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O presente manual destina-se ao curso de Formador: Sistemas, Contexto e Perfil, sendo o conteúdo do mesmo, propriedade
da InFocus - Set & Start Focus, Lda.
A sua duplicação para outros fins só poderá ser feita, mediante autorização expressa da InFocus - Set & Start Focus, Lda.
O Manual está estruturado de acordo com o índice e os conteúdos inseridos estão adaptados em função dos objetivos
/competências do curso e do público-alvo, sendo um instrumento de apoio à realização da ação de formação.
CONCLUSÃO................................................................................................................................ 64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 65
Objetivo Geral:
Pretende-se que cada formando, após este módulo esteja apto a:
• Caracterizar os sistemas de qualificação com base nas finalidades, no público-alvo, nas
tecnologias utilizadas e no tipo e modalidade de formação pretendida;
• Identificar a legislação, nacional e comunitária, que Regulamenta a Formação Profissional;
• Enunciar as competências e capacidades necessárias à atividade de formador;
• Discriminar as competências exigíveis ao formador no sistema de formação;
• Identificar os conceitos e as principais teorias, modelos explicativos do processo de
aprendizagem;
• Identificar os principais fatores e as condições facilitadoras da aprendizagem;
• Desenvolver um espírito crítico, criativo e empreendedor.
Objetivos Específicos:
A evolução da Formação Profissional nos últimos anos tem vindo a aumentar a exigência dos cursos e
ações de formação tal como, a amplitude do contexto de desenvolvimento da atividade de Formador/a.
Alterações à legislação que regulamenta a Formação Inicial e Contínua, a introdução do Catálogo
Nacional de Qualificações e a crescente diferenciação ao nível das Modalidades de Intervenção
Formativas (b- learning e e-learning) remetem o/a formador/a para redes formativas cada vez mais
complexas.
Neste sentido, é imperativo que se dê especial atenção ao enquadramento da atividade dos futuros/as
formadores/as; os contextos em que intervêm; os novos desafios a que estão expostos (p.e., ações de
formação mais criativas e empreendedoras); a estruturação dos programas de formação segundo uma
estrutura modelar; e, desenvolvimento da formação por competências (Instituto do Emprego e
Formação Profissional, I.P., 2012).
Na primeira parte do desenvolvimento deste módulo, o objetivo é dotar os/as formandos/as com esses
conhecimentos legislativos e de âmbito geral, para que compreendam e conheçam a validade da
Formação Profissional, e estejam cientes dos desafios e das opções que têm, enquanto formadores/as,
no momento da preparação de uma ação de formação.
A segunda parte tem como objetivo incutir nos/as formandos/as conceitos de criatividade,
empreendedorismo e aprendizagem diferenciada, dando-lhes igualmente a perspetiva pedagógica de
interligação destes conceitos com a aprendizagem. De igual forma, pretende-se incutir a perspetiva da
aprendizagem dos/as formandos/as - como é processada e como pode ser estimulada.
A formação profissional, sobretudo a partir da década de 1980, torna-se num tema dominante e
passa a ser vista como um verdadeiro investimento, instituindo-se como uma filosofia de gestão,
visando o êxito da organização por um processo contínuo de aprendizagem. Um cenário motivado
pela celeridade do desenvolvimento tecnológico impôs profundas e sucessivas reestruturações nos
processos produtivos e nas formas de organização do trabalho. Num quadro em que a estabilidade
é a exceção, o sistema económico deixou de se compadecer com um sistema de
educação/formação cuja finalidade é a resolução de necessidades pontuais, decorrentes de
problemas.
Abria-se assim o caminho para a substituição das Teorias do Capital Humano, por abordagens mais
capazes de aderirem à realidade, nomeadamente as Teorias dos Ciclos de Vida (Kóvacs e Lopes,
2009). Assim, o ciclo de vida individual passava a constituir-se como eixo de referência central das
novas conceções dos mercados de trabalho. Passa a destacar-se a importância da formação
profissional enquanto mecanismo de transição entre escola e mercado de trabalho, sobretudo, face
a situações de abandono escolar precoce, bem como o seu papel determinante no ciclo de vida
ativa dos/as trabalhadores/as, quer pelos novos perfis de competências exigidos, quer pelas críticas
apontadas ao sistema de ensino formal (Soares, 2009).
Se se considerar o processo de integração europeia como quadro de referência, percebe-se que,
apesar dos discursos aparentemente de inspiração humanista e crítica em torno da educação e
formação de adultos, na realidade tenta-se promover a adaptação às próprias exigências do
mercado de trabalho num mundo globalizado. Afirma-se que é necessário apostar numa nova
conceção de educação “que valorize o enriquecimento interior, acreditando que favorece a
flexibilidade requerida no mundo moderno do trabalho” e que “os adultos precisam de
competências funcionais para se tornarem independentes e produtivos e contribuírem para o
desenvolvimento económico local” (UNESCO, 1997, cit. Cavaco, 2008). Defende-se uma educação
integral que alie competências técnicas e sociais, orientada para adaptação social e para a gestão
de recursos humanos.
