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ADVENTO DE UMA FÉ DESENCARNADA?

Pe. Fernando Lorenz

Caro leitor, o tempo do advento é oportuno para provocar em


nós o desejo da conversão. Iremos refletirmos sobre os dois
inimigos sutis da santidade apresentada pelo Papa Francisco na
Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, sobre a santidade nos
tempos atuais: o gnosticismo e o pelagianismo. São duas heresias
ou falsificações da santidade que remontam os primórdios do
cristianismo, mas que estão presentes nos dias de hoje.
Como entender de maneira simples essas duas heresias
atuais? O gnosticismo afirma que o que determina a santidade de
uma pessoa é a quantidade de conhecimento que ela possui sobre
a fé, mas se esquecem de que é a caridade o fato determinante da
santidade. Os gnósticos de nossos dias propagam uma fé fechada,
onde apenas interessa determinada experiência ou uma série de
raciocínios. Reduzem Jesus Cristo a uma lógica fria e dura.
Consideram que a sua própria visão da realidade seja a perfeição.
Essa ideologia torna-se enganadora quando se disfarça de
espiritualidade desencarnada. No fundo os “grandes defensores da
tradição e da doutrina” que encontramos nos meios de
comunicação querem domesticar o mistério. Esses sonham com
uma doutrina monolítica que no fundo gera uma grande dispersão.
Pensam que a Tradição da Igreja está limitada a um determinado
período da história, mas se esquecem que a Tradição é viva.
Se o gnosticismo supervaloriza a inteligência a tal ponto de
negar o principio da encarnação; o pelagianismo atribui valor
excessivo à vontade, ou ao esforço pessoal. No caso destes
“pelagianos digitais” só confiam nas suas próprias fantasias e sente-
se superior aos outros por cumprir determinadas normas ou por ser
irredutivelmente fiel a certo estilo católico, poderíamos lembrar aqui
do “dragão do conservadorismo”. As suas atitudes de manifestam
da seguinte forma: a obsessão pela lei, fascínio de exibir conquistas
sociais e politicas, a ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina e
no prestigio da Igreja. Confundem a Tradição da Igreja com uma
peça de museu. Esses novos pelagianos pensam que tudo depende
do esforço humano canalizado através de normas e estruturas
eclesiais complicando o Evangelho. O papa nos deixa um alerta:
cuidado para não transformar a nossa religião numa escravidão.
Portanto, nesse tempo em que a igreja e o papa sofrem
ataques. Peçamos o dom da prudência, discernimento e da
conversão a todos e, de modo especial, aqueles que se sentem
mais romanos que o papa e mais carismáticos que o Espírito Santo
e que no fundo negam o principio da Tradição que tanto defendem
e da encarnação do Verbo ao dizer que a Igreja não deve falar de
aspectos sociais, ambientais e econômicos. Se esqueceram,
coitados, de que a fé sem obras é uma fé morta.

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