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A ÉTICA EM SANTO

AGOSTINHO E SÃO TOMÁS Clauberson Rios


DE AQUINO
EUDAIMONIA E ATARAXIA
⚫ Seguindo o rastro da busca pela Eudaimonia, por meio da Ataraxia,
uma outra vertente (ou poderíamos dizer uma nova escola peripatética?
ou talvez até pudéssemos arriscar nomeá-la de uma nova seita, afinal
existiam tantas naquela época?) inicia seu processo de germinação.
⚫ Esta vertente teve início a partir das pregações realizadas por um
andarilho de Nazaré, profundo conhecedor das escrituras e que em
pouco mais de dois anos conseguiu arregimentar por meio de sua
oratória (seus diálogos), sua lógica inovadora (boa-nova) e seu estilo
retórico (parábolas) um número surpreendente de seguidores.
PAULO DE TARSO (5 – 67)
⚫ O cristianismo difundiu-se progressivamente ao longo
do séc. I através de núcleos de fiéis que surgiram nos
principais centros urbanos.
⚫ Neste processo a figura de Paulo de Tarso foi de
fundamental importância.
⚫ De grande erudição, foi criado em Jerusalém, “aos pés
de Gamaliel”, rabino considerado o maior Doutor da
Lei (Torá).
⚫ Após sua conversão, diferente dos fariseus, o “apóstolo
dos gentios” defendia a necessidade de pregar a todos
os homens.
⚫ Epístola aos Gálatas (3,28): “Não há judeu, nem grego,
nem escravo, nem homem livre, nem homem, nem
mulher: todos sois um no Cristo Jesus”
⚫ A mensagem cristã é consolidada a partir de uma
perspectiva universal.
FÉ E RAZÃO
Fílon de Alexandria, São Justino (mártir em Clemente de
também conhecido como “o Roma em d.C 167): Alexandria (150 d.C –
Judeu” (25 a.C – 50 d.C):
defendia a ideia e a 215 d.C): aproxima o
fez comentários ao
necessidade de uma Timeu de Platão e a
Pentateuco, aproximando-o narrativa da criação
da filosofia grega. filosofia cristã. no Gênesis.

Estes pensadores são


Orígenes (184 d.C – conhecidos como
254 d.C): comentou o apologetas ou Desabrochar da
Gênesis. apologistas, pois fazia Patrística.
apologia ao
cristianismo.
⚫ Esta posição conciliatória entre
filosofia grega e cristianismo,
porém, encontrou teólogos
opositores:
⚫ Taciano (séc. II), Tertuliano
(155-222) e Lactâncio (240-320).
⚫ Eles advertem que a filosofia
grega é pagã, alheia à mensagem
cristã.
⚫ A filosofia seria, então,
desnecessária à fé e ao
entendimento da mensagem
divina.

FÉ VS RAZÃO ⚫ Inauguram um conflito que ainda


perdura em nosso dias: FÉ vs.
RAZÃO.
SANTO AGOSTINHO (354 - 430)
⚫ Mãe católica e pai pagão.
⚫ Aproximação com o Maniqueismo, visão dualista
do mundo que acredita na luta de perpétua de dois
princípios equivalentes: Bem e o Mal.
⚫ Marcas em seu percurso: Santo Ambrósio
(exegese alegórico - filosófica), Neoplatônicos,
São Paulo e São João.
⚫ Conversão em 386 e batizou-se em 387.
⚫ Confissões: um dos relatos mais autênticos que
um homem já havia feito sobre si mesmo.
⚫ Em relação ao conflito Fé vs. Razão, a filosofia de
Platão seria uma preparação histórica para o
entendimento da Verdadeira Filosofia.
⚫ Agostinho não foi apenas um leitor de Platão, mas fez uma síntese
entre o platonismo e o cristianismo, inaugurando algo novo.
⚫ Mundo das ideias vs. Mundo sensível (Filosofia)

⚫ Cidade de Deus vs. Cidade Terrena (Revelação - Teologia)

⚫ A história seria um processo sucessivo de alianças e rupturas do homem

e seu Criador. Marca persistente do PECADO ORIGINAL.


⚫ Adão → Expulsão do Paraíso → Caim e Abel → Noé → Abraão → Jesus

⚫ A história pessoal seria passível de tais desencontros. O próprio Santo

Agostinho é um exemplo disso!