Assim, pode constatar-se como a emergência de novos fatores críticos tem vindo a colocar desafios
particularmente significativos à Educação e Formação de Adultos e ao desígnio de fazer da Europa
Ainda em Portugal, também o Plano Nacional de Ação para a Inclusão (PNAI) tem assumido como
objetivo primordial o combate de situações de pobreza e exclusão mediante a promoção da
educação e da formação ao longo da vida. Estes são considerados elementos centrais face a uma
economia centrada no conhecimento, no domínio das novas tecnologias e nas competências. Um
O Sistema Nacional de Qualificações (SNQ) foi criado em dezembro de 2007, com a publicação do
Decreto-Lei nº 396/2007, de 31 de dezembro, em articulação com o Quadro Europeu de
Passados quase dez anos sobre a criação do SNQ, não obstante as melhorias verificadas, ainda
subsiste um significativo défice estrutural de qualificações na população portuguesa. Face a este
quadro, é feita à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 396/2007, de 31 de dezembro, onde o atual
Governo estabelece como prioridade a revitalização da educação e formação de adultos, enquanto
pilar central do sistema de qualificações. Foi, precisamente, com esse objetivo de que foi criado o
Programa Qualifica, regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 14/2017, de 26 de janeiro, que aposta em
percursos de formação que conduzam a uma qualificação efetiva, por oposição a uma formação
avulsa, com fraco valor acrescentado do ponto de vista da qualificação e da melhoria da
empregabilidade dos adultos.
A formação profissional abrange assim diferentes domínios do saber, os quais podem ser descritos do
seguinte modo:
SABER-SABER – conjunto de saberes gerais ou específicos de uma determinada disciplina científica,
técnica ou tecnológica, normalmente designado como conhecimento teórico.
SABER-FAZER – na esfera da ação significa saber utilizar os instrumentos e os equipamentos, bem
como meter em prática os métodos cuja utilização é essencial ao desempenho profissional. É a
operacionalização dos saberes teóricos, tecnológicos e científicos.
Importa refletir sobre quais serão as vantagens da formação profissional. Esta representa uma
vantagem competitiva a nível individual e organizacional além de que possibilita a certificação
oficial de competências profissionais; melhora desempenhos em posto de trabalho; possibilita a
aquisição de novas competências e/ou "reciclagens" ao longo do percurso profissional e constitui
uma ferramenta de excelência na (re)adaptação às mudanças organizacionais e ao meio
"turbulento" em que estas se inserem.
Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro - Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 396/2007, de 31 de
dezembro, que regula o Sistema Nacional de Qualificações (SNQ) e as estruturas que asseguram o seu
funcionamento.
Portaria n.º 47/2017 de 1 de fevereiro - Regula o Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação Profissional
e define o modelo do instrumento de orientação e registo individual de qualificações e competências
"Passaporte Qualifica".
Portaria n.º 283/2011, de 24 de outubro - Procede à segunda alteração da Portaria n.º 230/2008, de 7 de março,
que define o regime jurídico dos cursos de educação e formação de adultos (cursos EFA) e das formações
modulares previstos no Decreto-lei n.º 396/2007, de 31 de dezembro.
Portaria n.º 994/2010, de 29 de setembro - Determina a validade dos certificados de aptidão pedagógica de
formador, emitidos ao abrigo do Decreto Regulamentar n.º 66/94, de 18 de novembro
Portaria n.º 782/2009, de 23 de julho - Regula o Quadro Nacional de Qualificações e define os descritores para
a caracterização dos níveis de qualificação nacionais
Despacho n.º 13456/2008, de 14 de maio - Aprova a versão inicial do Catálogo Nacional de Qualificações
Portaria n.º 230/2008, de 7 de março - Define o Regime Jurídico dos Cursos de Educação e Educação e Formação
de Adultos e das Formações Modulares
Resolução do Conselho de Ministros n.º 173/2007, de 7 novembro - Aprova a Reforma da Formação Profissional;
Aprova o projeto de decreto-lei que estabelece o Sistema Nacional de Qualificações e cria o Quadro Nacional de
Qualificações, o Catálogo Nacional de Qualificações e a Caderneta Individual de Competências; Aprova o
projeto de decreto-lei que estabelece os princípios do Sistema de Regulação de Acesso a Profissões
Decreto Regulamentar n.º 84-A/2007, de 10 de dezembro - Estabelece o regime jurídico de gestão, acesso e
financiamento no âmbito dos programas operacionais financiados pelo Fundo Social Europeu
Lei n.º 49/2005, de 30 de agosto - Segunda alteração à Lei de Bases do Sistema Educativo e primeira alteração
à Lei de Bases do Financiamento do Ensino Superior
Portaria n.º 256/2005, de 16 de março - Aprova a atualização da Classificação Nacional das Áreas de
Educação
e Formação (CNAEF). Revoga a Portari a n.º 316/2001, de 2 de abril
“(…) o profissional que, na realização de uma acção de formação, estabelece uma relação
pedagógica com os formandos, favorecendo a aquisição de conhecimentos e competências, bem
como o desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento, adequados ao desempenho
profissional” (nº 1 do Artº 2º)
Ao nível do enquadramento legal, o/a formador/a deve possuir uma série de competências,
nomeadamente:
• Domínio técnico atualizado relativo à área em que é especialista;
• Domínio dos métodos e técnicas pedagógicas adequadas ao tipo de formação que
desenvolve;
• Competências comunicacionais que proporcionem ambiente facilitador do
processo ensino/aprendizagem.
