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Contenido
1. Introdução
2. Balanceamento de linhas de montagem
3. Linhas de montagem multimodelo e a produtividade industrial
4. Metodologia
5. Desenvolvimento
6. Análise e discussão dos resultados
7. Conclusão
8. Referências
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RESUMO: ABSTRACT:
Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa que teve por This article presents results of a research aimed at evaluating
objetivo principal avaliar o impacto no desempenho de um the performance impact of a production system in the shoe
sistema produtivo da indústria calçadista, ao se aplicar as industry, by applying the techniques of line balancing. Among
técnicas do balanceamento de linhas. Dentre outras etapas, o other steps, the development of research included mapping the
desenvolvimento da pesquisa contemplou mapear as tarefas tasks of assembly lines, determine the precedence relationships
das linhas de montagens, determinar as relações de between activities, set cycle times, theoretical minimum
precedências entre as atividades, definir tempos de ciclo, number of workstations and the efficiency ratio of each of the
número mínimo teórico de estações de trabalho e o índice de assembly lines. The study allowed to relocate and reduce the
eficiência de cada uma das linhas de montagens. O estudo labor force of the line to reduce production costs, starting from
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permitiu reduzir e realocar a força de trabalho da linha, de the reassignment of 18 persons of the assembly process. The
forma a reduzir os custos produtivos, a partir do remanejo de main results of the research allowed to point out that the
18 pessoas do processo de montagem. Os principais resultados technique of assembly line balancing significantly improves
da pesquisa permitiram apontar que a técnica de the operational performance in assembly lines in the footwear
balanceamento de linha de montagem melhora industry.
significativamente o desempenho operacional em linhas de Keywords: balancing lines, footwear industry, operating
montagem na indústria calçadista. performance.
Palavras-chave: balanceamento de linhas, indústria calçadista,
desempenho operacional.
1. Introdução
Atualmente, para as empresas serem competitivas, Fabrício, Cabral e Subramanian (2007), afirmam
que essas devem procurar gerenciar seus sistemas de produção de forma a reduzir custos, aumentar
a produtividade, e principalmente, ter flexibilidade no atendimento ao cliente. A busca pela redução
de custos é um objetivo comum e sempre presente em todo e qualquer tipo de organização. A área
de custos merece grande atenção, pois através dela pode-se reduzir o preço de venda, um fator
decisório para o consumidor. Não há dúvida de que a empresa que conseguir uma estratégia de
redução de custos terá vantagem competitiva (FESTUGATTO et al., 2006).
Diante da forte concorrência dos produtos asiáticos, as empresas brasileiras precisam se posicionar
de forma rápida para não perder mercado, se capacitar, modernizar seus processos produtivos,
oferecer produtos de boa qualidade, com preços baixos e com curtos prazos de entrega (CUNHA;
SEVERIANO FILHO; WANDERLEY, 2002). No entanto, Fernandes, Godinho e Lima (2009),
afirmam que diante de um mercado globalizado, com mudanças rápidas de tecnologia, e
comunicação veloz, a indústria calçadista brasileira teve um declínio no que diz respeito à
competitividade. Nesse sentido, Farnes e Pereira (2006) acreditam que para um bom
posicionamento no mercado global, é necessário saber dimensionar a capacidade de produção de
sua empresa e isso pode ser feito através do balanceamento das linhas de montagem. Adotar essa
prática pode-se obter algumas vantagens competitivas tais como: redução da ociosidade nos postos
de trabalho, redução de desperdícios que contribuirão também com a redução do lead time
eadequação dos tempos de realização das tarefas ao takt time proporcionando o equilíbrio na
divisão das tarefas (OLIVEIRA; SILVA; HELLENO, 2011).
próximo produto (SILVA; ALMEIDA; CONCEIÇÃO, 2008). Conforme Gomes et al. (2008), a
ideia de oferecer a cada operador de posto de trabalho uma carga operacional equilibrada, já com as
tolerâncias embutidas não está incorreta. Contudo, essa forma acaba por agregar desperdícios que
poderiam estar sendo eliminados previamente.
Para Boiko, Toigo e Varolo (2011) e Gomes et al.(2008), o balanceamento procura deixar uniforme
o ritmo de produção entre as várias operações realizadas ao longo de uma linha de produção, bem
como elimina esperas e gargalos, também proporciona rodízios de funções que ajudam a evitar
lesões no trabalho devido a esforços repetitivos, que por sua vez trazem como consequência o alto
índice de absenteísmo.
