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LEGISLAÇÃO DESPORTIVA

SÃO PAULO

10 de julho de 2005

Palestrante: Leonardo Laporta Costa


Legislação
Aplicável:
• Constituição Federal.
• Lei nº. 9.615/98.
• Lei nº. 6.354/76 (Atleta de Futebol).
• CLT e Legislação Previdenciária.
• Leis trabalhistas em geral e
compatíveis.
INTRODUÇÃO
Para a maioria dos seus aficionados, a prática
esportiva é apenas um jogo, uma diversão,
entretanto, para os atletas que se dedicam
inteiramente a ela, fazendo treinamentos
constantes a fim de se manterem resistentes e
capacitados, participando de competições
periódicas, submetendo-se a concentrações às
vésperas dos jogos mais importantes,
vinculados, sobretudo, a um clube que lhe
paga salário mensal e prêmios extraordinários
com os quais se mantêm e às suas famílias, é
uma profissão.
“Há jogos que participam em maior ou menor
escala da natureza de trabalho. Assim, na
fronteira entre o jogo e o trabalho, situa-se o
desporto. Se o desporto é amador, tem muito
de jogo e pouco trabalho. Ao contrario, se o
desporto é profissional, tem muito de trabalho e
pouco de jogo - (José Maria Guix)” (in “O
Desporto no Direito”, editora Bestbook, 1º
edição, S. J. de Assis Neto, pág. 38).
Da Autonomia Desportiva
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas
formais e não-formais, como direito de cada um,
observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e
associações, quanto a sua organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção
prioritária do desporto educacional e, em casos
específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o
não- profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de
criação nacional.
§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se
as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
§ 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta
dias, contados da instauração do processo, para proferir
decisão final.
§ 3º - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de
promoção social.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Base Legal – Constituição Federal

5º - XIII – “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou


profissão, atendidas as qualificações que a lei estabelecer.”

Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:

Art. 7º, XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho.

Art. 7º, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,


técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos.
Lei nº 9.615/98 e alterações

Art. 26 – atletas e entidades de prática desportiva são livres


para organizar a atividade profissional, qualquer que seja
sua modalidade, respeitados os termos desta Lei.

Art. 28 – a atividade de atleta profissional de todas as


modalidades desportivas, é caracterizada por
remuneração pactuada em contrato formal de trabalho,
firmado com entidade de prática desportiva, ...... que
deverá conter obrigatoriamente, cláusula penal para as
hipóteses de descumprimento, rompimento ou rescisão
unilateral
Lei nº 9.615/98 e alterações

Art. 28 - § 1º – “aplicam-se ao atleta profissional as normas


gerais da legislação trabalhista e da seguridade social,
ressalvadas as peculiaridades expressas nesta Lei ou
integrantes do contrato de trabalho”.

Art. 28 - § 2º - O vínculo desportivo do atleta com a entidade


desportiva contratante tem natureza acessória ao
respectivo vínculo trabalhista dissolvendo-se, para todos
os efeitos legais:
I - com o término do contrato de trabalho;
II – com o pagamento da cláusula penal nos termos do
caput;
III – com a rescisão por mora salarial do empregador.
Lei nº 9.615/98 e alterações

Art. 28 -

§ 3º - O valor da cláusula penal será livremente pactuado,


ATÉ o limite de 100 VEZES A REMUNERAÇÃO ANUAL
PACTUADA.

§ 4º - Far-se-á a redução automática: 10% após o primeiro


ano – 20% após 2º ano, 40% após 3º ano e 80% após 4º
ano.

§ 5º - Quando se tratar de transferência internacional o valor


da cláusula penal não será objeto de qualquer limitação,
desde que esteja expresso no respectivo contrato de
trabalho desportivo.
Lei nº 9.615/98 e alterações

Art. 29 – A entidade de prática desportiva formadora de


atleta terá o direito de assinar com esse, a partir de
dezesseis anos de idade, o primeiro contrato de trabalho
profissional, cujo prazo não poderá ser superir a cinco
anos.

§ 2° - formação profissional por 2 anos mínimos

§ 3º - A entidade formadora detentora do primeiro contrato


de trabalho (3 meses a 5 anos) terá o direito de
preferência por um novo contrato de vigência máxima = 2
anos.

§ 4º recebe bolsa auxilio dos 14 aos 19.11.29 dias sem ser


considerado contrato de trabalho – (OBS: o INSS obriga a
existência de contrato específico.
Lei nº 9.615/98 e alterações

Art. 30 – O contrato terá prazo determinado, com vigência nunca


inferior a 3 meses nem superior a 5 anos.

Art. 31 – mora salarial 3 meses – autoriza a rescisão do contrato –


liberdade de transferência – é credor da multa rescisória e dos
haveres devidos.

§ 3º - a multa rescisória a favor do atleta será conhecida pela


aplicação do disposto no art. 479 da CLT (somente para
contratos de trabalho firmados pós 15 de maio de 2003);

Para os contratos firmados anteriormente a cláusula penal ou a


multa rescisória tem sido entendida como bilateral.

Art. 33 – Registro do contrato de trabalho é obrigatório na


Confederação que deverá conceder a imediata condição de
jogo – mediante prova da notificação do pedido de rescisão -
(quando for o caso a prova do pagamento da cláusula penal).
Art. 38 – Qualquer cessão ou transferência (do contrato de
trabalho) de atleta profissional depende de sua formal e
expressa anuência.

Art. 39 – O empréstimo do contrato de trabalho .

Art. 40 – as transferências para exterior deverão estar


constante do contrato de trabalho.

Art. 41 – (SELEÇÃO) quem convoca paga o tempo de uso


do contrato do atleta, inclusive nos casos de acidente de
trabalho.

Art. 42 – Direito de Arena integra a remuneração constante


do contrato de trabalho. (não confundir com direito à
própria imagem).

Art. 43 – Veda a participação de atletas não profissionais,


maiores de 20 anos, em competições entre profissionais.
Art. 45 – Contratação obrigatória de seguro de acidentes do
trabalho com indenização mínima do valor anual de sua
remuneração.
Art. 46 – Atleta estrangeiro – equiparação de todos os
atletas brasileiros na competição como profissionais.
Art. 94 - Os artigos 27, 27-A, 28, 29, 30, 39, 43, 45 e o § 1o
do art. 41 desta Lei serão obrigatórios exclusivamente
para atletas e entidades de prática profissional da
modalidade de futebol.
Parágrafo único. É facultado às demais modalidades
desportivas adotar os preceitos constantes dos
dispositivos referidos no caput deste artigo.
Art. 96 - São revogados, a partir da vigência do disposto no
§ 2 o do art. 28 desta Lei, os incisos II e V e os §§ 1o e 3o
do art. 3o, os arts. 4o, 6o, 11 e 13, o § 2o do art. 15, o
parágrafo único do art. 16 e os arts. 23 e 26 da Lei no
6.354, de 2 de setembro de 1976; são revogadas, a partir
da data de publicação desta Lei, as Leis nos 8.672, de 6
de julho de 1993, e 8.946, de 5 de dezembro de 1994.
Lei n. 6.354/76:
Art. 1. - Considera-se empregador a associação desportiva que,
mediante qualquer modalidade de remuneração, se utilize dos
serviços de atletas profissionais de futebol, na forma definida
nesta Lei.
Art . 2º - Considera-se empregado, para os efeitos desta Lei, o
atleta que praticar o futebol, sob a subordinação de
empregador, como tal definido no artigo 1º mediante
remuneração e contrato, na forma do artigo seguinte.
Art . 6º O horário normal de trabalho será organizado de maneira
a bem servir ao adestramento e à exibição do atleta, não
excedendo, porém, de 48 (quarenta e oito) horas semanais,
tempo em que o empregador poderá exigir fique o atleta à sua
disposição (revogado).
Art . 7º O atleta será obrigado a concentrar-se, se convier ao
empregador, por prazo não superior a 3 (três) dias por semana,
desde que esteja programada qualquer competição amistosa
ou oficial e ficar à disposição do empregador quando da
realização de competição fora da localidade onde tenha sua
sede.
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que


prestar serviços de natureza não eventual a empregador,
sob a dependência deste e mediante salário.