• Preparação psicossocial;
• Formação científica, técnica, tecnológica e prática, garantida por qualificação de nível
pelo menos igual ao de saída dos formandos e variável de acordo com a formação a
ministrar;
• Formação pedagógica certificada nos termos da lei.
O/A Formador/a não é um simples instrutor; é aquele/a que proporciona a aprendizagem e que
permite e orienta a apropriação dos saberes pelos/as formandos/as.
A missão do formador/a é:
• Formar pessoas capazes e possuidoras de qualidades manuais, técnicas, morais, éticas e
com consciência profissional.
• Ensinar a aprender: o/a formador/a deve estar atento aos/às formandos/as, à dinâmica do
grupo; às suas próprias atitudes; aos objetivos da sessão; ao trabalho do grupo e a
condições exteriores à sessão.
Objetivos
Perfis de entrada e de saída;
Programa;
Condições de realização.
desenvolvendo os conteúdos;
estabelecendo e mantendo a comunicação e a motivação dos formandos;
gerindo os tempos e os meios materiais necessários;
utilizando auxiliares didáticos;
deve, ainda, gerir a progressão na aprendizagem realizada pelos formandos utilizando meios
de avaliação;
formativa e implementando os ajustamentos necessários.
Avaliação da formação
O/A formador/a deve realizar a:
Ser capaz de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua atividade:
o A população ativa, o mundo de trabalho e os sistemas de formação, o domínio técnico-científico
e/ou tecnológico objeto de formação;
o A família profissional da formação, o papel e o perfil do formador/a;
o Os processos de aprendizagem e a relação pedagógica;
o A conceção e organização de cursos ou ações de formação.
o Analisar o contexto específico das sessões: objetivos, programa, perfis de entrada e de saída,
condições de realização da ação;
o Conceber planos das sessões;
o Definir objetivos pedagógicos;
o Analisar e estruturar os conteúdos de formação;
o Selecionar os métodos e as técnicas pedagógicas;
o Conceber e elaborar os suportes didáticos;
o Conceber e elaborar os instrumentos de avaliação.
Ser capaz de gerir a progressão na aprendizagem dos formandos, nomeadamente: Efetuar a avaliação
formativa informal;
• Mostrar aos/às formandos/as o que deve ser feito, como devem fazer e porquê;
• Estimular e ajudar os/as formandos/as a fazerem o trabalho como deve ser feito;
• Observar quem está a fazer e como deve fazer e quem não está a fazer e porquê;
• Apoiar e elogiar os que estão a fazer como devem;
• Procurar atingir os objetivos da ação tendo em conta os destinatários da mesma;
• Cooperar com as entidades beneficiárias e promotoras, bem como com outros intervenientes
no processo formativo, no sentido de assegurar a eficácia da ação de formação;
• Preparar de forma adequada e atempada, cada ação de formação, prevendo diferentes
hipóteses de desenvolvimento, documentação, métodos e técnicas pedagógicas, bem como
diferentes momentos de avaliação;
• Assumir atitudes e padrões de comportamento que favoreçam um clima de confiança e
compreensão entre os intervenientes no processo formativo;
• Assegurar a reserva de dados e acontecimentos relacionados com o processo de formação;
• Zelar pelos meios materiais e técnicos postos à sua disposição;
• Cumprir a legislação e os regulamentos aplicáveis à formação e em contra
Atendendo ao tempo em que ocorre a formação – isto é, se é prévia ao exercício de uma profissão
ou se acontece enquanto se desempenha determinada profissão ou se está em processo de
mudança de profissão -, podem ser consideradas duas categorias
A formação inicial: “atividade de educação e formação certificada que visa a aquisição de saberes,
competências e capacidades indispensáveis para poder exercer o exercício qualificado de uma ou
mais atividades profissionais”. A tónica é posta na qualificação profissional inicial, na preparação
para a vida adulta e profissional, ou seja, antecede o início de desempenho de uma profissão. A
formação inicial pode ainda surgir como:
• Formação inicial de dupla certificação: é a formação inicial integrada no CNQ e desenvolvida
por entidades formadoras certificadas para o efeito ou por estabelecimentos de ensino
reconhecidos pelos ministérios competentes.
Cursos de
Cursos de Formações Utras ações de
Cursos Cursos de Educação e
Especialização Modulares do Formação-Ação Formação
Profissionais Aprendizagem Formação de
Tecnológica CNQ contínua
Adultos
Os percursos formativos são organizados de forma flexível e articulada, incluindo uma formação de
base e uma componente de formação tecnológica profissionalizante (que inclui prática no contexto
real), ou somente a primeira. Em termos de resultados, possibilitam uma certificação
Modulares certificadas
Procura difundir uma oferta de formação contínua devidamente flexível e diversa, integrada no
Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ), tendo por objetivo completar e construir qualificações
profissionais. Destina-se a indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos, ativos empregados ou
desempregados que pretendam desenvolver competências em domínios gerais, escolares ou
específicos.
A formação modular tem por base unidades de curta duração, com 25 ou 50 horas,
obrigatoriamente patentes no CNQ. Pode ser usada em processos de RVCC, bem como de
reciclagem e reconversão profissional. Podem estar integradas na componente de formação de
base, bem como na componente tecnológica.
