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Artigo - Pablo Sobre LEC PDF
Artigo - Pablo Sobre LEC PDF
Pablo Rogers
Universidade Federal de Uberlândia
Karém Cristina Sousa Ribeiro
Universidade Federal de Uberlândia
Dany Rogers
Universidade Federal de Uberlândia
1. Introdução
aos vários parâmetros que são estimados para tomar decisão, associar os risco nas estratégias
de gestão de estoques. O autor infere sobre dois métodos para direcionar os riscos:
O presente trabalho buscará desenvolver o segundo método citado por Scherr (1989,
p.281), usando para tal, o processo de simulação por meio do Método de Monte Carlo
(MMC). Neste sentido, apresentar-se-á uma aplicação prática do MMC, com o apoio do
software Crystal Ball 2000.5, na gestão financeira de estoques, especificamente no modelo
tradicional do LEC por ser ele o mais utilizado (ASSAF NETO & TIBÚRCIO, 1997, p.144).
Porém, anteriormente serão feitas algumas considerações sobre as abordagens clássicas de
gestão de estoques, atentando por mostrar a essência do LEC como “certainty approach”. Na
seção três mostrar-se-á considerações sobre o fator risco intrínsecos no processo de tomada de
decisão e o MMC como modelo probabilístico de análise. Na seção seguinte será
desenvolvido um exemplo do MMC aplicado ao LEC. Finalmente na seção cinco serão feitas
algumas considerações a nível de conclusão.
2. Gestão de Estoques
De acordo com Assaf Neto (2003, p.522-523), pode-se dividir os estoques em quatro
tipos:
Cada um desses tipos de estoque possuem motivos próprios para que as empresas
invistam na sua manutenção. Scherr (1989, p.281-282) enumera os principais motivos para os
três primeiros tipos de estoques supracitados:
Just-in-Time (JIT): esta filosofia criada no Japão está baseada em dois fundamentos:
eliminação total de estoques e produção puxada pela demanda.
Manufacturing Resources Planning II (MPR II): consiste em um sistema computacional
que objetiva cumprir os prazos de entrega de uma empresa com a formação de estoques
mínimos, valendo para isso, dos conceitos de demanda dependente do mercado e
independente do mercado (dependentes de outros produtos).
Optimized Production Technology (OPT): é uma abordagem de gestão baseada no
conceito de gargalo. Segundo este modelo, a empresa deve dar atenção aos recursos
gargalos. Se, por acaso, “existir determinado produto que a empresa tem dificuldade de
conseguir, atenção maior deve ser dada a este estoque, pois ele será gargalo para a
empresa” (ASSAF NETO & TIBÚRCIO, 1997, p.171).
Segundo Sanvicente (1997, p.134-137), os custos relacionados aos estoques podem ser
enquadrados em duas categorias:
PR = p x d
Recebimento Instantâneo dos Pedidos: os tempos para recebimento dos pedidos são
nulos, “uma vez efetuado um pedido de compra ou emitido uma ordem de fabricação,
são instantâneos” (SANVICENTE, 1997, p.137).
Não Existe Desconto: a existência de desconto por volume pedido pode ser um incentivo
para pedir mais do produto ao fornecedor, e por certo, afetará a decisão do custo unitário
por pedido.
Existem Apenas Dois Tipos de Custos: o modelo considera apenas os custos de
estocagem e o custo do pedido.
Não Racionamento de Recursos: o modelo prevê que não existem limitações de recursos
para a aplicação em estoques (ASSAF NETO, 2003, p.547).
Os Preços São Constantes: os preços dos produtos e mercadorias são constantes, assim
como os custos unitários de manutenção. Em ambientes inflacionários a flexibilidade
desta hipótese deve ser alterada, por melhor representar a realidade.
Cada Estoque é Analisado Independentemente: o LEC considera a gestão de estoques
separadamente para cada produto ou mercadoria. A administração de um item não afeta a
administração de outros (ASSAF NETO & TIBÚRCIO, 1997, p.146).
Demanda Constante: a empresa pode determinar a procura pelo produto e sabe-se que é
constante por unidade de tempo (ASSAF NETO & TIBÚRCIO, 1997, p.145). Neste
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sentido, o modelo não considera o risco inerente à previsibilidade de variáveis que por
natureza são aleatórias.
Não Existe Risco: o risco neste modelo é modelado separadamente na determinação do
estoque de segurança (SCHERR, 1989, p.290).