Segundo Rocha e Oliveira (2007), balancear todos os postos de trabalho de uma determinada linha
de produção não é uma tarefa fácil, ainda mais quando esse processo trabalha para atender uma
variada demanda e diferentes tipos de produtos. O problema de balanceamento de linha surge no
instante do projeto das linhas de montagem/produção enquanto o problema de rebalanceamento da
linha aparece ao longo de vários momentos da vida útil da linha (FERNANDES; DALALIO,
2000). Em seus estudos sobre balanceamento Festugatto et al. (2006) conseguiram uma redução de
26% para 11% no índice de ociosidade e também reduziram seis funcionários ao longo do processo,
utilizando a metodologia de balanceamento de linhas. Gomes et al. (2008), concluíram que utilizar
o método do balanceamento e as técnicas aplicadas no lean manufacturing com seus conceitos e
ferramentas é mais eficiente do que o método tradicionalmente utilizado pela maioria das empresas.
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Gomes et al. (2008), definem o método do lean manufacturing como a redistribuição dos elementos
de trabalho e a ocupação de todos os operadores, de forma que as tarefas consumam praticamente
todo o intervalo do takt time (tempo de ritmo), com a exceção de um que fica com uma carga
menor de tarefas para, dessa forma, conseguir substituir algum operador que esteja ausente do posto
de trabalho por alguma necessidade. Ainda, de acordo com esse autor, esse método faz com que
todos os operadores, exceto um, que ficará com carga mais baixa, sejam ocupados com tarefas
equivalentes a aproximadamente 95% do takt time, mesmo que seja necessário um operador se
mover entre várias máquinas. A função do operador que ficar com a carga mais baixa de tarefas
será a de realizar tarefas administrativas do pessoal da linha, bem como substituir algum operador
que foi balanceado ao máximo, caso esse necessite se afastar do trabalho em função de
necessidades pessoais ou mesmo falta ao trabalho.
Godinho Filho (2004, p. 21), define produtividade como “[...] habilidade do sistema de produção de
satisfazer à demanda em termos de baixo custo”. Corroborando, Cunha, Severiano Filho e
Wanderley (2002, p. 5), definem produtividade como a “[...] medida pela relação entre o que foi
produzido e os insumos utilizados num certo período de tempo”. Para Silva, Almeida e Conceição
(2008), produtividade é um indicador de muita importância, pois através dele pode-se perceber
melhorias significativas na linha de montagem, bem como também forte influência no que diz
respeito ao atendimento da demanda.
Para Contador (1994), se uma empresa escolher competir em variedade de modelos, essa
precisará ser ágil para preparar as máquinas e a manufatura. Se optar competir em novos produtos,
vai necessitar de agilidade para projetar, preparar protótipo, divulgar o novo produto, analisar os
processos, preparar as máquinas e produzir. Mas se optar competir em prazo de entrega, vai
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precisar de muita rapidez na produção. Uma empresa só alcança esses atributos essenciais à
competição na área escolhida, se tiver alta produtividade.
4. Metodologia
A empresa calçadista, objeto do estudo, teve origem em 1985 e atualmente atua no segmento de
manufatura de calçados femininos. A empresa está localizada no Rio Grande do Sul e seu quadro
funcional conta com aproximadamente 1.000 funcionários diretos e 1.800 indiretos. São produzidos
em torno de 900 referências diferentes ao longo de cada ano. As linhas de montagem 3 e 8
produziam sapatos femininos, e foram as escolhidas, porque no período da pesquisa havia a
possibilidade de produzir algumas referências em ambas as linhas, o que possibilitaria possíveis
mudanças de referências de linhas, facilitando assim o estudo de balanceamento.
Essa pesquisa caracteriza-se como exploratória, porque visa compreender os impactos causados nas
duas linhas de montagem através da aplicação do balanceamento de linha. Os estudos exploratórios
são conduzidos para explorar um tema com o objetivo de proporcionar maior conhecimento sobre
determinado assunto (GIL, 2009). Para Jung (2004), a pesquisa exploratória busca descobrir novas
práticas e teorias que venham a substituir as existentes. Quanto aos procedimentos esta pesquisa
caracteriza-se como experimental. Isto porque quando se determina um objeto de estudo,
selecionam-se as variáveis que poderiam influenciá-lo e também se definem as formas de controle e
de observação dos efeitos que a variável possa produzir no objeto (GIL, 2009). Com relação ao
método quantitativo, Oliveira (2003 apud ROCHA; OLIVEIRA, 2007) tratam tal como aquele que
quantifica opiniões, quantifica dados, bem como emprega recursos e técnicas estatísticas.