Também pode abranger Formação de Gestores e Quadros, que visa a otimização das capacidades
de gestão de Empresários/as e Dirigentes, bem como o desenvolvimento das competências
humanas, técnicas e organizacionais no quadro das organizações.
Formação de Formadores/as
- Visa melhorar o desempenho de todos os agentes que intervêm no processo formativo, nos
domínios pedagógico, técnico e organizativo, por forma a contribuir para a elevação da qualidade
da formação que é ministrada no âmbito das entidades promotoras.
Modalidade
de
formação Vantagens Desvantagens
o Apela à reprodução e memorização de
o Existe Feedback em cada formação presencial; conteúdos.
o Tendência para o aluno assumir um papel
o Existe afetividade que normalmente se mais passivo face à sua própria aprendizagem
estabelece na formação em sala, onde formador/a o Não existe a possibilidade de flexibilizar a
Presencial e formandos estabelecem o seu relacionamento frequência da formação, quer no Espaço, quer
no Tempo;
o É impossível reunir formandos
provenientes de vários pontos do país (há o
constrangimento da distância).
“A aprendizagem é uma capacidade que pomos em ação quotidianamente para dar respostas
adaptadas às solicitações e desafios que se nos colocam devido às nossas interações com o meio. A
aprendizagem é assim algo mais do que uma “coisa” que se pode descrever e observar: é
essencialmente um processo cognitivo”.
Jorge Pinto, Psicologia da aprendizagem – Concepções, Teorias e Processos, 1999
A aprendizagem é, assim:
o Mudança pautada por uma certa estabilidade e constância, ou seja, tem um carácter
duradouro do comportamento e do conhecimento
o Traduz-se num hábito ou numa tendência para responder de um certo modo numa
determinada situação
o Resultado do exercício e da experiência, ocorrendo de forma consciente ou inconsciente,
atinente a um processo individual ou interpessoal.
o Processo cognitivo que implica a interação do ser humano com o meio circundante, bem
como a gestão e síntese da informação recebida com a possuída.
o Processo pessoal que engloba a totalidade da pessoa, pelo que aprender consiste numa
reorganização interior.
O/A formador/a é um facilitador/a de aprendizagem por isso tem como tarefa principal levar os/as
formandos/as a aprender. Isto quer dizer que deve ser capaz de criar situações que favoreçam a
aprendizagem. A aprendizagem é a capacidade de que quotidianamente necessitamos para
responder adequadamente às diferentes solicitações e desafios que se nos colocam na nossa
interação com o meio. Denominam-se teorias da aprendizagem, em Psicologia e em Educação, aos
diversos modelos que visam explicar o processo de aprendizagem pelos indivíduos.
O conhecimento dos princípios da aprendizagem serve para entender de que maneira os indivíduos
geram os seus desejos e motivações e como se desenvolvem os seus gostos. Pode observar-se que
uma vez estabelecido um padrão de comportamento habitual, este substitui o comportamento
consciente.
Relativamente aos adultos são eles que decidem o que importa aprender e necessitam de validar
a informação a partir das suas convicções e experiências. Esperam que aquilo que estão a aprender
lhes seja útil de imediato, tendo experiências passadas a explorar e também fixações. Os adultos
têm capacidade significativa para servirem de recurso para o facilitador e para os membros do
grupo, estão centrados em problemas, participam ativamente, funcionam melhor em contacto
cooperante e participam no planeamento.
Para nos aproximarmos de uma didática crítica temos de valorizar o pedagógico sem deixar de lado
suas vinculações com os fatores sociopolíticos. A escola é parte integrante da totalidade social,
instância difusora de conhecimento e reelaboração de saberes pelos professores e alunos e os
métodos de ensino devem partir de uma relação direta com a experiência discente em confronto
com o saber elaborado.
Relacionando isto com a formação, não nos podemos esquecer que o/a formando/a é um ser
concreto situado historicamente e que a relação pedagógica que iremos manter deve ser calcada
na autonomia e reciprocidade, incidindo na valorização do papel do/a formador/a – mediação do
processo. A proposta pedagógica deve apontar a superação da divisão do saber.
Tendo em conta o processo e etapas da aprendizagem temos de ter consciência que existem
fatores que podem facilitar ou dificultar este processo. Uma das preocupações que o/a formador/a
deve ter quando planifica sessões de formação, é criar situações que favoreçam a aprendizagem,
tendo em conta três variáveis:
Existem fatores internos e externos ao próprio indivíduo, que podem facilitar ou inibir o processo
da aprendizagem. Alguns destes fatores estão relacionados com características das pessoas a quem
se destina a formação. O público alvo da formação profissional é, normalmente, constituído por
adultos, o que implica procedimentos necessariamente diferenciados, na medida em que a
aprendizagem adulta é substancialmente diferente da aprendizagem da criança e, por isso, o/a
formador/a não pode ter o mesmo tipo de abordagem perante estes dois públicos distintos.
Em termos teóricos iremos abordar, de forma sintética, três teorias explicativas da aprendizagem,
nomeadamente as Comportamentais, Cognitivistas e Humanistas.
a. Teorias Comportamentais
Os Behavioristas desenvolveram um estudo científico, puramente, objetivo, do comportamento
humano. Os estudiosos ligados a esta corrente rejeitaram tudo o que não pudesse ser observado e
medido com objetividade, não havendo espaço entro desta teoria para conceitos como “mente”,
“espírito”, “consciência” e “interiorização”.
