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editorial

Editora Saber Ltda. 50 anos a serviço do avanço


Diretor
Hélio Fittipaldi tecnológico brasileiro
A Missão
Hoje podemos dizer que temos orgulho de ter servido
aos brasileiros e a nossa nação neste meio século de atuação.
www.sabereletronica.com.br
twitter.com/editora_saber Temos testemunho de diversos leitores em todos estes anos,
que se dedicaram ao setor e foram bem-sucedidos devido
Editor e Diretor Responsável ao estímulo da nossa publicação. Do astronauta brasileiro a
Hélio Fittipaldi empresários, engenheiros em geral e de projetos, funcionários
Conselho Editorial Hélio Fittipaldi
João Antonio Zuffo graduados de grandes empresas nacionais e internacionais aos
Redação professores de diversos níveis, todos sofreram a influência do
Rafaela Turiani nosso trabalho, assim como os currículos de cursos técnicos e universitários também.
Revisão Técnica
Eutíquio Lopez Lembrem-se que a internet comercial só começou em 1997, mas, foi a partir de
Colaboradores 2007 que ela ganhou corpo. Até então a informação do setor eletrônico chegava
Alfred W. Franke basicamente através dos nossos produtos e, em 31 de janeiro de 2008, inauguramos
Celio D. Santos
Francisco Fambrini o portal Saber Eletrônica.
Guilherme Kenji Yamamoto A revolução que a eletrônica provocou, abriu portas para outras áreas como a
José Fonseca
Renan Airosa de Azevedo informática e a automação industrial, onde os protagonistas são o hardware e o sof-
Ronald Eduardo Avelar tware. Aproveitando o conhecimento que detínhamos na editora, surgiram novos
Walter Pereira
Werner Heilbrun produtos: as revistas PC & Cia, Mecatrônica Fácil e Mecatrônica Atual. Com matérias
Wonseok Kang instigantes e práticas preparamos uma geração de profissionais que formam, hoje, a
Designers infraestrutura destes setores.
Carlos Tartaglioni,
Diego M. Gomes Atualmente se discute no mundo inteiro se o futuro será sem publicações impressas.
Publicidade Devido aos custos e à baixa disposição dos leitores e anunciantes de prestigiarem os
Caroline Ferreira
impressos em papel, esgota-se este modelo de negócio em vários países e, no Brasil,
Capa: Arquivo da Editora Saber
também estamos neste caminho. Das mais de 40 mil bancas de jornais que existiam em
Distribuição: DINAP
todo o país até alguns anos atrás, restam menos de 10 mil funcionando. As assinaturas,
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339 além dos custos de impressão e do papel, sofrem os altíssimos custos dos correios
publicidade@editorasaber.com.br (sem falar das greves) que desestimulam os leitores a comprar.
ADVERTISEMENTS:
Huson International Media Assim somos empurrados, quer queiram ou não, para a publicação digital devido
1999 S. Bascom Avenue - Suite 450 à rapidez, custos baixos e longe das inoportunas greves promovidas, não por reivin-
Campbell - CA 95008 - USA
tel: 408 879 6666 / 408 879 6669
dicações legítimas, mas por conveniências políticas de seus líderes.
A nossa missão é entregar conteúdo técnico após o nosso crivo, separando o
ASSINATURAS que é mais relevante e atual para o leitor, que, cada vez mais não tem tempo para
www.sabereletronica.com.br ficar garimpando informações e, por não conhecer o assunto, pode até acessar um
fone: (11) 2095-5335 / fax: (11) 2098-3366
atendimento das 8:30 às 17:30h documento de valor discutível.
Edições anteriores (mediante disponibilidade de
estoque), solicite pelo site ou pelo tel. 2095-5330, ao Creio que assim, o caminho natural é em direção ao digital, e quem poderá dizer
preço da última edição em banca. que não!!???
Saber Eletrônica é uma publicação bimestral
da Editora Saber Ltda, ISSN 0101-6717. Redação,
Submissões de Artigos
administração, publicidade e correspondência: Artigos de nossos leitores, parceiros e especialistas do setor serão bem-vindos em nossa revista. Vamos analisar cada
Rua Jacinto José de Araújo, 315, Tatuapé, CEP apresentação e determinar a sua aptidão para a publicação na Revista Saber Eletrônica. Iremos trabalhar com afinco em
03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095- cada etapa do processo de submissão para assegurar um fluxo de trabalho flexível e a melhor apresentação dos artigos
aceitos em versão impressa e online.
5333.

Associada da: Atendimento ao Leitor: atendimento@sabereletronica.com.br


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conteúdo desta Revista, mas não assumimos a responsabilidade legal por eventuais erros, principalmente nas montagens, pois
tratam-se de projetos experimentais. Tampouco assumimos a responsabilidade por danos resultantes de imperícia do montador.
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Janeiro/Fevereiro 2014 I SABER ELETRÔNICA 475 I 3


índice
Tecnologias
12 Atualidades em Neurociências: A Matriz de
Multieletrodos (MEA)
16 Placa Gravadora GravaPen: grava e reproduz
sons em um Pen Drive utilizando o mais novo
chip LT-1955

Eletrônica Aplicada – Energia


20 Smart Grid: Energia de nova geração para
os desafios de hoje

Instrumentação

12 22 Teste de Equipamentos Médicos


24 Principais componentes de um sistema de
aquisição de dados (DAQ)

Projetos
28 Projeto de Driver de LEDs usando o FL7732

Eletrônica Aplicada – Industrial


35 O que é um sistema de instrumentação modular
para testes automatizados?
40 Introdução e tendências das aplicações de RFID
44 Aplicações da indústria que utilizam controle PID
46 Compreendendo o custo total de um Projeto
Embarcado

28

Editorial 03
24 Reportagem:
50 anos de Saber Eletrônica 06
Índice de anunciantes

National Instruments ........................................................ 05 Tato ................................................................................... 39 Mouser ............................................................................... 2ª capa


Keystone .............................................................................. 21 Patola ................................................................................ 39 Cika ...................................................................................... 3ª capa
4Globtek .................................................................................
I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro 27 Microchip2014 .............................................................................. 43 Agilent ................................................................................ 4ª capa
reportagem

50 anos
de Saber
Hélio Fittipaldi A. W. Franke

Eletrônica
E
É com muito orgulho e alegria que m 2004, quando comemoramos os 40 e principalmente o padrão dos desenhos
comemoramos cinco décadas a serviço anos da Revista Saber Eletrônica técnicos foram todos discutidos em de-
(com R maiúsculo, pois é parte do talhes, e o sr. Franke era o “guardião”
do avanço tecnológico brasileiro. A
nome registrado), solicitamos ao pri- desse padrão de qualidade. Se o desenho
seguir compartilhamos com nossos meiro editor, o sr. Alfred Walter Franke (que do circuito fosse menor para ocupar uma
leitores algumas histórias vividas ao assinava A. W. Franke), que escrevesse algu- coluna, e não duas ou três, o traço do
longo de todos estes anos. mas linhas sobre a história desta publicação. desenho ficava mais fino e o componente
Ele comentou algumas curiosidades, também era reduzido. Isso tudo era feito
como o fato de que pretendiamos mudar o à mão, numa época pré-computadores e
título da revista para Circuito Eletrônico a softwares de desenho.
partir da edição nº 5, mas não o fizemos pois Essa qualidade visual sempre foi muito
o nome já era registrado legalmente.Assim, admirado pelos leitores e anunciantes. E
continuamos com Revista Saber Eletrônica, espelhava um cuidado que outras revistas,
que “caía bem” e (Saber), que além de ser inclusive europeias, não tinham.
um verbo era também o nome da editora. A seguir, reproduzimos o texto original
Outro fato até hoje não revelado, é do sr. Franke, escrito em 2004. E ao fim dele
que o padrão de colunas, estilo de letras escreveremos mais sobre os nossos 50 anos.

1964 1976 1977 1982

nº 1 nº 45 nº 64 nº 117

6 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro 2014


reportagem
O Difícil Começo, O primeiro editorial
por A.W.Franke Não pretendíamos revestir de um simbolismo especial o lançamento da
No início da década de 1950, a Ibrape – nova Revista Eletrônica, justamente no início do ano. Tampouco foi obra do
Indústria Brasileira de Produtos Eletrônicos e
acaso, mas o resultado, meticulosamente realizado, de um plano iniciado há
muitos meses, visando oferecer esta publicação aos técnicos brasileiros, já
Elétricos S/A, pertencente ao Grupo Philips,
desde o início do ano de 1964.
deu início à publicação de um boletim, o
Boletim Ibrape, destinado à divulgação de
Temos absoluta certeza quanto ao que pretendemos realizar com a Revista
Eletrônica. Jovem como é, não possui ainda o seu caráter definitivo. A sua
tecnologias avançadas e produtos de última
evolução deve se realizar paralelamente à da indústria eletrônica em nosso
geração. Nessa época, os produtos mais
país, que foi sem dúvida, espantosa nos últimos dez anos. Se procuramos
avançados eram as válvulas. Os transistores, dar um caráter flexível à revista, quanto à sua aparência e conteúdo, nossa
embora já houvessem sido inventados, ain- orientação ficou, desde o início, bem clara e definida.
da estavam nos seus primeiros passos, não
Não pouparemos esforços para alcançar nossa meta, qual seja, de propor-
possuíam ainda sequer aplicações práticas e cionar por todos os meios de que dispomos, a oportunidade aos técnicos,
muito menos projetos viáveis de aplicação. amadores, aficionados e simples curiosos, se familiarizarem mais e mais
Até mesmo as válvulas eram importadas, não com este fascinante campo da moderna tecnologia que é a Eletrônica. Para
havia produção nacional desses componentes. isso, a par dos projetos práticos experimentados em laboratório, serão
O Boletim Ibrape existiu por cerca de publicados sempre artigos teóricos e descritivos abordando assuntos que
uma década, trazendo sempre projetos in- ainda não estão suficientemente conhecidos.
teressantes e divulgando novas tecnologias. Num futuro bem próximo iniciaremos também a publicação de um Curso
Foi posteriormente substituído pela Revista de Eletrônica, destinado especificamente para principiantes. Outros planos,
Eletrônica Ibrape, cujo intuito era o mesmo, ainda no momento insuficientemente amadurecidos, serão levados ao
porém dedicando maior espaço a todos esses conhecimento dos nossos leitores oportunamente.
assuntos e ampliando a distribuição, que
continuava gratuita, pelo Correio.
Em 1963 nasceu a ideia de ampliar ainda
mais o alcance dessas informações com
o lançamento da Revista Eletrônica, que irrestrito da Ibrape, que nem por isso deixou semicondutor em cabeçotes reprodutores
além da distribuição por assinaturas (agora de prestigiar as demais publicações em suas para fita magnética”, “O amplificador de
pagas) seria também vendida em bancas de programações de publicidade. Reproduzi- FI de vídeo”, “A prova de transistores com
jornais, o que permitiria ampliar significa- mos na íntegra o primeiro editorial, então Ohmímetro”, “As frequências dos canais de
tivamente o leque de interessados, técnicos intitulado “Comentário”, no box acima. Televisão”, ”Modulação em banda lateral
e estudantes, que poderiam usufruir das Desde o início, a proposta da Revista era única (SSB)”, ”Fonte estabilizada de 6 volts”,
informações disseminadas pela Revista. por uma publicação bimestral, o que foi obe- ”A aplicação de ondas sônicas na indústria”,
Foi um início modesto, com um pro- decido até o final do seu sétimo ano de vida. ”Intercomunicador a transistores”, ”Circui-
pósito também modesto: preencher as No ressurgimento, porém, ela passou a ser tos básicos com transistores”. Ao contrário
lacunas deixadas pelas revistas do ramo mensal, o que vem sendo mantido até hoje. das revistas existentes na época, havia
então existentes. Na época, fomos recebidos O primeiro número continha vários ar- um equilíbrio entre os artigos práticos, de
com desconfiança pelos concorrentes, uma tigos interessantes para a época, como “Am- circuitos experimentados em laboratório,
vez que a nossa publicação recebia o apoio plificador Hi-Fi a transistores”, “Material e os artigos teóricos e de informação geral.

1985 1989 1994 1996

nº 155 nº 202 nº 259 nº 282

Janeiro/Fevereiro 2014 I SABER ELETRÔNICA 475 I 7


reportagem
Desse começo, em pouco tempo a Revista de materiais. (Felizmente, os dois transistores entre elas, “Matemática para o técnico”. Na
Eletrônica conquistou prestígio entre os usados eram do mesmo tipo). Aliás, na época capa de nossa edição nº 19 (janeiro/feverei-
leitores, pois frequentemente trazia assuntos ainda reinavam os transistores de germânio, ro de 1967) publicamos a foto da torre de
inéditos, e publicando trabalhos de colabo- os de silício estavam engatinhando. Ainda se transmissão da TV Bandeirantes, ainda em
radores ainda pouco ou nada conhecidos, pensava muito antes de utilizar transistores fase de transmissões experimentais.
mas que mais tarde assumiram papéis de em montagens, pois eram às vezes difíceis Foi nesse ano que faleceu Hugo Gerns-
destaque no cenário eletrônico do nosso país. de encontrar – e relativamente caros, em back, Editor pioneiro de várias revistas
A própria tecnologia gráfica ainda era comparação com as válvulas. especializadas em eletrônica nos Estados
primária, não contando com os recursos que Uma curiosidade: o nome ”Revista Unidos. Ele foi o criador do personagem
posteriormente a impressão em offset traria. Eletrônica” deveria ser apenas provisório. Mohammed Ulises Fips, que anualmente
Até o nº 4, a capa e a diagramação in- Pretendíamos mudá-lo, a partir do nº 5, para publicava uma de suas invenções aparen-
terna eram simples, mas já a partir do nº 5, “Circuito”, mas já havia uma empresa, a temente absurdas (muitas das quais muito
passamos a estampar fotos na capa (ainda Teleunião, que era detentora do nome para mais tarde se tornaram realidade, com o
em preto e branco) e a dinamizar os títulos um boletim interno seu, e que infelizmente que nem o autor sonhava). Essas invenções
dos artigos, no que, aliás, fomos pioneiros no não nos permitiu o uso de “Circuito” como redundavam invariavelmente em desastres
Brasil. Já no nº 3 começamos a focalizar a TV nome da nossa revista. Ficou então “Revista para o autor e eram, na realidade, “pega-
em cores, numa época em que até mesmo a Eletrônica” como nome definitivo. Do nome dinhas” de primeiro de abril. Gernsback
Europa ainda não havia escolhido o sistema “Circuito” ficou somente o título do Editorial, serviu de inspiração para os artigos do nosso
que iria adotar nas suas transmissões. Entre que passou a denominar-se “Curto-Circuito”. “colaborador” Aldo Vilella, que, anos mais
nós, sonhava-se com TV em cores, mas nada E no “Curto-Circuito” da edição nº 6, não tarde, enganaram muitos leitores...
existia de concreto. Nesse mesmo número, por acaso correspondente ao bimestre março/ Em janeiro de 1968, pela primeira vez
iniciamos a publicação do Curso prometido abril, foi publicada a primeira “brincadeira foi publicado um projeto prático usando
no editorial do nº 1, sob o título “Elementos de 1º de abril” entre as revistas brasileiras de transistores de silício. Nessa mesma edição,
de Eletrônica”. eletrônica, anunciando um “revolucionário apareceu o primeiro artigo sobre o sistema
Numa época em que as transmissões em processo de rejuvenescimento total de pi- de transmissão de TV em cores, recém-
Frequência Modulada, no Brasil, limitavam- lhas”, segundo o qual bastava mergulhar a -aprovado pelo Governo Brasileiro, e que
-se a “links” entre estúdios e transmissores pilha gasta num líquido especial. veio a ser adotado (sendo até hoje usado) em
das emissoras de AM, já publicávamos, Na edição de nº 7 fomos os primeiros a nosso país. Esse artigo foi escrito por um dos
em nosso nº 5, o projeto completo de um publicar a descrição completa de um projeto autores do estudo realizado para oferecer
sintonizador de FM completo, inclusive prático de televisor, ainda em preto e branco os subsídios necessários para a escolha.
com desenho de montagem (nesse tempo, a e usando inúmeras válvulas (e apenas 3 Abordamos com primazia as comunica-
própria tecnologia dos circuitos impressos transistores). E na edição nº 11, descrevemos ções via satélite, hoje absolutamente corriquei-
era ainda praticamente desconhecida entre a construção de um osciloscópio. Na edição ras e sem as quais não conseguimos imaginar
nós, tanto que não foi usada nesse projeto). nº 12 publicamos a descrição da montagem o mundo moderno. Também publicamos
Claro, erros aconteceram também. Um de um transceptor de 27 MHz, também matérias detalhando todos os planos traçados
exemplo foi o artigo “Pré-amplificador com comprovada em laboratório. para o sistema brasileiro de telecomunicações,
transistores” (edição nº 5), onde o autor não A partir do nº 13, as capas passaram a então em fase de implantação.
colocou a identificação dos códigos dos tran- oferecer fotos coloridas. Diversas séries de Outra tecnologia emergente era a dos
sistores, obrigando o leitor a consultar a lista utilidade para o técnico foram apresentadas, circuitos integrados lineares, hoje presentes

2000 2003 2004 2006

nº 335 Especial nº 373 nº 400


CD nº09

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reportagem
em todo e qualquer produto que de alguma onde transitavam todas as imagens de TV então estavam se tornando mais comuns,
forma use eletrônica, desde os brinquedos oriundas do restante do País e do mundo, publicamos matéria esclarecedora.
mais simples até sofisticados equipamentos e que seriam transmitidas pelas emissoras Em 1970 já era muito conhecido o Vídeo-
de áudio e vídeo. E foi na Revista Eletrônica em nossa Capital. Também aí passavam os -Tape, tanto que já havíamos publicado um
que saiu o primeiro artigo sobre o assunto, programas gerados em São Paulo e irradiados artigo a respeito das várias técnicas então
colocando-o ao alcance dos nossos técnicos. pelo resto do país e do mundo. existentes. Mas, surgia uma inovação que
Ainda em 1968, focalizávamos as mo- Em 1970, ainda pouco se conhecia, fora prometia ser revolucionária: o “Videodis-
derníssimas instalações da TV Cultura de dos ambientes acadêmicos, sobre o que co”, anunciado por uma empresa chamada
São Paulo, a primeira TV Educativa do nosso vinham a ser os “Circuitos Lógicos”. Tema Teldec. Parecia ser promissora, mas como
País, cuja inauguração somente deveria que seria abordado em nossas páginas, a dependia do contato mecânico de um sensor
ocorrer no ano seguinte. Mais uma vez partir de janeiro daquele ano, numa série com a superfície de um disco plástico, não
saímos na frente. de autoria do Eng. Sergio Américo Boggio, vingou. Anos mais tarde o videodisco veio
Naquela época, um computador ainda aliás, um dos mais prolíficos colaboradores a tornar-se realidade e hoje é amplamen-
era um equipamento enorme, ocupando mui- da Revista Eletrônica durante vários anos. te utilizado, conhecido como DVD.
to espaço e consumindo muita energia. Não Em maio/junho fizemos um lançamento Finalmente, no nosso número 43 acom-
se pensava que um dia, quase todos teriam espetacular: publicamos um projeto simples panhamos uma descrição de como seria o
em sua casa um desses “bichinhos” versá- (de uma fonte de alimentação estabilizada) voo da Apolo 14, que naquele momento
teis e de extrema utilidade. O autor jamais e presenteamos a todos os leitores com estava retornando de sua jornada à Lua.
sonhou que um dia estaria escrevendo estas uma placa de circuito impresso, colada Como veem, nos seus primeiros anos de
palavras num “PC”, termo que então ainda na própria capa da revista. O lançamento vida, a Revista Eletrônica registrou em suas
era desconhecido. Nossa capa de janeiro de causou grande impacto entre os leitores, páginas muitos fatos, tecnologias e projetos
1969 mostra com grande “reverência” um concorrentes nacionais, e chegou a ser objeto que, embora hoje possam parecer ultrapas-
computador instalado num grande banco. de comentários até mesmo na imprensa sados, foram vitais no desenvolvimento de
E mesmo ali era ainda novidade. técnica especializada no Exterior, onde a toda a estrutura atual da nossa sociedade.
Na época, um amplificador de potên- revista francesa “Toute L’ Electronique” Infelizmente, por motivos que não cabe
cia (geralmente valvulado) não alcançava reproduziu o artigo e comentou o lançamen- detalhar aqui, a Revista Eletrônica teve a
grande potência de saída. Por isso, causou to. Tamanho foi o sucesso que, meses mais sua publicação interrompida, justamente
sensação o circuito de um amplificador de tarde, repetimos a promoção com a placa de quando atingia uma fase de grande prestígio
100 watts, usando transistores de silício, circuito impresso de um injetor de sinais. e procura pelos técnicos brasileiros.
ainda bastante novos no mercado. Tudo que se relacionava com o Espaço, Fez muita falta e houve muitas recla-
O Brasil começava a integrar-se com o res- satélites e suas tecnologias despertava então mações. Tanto que, algum tempo depois, a
to do mundo através de um moderno sistema enorme interesse, pois o primeiro homem Editora Saber resolveu relançar a publicação,
de telecomunicações montado pela Embratel, havia pousado na Lua poucos meses an- agora denominada Revista Saber Eletrônica,
e que tinha em Itaboraí o elo de ligação com tes. Mais uma vez, fomos os primeiros na porém com um enfoque diferente. Passou
o sistema Intelsat de comunicação global. Imprensa Técnica especializada a abordar a publicar quase exclusivamente projetos
Mostramos essa antena gigantesca na foto de um aspecto vital para a exploração do práticos e artigos de cunho didático e, por
nossa capa de março/abril de 1969. E no mês espaço: baterias solares para o suprimento isso mesmo, serviu de estímulo para muitos
seguinte, focalizamos o Centro de Televisão de energia aos satélites artificiais. Também jovens (hoje já não tão jovens assim) para a es-
montado pela Embratel em São Paulo, por sobre os satélites de comunicações, que colha de sua carreira no ramo da Eletrônica.