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em


que o empregado esteja à disposição do empregador,
aguardando ou executando ordens, salvo disposição
especial expressamente consignada.
Não se aplicam ao contrato de trabalho de atletas:
CLT - Art. 443 – O contrato individual de trabalho poderá ser
acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito
e por prazo determinado ou indeterminado. (verbal e
indeterminado).
CLT – Art. 445 – O contrato de trabalho por prazo determinado não
poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, observada a
regra do art. 451. (máximo 2 anos).
CLT – Art. 451 O contrato de trabalho por prazo determinado que,
tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez
passará a vigorar sem determinação de prazo
CLT – Art. 452 –Considera-se por prazo indeterminado todo
contrato que suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato
por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu
da execução de serviços especializados ou da realização de
certos acontecimentos. (inexiste contrato indeterminado).
CLT – Art. 461 – Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual
valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade,
corresponderá igual salário, sem distinção de sexo,
nacionalidade ou idade. (em idêntica função o salário pode ser
diferente.)
CLT – Art. 444 – as relações contratuais de trabalho podem ser
objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo
quanto não contravenha às disposições de proteção ao
trabalho, aos contratos coletivos que lhe sejam aplicáveis e às
decisões das autoridades competentes.

CLT - Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com


o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos
preceitos contidos na presente Consolidação.
CONTRATO DE TRABALHO
• CODIGO BRASILEIRO DE OCUPAÇÕES – PORTARIA 397
MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO – 9/10/2002
• Código 3771 – ATLETAS PROFISSIONAIS
• 3771-05 – atleta de ginástica, natação, basquete,
beisebol, body-bare, canoagem, ciclismo, escalada,
esgrima, fut-volei, handebol, hóquei, nado
sincronizado, pára-quedismo, patinação, peteca, pólo
aquático, remo, squash, surf e windsurfe, vela,
voleibol, e demais modalidades não codificadas.
• Código 3771-10 – futebol, fut-sal e futebol sete.
• Código 3771-15 – golfe.
• Código 3771-20 – judô, karatê, taichinchuan, lutas.
• Código 3771-25 – tênis.
• Atleta da ginástica 3771-05
• Atleta da natação 3771-05
• Atleta de bodybare 3771-05
• Atleta de canoagem 3771-05
• Atleta de ciclismo 3771-05
• Atleta de escalada 3771-05
• Atleta de esgrima 3771-05
• Atleta de futebol sete 3771-10
• Atleta de futsal 3771-10
• Atleta de futvôlei 3771-05
• Atleta de handebol 3771-05
• Atleta de judô 3771-20
• Atleta de karatê 3771-20
• Atleta de nado sincronizado 3771-05
• Atleta de paraquedismo 3771-05
• Atleta de patinação 3771-05
• Atleta de peteca 3771-05
• Atleta de pólo aquático 3771-05
• Atleta de remo 3771-05
Definições

• Atleta – indivíduo com 14 anos ou mais. (ECA)


• Vínculo – liga, une, ata, vincula, gravame, ônus,
restrições, subordinação – direitos.
• Vínculo Desportivo – registro que autoriza uma prática
formal gerando liame e direitos entre as partes. (entidade
de prática e atleta).
• Atleta-formal” – indivíduo que pratica um determinado
“esporte” (modalidade).
• Esporte – conjunto de exercícios com método (prática sob
regras pré- estabelecidas).
• Desporto – Atividade física ou intelectual com finalidade
competitiva, exercida com método e segundo normas
preestabelecida.
CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL

I - As partes no contrato - direitos e


obrigações
II -. Condições específicas do contrato.
III - Remuneração.
IV - Jornada de Trabalho.
V - Rescisão Contratual.
VI - Cláusula Penal e Multa Rescisória.
VII - Acidente do Trabalho.
VIII - Cobertura Securitária
I - A Associação como empregadora

O empregador consiste em uma Associação de Prática


Desportiva que, mediante qualquer modalidade de
remuneração, utiliza-se dos serviços prestados pelos
atletas profissionais.

Vê-se que o empregador só poderá ser pessoa jurídica,


ou seja, uma Entidade de Prática Desportiva.
I - A Associação como empregadora

•Lei nº 6.354/76 - Modalidade de Futebol

Empregador - Art. 1º - Considera-se empregador a


associação desportiva que, mediante qualquer
modalidade de remuneração, se utilize dos serviços de
atletas profissionais de futebol, na forma definida nesta
Lei.
I – Obrigações da Associação Desportiva
As obrigações dos clubes basicamente são:
A) pagar ao atleta o salário estipulado no contrato;
B) proporcionar-lhe meios de bem cumprir suas obrigações,
prestando-lhe assistência e orientação técnica;
C) prestar, no caso de acidente do trabalho, enfermidade
proveniente da prática deste, assistência médica adequada,
sem prejuízo do abono integral do ordenado, até o término do
contrato;
D) pagar o ordenado no caso de enfermidade não proveniente da
prática desportiva e desde que não tenha caráter venéreo, ou
conseqüente do uso de álcool ou outros tóxicos;
E) pagar o ordenado, ao atleta, no caso de suspensão da atividade
esportiva da Associação, em virtude de calamidade pública ou
perturbação da ordem;
F) pagar-lhe todas as despesas de viagem e hospedagem, durante
a excursão da Associação para a disputa de partidas torneios e
campeonatos;
G) aplicar penas pecuniárias ou medidas disciplinares, ao atleta,
em caso de desobediência dos estatutos e das normas a que
estiverem vinculados.
I – Deveres da Associação Desportiva
Nos termos do artigo 34, da lei 9.615/98, “são deveres da entidade
de prática desportiva empregadora, em especial:

“I – registrar o contrato de trabalho do atleta profissional na


entidade de administração nacional da respectiva modalidade
desportiva;

II – proporcionar aos atletas profissionais as condições


necessárias à participação nas competições desportivas, treinos e
outras atividades preparatórias ou instrumentais;

III – submeter os atletas profissionais aos exames médicos


necessários à prática desportiva.”

Segundo os ensinamentos do ilustre doutrinador Dr. Domingos


Sávio Zainaghi, “o rol constante dos artigos acima transcritos é
exemplificativo, ou seja, traz deveres específicos da profissão de
atleta, mas não veda a aplicação dos deveres previstos na
legislação trabalhista geral”. Artigo
I - Deveres – Direitos das Associações

Às entidades de prática desportiva pertence o direito de


negociar, autorizar e proibir a fixação, a transmissão ou
retransmissão de imagem de espetáculo ou eventos
desportivos de que participem.

Salvo convenção em contrário, vinte por cento do preço


total da autorização, como mínimo, será distribuído, em
partes iguais, aos atletas profissionais participantes do
espetáculo ou evento.

Não aplicável a flagrantes de espetáculo ou evento


desportivo para fins, exclusivamente, jornalísticos ou
educativos, cuja duração, no conjunto, não exceda de três
por cento do total do tempo previsto para o espetáculo.
I – O Atleta como Empregado
Considera-se empregado o atleta profissional, de qualquer
modalidade desportiva, que o praticar, sob a subordinação de
empregador, mediante remuneração e contrato, tendo como
elemento caracterizador a prática continuada do esporte

Aos 14 anos com o contrato específico previsto no § 4º do art. 29


da Lei 9615/98, redação dada pela Lei nº 10672/2003, o atleta
poderá firmar contrato de estágio (formação).