Para estes teóricos, o Homem é, fundamentalmente, um organismo que responde a estímulos
exteriores, de um modo mais ou menos automático, quase passivo. A aprendizagem é encarada
como uma forma de condicionamento, resultado de uma associação entre estímulos específicos e
reações específicas.
No final de alguns ensaios, o animal já estava capaz de reagir ao estímulo neutro (som da
campainha) através de uma resposta de salivação. Isto é, o emparelhamento entre estímulo
incondicionado (comida) e o estímulo neutro (som de campainha), fez com que o som adquirisse
algumas propriedades do estímulo incondicionado – transformando-se num estímulo
condicionado desencadeador da resposta condicionada de salivação.
Estímulo Incondicionado – é aquele que produz uma resposta natural e espontânea em grande
parte dos organismos. É o caso da comida nas experiências de Pavlov – o cão salivava
espontaneamente face à comida. Não há qualquer necessidade de um processo de aprendizagem
– trata-se de um estímulo desencadeador de uma resposta inata de salivação. De igual modo, o
forte ruído na barra de ferro na experiência de Watson desencadeia inatamente no organismo
uma resposta emocional de medo ou de evitamento Estímulo Condicionado – é o estímulo que,
sendo previamente neutro, passa a provocar uma resposta semelhante à do estímulo
incondicionado após um emparelhamento repetido com este. É o caso do som da campainha na
experiência de Pavlov que, após a apresentação simultânea com a carne adquire propriedades
estimulantes semelhantes ao do estímulo incondicionado. É também o caso do rato branco do
Alberto.
Em síntese, vários estudos realizados no decurso do início do século XX permitiram concluir que:
o Grande parte das aprendizagens humanas e animais verifica-se por um processo de
condicionamento – no qual, por emparelhamento repetido entre um estímulo neutro e um
estímulo incondicionado, o primeiro adquires algumas propriedades do segundo,
desencadeando por si só respostas aprendidas condicionadas;
Procedimento Experimental
Thorndike colocou gatos em complexas gaiolas com comida no exterior, os animais podiam escapar
através da ativação de mecanismos variados. O gato poderia chegar à comida se fosse capaz de
carregar numa alavanca que abriria a porta da gaiola. Após várias tentativas aleatórias, o gato
conseguiu carregar na alavanca, abrindo-se a porta e sendo possível comer o alimento. Repetida a
experiência várias vezes, verificou-se que o tempo que o gato precisava para abrir a gaiola era cada
vez menor, ou seja, ele cometia progressivamente menos erros – Aprendizagem por Tentativa-Erro.
Thorndike referiu-se a este processo de aprendizagem de respostas instrumentais como um
processo de ligação ou conexão entre estímulos dados e uma nova resposta que estas ligações
eram fortalecidas ou enfraquecidas em função das consequências ou efeitos do comportamento.
Estes dois aspetos vão constituir, em larga medida, os temas inspiradores para as investigações de
Skinner.
Enquanto que para Pavlov toda a aprendizagem reflete o estabelecimento de uma ligação entre
um estímulo novo e uma resposta reflexa previamente existente no organismo, para Thorndike
reflete a ligação entre um estímulo e uma nova resposta. Para ambos, o estímulo antecedente
constitui um elemento fundamental na aprendizagem.
Skinner verificou que o meio não estimula unicamente o comportamento; o meio seleciona o
comportamento através das suas consequências. Segundo o autor, o comportamento é
fundamentalmente regulado pelas suas consequências, ocupando um lugar privilegiado na
aprendizagem animal e humana. O estímulo não desencadeia por si só a resposta. É através da
associação de um estímulo a uma consequência, que o primeiro adquire as propriedades
discriminativas de indução da resposta. Segundo Skinner, o estímulo funciona como um sinal da
probabilidade da ocorrência de determinadas consequências, aumentando ou diminuindo a
probabilidade de ocorrência de uma resposta.
Procedimento Experimental
A Caixa de Skinner consistia numa gaiola insonorizada, equipada com uma alavanca ligada a um
mecanismo fornecedor de alimentação e a um instrumento de registo cumulativo das respostas do
animal. Quando colocado na caixa, o rato iniciava vários movimentos exploratórios até que
casualmente tocava na alavanca que acionava a distribuição do alimento. Este comportamento de
acionar a alavanca era prontamente seguido de uma consequência agradável: o fornecimento de
comida – reforço positivo. Rapidamente, o animal aprendia a acionar a alavanca como forma de
obter a alimentação. Isto é, o reforço positivo da alimentação aumentou rapidamente a frequência
da resposta instrumental de acionar a alavanca.
Na caixa colocou-se uma rede de metal com corrente elétrica que produzia um estímulo doloroso
(choque elétrico), o qual podia ser interrompido acionando o pedal. Quando o rato,
acidentalmente, carregava no pedal, o choque era interrompido – o rato fazia-o para evitar a dor –
reforço negativo.
Através deste conjunto de experiências, Skinner formula uma das principais leis do paradigma do
condicionamento operante. Quando a ocorrência de um comportamento é seguida da
Extinção – consiste em fazer com que determinada resposta deixe de ser seguida do respetivo
reforço, sendo a consequência natural deste processo o enfraquecimento gradual da resposta.