2007 2008 2009 2011

nº 418 nº 431 nº 433 nº 452

Janeiro/Fevereiro 2014 I SABER ELETRÔNICA 475 I 9


reportagem
50 anos de Saber Eletrônica Editora Abril e posteriormente pela Dinap Quase dez anos depois, em dezembro de
Partindo da ideia de constituir uma editora uma empresa do grupo Abril. Logo começou 2000, começamos a divulgação das primeiras
que contribuísse para o conhecimento do a tomar corpo e ganhar um lugar de destaque matérias sobre o DSP, no caso o da Texas, e a
leitor, com algo diferenciado, Hélio Fittipaldi no mercado, chegando a 65 mil exemplares de partir daí é que passamos para uma revista
pensou em uma área não muito explorada e tiragem nos primeiros 12 meses. A partir de voltada para a área industrial”, observa Hélio.
que sempre lhe chamou a atenção, a eletrôni- 1985 passou a ser exportada para Portugal Desde 1994, a editora já estava na in-
ca. Por influência de seu pai Savério Fittipaldi e, em 1986, licenciamos a Editorial Quark ternet por um convênio feito com a Escola
(1928-1997), resolveu constituir a Editora na Argentina até início dos anos 90”, afirma Politécnica e a Reitoria da USP. Através da
Saber e editar a princípio histórias em qua- Hélio, circulando em toda a América Latina FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do
drinhos O Praça Atrapalhado, Dr.Estripa e Os e uma edição mexicana editada pela Televisa. Estado de São Paulo), a editora conseguia se
Sobrinhos do Capitão enquanto planejavam Destinada para os técnicos e estudantes, conectar à web e aprender como era este
a edição de uma publicação de eletrônica. era uma revista que tentava atender a todos. novo mundo. Quando a internet começou a
Nesta época entrou como sócio da editora Durante 12 anos,todos os meses era publicado ser comercializada (1997) foi decidido que a
Élio Mendes de Oliveira, falecido em 2009, o Curso de Eletrônica nas últimas páginas. Saber precisava de um espaço digital, e assim
que atuou como editor até junho de 1984. Tecnologia era pauta obrigatória, tinha que foi criado o primeiro site.
Em 1980, Savério Fittipaldi saiu da sociedade trazer as novidades no mundo da eletrônica. No início de 2007 “começamos o desen-
e constituiu a Editora Fittipaldi com o filho Em meados da década de 80, com um volvimento de um software para criar um
mais novo Vicente A. Fittipaldi. público mais exigente, a Saber Eletrônica portal de notícias e artigos do mundo da
Na época existiam duas outras revistas teve que separar a parte de estudantes e se eletrônica, tanto para a indústria, seus enge-
com muito tempo no ramo e que, juntas, voltar para a indústria, surgiu então a Eletrô- nheiros e técnicos, como para os estudantes”.
atingiam cerca de 22 mil exemplares. Estavam nica Júnior, uma revista pequena, oriunda da Durante 2007, o projeto se concretizou mais
estagnadas, tecnologicamente falando, e por série de livros “Experiências e Brincadeiras para o fim do ano, a Editora Saber ampliou
isso despertaram o interesse em se fazer com Eletrônica“ de Newton C. Braga, nosso sua atuação para além das páginas da edição
uma publicação mais atual como outra que diretor técnico. impressa. A partir de 1° de fevereiro de 2008
havia parado, a Revista Eletrônica, produzida Os leitores reinvindicaram e a Júnior passou entrou no ar o portal Saber Eletrônica, que
pela Ibrape (uma empresa do grupo Philips). a ter um formato maior, mudando seu nome possui matérias das revistas Saber Eletrôni-
Possuía boa imagem e, por ter cumprido sua para Eletrônica Total, incorporando os artigos ca e Eletrônica Total publicadas nas versões
missão aqui no Brasil, havia sido descontinuada técnicos práticos e matérias de manutenção. originais impressas.
após dez anos de atividades.
Surgiu assim a oportunidade da revista Busca da tecnologia A qualidade
Saber Eletrônica existir. O redator de uma A proposta de publicar aquilo que o A escolha das matérias não é a única
destas revistas, hoje advogado, Alexandre leitor necessitava era o diferencial da Saber preocupação, a qualidade, a estética e o
Martins se juntou à equipe e trouxe um Eletrônica em relação às outras revistas que design têm as suas parcelas de importância.
jovem que era mal aproveitado na redação existiam na época. Algumas capas foram inesquecíveis e tiveram
de uma daquelas revistas, o recém-formado Luiz Henrique Corrêa Bernardes escreveu repercussão incrível até com os fabricantes.
em física Newton Carvalho Braga. as primeiras matérias sobre microcontrola- Uma matéria que não se esquece foi a do
“Feito contato com a Philips, tivemos dores. “Uma nova fase tecnológica que até Microtransmissor FM.“Na época esse assunto
que comprovar condições tecnológicas para então não tinha divulgação em nosso país e revolucionou.Tinha o tamanho de uma caixinha
produzir a revista. Assim, conseguimos a tal onde tivemos dificuldades para entrar com de fósforos, a bobina não era com fios, mas
permissão, e a partir da edição nº 45 passou matérias práticas desenvolvidas aqui. Não sim impressa na placa de circuito impresso,
a ser produzida por nós e lançada em todo conseguíamos autores nacionais para de- arte do Newton que a tinha visto em uma
o Brasil em bancas de jornal, distribuida pela senvolver projetos com microcontroladores revista japonesa. Era uma microestação de

2012 2013 2013 2014

nº 463 nº 468 nº 472 nº 475

10 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro 2014


reportagem
rádio FM com o alcance de 50 metros. Isto que os iniciantes e estudantes têm na outra Assim sendo, desde a primeira edição
virou febre, era mais ou menos meados de publicação desta editora, a Eletrônica Total, dessa segunda fase (Revista nº 45), coloca-
1977”, lembra Hélio. suporte para iniciação e conhecimentos básicos. mos em nossas páginas o primeiro “Curso
“A Saber Eletrônica deixou de ser em Nos quase 40 anos que seguiram a se- de Eletrônica em Instrução Programada” de
preto e branco quando publicou uma série de gunda fase da Revista Saber Eletrônica, fomos que se tem notícia. Usando uma abordagem
matérias sobre SMD, que veio da Holanda, da responsáveis por artigos que realmente signi- diferenciada do tema, conseguimos ensinar
própria Philips. Como material inédito e muito ficaram pontos de transição das tecnologias os fundamentos da Eletrônica para os que
detalhado, serviu de guia para a elaboração eletrônicas. Muitos desses artigos deixaram estavam entrando no novo campo, dando os
da Norma Brasileira. A capa foi desenhada sua marca. elementos para que muitos seguissem carreira
em 3D, e dava a noção de poder ver dentro Na fase inicial, por exemplo, destacamos nesta área aprofundando seus conhecimentos.
do componente, quando na época não havia a publicação, logo na edição nº 56, do Micro- Não é preciso salientar que a entrada
softwares para 3D. transmissor de FM, que foi o nosso maior num curso técnico ou superior, já tendo co-
Uma outra capa marcante foi a do DSP da sucesso em termos de quantidade de vendas, já nhecimentos básicos, é um fator de grande
Texas Instruments. Uma inspiração de “2001 que a placa de circuito impresso era fornecida importância para que o aluno o acompanhe
- Uma Odisséia no Espaço”. Foi desenhada juntamente com a revista. Foi a primeira vez com muito mais facilidade. Facilitamos a vida
em 3D, e mesclada com a foto macro do em que um projeto desse tipo foi publicado de muitos leitores dessa forma.
carimbo da Texas para dar uma aparência e com a introdução de uma tecnologia até Fomos os primeiros a descrever novas
realista pois, na época, não havia software então pouco conhecida: a bobina impressa tecnologias, como as que fazem uso de com-
para fazer este efeito. na placa de circuito impresso. ponentes para montagem em superfície, numa
Seguiram-se ao transmissor de FM diver- série amparada em amplo material da Philips,
Vencer pelo conhecimento sos outros projetos de destaque, como uma tratamos de fibras ópticas, de novas tecnolo-
Confiante de que a função da Saber é série de kits de jogos e utilidades. Podemos gias de gravação de som como o DCC e o
formar e informar o mercado da eletrôni- lembrar, por exemplo, de um conjunto de DVD, e hoje continuamos com temas atuais
ca, Hélio acredita que é nossa função mos- amplificadores que podiam ser montados na como a nanotecnologia, microprocessadores,
trar a evolução e sempre está a procura mesma placa. Bastava escolher o circuito e a microcontroladores e DSPs nas aplicações
do conhecimento, por isso não abre mão potência, que a mesma placa fornecida com mais modernas.
da qualidade na escolha das matérias e a a revista servia para sua montagem. Nossa vocação, hoje em dia, mudou bas-
preocupação com a arte. “Constantemente Na ocasião estávamos concentrados tante em muitos aspectos.Além de visarmos
encontramos leitores do curso básico que principalmente na tecnologia do transistor, o profissional que já trabalha na eletrônica,
hoje, são presidentes ou diretores de alguma do componente discreto, e os poucos circui- levando soluções práticas e novas tecnologias
empresa. Muitos cresceram junto conosco. tos integrados que eram usados continham que possam ajudá-lo no seu dia a dia, também
Atualmente, o Brasil tem uma quantidade e funções simples como operacionais, regula- reciclamos conhecimentos e complementamos
qualidade enorme de profissionais na área dores, lógica TTL, CMOS, etc.Todavia, muitos o ensino (deficiente) que muitos possam ter
de eletrônica”. projetos complexos como frequencímetros, recebido nos tempos acadêmicos.
A revista Saber Eletrônica ao longo dos anemômetros, além de outros, foram publi- As tecnologias mudam e o profissional
anos vem aperfeiçoando suas matérias e é cados nessa fase. precisa entender como funcionam com-
considerada o incentivo das outras publica- A seguir, uma nova revolução tecnológica ponentes e circuitos que no seu tempo de
ções da Editora. A novidade é o portal que foi acompanhada por nossa revista: o apare- escola não existiam. O tempo e a falta de
veio para acrescentar, e hoje tem mais de 120 cimento dos videogames no Brasil. Lançamos uso também faz com que muita coisa seja
mil visitantes diferentes em média mensal. em nossas páginas o projeto completo de esquecida e de tempos em tempos precise
“Nestes 50 anos, todo dia há uma novi- videogames, tais quais o Tele-tênis, Paredão, ser relembrada.
dade e creio que pouquíssimas pessoas têm Fórmula 1, Motocross, e outros. Muito mais do que isso, a experiência de
esse privilégio. No dia-a-dia não percebemos Nessa fase já estava em vigor a ideia de um profissional na solução de um problema
todo esse tempo passado. Só comecei a me que, se desejamos que o leitor monte os prático pode ser muito importante para outro
dar conta quando, em uma viagem ao exte- projetos, então, precisamos ajudá-lo a ter em que tenha o mesmo problema, e um meio de
rior, fui apontado como referência na área, mãos os componentes para isso. Para tanto, se passar isso para esse outro é a nossa Revista.
há muitos anos”. uma empresa Saber Publicidade e Promo- Pode-se imaginar que a Internet tende a
Quando encontramos alguns desses ções, hoje Saber Marketing Direto Ltda., foi nos substituir, mas quem pode afirmar isto!?
profissionais, ficamos surpresos como, du- criada para a venda dos kits de muitos de Nossa vocação é justamente filtrar a enorme
rante todos esses anos, contribuímos para nossos projetos. quantidade de informações que existe na
a formação de tão grande quantidade de Mas, não foi apenas no setor de montagem grande rede, levando ao leitor aquilo que ele
profissionais competentes que prestam um que inovamos. O aparecimento de novas tec- não tem tempo de procurar ou, às vezes, até
inestimável serviço para suas empresas e nologias e a vocação didática sempre foram mesmo lhe passa despercebida a existência.
para o Brasil. acompanhados na forma de artigos teóricos Cutucamos o leitor, alertando-o para o que
A Revista Saber Eletrônica tornou-se uma que visavam manter os profissionais da área há de novo. Não esperamos que ele descubra
revista específica para profissionais, enquanto atualizados. isso acidentalmente. E

Janeiro/Fevereiro 2014 I SABER ELETRÔNICA 475 I 11


tecnologias
Francisco Fambrini

Atualidades em Neurociências:
A Matriz de Multieletrodos (MEA)
A Matriz de Multieletrodos (Microelec- Matriz de Multieletrodos especiais passabanda para limitar as frequ-
trodes Array), ou simplesmente MEA, é um (MEA) ências de interesse. A figura 1 mostra a
Um exemplo desse sistema, o MEA60, foto de uma Matriz de Multieletrodos com
dispositivo planar de múltiplos microele-
utiliza um arranjo planar de 60 microeletro- 60 eletrodos.
trodos, construído com a mesma tecnologia dos com 30 µm de diâmetro e 200 µm de No círculo central existe um receptá-
em nanoescala dos circuitos integrados que espaçamento em substrato de vidro, sendo culo de vidro que é o local onde as células
permite fazer medidas elétricas em culturas que cada microeletrodo pode ser usado nervosas são cultivadas. O processo é o
de células de neurônios e de tecido nervoso tanto para sensoriamento como estímulo seguinte: embriões de ratos especialmente
“in vitro” no laboratório. elétrico de neurônios dissociados ou de criados em laboratório, dentro de todas as
culturas de tecidos, em particular fatias de normas éticas de pesquisa, são anestesiados
Neste artigo, descreveremos algumas
tecido de hipocampo de embrião de ratos e parte do hipocampo dos seus cérebros
aplicações desta inovadora tecnologia que abre Wistar com 21 dias de vida. As medidas é extraída cirurgicamente aos 18 dias de
possibilidades até mesmo para a imortalidade elétricas obtidas nos MEA são extracelulares. vida. Estas células são células-tronco que
do cérebro! Como os sinais eletrofisiológicos captados ao se reproduzirem no centro da MEA,
pelos microeletrodos são da ordem de 10 vão produzir as células do tecido nervoso:
microvolts (µV), eles devem ser amplifica- os neurônios e as células da Glia. A Glia
dos cerca de 1.000 vezes por um sistema é o tecido nervoso que tem por função
amplificador de baixíssimo ruído, com filtros sustentar e nutrir os neurônios. No centro

F1. Foto de uma Matriz de


Multieletrodos MEA60.

12 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


tecnologias
da MEA estão os microeletrodos, feitos Sempre que a amplitude do sinal elétrico ul- Os softwares de Aquisição e Registro de
de platina negra revestida com óxido de trapassa um determinado nível de “threshold” dados para MEA devem ser capazes de iden-
titânio e montados naquele local através de temos um spike. Um conjunto de spikes tificar e medir ISI e IBI nos sinais registrados.
nanotecnologia do mesmo tipo empregado próximos é chamado “burst”. Na figura 5 A importância de estudar os spikes é que a
na fabricação dos circuitos integrados (li- à esquerda, os “x” marcados em vermelho informação está contida neles e no atraso en-
tografia de raios X), conforme é mostrado mostram os spikes e embaixo, em cima, um tre dois spikes consecutivos. Também existe
na figura 1.Após se desenvolver sob a MEA, esquema ilustrando as distâncias IBI e ISI. informação relevante no intervalo de tempo
os neurônios fazem conexões espontane-
amente com os microeletrodos, conforme
ilustra a microfotografia na figura 2.
A durabilidade da cultura em MEA é
limitada a algumas poucas semanas: exige
cuidados com relação à nutrição e colocação
de antibióticos para evitar infecções que
podem destruir rapidamente o tecido vivo.
A figura 3 exibe uma cultura de tecido
nervoso sendo mantido em MEA através da
infusão de nutrientes e antibióticos.
Em um neurônio típico, o impulso ner-
voso (que é um sinal elétrico) se propaga
no sentido dendrito-axônio. A figura 4
apresenta o aspecto típico do sinal elétrico
gerado por um único neurônio.

Spikes e Bursts
Níveis elétricos mais elevados do que F2. Microfotografia dos neurônios que se desenvolvem ao redor de um
a média destes sinais são chamados spikes. microeletrodo. À direita, esquema mostrando um neurônio.

F1. Cultura de neurônios em MEA sendo mantida


pela infusão de nutrientes e antibióticos.

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 13


tecnologias
entre os bursts (IBI). Em circuitos eletrônicos
digitais, a informação pode ser processada
de modo similar ao que ocorre nos tecidos
nervosos biológicos, usando-se uma técnica
denominada PWM (Pulse Width Modulation),
ou Modulação por Largura de Pulsos.Varian-
do-se o intervalo de tempo entre os pulsos,
o PWM carrega informações que podem
ser transformadas para o domínio analógico.
Neurônios disparando spikes assemelham-se
a geradores PWM em eletrônica.

Lendo milhares de Neurô-


nios simultaneamente
Entretanto, o sinal elétrico gerado por
apenas um único neurônio não significa
nada para o neurocientista. O cérebro é um
processador distribuído e de funcionamento
paralelo.
Para que um sinal gerado no cérebro
F4. Sinal elétrico típico gerado de qualquer animal tenha significado (por
por um único neurônio. exemplo, a informação de mover um dedo),
é necessário que milhares de neurônios, de
regiões distintas do cérebro, produzam spi-
kes e bursts. Por este motivo é que a MEA
tem no mínimo 60 eletrodos: pode-se ler
com ela, simultaneamente, o sinal elétrico
oriundo de milhares de neurônios ao mesmo
tempo. Para registrar estes sinais existem
programas específicos de computador, como
por exemplo o Neurorighter cuja janela é
mostrada na figura 6.

Aplicações
Um dos mais interessantes experimen-
tos com MEA é ilustrado na figura 7.
Trata-se de um sistema de controle
em malha fechada, onde(1) representa a
Cultura de células nervosas na matriz de
multieletrodos(2), representa o amplificador
de sinais, conversor A/D e o computador, (4)
que executa um programa que reproduz um
ratinho num labirinto, o qual tenta encontrar
sua recompensa (queijo).
Esse ratinho virtual na tela do compu-
tador passa a ser controlado pelos sinais
elétricos provenientes da própria matriz
de multieletrodo. Quando o ratinho está
indo para o lado certo, o módulo (3) que
é o Estimulador, gera impulsos elétricos
que são interpretados pelos neurônios in
vitro como um feedback positivo. O sinal
proveniente dos neurônios (em 60 canais)
é, então, amplificado e combinado usando-se
Algoritmos de Software (Filtros de Wiener
F5. Spikes e Bursts registrados na MEA. À direita, ilustração esquemati- e Filtros Kalman).
zando os Intervalos entre Bursts e ISI (Intervalos entre Spikes).

14 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


tecnologias
É preciso fazer uma “média ponderada”
dos 60 canais para tentar entender a “lin-
guagem dos neurônios” e esta média é feita
por métodos matemáticos (regressão linear)
pelos citados algoritmos. É uma importante
área de Processamento de Sinais que ajuda
a Neurociência a entender os neurônios,
campo de aplicação para DSPs e FPGAs.
É esta mesma tecnologia que permite
a construção das Brain Computer Interfaces
(BCI) ou “Interfaces Cérebro-Máquina”. Em
seu laboratório, na Universidade Duke (Es-
tados Unidos), o cientista brasileiro Miguel
Nicolelis tem construído e testado interfaces
BCI com implantes cerebrais invasivos. F6. Janela do Neurorighter, software para
Anestesiando suas cobaias, o professor registros de sinais de MEA.
Nicolelis faz implantes de matrizes de mi-
croeletrodos no cérebro de animais vivos.
Estes implantes se assemelham a centenas
de agulhas muito finas, conforme mostrado
na figura 8.
Neste laboratório os sinais elétricos pro-
venientes do cérebro de macacos são lidos,
interpretados pelo computador e usados para
controlar braços eletromecânicos e outras
próteses artificiais, abrindo um campo total-
mente novo para a tecnologia: o controle dos
dispositivos diretamente a partir da mente. O
maior problema tecnológico atual é trocar os
implantes invasivos (que exigem cirurgia no
cérebro) por eletrodos não invasivos (exter-
nos) mantendo-se a qualidade do sinal captado.

Conclusão
Os cientistas mais sonhadores acredi-
tam que chegará um dia (daqui a centenas
ou milhares de anos) em que será possível F7. Sistema Neuronal em
implantar um cérebro humano inteiro ligado malha fechada.
eletronicamente a um corpo cibernético.
O corpo humano tem duração limitada, os
órgãos (fígado, rins, pulmões, coração, etc.)
irão morrer, mas o cérebro poderá continuar
vivendo dentro de um robô! Esta seria uma
hipótese científica para a imortalidade.
Aqui no Brasil, o professor José Hiroki
Saito (UFSCar) e o autor deste artigo
(Unisal - Campinas) têm trabalhado no de-
senvolvimento de um Sistema de Aquisição
e Registros de Dados em MEA.
Voltaremos em um futuro próximo
apresentando outro artigo onde descreve-
remos a construção de uma BCI (Interface
cérebro-máquina) capaz de ler e interpretar
os sinais cerebrais de forma não invasiva,
descrevendo detalhes sobre o hardware e
o software envolvidos. E F8. Implante cerebral invasivo, também
chamado “MEA in vivo”.

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 15


tecnologias

Placa Gravadora GravaPen:


grava e reproduz sons em um Pen Drive
utilizando o mais novo chip LT-1955
José Fonseca

C
Pensando nas necessidades de diversos om esta placa é possível reproduzir Ideal para aplicações com microcontro-
desenvolvedores de produtos tecnológicos, e gravar quaisquer tipos de sons lador, uma vez que a placa GravaPen possui
em formato WAV diretamente em entradas para endereçamento de leitura e
hobistas e estudantes, a Liatec desenvol-
um Pen Drive. Pode-se utilizar o gravação dos arquivos, podendo facilmente
veu a placa GravaPen, capaz de gravar e próprio microfone embutido na placa para ser interligadas às portas de I/O de um
reproduzir sons diretamente em um Pen capturar o som a ser gravado, ou ajuda a microcontrolador. A placa conta ainda com
Drive, dispensando a utilização de qual- usar qualquer outro tipo de fonte de áudio um sinal indicador de fim de arquivo, de
quer tipo de dispositivo externo. conectado a entrada auxiliar. Outra opção maneira a informar ao microcontrolador
de gravação é conectar o pen drive a um que o áudio que estava sendo reproduzido
computador, transferir o áudio que se dese- já chegou ao fim.
ja reproduzir e tornar a conectá-lo à placa, É muito útil em aplicações profissionais
respeitando somente o tipo de formato onde se deseja reproduzir diferentes sons,
de áudio (WAV) e nome do arquivo a ser ou mesmo diferentes mensagens em deter-
reproduzido (REC001 a REC255). minadas situações. Exemplos: Informativo
A capacidade de armazenamento de de andares de elevadores, Mensagens de
áudio depende única e exclusivamente da centrais telefônicas, Informativo de estações
capacidade do pen drive a ser utilizado. Já de trens e metrô, Menu de opções em áudio,
a quantidade de áudio a ser reconhecido Alarmes, entre várias outras.
pela placa é de 255 arquivos diferentes, não Observe abaixo, na figura 1, a descri-
importando o tamanho de cada um. ção da placa.