B) liberdade de vínculo durante os dois primeiros anos de


formação (entre 14 e 16 anos incompletos ou sucessivamente se o
início for após os 14 anos);
I – O Atleta como Empregado

Lei nº 6.354/76-Modalidade de Futebol

Empregado Art. 2º - atleta que praticar futebol sob subordinação


de empregador, mediante remuneração e contrato (CLT art. 3°).
I – Obrigações dos Atletas
Suas obrigações consistem, basicamente, em:
A) prestar os seus serviços profissionais à Associação contratante,
esforçando-se por conseguir o máximo de sua eficiência técnica
e empregando-a em todos os jogos que tomar parte;
B) manter e aperfeiçoar sua eficiência técnica, conservar sua
capacidade física para o esporte, seguindo rigorosamente o
regime que lhe for indicado pela Associação;
C) tomar parte em todos os exercícios e treinos exigidos pela
Associação, assim como em todos os jogos ordinários para que
for escalado pela mesma, dentro ou fora do país, sem que
possa alegar qualquer impedimento;
D) não tomar parte em qualquer prova esportiva, dentro ou fora da
Associação, salvo autorização especial, dada por escrito, pelo
presidente da mesma ou quando for requisitado pelas entidades
superiores;
I – Obrigações dos Atletas

E) obedecer e cumprir fielmente as obrigações estabelecidas em


lei, no seu contrato, nos estatutos e nos regulamentos da
Associação Desportiva e das Entidades de Administração do
Desporto da sua modalidade;
F) manter, durante os jogos, conduta correta e disciplinada,
obedecendo aos diretores e técnicos da Associação Desportiva
em suas deliberações, respeitando e acatando as decisões dos
árbitros, os regulamentos e disposições em vigor, o público, os
companheiros e os atletas adversários;
G) prestar seus serviços de atleta de profissional, na vigência do
contrato, única e exclusivamente à Associação contratante.
I - Deveres dos Atletas na relação contratual

Nos termos do artigo 35, da lei 9.615/98, “são deveres do


atleta profissional, em especial”:

I - participar dos jogos, treinos, estágios e outras sessões


preparatórias de competições com a aplicação e
dedicação correspondentes às suas condições
psicofísicas e técnicas;

II - preservar as condições físicas que lhes permitam


participar das competições desportivas, submetendo-se
aos exames médicos e tratamentos clínicos necessários à
prática desportiva;

III - exercitar a atividade desportiva profissional de acordo


com as regras da respectiva modalidade desportiva e as
normas que regem a disciplina e a ética desportivas.
A Prática Desportiva Profissional

Lei 9615/98 – art. 26 – atletas e entidades de prática


desportiva são livres para organizar a atividade
profissional, qualquer que seja sua modalidade,
respeitados os termos desta Lei.

Considera-se competição profissional para todos os


efeitos desta Lei aquela promovida para obter renda e
disputada por atletas profissionais cuja remuneração
decorra de contrato de trabalho desportivo.
A Prática Desportiva Profissional

Art. 3o O desporto pode ser reconhecido em qualquer das


seguintes manifestações:
I - desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em
formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade,
a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de
alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua
formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer;
II - desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo
as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de
contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da
vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação
do meio ambiente;
III - desporto de rendimento, praticado segundo normas
gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais
e internacionais, com a finalidade de obter resultados e
integrar pessoas e comunidades do País e estas com as
de outras nações.
A Prática Desportiva Profissional

Parágrafo único. O desporto de rendimento pode ser organizado e


praticado:
I - de modo profissional, caracterizado pela remuneração
pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta
e a entidade de prática desportiva;
II - de modo não-profissional, identificado pela liberdade de prática
e pela inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o
recebimento de incentivos materiais e de patrocínio.
II – Condições do contrato de trabalho

Conceitualmente Contrato de Trabalho consiste em


um negócio jurídico expresso ou tácito mediante o
qual uma pessoa física obriga-se perante pessoa
natural, jurídica ou ente despersonificado, a uma
prestação pessoal, não eventual, subordinada e
onerosa de serviços.

Por se tratar de contrato “sui generis”, com natureza


e fisionomias próprias, fez-se necessário, então, uma
adequação legislativa específica aplicável ao atleta
profissional.
II – Condições do contrato de trabalho
Em todas as modalidades desportivas, os atletas profissionais,
devem preencher, ainda, os requisitos constitutivos da relação
de emprego, previstos no artigo 3º da CLT, qual seja, prestação
de serviço não eventual, remuneração e subordinação.

A prestação de serviço consiste, essencialmente, na prática da


atividade desportiva do atleta, abrangendo treinamentos diários
e competições para os quais é convocado, tendo em vista que o
atleta que se dedica ao desporto o faz como trabalho, não só
pela satisfação e alegria pessoal, como também por uma outra
finalidade, qual seja, perceber uma retribuição.

Já a remuneração consiste em todas as vantagens, das mais


variadas espécies, concedidas ao atleta como contrapartida de
seus serviços desportivos, abrangendo não só os valores fixos,
como também os prêmios e gratificações, pagos sob múltiplas
formas pelo empregador, além dos valores concedidos por
terceiros, organizadores de competições e patrocinadores dos
atletas.
II – Condições do contrato de trabalho

Quanto à subordinação, os atletas são submetidos a obrigações


limitadas sob a autoridade de seus empregadores, que
vinculam o atleta não somente ao exercício de sua atividade
desportiva, como também a alguns aspectos de sua vida
privada (como por exemplo: não sair a noite; ser
preferencialmente casado, não consumir bebidas alcoólicas e
outros), onde há a incidência sobre a execução de seu contrato.
Veja, ademais, que os atletas são submetidos à dependência
técnica de especialistas indicados para tal, pelo empregador,
dentre outros o treinador e o preparador físico.
II – Condições específicas do contrato de trabalho

FORMA: art. 28 Lei 9.615/98


Art. 28. A atividade do atleta profissional, de todas as modalidades
desportivas, é caracterizada por remuneração pactuada em
contrato formal de trabalho firmado com entidade de prática
desportiva, pessoa jurídica de direito privado, que deverá conter,
obrigatoriamente, cláusula penal para as hipóteses de
descumprimento, rompimento ou rescisão unilateral.

Atleta de prática profissional de todas as modalidades:


“Caracterizada pela remuneração pactuada em formal contrato de
trabalho”.
“Com entidade de prática – contendo obrigatoriamente cláusula
penal para descumprimento ou rescisão”.
Atleta de Futebol: Obrigatoriamente escrito. (Art. 94 Lei nº
9.615/98)
Demais modalidades: regras da CLT.
Exceção à regra do artigo 443 da CLT
II – Condições específicas do contrato de trabalho

•Lei nº 6.354/76 - Modalidade de Futebol

•Art. 3º - O contrato de trabalho, celebrado por escrito, deverá


conter:
•I – nome das partes (atleta de 18 a 18 anos de idade deverá ser
assistido);
II – revogado (prazo de vigência);
III – modo e forma de remuneração (salário, prêmios, gratificações
e as bonificações, bem como o valor das luvas, se previamente
ajustadas);
IV – a menção de conhecerem os contratantes os códigos, os
regulamentos e estatutos das entidades;
V – revogado (passe);
VI – o nº da CTPS.
§§ 1°, 2º e 3º - revogados.
•.
II – Condições específicas do contrato de trabalho

Assim, apenas o contrato de trabalho do atleta profissional de


futebol deve ser celebrado por escrito, sendo vedada a forma
verbal.
Tal contrato deverá conter os nomes das partes contratantes
devidamente individualizadas e caracterizadas; o modo e a forma
da remuneração, especificando o salário, os prêmios, as
gratificações, as bonificações, o valor das luvas; a menção de
conhecerem os contratantes os códigos, os regulamentos e os
estatutos técnicos, os estatutos e as normas disciplinares da
entidade a que estiverem vinculados e filiados; os direitos e
obrigações dos contratantes, os critérios para fixação do preço do
passe e as condições para a dissolução do contrato. (Art. 3º Lei nº
6.35476)
O conhecimento dos códigos, regulamentos, estatutos técnicos,
bem como normas disciplinares da entidade a que estiverem
filiados os contratantes, deve ser expressamente declarado, com
o sentido de que não poderão alegar ignorância de quaisquer
disposições aplicáveis, em eventual controvérsia.
II – Condições específicas do contrato de trabalho

• Prazo: três meses a cinco anos (art.30, Lei 9.615).


• Atletas de futebol: obrigatório prazo acima.
• Demais atletas: facultativo.

Exceção à regra do artigo 445 da CLT


Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da
legislação trabalhista e da seguridade social, ressalvadas
as peculiaridades expressas nesta Lei ou integrantes do
respectivo contrato de trabalho
O vínculo desportivo do atleta com a entidade desportiva
contratante tem natureza acessória ao respectivo vínculo
trabalhista, dissolvendo-se, para todos os efeitos legais:
I - com o término da vigência do contrato de trabalho
desportivo; ou,
II - com o pagamento da cláusula penal ; ou ainda,
III - com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial
de responsabilidade da entidade desportiva empregadora
prevista nesta Lei.
O valor da cláusula penal a que se será livremente
estabelecido pelos contratantes até o limite máximo de cem
vezes o montante da remuneração anual pactuada.
Far-se-á redução automática do valor da cláusula penal,
aplicando-se, para cada ano integralizado do vigente
contrato de trabalho desportivo, os seguintes percentuais
progressivos e não-cumulativos:
a) - dez por cento após o primeiro ano;
b) - vinte por cento após o segundo ano;
c) - quarenta por cento após o terceiro ano;
d) - oitenta por cento após o quarto ano.