⚫ Traz uma ideia original de interioridade (antecipa a noção de
subjetividade da Modernidade)
⚫ Teoria da iluminação divina vem a substituir a teoria da reminiscência.
⚫ Principais problemas éticos trabalhados: a
origem do Mal, o conceito de livre-arbítrio e a
possibilidade de agir de forma ética.
⚫ Santo Agostinho levanta o questionamento:
“como é possível a existência do Mal? Teria
Deus, sumamente Bom, criado o Mal?”

ÉTICA ⚫ Para ele, a natureza humana é marcada pelo


pecado original, a imperfeição originada na
fraqueza de Adão, e faz com que o ser humano
esteja sujeito à tentação e aja contrariamente à
lei moral (fundo de interioridade)
⚫ Entretanto, não caímos num determinismo
inevitável do pecado. Deus dá ao Homem o
livre-arbítrio.
⚫ O livre-arbítrio é a característica do ser
humano que o torna responsável por suas
escolhas e decisões. Por isso, pode se agir de
forma ética ou não.
⚫ A possibilidade de escolher nos é dada por
Deus para que cada um seja responsável
LIVRE-ARBÍTRIO pelos seus atos, sejam errados ou corretos.
⚫ O pecado, então, é resultado da submissão da
razão às paixões (VESTÍGIO DO PLATONISMO)
⚫ A questão sobre a origem do Mal continua…
⚫ Para ele, o Mal é a falha, a queda, o desvio, a
corrupção, e não um elemento real como o
Bem.
⚫ O Mal deve ser entendido como
privação, diminuição ou mesmo
imperfeição (“IN-perfeição”), sendo
que todas as coisas, enquanto
existem e porque foram criadas, tem
algo de Bom.

⚫ “Indaguei sobre a maldade e não


encontrei uma substância, mas sim a
perversão da vontade afastada de
Vós, ó Ser Supremo, tendendo em
direção às coisas inferiores,
expelindo as suas entranhas e
inchando-se toda” (Santo Agostinho,
Confissões, Capítulo 16)
⚫ Nasceu em ROCCASECCA –
SUL DO LÁCIO EM 1226.
⚫ Ingressou na ORDEM DOS
DOMINICANOS por volta de
(1244)
⚫ Por conta de sua escolha, ele
enfrentou grande oposição de sua
família.
⚫ Chamado de Boi mudo em razão
do comportamento reservado e
silencioso.
⚫ Foi Professor na Universidade de
Paris.
Peregrinou pelas maiores
SÃO TOMÁS DE ⚫

universidades européias e veio a


morrer em 1274
AQUINO (1226 - 1274)
⚫ Quase 800 após Santo Agostinho,
São Tomás de Aquino foi o principal
responsável por mostrar que a
filosofia aristotélica era compatível
com o cristianismo.
⚫ Naturalismo aristotélico: Ele toma
a concepção de Aristóteles que a
natureza humana pode ser melhorada
por uma vida de virtudes.
⚫ Diferentemente de Santo Agostinho,
São Tomás de Aquino entende que o
Mal é parte da natureza, no sentido
da imperfeição ou da corrupção das
coisas criadas, que podem ser
perecíveis e imperfeitas.
“A perfeição do Universo requer
que haja coisas incorruptíveis assim
como coisas corruptíveis, portanto,
que haja coisas que possam deixar
de ser boas, o que de fato por vezes
ocorre.
Assim, é evidente que o mal está
presente nas coisas, bem como a
corrupção, que é uma espécie de
mal.” (São Tomás de Aquino, Suma
Teológica, Sobre o Deus Criador)
⚫ São Tomás de Aquino vai defender que
o livre-arbítrio é consequência da
própria racionalidade humana e é, por
isso, um pressuposto ético enquanto
possibilidade de escolha daquilo que é
bom em favor do que é mau.
LIVRE-ARBÍTRIO ⚫ Entretanto, ele se apoia em Deus para
embasar nosso livre-arbítrio: o livre-
arbítrio é insuficiente se o homem não
for movido e auxiliado por Deus.”
⚫ “A escolha está em nós, mas pressupõe
o auxílio de Deus”

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