F1. Detalhes da placa


gravadora GravaPen.

16 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


tecnologias
Operações básicas (utilizando
as teclas existentes na placa)
Para gravar um arquivo de áudio, o
usuário tem três opções:

Utilizando um PC para transferir


os arquivos para o Pen Drive
Nesta opção, o usuário terá que veri-
ficar a existência de uma pasta chamada
RECORD (em maiúsculo ou minúsculo)
na raiz do Pen Drive. Caso não exista, o
usuário deverá criá-la e os arquivos deverão
ser transferidos para dentro dela. Outro
cuidado a ser verificado é o formato (tipo)
de arquivo a ser gravado no Pen Drive para
posterior reprodução, pois a placa somente
lê arquivos do tipo WAV.
Observação: A placa somente re-
conhece arquivos que estejam gravados
dentro da pasta RECORD e nomeados/
chamados de REC001.wav até REC255.wav,
de forma que os números de 001 até 255
representam o endereço/posição do arqui- F2. Esta porta é ativada em nível lógico 0
vo dentro da pasta RECORD no Pen Drive. (próximo de zero volt ou aterrada).

Utilizando o microfone
embutido
Para gravar um arquivo de áudio utili-
zando o microfone embutido da placa, basta
introduzir um Pen Drive na entrada USB da
placa e, em seguida, pressionar o botão GRA-
VA e mantê-lo pressionado durante todo o
tempo de gravação. No momento em que
o botão GRAVA deixar de ser pressionado,
o processo de gravação será finalizado e o
arquivo será gerado no Pen Drive.
Os jumpers JP1 e JP2 deverão estar
abertos. A placa GravaPen necessita de 1,5
segundos para criar a pasta RECORD no
Pen Drive e outros 1,5 segundos para iniciar
a gravação de um arquivo. Isto é, caso o
usuário utilize um Pen Drive que já possua
em sua raiz uma pasta chamada RECORD,
ao ser pressionado o botão GRAVA, a placa
somente iniciará o processo de gravação 1,5
segundos depois. Já no caso do Pen Drive
não possuir a pasta RECORD em sua raiz, F3. Configuração utilizando
ao ser pressionado o botão GRAVA a placa o microcontrolador.
somente iniciará o processo de gravação 3
segundos depois (1,5 segundos para criar Antes de iniciar um processo de um endereço/posição já existente dentro da
a pasta RECORD e mais 1,5 segundos para gravação, a chave de endereçamento pasta RECORD e seja iniciado um processo
iniciar o processo de gravação). manual deverá estar configurada para o de gravação, este não será executado. Caso
Os arquivos criados pela placa recebem endereço/posição em que se deseja gravar se deseje substituir um arquivo existente
o nome RECxxx, onde xxx representam o arquivo. por outro, esta operação deverá ser exe-
o endereço/posição do arquivo dentro da Observação: Caso a chave de ende- cutada utilizando-se um PC para apagar o
pasta RECORD no Pen Drive. reçamento manual esteja configurada para arquivo que se deseja substituir.

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 17


tecnologias
Utilizando a entrada auxiliar Caso a chave de endereçamento manual for pressionado novamente o botão PULA,
Para gravar um arquivo de áudio utilizan- esteja configurada para um endereço/posição imediatamente será dado início à reprodução
do a entrada auxiliar da placa, basta introdu- já existente dentro da pasta RECORD, e seja do arquivo REC007.wav.
zir um Pen Drive na entrada USB da placa, iniciado um processo de gravação, este não Observação: Diferente do botão
conectar a fonte de áudio à entrada auxiliar será executado. Caso se deseje substituir um TOCA, o botão PULA não precisa ficar
e, em seguida, pressionar o botão GRAVA e arquivo existente por outro, esta operação pressionado durante todo o tempo de re-
mantê-lo pressionado durante todo o tempo deverá ser executada utilizando-se um PC produção do arquivo. Basta pressionar uma
de gravação. No momento em que o botão para apagar o arquivo a ser substituído. única vez por pelo menos 1 segundo e, em
GRAVA deixar de ser pressionado, o proces- seguida, deixar de pressioná-lo, que o arquivo
so de gravação será finalizado e o arquivo Reproduzindo um será reproduzido até o fim. Para interromper
será gerado no Pen Drive. Os jumpers JP1 arquivo de áudio uma reprodução de arquivo que foi iniciada
e JP2 deverão estar fechados. Para reproduzir um arquivo de áudio, o através do botão PULA, basta pressionar o
A placa GravaPen necessita de 1,5 se- usuário tem duas opções: botão TOCA por pelo menos 1 segundo e
gundos para criar a pasta RECORD no Pen deixar de pressioná-lo. A reprodução será
Drive e outros 1,5 segundos para iniciar Utilizando o botão TOCA: imediatamente interrompida.
a gravação de um arquivo. Isto é, caso o Para reproduzir um arquivo de áudio
usuário utilize um Pen Drive que já possua contido na pasta RECORD do Pen Drive, Operações avançadas
em sua raiz uma pasta chamada RECORD, basta selecionar o endereço/posição em que (controlando a placa
ao ser pressionado o botão GRAVA, a placa o arquivo se encontra através da chave de utilizando microcontrolador)
somente iniciará o processo de gravação 1,5 endereçamento manual e, em seguida, pres- Já há anos, grande parte dos projetos pro-
segundos depois. Já no caso do Pen Drive sionar o botãoTOCA e mantê-lo pressionado fissionais usam microcontroladores como o
não possuir a pasta RECORD em sua raiz, durante todo o tempo de duração do arquivo. componente principal para tomada de decisão
ao ser pressionado o botão GRAVA a placa Caso o botão deixe de ser pressionado antes e controle de dispositivos. Pensando nisso, ao
somente iniciará o processo de gravação 3 do fim do arquivo, a reprodução do mesmo projetar a placa GravaPen, a LIATEC disponi-
segundos depois (1,5 segundos para criar a será interrompida. bilizou alguns conectores que servem como
pasta RECORD e mais 1,5 segundos para portas de controle para serem interligadas a
iniciar o processo de gravação). Utilizando o botão PULA: microcontroladores, possibilitando aos pro-
Os arquivos criados pela placa recebem o Ao ser pressionado o botão PULA, será jetistas total flexibilidade para utilização dos
nome RECxxx,onde xxx representam o endere- dado início à reprodução do arquivo imedia- recursos da placa em seus projetos.
ço/posição do arquivo dentro da pasta RECORD tamente posterior ao último arquivo repro- A seguir serão apresentadas algumas
no Pen Drive. Antes de iniciar um processo de duzido. Exemplo: Foi reproduzido o arquivo possibilidades de controle e acionamento da
gravação, a chave de endereçamento manual de- REC005.wav e em seguida foi pressionado o placa, utilizando microcontrolador.
verá estar configurada para o endereço/posição botão PULA, imediatamente será dado início
em que se deseja gravar o arquivo. à reprodução do arquivo REC006.wav. Se Gravando um arquivo de áudio
Inicialmente, o usuário ou projetista po-
derá optar por efetuar a gravação do áudio
utilizando uma das três formas apresentadas
na página anteriormente, levando-se em con-
sideração todas as temporizações informadas
e todos os processos e notas associados,
com a única diferença de que não usam mais
o botão GRAVA para dar início ao processo
de gravação. No lugar do botão GRAVA, será
utilizada a entrada da porta de acionamento
de gravação, de acordo com a figura 2, com
um microcontrolador.
Para iniciar o processo de gravação, basta
programar uma porta do microcontrolador
para uma saída de zero volt e manter neste
estado durante todo o tempo desejado para
efetuar a gravação. Para finalizar, basta progra-
mar a saída do Microcontrolador para nível
lógico 1 (aproximadamente 3 volts).
Nota: Antes de iniciar um processo
de gravação, o endereço/posição no qual o
F4. Estas portas são ativadas em nível lógico 0 arquivo irá ocupar deverá estar previamente
(próximo de zero volt ou aterradas).

18 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


tecnologias
configurado. Para tal, o usuário poderá optar Os únicos fatores que limitam a placa são: GRAVA, nenhum arquivo será criado e,
por fazê-lo de forma manual, utilizando a Capacidade de armazenamento do Pen Dri- consequentemente, a gravação não será
chave de endereçamento manual, ou o micro- ve, ou número máximo de 255 arquivos. Ou efetuada. Na hipótese de existir um peque-
controlador. Para o último caso, a chave de seja, pode-se gravar ou reproduzir arquivos no espaço livre no Pen Drive e ser iniciado
endereçamento manual deverá estar configu- de qualquer tamanho ou tempo de duração. um processo de gravação, o arquivo será
rada para o endereço 0 (todas as switches na Caso o Pen Drive a ser utilizado tenha criado e a gravação será iniciada. Caso a
posição zero) e o endereçamento efetuado esgotado sua capacidade de armazenamen- gravação não tenha terminado e o limite
através das entradas da porta de endereça- to (sem nenhum espaço livre) e indepen- do Pen Drive seja esgotado, a gravação
mento externo por um microcontrolador, dentemente de não terem sido completado será finalizada e será gravado somente o
como mostrado na figura 3. os 255 arquivos, e seja pressionado o botão conteúdo até este momento. E
Reproduzindo um
arquivo de áudio
De forma análoga ao item “Reprodu-
zindo um arquivo de áudio” e todas suas
observações feitas, o usuário poderá optar
por reproduzir um arquivo de áudio usando
uma das duas formas apresentadas, com a
diferença de que no lugar dos botões TOCA
e PULA, será utilizado um microcontrolador
em substituição aos mesmos, conforme ilustra
a figura 4.
Para efetuar o endereçamento dos ar-
quivos, poderá ser utilizada a chave de ende-
reçamento manual, ou um microcontrolador.
Para o último caso, a chave de endereçamento
manual deverá estar configurada para o ende-
reço 0 (todas as switches na posição zero) e o
endereçamento efetuado através das entradas
da porta de endereçamento externo, por um
microcontrolador. Observe a figura 5.
No caso de se efetuar uma reprodução
de arquivo de áudio empregando microcon- F5. Configuração no caso de uso
trolador, deverá receber uma informação de do microcontrolador.
fim de arquivo, para então saber o momento
em que o comando de TOCA deverá ser
retirado, possibilitando a reprodução dele ou
de outro arquivo.
A placa GravaPen disponibiliza em uma de
suas portas, um “sinal” de indicação de fim de
reprodução de arquivo, de forma a possibilitar
ao microcontrolador saber quando a repro-
dução do arquivo chegou ao fim (figura 6).
Antes de iniciar ou ao término de uma
reprodução de arquivo, o valor do sinal é 3,3
V. Durante toda a reprodução do arquivo, o
valor do sinal é zero volt.

Conclusão
Se a reprodução de um arquivo estiver
em andamento e o botão GRAVA for pressio-
nado, a reprodução será interrompida e será
iniciado o processo de gravação, obedecendo
as temporizações já mencionadas.
Não existe limite de tamanho ou tempo
de gravação e/ou reprodução de arquivos. F6. Detalhe do “fim da
reprodução”.

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 19


Eletrônica Aplicada
Energia

Smart Grid:
Energia de nova geração para
os desafios de hoje
Nem sempre está claro o que se entende pela expressão “Smart Grid”.
O objetivo é tornar o processo mais sustentável, diminuir os custos opera-
cionais, e beneficiar a sociedade com novos serviços (energias renováveis,
veículos elétricos, geração distribuída, etc.) elétrico enfrenta grandes desafios para
Ronald Eduardo Avelar alcançar um conceito integrado.
Fujitsu
Smart Grid:
Da teoria à prática
O setor elétrico brasileiro Smart Grid como um indutor Diversas são as tecnologias, padrões
Recentemente, têm sido pauta de dis- do desenvolvimento e arquiteturas disponíveis, mas fazer
cussão no setor elétrico os riscos do forne- Smart Grid, ou Redes Inteligentes, é, uma escolha inteligente irá garantir que
cimento de energia elétrica no país devido atualmente, um conceito frequentemente o processo de modernização alcance os
a diversos fatores como, por exemplo, citado dentro da indústria de energia. A benefícios esperados e a expectativa tanto
nível baixo dos reservatórios das usinas aplicação desse conceito promove a mo- do setor como da sociedade.
hidrelétricas, atraso de obras e aumento dernização do processo de fornecimento No setor elétrico, devido às demandas
na demanda de energia nos últimos anos. de energia, envolvendo as mais diversas regulatórias, requisitos técnicos e neces-
Contribuindo com estas incertezas, o setor áreas do setor elétrico: Geração, Trans- sidade de alcançar melhores índices de
tem passado por mudanças regulatórias missão e Distribuição de energia. E esta qualidade do serviço, tecnologias (wi-
importantes, deixando os investidores modernização tem como objetivo tornar reless, fibra óptica e CLP, entre outras)
apreensivos. o processo cada vez mais sustentável, foram aplicadas até em pontos estraté-
Diante deste cenário, uma visão de reduzir os custos operacionais, postergar gicos, como por exemplo, subestações
médio e longo prazo é fundamental para investimentos devido ao aumento de de- de energia, que transformam a energia
que possamos garantir um crescimento manda de energia e beneficiar a sociedade oriunda de centros distantes de geração
sustentável do país, principalmente consi- com novos serviços (energias renováveis, até as cidades, onde é distribuída.
derando a complexidade do setor elétrico. veículos elétricos, geração distribuída, Embora as tecnologias sejam diversas,
Quando uma análise mais profunda entre outros), ou seja, aperfeiçoar toda o grande desafio está relacionado à co-
é realizada, estratégias mais adequadas a cadeia de fornecimento de energia municação da chamada “última milha”:
podem ser determinadas para garantir o elétrica. Porém, a modernização do setor medidores inteligentes, sensores e equi-
fornecimento de energia elétrica ao país.
Um dos indicadores que merece atenção
é o “índice de perdas de energia”.
Na figura 1 é possível observar que o
Brasil, em comparação com os demais paí-
ses da América Latina, possui maior perda
de energia, na ordem de 16 %. Esta perda é
ainda mais acentuada quando comparamos
o Brasil com os demais países do mundo.
Investimentos que busquem maior
eficiência são extremamente importantes
no setor elétrico, principalmente para ga-
rantir um crescimento sustentável do país
sem riscos. É nesta maior “inteligência”
ou eficiência que o conceito “Smart Grid”
entra em cena. F1. Perda de Energia Elétrica: Trans-
missão e Distribuição (%)

20 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


Eletrônica Aplicada

pamentos de automação, espalhados pela


rede de distribuição. Neste caso, o desafio
está diretamente relacionado aos diferen-
tes tipos de arquiteturas e tecnologias de
rede de comunicação.

WisReed
Nos últimos anos, sensores e funções
de comunicação sem fio estão sendo
construídos em mais e mais produtos e
infraestrutura social. A Fujitsu, alinha-
da com a visão global de Smart Grid,
desenvolveu pesquisas avançadas com
o objetivo de gerar uma tecnologia que
realmente atendesse a escalabilidade de
uma rede interligada.
A partir desta visão, nasceu a tecnolo-
gia WisReed Fujitsu que consiste em um
protocolo de roteamento de informações,
embarcado em sensores e equipamentos
físicos que promove uma comunicação
avançada destes dispositivos. Além disso,
a tecnologia WisReed é baseada em inteli-
gência artificial e em padrões de mercado.
É uma tecnologia de comunicação
RF Mesh (ad hoc) distribuída, autônoma,
que permite a construção automática de
uma rede wireless sem a necessidade de
configuração. É uma tecnologia inovadora
de “última milha”, embarcada em dispo-
sitivos como, por exemplo, medidores
inteligentes.

Rumo ao Futuro do
Setor Elétrico
Diversos são os desafios para que o
conceito Smart Grid seja uma realidade e
há vários estudos, atualmente, em anda-
mento e laboratórios “vivos” aplicados em
concessionárias de energia com o objetivo
de avaliar as mais diversas tecnologias.
A situação não é diferente para a Fujit-
su, na qual projetos estão em andamento,
principalmente na área de fornecimento
de energia avançada, promovendo a
viabilização de soluções não apenas para
Smart Metering ou medição de energia in-
teligente, como também para Smart Grid
ou Redes inteligentes de fornecimento
de energia.
As tecnologias para alcançar o con-
ceito Smart Grid, ou Redes Inteligentes,
estão disponíveis a todos, porém a escolha
correta será o grande determinante para
que a sociedade possa usufruir de seus
benefícios, agora e no futuro. E

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 21


Instrumentação

Teste de
Equipamentos Médicos
O mercado mundial de equipamentos médicos é muito grande e crescen-
te. Os equipamentos variam desde sistemas muito complexos de imagens
(como ressonância magnética) até equipamentos mais simples, como
monitores de pressão arterial usados nas unidades de terapia intensiva (UTI).
Todos querem que os equipamentos utilizados para os cuidados de saúde
sejam tão precisos quanto possível, mas fazer as medições dessas condições
de um corpo humano pode ser um desafio.

Werner Heilbrun
MIT Meastech

A
o testar os equipamentos ele- de sinais são testados. E, no entanto, é produção de produtos médicos, uma vez
trônicos em um laboratório, necessário um elevado grau de preci- que eles estão em produção. Sinais de teste
um engenheiro pode injetar são. Do ponto de vista da engenharia, o são usados antes que o item seja enviado
um sinal de teste, sabendo que equipamento de teste precisa fazer boas para o usuário final. O traço superior da
é sempre a mesma forma e, em seguida, medições de sinais de disparo único figura 1 mostra um exemplo de um sinal
olhar para a saída do dispositivo em teste. “single-shot” (sem média porque o sinal de teste.
Isso também pode ser feito quando testa não é repetitivo) em condições em que o A forma do sinal é captada usando-se
equipamentos médicos, mas quando se nível de ruído é significativo. um osciloscópio de armazenamento digi-
trata de utilização efetiva no mercado, tal (DSO), também vulgarmente referido
fazendo medições dos sinais a partir de Geração de sinais de teste como um osciloscópio digital. Existem
um ser humano, pode ser muito mais Claro que, quando um medicamento pulsos regulares, tais como aquele próxi-
complicado. está em desenvolvimento, ele é submetido mo do meio da tela. Cada pulso grande
Não existe nenhuma fonte de sinal a um grande número de testes antes de tem pulsos menores imediatamente antes
repetitivo. Cada batida do coração é um interagir com um ser humano. Durante e depois dele. Toda a forma de onda é
pouco diferente e cada disparo de uma a fase de design de produto, é necessária semelhante à saída de uma máquina
sinapse eléctrica difere dos anteriores. uma fonte de sinal para emular os sinais de ECG (Ecocardiograma). Os grandes
Muitas vezes, a relação sinal/ruído (SNR) que serão eventualmente testados. A pulsos são chamados de “ondas R” e os
não é tão boa como quando outros tipos mesma teoria se aplica para os testes de pulsos menores, antes das ondas R, são

F1. O traço superior é um sinal de um gerador de forma de onda F2. O mesmo sinal de osciloscópio 8 bits tal como na figura 1, mas
arbitrária e captado por um osciloscópio. O traçado inferior é um desta vez, ele foi obtido usando-se o modo de alta resolução. Isso
detalhe ampliado da porção destacada do traço superior. reduz o ruído, mas também distorce o sinal.