Quando se tratar de transferência internacional, a cláusula


penal não será objeto de qualquer limitação, desde que
esteja expresso no respectivo contrato de trabalho
desportivo.
É vedada a outorga de poderes mediante instrumento
procuratório público ou particular relacionados a vínculo
desportivo e uso de imagem de atletas profissionais em
prazo superior a um ano.
A entidade de prática desportiva formadora do atleta terá o
direito de assinar com este, a partir de dezesseis anos de
idade, o primeiro contrato de trabalho profissional, cujo
prazo não poderá ser superior a cinco anos.
O contrato de trabalho do atleta profissional terá prazo
determinado, com vigência nunca inferior a três meses nem
superior a cinco anos.
Não se aplica ao contrato de trabalho do atleta profissional o
disposto no art. 445 da Consolidação das Leis do Trabalho –
CLT.
A entidade de prática desportiva empregadora que estiver
com pagamento de salário de atleta profissional em atraso,
no todo ou em parte, por período igual ou superior a três
meses, terá o contrato de trabalho daquele atleta rescindido,
ficando o atleta livre para se transferir para qualquer outra
agremiação de mesma modalidade, nacional ou
internacional, e exigir a multa rescisória e os haveres
devidos.
São entendidos como salário, o abono de férias, o décimo
terceiro salário, as gratificações, os prêmios e demais verbas
inclusas no contrato de trabalho.
A mora contumaz será considerada também pelo não
recolhimento do FGTS e das contribuições previdenciárias
A multa rescisória a favor do atleta será conhecida pela
aplicação do disposto nos art. 479 da CLT. (Caso Velloso x
CAM)
CONTRATO PADRÃO CBF

Anverso – Lacunas para preencher:


•Qualificação das partes;
•Prazo do contrato;
•Salário e Luvas;
•Cláusula Penal;
•Federação de origem e EPD cedente;
Verso – Redação padrão:
•Obrigação das partes;
•Previsão de multas ao atleta sobre sua remuneração em
caso de descumprimento do contrato;
•Previsão de resilição do contrato – iniciativa do atleta (art.
480 CLT) e EPD (art. 479 CLT). Contrária ao art. 28 da Lei
nº 9.615/98.
•Previsão de suspensão da execução do contrato em caso
de convocação da seleção. Entendo que é hipótese de
interrupção.
•MODELOS DE CONTRATO DE TRABALHO
APROVADOS PELO INDESP

DECRETO Nº 2.574/98 (REVOGADO)

•O Art. 30, §1º - previa dois contrato distintos enquanto o


“PASSE” estivesse vigente.

•O Art. 32, §3° - estabelecia cláusulas e condições


obrigatórias.

•Portaria nº 108, de 14 de outubro de 1998 (futebol).


•Portaria nº 106, de 14 de outubro de 1998 (demais).
•MODELOS DE CONTRATO DE TRABALHO
APROVADOS PELO INDESP

•Qualificação mais completa das partes contratantes;


•Discriminação das verbas recebidas pelo atleta, com valor,
hipótese de recebimento e data de recebimento (ex: luvas,
prêmios, gratificações direito de arena).
•Jornada de trabalho detalhada, com previsão das
concentrações, intervalos mínimos entre as jornadas,
descanso semanal remunerado;
•Previsão das férias anuais de 30 dias (coletivas);
•Obrigação do empregador contratar seguro de vida c/c
acidente pessoal e invalidez;(atualmente somente acidentes
do trabalho)
•Previsão de homologação da rescisão pelo Sindicato ou
pela JT;
•Portaria nº 108 - 14/10/98 - INDESP
•ANEXO I
•CONTRATO DE TRABALHO DE ATLETA PROFISSIONAL DE
FUTEBOL
•CONTRATO Nº: ____________
•TIPO DE CONTRATO:
•Empréstimo: SIM NÃO
•Contrato de origem nº:_____ Data do término:___/___/__
•Retorno à agremiação de origem: SIM NÃO
•Valor do salário mensal no contrato original: R$__,___(___ )
•(Outras vantagens pecuniárias do contrato original deverão estar apostas
nas cláusulas adicionais).
•Situação do vínculo desportivo previsto no art. 11 da Lei 6.354/76,
conforme valoração prevista na Resolução nº 1, de 17 de outubro de
1996, do Conselho Deliberativo do Instituto Nacional de Desenvolvimento
do Desporto - INDESP.
•PASSE LIVRE: SIM NÃO
•Adoção do limite de valoração da multa rescisória superior ao previsto na
Resolução nº 1, de 17 de outubro de 1996, do Conselho Deliberativo do
Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto - INDESP
•Percentual de participação ajustado ao atleta:_____(....%).
•Portaria nº 108 - 14/10/98 - INDESP
•Cláusula Terceira: (O empregado receberá)
•1. A título de salário, a importância total de R$ ……. (……...)
•1.1. A importância acima será repassada ao empregado, em parcelas
mensais no valor de R$ ….. (…...)
•1.2. A titulo de décimo-terceiro salário, o empregado receberá a parcela
anual correspondente, sendo 50% (cinqüenta por cento) até o dia 30 de
novembro, o saldo anual até o dia 20 de dezembro, e quando existente o
saldo contratual na rescisão ou término do contrato.
•2. A título de luvas, a importância total de R$......... ou não pactuadas
•2.1. A importância acima será repassada ao empregado à vista ou em...
parcelas, no valor de R$…., (...) cada uma, com datas de vencimento
estabelecidas nas cláusulas extras deste contrato.
•3. A título de prêmios, a importância total de R$......... ou não pactuadas
•3.1. A importância acima será repassada ao empregado, sempre que os
objetivos estabelecidos forem alcançados, pelo valor estabelecido nas
cláusulas extras deste contrato.
•4. A título de gratificação, a importância total de R$..... ou não pactuadas
•4.1. A importância acima será repassada ao empregado, sempre que os
objetivos estabelecidos forem alcançados, pelo valor estabelecido nas
cláusulas extras deste contrato.
•5. A importância total que corresponder a 20% (vinte por cento), como
mínimo, do direito de arena, nas datas dos pagamentos pelas empresas
contratantes ou pelas entidades de administração do desporto.
•Portaria nº 108 - 14/10/98 - INDESP

•CLÁUSULAS EXTRAS – anexo ao contrato de trabalho do atleta.

•Foram pactuadas as seguintes cláusulas adicionais.(extras):

•Nos termos do contido nos artigos ...... da CF/88 combinado com o artigo
87 da Lei 9615/98, e com o art.... da Lei ..... regulamentada pelo art,. 219 -
--do Decreto 3048/99 da Previdência Social, o empregador poderá fazer
uso comercial do nome, apelido desportivo, som da voz e imagem do
empregado.
•Por este uso, que as partes declaram não integrar o salário de
contribuição do empregado (na forma como acima permitida) o
empregado-atleta receberá o valor total de R$ 494.000,00 (quatrocentos e
noventa e quatro mil reais) pagáveis em parcelas mensais iguais e
consecutivas de R$ 8.233,33 (oito mil....)

•As partes reconhecem como válidas as CLÁUSULAS EXTRAS acima


incluídas.
III - Remuneração

• Bichos.
• Luvas.
• Direito de Arena.
• Contrato de Imagem
III - Remuneração

A CLT distingue remuneração de salário, sendo este a


quantia paga diretamente ao empregado pelo empregador,
e a primeira, a soma do salário à gorjeta.

O artigo 3º, em seu inciso III, da Lei nº 6.354/76, estipula


que o contrato de trabalho do atleta deverá conter: “o modo
e a forma da remuneração, especificados o salário, os
prêmios e as gratificações e, quando houver, as
bonificações, bem como o valor das luvas, se previamente
convencionadas”.