Procedimento Experimental
Bandura apresentou a um grupo de crianças um modelo filmado que exibia uma série de
comportamentos agressivos em três condições distintas:
1ª Condição experimental, as crianças observavam o modelo a ser punido pela execução dos
comportamentos agressivos;
2ª Condição experimental, o modelo era generosamente reforçado pelo mesmo desempenho;
3ª Condição experimental, o modelo não era seguido de quaisquer consequências positivas ou
negativas. Após a exposição a uma destas três condições, os sujeitos eram colocados numa situação
semelhante à do modelo e eram registados os comportamentos imitativos de cada criança.
Verificou-se que, as crianças que observaram o modelo a ser reforçado ou o modelo que não
recebia quaisquer consequências, reproduziam um número significativamente superior de
comportamentos, comparativamente às crianças que tinham observado o modelo a ser punido.
A aprendizagem social desenrola-se ao longo de toda a vida através do processo de socialização.
Desenvolve-se através da observação, da identificação e da imitação de um modelo, isto é, uma
pessoa pode adquirir um comportamento novo observando e imitando outras pessoas – processo
de modelagem. O reforço ou a punição contribuem para a desinibição ou a inibição do
comportamento observado.
O processo de aprendizagem por observação não é um processo automático, isto é, não basta a
simples exposição de um sujeito a um modelo para que um comportamento ou regra seja
aprendido
Técnicas de Ensino
As teorias comportamentalistas destacam como primordiais algumas técnicas de ensino, segundo
os seus pressupostos nós aprendemos…
Condicionamento Operante
O ensino reflete as contingências de reforço.
O/A formador/a tem como função fazer surgir o comportamento ótimo, usando os estímulos e os
reforços apropriados e implicando o conhecimento prévio das respostas e dos objetivos.
Diminui o papel do indivíduo enquanto construtor da própria aprendizagem.
O reforço nem sempre funciona devido aos diferentes significados e consequências para cada um.
Apela à massificação do ensino.
Aprendizagem Social
A aprendizagem pode ocorrer em situações sociais mas nem todas as aprendizagens.
Um sujeito não necessita de experimentar todos os passos de um comportamento mais complexo
para o aprender.
Em síntese
A aprendizagem acontece por condicionamento. Fala-se de condicionamento sempre que se
observa o aparecimento de um comportamento novo desencadeado de forma involuntária sob a
influência de um sinal proveniente do meio. Este condicionamento é o resultado de uma associação
entre estímulos específicos e as reações correspondentes, suscetíveis de serem reforçados (as
respostas dos formandos) até à sua otimização, se estiverem na linha da aprendizagem desejada,
ou ignoradas até à sua extinção e, eventualmente, punidas se afastarem o aluno dessa finalidade.
A referenciar que os pressupostos comportamentalistas são validos no contexto de ensino-
aprendizagem desde que sejam coerentes com o público-alvo, o contexto de ensino-aprendizagem
e os objetivos da formação.
Processamento de Informação
A mente humana é um processador de informação, isto é, recebe, interpreta, armazena e recupera
ou utiliza a informação quando necessário.
Princípios Psicopedagógicos
Segundo estes teóricos, o Homem interpreta e organiza o que se passa à sua volta em termos de
conjuntos e não apenas de elementos isolados
Vantagens e limitações
Em Síntese
Nesta perspetiva o Homem não é um ser passivo, puo recetor e estímulos exteriores, mas antes
um agente ativo, capa de criar o seu próprio mundo e evoluir, como resultado da experiência que
vai adquirindo. A aprendizagem é um processo ativo do sujeito que apreende informações vindas
c. Teorias Humanistas
As teorias humanistas têm a sua origem em Carl Rogers e na sua defesa do indivíduo. Estas teorias
trazem para o centro da aprendizagem o indivíduo como agente responsável pelo seu processo de
formação. Esta perspetiva considera a aprendizagem um processo cognitivo, sublinhando o
processo do desenvolvimento socio-emocional como elemento-chave no processo de
aprendizagem.
O autor considera que o indivíduo cresce e adquire experiência num contexto de liberdade e de
iniciativa para descobrir o seu próprio caminho, numa atitude de auto-realização e de
autoavaliação, no seu percurso e processo individual de se “tornar pessoa”. A aprendizagem
assume uma natureza pessoal e vivencial – pessoa como ser.
Este processo de descoberta do significado pessoal do conhecimento ocorre no mundo interior do
indivíduo, com as experiências e as imagens que tem de si própria e dos outros, facilitada por um
clima de liberdade, criatividade, colaboração, espontaneidade e empatia.
Nesta perspetiva, o/a formador/a adquire a função de facilitador da aprendizagem, ao ser capaz
de criar um clima socio-afetivo de genuinidade, empatia, aprendizagem e respeito mútua pelas
necessidades individuais e do grupo.
Princípios Psicopedagógicos
Após a análise da perspetiva humanista, importa sublinhar qual a sua influência no processo
ensino- aprendizagem.