O LEC procura a melhor estratégia para determinar a quantidade que deve ser mantida
em estoque e de quanto em quanto tempo deverá ser feito o novo pedido. O LEC busca
encontrar a quantidade ótima de cada pedido, de modo que os custos totais (custo do pedido +
custo de estocagem) sejam minimizados.
CeT = Ce × Em
Em = Q / 2
N=D/Q
Assim, o custo total da política de estoques é dado pela soma do custo de manter e do
custo de pedir:
CT = Cp (D/Q) + Ce (Q/2)
Para obter o ponto de custo mínimo deriva-se na equação acima, o custo total (CT) em
relação à quantidade de cada pedido (Q):
dCT Ce Cp × D
= −
dQ 2 Q2
Cp × D Ce Cp × D × 2 Cp × D × 2
2
= ⇒ Q2 = ⇒ Q2 = ; que pode ser representado:
Q 2 Ce Ce
2 × D × Cp
LEC =
Ce
Para melhor entendimento do LEC, considere uma empresa que tenha vendas de 1.000
unidades ao mês de determinado produto. O custo de estocagem por produto é de $1 e o custo
de cada pedido é de $20. O lote que minimiza os custos a cada compra é dado por:
2 ×1.000 × 20
LEC = = 200 unidades
1
Cada pedido a ser feito ao fornecedor é de 200 unidades. Com isto o estoque médio do
produto será de 100 unidades (Em = 200/2 = 100), o número de pedidos ao longo do mês será
de 5 (N = 1.000/200 = 5) e o tempo entre cada pedido é de 6 dias (30 dias/5 pedidos = 6).
6 12 18
(dias)
CpT = Cp × N = 20 × 5 = $100
CeT = Ce × ( LEC / 2) = 1× (200 / 2) = $100
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No modelo do LEC também podem ser incluídos outros custos além dos de estocagens
e dos de pedir, como: os custos de interrupção do processo produtivo e o custo da falta
planejada (insatisfação do cliente, perda de venda, perda de goodwill) (ASSAF NETO &
TIBÚRCIO, 1997; SCHERR, 1989). A inclusão do custo da falta planejada vai também ao
sentido de considerar as limitações financeiras para aplicações em estoques.
Para superar a suposição de preços constantes, o LEC deve ser reformulado para
contemplar o aumento de preços da economia, que torna-se uma situação típica em economias
inflacionárias. Neste sentido, na eminência de um aumento no preço de um produto qualquer,
Assaf Neto & Tibúrcio (1997, p.159) propõem que a fórmula do LEC tradicional deve ser
adaptada para a seguinte:
Pelo fato da importância dos riscos de previsão da demanda estarem relacionados com
a eventual falta de estoques, com a conseqüente perda de vendas, usa-se formar um estoque de
segurança (ES) para fazer face a imprevistos na demanda (ASSAF NETO & TIBÚRCIO,
1997, p.160). A exposição ao risco aumenta à medida que o ES reduz.
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O nível de atendimento desejado pela empresa pode ser controlado conforme política
adotada pela mesma. Se acaso, a empresa propor rigidez na probabilidade de existir o estoque
quando este for demandado, ela deverá aumentar o seu nível de serviço, que
conseqüentemente aumentará seu ES. Se a empresa desejar um nível de serviço menor ela
reduzirá seu ES.
Lead Time (LT) é o período que vai do início ao fim do processo de produção ou
comercialização. LT maior exige estoque maior para atender a demanda. Se a demanda total
varia, o nível de recomposição de estoque depende da habilidade das instalações produtivas
reagirem às flutuações de demanda. Para conseguir baixos estoques, o processo produtivo
deve ser ágil e flexível. Se a produção reage à mudanças de forma lenta, os estoques
precisarão ser maiores.
Scherr (1989), discute três “uncertainty methods” formulados para incorporar o risco
na gestão de estoques, levando em consideração os problemas estáticos de estoques:
Muitas situações cotidianas podem ser usadas como experimentos que dão resultados
correspondentes a algum valor, podendo ser esperado um valor único e um termo aleatório.