Nos termos do § 1º do artigo 31 da Lei 9.615/98, “são


entendidos como salário, para efeitos do previsto no caput,
o abono de férias, o décimo terceiro salário, as
gratificações, os prêmios e demais verbas inclusas no
contrato de trabalho”.
III – Remuneração - BICHOS

O vocábulo bicho, segundo alguns autores, surgiu na época


do amadorismo, em que alguns atletas, para justificarem a
origem do dinheiro advindo de vitórias esportivas,
afirmavam que recebiam o dinheiro do “jogo do bicho”, nos
tempos de sua prática lícita.

Segundo José Martins Catharino[1], bicho “é um prêmio


pago ao atleta empregado por entidade empregadora,
previsto ou não no contrato de emprego do qual são partes.
Tal prêmio tem singularidade de ser individual, embora
resulte de um trabalho coletivo desportivo. Além disto,
geralmente, é aleatório, no sentido de estar condicionado a
êxito alcançado em campo, sujeito à sorte ou azar”.

[1] In Contrato de Emprego Desportivo no Direito Brasileiro,


editora LTr, 1969, pág. 32.
III – Remuneração - BICHOS

Sua natureza jurídica é de gratificação ou bonificação, visto


que só será pago em virtude de resultados positivos, ou
seja, vitória, classificação, título, ou mesmo quando os
dirigentes entenderem que, realmente, houve grande
esforço e dedicação para a busca do resultado.

Via de regra, o bicho só é pago nos casos de vitória ou


empate, em caráter individual, porém resultante do trabalho
coletivo, visando compensar e estimular o atleta.
III – Remuneração - BICHOS

“JOGADOR DE FUTEBOL – NATUREZA DOS “BICHOS”. OS


“BICHOS” INTEGRAM O SALÁRIO, POIS CONSTITUEM
GRATIFICAÇÕES AJUSTADAS, TRADICIONAIS AO MEIO, NÃO
CONFIGURANDO LIBERALIDADE. NÃO SE REFLETEM NOS
REPOUSOS POIS SÃO PAGOS APENAS POR FATOS
ESPECÍFICOS AS VITÓRIAS E AS CONQUISTAS DE TÍTULOS
E NÃO POR UNIDADE DE TEMPO.” (TRT, 3ª R., 3ª T., RO N.
5539/2000, REL. JUIZ PAULO ARAÚJO, DJMG 21.11.2000, PÁG.
10)

“JOGADOR DE FUTEBOL. PAGOS QUE SÃO,


HABITUALMENTE, DENOMINADOS “BICHOS”
(GRATIFICAÇÕES AJUSTADAS), INTEGRAM A
REMUNERAÇÃO DO ATLETA, PARA TODOS OS FINS, NÃO
OBSTANTE OS PECULIARES CRITÉRIOS QUE NORTEIAM
SUA FIXAÇÃO”. (TRT, 2ª R., 3ª T., RO N. 11979200290202007-
SP, AC. N. 20020447986, RELª JUÍZA LEILA APARECIDA
CHEVTCHUK DE OLIVEIRA DO CARMO, J. 2.7.02, V.U.).
III – Remuneração - LUVAS

A terminologia “luvas”, utilizada no Direito Desportivo,


corresponde ao valor pago para o atleta, no momento de
sua contratação, pelo reconhecimento do seu “fundo de
trabalho”, ou seja, pelo valor do trabalho já desenvolvido e
demonstrado pelo atleta antes de sua contratação.
As luvas são estabelecidas pelo artigo 12 da Lei nº 6.354/76:
“entende-se por luvas a importância paga pelo empregador
ao atleta na forma do que for convencionado, pela
assinatura do contrato”.
Estas têm, portanto, um caráter de complemento da
remuneração, podendo ser pagas de uma só vez, ou em
parcelas, previamente estipuladas com o salário mensal.
O pagamento das luvas pode ser feito em dinheiro ou in
natura, entretanto, não se pode confundir com os prêmios
ou gratificações, visto que as luvas consideram a
capacidade técnica de cada jogador, sendo, portanto,
personalíssima, pois se leva em conta o passado do atleta e
não seu desenvolvimento durante o contrato.
III – Remuneração - LUVAS
“ATLETA PROFISSIONAL LUVAS- POR DEFINIÇÃO
LEGAL - ART. DOZE, DA LEI SEIS MIL TREZENTOS E
CINQUENTA E QUATRO, DE DOIS DE SETEMBRO DE
SETENTA E SEIS, AS LUVAS CONSTITUEM
“IMPORTÂNCIA PAGA PELO EMPREGADOR AO ATLETA,
NA FORMA DO QUE FOR CONVENCIONADA, PELA
ASSINATURA DO CONTRATO”. TEM, POR ISTO MESMO,
CARÁTER REMUNERATÓRIO, INTEGRANDO A
REMUNERAÇÃO DO ATLETA PARA TODOS OS EFEITOS
LEGAIS”.(TST - 1ª TURMA - MINISTRO MARCO AURELIO,
DJ. 02/07/82).
“AS “LUVAS” SÃO PAGAS ANTECIPADAMENTE OU
DIVIDIDAS EM PARCELAS, O QUE CARACTERIZA
PAGAMENTOS POR CONTA DO TRABALHO A SER
REALIZADO PELO ATLETA DURANTE O TEMPO FIXADO
NO SEU CONTRATO EM VIRTUDE DE SEU CARÁTER
EMINENTEMENTE SALARIAL, DEVERÃO SER
INTEGRADAS NAS FÉRIAS E GRATIFICAÇÕES
NATALINAS.”(TST - 3ª TURMA - MINISTRO JOSÉ ZITO
CALASÃS RODRIGUES, DJ. 21/02/97).
III – Remuneração - ARENA

O vocábulo Arena, que advém do latim, significa areia,


utilizado no âmbito desportivo, desde a Antiguidade, como
local coberto de areia em que os gladiadores combatiam
entre si ou com animais.
Antes da criação do Direito de Arena no Brasil, os clubes
nada recebiam pelas imagens geradas em razão do
espetáculo esportivo, que eram transmitidos pelos meios de
comunicações a toda coletividade.
A própria Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso
XXVIII, assegura a proteção “às participações individuais
em obras coletivas e à reprodução de imagem e voz
humana, inclusive nas atividades desportivas”.(grifei)
Todavia, o Direito Desportivo tutelou o Direito de Arena,
apenas com a promulgação da Lei nº 8.672/93 (Lei Zico),
em seu artigo 24.
Atualmente, ante a revogação da Lei nº 8.672/93, o Direito
de Arena, aplicado ao Direito Desportivo, está regido pelo
artigo 42, da Lei nº 9.615/98 .
III – Remuneração - ARENA
Conceitualmente, Direito de Arena é um direito conferido às
entidades de prática desportiva, de negociar a transmissão ou
retransmissão da imagem coletiva do espetáculo esportivo, de
qualquer evento de que participem, com a exceção dos flagrantes
para fins jornalísticos, cabendo ao atleta, apenas, o direito a um
percentual do que for negociado.
Segundo o professor Antonio Chaves “apartando-nos do conceito
legal, que atribui não ao atleta, mas a entidade de prática
desportiva ao qual ele pertence, podemos definir o direito de arena
como uma prerrogativa que compete ao esportista de impedir que
terceiros venham, sem autorização, divulgar tomadas de sua
viagem ao participar de competição, ressalvados os casos
expressamente previstos em lei”.
Por lei, o atleta tem direito a receber um percentual dos valores
pagos ao clube a título de Direito de Arena, mesmo não sendo
titular desse direito, pois quem o negocia é a entidade de prática
desportiva e a televisão, todavia, por ser terceiro interessado, o
atleta pode participar como interveniente anuente.
III – Remuneração - ARENA

Assim, o Direito de Arena nasce da assinatura de um


contrato de transmissão de evento esportivo, e não do
contrato de trabalho de um atleta com a entidade de prática
desportiva.
Destaque-se, que o Direito de Arena alcança o conjunto do
espetáculo esportivo, não afastando, em hipótese alguma, o
direito de imagem do atleta que for destacado do todo.
Conforme entendimento doutrinário e vertente
jurisprudencial, o valor recebido pelo atleta a título de Direito
de Arena tem natureza jurídica de remuneração
equiparando-se a gorjeta, ante ao fato de serem pagas por
terceiro.
Segundo o Ilustre professor Domingos Sávio Zainaghi, “a
natureza jurídica do direito de arena no campo do direito do
trabalho é o de remuneração”, equiparando-se às gorjetas,
nos termos do artigo 457 da CLT.
III – Remuneração - ARENA

