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04/11/2018 O que se entende por Delito de Alucinação e Crime de Ensaio?

jusbrasil.com.br
4 de Novembro de 2018

O que se entende por Delito de Alucinação e Crime de


Ensaio?

Primeiramente, para entendermos o conceito de delito de alucinação


precisamos recorrer ao conceito de Erro de Proibição. Em simples
dicções, o erro de proibição é caracterizado quando o sujeito tendo
plena noção do que se passa ao seu redor, daí a diferença para o erro de
tipo, pratica uma conduta ilícita que em sua mente é permitida. Como
diz Vitor Eduardo Rios e André Stefam: "ele sabe o que faz, só não sabe
que é proibido". [1]

Exemplo para facilitar a compreensão: Turista estrangeiro,


residente em um país que é legalizado o consumo de maconha, e o
mesmo vem ao Brasil a passeio e traz consigo certa quantidade da
droga. Nesse caso houve erro de proibição, visto que o turista não
possui conhecimento da lei brasileira e, consequentemente, não sabia
que trazer consigo a droga era um ilícito penal.

O Delito de Alucinação é também conhecido como delito putativo


por erro de proibição. Consiste no indivíduo que pratica um fato
pensando que seja crime, contudo, não incide em ilícito penal algum.
Um exemplo interessante é a pessoa que trai a esposa pensando em ser
crime (adultério), porém não é (Lei nº 11.106, de 28 de março de 2005
revogou o tipo penal). Veja, a ideia de ilícito está na cabeça do agente,
daí o nome de Delito de Alucinação.

Por outro lado, o Crime de Ensaio é também conhecido como


delito de experiência ou delito putativo por obra do agente
provocador e ocorre quando o sujeito pratica uma conduta criminosa
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04/11/2018 O que se entende por Delito de Alucinação e Crime de Ensaio?
incentivada por uma outra pessoa, com o intuito de efetuar sua prisão
em flagrante.

Renato Brasileiro diz que crime de ensaio é quando "alguém, de forma


insidiosa, instiga o agente à prática do crime com o objetivo de prendê-
lo em flagrante, ao mesmo tempo que adota todas as providências para
que o delito não se consume". [2]

Vale ressaltar a existência de uma Súmula do STF sobre o assunto, que


diz o seguinte: "Não há crime, quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível a sua consumação". Nesse caso, o Pretório
Excelso considera crime impossível (art. 17, CP).

Interessante exemplo que ocorre hodiernamente é quando a Polícia


visando prender um traficante, o provoca fingindo ter interesse em
adquirir a droga, e no momento da venda executa a prisão em
flagrante. Detalhe importante: o criminoso nesse caso não responderá
pelo crime na modalidade "vender", pois sobre esse núcleo penal estará
caracterizado o crime impossível [3], entretanto, o agente responderá
pelo crime na modalidade "trazer consigo", "transportar", "ter em
depósito", etc.

Fontes:

[1] STEFAM,VITOR. Direito Penal Parte Geral. 2.ed. ed. Saraiva,


2012.

[2] LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume


único - 5.ed.rev.,ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.

[3] Vide Súmula 145 do STF.

Críticas e sugestões, comente aqui ! ;)

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