Caro leitor, o tempo do advento é oportuno para provocar em
nós o desejo da conversão. Iremos refletirmos sobre os dois inimigos sutis da santidade apresentada pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, sobre a santidade nos tempos atuais: o gnosticismo e o pelagianismo. São duas heresias ou falsificações da santidade que remontam os primórdios do cristianismo, mas que estão presentes nos dias de hoje. Como entender de maneira simples essas duas heresias atuais? O gnosticismo afirma que o que determina a santidade de uma pessoa é a quantidade de conhecimento que ela possui sobre a fé, mas se esquecem de que é a caridade o fato determinante da santidade. Os gnósticos de nossos dias propagam uma fé fechada, onde apenas interessa determinada experiência ou uma série de raciocínios. Reduzem Jesus Cristo a uma lógica fria e dura. Consideram que a sua própria visão da realidade seja a perfeição. Essa ideologia torna-se enganadora quando se disfarça de espiritualidade desencarnada. No fundo os “grandes defensores da tradição e da doutrina” que encontramos nos meios de comunicação querem domesticar o mistério. Esses sonham com uma doutrina monolítica que no fundo gera uma grande dispersão. Pensam que a Tradição da Igreja está limitada a um determinado período da história, mas se esquecem que a Tradição é viva. Se o gnosticismo supervaloriza a inteligência a tal ponto de negar o principio da encarnação; o pelagianismo atribui valor excessivo à vontade, ou ao esforço pessoal. No caso destes “pelagianos digitais” só confiam nas suas próprias fantasias e sente- se superior aos outros por cumprir determinadas normas ou por ser irredutivelmente fiel a certo estilo católico, poderíamos lembrar aqui do “dragão do conservadorismo”. As suas atitudes de manifestam da seguinte forma: a obsessão pela lei, fascínio de exibir conquistas sociais e politicas, a ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina e no prestigio da Igreja. Confundem a Tradição da Igreja com uma peça de museu. Esses novos pelagianos pensam que tudo depende do esforço humano canalizado através de normas e estruturas eclesiais complicando o Evangelho. O papa nos deixa um alerta: cuidado para não transformar a nossa religião numa escravidão. Portanto, nesse tempo em que a igreja e o papa sofrem ataques. Peçamos o dom da prudência, discernimento e da conversão a todos e, de modo especial, aqueles que se sentem mais romanos que o papa e mais carismáticos que o Espírito Santo e que no fundo negam o principio da Tradição que tanto defendem e da encarnação do Verbo ao dizer que a Igreja não deve falar de aspectos sociais, ambientais e econômicos. Se esqueceram, coitados, de que a fé sem obras é uma fé morta.