Ocorre que, nos termos do parágrafo 1º, do artigo 42, da Lei nº


9.615/98, o pagamento efetuado a título de Direito de Arena será
distribuído, em partes iguais, aos atletas profissionais participantes
do espetáculo desportivo.
Paira, então, a dúvida acerca de quais são os atletas participantes
do espetáculo desportivo que teriam direito ao percebimento do
Direito de Arena? Apenas os atletas participantes do evento ou
todos os atletas que integraram os elencos das equipes?
O entendimento adotado, para essa situação, consagrou-se no
sentido de que, para serem considerados participantes, os atletas
devem efetivamente participar da partida, independentemente do
tempo de permanência em campo, para a hipótese dos atletas
reservas.
Nesse sentido, podemos comparar o direito de arena com os
pagamentos realizados aos trabalhadores a título de
gueltas, uma vez que, nos termos da lei, tudo aquilo que o
empregado vier a receber, direta ou indiretamente, do
empregador ou de terceiros, em virtude da existência do
contrato de trabalho, constitui remuneração.
III – Remuneração - ARENA

Cumpre destacar, ademais, que o Direito de Arena será


devido, também, em espetáculos com entradas gratuitas,
uma vez que a Constituição Federal não atribuiu essa
distinção, o que, de qualquer forma, não afasta o lucro
indireto da entidade de prática desportiva com o evento.

Consigne, ainda, que, nos termos do supracitado parágrafo


2º, do artigo 42, da Lei 9.615/98, o Direito de Arena foi
conferido a todas as modalidades desportivas, tendo em
vista que, inicialmente, o tempo destinado gratuitamente
como matéria jornalística ou educacional era de 3 minutos,
passando, posteriormente, a ser de 3% (por cento) do tempo
da competição, amparando, assim, as modalidades cuja
duração da competição é inferior aos 3 minutos, como na
hipótese das provas de natação e de atletismo.
III – Remuneração - ARENA

“ATLETA PROFISSIONAL. NÃO TEM NATUREZA SALARIAL A


RETRIBUIÇÃO ECONÔMICA, A CARGO DAS EMISSORAS DE TELEVISÃO,
RESULTANTES DA CESSÃO A ELAS, PELO ATLETA PROFISSIONAL,
ATRAVÉS DO EMPREGADOR, DO USO DE SUA IMAGEM”. (TRT – 3ª
REGIÃO – RO-8879/01 – 1ª T. – REL.: JUIZ MAURÍLIO BRASIL. DOE
31.08.01. REVISTA SYNTHESIS N. 34/2002, P. 204)
“ATLETA. DIREITO DE IMAGEM. O DIREITO DE IMAGEM, SOB O ÂMBITO
COLETIVO, É AMPARADO PELA COSNTITUIÇÃO DA REPÚBLICA EM SEU
ARTIGO 5º, ITEM XXVIII, ALÍNEA A. NO ENFOQUE PRESENTE, DIZ
RESPEITO À EXPOSIÇÃO PÚBLICA DO ATLETA PROFISSIONAL E À
REMUNERAÇÃO RECEBIDA PELO CLUBE PARA EXPOR PUBLICAMENTE
SUAS HABILIDADES. CONCEDE AO TITULAR DIREITO AOS LUCROS
QUE ESTA PROPORCIONE. NÃO SE TRATA DE DIREITO
PROPRIAMENTE TRABALHISTA, MAS DECORRE DA PERSONALIDADE, E
A PAGA QUE LHES CORRESPONDE NÃO INTEGRA A REAMUNERAÇÃO
DO ATLETA EMPREGADO. A MATÉRIA ENCONTRA-SE REGULADA PELO
ARTIGO 42 DA LEI N.º 9.615/98 (LEI PELÉ). MAS, SE NÃO DEMONSTRDA
A EXISTÊNCIA DE PRÉVIA CONTRATAÇÃO DO DIREITO DE IMAGEM,
NÃO SE PODE ATRIBUIR AO VALOR PAGO MENSALMENTE PELA
EMPREGADORA “POR FOR A” A NATUREZA DE DIREITO DE IMAGEM,
MORMENTE SE APARIÇÃO DO ATLETA PROFISSIONAL (JOGADOR DE
BASQUETE), É RESTRITA EVENTOS JORNALÍSTICOS (ENTREVISTAS),
POR PERÍODO INFERIOR AO PREVISTO NO PARAÁGRAFO 2º DO
ARTIGO 42 DA LEI PELÉ. (TST – 3ªR. – 6ªT. RO-3497/02 - REL.: JUIZ
RICARDO ANTONIO MOHALLEM – DJMG 30/05/2002).
III – Remuneração – Contrato de Imagem

O contrato de licença de uso de imagem é o contrato pelo qual um


sujeito de direito autoriza a utilização comercial de sua imagem,
por um determinado período de tempo e sob certas condições,
gratuitamente ou mediante o pagamento de determinada quantia.

Trata-se, assim, de direito personalíssimo e independente,


amparado pela Constituição Federal, em seu artigo 5º, incisos X e
XXVIII, cuja exploração econômica decorre de um contrato de
licença de uso.

Regido pela lei civil, o contrato de licença de uso de imagem deve


ser formalizado de forma escrita, cujo teor deverá prever, ainda,
discriminadamente, os meios de divulgação consentida, os limites
impostos à quantidade de divulgação, a determinação do tempo de
exposição da imagem e do prazo do contrato, a definição da
exclusividade ou não da licença, a possibilidade de renovação e
outros.
III – Remuneração – Contrato de Imagem

Por tais motivos, o contrato de licença de uso de imagem deve ser


interpretado restritivamente, observando-se o caráter gratuito ou
oneroso, assim como o seu objeto, pois, como visto, o mesmo
deverá ser claro e determinado (direito objetivo, fim, prazo,
condições, possibilidade de renovação, exclusividade e
onerosidade).
Note-se que o contrato de trabalho e o de licença de uso de
imagem são totalmente independentes muito embora possam ser
estabelecidos alguns efeitos vinculados, como a duração
condicionada. Assim, a extinção do contrato de trabalho não
rescinde o contrato de licença de uso de imagem, exceto se o
último contiver, como se recomenda, cláusula com condição
resolutiva para a hipótese de extinção da relação de emprego.
Dessa forma, o valor pago a título de licença para o uso da
imagem, por ter natureza civil, não constitui salário, e,
conseqüentemente, não será utilizado como base de cálculo para
incidência de contribuição ao INSS, FGTS, férias e 13º salário,
bem como para a fixação da clausula penal.
III – Remuneração – Contrato de Imagem

Por outro lado, o valor pago pelo uso da imagem do atleta deve
refletir, fielmente, o valor de mercado, utilizando-se, inclusive,
demonstrativo para auferir o exato valor que deve ser pago sob
esse título, sob pena de, supostamente, ser interpretado como
fraudulento.
As fraudes, como em qualquer outro ramo do direito, são
repudiadas e combatidas pela lei e pelo poder público, todavia,
não há dúvida, que, em certos casos, a formalização de contrato
de licença de uso de imagem visa frustrar a aplicação dos
preceitos trabalhistas, motivo pelo qual, referido contrato deve ser
declarado nulo e considerado como integrante do Contrato de
Trabalho, nos termos do artigo 9º da CLT.
Um caso típico de uso incorreto do contrato de licença de uso de
imagem ocorreu com o centroavante Luizão, que formalizou
quatro contratos com o Corinthians, dos quais um era de trabalho
e três eram de licença de uso de imagem, totalizando a
importância mensal de R$ 390.000,00, dos quais, apenas, R$
40.000,00, correspondiam ao contrato de trabalho.
III – Remuneração – Contrato de Imagem
Obviamente, no exemplo citado, a Justiça do Trabalho
anulou os três contratos de imagem firmados com o atleta, e
considerou-os como parte integrante do contrato de
trabalho, tendo em vista a discrepância dos valores
pactuados a título de trabalho e imagem.
Assim o contrato de licença de uso de imagem, de natureza
eminentemente civil, firmado com o intuito de camuflar
autêntico contrato de trabalho deve ser anulado, nos termos
dos artigos 9º e 444, ambos da CLT, e declarado como
sendo contrato trabalho.
Art. 9, CLT:“Serão nulos de pleno direito os atos praticados
com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação
dos preceitos contidos na presente Consolidação”.
Art. 444, CLT: “As relações contratuais de trabalho podem
ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em
tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao
trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e
às decisões de autoridades competentes.”
III – Remuneração – Contrato de Imagem

ATLETA PROFISSIONAL. JOGADOR DE FUTEBOL.