22 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


Instrumentação

F3. O mesmo sinal capturado com um osci- F4. Utilizando-se o modo de alta resolução no HRO, a
loscópio de alta resolução (HRO). forma real do sinal subjacente pode ser agora vista.

chamados de “ondas P”. O conjunto de um bom sinal para trabalhar. O osciloscó- adicionam muito menos ruído ao sinal
pulsos é montado no topo de uma mo- pio oferece parâmetros que medem a altura no processo de captura. Eles também
dulação lenta. “pico a pico” e o ruído “RMS”. captam o sinal utilizando ADCs de 12 bits
Este sinal é produzido por um gerador Mas, e se a característica importante (conversores analógico- digitais), em vez
de forma de onda arbitrária ArbStudio para o estudo for a forma do sinal de base dos mais comuns ADCs da maioria dos
(fabricado pela Teledyne LeCroy). Um e, além disso, o que será substancialmente osciloscópios de 8 bits.
instrumento como este pode produzir obscurecido pelo ruído? Embora o sinal da figura 3 ainda tenha
qualquer forma de sinal arbitrária ou Como o sinal subjacente não é re- ruído, não é tanto como na figura 1. A dife-
funções-padrão (como ondas senoidais, petitivo, a média do sinal não pode ser rença é que o sinal mostrado na figura 3 é
triangulares, rampas, etc.). Ele pode até utilizada. Outra técnica para reduzir os muito mais próximo da verdadeira forma
mesmo importar os sinais do mundo real componentes de ruído no sinal pode ser do sinal. Na figura 1, o ruído extra foi adi-
que foram capturados por um osciloscó- a aplicação de filtros. Neste exemplo, o cionado pelo processo de captura do sinal
pio digital e, em seguida, reproduzir essas ruído é de uma frequência mais elevada utilizando-se um instrumento de baixa
formas de sinais. do que a do sinal de interesse, pelo que resolução. Na figura 4, uma filtragem é
Os sinais podem ser produzidos uma um filtro passa baixas é necessário. Muitos aplicada para reduzir o ruído do sinal. O
vez (single shot), várias vezes, ou como osciloscópios oferecem estes filtros. A Te- engenheiro, agora, ganha uma aparência
um ciclo contínuo. Um engenheiro tam- ledyne LeCroy oferece um pacote de Filtro limpa na forma do sinal subjacente. Há
bém pode modificar um sinal do mundo Digital (DFP) que permite que o usuário uma pequena superação muito interes-
real, adicionando ou reduzindo ruído, alcance para selecionar a partir de uma sante na extremidade traseira do pequeno
introduzindo falhas ou outros tipos de ampla gama de tipos de filtros. Os índices pulso (onda P). Isto pode ser muito útil
modificações de sinal. Geradores de for- dos filtros de roll-off podem também ser para o diagnóstico médico.
mas de onda arbitrárias são ferramentas selecionados. Se apenas um simples filtro
muito úteis quando um sinal complexo é aceitável, uma característica-padrão de Conclusão
é necessário para testar um produto. A muitos osciloscópios Teledyne LeCroy O teste frequente dos dispositivos
Teledyne LeCroy oferece dois tipos: ArbS- é uma função matemática chamada médicos envolve a captura e medição
tudio (com mais memória para produzir resolução aprimorada. Esta função tem de sinais “mono disparo” que contêm
os sinais mais longos e complexos), e o filtros passa baixas selecionáveis pelo quantidades substanciais de ruído. Na
Wavestation (com memória mais curta usuário que irão remover o ruído de alta caracterização destes dispositivos, pode
para a geração de sinais de teste mais frequência. ser importante saber quanto do ruído
simples e mais curtos). A figura 2 apresenta o mesmo sinal, é uma parte real do sinal que deve ser
como na figura 1, mas com o modo de testado e quanto do ruído foi adicionada
Medições alta resolução ativado. O ruído é muito pelo processo de captura. Um HRO da Te-
Vamos supor que o pequeno “beat” reduzido. Infelizmente, o formato do ledyne LeCroy é altamente recomendado
(onda P) antes do pulso maior (onda R) sinal de base é também substancialmente para esta aplicação. Geradores de forma
é a parte que nos interessa do sinal a ser modificado. Esse método de se livrar do de onda arbitrária podem ser excelentes
medido. O traçado inferior na figura 1 é ruído não é muito útil neste caso. ferramentas para produzir estímulos,
um pormenor ampliado de uma parte do A figura 3 exibe o mesmo sinal cap- ondas que imitam o corpo humano. Um
sinal completo. É a mais brilhante porção tado, usando-se um osciloscópio digital engenheiro pode até mesmo capturar um
destacada do traço superior. Se desejarmos mais preciso, um HRO (osciloscópio de sinal real de um corpo humano e, em se-
medir a quantidade de ruído comparado alta resolução). Estes tipos de instrumen- guida, reproduzi-la usando o gerador de
com a altura da pequena saliência, este é tos têm amplificadores de ruído, os quais forma de ondas arbitrária (AWG). E

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Instrumentação

Principais componentes de um sistema de


aquisição de dados (DAQ)
Aquisição de Dados é o processo para medir um fenômeno elétrico ou físi-
co como tensão, corrente, temperatura, pressão ou som. Aquisição baseada
em PC utiliza uma combinação de hardware modular, software de aplicação
e um computador para obter as medições. Embora cada sistema de aquisição
de dados seja definido pelos requisitos da aplicação, eles compartilham um
objetivo em comum, adquirindo, analisando, e apresentando a informação.
Sistemas de aquisição de dados incorporam sinais, sensores, atuadores,
condicionamento de sinais, dispositivos DAQ e softwares de aplicação.

Guilherme Kenji Yamamoto Componentes de um damente, e garantindo assim segurança.


Renan Airosa de Azevedo Sistema de Aquisição de Alguns hardwares de aquisição de dados
National Instruments Dados (DAQ) possuem integrado o condicionamento de
A seguir estão listados os principais sinal, então podemos conectar um sensor
componentes de Aquisição de Dados: diretamente em um canal de entrada.

Transdutores/Sensores Hardware de
A aquisição de dados inicia-se com Aquisição de Dados
um fenômeno físico a ser medido. Este O hardware de aquisição de dados
fenômeno físico pode ser a temperatura atua como uma interface entre o compu-
de uma sala, a intensidade de uma fonte tador e o mundo exterior. Basicamente,
de luz, a pressão interna de uma câmara, a funciona como um dispositivo que di-
força aplicada em um objeto, entre outros. gitaliza os sinais analógicos de entrada
Um transdutor (ou sensor) é um disposi- e, então, o computador pode interpretar
tivo que converte um fenômeno físico em estes sinais. Outras funcionalidades dos
um sinal elétrico mensurável, como tensão hardwares de aquisição de dados incluem
ou corrente. Há transdutores específicos saída analógicas, E/S digital, contadores/
para diferentes aplicações, como termo- temporizadores e pulsos de sincronização
pares para temperatura, strain gages para e sincronização do circuito.
pressão, ou microfones para som.
Software de Driver
Condicionamento de Sinais e de Aplicação
Algumas vezes, os transducers geram O software transforma o PC e o har-
sinais muito difíceis ou muito perigosos de dware de aquisição de dados em uma fer-
se medir diretamente com um dispositivo ramenta completa de análise de aquisição e
de aquisição de dados. Por exemplo, quan- visualização de dados. Há duas camadas de
do trabalhamos com altas tensões, ambien- software no sistema de aquisição de dados:
tes ruidosos ou sinais extremamente altos software de driver e software de aplicação.
(ou baixos), o condicionamento de sinais Software de driver é a comunicação da
é essencial para uma aquisição de dados camada entre o software de aplicação e o
eficaz. O condicionamento de sinais maxi- hardware. A camada de aplicação pode ser
miza a precisão de um sistema, dando aos qualquer ambiente de desenvolvimento em
sensores a habilidade de operar apropria- que você pode criar uma aplicação persona-

24 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


lizada que obedece a critérios específicos, ou Express, uma plataforma modular de Considerações para escolher
pode ser um programa com configuração computador mais robusta especificamente as melhores ferramentas de
baseada na funcionalidade de pré-ajuste. para aplicações em medições e automa- geração de relatórios para o
Software de aplicação adiciona a capaci- ção. A última geração de dispositivos seu sistema DAQ
dade de análise e visualização ao software DAQ oferece conectividade através de Os dados são adquiridos por um moti-
de driver. rede sem fio e cabeamento Ethernet. vo: permitir a tomada de decisões baseada
em informações obtidas a partir dos dados
Considerações para seu Software e Linguagem de brutos. A tecnologia permite reter uma maior
sistema de aquisição de Programação quantidade de dados de maior qualidade e
dados (DAQ) Há muitas opções de software que maior rapidez. Entretanto, o armazenamen-
Leve em consideração as seguintes podemos aproveitar no hardware de to, gerenciamento e compartilhamento de
informações: aquisição de dados. Utilitários baseados dados continuam sendo grandes desafios.
em configuração, como o NI LabVIEW A meta da maior parte dos sistemas de
Medições e Tipos de E/S SignalExpress, não requer programação aquisição de dados (DAQ) é coletar dados
Os transdutores apropriados con- e contém medições básicas, log de dados para análise que, no final, será apresen-
vertem fenômenos físicos em sinais e uma fácil análise. Quando construído tada ou compartilhada na forma de um
mensuráveis, entretanto, sinais diferentes em sua própria aplicação personalizada, relatório. Há uma grande quantidade de
necessitam de meios de medição diferen- você pode escolher a partir de vários APIs opções à sua escolha para a geração de
tes. Sinais entram em duas categorias: para linguagens de programação como relatórios, porém, você deverá considerar
Analógicos ou Digitais. o LabVIEW,ANSI C, C++, Visual Basic, cuidadosamente os recursos da ferramen-
Um sinal analógico pode ser qualquer Visual Basic .NET, eo C# .NET. ta de geração de relatórios escolhida para
valor em um respectivo tempo. Alguns garantir que ela não será um “gargalo”
exemplos de sinais analógicos incluem Fatores de Desempenho em seu sistema.
tensão, temperatura, pressão, som e carga. Enquanto há uma variedade de formas
Quando escolher um hardware de aquisição dos fatores para hardware de aquisição de Minha ferramenta de
de dados para medições analógicas, deve dados, barramentos específicos oferecem geração de relatórios
considerar o número de canais analógicos, melhor desempenho para determinadas pode trabalhar com
a taxa máxima de amostragem, a resolução aplicações do que outras. Quando ava- meus dados?
e as variações dos sinais de entrada. liamos o desempenho de um barramento, Uma vez que tenha sido escolhido
Em contraste, um sinal digital não pode devemos considerar fatores como largura um formato de armazenamento, você
ter qualquer valor em um respectivo tempo. de banda, latência, sincronização e porta- precisará certificar-se que a ferramenta
Ao contrário, um sinal digital possui dois bilidade. Largura de banda é a medição de geração de relatórios desejada será
possíveis níveis: alto e baixo. Quando es- da frequência em que o dado é enviado compatível com o formato dos dados
colher um hardware de aquisição de dados pelo barramento, tipicamente em mega- utilizado. Isso envolve o exame de dois
para medições digitais, deve considerar o bytes por segundo (MB/s), e latência é fatores importantes: formato dos arquivos
número de canais digitais, compatibilidade a medição de um atraso na transmissão e volume dos dados. Uma ferramenta de
com a família lógica e níveis digitais lógicos. de dados. Barramentos internamente geração de relatórios precisa ser capaz
conectados como o PCI Express e PXI não somente de carregar dados a partir
Forma dos Fatores Express fornecem a taxa de transferência de um formato de arquivo escolhido, mas
Plataformas de hardware para aquisi- e baixas latências de todas as opções de também tratar do volume de dados salvo.
ção de dados são escolhidas conforme os barramentos. Novas tecnologias como o
requisitos da aplicação ou da preferência NI signal streaming tornam isso possível Formato dos arquivos
pessoal. Por causa dos computadores esta- para sustentar a alta velocidade e fluxo de Os tipos de arquivo tradicionais
rem prontamente disponíveis para o uso, dados bidirecionais através da USB para raramente atendem todos os requisitos
muitos engenheiros e cientistas escolhem alcançar máxima taxa de transferência de que você precisa em um formato de
as placas de aquisição de dados (DAQ) nos dispositivos de aquisição de dados arquivo. Por exemplo, arquivos ASCII
PCI ou PCI Express que são conectadas em USB. são fáceis de serem compartilhados, mas
diretamente em seu computador. Entre- Outro desempenho considerável é a são grandes demais e têm leitura e escrita
tanto, alguns preferem uma solução com precisão de medição. Enquanto cada mó- lentas. As velocidades de leitura e escrita
maior portabilidade, como dispositivo dulo da National Instruments é calibrado dos arquivos binários são adequadas para
de aquisição de dados USB que pode ser após a produção, a precisão ainda se altera equipamentos de alta velocidade, mas
conectado em computadores, assim como de acordo com o tempo e temperatura. nem todos trabalham com esses arquivos.
também laptops. Tecnologias como o NI-MCal melhoram a O formato de arquivo Technical Data
Para aplicações que demandam maior precisão dos dispositivos pelo uso do sof- Management Streaming (TDMS) atende às
desempenho, os módulos DAQ estão tware de autocalibração para caracterizar necessidades específicas e aos exigentes
disponíveis para PXI/CompactPCI e PXI e corrigir este erro. requisitos de engenheiros e cientistas. Os

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Instrumentação

arquivos TDMS são baseados no modelo de amostras por segundo (MS/s) também coleta um canal de dados a 1 MS/s, um
de dados TDM para salvar dados de teste são comuns. Nessas aplicações, a manipu- total de 1.000.000 pontos de dados são
e medição de maneira bem organizada e lação e a interação dos dados são imple- coletados em uma aquisição de 1 segundo.
documentada. mentadas em um sinal – ou canal – como Em questão de minutos, bilhões de pontos
Com arquivos no formato TDMS, não um todo. Quando estamos manipulando de dados podem ser salvos em gigabytes
é preciso reprojetar sua aplicação quando colunas de células individuais, a unidade de espaço em disco rígido.
tiver requisitos mais exigentes de DAQ. de um sinal pode ser perdida. É possível Quando as ferramentas tradicionais de
Simplesmente amplia-se o modelo de manipular colunas inteiras de uma só vez, geração de relatórios carregam um arquivo
dados para atender suas necessidades. mas isso é complicado. As colunas, muitas que tenha um volume de dados muito
Como foi desenvolvido para atender as vezes, contêm informações descritivas grande, elas tentam carregar os pontos de
necessidades de todos os engenheiros, o como nome ou unidade, além de dados dados um por um na memória. O carre-
TDMS oferece facilidade de uso, streaming numéricos brutos. Nesse caso, você preci- gamento de todo um amplo conjunto de
em alta velocidade e facilidade de com- sará selecionar uma parte da coluna (por dados nessas ferramentas pode demorar
partilhamento. exemplo, a faixa A3:A999), o que aumenta vários minutos, devido ao enorme volume
As ferramentas tradicionais de análise o trabalho e introduz a possibilidade de de dados que precisa ser carregado. Essa
financeira, muitas vezes utilizadas em inexatidões ou erros. flexibilidade baseada na célula é ideal para
relatórios de engenharia, usam a célula Na figura 1, o Microsoft Excel é usado planilhas de negócios, nas quais a visibili-
como seu elemento fundamental. As para executar uma tarefa de engenharia sim- dade das células é importante. Entretanto,
células formam linhas e colunas para for- ples, mas comum: calcular a média de cinco aumenta desnecessariamente a ocupação
mar uma planilha, uma arquitetura ideal canais de temperatura armazenados em de memória quando são usados conjuntos
para orçamentos e balanços. Aplicações colunas para criar um canal de valor médio. de dados com milhões de valores.
simples de aquisição de dados pontuais O cálculo da média deve primeiro ser Para evitar problemas potenciais de
– por exemplo, a coleta de um ponto de implementado com o componente funda- memória, as ferramentas tradicionais de
dado por hora ao longo de um dia – são mental, a célula, e em seguida copiado (ou geração de relatórios, muitas vezes, impõem
muitas vezes mapeadas facilmente para colocado) em todas as células da coluna um limite quanto à quantidade máxima de
essa arquitetura, pois quanto menor o nú- de resultado. valores de dados que podem ser carregados
mero de dados coletado, mais importante em uma coluna. Isso normalmente exige que
será cada ponto de dados. Cada ponto de Volume de dados os engenheiros reformulem sua estratégia
dados existe como uma célula em uma Atualmente, as velocidades de trans- de armazenamento, seja escolhendo outro
planilha, devendo ser tratado como tal. ferência de dados de aplicações comuns, formato de arquivo (que traz a possibilidade
Aplicações DAQ que coletam dezenas muitas vezes, atingem ou ultrapassam de que tenham de rearquitetar suas aplicações
de canais de dados em taxas de milhões valores de MS/s. Em uma aplicação que mais tarde) ou segmentando dados em mui-
tos arquivos pequenos que possam ser abertos
por suas ferramentas de geração de relatórios.
Quando estiver projetando um sis-
tema DAQ, você deverá se assegurar de
que a ferramenta de geração de relatórios
escolhida pode trabalhar com o formato
de arquivo escolhido e o volume de dados
que planeja adquirir (reservando alguma
flexibilidade para mudanças nos requi-
sitos que possam aumentar o volume de
dados coletados no futuro).

Minha ferramenta de
geração de relatórios
oferece os recursos visuais
de que preciso?
Para a geração de relatórios, a maior
parte dos engenheiros precisa, no mínimo,
de recursos de representação por charts
e gráficos. Felizmente, quase todas as
F1. O Microsoft Excel utiliza a célula
como seu componente fundamental.
ferramentas de geração de relatórios dis-
Até mesmo uma análise de dados poníveis no mercado podem criar charts
simples precisa ser aplicada a uma e gráficos simples. Entretanto, devemos
célula e, então, repetida para todas as nos assegurar de que esses charts podem
células de uma coluna (canal).

26 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


representar graficamente o volume de da- Posso automatizar a
dos desejado, pois muitos impõem limites geração de relatórios para
quanto ao número de pontos de dados. economizar algum tempo?
Se você souber que vai precisar re- Tipicamente, uma aplicação DAQ
presentar graficamente em um mesmo utiliza um dos dois cenários abaixo na
chart curvas que utilizam escalas “y” geração de relatórios: relatórios ocasio-
muito diferentes, precisará verificar se sua nais ou repetitivos. Os relatórios ocasio-
ferramenta de geração de relatórios tem nais são implementados sem frequência
recursos para diferenciar essas escalas. definida – normalmente, de maneira
Muitas ferramentas têm essa capacidade, interativa e baseada nas necessidades
mas têm também um número máximo do momento. Os relatórios repetitivos
limitado de eixos y. são gerados de maneira frequente e nor-
Além disso, precisa considerar suas malmente padronizada, muitas vezes
necessidades de geração de relatórios que usando templates.
vão além da representação gráfica básica Se você precisa gerar relatórios de
em 2D. Por exemplo, se tiver de represen- maneira repetitiva, terá de procurar uma
tar dados usando gráficos polares, ou se os ferramenta de geração de relatórios que
seus dados forem melhor representados tenha a função de geração automática.
na forma de um gráfico 3D, então sua Até mesmo as ferramentas tradicionais
ferramenta de geração de relatórios terá permitem o desenvolvimento de macros
de poder trabalhar com esses recursos. ou scripts para facilitar essa tarefa. Muitas
possuem modos de gravação e, dessa
Posso usar templates para forma, pode-se gravar scripts de maneira
simplificar a geração de interativa para automatizar avaliações ou
relatórios repetitivos? cálculos mais extensos.
Muitas vezes, precisamos utilizar um
mesmo tipo de relatório para diversos arqui- Minha ferramenta de
vos de dados brutos. Por exemplo, se você geração de relatórios
executa os mesmos tipos de testes todas as exporta dados no
semanas e tiver de informar os resultados de formato certo?
maneira padronizada, acabará por utilizar A saída final de uma ferramenta de
um mesmo tipo de relatório para vários geração de relatórios normalmente está
conjuntos de dados. Em ferramentas tradi- em algum formato que pode ser com-
cionais de geração de relatórios, o layout do partilhado facilmente e ser enviado por
relatório é salvo juntamente com os dados e-mail, impresso ou apresentado inde-
brutos, em um arquivo de planilha comum, o pendentemente do formato original dos
que dificulta bastante usar um determinado arquivos de dados brutos. A maior parte
layout para relatórios com vários conjuntos das ferramentas de geração de relatórios
de dados diferentes. O relatório de cada permite a exportação dos relatórios em
conjunto de dados terá o seu próprio layout diversos formatos, mas você precisa se
e formatação, o que significa que se você assegurar de que elas oferecem os forma-
precisar introduzir alguma modificação no tos de relatório mais comumente usados,
layout e formatação – por exemplo, algo tão por exemplo, arquivos PDF, slides do
simples como alterar a cor de uma curva – PowerPoint, imagens ou arquivos HTML.
terá de editar cada um de seus arquivos para Além disso, se você tiver necessidades
padronizar essa mudança. de criar relatórios extensos, por exemplo,
Criando templates, você pode criar rela- com dezenas de páginas, precisará se
tórios personalizados com maior facilidade assegurar de que a ferramenta escolhida
para atualizá-los com novos dados e resul- poderá exportar o seu relatório no formato
tados. Se você sabe que terá de criar um desejado e com o tamanho desejado. A
mesmo relatório várias vezes para diversos última coisa que você irá querer é ter
conjuntos de dados, terá de procurar uma de refazer todo o seu trabalho no final
ferramenta de geração de relatórios que do projeto de seu sistema simplesmente
possa criar um template e utilizá-lo para porque a ferramenta de geração de rela-
gerar relatórios com diferentes arquivos tórios escolhida não pode criar relatórios
de dados brutos. do tamanho que você precisa. E

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 27


Projetos

Projeto de Driver de LEDs


usando o FL7732
Será a iluminação a LED uma tecnologia capaz de substituir as lâmpadas
fluorescentes, incandescentes, de vapor de sódio, mercúrio e outras que vêm
iluminando nossas vidas nos últimos 134 anos? Veremos isso a seguir, mas
não tenham dúvida disso.

N
Celio D. Santos enhuma palavra exprime melhor a tecnologia e empurrando para cima os
Walter Pereira o que acontece no mundo atual patamares do conhecimento científico da
Wonseok Kang do que a palavra “transforma- humanidade, dos países e das empresas
Inki Park ção”. Inquestionavelmente, as como um todo.
gerações atuais testemunham um pro- Todavia, nada é de graça. Todo este
cesso inquietante de mudanças, uma progresso e este aumento desenfreado da
verdadeira avalanche que vem alterando complexa malha tecnológica, que envolve
o curso da história recente da humanida- os indivíduos, cobra seu preço. O número
de. A revolução da microeletrônica que de aparelhos que fazem parte da vida de
tanto mudou a face do mundo da década bilhões de pessoas, o número crescente
de 60 para cá, acabou por se converter de equipamentos nas casas, escritórios e
em um vetor de um fenômeno ainda empresas, tem colocado a questão do con-
maior do que ela própria, a chamada sumo de energia no centro das atenções
“globalização”. dos países e ameaçam os recursos do pla-
De fato, no mundo atual a única coisa neta, criam poluição e desafiam governos.
permanente é a mudança. O impacto Produzir uma nova central nuclear
da globalização como força propulsora hoje é uma decisão difícil, cara e de risco
do desenvolvimento e da difusão do para qualquer país. A energia térmica
conhecimento humano, da revolução do petróleo, além de poluente, é finita.
do comércio internacional, da mídia, da Recursos hídricos provocam danos irre-
expansão das redes de comunicação que paráveis à natureza e sua implementação
permite o acesso global e instantâneo às é cada vez mais dificultada pelos defen-
novas tecnologias, acaba por facilitar a sores da ecologia.
ascensão de mais pessoas ao consumo, Energias alternativas ainda não
impactando, também, os aspectos eco- provaram sua capacidade de prover as
nômicos, políticos e sociais das pessoas, necessidades crescentes do mundo. Por-
das sociedades e dos países, provocando tanto, tecnologias que contribuam para
um impressionante redemoinho de novas reduzir o consumo de energia se tornam
perspectivas. atraentes, prioritárias e desejáveis neste
Além disso, a voragem do processo mundo tecnológico e consumista.
é contínua, profunda e dinâmica, com Uma nova revolução silenciosa, po-
poderes cada vez mais avassaladores de rém profunda, começa a se desenvolver
continuar moldando o nosso presente e rapidamente como uma resposta a estas
o nosso futuro. necessidades do globo. Trata-se da ilu-
As revoluções explodem em todos os minação a LED.
campos, na medicina, indústria, serviços, Você certamente ouviu falar dela, mas
agricultura, política, educação, nos cam- talvez ainda não parou para avaliar corre-
pos da energia, nos transportes, teleco- tamente a sua real extensão, profundidade
municações, governos, impulsionando e impactos.

