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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Influência da Aculturação em Moçambique

Maria Perdavida dos Micajo - 708217009

Curso: Licenciatura em Administração Publica


Disciplina: História das Sociedades I
Ano de frequência: 1° Ano
Turma: B

Docente: dra Cremilde Raquel Plácido Manuel Albino

Beira, Novembro, 2021


Critérios de avaliação (disciplinas teóricas)

Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
✓ Índice 0.5
✓ Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura
organizacionais ✓ Discussão 0.5
✓ Conclusão 0.5
✓ Bibliografia 0.5
✓ Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
✓ Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
✓ Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do trabalho
✓ Articulação e
domínio do
discurso
académico 3.0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência
/ coesão textual)
Análise e
✓ Revisão
discussão
bibliográfica
nacional e
2.0
internacional
relevante na área
de estudo
✓ Exploração dos
2.5
dados
✓ Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
✓ Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA ✓ Rigor e coerência
Referências 6ª edição em das
2.0
Bibliográficas citações e citações/referência
bibliografia s bibliográficas
Folha de Feedback dos tutores:

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Índice

1. Introdução ............................................................................................................................... 3

2. Conceitos básicos ................................................................................................................... 4

2.1. A aculturação ....................................................................................................................... 4

2.2. Cultura e Aculturação .......................................................................................................... 6

2.2.1. A influência da Aculturação nas culturas tradicionais ..................................................... 7

Conclusão ................................................................................................................................... 9

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 10


1. Introdução
O presente trabalho surge no da cadeira de Historias das Sociedade I foi incumbida a tarefa de
realizar um trabalho de carácter individual sobre a Influencia da aculturação em Moçambique.
Partindo da análise geral dos conceitos de aculturação, da influência do mesmo em
Moçambique, e especificamente de alguns elementos da cultura e suas mutações ao longo do
tempo, este trabalho aborda o fenómeno a aculturação sua manifestação no contexto
Moçambicano.

Com esta análise percebe-se que o fenómeno aculturação, é um dos principais elementos que
participa directamente na perca dos elementos físicos e espirituais de uma cultura em
determento dos que se julgam ser modernos e de concensos internacionais. Nota-se também
que em alguns casos a influência da globalização nas culturas locais tradicionais regista-se
com mais intensidade nos países pobre e/ou em via de desenvolvimento dada suas
vulnerabilidades que se traduz em dependência com influências económicas, políticas e
culturais.

Elaborado a partir de fontes bibliográficas e documentais, tais como livros, manuais, artigos
científicos publicados e disponíveis na Internet, sobre o assunto em questão, onde faz-se
referência dos conceitos e aspectos pertinentes que corporizarão o trabalho. E a fonte de
obtenção encontra-se devidamente citadas e apresentadas nas referências bibliografias.

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2. Conceitos básicos

2.1. A aculturação
Segundo Martinez (2007) a aculturação é um processo que conduz um indivíduo a assumir,
em tudo ou em parte, modos de cultura de um outro grupo (p.79).

Desta definição deve se pressupor o contacto entre duas culturas, resultando influências e
transformações mútuas. Portanto, este processo constitui um dos factores da dinâmica
cultural, pois do contacto entre duas culturas, haverá elementos duma cultura que se irão
integrar na outra através de processo de mistura e fusão, surgindo como resultado uma nova
síntese cultural e um novo padrão cultural do comportamento.

Os povos que os portugueses encontraram no território hoje designado por Moçambique


tinham as suas culturas típicas que os distinguiam de outros povos do mundo. Tinham os seus
modos de vida, uma visão concreta do mundo e manifestações religiosas ou crenças. Portanto,
quando os portugueses chegaram a esta região encontraram povos a que usurparam as suas
terras, trazendo a opressão e fazendo do território sua colónia (Vilanculo, s/d, p.98).

Ainda segundo mesmo autor antes da chegada dos portugueses, sabe-se que teriam passado
por cá árabes, persas, hindus, chineses e outros povos que nos permitem dizer que houve
desde cedo uma fusão ou mescla de povos de culturas. Cada cultura desloca-se e entra em
contacto com outras formas de cultura através de relações individuais dos seus membros ou
por vias colectivas como é o caso, por exemplo, das migrações de povos. Essas mesclas
resultantes dos contactos entre povos, as transformações e os efeitos daí decorrentes
denominam-se transculturação.

