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A INFLUÊNCIA DA ESCOLA DE DIREITO LIVRE ALEMÃ NO SUPERIOR TRIBUNAL

DE JUSTIÇA? ANÁLISE DO ENTENDIMENTO SOBRE A TAXATIVIDADE MITIGADA


DAS HIPÓTESES DE CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO NO CPC
Samuel Correia da Silva Filho

RESUMO:
O objetivo deste trabalho é a análise jurisprudencial do REsp n.1.696.396 e 1.704.520, proferidos
pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, cuja relatora, Ministra Nancy Andrighi, definiu
a tese a ser observada, qual seja, “o rol do artigo 1.015 do CPC/15 é de taxatividade mitigada, por
isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da
inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.” Além disso, a feitura deste artigo é
aferida sob uma perspectiva hermenêutica, visando a comparação entre o direito processual alemão
e o brasileiro, sendo este alvo de discussões doutrinárias, haja vista a recente promulgação do
Código de Processo Civil de 2015. Dessa maneira, faz-se necessária a apresentação conceitual da
Escola de Direito Livre e, por consequência, a sua manifestação no plano processual estrangeiro e
pátrio, de forma que, a partir da decisão proferida, seja possível a constatação ou não do
decisionismo judicial.

Palavras-chaves: Direito Processual Civil; Escola de Direito Livre; Agravo de Instrumento;


Superior Tribunal de Justiça

ABSTRACT:
INTRODUÇÃO:
O novo diploma processual civil inovou quanto às hipóteses de cabimento do recurso de
Agravo de Instrumento, o qual, segundo a doutrina majoritária, possui rol taxativo,
impossibilitando, portanto, a impugnação imediata dos assuntos não incididos no rol do art. 1.015
do CPC. No entanto, em virtude da recente vigência deste texto normativo, tanto os doutrinadores
quanto os Tribunais não se abstêm de interpretá-lo, nem de discuti-lo a partir da observação de
normas fundamentais contidas na Constituição Federal e no Código de Processo Civil.
De fato, incumbe aos Tribunais a uniformização de sua jurisprudência, devendo, também,
mantê-la estável, íntegra e coerente, conforme a dicção legal do art. 926 do CPC. Ocorre que esse
princípio da segurança jurídica se mostra desrespeitado em inúmeros casos, uma vez que a
jurisprudência é modificada de forma irrazoável de acordo com as convicções pessoais de cada
julgador em determinado momento. Em outras palavras, a alteração reiterada de jurisprudência sem
a devida justificativa ocasiona a violação ao princípio da segurança jurídica e, por consequência, o
desrespeito das decisões do Tribunal pelos juízos de instâncias inferiores.
Ademais, como fonte secundária, a doutrina exerce função fundamental para a criação das
normas jurídicas, além de criticar construtivamente os institutos processuais, apresentando posições
a fim de melhorá-los, principalmente no que se refere a integralização. Nesse sentido faz-se mister a
exposição de posicionamento doutrinários acerca da taxatividade mitigada e de interpretações
atinentes ao rol de situações cabíveis referentes à interposição do recurso de Agravo de
Instrumento.
Por outro lado, cumpre ressaltar, a priori, a provável influência da Escola de Direito Livre
Alemã na atuação dos membros do Superior Tribunal de Justiça, a qual será objeto de análise por
meio do REsp n. 1.696.396 e 1.704.520, recursos estes julgados em dezembro de 2018. Isso porque
a decisão proferida pela relatora do recurso especial gerou debates por parte de jurisconsultos,
argumentando que se tratava de voluntarismo e ativismo judicial, haja vista que, segundo aqueles, a
julgadora passou dos limites da legalidade e da interpretação.
Especificamente, o sistema processual alemão será analisado sob perspectiva comparada,
tendo em vista a atual sistemática do sistema processual pátrio e seus entraves quanto ao recurso ora
aferido. Assim sendo, tal abordagem possibilitará a conclusão acerca da influência ou não do
Movimento de Direito Livre na aplicação do direito processual brasileiro e as consequências de tal
interferência.

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