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03/03/2020

Estatística
Teoria das Probabilidades

Paula Rodrigues

Teoria das Probabilidades

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03/03/2020

Teoria das Probabilidades – Conceitos


Básicos
A Teoria da Probabilidade permite encontrar modelos de
realização para fenómenos que surgem do acaso e que,
por isso, à partida, seriam imprevisíveis. O objetivo é,
através desses modelos, tornar estes fenómenos, sob
certas condições, previsíveis.

Na Teoria da Probabilidade existem três conceitos


básicos a saber:

 Experiência aleatória;
 Acontecimento aleatório;
 Espaço de resultados ou espaço amostral.

Teoria da Probabilidades
Experiência aleatória (S): trata-se de um
procedimento (uma experiência) que se pode repetir
um grande número de vezes nas mesmas condições e
cujo resultado é sempre imprevisível, ou seja, não
determinístico, aleatório.

Acontecimento aleatório (A): é um acontecimento


que pode ou não realizar-se durante uma experiência
aleatória. Um acontecimento corresponde a um
qualquer subconjunto do espaço amostral, ou seja,
qualquer resultado ou conjunto de resultados
particulares do espaço de amostragem.

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Teoria da Probabilidade
Diagrama de Venn

S
Espaço de resultados ou espaço amostral: é o conjunto de todos
os resultados possíveis da experiência aleatória e representa-se
por Ω.

Exercício

Considere as seguintes experiências aleatória e


determine os seus espaços amostrais.
a) Lançar uma moeda e observar número de faces
obtidas.
b) Lançar um dado e observar o número mostrado na
face de cima.
c) Contar o número de peças defeituosas produzidas
numa máquina no período de uma hora.

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Resolução do Exercício

a)S1={0,1}
b)S2 = {1,2,3,4,5,6}
c) S3 = {0,1,2,…, n}, onde n é o número
máximo que pode ser produzido numa
hora.

Teoria das Probabilidades


Os acontecimentos podem ser classificados de diversas
formas:

1. Simples (contém apenas um resultado possível do espaço


amostral);
2. Composto (contém mais do que um resultado possível do
espaço amostral);
3. Certo (contém todos os resultados possível do espaço
amostral, coincidindo com este);
4. Impossível (não contém nenhum resultado possível do
espaço amostral, representa um conjunto vazio);
5. Mutuamente exclusivos ou incompatíveis (não podem
ocorrer ao mesmo tempo);
6. Complementares.

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Exercício

Indique exemplos de acontecimentos relacionados com


as seguintes experiências e identifique o
correspondente subconjunto do espaço amostral.
a) Lançar uma moeda e observar número de caras
obtidas.
b) Lançar um dado e observar o número mostrado na
face de cima.
c) Contar o número de peças defeituosas produzidas
numa máquina no período de uma hora.

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Resolução do Exercício

a)A1: “ocorre uma face”; A1 = {1}; acontecimento


simples
b)A2: “ocorre um número par”; A2 = {2,4,6};
acontecimento composto
c) A3: “todas as peças são perfeitas”; A3 = {0};
acontecimento simples

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Teoria das Probabilidades


Como os acontecimentos são subconjuntos do espaço
amostral, a álgebra dos acontecimentos pode ser explicada
através da álgebra dos conjuntos. Assim:
Intersecção de dois acontecimentos A e B: A∩B, é o
acontecimento que contém todos os elementos que são
comuns a A e a B.

Diagrama de Venn

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Teoria da Probabilidade
Acontecimentos mutuamente exclusivos: A e
B são mutuamente exclusivos ou disjuntos ou
incompatíveis se não tiverem elementos em
comum. Denomina-se por A∩B = Ø.
Diagrama de Venn

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Teoria da Probabilidade
Diferença entre dois acontecimentos: designa-se por
A-B ou B-A e é o acontecimento que contém todos os
elementos de A que não pertencem a B, ou que contém
todos os elementos de B que não pertencem a A.

Diagrama de Venn

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Teoria da Probabilidade
Reunião de dois acontecimentos: designa-se
por AUB e é o acontecimento constituído pelos
elementos que pertencem a A ou a B.

Diagrama de Venn

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Cálculo Combinatório
Nem sempre é fácil realizar as contagens para o
cálculo das probabilidades dos acontecimentos a
estudar. Para facilitar essas contagens recorre-se
ao Cálculo Combinatório.

Os conceitos fundamentais do cálculo


combinatório são os arranjos, as permutações e as
combinações.