Técnicas de Ensino
A aprendizagem centra-se completamente no/a formando/a, nas suas necessidades, na sua
vontade, nos seus sentimentos e na necessidade de lhe incutir um espírito de responsabilidade pela
auto-aprendizagem e um espírito de auto-avaliação. É um processo ativo e acontece através de um
processo de descoberta autónomo e refletido, liderado por objetivos pessoais, por ensinar a sentir
e por ser individualizado. Privilegia-se….
Vantagens e limitações
Assim, com o objetivo de desenvolver métodos de ensino eficazes, alguns autores desta corrente
preocuparam-se em estudar a aprendizagem escolar, analisando as implicações da sua teorização,
apresentando propostas de tipos e modelos de aprendizagem.
Alguns modelos adquiriram maior importância pela sua contribuição, quer para a eficácia da
formação, quer para o papel do/a formador/a enquanto facilitador/a (entre o saber já existente e
as novas aquisições).
Em geral, grande parte da aprendizagem realizada em contextos formais é recetiva, enquanto que
os problemas do quotidiano são na sua maioria solucionados através da aprendizagem por
descoberta
Tanto a aprendizagem recetiva como a por descoberta podem ser automáticas ou significativas,
dependendo das condições em que ocorrem.
Será que existe um único tipo de aprendizagem, ou seja, aprende-se sempre da mesma maneira,
independentemente do objetivo da aprendizagem?
Para se conseguir realizar as diferentes tarefas constatamos que, provavelmente, existem vários
tipos de aprendizagem e diferentes processos cognitivos. Para que o/a formador/a consiga cumprir
a sua tarefa de facilitador de aprendizagem é necessário que compreenda o que se passa na cabeça
do “sujeito que aprende”.
Os adultos têm uma perceção diferente da perceção das crianças e posicionam-se, face à
aprendizagem, de modo diferente. As diferentes formas como se aprende implicam, por sua vez,
diferentes processos de aprendizagem. Os processos cognitivos presentes na realização das tarefas
de aprendizagem dependem da natureza dessa mesma tarefa, isto é, do domínio visado pelos
objetivos. O/A formador/a deve criar situações que favoreçam a aprendizagem, facto que implica
o conhecimento dos diversos fatores facilitadores da aprendizagem. Esta análise pode ajudá-lo a
planificar a formação de modo a rentabilizar os processos internos intervenientes na
aprendizagem.
A função de qualquer teoria de ensino/formação é dar a conhecer que diferentes tipos de
aprendizagem:
• implicam diferentes processos cognitivos;
• pressupõem diferentes capacidades;
• exigem níveis de resposta diferenciados.
Os indivíduos em formação compreendem aquilo que está a ser dito; mais tarde, serão
confrontados com a surpresa desagradável de não conseguirem reproduzir essa mesma
informação. Este facto, ao ser interpretado como falta de capacidades para aprender, poderá
conduzir a uma perda de autoconfiança, a frustração e desmotivação face a futuras aprendizagens.
Assim, para que a prática pedagógica conduza ao sucesso da aprendizagem, o/a formador/a deve
ter em conta o seguinte:
o o nível de dificuldade das atividades propostas, deve estar ao alcance de todos;
o o/a formador/a deve garantir a resolução mínima dos exercícios por todos os participantes;
Sempre que algo perturba o bom funcionamento da aula a primeira atitude do professor é proibir.
Mas será que tudo o que perturba deve ser banido? Na última década têm havido um aumento de
investigação sobre o potencial educativo desta tecnologia que mostra que o termo perturbador
muitas vezes tem a conotação oposta quando posta em prática.
O termo disruptivo tem sido usado para descrever a aprendizagem suportada por tecnologias
móveis (Mobile Learning). Então por que motivo o mobile learning é considerado perturbador?
Será este tipo de perturbação uma coisa boa?
As tecnologias estão a provocar o desenvolvimento de novas oportunidades que devem melhorar
e orientar o processo de aprendizagem a um nível superior, em comparação com as condições
inimagináveis anos antes. Conhecer a rentabilidade da formação em geral e do learning, em
particular, poderá permitir introduzir fatores de melhoramento e inovação no processo de ensino
e aprendizagem dos aprendentes, futuros trabalhadores.
Atualmente, por intermédio do uso de tecnologias móveis wireless, a educação está a ser
direcionada para um novo conceito, o mobile learning, que permite o acesso a conteúdos sem
limites de espaço e tempo e uma organização mais flexível do tempo de aprendizagem. A maioria
das atividades quotidianas da atual geração de alunos está relacionada com tecnologia e com a
participação em redes sociais. Muita da gestão de conhecimento que os jovens atualmente
realizam fora da escola é mediada por tecnologias.
e instituições de formação;
• É, por exemplo, o caso, no passado, da existência de diversas vias de ensino a partir do
final da escola primária (Ensino Liceal e Ensino Técnico) ou, na atualidade, as diversas
vias que se oferecem no ensino secundário (via profissionalizante e via de ensino) e os
cursos que existem em paralelo com o ensino regular, como seja, os CEFs.
Diferenciação externa
• Pode acontecer como algo que, embora diferente, se enquadre no plano de estudos
vigente;
• Ela realiza-se a nível meso da estrutura;
Diferenciar porquê?
Porque requer um conhecimento profundo dos formandos: Nem sempre o/a formador/a é capaz de o
fazer, por não dispor de toda a informação necessária. Não se trata de um processo rigoroso, do certo ou
errado, mas antes de um processo que se vai progressivamente melhorando, muitas vezes através da
tentativa e erro.