A primeira etapa da pesquisa foi a descrição das operações, bem como sua sequência seguida,
ressaltando-se que essa etapa foi realizada através da observação. Posteriormente foi coletado junto
ao setor de cronoánalise da empresa, os tempos padrões de cada operação do setor de montagem.
Após essa etapa, realizaram-se os cálculos dos indicadores escolhidos que foram: tempo de ciclo,
número mínimo teórico de estações de trabalho e indíce de eficiência, medido pela relação entre os
minutos disponíveis e os minutos utilizados ao longo da jornada de trabalho. Com esses dados, foi
possível obter a situação atual das linhas de montagem em estudo. Na etapa seguinte, foi montada
uma tabela com as tarefas precedentes, para ser possível a análise de como o balanceamento
poderia ser aplicado. Com base nesses dados, foi analisada a situação das linhas de montagem em
estudo, com o objetivo de melhorar a eficiência dessas linhas. Nessa etapa então, foi realizada a
aplicação do balanceamento, com base nos dados coletados e no método do lean manufacturing.
Após a aplicação do balanceamento, foram novamente realizados os cálculos dos indicadores da
etapa iii para, dessa forma, poder realizar um comparativo entre o antes e o depois. De posse dos
indicadores pós aplicação do balanceamento, foi possível analisar os resultados práticos do
trabalho.
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5. Desenvolvimento
Inicialmente foi detalhada a sequência de operações junto à linha de montagem. Após essa etapa,
foi então realizada a relação de tarefas precedentes de cada operação com o auxílio de informações
do líder do setor. O Quadro 1 apresenta o cenário antes do balanceamento, bem como a sequência
de operações com seus respectivos tempos-padrões e as tarefas precedentes das linhas de
montagens 3 e 8. Tanto na linha 3 como na linha 8 a referência ou o tipo de produtao mais
complexo de produzir é o mesmo. Dessa forma, a quantidade de pessoas e a disposição de
máquinas também é a mesma.
Quadro 1 – Sequência, tempos-padrões e tarefas precedentes das operações das linhas 3 e 8
Número de
Número
Tarefas observações
Tarefa Descrição da operação Tempo padrãodo par (minutos) de Fadiga
precedente de cada
pessoas
tarefa
a abastecer cabedal 0,286 1 nenhuma 8 20
b lavar sola 0,264 1 a 8 20
c abastecer forma e grampear palmilha 0,284 1 nenhuma 12 20
d conformar traseiro 0,316 1 a, c 12 20
e pregar altura 0,286 1 d 8 20
f abastecer estufa 0,264 1 e 8 20
g apontar bico 0,292 1 f 12 20
h aplicar cola na palmilha 0,268 1 g 8 20
i aplicar cola no cabedal para montar 0,532 2 g 8 20
j halogenar 0,264 1 a 8 20
k montar cabedal 1,042 3 h, i 12 20
l grampear cabedal 0,237 1 k 12 20
m arrancar grampos 0,249 1 k 8 20
n calceira 0,274 1 k 12 20
o rebaixar na esfera 0,261 1 n 12 20
p lixar planta 0,287 1 o 12 20
q fazer planta 0,274 1 p 12 20
r fazer cama de salto 0,264 1 q 12 20
s formar pares 0,276 1 k 8 20
t revisar e tirar rugas 0,311 1 r 12 20
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u conserteiro 0,286 1 r, t 8 20
v aplicar cola base 0,256 1 r, t 8 20
w aplicar cola planta e colar enchimento 0,646 2 r, t 8 20
x aplicar cola na sola 0,586 2 r, t 8 20
y colar sola 0,528 2 v, w, x 8 20
z prensar sola 0,269 1 y 12 20
aa desenformar 0,254 1 z 8 20
ab pregar salto 0,278 1 aa 12 20
ac colocar parafuso 0,278 1 ab 12 20
ad rebater bordas 0,256 1 aa 12 20
ae formar pares 0,269 1 ab 8 20
af aplicar cola dentro do sapato 0,512 2 ac 8 20
ag colar espuma e aplicar cola sobre 0,523 2 af 8 20
ah aplicar cola na palmilha 0,276 1 ac 8 20
ai colar palmilha 0,276 1 af, ag, ah 8 20
aj retocar palmilha 0,268 1 ai 8 20