Uma variável aleatória é uma variável que tem um valor numérico único, determinado
aleatoriamente para cada resultado de uma situação (TRIOLA, 1999, p.93). Nestes termos, os
processos que envolvem risco são quaisquer processos que variam à medida que o tempo
passa de uma maneira que é pelo menos em parte aleatória, sendo, portanto, possível ser
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Uma variável aleatória é composta por dois termos como na definição seguinte:
X (t ) = E[ X (t )] + e(t )
Pelo fato de grande parte das decisões administrativas estarem voltadas para o futuro,
especificamente na gestão de estoques que requer estimativas das demandas futuras, é
imprescindível que se considere as variáveis que afetam o processo de análise como variando
aleatoriamente, já que o exercício de previsão está composto pelo risco do resultado não se
efetivar.
Para que o processo de simulação esteja presente em uma análise basta verificar se
alguma variável do problema assume a condição de aleatoriedade. No caso especifico da
gestão de estoques em situações de risco, a ferramenta da simulação torna-se uma técnica
formal e eficiente que auxilia fundamentar as decisões.
Definir o problema
Construir o modelo
Tomar as decisões
Demanda: a empresa a partir da análise histórica de seus dados constatou que a demanda
possui uma média de 1.000 unidades com um desvio-padrão de 100 unidades. Constatou
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ainda, que o valor da demanda nunca foi inferior a 500 unidades e superior a 1.500
unidades.
Inflação: a partir da fórmula adaptada para a incorporar os aumentos esperados no
modelo, considera-se que a inflação assuma uma distribuição uniforme com valores entre
1% e 1,5%.
Desconto: cada unidade da mercadoria custa $1,00, a empresa recebe um desconto de
2,5% se o pedido for superior a 200 unidades e de 5% se o pedido for superior a 250
unidades. Ou seja, a consideração do desconto gera uma economia (ED =
Desconto× Demanda) que deve ser subtraída do custo total (CT).
250
200
Frequencia
150
100
50
0
185 197 210 222 234
Unidades
ES = z δ
Onde: z = escore z relacionado ao nível de serviço desejado; e δ =
desvio-padrão da demanda diária.
Considerando os dois extremos, a qual a demanda poderia ser mínima ou poderia ser
máxima, os LECs respectivos conforme os percentil 0% e 100% na Tabela 2, seria de 165,78
unidades e 257,85 unidades respectivamente. A proposta do presente trabalho situa-se em
considerar um ES de justamente a diferença entre as condições de demanda máxima e mínima
provável no LEC se a empresa não quiser correr risco algum dado apenas as variáveis do
modelo, neste caso ES = 257,85 − 165,78 = 92,07. O custo de estocagem por este método
seria de $92,07, uma economia de $75,93 em relação ao método considerando apenas o nível
de serviço. Para justificar um ES de aproximadamente 92 unidades, considere o Gráfico 3.
Gráfico 3 – ES Máximo no Processo de Simulação Exemplificado
Nível Estoque PR=173
(unidades)
Emáx = 258
LEC=166 LEC=166
LEC=258 Chegada do
Produto
ES = 92
como sendo 173 unidades [ 80,89 (PR sem o ES) + 92 (ES)] e o tempo T1, T2 e T3, passa a ser
considerado como o tempo de chegada do LEC comprado a 4 dias atrás.
Variável Objetivo : CT
LECa
Custo Custo
Total Total
Quantidades Quantidades
LEC LEC
5. Considerações Finais
6. Referências Bibliográficas
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. São Paulo: Atlas, 2003.
ASSAF NETO, Alexandre & TIBÚRCIO, César Augusto. Administração do Capital de Giro. 2º Ed, São Paulo:
Editora Atlas, 1997.
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1995.
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HANSEN, Don R. & MOWEN, Maryanne M. Gestão de Custos: Contabilidade e Controle. Tradução 3º Ed.
norte-americana, São Paulo: Editora Pioneira Thomson Learning Ltda, 2001.
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GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7º Ed, São Paulo: Editora Harbra, 2002.
MAGEE, J. F. Guides to Inventory Policy: Problems of Uncertainty. In: Readings on the Management of
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SANVICENTE, Antônio Zoratto. Administração Financeira. 3º Ed, São Paulo: Editora Atlas, 1997.
SCHERR, Frederick C. Modern Working Capital Management. Prentice-Hall, 1989.
TRIOLA, Mário F. Introdução à Estatística. 7º Ed, Rio de Janeiro: Editora LTC, 1999.
WESTON, J. F. & BRIGHAM, E. F. Fundamentos da Administração Financeira. 10º Ed, São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2000.