DIREITO DE IMAGEM. NATUREZA JURÍDICA DA
PARCELA. É MANIFESTAMENTE SALARIAL A
NATUREZA JURÍDICA DA PARCELA DENOMINADA
“DIREITO DE IMAGEM” PAGA AO ATLETA PELO CLUBE
QUE DETÉM O SEU ATESTADO LIBERATÓRIO, UMA
VEZ QUE, ASSIM COMO O SALÁRIO “STRICTU SENSU”
TEM COMO ÚNICO FATO GERADOR A
CONTRAPRESTAÇÃO PELA ATIVIDADE LABORATIVA
DO TRABALHADOR. (TRT – 2 ª REGIÃO – 4ª TURMA –
AC. 20040338830. RELATOR: JUIZ SERGIO WINNIK –
DOE 29/06/2004).
IV - JORNADA DE TRABALHO

Constituição Federal:
Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer.

Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além


de outros que visem à melhoria de sua condição social:

Art. 7º, XIII - duração do trabalho normal não superior a oito


horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Art. 7º, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,


técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos.
IV - JORNADA DE TRABALHO

Lei n. 6.354/76 art. 6º - O horário normal de trabalho será


organizado de maneira a bem servir ao adestramento e à exibição
do atleta, não excedendo, porém, de 48 (quarenta e oito) horas
semanais, tempo em que o empregador poderá exigir fique o
atleta à sua disposição (revogado).

Lei n. 9.61598, art. 96º - São revogados, a partir da vigência do


disposto no § 2º do art. 28 desta Lei, os incisos II e V e os §§ 1º e
3º do art. 3º, os arts. 4º, 6º, 11 e 13, o § 2º do art. 15, o parágrafo
único do art. 16 e os arts. 23 e 26 da Lei nº 6.354, de 2 de
setembro de 1976; são revogadas, a partir da data de publicação
desta Lei, as Leis nºs 8.672, de 6 de julho de 1993, e 8.946, de 5
de dezembro de 1994.
IV - JORNADA DE TRABALHO

Jornada: 8 horas.
Duração semanal: 44 horas.
IV - Período de Concentração

ƒ C.F. art. 7º, XIII - duração do trabalho normal não


superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho.
ƒ Lei n. 6.354/76, art. 7º - O atleta será obrigado a
concentrar-se, se convier ao empregador, por prazo não
superior a 3 (três) dias por semana, desde que esteja
programada qualquer competição amistosa ou oficial e
ficar à disposição do empregador quando da realização
de competição fora da localidade onde tenha sua sede
ƒ CLT art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o
período em que o empregado esteja à disposição do
empregador, aguardando ou executando ordens, salvo
disposição especial expressamente consignada.
IV - Período de Concentração
Informações prestadas pelo Atleta Fábio Vanini, acerca
da concentração da equipe de handebol para as
Olimpíadas de Atenas 2004.

•Acorda 07:30 h.
•Café da manhã 08:00 h.
•Treino das 09: 00 às 11:30 h.
•Almoço 12:30
•Descanso até 16:00
•Café 16:30 h.
•Treino das 17:30 às 20:00 h.
•Jantar 20:30
•Dormir 23:00

Tais condições, afasta o atleta profissional do se convívio social, seja


com familiares ou com amigos.
IV - Período de Concentração

• Legitimação do período de concentração.


• Não faz referência ao cômputo de jornada de trabalho.
• A lei, apenas autorizou manter-se o atleta em regime de
concentração, sem excluir o respectivo pagamento como
hora, o excedente ao limite Constitucional.
• O atleta poderia recusar a manter-se em regime de
concentração, caso não houvesse previsão legal.
• Aplica-se, por analogia, os princípios contidos no art. 469
da CLT e o pagamento do respectivo adicional.
IV - Período de Concentração

Art.469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado,


sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar
do contrato, não se considerando transferência a que não
acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio .
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo
os empregados que exerçam cargos de confiança e
aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou
explícita, a transferência, quando esta decorra de real
necessidade de serviço.

Da mesma forma, referido dispositivo veio, apenas,


legitimar a transferência de alguns trabalhadores, todavia
não dispensou do pagamento do respectivo adicional de
transferência.
Ex: circense, instaladores de linhas de alta-tensão e etc.
IV - Período de Concentração

Acordão: 27237/97; Processo: 672/96; DOE:15/09/97


Relator: Luiz Carlos de Araújo; 3ª Turma

Ementa: ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE


CONFIANÇA. O exercício de cargo de confiança e a
existência de contrato contendo cláusula de transferência
implícita ou explícita, apenas dão legitimidade à
transferência determinada por necessidade de serviço, sem
importar em dispensa do pagamento do respectivo adicional
de transferência previsto no § 3º, do art. 469, da CLT.

Assim, podemos aplicar os mesmos princípios, por


analogia, ao período de concentração dos atletas
profissionais de futebol.
IV - Período de Concentração

HORAS EXTRAS. JOGADOR DE FUTEBOL. PERÍODO DE


CONCENTRAÇÃO.”A concentração é obrigação contratual e
legalmente admitida, não integrando a jornada de trabalho, para
efeito de pagamento de horas extras,desde que não exceda de 3
dias por semana". (TST, 2ª Turma, Proc. 6884/84, Rel.
MINISTRO ANTÔNIO JOSÉ DE BARROS LEVENHAGEN, DJ
05/05/1986).

“ Horas extras. Jogador de futebol. É devido o pagamento de horas


extras do jogador de futebol por todo o período que ficou em
concentração, sem compensação de horário, à disposição de
empregador”. (TRT/PR – 9ª Reg., Ac. 236/82 – Proc. RO. 1.079/81
– Rel. Juiz Indalécio Gomes – p. sessão de 18.02.82 e DJPR de
26.2.82).
IV - Adicional Noturno

C.F. Art. 7º, IX - remuneração do trabalho noturno superior à do


diurno.

CLT - art.73 - Salvo nos casos de revezamento semanal ou


quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do
diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de
20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.
§ 1º - A hora do trabalho noturno será computada como de 52
(cinqüenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos.
§ 2º - Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho
executado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5
(cinco) horas do dia seguinte.
§ 4º - Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem
períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho
noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.
IV - Adicional Noturno

O trabalho executado à noite, além de privar o trabalhador de


horas normalmente destinadas à recreação e ao sono, é
antiofisiológico, esgotador e perigoso à saúde, requer um esforço
maior do que o realizado durante o dia.

A legislação não veda o trabalho noturno, todavia não afasta o


pagamento do respectivo adicional, principalmente em profissões
cuja condição é inerente à categoria (vigia noturno).

Os adicionais impostos por lei devem ser pagos


discriminadamente, sob pena de ser entendido como salário
complexivo.
IV - Adicional Noturno

Assim como o adicional noturno, os adicionais de insalubridade e


de periculosidade , e as horas intrajornadas, estão previstos em
normas de caráter público, por constituir medida de higiene, saúde
e segurança do trabalho.

OJ nº 342/TST – É inválida cláusula de acordo ou convenção


coletiva de trabalho contemplado a supressão ou redução do
intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene,
saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem
pública (artigo 71 da CLT e artigo 7º, XXII, da CF/1988), infenso
(adverso) à negociação coletiva.
IV - Adicional Noturno

Art. 73, § 3º, CLT - O acréscimo a que se refere o presente artigo,


em se tratando de empresas que não mantêm, pela natureza de
suas atividades, trabalho noturno habitual, será feito tendo em
vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de natureza
semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno
decorra da natureza de suas atividades, o aumento será calculado
sobre o salário mínimo geral vigente na região, não sendo devido
quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem.