28 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


Estes pequenos diodos emissores de elétrons são capazes de se recombinarem, Empresas em geral avançam em suas
luz foram descobertos em 1963, inicial- liberando energia em forma de fótons. Este pesquisas.
mente na cor vermelha, e vem sendo, efeito é chamado de “luminescência”, na Recentemente, a Sharp, do Japão,
desde então, largamente utilizados qual a luz emitida corresponde à quantida- lançou módulos de LED de potência,
como lâmpadas indicadoras de estado, de de energia do fóton que é determinada chamados Mega Zenigata, com potência
ou seja, sinalizando se um aparelho está pela diferença do espectro, ou seja, pela de até 80 W com 5.580 lúmens com até 160
ligado ou não, e acabaram por entrar banda de energia do semicondutor. Quan- LEDs integrados em uma única pastilha
no campo da iluminação recentemente do polarizado corretamente, esta luz pode ou encapsulamento. Outras indústrias não
para valer. ser emitida em um ou mais comprimentos ficam atrás e também oferecem um varia-
O avanço do LED convencional para de onda, formando, assim, as cores. do espectro de LEDs de altíssimo fluxo lu-
o LED de potência foi uma consequência Muitos materiais semicondutores são minoso. O site da Philips Lumileds, Osram
natural. Desenvolvido inicialmente para utilizados para sua fabricação de acordo e outros grandes fabricantes, mostram que
substituir o flash de Xenônio nas câmeras com a luz que se quer gerar. Os mais os parâmetros atingidos já superam a ima-
fotográficas, não demorou para que estes comuns são: InGaP (Fosfeto de Gálio e ginação. A parte óptica é outra que cresce
LEDs de potência (muito mais eficien- Índio) que emite luz âmbar e vermelha, com as pesquisas e alavanca soluções cada
tes que os LEDs convencionais) fossem e o InGaN (Nitreto de Gálio e Índio) que vez melhores, abrindo ainda mais leques
adotados pelos fabricantes de lanternas e emite luz próxima do UV, azul e verde. de aplicações ao LED.
finalmente chegassem ao setor de ilumi- LEDs azuis e brancos já estão nas prate-
nação. No início, os LEDs apresentavam leiras das empresas. Quais as reais
intensidade luminosa de no máximo de Na verdade, os LEDs brancos são ob- vantagens do LED?
4.000 a 8.000 milicandelas com pequeno tidos a partir da conversão por fósforo da Vejam a seguir, as principais vanta-
ângulo de abertura de emissão de luz pastilha azul, tecnologias de composição gens em relação às lâmpadas incandes-
de no máximo 30 graus. Em 1990, com o de fósforos e a sua aplicação no chip azul centes e fluorescentes:
lançamento do LED LUXEON, da Philips são hoje as principais tecnologias desen- • Vida útil mais longa, chegando até
Lumileds, abriram-se novas perspectivas volvidas pelos fabricantes de LEDs a fim 50.000 horas de vida útil em média,
para aplicações de LED de potência na de assegurar, não somente a longa vida contra 2.000 h da lâmpada incan-
iluminação, pois apresentava fluxo lumi- útil que a tecnologia disponibiliza, como descente e 10.000 h da lâmpada
noso na ordem de 40 lúmens com ângulo também garantir a devida qualidade de fluorescente, em média, como diz
de emissão de até 110 graus. luz necessária para que os LEDs realmente a literatura vigente.
Desde então, a iluminação a LED se tornem a fonte de luz do futuro. A ado- • Redução dos custos de manutenção
vem causando uma profunda alteração ção do sistema de RGB coloca as combi- com menor número de trocas.
na indústria da luz. De fato, hoje os nações de cores em níveis estratosféricos. • Maior eficiência energética: con-
LEDs já estão mudando a natureza da O LED oferece muitas vantagens em verte mais de 80% da energia em
iluminação, abrindo novos caminhos relação à lâmpada incandescente ou flu- luz, ou seja, pode se produzir um
para onde e como a luz artificial pode ser orescente. Por ter alto rendimento e baixo fluxo luminoso maior com menor
usada para reduzir o custo, o consumo consumo, esta tecnologia é uma resposta consumo de energia.
de energia, aumentar o tempo de vida perfeita para quem procura sustentabi- • Não emite infravermelho, nem
das lâmpadas e propiciar várias novas lidade, este novo paradigma com que o ultravioleta no facho de luz, o que
aplicações, cujo limite depende apenas do mundo atual se defronta, da utilização colabora para não desbotar roupas,
que a imaginação, o experimentalismo e a otimizada dos recursos naturais. couros e obras de arte, e não atrai
criatividade dos arquitetos, decoradores A alta luminosidade obtida com os insetos.
e projetistas puderem engendrar. Enfim, LEDs atuais, com baixas correntes elétri- • Não emite dióxido de carbono para
uma tecnologia revolucionária em vários cas e longa durabilidade, é a chave pro- o ambiente. Cálculos indicam que
aspectos, capaz, inclusive, de melhorar a digiosa destes dispositivos. A utilização 20% das emissões de dióxido de
percepção humana em relação à luz e aos dos LEDs hoje já é uma realidade nas carbono nos prédios e ambientes
seus efeitos. ruas, casas, lojas, colorindo o fundo das internos são provenientes das lâm-
piscinas, corredores dos prédios, e em padas fluorescentes.
O que são os LEDs? vários lugares do mundo. • Com uso de lentes o facho pode
A palavra LED vem da abreviação em Nos carros, o seu uso também é sig- ser direcionado, aumentando a
inglês de Lighting Emitting Diode, ou seja, nificativo, substituindo, com benefícios, eficiência luminosa.
um diodo emissor de luz. Os minúsculos as tradicionais lâmpadas, não apenas nas • Permite fácil “dimerização” sem
LEDs, alguns com potências acima de 3 W lanternas, luz baixa, mas, inclusive, no variação de cores (função disponí-
e menores que o diâmetro do botão de uma farol alto dos automóveis. vel nos próprios chips).
camisa, são formados a partir da deposição As pesquisas avançam e tornam a • Baixa tensão de operação, logo,
de material semicondutor que, quando capacidade de iluminação destes dispo- não representa riscos para os ins-
excitado por uma corrente elétrica, seus sitivos um território ainda sem fronteiras. taladores.

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 29


Projetos

• Maior flexibilidade de desenho, segundo o DoE, departamento de energia limites especificados pelos fabricantes.
dado o pequeno tamanho da so- dos EUA, o consumo total de energia nos Muitos fabricantes de luminárias, atual-
lução. EUA, no ano de 2013, beirou os 4,3 bilhões mente, colocam este dispositivo, ou outras
• O LED é muito mais resistente a de megawatt.h, assim, 6% disso, significa soluções térmicas, de modo a proteger
impactos e vibrações. 258 milhões de megawatt.h. seu produto contra queimas prematuras
• Mais ecológico por não possuir A produção máxima da usina de Itaipu, ou escurecimento dos LEDs, mas não são
metais pesados na sua composição, em 2012, atingiu o volume de 98,2 milhões todos. Muitos recalls em LED decorrem
como o mercúrio, e não polui os de megawatt.h, ou seja, o consumo em ilu- da falta de cuidado com o calor. Nunca
rios e o meio ambiente em geral. minação nos EUA é mais que duas vezes chegaremos onde a tecnologia promete
• Controle de intensidade variável. o que a usina de Itaipu produz por ano. se estes cuidados com a temperatura não
O fluxo luminoso varia em função Quanta energia o LED poderá economizar forem considerados. Tenha sempre isto
da variação da corrente elétrica se toda a iluminação do mundo for conver- em mente em seus projetos.
aplicada a ele, permitindo um tida para esta nova tecnologia?
ajuste preciso da intensidade de O que é um Conversor
luz à luminária. A Tecnologia evolui de Corrente?
• Vida útil independente da quan- Como toda nova tecnologia, contudo, O conversor de corrente, também
tidade de ciclos de liga-desliga ao as soluções de iluminação a LED, lançadas chamado de fonte de alimentação, ou sim-
contrário do que acontece com as inicialmente, apresentavam necessidades plesmente de LED Driver é, sem dúvida,
lâmpadas fluorescentes, que têm de evolução e aperfeiçoamento. Todavia, uma das partes mais importantes de uma
desgaste acentuado no processo os diversos esforços em várias áreas, solução de iluminação a LED, pois é ele
de liga-desliga, reduzindo seu ciclo desde os investimentos em novas luminá- o responsável pelo suprimento constante
de vida útil. rias, aumento da eficiência luminosa dos da corrente elétrica que alimenta os LEDs,
• Controle de cores dinâmico. LEDs, circuitos mais eficientes, melhores permitindo obter o máximo em eficiência
• A baixa tensão utilizada na solução dissipadores, evolução da parte óptica e, luminosa, como também ajuda no geren-
a LED, o torna mais seguro em mui- principalmente, um cuidado maior com ciamento térmico dentro da lâmpada ou
tas aplicações residenciais o desenvolvimento dos LED Drivers, vem luminária, fatores que são fundamentais
Mas, além das vantagens apontadas, o contribuindo para que esta tecnologia para a longa vida dos LEDs e, determina o
irresistível apelo do LED segue sendo seu tenha uma curva rápida de aprendizado e correto fluxo luminoso, além da eficiência
baixo consumo de energia. Neste quesito, uma evolução já visível em várias soluções de luz que se deseja obter, não permitindo
ele é imbatível e sua utilização o coloca hoje disponíveis no mercado, fazendo que caiam por terra todos os argumentos
mais como um investimento do que uma com que a linha de maturação tecnológica favoráveis ao LED e o transforme em uma
despesa, uma vez que a redução de consu- do LED possa ser atingida em um tempo grande frustração.
mo de energia é convertida em economia não muito distante. Talvez muitos de vocês já tiveram
e retornará ao seu bolso em pouco tempo. No entanto, há obstáculos a se vencer. O alguma experiência não exitosa com lâm-
Confira os exemplos a seguir: calor advindo da potência dissipada é, sem padas a LED, principalmente se tiverem
• 1 Lâmpada de LED em torno de dúvida, algo sério a se considerar em seu comprado lâmpadas de baixa qualidade,
apenas 5 W pode substituir uma projeto, pois a não observância deste fator produzidas com conversores de corrente
lâmpada incandescente em torno poderá levar o LED a uma degradação de ineficientes que, em pouco tempo, perde-
de 60 W, com a grande vantagem seu fluxo luminoso e redução, portanto, de ram todo fluxo luminoso e foram parar
de economizar até 55 W.h na sua sua vida útil. Em áreas onde a circulação de na lata do lixo.
conta de luz. ar é restrita, ou nula, o fato da lâmpada ter Pois bem, um dos objetivos desta
• 1 luminária de LED de 16 W equi- uma estrutura metálica com boa capacidade matéria é mostrar como funciona uma
vale em luminosidade a uma lâm- de dissipação, não resolve o problema. Uma solução de um LED Driver eficiente que
pada fluorescente tubular de 54 W parte da potência aplicada ao LED acaba se consideramos o coração de uma solução
com grande redução na conta de transformando em calor. a LED, utilizando poucos componentes,
consumo da sua empresa. Assim, em muitas aplicações para portanto, com baixo custo e alto rendi-
substituição de lâmpadas tubulares próxi- mento e performance e, ainda, que atenda
Como os LEDs podem con- mas ao forro de construções antigas onde as normas internacionais com boa lumi-
tribuir para redução do con- a circulação de ar é baixa, os fabricantes nosidade, eficiência luminosa e segurança
sumo mundial de energia têm atenuado o problema do calor usan- nos projetos a LED.
elétrica? do um termistor de R$ 0,50 que reduz Para esta tarefa, escolhemos um con-
Para citar um exemplo, nos EUA, a a luminosidade quando a temperatura versor de um único estágio (estágio de
iluminação em geral de logradouros pú- aumenta, de modo a encontrar um equi- correção de fator de potência e controle
blicos, prédios e casas, respondem por 6% líbrio térmico e proteger os LEDs contra do LED Driver) tipo Flyback, baseado
do consumo total de energia elétrica do o calor excessivo e manter a temperatura no chip FL7732, da Fairchild. Eficiente
pais. Não é pouco se considerarmos que, de junção dos componentes dentro dos e moderno, este chip controlador PWM,

30 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


altamente integrado, fornece vários re- Primeiros passos e desafios para • Defina vida útil esperada e a con-
cursos para melhorar o desempenho dos se desenhar um LED Driver fiabilidade desejada.
conversores flyback de baixa potência. A Não existe uma receita de bolo para • Verifique se a dimerização é re-
topologia permite que o projeto do cir- isso. Sempre dependerá do tipo de LED querida.
cuito seja simplificado nas aplicações de Driver que você quer desenhar e qual a • Observe a tolerância da constante
iluminação a LED, com ótimo rendimento. aplicação que você irá desenvolver, os de corrente de saída.
A solução também utiliza os transisto- caminhos a seguir poderão divergir ligei- • Cuidado com a limitação da placa
res MOSFETs, da tecnologia PLANAR, da ramente, todavia, algumas preocupações de circuito impresso. Em algumas
Fairchild, tipo FDD5N60NZ, facilmente são básicas e você deve tê-las em mente, aplicações para lâmpada E26/27
localizáveis no Brasil, que oferecem sempre que tiver a missão de desenhar (bulbo) é bastante crítica.
custo baixo. Um robusto diodo interno uma solução de um conversor de corrente • Defina suas proteções contra so-
com menos perdas de chaveamento, para iluminação. As principais medidas bretensão, sobrecorrente e sobre-
recuperação reversa mais rápida, e uma que você deve tomar são: temperatura, LED aberto, LED em
capacidade de resistir o dobro de estresse • Determine o seu ciclo de tempo. curto etc.
durante o modo dv/dt de recuperação do Quanto tempo você tem para ter- • Defina o fabricante e tipo de LED
diodo, quando comparado com soluções minar o projeto. que você vai utilizar. Veja também
análogas,o que propicia uma maior con- • Tenha em mente uma ideia de custo os fabricantes dos componentes
fiabilidade ao sistema. a ser atingida. para o driver de LED. Tente es-
Além do mais, esta solução Flyback • Encontre a melhor topologia que colher fabricantes de qualidade
desenhada com o FL7732 permite a você atenda os parâmetros de entrada e reconhecida. Lembre-se do ditado
trabalhar tanto com estruturas mais saída de tensão, corrente e tempe- dos projetistas: nenhum projeto
simples como com aquelas que reque- ratura de operação, como também será bom se os componentes não
rem alta performance e complexidade os tipos de proteção e segurança fizerem sua parte.
e já vêm sendo largamente utilizadas que você quer atingir.
em soluções para lâmpadas de bulbo • Defina a eficiência e eficácia do seu Como funciona um Controla-
em substituição às lâmpadas compac- circuito. dor Flyback com Regulação
tas fluorescentes, luminárias retrofit, • Estude as regulamentações e nor- pelo Estágio Primário?
dicroicas, entre outras. Se você precisar mas existentes com relação a redu- O FL7732 é um chip PWM altamente
de dimerização, deverá utilizar o tipo ção de perdas de energia, correção integrado que controla a modulação de
FL7730 da mesma empresa. de fator de potência, níveis de THD. largura de pulso (PWM) e é capaz de

F1. Aplicação típica do circuito


com o chip FL7732.

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 31


Projetos

fornecer vários recursos para melhorar o rio, pois permite uma melhor regulação foi desenhada com o tipo FDD5N60NZ
desempenho dos conversores flyback de de saída. A frequência de operação é (DPAK), da tecnologia PLANAR.
baixa potência. proporcionalmente alterada pela tensão Por possuir características elétricas
A topologia patenteada do FL7732 de saída para garantir a operação DCM superiores. principalmente um RDS
permite o desenho de um circuito mais com maior eficiência e desenho mais on mais baixo (0,90 Ω, contra 20 Ω do
simplificado em uma placa de iluminação simples. Para manter o DCM para uma FDD5N60Z) e menor energia armazenada
com LED. Ao usar uma topologia de estágio determinada variação da tensão de saída, na capacitância de saída, além de outras
único com regulação no estágio primário a frequência é alterada linearmente pela características elétricas superiores, a tec-
em uma solução de iluminação, pode-se tensão de saída no controle de frequência nologia Super Junction pode aumentar
implementá-la com baixo número de com- linear. A tensão de saída é detectada no significativamente a eficiência do sistema.
ponentes externos e, assim, obter custos enrolamento auxiliar e o divisor resistivo A figura 2 ilustra os resultados do teste de
mais reduzidos ao eliminar, por exemplo, ligado ao pino VS. Quando a tensão de eficiência nas várias entradas.
o capacitor bulk na entrada e circuito de re- saída diminui, o tempo de condução do Como se vê nesta figura, a tecnologia
alimentação. O alto fator de potência (PFC) diodo de saída é aumentado e o recurso Super Junction (familia Mosfet SuperFET
com baixa distorção harmônica total (THD) de controle de frequência linear torna o 2) apresenta melhor eficiência sobre todo
pode ser implementado através de um período de comutação maior para garantir o espectro de tensão de entrada e mostra,
controle constante de tempo, utilizando-se que o conversor permaneça em operação ainda, uma grande melhoria em relação
um capacitor externo. A figura 1 mostra o DCM sobre a faixa de tensão de saída à tecnologia planar do FDD5N60NZ. A
circuito típico de aplicação do chip FL7732. mais larga. famila SuperFET 2 também demonstrou
A regulação da corrente constante Dica importante: O controle de frequ- uma melhor eficiência do que o MOS-
também é uma característica-chave no ência também reduz a corrente RMS pri- FET “super junção” da concorrência da
conversor de uma solução de iluminação mária, o que resulta em melhor eficiência Fairchild, especialmente nas tensões de
a LED. Ter um controle de corrente cons- de energia na condição de plena carga. entrada alta. Isto foi feito apenas para que
tante é vital para regular com precisão a O FL7732 também fornece funções de se veja como a energia armazenada na
corrente de saída em função das variações proteção, tais como LED em aberto, em capacitância de saída afeta sobremaneira
de tensão de entrada e saída do conversor. curto, sobretensão e alta temperatura. a eficiência do sistema. Como a versão do
A corrente de saída pode ser calculada Uma característica importante é que o MOSFET super junção do mercado tem
utilizando-se a corrente de pico do MOS- nível de limite de corrente é automa- a mesma resistência do MOSFET Super
FET e o tempo de descarga da corrente ticamente reduzido para minimizar a Junction, a diferença na eficiência pode ser
do indutor, pois a corrente de saída é corrente de saída e, assim, proteger os entendida como proveniente das perdas
aproximadamente a mesma da corrente componentes externos na condição de de chaveamento. Isto pode ser melhor
no estado estacionário do diodo. LED em curto. O FL7732 também tem a compreendido na figura 3.
Para estimar a corrente de saída, função de espalhamento de frequência no O MOSFET Super Junction do merca-
você deve considerar o valor de pico da seu oscilador, para uma melhor redução do deteve mais energia na capacitância
corrente de fuga, através de um circuito do impacto da interferência eletromag- de saída com aumentos de tensão no dre-
de detecção de pico, e calcular a corrente nética (EMI). no-fonte. Isso significa que este MOSFET
de saída, usando o tempo de descarga do está dissipando mais energia durante o
indutor e do período do tempo de comu- Potências maiores e ainda chaveamento quando você tem maior
tação. A informação da corrente de saída mais eficiência tensão de entrada. Na figura, os níveis de
é, então, comparada com uma referência Se você pretende trabalhar com potên- características dos dispositivos são bem
interna bem precisa para gerar a tensão cias entre 30 W a 50 W, ou ainda maiores, combinadas com os níveis de resultados
de erro, o que determinará a largura de e pretende obter soluções altamente oti- do teste da placa.
pulso (duty cycle) do MOSFET no modo mizadas com esta mesma topologia do Para melhor visualização, exibimos
de corrente constante. Pela tecnologia FL7732, e tem um pouco mais de margem na figura 4 uma “placa demo” de LED
TRUECURRENT, da Fairchild, a corrente em seus custos, nós recomendamos que Driver para lâmpada-bulbo, montada pela
de saída constante pode ser controlada considere também a possibilidade de uso Fairchild com o FL7732.
com precisão, pela fórmula a seguir. das famílias mais novas de MOSFETs exis-
tentes no mercado, como as novíssimas Conclusão
famílias construídas usando a tecnologia Considerando o velho axioma de que
de equilíbrio de cargas, chamada Super a tecnologia nova sempre expulsa a tecno-
Junction (Familia Superfet 2), da Fairchild. logia velha, podemos afirmar que o LED
A empresa fez alguns ensaios nesta veio para ficar e ocupará seu espaço na
mesma placa, usando o tipo FCD900N60Z, iluminação. Os custos e outras barreiras
Geralmente, o modo de operação de da tecnologia Super Junction, com o mes- cairão por terra. Aliás, as soluções a LED
condução descontínua (DCM) é o prefe- mo encapsulamento DPAK e comparou vêm caindo de preço e a velocidade da
rido para a regulação no estágio primá- os resultados com a solução atual que queda só vai acelerar com o aumento da

32 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


escala e evolução tecnológica que provo- adequado e durabilidade. O esforço das
ca, derrubando o maior argumento contra empresas nacionais de iluminação e mul-
a adoção desta tecnologia. tinacionais que aqui operam, farão desta
Uma variada gama de soluções já revolução uma realidade bem visível em
estão disponíveis no mercado brasileiro, nossas casas, escritórios e ruas das nossas
com ótima consistência de cor, brilho cidades.

F2. Energia armazenada na


capacitância de saída.