ak reapertar palmilha 0,286 1 aj 8 20
al limpar cabedal 0,607 2 ae 8 20
am revisar 0,518 2 ai, al 8 20
an retoque e fechamento 0,536 2 am 8 20
ao fazer e colocar bucha 0,591 2 an 8 20
ap colocar varetas 0,268 1 ao 8 20
aq fazer caixas e etiquetar 0,258 1 nenhuma 8 20
ar afivelar e colocar plástico 0,204 1 an 8 20
ao, ap, aq,
as colocar sapato na caixa 0,246 1 8 20
ar
at encaixotar 0,206 1 as 8 20
au tirar da mesa 0,231 1 at 8 20
av auxiliar montagem 0,296 1 nenhuma 8 20
aw auxiliar colagem 0,284 1 nenhuma 8 20
ax auxiliar acabamento 0,311 1 nenhuma 8 20
ay fechar talões / ausentismo 0,284 1 nenhuma 8 20
Total 17,42 63
Foram realizadas 20 observações de cada operação e foram observados três operadores diferentes.
Cada operador foi avaliado de forma individual e fez-se a média entre os três operadores de ritmo
médio e semelhante. Foram desconsiderados os tempos muito acima ou muito abaixo do normal.
De posse desses valores, o setor de cronoanálise da empresa definiu que seria acrescido 12% para
tolerâncias tipo necessidades fisiológicas, limpeza do posto de trabalho, pequenas lubrificações e
ajustes na máquina ou equipamento e nas operações manuais esse acréscimo foi de 8%. O Quadro 2
mostra a situação em que se encontrava a linha de montagem 3, no que diz respeito às referências
produzidas, os tempos padrões de produção de cada referência e a quantidade de pessoas da linha.
Quadro 2 – Demanda e tempos de cada referência da linha de montagem 3
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total de pessoas durante a estação foi obtido através da observação realizada pelo pesquisador. A
jornada diária é o tempo total em minutos que são trabalhados no dia, menos o intervalo para
lanche concedido no turno da manhã. Por fim, o tempo total disponível foi obtido através do
número total de pessoas, multiplicado pelos minutos disponíveis no dia. O passo seguinte foi
calcular o tempo de ciclo, de acordo com Moreira (2009) através da Equação 3, obtendo tempo de
ciclo = 528/1.400 = 0,377 minutos.
O próximo cálculo realizado foi o número mínimo teórico de estações de trabalho, através da
Equação 4. Conforme Moreira (2009), a equação utilizada para encontrar o número mínimo teórico
de estações de trabalho é a seguinte:
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536963 130 17,42 2.264,60
974685 316 16,87 5.330,92
974690 84 17,42 1.463,28
Totais 1.400 23.218,28
Na linha de montagem 8, a demanda foi reduzida e também foi aplicado o balanceamento de linha;
assim, foi possível reduzir 22 pessoas no processo. Isso ocorreu através do agrupamento de tarefas,
como mostra o Quadro 4.
Quadro 4 – Sequência de operações, número de pessoas e tarefas agrupadas da linha 8
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Tempo da
Referências Demanda Tempo Tempo Tempo total
Número jornada
dos diária padrão do totalutilizado disponivel
depessoas diária
calçados (pares) par (minutos) (minutos) (minutos)
(minutos)
974685 502 16,87 8.468,74
974690 431 17,42 7.508,02
974692 230 17,42 4.006,60
974693 84 16,87 1.417,08
864770 72 16,87 1.214,64 67 528,00 35.376,00
864762 387 17,42 6.741,54
864764 70 16,87 1.180,90
864769 24 16,87 404,88
Totais 1.800 30.942,40
O Quadro 6 mostra como ficou a linha de montagem 8, no que diz respeito às referências
produzidas, os tempos padrões de produção de cada referência e a quantidade de pessoas da linha.
Quadro 6 – Demanda e tempos de cada referência da linha de montagem 8
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da linha de montagem. Vale ressaltar que para realizar essa etapa foram necessárias duas semanas,
devido à quantidade de tarefas a serem analisadas.