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Cálculo Combinatório
Arranjos: para um conjunto de n elementos distintos
formam-se grupos de p elementos (1 ≤ p ≤ n) que diferem
pela natureza e pela ordem. Ao número total de arranjos
que se formam com p elementos escolhidos entre os n
elementos de um conjunto, é designado pelo símbolo Apn .

Os arranjos dão indicação do número de sequências de p


elementos que se podem formar a partir de um conjunto de
n elementos. Os arranjos de p elementos formados a partir
de um conjunto de n elementos são considerados amostras
ordenadas sem reposição.

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Cálculo Combinatório
Arranjo Simples:

n!
A n
p
n  p !

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Cálculo Combinatório
Quando nos arranjos entram elementos repetidos do conjunto
de dados, então é necessário ter em conta que se está perante
arranjos com repetição ou arranjos completos.

Arranjo Completo:

n
A 'p  n p

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Cálculo Combinatório

Permutações: indica o número de sequências


de n elementos que se podem formar a partir
de um conjunto de n elementos. Isto é, são
grupos formados por todos os elementos do
conjunto. Trata-se de um arranjo, da totalidade
ou de uma parte, de um conjunto de objectos
com uma ordem definida.

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Cálculo Combinatório
Permutação de n elementos distintos:

Pn  Ann  n !
Permutação de n elementos distintos quando há repetição de
elementos:
n!
P 'n  com n1  n2  ...  nk  n
n1 !n2 !...nk !

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Cálculo Combinatório
Combinações: indica o número de
subconjuntos de p elementos que se podem
formar a partir de um conjunto de n
elementos, que diferem pela sua natureza,
mas não pela ordem que foram
seleccionados. Estas combinações são
consideradas amostras não ordenadas sem
reposição.

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Cálculo Combinatório
Combinações:

n!
C n

p !n  p !
p

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Exercício

De quantas maneiras distintas é que a


Ana, a Bárbara, a Catarina e a Diana (A,
B, C e D, respetivamente) se podem
sentar dentro de um automóvel, indo duas
à frente e duas atrás e supondo que
qualquer uma o pode conduzir?

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Resolução do Exercício
No primeiro lugar, pode começar por sentar-se
qualquer uma das 4 meninas. Depois, no seu
lado, pode sentar-se qualquer uma das 3. No
lugar atrás do condutor, já só pode sentar-se uma
das 2 restantes. Finalmente, no último lugar
senta-se a última das meninas. Assim, o número
de arranjos de 4 pessoas num automóvel de 4
lugares é:
Permutação de n elementos distintos
4321 = 4! = 24

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Exercício
De quantas maneiras diferentes se podem
baralhar 52 cartas?

Resolução:
O número de maneiras diferentes de
baralhar 52 cartas é o número de
permutações de 52 objectos distintos, ou
seja:
P52 = 52! = 8,0661067

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Exercício

Quantos códigos diferentes de 4


algarismos se podem escolher para o
cartão multibanco, e nenhum dos
algarismos puder ser repetido?

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Resolução de Exercício
O número de permutações de 10 algarismos,
se escolhermos 4 de cada vez é:
10!
10  9  8  7 
10  4!
Esquematicamente:

1º Digito 2º Digito 3º Digito 4º Digito

10 9 8 7

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Exercício
Indique o número que resulta das seguintes experiências
aleatórias:

a) Extração sucessiva, sem reposição, de 3 bolas, de uma


caixa que contém 10 bolas numeradas de um a dez.
b) Extração sucessiva, com reposição, de 2 bolas, de uma
caixa que contém 6 bolas numeradas de um a seis.
c) Extração simultânea de 3 bolas, de uma caixa que
contém 5 bolas numeradas de um a cinco.

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Resolução do Exercício
a) Trata-se de uma extracção sucessiva, sem reposição, logo interessa
a ordem.

Arranjo Simples: indica o número de sequências de p elementos que


se pode formar a partir de um conjunto de n elementos.

10!
A310   720
Assim, a resolução do exercício será:
(10  3)!
Resposta: o número obtido da experiência aleatória é 720.

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Resolução do Exercício
b) Trata-se de uma extracção sucessiva com reposição,
logo interessa a ordem. Estamos a falar de um Arranjo
Completo.

Assim, a resolução do exercício será:


6
A '2  62  36
Resposta: o número obtido da experiência aleatória é 36.

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Resolução do Exercício
c) Trata-se de uma extracção simultânea onde não interessa a
ordem.

Combinações: indica o número de subconjuntos de p elementos


que se pode formar a partir de um conjunto de n elementos.

5! 5! 20
Assim, a resolução do exercício será: C 35     10
3!(5  3)! 3!2! 2
Resposta: o número obtido da experiência aleatória é 10.