Os contactos entre as culturas existem e resultam objectivamente das alterações sucessivas


das estruturas da sociedade. No caso vertente da cultura moçambicana, a presença de
comerciantes vindos de outras latitudes, as acções de missionários e de agentes do
colonialismo constituem os factores impulsores do processo de aculturação, ou mesmo de
transculturação do país. Assim, na sua condição de homens de negócio e de comércio, os
árabes vieram para estas terras e se tornaram grandes propagadores do islamismo, sendo esta
religião, das que mais seguidores têm no nosso país (Vilanculo, s/d, p.99).

Consequentemente, o povo moçambicano e a sua cultua compartilham essa fusão de origens


entre os povos bantu e os das origens asiáticas e europeias; o que faz com que seja incorrecta
4
a ideia de que os negros são os donos absolutos desta terra, pois a história dá-nos conta da
congregação de outras raças que se mesclaram com os negros para conceber uma
moçambicanidade heterogénea que incorpora vários padrões de origens. Idem

Os factos ora retrocitados concorreram para a aculturação do povo moçambicano. Todavia,


relativamente ao colonialismo português, a aculturação teve alguns efeitos perversos sobre as
populações e as culturas locais.

A escravatura, por exemplo, foi um dos mais cruéis e sinuosos actos que a humanidade já
conheceu. Ela destruiu as estruturas culturais existentes nas aldeiais dos africanos,
desumanizou o homem africano, obrigando-o a fugir das suas zonas para outras, deportando-
o e bestializando-o (Vilanculo, s/d, p.99).

Portanto a aculturação é um caminho que pressupõe um sistema cultural para outro, e que
pode acontecer pelos factores externos. No entanto, essa transformação cultural pode provocar
desconfortos ou até mesmo uma crise de identidade nos indígenas, isto ocorre segundo.

Percebemos que os processos de aculturação podem causar condições favoráveis ou


desfavoráveis para os sujeitos que estão no processo de mudança de cultura.

O processo de aculturação, que atingiu de várias maneiras a mudança cultural e a


assimilação dessas culturas, podem ser reconhecidos e vistos na maneira como o indígena se
veste, como constroem suas casas, o abandono da língua nativa e outros. E por outro lado,
observamos que essa aculturação, tem feito com que a sociedade actual adoptasse algumas
palavras indígenas ou até mesmo conhecimentos populares sobre medicina oriunda da
cultura indígena.

Notamos, portanto, que as influências da aculturação culminadas em uma assimilação,


conduziram em muitas situações, a perda a identidade ética, e o fato dos moçambicanos
passarem a vivenciar em suas práticas sociais, costumes de outra cultura, levou os brancos a
questionarem que estes não seriam mais índios.

No entanto, antes da chegada dos portugueses, sabe-se que teriam passado por cá árabes,
persas, hindus, chineses e outros povos que nos permitem dizer que houve desde cedo uma
fusão ou mescla de povos de culturas. Ora, cada cultura desloca-se e entra em contacto com

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outras formas de cultura através de relações individuais dos seus membros ou por vias
colectivas como é o caso, por exemplo, das migrações de povos.

Os contactos entre as culturas existem e resultam objectivamente das alterações sucessivas


das estruturas da sociedade. No caso vertente da cultura moçambicana, a presença de
comerciantes vindos de outras latitudes, as acções de missionários e de agentes do
colonialismo constituem os factores impulsores do processo de aculturação, ou mesmo de
transculturação do país. Assim, na sua condição de homens de negócio e de comércio, os
árabes vieram para estas terras e se tornaram grandes propagadores do islamismo, sendo esta
religião, das que mais seguidores têm no nosso país. Idem

Portanto, a actividade missionária não escapa, porquanto não constitui apenas na expansão do
cristianismo, como também actuou sobre as culturas locais, procurando inculcar novos valores
e costumes sobre as instituições africanas, moldando a mentalidade e a consciência do
africano.