O TST firmou entendimento sobre a inconstitucionalidade do


referido diploma, por entender que a remuneração do trabalho
noturno deve ser, em qualquer caso, superior à do diurno, tal
como prescreve a C. F. (Súmula 130 TST)
IV - Adicional Noturno

AS CONDIÇÕES PECULIARES DO CONTRATO DO ATLETA


PROFISSIONAL DE FUTEBOL NÃO TOLERA INCURSÃO NO
ADICIONAL NOTURNO, EM LOUVOR DOS CRITERIOS
UNIVERSALMENTE CONSAGRADOS NA EXIBIÇÃO
PROFISSIONAL DO ATLETA. ESSE TIPO DE PRESTAÇÃO
NOTURNA PARTICIPA VISCERALMENTE DO CONTRATO E
SE HA DE TE-LA COMO ABRANGIDA NA REMUNERAÇÃO
ESTIPULADA. (TST, 1ª Turma, Proc. 3866/82, Rel. MINISTRO
ILDELIO MARTINS, DJ 23/03/1984).
Outras Prestações
Profissionais

• I - Árbitros
• II - Técnicos
• III - Diretores
• IV - Roupeiros.
I - Árbitros

• Decreto n. 2.574/98: Revogado pelo


Art. 112. Os árbitros e auxiliares de arbitragem poderão
constituir entidades nacionais e estaduais, por
modalidade desportiva ou grupo de modalidades,
objetivando o recrutamento, a formação e a prestação de
serviços às entidades de administração do desporto.

Parágrafo único. Independentemente da constituição de


sociedade ou entidades, os árbitros e seus auxiliares não
terão qualquer vínculo empregatício com as entidades
desportivas diretivas onde atuarem, e sua remuneração
como autônomos exonera tais entidades de quaisquer
outras responsabilidades trabalhistas, securitárias e
previdenciárias
I – Árbitros

Remuneração dos Árbitros

• Estatuto do Torcedor:
• Art. 30...
• Parágrafo único: A remuneração do árbitro e de seus
auxiliares será de responsabilidade da entidade de
administração do desporto ou da liga organizadora do
evento esportivo .
I – Árbitros
Tribunais
Vínculo de emprego Ausência dos requisitos elencados
no art. 3º da CLT Inexistência. Não se conhece do vínculo
de emprego do árbitro de futebol com a Federação se
ausentes os requisitos elencados no art. 3º da CLT, em
especial, a subordinação na prestação do trabalho. (TRT
12ª R Ac. nº 283/96 Rel. Juiz N. Rogério Neves DJSC
12.06.96 pág. 250)

A Lei nº 8.672/92 descaracteriza formalmente o vínculo


de emprego entre o árbitro de futebol e as federações
futebolísticas de cada Estado. Contudo, não é somente
uma lei que irá dizer se, no exercício de suas funções, o
profissional pode ou não ser enquadrado como
empregado. In casu, o reclamante deixou de trabalhar
antes da promulgação da lei supra. Pela prova dos autos
e face à ausência de subordinação jurídica, não se
vislumbra existência de vínculo de emprego entre as
partes. (TRT - 6ª R - 3ª T - RO nº 8550/95 - Relª. Juíza
Lourdes Cabral - DJPE 23.02.96 - pág. 35)
II - Técnicos de Futebol
• Legislação Aplicável: Lei n. 8.650/93
• CLT e outras leis trabalhistas e previdenciárias.

• Deveres do Treinador
• Fazer cumprir a disciplina entre os atletas.
• Manter sigilo profissional.
• Cumprir com as demais obrigações comuns a todos os
empregados.
• Direitos do Treinador de Futebol
• Ampla e total liberdade na direção técnica e tática da equipe.
• Apoio do empregador, para que possa desempenhar suas
atividades e exigir deste o cumprimento das determinações dos
órgãos desportivos.
• Ter seu Contrato de Trabalho anotado em sua CTPS,
principalmente o prazo.
II - Técnicos de Futebol

• Contrato de Técnico de Futebol.


• Forma: Escrita.
• Prazo: Determinado.(Máximo de dois anos).
III - Diretores

Diretores: não são empregados.

Diretores profissionais: serão empregados.


IV - Roupeiros

• Trabalhador comum: Legislação Geral.

• Principais Problemas: Horas Extras; Adicional Noturno,


Equiparação Salarial.
Divergência Jurisprudencial
• CASO DE ATLETAS DE HANDEBOL
DO CLUBE DE REGATAS VASCO DA
GAMA
• Ações: - improcedentes – não profissional
extintas sem julgamento do mérito
um caso de procedência
Divergência Jurisprudencial
Proc. 0194-2003-046-01.006
Não assiste razão à reclamada na medida em que restou
demonstrado nos autos que havia entre as partes um contrato por
prazo determinado, onde a reclamada efetuaria o pagamento de
uma importância ao reclamante, por ela denominada de “ajuda de
custo”. Constata-se que o reclamante efetivamente manteve
relação de natureza empregatícia com a reclamada, inserindo-se,
notadamente, na hipótese do art. 3º, I, da Lei 9.615/98 que cuida
do chamado atleta profissional.
Ressalte-se, ainda, que o art. 46 da Lei 9.615/98 determina que o
atleta estrangeiro obrigatoriamente atue em equipe de prática
desportiva profissional, vedando, portanto, a atuação numa equipe
não-profissional. O fato de haver estrangeiros no time de Handebol
a qual pertencia o reclamante foi, outrossim, corroborando pelos
depoimentos das testemunhas.
Se não fosse isso, há prova nos autos da presença de outros
requisitos que configuram a relação mantida pelas partes como de
natureza empregatícia, entre eles a subordinação jurídica, o
pagamento de salário, e a não eventualidade, requisitos
intrínsecos da relação prevista no art. 3º da CLT.
A reclamada ainda sustenta que o esporte praticado pelo
reclamante não teria “mídia”, e, por conta disso, não traria nenhum
aporte financeiro à reclamada. Equivoca-se mais uma vez, eis os
jogadores da reclamada ostentam uniforme do clube estampando
patrocínio, o que, naturalmente, não se dá de forma gratuita para
a reclamada.
Assim, declara-se a nulidade do contrato estabelecido entre as
partes, uma vez que, nos termos do art. 9º, tenta frustar a
aplicação dos preceitos estabelecidos na CLT, para declarar o
início do vínculo empregatício do reclamante em 01/03/2000.
Restou igualmente comprovado pelo reclamante que a relação de
emprego mantida com a reclamada perdurou até 20-05-2001,
prazo, inclusive, que extrapolou o limite posto no contrato
mencionado anteriormente, devidamente declarado nulo, e que
seu último dia trabalhado na reclamada, na condição de atleta
profissional empregado, foi 20-05-2001, quando teria se
acidentado em serviço, caracterizando, portanto, hipótese, de
acidente de trabalho.
Assiste razão ao reclamante relativamente à alegação de que
incumbe à reclamada a responsabilidade pelo período de
tratamento compreendido entre a data do acidente e sua alta
médica, no valor equivalente ao salário.
Inconteste o fato que o reclamante, a partir de 20-02-2002,
obtivera alta médica e, seguindo a mesma linha de raciocínio
anterior, a partir de então, na condição de empregado que
lamentavelmente se acidentara em serviço, passou a ser detentor
de estabilidade provisória, prevista no art. 118 da Lei 8.213/91, por
mais doze meses.
Os fatos descritos, e comprovados nos autos, a que
lamentavelmente se submeteu o reclamante, tendo este, inclusive,
de forma abrupta interrompido sua carreira profissional, ainda que
momentaneamente, lhe causaram, evidentemente,
constrangimento e dor íntima que ensejam a reparação mediante
indenização ao dano moral.
Assim, tratá-los de forma pouco cortes e mesmo desatenciosa,
depois de em nome do clube ou do time angariar inúmeras vitórias,
é no mínimo uma injustiça. Se o empregado atleta profissional
figurou como “top de linha” em sua categoria, certo é que muitas
vitórias trouxe ao time ao qual está ou esteve vinculado.
O reclamante, portanto, é credor de uma indenização por dano
moral, fixada no valor equivalente ao dano material deferido nesta
ação, utilizando-se por analogia os preceitos que regulam a
relação de alimentos, onde se leva em consideração a capacidade
do alimentante e a necessidade do alimentado.
Agradeço aos organizadores e aos participantes deste
Curso de Pós Graduação que me proporcionaram a
oportunidade de estar aqui fazendo esta apresentação

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