F3. Sistema mais eficiente com


MOSFET Super Junction.

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 33


Projetos

F4. Modelo : FEBFL7732_


L26U017B.

Tanto no Brasil como no mundo, o e saída, parâmetros de tensão e corrente, componentes sem abrir mão da eficiência,
processo de desmitificação pelo qual a identificação dos padrões de segurança e ter em mente três parâmetros básicos: a
passa toda nova tecnologia, já iniciou seu e eficiência de energia, a dissipação do durabilidade, a eficiência do projeto e a
curso inexorável e irreversível. Soluções calor interno na lâmpada, otimização do redução de custo.
dimerizáveis estão se tornando lugar desempenho térmico que pode melhorar Esta é realmente uma incrível janela de
comum. Os limites de onde pode chegar a confiabilidade e vida útil do sistema, oportunidade que se abre para a indústria e
esta tecnologia ainda são desconhecidos. espaço limitado na PCB (placa de circuito para quem quiser se aventurar neste novo
Hoje, já se discute nos blogs as vantagens impresso), e necessidade de redução de campo. As opções de aplicações são varia-
e desvantagens da digitalização das custos, além dos prazos para se terminar das e as possibilidades quânticas e infinitas.
lâmpadas que já incorporam a tecnolo- o projeto e levá-lo ao mercado, devem ser Porém, um aviso: para você que vai
gia Wi-Fi, permitindo o controle de cor, consideradas sempre simultaneamente. começar seu desenho nesta área de ilumi-
dimerização e outras propriedades pelos Mas, ainda tem mais: antes de tudo, nação a LED, não desanime com alguma
smartphones. é sempre bom pesquisar e utilizar os ma- dificuldade inicial. O portal da revista tem
Aqui no nosso país, as regulamenta- teriais corretos para compor a luminária uma farta documentação para auxiliá-lo
ções elétricas da iluminação a LED estão de estado sólido, pois a confiabilidade na sua missão. Consulte: www.saberele-
sendo implementadas, profissionalizando geral da luminária depende de cada com- tronica.com.br.
os projetos nacionais e alavancando a fa- ponente utilizado nela, e o fato de você Lá, você encontrará este projeto aqui
bricação das soluções de alta qualidade, estar utilizando um LED de boa qualidade comentado com o FL7732 em português,
trazendo mais eficiência e segurança aos não necessariamente irá garantir que sua além de outros projetos de diferentes con-
usuários. luminária tenha a vida útil e desempenho figurações de LED com potências maiores
Não há dúvida de que esta tecnologia que esta tecnologia pode permitir. com todo detalhamento técnico, como
caminha para ser tornar um padrão de Com relação aos LED Drivers em esquemático, relação de materiais, relatório
iluminação no Brasil e no mundo. si, eles também têm lá suas demandas de testes, cálculo de transformador, para
Todavia, você que pretende se envol- específicas a serem atendidas. Requerem que você possa construir seu próprio LED
ver pela primeira vez neste nicho, e desen- alto fator de potência, alta eficiência, pre- Driver.
volver soluções de iluminação (quaisquer ocupação com a sua regulação, isolação Esperamos ter contribuído para um
que sejam) deve tomar algumas pre- do estágio secundário para satisfazer as melhor entendimento sobre esta nova
cauções. Soluções de LED, apresentam normas de segurança com menor número tecnologia e seus desdobramentos. Para
seus desafios e têm sua complexidade. de componentes possíveis, escolha da me- você que vai desenhar sua primeira so-
Requisitos de materiais adequados, a lhor topologia de desenho mais adequada lução de iluminação a LED, só podemos
escolha certa do LED, a tensão de entrada a sua aplicação para reduzir o número de desejar uma coisa: Bom apetite! E

34 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


Eletrônica Aplicada

O que é um sistema
de instrumentação
modular para testes
automatizados?
Este artigo ajudará no desenvolvimento de sistemas de testes, desde a redução do custo
até o aumento da produtividade do seu teste, além de permitir que esse sistema possa se
expandir para atender requisitos futuros. Descreveremos a diferença entre uma platafor-
ma de instrumentação modular versus uma plataforma de instrumentação tradicional.

Guilherme K. Yamamoto Instrumentação modular: Este artigo introduz o conceito de ins-


Renan A. M. de Azevedo software flexível definido trumentação virtual, que é definida por
National Instruments pelo usuário e componentes software, provê opções de plataformas de
de hardware escaláveis hardware e de implementações de software
O avanço da tecnologia está tornando e discute como um sistema modular é ideal-
o desenvolvimento e teste de dispositivos mente adequado para vencer os desafios de
cada vez mais complexo, o que está oca- equipamentos para testes automatizados.
sionando uma mudança nos sistemas de Fundamentalmente, hoje há dois tipos
teste. Sistemas de teste têm que adaptar-se de instrumentação: virtual e tradicional.
às mudanças nos dispositivos ao longo do A figura 1 ilustra as arquiteturas desses
tempo, apesar das pressões sobre os custos dois tipos.
demandarem sistemas com maior vida útil. Os diagramas mostram as similarida-
A única maneira de alcançar esses objetivos des entre as duas abordagens. Ambas têm
é através de uma arquitetura modular e hardware de medição, um chassi, uma
definida por software. fonte, um barramento, um processador,

F1. Comparativo das arquiteturas das duas instrumentações. Hardwares similares e a


diferença primária entre elas: onde reside o software e se ele é acessível ao usuário.

Janeiro/Fevereiro 2014 I SABER ELETRÔNICA 475 I 35


Eletrônica Aplicada
Industrial

F2. Exemplos de hardware de medição para instrumentação modular incluem


um módulo USB periférico na esquerda e um módulo PCI Express na direita.

um sistema operacional e uma interface de usuário para definir suas próprias medições incluindo osciloscópios, geradores de fun-
usuário. Pelo fato das abordagens usarem os e a interface de usuário. Com essa aborda- ção, sinal digital e de RF (radiofrequência).
mesmos componentes básicos, a diferença gem de definição por software, os usuários Em alguns casos, como mostrado na figura
mais óbvia, de um ponto de vista puramente podem fazer medições personalizadas, rea- 2, o hardware de medição é simplesmente
de hardware, é como os componentes são lizar medições para padrões emergentes ou um periférico que é instalado em uma das
combinados. modificar o sistema se os requisitos muda- portas periféricas do computador ou em um
Um instrumento tradicional, ou stand- rem (por exemplo, adicionar instrumentos, slot periférico. Nesse caso, o PC fornece o
-alone, coloca todos os componentes na mes- canais ou medições). Como os conceitos de processador para realizar as medições em
ma caixa para todo instrumento discreto. software definidos pelo usuário podem ser software, assim como o chassi para a fonte
Um exemplo de um instrumento tradicional aplicados aos instrumentos tradicionais, de energia e entradas e saídas.
é um instrumento controlado manualmente de aplicações específicas, ele é idealmente Em outros casos, como o do PXI (PCI
por GPIB, USB ou LAN/Ethernet. Esses ins- combinado com instrumentos modulares, Extensions for Instrumentation – ou extensão
trumentos são designados como entidades de propósito gerais, onde toda flexibilidade do barramento PCI para Instrumentação),
discretas e não primariamente designados e desempenho possam ser exploradas. Essa uma plataforma robusta para teste, me-
para uso em um sistema. Enquanto há um combinação de software flexível e definido dição e controle suportada por mais de
grande número de instrumentos tradicio- pelo usuário e de componentes de hardware 70 empresas associadas, o hardware de
nais, o processamento de software e a inter- escaláveis é a essência da instrumentação medição é alojado em um chassi industrial
face de usuário são fixos no instrumento em modular. (veja a figura 3).
si e podem ser atualizados somente quando Em um sistema PXI, o computador host
e como o fornecedor escolher (por exemplo, Hardware modular para pode ser embarcado em um chassi (como
através de uma atualização de firmware). escalabilidade de sistema mostrado nesta figura), ou ele pode ser um
Desse modo, é impossível para o usuário A instrumentação modular pode ter laptop separado, um desktop ou um servidor
realizar medições não inclusas na lista de várias formas. Em um sistema de instru- que controla o hardware de medição através
funções de um instrumento tradicional, mentação modular bem projetado, muitos de interface por cabos. Pelo fato do sistema
o que torna difícil realizar medições para dos componentes (como o chassi e a fonte) PXI usar o mesmo barramento interno de
novos padrões ou modificar o sistema caso são compartilhados através dos módulos de um PC (PCI e PCI Express ) e componentes
houver mudanças nas necessidades. instrumentos ao invés de duplicar esses com- disponíveis comercialmente para PCs para
Em contraste, um instrumento virtual ponentes para cada função de instrumento. controlar o sistema, os conceitos de instru-
definido por software torna os dados brutos Esses módulos de instrumento também mentação modular se aplicam igualmente
adquiridos pelo hardware disponíveis ao podem incluir diferentes tipos de hardware, usando um sistema PXI ou um PC.

36 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro 2014


Contudo, o PXI provê outros benefícios
para instrumentação modular não apre-
sentados aqui, como aumentar o número
de canais, sincronia, temporização, porta-
bilidade e robustez. Independentemente
de saber se o sistema utiliza PXI, um PC
desktop com módulos plug-in internos, ou
um PC desktop com módulos periféricos de
entrada e saída, esse compartilhamento do
chassi e controladora reduz drasticamente
os custos e também habilita o usuário a
controlar o software de medição e análise.
Enquanto há muitas opções de confi-
guração para instrumentação modular, o
diferencial entre essa abordagem e a aborda-
gem de instrumentação tradicional é que o
software é aberto, então os usuários podem
definir suas próprias medições quando o
teste precisar de mudanças, ou quando
essas medições não estão disponíveis em
instrumentos tradicionais.
É importante notar que, com essa
F3. Exemplo de um sistema de instrumentação modular utilizando hardware
abordagem modular, não significa que o PXI e o software de desenvolvimento gráfico NI LabVIEW.
instrumento ou a sincronização de canais
sofra quando comparada com instrumen- e tamanho e reduzindo sua confiabilidade. modular. O PCI Express hoje provê slots
tos tradicionais que combinam funções De fato, todo sistema de teste automatizado com largura de banda de até 4 GB/s e o PXI
dentro de uma única caixa. Ao contrário, requer um PC independente do barramento provê slots com largura de banda de até 2
instrumentos modulares são designados usado; uma arquitetura modular que com- GB/s cada, mais de 33 vezes mais rápido que
para serem integrados ao uso do sistema. partilha essa controladora em todos instru- um barramento Hi-Speed USB e 160 vezes
Todo sistema modular provê capacidade mentos, evita esse custo em todo o sistema. mais rápido que o barramento Ethernet
de temporização e sincronização através Em sistemas de instrumentação mo- de 100 Mb/s e até 16 vezes mais rápido que
de triggers e clocks compartilhados. dular, processadores de PCs com clocks Gigabit Ethernet (figura 4). Barramentos
de GHz analisam os dados e fazem me- periféricos como LAN e USB sempre se
Modularidade reduz custo dições usando software. O resultado é de conectam ao processador do PC através de
e tamanho, aumenta medidas de 10 até 100 vezes mais rápidas um barramento interno como PCI Express e,
a produtividade e quando comparadas com instrumentos portanto, por definição, sempre apresentam
prolonga a vida útil tradicionais que usam firmware embarcado, desempenho reduzido. Um exemplo de
Enquanto o termo “modular” é, às definido pelo fornecedor e processadores como os barramentos de alta velocidade
vezes, mal interpretado como sendo a para aplicações específicas. Por exemplo, podem ter impacto no teste e medição é
combinação do hardware isoladamente, um analisador de sinais vetoriais (VSA) considerar que um sistema modular de
“instrumentação modular” vai além disso. realiza 0,13 medições de potência em banda aquisição de RF, um slot PCI Express x4 (2
Os usuários devem esperar três coisas de por segundo, considerando que um VSA GB/s) em um PC desktop, ou em sistema PXI
um sistema de instrumentação modular: modular da NI pode realizar 4,18 medições pode transmitir dados em dois canais de 100
custo e tamanho reduzidos através de um de potência em banda por segundo - uma MS/s, com 16 bits de frequência intermedi-
chassi compartilhado, bastidor traseiro melhoria de 33x. ária (IF) diretamente para um processador
e processador; elevadas taxas de transfe- Instrumentos modulares requerem para análises e cálculos. Pelo fato de nem
rência obtidas através de uma conexão de um barramento com baixa latência e ele- a LAN nem o USB poderem atingir esses
alta velocidade com o processador; e maior vada largura de banda para conectar os requisitos, instrumentos que precisam
flexibilidade e longevidade através de um módulos de instrumentos ao processador desse nível de desempenho sempre incluem
software definido pelo usuário. compartilhado e realizar medições definidas um processador embarcado definido pelo
Como detalhado acima, todos os instru- pelo usuário. Enquanto o USB provê uma fornecedor para realizar essas medições, e
mentos em um sistema de instrumentação excelente experiência para o usuário em nesse caso, eles não são modulares.
modular compartilham a mesma fonte, chas- termos de facilidade de uso, o PCI e o PCI Em um instrumento modular, a conexão
si e controladora. Instrumentos tradicionais Express (e por extensão, a plataforma PXI, de alta velocidade aos hosts proporciona
duplicam a fonte, chassi e/ou controladoras que é baseada nesses barramentos), forne- flexibilidade e longevidade porque habilita o
para cada instrumento, adicionando custo cem maior desempenho em instrumentação software a residir no host, ao invés de estar

Janeiro/Fevereiro 2014 I SABER ELETRÔNICA 475 I 37


Eletrônica Aplicada
Industrial
no instrumento. Com o software executado
no host, o usuário (não o fornecedor) define
como o instrumento opera. Essa arquitetura
oferece o poder de:
• Construir instrumentos que não são
comuns o suficiente para fazerem
parte do portfólio de produtos de um
fornecedor que oferece instrumentos
tradicionais;
• Criar medições para padrões não
lançados comercialmente;
• Definir os algoritmos usados para
fazer medições específicas.
A essência do software definido pelo
usuário também significa que você pode F4. PCI e PCI Express fornecem a maior largura de banda e a menor latência,
adicionar ou modificar medições, e até diminuindo o tempo de teste e proporcionando flexibilidade e longevida-
instrumentos, enquanto o equipamento a de através de um software definido pelo usuário.
ser testado muda. Você pode também usar
o acesso direto ao software para monitorar ao programador para interface com ins- procedimentos para a aplicação. Apesar da
ou controlar esses instrumentos modulares trumentos. Cada driver de instrumento é programação gráfica não ser um requisito
pela rede. especificamente adaptado a um determi- para um sistema de instrumentação modu-
nado modelo de instrumento para fornecer lar, esses sistemas geralmente usam ferra-
Software para medições uma interface às suas capacidades únicas. mentas gráficas por sua facilidade de uso
flexíveis e personalizadas A integração de um driver de instrumento e desenvolvimento rápido. A programação
O papel do software na instrumenta- com o ambiente de desenvolvimento é de gráfica usa “ícones” ou funções simbólicas
ção modular não pode ser esquecido. O extrema importância, para que os comandos que ilustradamente representam a ação a
software converte o fluxo de bits brutos do do instrumento sejam parte conjunta do ser realizada, como mostrado na figura 5.
hardware em uma medição útil. Um sistema desenvolvimento da aplicação. Desenvol- Esses símbolos são conectados através de
de instrumentação modular bem projetado vedores de sistemas precisam de interfaces “fios”, que passam dados e determinam a
considera múltiplas camadas de software, com drivers de instrumentos otimizadas ordem de execução. O LabVIEW fornece o
incluindo driver de entrada e saída, desen- para o ambiente de desenvolvimento de sua ambiente de desenvolvimento gráfico mais
volvimento de aplicação e gerenciamento preferência, por exemplo, NI LabVIEW, C, usado e mais completo da indústria.
de teste, conforme mostrado na tabela 1. C++, ou Microsoft .NET. Algumas aplicações também exigem
A camada na superfície inferior, Me- Também representadas em Serviços de uma camada adicional de gerenciamento
asurement and Control Services (Medição e Controle e Medição estão as ferramentas de de software, tanto para a execução de testes
Serviços de Controle), é um dos elementos configuração. Essas ferramentas de confi- quanto para visibilidade dos dados durante
mais cruciais de um sistema de instru- guração incluem recursos para configurar o teste. Esses são representados em uma ca-
mentação modular, embora muitas vezes e testar entradas e saídas, assim como mada de Software de Gerenciamento de Sis-
esquecido. Essa camada representa os gravação, escalas, calibração e informações tema. Para sistemas de teste automatizados
drivers de entrada e saída e as ferramentas sobre aliasing de canais. Essas ferramentas de alto desempenho, o software de geren-
de configuração de hardware. Esse driver são importantes para a rápida construção, ciamento de teste fornece uma arquitetura
é critico, pois fornece a conectividade entre identificação de problemas e manutenção (ou framework) para sequenciamento, fluxo
o software de desenvolvimento de teste e o de um sistema de instrumentação. do teste (ramificação/repetição), geração de
hardware para medição e controle. O software na camada do Ambiente relatórios e integração com banco de dados.
Drivers de instrumentos fornecem um de Desenvolvimento de Aplicação fornece A ferramenta de gerenciamento de teste
conjunto de funções de alto nível, legíveis ferramentas para desenvolver o código ou deve também fornecer uma forte integração

Software for Flexible, Custom Measurements


System Management Software – Examples:
National Instruments TestStand
Application Development Environment – Examples:
National Instruments LAbVIEW National Instruments LabWindows/CVI Microsoft.NET
Measurement and Control Services – Examples:
GPIB?Serial and VXI Data Acquisition and Signal Conditioning Modular Instrumentation PXI/CompactPCI
Motion Vision Distributed I/O PLCs
T1. Camadas de software que são geralmente usadas em um sistema de instrumentação modular.

38 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro 2014


com os ambientes de desenvolvimento onde
o código da aplicação específica é criado. O
NI TestStand, por exemplo, fornece esse fra-
mework para sequenciamento, fluxo do teste,
geração de relatórios e integração com banco
de dados e inclui conectividade para todos
os ambientes de desenvolvimento comuns.
Em outras aplicações que precisam de
visibilidade em grandes quantidades de
dados de teste, outras ferramentas podem ser
úteis. Essas necessidades incluem acesso rá-
pido a grandes volumes de dados dispersos,
relatório consistente e visualização de dados.
Essas ferramentas de software auxiliam no
gerenciamento, análise e geração de relatório
dos dados coletados durante a aquisição de F5. Esse código para uma aplicação típica de
dados e/ou gerados durante simulações. resposta ao estímulo usando instrumenta-
Cada camada dessa arquitetura de sof- se tornam mais flexíveis. Enquanto sistemas ção modular, escrito em LabVIEW, (1) gera
um sinal de um gerador de forma de onda
tware deve ser considerada em um sistema de teste devem adaptar-se a mudanças nos arbitrária; (2) adquire o sinal com um digitali-
de instrumentação modular. equipamentos ao longo do tempo, os custos zador/osciloscópio; (3) realiza uma Transfor-
exercem uma pressão para prolongar a mada Rápida de Fourier (FFT); (4) apresenta o
resultado em um gráfico de FFT na interface
Instrumentação modular: vida útil desses sistemas. A única maneira de usuário (painel frontal).
atendendo às necessidades de atingir esses objetivos é através de uma
de testes automatizados arquitetura modular, definida por software.
Ao passo que os equipamentos se tornam Através de componentes compartilhados, mentação modular é a mais adequada para
mais complexos e incluem cada vez mais barramentos de alta velocidade e software satisfazer as necessidades dos testes auto-
tecnologias diferentes, os sistemas de teste aberto, definido pelo usuário, a instru- matizados atuais e do futuro. E

Janeiro/Fevereiro 2014 I SABER ELETRÔNICA 475 I 39


Eletrônica Aplicada
Industrial

Introdução e tendências das


aplicações de RFID
Este artigo apresenta uma introdução à indústria de identificação o ID correto, o seu carro não ligará, o que
por rádiofrequência (RFID - Radio-Frequency Identification), baseado na previne a cópia não autorizada de etiquetas.
Você também pode ter um cartão de
transcrição de uma apresentação de Mark Roberti, fundador e editor do controle de acesso para entrar no seu edi-
“RFID Journal”. Dividiremos em tópicos de RFID, incluindo aplicações de fício, o que muito provavelmente também
sucesso, tendências da indústria e áreas de melhorias é uma etiqueta RFID.
Por fim, podemos citar a etiqueta de
Guilherme Kenji Yamamoto ultrafrequência (do inglês “Ultra High
Renan Machado de Azevedo Frequency”) como a mais recente tecnolo-
National Instruments gia de RFID. As etiquetas UHF utilizam
as frequências na faixa de 860 a 960MHz
(no Brasil) e 902 a 928 MHz (nos Estados
Introdução à aos sinais de rádio enviados por uma Unidos). Isto foi adotado no decorrer dos
Indústria de RFID base transmissora. últimos anos, e a UHF tem sido cada vez
O RFID (do inglês “Radio-Frequency E é claro, por último, existem eti- mais utilizada.
IDentification” ) é uma tecnologia fre- quetas passivas, e é delas que a maioria
quentemente mal compreendida devido das pessoas se refere quando cita RFID. Surge o novo padrão
a sua ampla definição e por cobrir uma Uma “etiqueta passiva” simplesmente de RFID: EPC Gen2
infinidade de aplicações. Existe uma indica uma etiqueta sem fonte de ali- A figura 2 mostra uma etiqueta UHF
tendência de se focar em uma única mentação própria e por isso, ela recebe passiva típica. Normalmente, a etiqueta
aplicação e passar a chamá-la de RFID, energia do leitor e reflete de volta UHF é uma antena dipolo ao contrário das
desconsiderando todas as outras apli- um sinal à base transmissora. Veja a antenas de loop circular que você encontra
cações com RFID. O RFID, amplamente figura 1. em uma etiqueta de 13,56 MHz.
falando, é a habilidade de identificar Uma vantagem da UHF, e a razão
algo remotamente através de ondas de Diferentes tipos pela qual as pessoas utilizam, é que con-
rádio, recuperando e armazenando da- de etiquetas passivas seguimos uma distância de leitura maior.
dos remotamente através de dispositivos Existem as etiquetas de baixa frequ- Você conseguirá no máximo 0,9 m com
denominados etiquetas ou tags RFID. ência (do inglês “Low Frequency”), de 125 uma etiqueta de 13,56 MHz, e isso não
Mas há muitas maneiras diferentes de KHz, que são utilizadas no rastreamento é bom o suficiente para ler por exemplo
se realizar esta identificação. de gado, mas, também algumas outras um palete através de uma porta. Se você
Existem as etiquetas ativas que pos- aplicações de curta distância, nas quais as conseguir aproximadamente 3,0m, po-
suem baterias e são, provavelmente, as etiquetas são usadas para rastrear frascos derá ter um leitor em ambos os lados de
mais familiares para os consumidores em um laboratório por exemplo. uma porta e ler a etiqueta conforme ela
devido a sua utilização nos sistemas de Etiquetas de alta frequência (do inglês caminha e por esta razão, as empresas se
pedágios. Um leitor do tipo drive-up en- “High Frequency”), 13,56 MHz, foram a focam na UHF.
via um sinal que alimenta um transponder evolução seguinte em RFID. Provavel- Outra vantagem da UHF é que as
posicionado no para-brisa do veículo, e mente, eu diria que pelo menos 75% etiquetas passivas são de baixo custo. A
um dispositivo alimentado por bateria dos objetos que possuímos têm alguma ideia é fazê-las da maneira mais simples
transmite ao leitor o seu ID único. etiqueta RFID. Isto é apenas um palpite. e barata possível para que elas possam
Uma etiqueta semiativa ou uma semi- Se você possui uma chave com algum ser descartadas juntamente com o que
passiva – as definições são bastante vagas objeto plástico acoplado, provavelmente sua as envolve.
no mundo do RFID – é uma etiqueta que chave possui uma etiqueta RFID de 13,56 As desvantagens da UHF, e existem
possui uma bateria, mas não a utiliza MHz. O plástico existe para encapsular a várias, incluem: os sinais são refletidos
para transmissão. Ao invés disso, ela usa etiqueta. Você insere a chave na ignição, e o pelo metal; os sinais são absorvidos pela
a bateria para alimentar o chip de silício leitor na coluna de direção se comunica com água nesta frequência; existem pontos
e antenas, o que lhe permite responder a etiqueta. Se a base transmissora não obtiver cegos nos campos de leitura; o desempe-