Necessidade de uma planificação prévia intencional: Não é possível desenvolver uma diferenciação
pedagógica que contribua para a aprendizagem dos alunos pensada sobre o momento e, portanto, surgida
ao acaso e de forma espontânea. Há, sim que escolher em que momentos deve ocorrer, de que tipo
selecionar e porque o fazer. Estas decisões estão dependentes dos objetivos de aprendizagem em presença
e das especificidades dos alunos e do professor.
A PNL usa as nossas capacidades naturais, como a de imaginar, para obter resultados precisos,
bem definidos no que se refere à mente, e em muitos casos com efeitos comprovados no nível
físico. A informação é recolhida pelos cinco sentidos (olfato, tato, paladar, audição e visão) e
corresponde a perceções.
Uma boa comunicação realiza-se quando uma pessoa deteta o canal predominante do
interlocutor, e é usado para entrar em sintonia com ele. Todo o comportamento é uma
estrutura que pode ser modelada, ensinada, aprendida e modificada (re-programada).
No mundo atual o importante hoje é ser competente, ou seja, saber fazer coisas, resolver
situações. Porém, como as situações são cada vez mais complexas, ser competente requer, por
um lado, muitos saberes teóricos e práticos e, por outro, muita imaginação e criatividade.
A sociedade atual exige de todos um constante papel de auto-aperfeiçoamento e de resolução
criativa de problemas. Os conhecimentos renovam-se rapidamente, em consequência dos
progressos científicos e tecnológicos. Já não basta trabalhar bem, é preciso fazê-lo cada vez
melhor: há que desenvolver (as) capacidades que ajudem os indivíduos a mais facilmente se
adaptarem a novas circunstâncias e situações. A criatividade é um meio de reação que está
disponível para todos os seres humanos e permite enfrentar problemas, condições e
oportunidades cada vez mais complexos. Possuir aptidões de pensamento criativo contribui de
forma significativa para a aquisição de novo conhecimento.
O pensamento criativo é essencial para a resolução de problemas, e saber resolver problemas
é necessário para a sobrevivência, para o desenvolvimento da independência e para a
realização de uma vida plena. É ainda necessário cultivar as sementes de criatividade que
existem em todo o ser humano, através de um ambiente rico em estímulos e desafios e da
prática de valorizar o trabalho do indivíduo e do grupo, reconhecer as potencialidades,
respeitar as diferenças e oferecer oportunidades para a produção e fertilização de ideias.
No contexto de formação a criatividade pode trazer experiências emocionantes e satisfatórias
tanto para o/a formando/a quanto para o/a formador/a. A colaboração existente no diálogo
entre pares e no diálogo entre formando - conteúdos e formando - /formador potencia a
compreensão e a construção do conhecimento. Por outro lado, "O carácter transversal da
criatividade permite- lhe ser uma engrenagem em variadas áreas disciplinares, pelo que parece
ser uma fonte inesgotável de estimulação“ (Cañamero, 1998). A tendência parece ser a de
deslocar a prioridade da formação dos conteúdos para a aquisição e desenvolvimento, nos
formandos, de métodos e processos e da passagem de uma aprendizagem por receção para
uma aprendizagem por descoberta. De alguma maneira ultrapassa-se a perspetiva dominante
da criatividade como fim/produto para se chegar à
Formador: Sistema, Contextos e Perfil 63 / 66
criatividade como meio/recurso pessoal, mormente quando, através de uma negociação
criativa, o formador consegue fazer emergir e manter nos formandos uma atitude de
transcendência dos próprios limites.
Quem anima e concebe dispositivos de animação deverá estar consciente das interações
complexas que irão ter lugar na formação. Os adultos pautam-se pelas razões de querer
aprender, do seu passado, estilo, ritmo, visão do mundo, estilos e estratégias de aprendizagem,
etc.
O "produto" da criatividade do/a formador/a são as "oportunidades" que este cria, para que
o indivíduo e os grupos experimentem e aprendam com todas as variáveis presentes no
contexto formativo, incluindo-se o tempo, espaço, as coisas, as próprias pessoas e o/a
formador/a, que podem ser organizados e arranjados no intuito de levar o grupo à
aprendizagem.
CONCLUSÃO:
Com a conclusão deste módulo sabemos que a caracterização dos sistemas de formação
portugueses pode ser realizada tendo por base os objetivos, o público-alvo, a metodologia e os
meios pedagógicos utilizados. Os sistemas de formação, em todas as suas vertentes, bem como a
atividade de formador estão legalmente legisladas. Ao/À formador/a são exigidas competências,
em diferentes domínios, de forma a concretizar o processo de ensino-aprendizagem com sucesso.
A formação profissional promove o desenvolvimento do indivíduo, partindo dos conhecimentos
adquiridos e de experiências vividas para o enriquecem os seus conhecimentos, competências,
atitudes e comportamentos. Pretende-se o aumento das qualificações técnicas bem como a sua
participação no desenvolvimento sócio -económico e cultural da sociedade. Assume-se enquanto
processo global que possibilita a jovens e adultos, a inserir ou inseridos no mercado de trabalho, a
sua preparação para o desempenho de uma atividade profissional.
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