A análise dos dados foi realizada pelo pesquisador, verificando o impacto nas operações com a
demanda de 1.800 pares na linha 3, e 1.000 pares, na linha 8. Nesse momento constatou-se a
necessidade de incluir 4 pessoas na linha 3 e também a necessidade de retirar 22 pessoas da linha 8,
agrupando várias tarefas que antes eram separadas, como mostrou o Quadro 4. Para realizar essa
modificação, foi necessário considerar todas as tarefas precedentes para atender a todas, sem que se
deixasse nenhuma tarefa sem ser executada. Essa etapa foi uma das mais difíceis, pois além da
análise do pesquisador, também foi necessário a participação de um supervisor da linha de
montagem para aprovar os agrupamentos de tarefas propostos pelo pesquisador.
Pode-se dizer que a etapa do balanceamento foi a mais complexa, devido à resistência por parte de
alguns funcionários da linha e também pelo fato de os supervisores não acreditarem que seria
possível obter resultados positivos com a nova configuração nas suas linhas de montagem. No
primeiro momento pareceu ser uma atitude contraditória, reduzir a capacidade de uma linha que
produzia 1.400 pares para 1.000 pares por dia. Isso porque, as metas de produção das linhas de
montagem sempre foram colocadas pela diretoria da empresa, usando o mesmo valor para todas as
linhas, sem ter o cuidado de avaliar o melhor aproveitamento da mão-de-obra disponível. A maior
resistência nessa etapa, foi por parte de alguns operadores da linha 8 que passaram a executar mais
de uma tarefa, pois com o agrupamento de tarefas várias funções que antes eram executadas por
dois operadores, passaram a ser executadas por apenas um operador. Dessa forma, esses operadores
passaram a ter menos tempo ocioso ao longo da jornada de trabalho. Da mesma maneira, na linha 3
também constatou-se a insatisfação de alguns operadores devido ao aumento da produção diária em
400 pares. A linha 8, a exemplo da linha 3, deixou os operadores com menos tempo ocioso, de
forma que ficaram com carga de trabalho maior. O Quadro 7 mostra os resultados em conjunto das
duas linhas de montagem em estudo.
Quadro 7 – Resultados financeiros da aplicação do balanceamento de linhas
Resultados conjuntos
Antes do Depois do
Indicadores
Balanceamento Balanceamento
Demanda diária 2.800 2.800
Tempo total utilizado (minutos) 47.366 47.366
Número de pessoas 126 108
Tempo da jornada diária (minutos) 1.056 1.056
Tempo total disponível (minutos) 66.528 57.024
Eficiência (%) 71 83
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Fonte: elaborado pelo autor.
7. Conclusão
Este artigo apresentou os resultados de uma pesquisa que teve por finalidade aplicar as técnicas do
balanceamento de linha, para obter uma configuração mais produtiva para duas linhas de montagem
de uma indústria calçadista. Posterior a etapa de coletar e tratar os dados, foi realizada uma análise
das linhas, onde se evidenciou, pelas referências produzidas, que poderia haver alteração nas
demandas, elevando em 400 pares a produção diária em uma linha, enquanto na outra linha, uma
redução de 400 pares. Para aplicar essa nova configuração, foi necessário incluir 4 pessoas na linha
3, linha essa que teve sua demanda alterada de 1.400 pares para 1.800 pares diários. Já na linha 8,
que teve sua demanda alterada de 1.400 pares para 1.000 pares diários, foi agrupada várias tarefas;
com isso, foi possível reduzir 22 pessoas da linha e, mesmo assim, foi possível realizar todas as
tarefas necessárias para a produção dos calçados.
Referências
ABICALÇADOS - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados. Resenha estatística. São
Paulo, 2009.
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GIL, A.C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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SILVA, L. M. F.; PORTO, E. S. Obalanceamento do fluxo produtivo à luz da toc: caso prático no
processo de montagem de calçados autoclavados. Anais: XXVIII Encontro Nacional de Engenharia
de Produção. Rio de Janeiro, 2008.
1 Fundação Educacional Encosta Inferior do Nordeste, Faculdades Integradas de Taquara-FACCAT (Curso de Engenharia de
Produção) - Rio Grande do Sul, Brasil
2 Fundação Educacional Encosta Inferior do Nordeste, Faculdades Integradas de Taquara-FACCAT (Curso de Engenharia de
Produção) - Rio Grande do Sul, Brasil
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