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Definição de Probabilidade
Em linguagem corrente, o termo probabilidade é
uma medida da possibilidade de ocorrência de um
certo acontecimento aleatório, quando se realiza
determinada experiência.

Do ponto de vista matemático existem duas


definições de probabilidade:
A definição clássica de probabilidade e;
A definição frequencista de probabilidade.

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Definição de Probabilidade
A definição clássica de probabilidade (Laplace, 1812)
de um acontecimento é feita por analogia ao conceito
de frequência relativa. Assim, define-se probabilidade
do acontecimento A e representa-se por P(A), como
sendo:

N º de casos favoráveis n
P( A)  
N º de casos possíveis N

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Definição de Probabilidade
Esta definição não é no entanto, suficientemente
geral, pois pressupõe que todos os casos possíveis
são equiprováveis (com a mesma probabilidade) e,
em número finito, o que nem sempre se verifica.
Neste tipo de situações, a probabilidade do
acontecimento é dada pela frequência relativa
desse acontecimento, quando a experiência
aleatória a que lhe está associada for repetida um
grande número de vezes.

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Definição de Probabilidade

Os estudos, no âmbito dos astros, de Pierre-


Simon Laplace (1749-1827), foram
fundamentais para o desenvolvimento do
Cálculo de Probabilidades. Devido aos novos
métodos e idéias, o trabalho de Laplace de
1812, intitulado "Théorie Analytique des
Probabilités", até o presente, é considerado
um dos mais importantes trabalhos sobre a
matéria.

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Definições de Probabilidade
A definição frequencista de probabilidade define que um
acontecimento A ocorre nA vezes no conjunto de n
realizações independentes de uma experiência aleatória,
isto é, se uma experiência se realizar um elevado número
de vezes sob condições semelhantes, a frequência relativa
do acontecimento A, tende a estabilizar num certo valor
limite, que define a probabilidade do acontecimento.

nA
f n ( A)  , assim P( A)  lim f n ( A)
n n 

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Axiomas da Probabilidade
Os axiomas de base e as propriedades da
probabilidade matemática completam, do
ponto de vista formal, a definição de
probabilidade matemática e, por outro lado,
permitem o seu cálculo. Um axioma é um
conjunto de proposições cuja validade se
admite sem demonstração.

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Axiomas da Probabilidade
Axioma 1: A probabilidade de um qualquer
acontecimento aleatório é no máximo igual a 1 e no
mínimo igual a 0, isto é, 0 ≤ P(A) ≤ 1. Um acontecimento
com probabilidade de ocorrência igual a zero é
designado por acontecimento impossível, enquanto um
acontecimento com probabilidade igual a um é um
acontecimento certo.

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Axiomas da Probabilidade

Axioma 2: A probabilidade de todo o


acontecimento que forçosamente se
realiza, isto é, dum acontecimento certo, é
um.

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Axiomas da Probabilidade
Axioma 3: A probabilidade da união de dois acontecimentos
mutuamente exclusivos (os acontecimentos A e B dizem-se
mutuamente exclusivos, se a sua intercepção é nula, ou seja, A ∩
B = Ø), é igual à soma das probabilidades desses
acontecimentos, isto é:

P(A U B) = P(A) + P(B) se A ∩ B = Ø

Este axioma denomina-se por Axioma das Probabilidades


Totais. A extensão deste axioma a n acontecimentos define o
quarto axioma.

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Axiomas da Probabilidade
Axioma 4: A probabilidade da união de n
acontecimentos mutuamente exclusivos é igual à
soma das respetivas probabilidades.

P(A1  A 2  ....  A n )  P(A1 )  P(A 2 )  ...  P(A n ) se Ai  A j  0 (i, j  1,..., n )

Este axioma denomina-se por Axioma Completo


das Probabilidades Totais.

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Propriedades da Probabilidade
Com base nos axiomas anteriores é possível deduzir um
conjunto de propriedades das probabilidades.

Propriedade 1: Chama-se acontecimento


complementar de A, , ao acontecimento que contém
todos os elementos do espaço amostral Ω que não
estão no acontecimento A, de tal forma, que:

P(A)  P(A)  1

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Propriedades da Probabilidade

Propriedade 2: A probabilidade do acontecimento


impossível é zero e a probabilidade do
acontecimento certo é um.

Propriedade 3: Seja A um acontecimento contido


em B, tal que, A  B, então: P (A) ≤ P (B).