40 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


Eletrônica Aplicada

nho que as pessoas têm conseguido está


abaixo do ideal.
Com uma etiqueta de 13,56 MHz, po-
demos controlar o campo de leitura muito
bem e isolar o que se deseja ler. Com a
UHF enviamos um sinal, dispersado por
todo o ambiente, e obtemos uma série de
medições desconhecidas. As empresas
têm concluído que: “Se eu colocar etique-
tas em caixas e tentar identificar trinta
produtos que estejam caminhando com
seus transportadores (na realidade eu
estou obtendo leituras de um produto que
está parado em uma prateleira a 6 metros
de distância), como eu consigo descobrir
o que, de fato, está se movendo no meu
transportador?” Estes são alguns dos
desafios encontrados atualmente.
Cerca de três anos atrás, existiam dois
protocolos competindo. O protocolo ISO
18000-6 e o protocolo EPC, que estavam
em desacordo um com o outro. O EPC
foi fundado por usuários finais como o F1. Exemplar de uma
Wal-Mart, Gillete e PNG que buscavam etiqueta RFID.
uma etiqueta barata e um protocolo que
a suportasse. “Torne o mais simples
possível para que o chip possa ser o mais
simples possível, e o custo da etiqueta
possa ser o mais baixo possível”. O ISO
18000-6 foi apoiado por vendedores que
não queriam, necessariamente, uma
etiqueta barata, uma vez que eles já F2. Exemplar de uma
tinham esta tecnologia desenvolvida. etiqueta UHF passiva.
Eles queriam o EPC para simplesmente
inserir o código de produto eletrônico mais avançado protocolo UHF já desen- bém o zero FM. É projetado para operar
em etiquetas, sendo que o EPC utiliza o volvido. A tabela 1 explica alguns dos em uma banda de 860 a 930 MHz. Isso
protocolo ISO18000-6. fundamentos dos diferentes protocolos permite que o padrão funcione ao redor
O que acontece agora é que estes que podem ser encontrados. do mundo. O padrão possui uma série
dois protocolos estão se fundindo. Existe O protocolo EPC Gen2 foi projetado de características especiais como uma
um novo padrão chamado EPCglobal para desempenho otimizado de forma segurança especial que não existia nas
Gen2 que tem o melhor do 18000-6 e o que os desenvolvedores usem duas versões anteriores. Há algumas caracte-
melhor do EPC Gen 1. Este padrão une maneiras diferentes de refletir de volta rísticas que são mais importantes sobre
algumas inovações e, desta forma, cria o a etiqueta: submáscara ou novo e tam- o novo padrão.

Air Interface EPC Data Rate Arbitration Fraquency MHz Security


EPCglobal Probabilistic
PIE-ASK Miller, FMO 96,256b 40/640 kb/s 860-930 32-bit kill, access
Gen2 slotted
AutoID Deterministic
PWM FSK 64,96b 40/80 kb/s 860-930 24-bit kill
Class 0 binary tree
AutoID Deterministic
PWM PIM 64,96b 70/140 kb/s 860-930 8-bit kill
Class 1 slotted
ISO 18000-6 Probabilistic
PIE-ASK FMO Not defined 33/40 kb/s 860-930 none
Type A slotted
T1. Compa-
ISO 18000-6 Probabilistic binary
M-ASK FMO Not defined 8/40 kb/s 860-930 none ração dos
Type B tree
padrões
RFID.

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 41


Eletrônica Aplicada
Industrial
O modo denso de leitura permite têm quatro sessões, e portanto quatro porque nós não sabemos quando alguém
que 50 leitores funcionem em uma área. leitores podem falar com uma etiqueta passará os itens por um leitor de código de
O que as empresas descobriram é que se simultaneamente sem interferir um com barras novamente. Este é um sistema muito
colocarmos três, quatro, cinco ou seis lei- o outro e sem interromper a contagem. A poderoso e muito importante.
tores em portas adjacentes uma a outra, etiqueta apenas alternaria de uma sessão A competição entre as grandes em-
teremos dificuldades para fazê-los fun- para outra. presas é ampla agora; todas possuem um
cionar. Também teremos que desligá-los sistema de planejamento de recursos da
e ligá-los em sequência, ou deveremos O que e quem está companhia (ERP – Enterprise Resource Plan),
proteger um do outro. De outra forma, direcionando a hoje em dia. Todas elas possuem a mesma
eles interfeririam um com o outro porque adoção do RFID? infraestrutura de TI e, por isso, agora estão
as ondas UHF estariam se interferindo Quais são as questões-chave que estão buscando pela próxima onda de vantagem
mutuamente. direcionando o interesse em RFID? Por que competitiva e muitos veem o RFID como
O algoritmo “Q” permite a singulari- todos estão tão empolgados sobre isso? sendo esta onda. Estas são as empresas que
dade das etiquetas ainda que elas tenham Bem, a imersão da UHF é crítica por tiveram problemas em ordens de RFID,
o mesmo ID. Um dos problemas que as causa da distância extra que é necessária porque elas querem que seus fornecedores
empresas tiveram foi tentar identificar em algumas aplicações. Os padrões estão, coloquem etiquetas de RFID nos produtos
etiquetas únicas. agora, emergindo e existem, atualmente, que são enviados por elas.
O que ocorre quando o leitor tenta se 60 empresas que concordaram em apoiar o Estas empresas quando combinadas
comunicar com as etiquetas brutas, que padrão EPC Gen2. A outra grande questão com o departamento de Defesa do Con-
acabam de ser fabricadas e que não pos- que muitas empresas não sabem sobre sumidor dos Estados Unidos, que também
suem um “número de série” escrito nelas? RFID é a importância da Internet. Se nós está fazendo isso, têm US$ 500 bilhões de
Com o protocolo original, não pode- tivéssemos chips RFID de US$0,05 há 30 poder de compra anualmente. Elas com-
ríamos sequer nos comunicarmos com as anos, eles não trariam tantos benefícios pram US$ 500 bilhões no valor do material,
etiquetas para escrever algo; não pode- quanto trazem hoje. Uma vez que po- ou vendem US$ 500 bilhões no valor do
ríamos singularizar (para identificar eti- demos escrever um número de série em material. Mesmo se tratando de um grupo
quetas únicas). Teríamos que colocar uma algo, podemos identificar algo, mas não pequeno de empresas, existe uma grande
etiqueta no campo de leitura para escrever poderemos fazer muitas coisas com isso. quantidade de compradores com muita
nela e, depois, colocar outra. Obviamente O que a Internet permite é que quando influência para forçar esta tecnologia aos
este é um processo extremamente lento. eu envio algo para fora da minha empresa, seus fornecedores.
Por esta razão as empresas precisavam digitalizo 60 itens e obtenho 60 IDs únicos, Algumas empresas que atualmente re-
de uma maneira de singularizar as etique- eu os verifico com meu software e digo querem que os seus fornecedores utilizem
tas mesmo quando elas não possuíam sua “OK, é isso o que o Wal-Mart pediu? Sim, é etiquetas RFID são as seguintes:
identificação única. O leitor precisaria ter isso. OK, então envie isso imediatamente.” • Albertsons;
uma maneira de falar com uma etiqueta Meus sistemas utilizam a Internet para se • Best Buy;
em um campo com 50 etiquetas para que comunicar com os sistemas do Wal-Mart • Target;
um número pudesse ser escrito nela. O e dizem “Olhe, eu acabo de enviar 60 em- • Tesco no Reino Unido;
algoritmo Q utiliza um sistema para ge- balagens de lâminas Gillete, e elas estão • Metrô na Alemanha;
rar IDs únicos para as etiquetas, e então deixando as minhas instalações, neste • Wal-Mart.
o leitor lê este ID único e o utiliza para exato momento. Aqui estão os números O FDA (do inglês “Food and Drug
singularizá-las. que estão indo e as informações de quando Administration”) - órgão equivalente à
O Gen2 também trouxe características deverão estar aí.” Anvisa no Brasil - também está buscando
chamadas de “sessões”, que permitem Agora o Wal-Mart sabe que deverá o RFID como uma maneira de resolver os
que dois leitores se comuniquem com esperar algo quando receber as 60 em- problemas com falsificação de remédios.
as etiquetas. Um dos problemas das em- balagens e as digitalizar, em comparação Estima-se que cerca de 10% das drogas nos
presas era o de contar etiquetas em uma com os 60 números que eu enviei ante- Estados Unidos são falsas. Na Europa a es-
prateleira, ou em paletes. Poderíamos, riormente, e disser: “Sim, eu recebi estas timativa é de 20 a 25%; na África é de 80%.
por exemplo, ter contado 50 etiquetas e embalagens”, eu receberei uma mensagem Como você previne que estas drogas
ainda faltavam 10 para contar e alguém que dirá que eles as receberam. Assim, nós sejam falsificadas?
chega com um leitor handheld e começa a podemos faturar e enviar uma conta ao Uma maneira é inserir etiquetas nos
comunicar com as etiquetas também. Isto Wal-Mart por aqueles itens. Isto é muito itens quando eles são fabricados e você
interromperia o primeiro leitor porque as mais poderoso do que simplesmente dizer: pode, então, rastreá-los durante a passa-
etiquetas começariam a responder para “Eu identifiquei algo”. gem entre os fornecedores.
o segundo, enquanto o primeiro leitor Agora que eu enviei os itens, eles Você cria um “pedigree eletrônico”
deveria começar tudo outra vez. vão para um buraco negro, uma vez que que é um registro de todos os que tocaram
Neste caso, o que eles fizeram é ainda hoje podem ter o código de barras no item, quando e onde eles tocaram no
chamado de “sessões”. As etiquetas digitalizado e sair deste buraco negro. Isto item, e você sabe que ele viajou legalmente

42 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


através dos fornecedores e assim pode
rastreá-lo. Se o produto desaparecer e
aparecer em algum outro lugar, se o item
deveria ser levado a uma farmácia nos Es-
tados Unidos e vai parar em algum lugar
como o Canadá ou algum país da Europa,
alguém pode digitalizar o item e rastrear
a sua origem: de onde ele desapareceu,
quem foi a última pessoa que o tocou e qual
foi a última empresa a utilizá-lo. E esta é
uma das maneiras com que o FDA espera
resolver os problemas de falsificação.
O que tem acontecido ultimamente é
que muitas empresas grandes, de fato, eu
diria que a maioria das empresas gran-
des que desejam melhorar o controle de
pacotes para o consumidor nos Estados
Unidos, estão buscando o RFID. Elas não
estão apressadas para utilizar a tecnologia,
mas estão buscando e estão testando-a.
Elas estão esperando por esta nova tecno-
logia Gen2. Mais vendedores agora estão
entrando no mercado e, por isso, você
tem grandes empresas como a Texas Ins-
truments e a Phillips que fabricarão estas
etiquetas ABC Gen2.
Algo muito importante é que alguém
deve provar que esta tecnologia está
realmente entregando alguns benefícios
comerciais. Até agora ninguém fez isso,
de fato. Alguns estudos já fizeram testes e
já mencionaram vantagens, mas ninguém
disse textualmente: “Eu economizei mi-
lhões de dólares utilizando RFID”, ou “Eu
aumentei minhas vendas em um milhão
de dólares utilizando RFID para repor as
faltas em meu estoque”.
O Wal-Mart é o maior utilizador. Eu
já estive nas lojas e vi os sistemas deles
funcionando. Eu penso que até o próximo
ano, o Wal-Mart fará uma ligação para
seus analistas – Analistas da Wall Street – e
eles dirão: “Nós economizamos X milhões
utilizando os sistemas RFID,” ou “Nós au-
mentamos as vendas em X porque reduzi-
mos a falta de estoque nas lojas utilizando
RFID.” Eles devem ter cerca de 600 lojas
até o final deste ano.
Quando isso acontecer, você verá que o
movimento do RFID é pra valer e o mundo
todo estará pulando para esta tecnologia
nesse momento. Até que alguém comprove
um caso de negócio, muitas pessoas serão
céticas e elas trabalharão nisso, elas vão
olhar para isso, vão examinar isso, mas
não vão correr para isso. E

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 43


Eletrônica Aplicada
Industrial

Aplicações da indústria
que utilizam controle PID
A
O PID ainda é o algoritmo de con- o longo da última década, as má- O módulo Real-time Math traz o me-
quinas têm melhorado bastante lhor dos dois mundos, combinando ferra-
trole mais encontrado no mercado, de acordo com o vasto número mentas de alto nível de desempenho com
de tal forma que a grande maioria de aplicações para as quais elas a capacidade de implantação dos mesmos
dos controles utilizados atualmente têm sido utilizadas, desde aparelhos do- algoritmos em hardware embarcado.
mésticos até naves espaciais. É óbvio que a
na indústria é baseada em PID. matemática desempenha um papel impor- Controle
Este artigo examina os desafios tante em trazer estas inovações para a vida, É estimado que mais de 95% dos
de aplicar a matemática a sistemas mas muitas de suas teorias empregadas controles industriais são baseados em
atualmente foram descobertas séculos algoritmos PID (Proporcional Integral De-
embarcados com ênfase em aplica- atrás. Então, o que mudou? rivativo). Apesar do algoritmo básico ser o
ções de controle e monitoração. A principal novidade é que atualmente mesmo, existem pequenas diferenças entre
os engenheiros de projeto buscam avanços os controladores PID, bem como diferentes
tecnológicos, inserindo algoritmos em hardware de execução para implementá-
Guilherme Kenji Yamamoto hardware embarcado. Um exemplo são os -los, como os PACs (Programmable Auto-
Renan Airosa de Azevedo carros. Cinquenta anos atrás, o desempe- mation Controllers), PLCs (Programmable
National Instruments nho de um carro dependia da hidráulica, Logic Controllers), microcontroladores e
da mecânica e da termodinâmica. Hoje, FPGAs (Field-programmable Gate Arrays).
um carro tem mais de 50 pequenos com- Acompanhe na figura 1.
putadores chamados ECUs (Engine Control O software NI LabVIEW oferece uma
Units - Unidades de Controle de Máquina) plataforma de programação capaz de exe-
que controlam todas as tarefas funcionais cutar variados modelos computacionais,
no carro, desde a faísca nas velas até o como matemática baseada em texto, fluxo
posicionamento do retrovisor. de dados ou diagrama de estados, que
Quando for escolher qual ferramenta podem executar não somente em desktops
utilizar para implementar os algoritmos, PC, mas também em hardware embarca-
deverá considerar diferentes aproxima- do. Ele oferece as mesmas ferramentas,
ções, como as ferramentas gráficas e as como pacotes de projeto, mas remove a
baseadas em texto, sabendo que cada carga da tradução de algoritmos, fazen-
uma oferece benefícios e também incon- do com que eles possam ser entendidos
venientes. Por exemplo, no momento de pelos diferentes hardwares. Pode-se usar
decidir entre um pacote de projeto de alto matemática de alto nível para otimizar
nível ou um ambiente de programação controladores PID com funcionalidades
baseada em C de baixo nível, é importante como integral anti-windup (evita o wind-
considerar que os pacotes de software de -up da ação integral), controle de ganho,
projeto têm todas as funções matemáticas filtragem do setpoint, entre outros.
necessárias e que o processo de conversão
do algoritmo em um código que possa ser Estudo de Caso de Controle:
compreendido pelo hardware embarcado Identificação de parâmetros
é demorado e propenso a erros. Por outro online (Recursive System
lado, a programação baseada em C é muito Identification)
próxima da implementação em hardware, Um exemplo específico da melhora de
mas podem faltar as funções matemáticas controles PID é o uso da identificação de
necessárias, de maneira que acaba sendo parâmetros online para mudar os ganhos
necessário escrevê-las e validá-las, o que do PID enquanto o controlador está execu-
também leva muito tempo. tando. Engenheiros vêm usando as técnicas

44 I SABER ELETRÔNICA 475 I Janeiro/Fevereiro I 2014


Eletrônica Aplicada

de identificação de parâmetros online para com grande emprego de algoritmos de Estudo de caso de monito-
identificar e ajudar na modelagem. Esse análises de frequência. A FFT (Fast Fourier ramento: Ponte de Donghai
processo sempre foi feito offline (o enge- Transform) é a operação básica de análise Em muitas dessas aplicações, equi-
nheiro obtém todos os dados gravados e, de frequências. Análises de frequência são pamentos embarcados devem monitorar
então, aplica as técnicas de identificação úteis para analisar sinais estacionários, sinais continuamente (tipicamente de vi-
de sistemas), mas a complexidade da iden- nos quais as características de frequência bração), gravar e analisar os dados. Guar-
tificação de parâmetros online dificulta a não mudam ao longo do tempo. Por exem- dar os dados quando um evento ocorre
execução desses algoritmos em sistemas plo, um motor elétrico de uma bomba (ou pode ajudar a prevenir falhas futuras em
embarcados. Ferramentas que são capazes de um ventilador) funcionado a 1.800 rpm máquinas através do envio da informação
de executar matemática em tempo real, em velocidade constante produz sinais de sobre o erro. A Ponte de Donghai, que
como o LabVIEW, e possuem poderosos vibração cujas frequências não mudam ao liga Shanghai e Yangshan, na China, usa
processadores embarcados agora podem longo do tempo. um sistema de monitoramento de saúde
ajudar a aplicar essas técnicas, de forma Medições de vibração de sondas de da estrutura. Depois de três anos e meio
com que os processadores que executam proximidade, sondas de velocidade, de construção, essa ponte se estende por
tarefas de identificação de parâmetros acelerômetros e sensores de velocidade todo o Mar da China Oriental, com um
online possam atualizar os ganhos do fornecem dados de saúde essenciais comprimento total de 32,5 km, sendo que
controlador. usados para a avaliação das condições 25,32 km estão sobre a água.
A Timken usa uma técnica similar de máquinas e para realizar previsões. Para monitorar a saúde da ponte,
para centralizar automaticamente o rola- Essas medições dinâmicas, juntamente algumas informações quantitativas, espe-
mento de uma mesa rotativa. O principal com outras medições, como da energia cificamente as frequências de ressonância,
propósito desse sistema foi de substituir elétrica, da deformação, do torque dinâ- precisam ser monitoradas em tempo real.
um operador humano por um sistema mico e da acústica oferecem sinais únicos O projeto do algoritmo para estimar essas
embarcado, capaz de centralizar o rola- que mostram a saúde das máquinas. frequências é baseado em atualizações para
mento rapidamente, com uma pequena Para interpretar esses sinais, técnicas de identificação de subespaços estocásticos
tolerância. Veja a figura 2. processamento de sinal são usadas para (RSSI), então, dados podem ser amostrados
O sistema de controle foi capaz de extrair características dos mesmos, que de múltiplos canais e possivelmente redu-
rastrear a localização do rolamento e são indicativos da saúde da máquina. zidos. Os dados reduzidos são enviados
colocá-lo no centro. Enquanto posiciona o Alguns sinais de vibração contêm ca- para o algoritmo RSSI. Esse algoritmo é
rolamento, o sistema de controle lê os pa- racterísticas de frequência que persistem atualizado em tempo real conforme os
râmetros que permitem estimar o atrito e a por um longo período de tempo e cujo dados são adquiridos. Observe a figura 3.
massa, de maneira que a próxima iteração conteúdo de frequência é limitado a uma
do controle se aproxime da posição final. estreita faixa ou banda. Por exemplo, o Benefícios da Matemática
ruído de fricção e zumbido persiste no de Tempo Real
Monitoramento tempo e tem um limitado conteúdo de O uso da matemática em equipamen-
Outra aplicação importante da mate- frequência. Alguns sinais de vibração têm tos embarcados tem aumentado exponen-
mática de tempo real é o uso de sistemas um pequeno tempo de duração que são cialmente na última década, criando uma
embarcados para monitoração da saúde naturalmente transitórios e ocupam uma lacuna entre ferramentas matemáticas de
de máquinas. Pode-se utilizar a moni- banda mais ampla, enquanto outros têm projetos e ambientes de programação em-
toração da saúde de máquinas em uma um pequeno tempo de duração e ocu- barcada. Com a plataforma de programa-
grande variedade de aplicações, desde pam uma banda limitada. Ainda existem ção NI LabVIEW, os engenheiros podem
eletrodomésticos (como máquinas de outras características de frequência cuja desenvolver aplicações matemáticas em
lavar) até em estruturas, como pontes de banda varia ao longo do tempo, como vi- tempo real para preencher a lacuna de
longas distâncias. Muitas dessas aplica- brações desbalanceadas em uma máquina produtividade entre projeto e “target”
ções envolvem processamento de sinais, de velocidade variável. embarcado. E

F1. Controle PI simples F2. Controle do Ajuste do F3. Ponte de Donghai - Shanghai/
baseado em texto. Rolamento da Timken. Yangshan, China.