Os factos ora retrocitados concorreram para a aculturação do povo moçambicano. Todavia,


relativamente ao colonialismo português, a aculturação teve alguns efeitos perversos sobre as
populações e as culturas locais. Por exemplo, a escravatura foi um dos mais cruéis e sinuosos
actos que a humanidade já conheceu. Ela destruiu as estruturas culturais existentes nas aldeias
dos africanos, desumanizou o homem africano, obrigando-o a fugir das suas zonas para
outras, deportando-o e bestializando-o.

2.2. Cultura e Aculturação


Sabe-se, no entanto que, desde que o ser humano iniciou o registro da sua história, ou seja,
desde que se tornou um ser civilizado, observou-se, no tempo e no espaço, a distinção entre
tipos de sociedades, como são os casos de sociedades extrativistas, caçadoras, agrícolas,
guerreiras, comerciantes, conquistadoras, colonizadoras, etc. Esses estágios históricos, que
também representam formas de sociedades conviventes, configuraram diferentes categorias
culturais, de acordo com a conformação específica de cada uma delas (Lóssio & Pereira,
2007).

Para Damatta (1986), o termo cultura deriva do latim cultura, que significa acto de plantar e
desenvolver plantas, actividades agrícolas. Associa-se também ao verbo latino colere (cuidar
de plantas) cultivar. A palavra estava originariamente relacionada ao cultivo da terra.

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Acredita o mesmo autor que provavelmente, a relação anímica com a natureza como
parâmetro para a compreensão do mundo, fez com que o termo agrícola passasse a traduzir,
também, os padrões de comportamento sobre as normas, regras e conteúdos sociais e de
relacionamento dos homens (p. 123).

Portanto, a cultura é o único bem intelectual que pode ser considerado individual e coletivo
ao mesmo tempo. Cada povo tem sua manifestação cultural através das suas crenças e seus
costumes, tornando-a um bem individual. O povo Moçambicano a semelhança de qualquer
grupo social manifesta seus costumes, anseios e pensamento de uma maneira típica. Usa uma
forma própria para demonstrar o que pensa e, talvez, isso seja com o pensamento de guardar
para a posteridade as filosofias individuais que permeiam seus povos eternamente.

Nestes termos, o que identifica um povo é a sua forma de se comportar com o que existe ao
seu redor e com as suas crenças, ou seja, a sua cultura. Nisto, tomando em consideração que
as danças fazem parte do enorme leque de elementos físicos de uma cultura, a dança
Xiquema, constitui um elemento físico da cultura Moçambicana.

O fenómeno aculturação é um dos principais elementos que participa directamente na perca


dos elementos físicos e espirituais de uma cultura em detrimento dos que se julgam ser
modernos e de consensos internacionais. Por esta via, os usos e costumes dos povos
indígenas, especialmente dos países pobres se substituem comos dos povos dos países
desenvolvidos.

2.2.1. A influência da Aculturação nas culturas tradicionais


Pela influência do que se transmite pelo o modo de vida dos povos dos países desenvolvidos,
se substituem os hábitos culturais das culturas dos povos dos países pobres marcando assim,
uma forte influência da globalização nas culturas tradicionais. As crenças nos antepassados,
as danças que representam os momentos de diversão e também da manifestação da ligação
com os espíritos, os nomes dos filhos que lhes são dados em função dos elementos da família
já falecidos, os mais novos os desvalorizam na convicção de que são crenças dos
culturalmente “atrasados”.

Influência da aculturação na dança Xiquema por exemplo. A dança Xiquema é uma das
danças praticadas nos Distritos de Machanga em Sofala e de Govuro, em Inhambane. Ela é
praticada principalmente por jovens de ambos os sexos e é principalmente nos finais de
semana, representando assim momento de diversão e lazer. Normalmente, durante a semana
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a dança é praticada como ensaio tendo em conta que ela é praticada em grupos distintos
reservando assim, o fim de semana como momentos de concorrência entre os grupos para se
apurar os melhores grupos. Os grupos são formados entre bairros, localidades, postos
administrativos ou mesmo distritos estimulando assim, o espírito competitivo o que aumenta
a produtividade em benefício da família e da comunidade. Nos dias que correm, com a
influência dos médias e a diversificação das opção para a diversão, a dança Xiquema tende a
sofrer grande influência da aculturação diminuindo consideravelmente os praticantes destas
danças. Associa-se também a esta diminuição, o aumento do grau de instrução dos jovens
que infelizmente pela influência da aculturação há perceção infeliz de que quanto mais se
estuda mais se deve distanciar das práticas costumeiras tradicionais.

