontrar respostas a todas as
suas dúvidas. Cada vez mais pessimista o sujeito poético prefere ouvir “o suspiro das coisas
tenebrosas” onde espera encontrar uma solução para a sua angustia existencial.

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