2014 I Janeiro/Fevereiro I SABER ELETRÔNICA 475 I 45


Eletrônica Aplicada
Industrial

Compreendendo o custo total de um


Projeto Embarcado
D
Apresentamos, neste artigo, ecidir qual parte do sistema pro- Compra” em sistemas embarcados. A
jetar e qual comprar no mercado calculadora ajuda a mostrar as diferenças
as diferenças entre construir uma pode ser preocupante. Com o financeiras entre construir uma solução
solução customizada ou comprar projeto e construção de uma so- customizada contra comprar um sistema
uma já existente no mercado, para lução customizada, podemos customizar já disponível no mercado. Esse papel dis-
o resultado final e diminuir os custos, cute as vantagens e desvantagens tanto
sistemas embarcados. mas qualquer mudança ou equívoco nas da abordagem tradicional com um pro-
especificações de projeto poderá causar jeto customizado quanto das ferramentas
longos e caros atrasos. De maneira al- para soluções embarcadas já disponíveis
ternativa, uma plataforma-padrão de no mercado.
Guilher Yamamoto mercado eleva o custo total da merca-
Renan Azevedo doria e você poderá ter que pagar por A abordagem da “constru-
National Instruments características que não são necessárias ção”: O projeto customizado
ao seu projeto. Apesar disso, sistemas Um projeto embarcado customizado
que são padrão no mercado permitem, requer uma ampla série de especialistas,
tipicamente, um ciclo mais rápido de como designers digitais, projetistas para
projeto e validação e, por isso, um tempo hardware analógico, desenvolvedores
mais curto para lançamento no mercado. de software e projetistas mecânicos.
A National Instruments reuniu infor- Juntamente com isso, poderia haver
mações e dados de clientes com relação outros engenheiros e cientistas no time
a algumas das diferenças de custo entre com perícia no domínio da aplicação,
construir uma solução customizada ou focados na aplicação ou atividade que
utilizar as ferramentas de mercado da a sua empresa está tentando fornecer. O
NI. Usando esses dados, construímos resultado final é um grande time para um
a Calculadora de “Construção versus projeto customizado. Observe a figura 1.

F1. Um projeto customizado tradicionalmente necessita de um grande time com


diferentes níveis de experiência em hardware, software e na própria aplicação.

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Eletrônica Aplicada

O projeto de hardware mais sofisticados. Isso contribui para do ASIC e a tecnologia disponível no
Um time para projeto customizado custos mais pesados de depuração de mercado. Eles oferecem um alto nível de
enfrenta a grande decisão de escolher hardware e de produção. especialização, mas são reconfiguráveis,
a tecnologia do processador – tal como então, você não assume o alto custo de
as cinco listadas a seguir – que eles vão Processador de sinal digital (DSP) fabricação que impede o desenvolvi-
utilizar como a unidade central do projeto Um DSP é um microprocessador mento do ASIC. Apesar de você poder
para processamento de dados ou controle. especializado com instruções adicionais utilizar os FPGAs para uma varieda-
para melhorar certas funções matemáti- de de aplicações de processamento,
Microcontrolador cas, como multiplicação e acumulação. projetos complexos utilizando-os são
Microcontroladores são extremamen- Os DSPs são extremamente úteis para algo incomum, pois o paradigma de
te econômicos e, geralmente, oferecem aplicações de computação mais pesada, programação VHDL (circuitos integra-
uma solução integrada em um único chip, mas você necessita, geralmente, de co- dos de altíssima velocidade - Very High
incluindo periféricos de E/S. Eles tendem nhecimento especializado para aprovei- Speed Integrated Circuits) é desconhecido
a conter quantidades muito pequenas de tar essa capacidade de software. para a maioria dos desenvolvedores de
memória on-chip, deixando pouco espa- software embarcado que se sentem con-
ço para complexidade e expansão. Além Circuito Integrado para Aplicação fortáveis com a programação sequencial
disso, as taxas de clock são tipicamente Específica (Application-Specific em ANSI C.
em dezenas de megahertz, e, portanto, Integrated Circuit – ASIC) Em muitos casos, uma tecnologia
você comumente não pode realizar um Um chip ASIC é mais bem projetado de um único processador não consegue
controle de alto desempenho ou loops de para uma aplicação específica do que atender a todas as necessidades de uma
processamento de sinal. para programação de propósito geral. aplicação. Portanto, atualmente as tecno-
Os ASICs são amplamente considerados logias híbridas têm se tornado cada vez
Microprocessador uma tecnologia superior para considera- mais populares. Uma tecnologia assim
Com um microprocessador, as taxas ções técnicas, como consumo de energia, é mostrada na figura 2. O processador
de clock são mais altas e há, geralmente, tamanho e custo de bens. No entanto, os de tempo real gerencia a comunicação
uma interface externa para memória, custos de desenvolvimento e fabricação em rede e potencialmente a interface
então, desempenho e expansibilidade de ASICs são extremamente elevados e de usuário, enquanto a lógica digital
frequentemente deixam de ser uma esses altos custos inviabilizam pratica- gerencia a interface com os componentes
preocupação. Mas sua aplicação pode mente todos os produtos, exceto aqueles de E/S e o controle de alta velocidade,
exigir um desenvolvimento complexo de com alto volume de produção. temporização e tarefas de processamento
drivers, pois há periféricos analógicos que de sinais. Essa arquitetura híbrida está se
não são comumente integrados ao chip. Arranjos de portas programável tornando comum em projetos de sistemas
Além disso, as técnicas de alta densida- em campo (Field-Programmable embarcados para montar soluções para
de de encapsulamento, como a matriz Gate Array – FPGA) controle e monitoramento.
de grade de esferas, podem acarretar a Os FPGAs fornecem um meio-termo Depois de decidir entre as tecnologias
necessidade de processos de fabricação interessante entre o projeto customizado de processador e o projeto digital, você
deve desenvolver o circuito de E/S. Se
algum desses sinais necessários para o
sistema embarcado de controle e moni-
toramento for analógico, o projeto pre-
cisará de conversores analógico-digitais
(Analog-to-Digital Converters – ADCs) e/
ou conversores digital-analógicos (Digi-
tal-to-Analog Converters – DACs). Uma
vasta gama de microcontroladores e pro-
cessadores possuem ADCs e DACs cons-
truídos dentro deles, mas, para a maioria
das aplicações, componentes analógicos
adicionais são necessários para construir
sistemas com uma qualidade analógica,
um desempenho e uma contagem de
canais maiores. Você também precisará
criar o circuito de alimentação para todos
os componentes de seu projeto.
Além disso, um desenho mecânico
F2. Esta arquitetura ideal de hardware híbrido é utilizada dentro é necessário para garantir que o projeto
de aplicações embarcadas de controle e monitoramento.

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Eletrônica Aplicada
Industrial
embarcado possa operar em ambientes custos de sustentabilidade associados customizada. Soluções com invólucro
nos quais ele será aplicado. O posiciona- com a manutenção do produto. Esses normalmente possuem refrigeração em-
mento de componentes e a refrigeração podem incluir o gerenciamento das butida e projetos térmicos, então, eles são
passiva ou ativa devem ser feitos para partes obsoletas e o aprimoramento e os mais fáceis de implantar.
auxiliar a refrigerar os componentes do a manutenção do produto ao longo de • Sistemas Embarcados sem invó-
projeto que mais se aquecem. sua vida útil. O seu time detém o projeto lucro: Disponíveis em vários for-
completo, então, os custos de manuten- matos (Mini-ITX, PC/104, e assim
O projeto de Software ção e de aprimoramento do produto por diante), sistemas embarcados
Somado ao projeto do hardware serão bastante elevados. sem invólucro tendem a ser a so-
digital e do analógico, uma solução lução com melhor custo-benefício
embarcada customizada requer um Integração do sistema para implantação com componen-
projeto de software. Isso frequentemen- Com a(s) PCI(s), outros componentes tes de mercado. Esses sistemas
te acarreta em maiores despesas para o e o software projetados, o último passo é também possuem a variedade de
desenvolvimento. Dentro do projeto de juntar tudo isso para formar o produto arquiteturas de processador para
software, há muitas etapas e técnicas para final. A fase de integração do sistema serem escolhidas e um pequeno
desenvolver uma aplicação de software inclui finalizar o projeto mecânico com conjunto de suporte para SO e
de tempo real para ser executada no um invólucro, desenvolver qualquer E/S. Porém, as ferramentas de
hardware de processamento que você software para aplicações adicionais desenvolvimento do software
selecionou. Você pode utilizar várias e integrar os diferentes componentes para tal sistema quase nunca es-
ferramentas e arquiteturas diferentes elétricos e mecânicos. Montar e realizar tão integradas, e esses sistemas
para implementar os aspectos de controle a ligação dos cabos dos componentes tipicamente exigem que você
ou monitoramento de seu projeto. O dentro do projeto final pode ser bem verifique as certificações legais,
desenvolvimento de software dentro de demorado. Esses componentes podem como EMI e CE de conformidade,
um projeto customizado requer experi- incluir a fonte de alimentação, a placa de juntamente com encapsulamento
ência em tarefas de baixo nível, como o controle principal, a interface de usuário, mecânico adicional e serviço de
desenvolvimento de um pacote de placas interfaces de rede e outros. Mais tempo resfriamento.
de suporte para sistema operacional de gasto em montar e conectar os cabos pode • Sistemas Embarcados com invó-
tempo real, desenvolvimento de driver de criar um produto que é mais simples de lucro: Além de exibir os mesmos
dispositivo, desenvolvimento de driver se produzir. componentes que os sistemas
API, desenvolvimento da aplicação, e embarcados sem invólucro, os
assim por diante. A abordagem da “compra”: sistemas com invólucro contêm
Sistemas embarcados dispo- as especificações de choques,
Produção níveis no mercado vibração, temperatura de ope-
Através das fases de prototipagem Uma opção alternativa para um proje- ração e certificações ambientais.
e produção final, é necessária a pro- to customizado é comprar um sistema ou Esses sistemas são, geralmente,
dução das placas de circuito impresso uma plataforma disponível no mercado. mais caros, mas eles comumente
(PCIs) para avaliar e validar o projeto. Embora você, tipicamente, pague signifi- incluem ferramentas integradas
As PCIs são baratas, mas requerem cativamente mais que o custo dos compo- para desenvolvimento de softwa-
esforço extenso para a elaboração do nentes da placa, poderá esperar alcançar re e um conjunto mais extenso
layout e grandes custos iniciais. Mui- o mercado muito mais rapidamente, de opções para E/S integradas e
tas empresas optam por terceirizar a pois o vendedor já pode realizar muitos modulares. Exemplos de sistemas
produção das PCIs por conta do inves- trabalhos de projeto e implementação de embarcados com invólucro são os
timento em equipamentos exigido para baixo nível para você. Além disso, esses controladores lógicos programá-
tal tarefa. Enquanto as PCIs possuem sistemas possuem caminhos de expansão veis, controladores de automação
melhor custo-benefício para projetos mais suaves, então, lidar com a inevitá- programáveis e PCs industriais.
de grandes lotes, o período de tempo vel característica que ocorre durante as
envolvido nessa tarefa dentro do pro- fases de conceito e prototipagem é muito Projeto de Software
jeto pode aumentar gradualmente. As menos custoso. Muito do trabalho do projeto de sof-
PCIs frequentemente necessitam de tware customizado já está pré-construído
múltiplas revisões durante a fase de Projeto de Hardware com as plataformas disponíveis no mer-
prototipagem, na qual podem ocasio- Um pouco sobre projeto mecânico é cado. Alguns fornecedores são melhores
nar atrasos para conseguir que elas necessário quando se compra um siste- que outros em uma solução completa
estejam montadas e prontas para o ma embarcado pré-construído. Soluções para a aplicação de software para seu
produto final. sem invólucro requerem mais trabalho hardware. Alguns desses sistemas dis-
Além da produção da PCI para a mecânico que os com invólucro, mas poníveis no mercado incluem pacotes
solução final, você deve considerar os menos trabalho que em uma solução de suporte com placas pré-construídas,

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Eletrônica Aplicada

drivers de dispositivos e até mesmo


softwares do nível da aplicação para
desenvolvimento. Os fornecedores que
oferecem ferramentas, tanto de hardwa-
re quanto de software, proporcionam a
solução mais integrada e podem econo-
mizar os custos de desenvolvimento das
equipes de projeto.
Desenvolvimento de software é
normalmente o custo mais alto de uma
solução customizada. No entanto, uma
solução já consolidada no mercado reduz
o número de desenvolvedores de softwa-
re necessários, o que ajuda a diminuir os
custos de desenvolvimento e cria um pro-
cesso de projeto mais eficiente. Equipes
menores podem iterar com os projetos
e conseguir desenvolver protótipos e os F3. Equipes menores podem utilizar uma plataforma disponível no mercado com
produtos em muito menos tempo. software e hardware integrados para cumprir as tarefas embarcadas que comumente
A National Instruments fornece uma teriam exigido uma grande equipe especializada.
plataforma para projeto gráfico de siste-
mas que inclui o hardware disponível no Arcar com os custos das soluções de ambiente gráfico de programação NI
mercado com software gráfico completa- mercado provou ser muito mais econô- LabVIEW e os sistemas embarcados
mente integrado. Clientes que utilizam as mico, se comparado com construir uma reconfiguráveis com ou sem invólucro,
ferramentas de projeto gráfico de sistemas placa ou componente customizado. Para combinam os benefícios de uma plata-
comprovaram que podem utilizar as as soluções disponíveis no mercado, os forma já consolidada no mercado com
ferramentas de mercado para construir fornecedores assumem a responsabili- a customização e flexibilidade de um
sistemas embarcados customizados com dade e os custos dos fatores como parte hardware customizado.
equipes muito menores. Com ferramentas do gerenciamento de descontinuidade, O hardware embarcado, da NI, inclui
de software em nível de sistema para pro- avaliações ambientais e certificações. O sistemas robustos, como o NI Compac-
gramar o hardware com processadores, resultado é um custo muito menor de tRIO, sistemas de alta performance com
FPGAs e E/S embutidos, equipes menores manutenção para soluções de mercado invólucro, o PXI e sistemas sem invólu-
podem cumprir uma tarefa que comu- em relação a construir uma placa ou cro, e o NI Single-Board RIO. Todos os
mente teria exigido o dobro de recursos. componente customizado. sistemas de hardware da NI utilizam a
O resultado é uma redução nas despesas mesma arquitetura de hardware de um
com desenvolvimento de hardware e Integração de Sistemas processador para E/S (RIO), FPGA e E/S
software, o que tipicamente está no topo Há pequena ou nenhuma diferença modular. Cada componente da arquite-
das despesas para um projeto embarcado. no serviço de integração de sistemas tura é programável com as ferramentas
Atente para a figura 3. exigido para as soluções do mercado do LabVIEW que proporciona às equipes
em relação a projetos customizados. É de engenharia a habilidade de prototipar
Produção necessário integrar o sistema embarcado e implantar sistemas embarcados com
As tecnologias consolidadas no pré-construído com outros componentes maior rapidez e utilizando menos de-
mercado eliminam a necessidade da elétricos e mecânicos. Isso envolve tare- senvolvedores de hardware e software.
fabricação de PCIs. Em alguns casos, fas semelhantes, como criar um software O LabVIEW é um ambiente aberto que
será necessário para a equipe de desen- adicional para a aplicação para realizar a permite aos engenheiros, integrarem
volvimento, uma PCI customizada para interface entre o sistema comum no mer- códigos do tipo ANSI C/C++, modelos
uma aplicação específica de E/S ou de cado e os componentes, tal como displays, matemáticos baseados em texto e VHDL
temporização, mas esses projetos são sensores/atuadores e interfaces de rede, IP existentes.
normalmente menos complexos. Mais juntamente com criar uma solução eficaz Em média, os clientes da NI relataram
fornecedores de produtos de mercado para montagem e cabeamento. que conseguem atingir 50% do mercado
estão integrando FPGAs aos seus pro- mais rapidamente, utilizando menos
dutos, o que pode proporcionar à equipe Uma abordagem híbrida: As de 20% dos recursos de engenharia
de desenvolvimento a habilidade de ferramentas para projeto com ferramentas de projeto gráfico de
customizar um sistema pré-construído gráfico de sistemas da NI sistemas já disponíveis no mercado. As
sem a necessidade de construir uma PCI As ferramentas de projeto gráfico, aplicações que se encaixam melhor com
customizada. da National Instruments, incluindo o as ferramentas da NI são monitoramento

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Eletrônica Aplicada
Industrial
customizado e aplicações de controle que você pode eliminar a necessidade de o projeto com uma solução de mercado
envolvem E/S analógicas especializadas criar placas). Além disso, você precisa para economizar tempo e dinheiro e
e controle avançado que exigem proces- contar com outros custos ocultos, in- ainda limitar seu risco. Se a quantidade
samento de sinal customizado ou con- cluindo normas, padrões, certificações, de volumes aumenta ao longo do tempo,
trole de algoritmos. Geralmente, essas fim do tempo útil de componentes e você pode optar por amenizar os custos
aplicações estão em áreas e indústrias de especificações atrasadas que podem e criar uma placa ou produto customi-
inovação que estão desenvolvendo novos forçar alterações de projeto e completo zado mais adiante.
produtos de controle e processamento replanejamento.
de sinal. Indústrias e aplicações como Quando comprar?
energia, medicina, controle de máqui- Quando construir? Fornecedores de produtos de Mer-
nas e grandes experimentos físicos são Então, esta é uma lição para nunca cado, como a National Instruments,
poucas das áreas onde os produtos da desenvolver um produto ou uma placa criam ferramentas mais produtivas e
NI são usados. customizada? Definitivamente não. dão às empresas e equipes menores de
Quando você estiver acessando engenharia a habilidade de inserir seus
Tomando a decisão tecnologias que são cruciais para o su- produtos no mercado com maior rapi-
Em geral, as capacidades não cons- cesso de seu produto, certifique-se de dez. Em áreas onde você pode utilizar
tituem um fator determinante quando determinar com antecedência em quais a tecnologia já consolidada no mercado,
se está decidindo entre construir e com- projetos uma abordagem customizada deixe seus fornecedores cuidarem da lo-
prar. Preferencialmente, isso se dedica se encaixaria melhor. Com uma solução gística e dos custos do projeto, incluindo
a uma simples análise financeira. Se o customizada, poderá personalizar com- os de desenvolvimento e manutenção.
retorno do investimento do custo em pletamente o resultado final e minimizar Então você pode focar em diferenciar
engenharia devido ao desenvolvimento os custos, mas qualquer modificação nas a tecnologia para tornar seu produto
de um produto é justificado pelos lucros especificações de projeto ou descuido melhor e conseguir um retorno mais
finais, então você tomou a decisão certa. poderão causar longos e caros atrasos. rápido.
Repare na tabela 1. A seguir, as características típicas do Quando estiver trabalhando em
Para tomar uma decisão bem fun- projeto que mais se adequam para uma uma nova tecnologia ou em uma ino-
damentada, você deve estimar com solução sob medida: vação, conseguir fazer um protótipo
exatidão o custo de construir a sua • Grandes volumes (10.000 + por funcionar rapidamente é, na maioria
própria solução customizada. Isso ano). das vezes, algo que impera em deter-
nunca é tão simples quanto parece; • Maiores equipes de projeto. minar se o produto tem valor técnico e
se você apenas adicionar o custo dos • Uma iteração em um projeto cus- financeiro. Com produtos e tecnologias
componentes da placa mais o tempo tomizado existente. mais recentes, é difícil determinar com
de desenvolvimento de hardware e • Tamanho e formato customizados exatidão a demanda de mercado e a
software, você subestimará grossei- são necessários. quantidade de volumes que o fabricante
ramente o investimento total. Você • Requisitos técnicos muito rigo- irá atingir. Portanto, dentro das áreas
precisa considerar outros custos “ocul- rosos (como consumo de energia de inovação, como tecnologia limpa,
tos” antes de avaliar com exatidão o ultrabaixo). ciências médicas, biológicas e robótica,
custo real do serviço. Por exemplo, Também tenha em mente o nível de as ferramentas disponíveis no mercado
os custos de produção e de inventário confiabilidade que você possui de acor- dão às equipes a habilidade de iterar
comumente representam um índice do com a quantidade de unidades que rapidamente em projetos e protótipos
adicional de 25% a 35% do COGS do espera vender anualmente. Engenheiros sem ter que dispor de muito capital
sistema. Além disso, uma média de e gerentes são frequentemente muito inicial. Isso permite que as equipes de
aproximadamente 30% do tempo total otimistas com relação aos volumes que projeto foquem em obter as exigências
de desenvolvimento de software é gas- projetam, especialmente os volumes de mercado e realizar o feedback muito
to com SO, driver e desenvolvimento dentro dos primeiros dois ou três anos. mais cedo no processo de planejamento.
de middlewares (através da escolha Se você não está certo da quantidade de As características seguintes são típicas
de uma plataforma com invólucro e volumes que espera alcançar, poderá ser de projetos que se adequam ao uso de
com hardware e software integrados, financeiramente mais vantajoso começar tecnologias de mercado. E
Custom Design (Construir) Off-the-shelf (Comprar)
Custo do projeto de hardware Bom O melhor
Custo dos componentes de hardware O melhor Bom
Custo do projeto de software Bom Ótimo
T1. Compare
Custo de produção Ótimo O melhor
os custos
Custo de atualização Ótimo O melhor de construir
Custo de integração do sistema Ótimo Ótimo com relação a
comprar.

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