Para os Ndaus de Machanga, principalmente os da vila sede do distrito, actualmente os


momentos de diversão através da dança Xiquema, os jovens preferem substituí-los assistindo
os programas televisivos ou se juntando aos amigos para o consumo de álcool, ou seja, os
momentos que se viam como sendo de diversão estão sendo substituídos com os de consumo
de álcool danificando assim a saúde dos jovens e comprometendo a sua futura. Apesar da
dança ser praticada pelos jovens, as competições aos domingos à tarde, movimentavam toda
a comunidade circunvizinha de onde decorria a competição em grupos de apoiantes a cada
um dos grupos e diga-se, que era um momento de muita alegria, esquecendo assim as
mágoas da amargura da pobreza absoluta. Hoje quase que já não se fala de Xiquema, e
lembram-se com muitas saudades os grupos culturais de Gonjone, Mapangara, Chigogoro
em Machanga e Djenga em Mambone que na altura eram grupos de destaque da dança
xiquema.

Esta dança, também de forma indirecta, contribuía para a convivência social e a inclusão do
género tendo em conta que apesar de haver canções e ritmos exclusivos para homens ou para
mulheres, havia homens que dançavam ritmos de mulheres e mulheres que dançavam ritmos
e canções para homens. Por esta convivência, o xiquema contribuía também para os
casamentos sustentáveis tendo em conta que, quando um rapaz namorava a uma menina que
também praticada a dança, ambos tinham muito tempo de convivência e por esta via se
conheciam mutuamente o suficiente para uma decisão certa de casamento ou não. E diga-se
que existem até hoje muitos casamentos que surgiram com a influência da dança Xiquema.
A influência da cultura ocidental veio substituir a dança Xiquema com as práticas culturais
do ocidente.

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Conclusão
Aculturação ou transculturação é um outro processo do dinamismo cultura. Através deste
processo constitui um dos factores da dinâmica cultural, pois do contacto entre duas culturas,
haverá elementos duma cultura que se irão integrar na outra através de processo de mistura e
fusão, surgindo como resultado uma nova síntese cultural e um novo padrão cultural do
comportamento.

No entanto, partindo da análise geral dos conceitos de cultura e aculturação, da influência da


aculturação nas culturas tradicionais, chega-se a seguintes conclusões: O fenómeno
aculturação é um dos principais elementos que participa directamente na perca dos
elementos físicos e espirituais de uma cultura em determento dos que se julgam ser
modernos e de consensos internacionais; a influência da aculturação nas culturas locais
tradicionais nota-se com mais intensidade nos países em via de desenvolvimento dada sua
vulnerabilidade económica que se traduz em dependência com influências económicas,
políticas e culturais; a dança Xiquema praticada pelos falantes do Ndau nos Distritos de
Machanga e Govuro está em via de extinção pela forte influência do fenómeno
manifestando-se pela substituição das práticas de lazer e diversão locais pelas ocidentais.

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Referências bibliográficas
1. Martinez, Francisco Lerma. (2007). Antropologia Cultural: guia para estudo.Paulinas
Editorial, 5ª edição, Maputo.
2. Vilanculo, G. Z. (s/d). Manual de Antropologia Cultural de Moçambique.
Universidade Pedagógica Moçambique. Recuperado a 25 de Novembro de 2021 em:
https://pdfcoffee.com/modulo-de-antropologia-cultural-pdf-free.html
3. Lóssio, R. A. R. & Pereira, C. de M. (2007): A importância da valorização da cultura
popular para o desenvolvimento local. Trabalho apresentado no III ENECULT –
Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, realizado entre os dias 23 a 25 de
Maio, na Faculdade de Comunicação/UFBa, Salvador-Bahia-Brasil.

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