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Propriedades da Probabilidade

Propriedade 4: Quando os acontecimentos não são


mutuamente exclusivos, para calcular a probabilidade
da diferença entre dois acontecimentos é necessário
subtrair a um dos acontecimentos, a probabilidade da
sua interceção, ou seja:

P (A - B) = P(A) – P(A∩B)

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Propriedades da Probabilidade
Propriedade 5: Quando os acontecimentos não são
mutuamente exclusivos, a probabilidade da união de dois
acontecimentos obtêm-se subtraindo, à soma das
probabilidades desses acontecimentos, a probabilidade da sua
intercepção, ou seja:

P(AUB) = P(A) + P(B) – P(A∩B)

Assim, a soma da união dos dois acontecimentos é sempre


inferior à soma das probabilidades desses acontecimentos.

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Propriedades da Probabilidade

Propriedade 6: A probabilidade da união de n


acontecimentos é dada por:

n n

 
n  n 
P  A i   P( A i )  P(A i  A j )  ....  (1) n 1 P  A j , i  j
 i 1  i 1 i 1  i 1 

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Exercício
Considere o lançamento de um dado. Calcule a
probabilidade de:

a) Sair o número 3.
b) Sair um número par.
c) Sair um múltiplo de três.
d) Sair um número menor que 3.
e) Sair um quadrado perfeito.

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Resolução do Exercício
a) É necessário definir o acontecimento:

A: “Sair o número 3”
S  1, 2,3, 4,5, 6 S '   3

1
P( A)  = 0,1666
6
Resposta: a probabilidade de sair o número 3 é de 16,66%.

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Resolução do Exercício

b) É necessário definir o acontecimento:

B: “Sair um número par”

S  1, 2,3, 4,5, 6 S '   2, 4, 6


3
P( B)  = 0,5
6

Resposta: a probabilidade de sair um número par é de 50%.

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Resolução do Exercício
c) É necessário definir o acontecimento:

C: “Sair um múltiplo de 3”

S  1, 2, 3, 4, 5, 6 S '   3, 6
2
P (C ) 
6 = 0,3333
Resposta: a probabilidade de sair um múltiplo de 3 é de 33,33%.

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Resolução de Exercício
d) É necessário definir o acontecimento:

D: “Sair um número menor que 3”

S  1, 2,3, 4,5, 6 S '  1, 2


2
P( D)  = 0,3333
6
Resposta: a probabilidade de sair um número menor que 3 é de 33,33%.

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Resolução do Exercício
e) É necessário definir o acontecimento:

E: “Sair um quadrado perfeito”

S  1, 2,3, 4,5, 6 S '  1, 4


2
P( E )  = 0,3333
6
Resposta: a probabilidade de sair um quadrado perfeito é de 33,33%.

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Probabilidade Condicionada

Até agora abordaram-se algumas


propriedades de acontecimentos associados
a experiências aleatórias isoladas. No
entanto, frequentemente é necessário
considerar várias experiências em
simultâneo.

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Probabilidade Condicionada
A probabilidade de se realizar A, se se realiza B,
chama-se probabilidade condicional de A dado B,
representa-se por P(A\B) e, pode calcular-se através
da seguinte expressão:

PA  B
PA \ B  se P(B)  0
P(B)

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Probabilidade Condicionada
Quando a probabilidade de realização de A não
depende da realização ou não do acontecimento B,
os acontecimentos A e B dizem-se independentes. De
um ponto de vista formal, dois acontecimentos, A e
B, dizem-se independentes se se verifica a seguinte
igualdade:

P(A  B)  P(A)  P(B)

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Probabilidade Condicionada
Da definição de probabilidade condicional
resulta imediatamente o seguinte teorema:

P A  B  PB \ A  P( A)  P A \ B  P(B)

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Probabilidade Condicionada
Dois acontecimentos dizem-se independentes
quando a ocorrência de um não afeta a
probabilidade de ocorrência do outro e, vice-versa,
isto é, quando se verificam simultaneamente as
seguintes relações:

P  A | B   P  A
P  B | A  P  B 

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Exercício

Numa certa faculdade, 28% dos alunos são


trabalhadores estudantes e frequentam o curso
nocturno. Sabe-se ainda que, nessa instituição,
79% dos alunos frequentam o curso nocturno.
Qual é a probabilidade de um aluno eleito ao
acaso ser estudante trabalhador se este
frequentar o curso nocturno?

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Resolução do Exercício
A = “ser estudante trabalhador”
B = “frequentar o curso nocturno”
P(B) = 0,79
P(A∩B) = 0,28
Assim, a probabilidade de um aluno escolhido ao acaso ser
estudante trabalhador e frequentar o curso nocturno é:

P( A  B) 0,28
P( A / B)    0,3544
P( B) 0,79

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