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DEUS, ONTEM, HOJE E ETERNAMENTE

A teologia fala da revelação progressiva de Deus na história desde o principio da


criação. O que, ou quem era esse Ser que havia trazido tudo à existência, estava envolto
por um mistério que ainda não tinha revelação. Adão, o primeiro a quem Deus se
revelou, não teve conhecimento extensivo daquele que o chamava ao entardecer, apesar
de conhecer o amor, e após a queda, a justiça dEle. O Criador estava oculto, mas queria
se desvendar para sua criação. E se Ele não revelasse a si mesmo aos homens, nunca
teríamos capacidade de conhecê-lo por nós mesmos. Ele está além da compreensão
humana, mas se revelou na nossa história, para que a nossa história fosse mudada por
Ele. Esse desvendar do véu não põe fim ao mistério da sua transcendência. A muito do
que se conhecer, porque “há sempre mais sobre Deus do que aquilo que somos capazes
de saber”.

E como Deus se revelou? Revelou-se da maneira mais surpreendente possível. Nas


religiões do passado e do presente, seus deuses eram, e são inacessíveis e impessoais,
mas na bíblia a revelação de Deus se tornou acessível, e principalmente pessoal. Que
revelação tremenda! Deus é uma pessoa, e como pessoa, Ele pode se relacionar com os
homens de uma maneira relacional e intima. Ele se deixou achar por aqueles que
tateando o buscava. 

Ele teve intimidade com homens e mulheres na história bíblica, e em cada caso um
aspecto do seu Ser foi desvendado. Ele é o criador todo poderoso, e o bem feitor
amoroso. Ele é o resgatador que guarda, e o preservador que se preocupa. Ele faz
aliança incondicional com um povo que não merecia, e os abençoa eternamente. Ele é
um Deus de justiça que revela sua ira contra o pecado, mas também misericordioso para
com o arrependido pecador. Ele é soberano sobre toda a criação, e todas as coisas estão
debaixo de seu controle, mesmo que essas coisas sejam sofrimentos sobre o povo da
aliança.

A visão que as personagens tinham de Deus no Antigo Testamento, eram centradas na


revelação pessoal a qual eles haviam tido com Ele. Não havia uma concepção frouxa da
grandeza e soberania de Yaweh, mas de acordo com a revelação que tinham, eles se
prostravam em reverência, mesmo não tendo todo o conhecimento dos porquês de suas
ações. O homem tinha um grande valor, mas não estava acima do agir soberano de
Deus. O valor último era que Ele fosse glorificado na vida de seus filhos, e não que seus
filhos fossem glorificados na incapacidade dEle não poder fazer sua vontade. 

Na verdade, não havia uma busca filosófica ou teológica para se entender,


exaustivamente, a sua soberania. Apesar de algumas indagações até normais para um ser
humano que sofre, o que havia em seus corações era apenas uma crença, não cega, mais
confiante de que “tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados
segundo o seu propósito”.

E hoje? Como Deus tem se revelado para a igreja Brasileira? Será que a revelação de
Deus se estendeu para melhor ou pior? Temo dizer que a progressão da revelação divina
se deteriorou para uma forma bem diferente daquela que os personagens bíblicos
receberam.
Por um lado, Deus se tornou extremamente justo, e por outro, minimamente gracioso.
Ele se tornou um Deus vingativo, e nem um pouco misericordioso. A revelação de Deus
se deteriorou tanto, que o Deus de glória que foi revelado nas palavras do Antigo
Testamento, se tornou em um Deus vazio de seu esplendor. Ele não pode ter mais
vontade própria, pois, o que impera hoje é a vontade do homem. Deus não pode ser
soberano, por que esse atributo divino fere o atributo humano do livre arbítrio. Na
verdade, nada está determinado por Ele, pois o futuro é surpreendente e didático, onde o
Senhor é pego de surpresa pelos acontecimentos, e assim como o homem, Deus aprende
juntamente com ele, chocado pelos desastres e tragédias.

Diante disso, o que existe hoje é uma caricatura de um Ser a muito desfigurado da sua
realidade. Chegamos a um ponto onde o Deus poderoso de outrora, se tornou em um
deus com letras minúsculas, fraco, que se deixa dominar pelas ordens dos “grandes
homens e mulheres de deus”. Determina-se o que esse deus faça, e o que está
determinado acontecerá de acordo com uma corrente, ou campanha de alguns dias,
campanhas sem nenhum escrúpulo, rituais vazios, objetos místicos benzidos, ou pela
oração de poder do grande homem ou mulher de deus.

Aonde chegaremos? O que mais é preciso para desonrar esse Ser tão grande? Deus se
revelou tão claramente em Cristo, que os seguidores de Cristo obscureceram essa
revelação. O que Cristo É, o Deus que se revelou para os patriarcas É. O que nos faz
pensar que o Deus criador de todas as coisas não pode ser como aquele homem de
Nazaré? E como Ele era? Iracundo e sem paciência? Manipulável e sem vontade
própria?  Fraco e sujeito a mandingas? Creio que não. Quando eu olho para Cristo nos
evangelhos, o que vejo é um Deus, mesmo em suas fraquezas como homem, todo
poderoso e soberano, amoroso e cheio de graça, paciente e misericordioso.  Ele está
muito longe do Deus pintado pelos movimentos religiosos e teológicos que tentam
defendê-lo diante das dificuldades de entender seus atributos.

O Cristo revelado em Jesus é a expressão exata do ser de Deus. Ele é aquele que desde o
principio sustém todas as coisas pela palavra do seu poder. Ele é aquele que cheio de
glória, anda no meio dos candeeiros não deixando o pavio fumegar, mas pronto para
julgar a sua igreja se não se arrepender. Em apocalipse, o Deus criador do universo não
é servo a disposição dos caprichos dos homens, e nem fraco que não pode impor sua
vontade. Ele é tão conhecedor do futuro, e esse futuro está tão fechado, que Ele
desvendou o véu para o apóstolo João em Patmos, das coisas que são e que há de
acontecer. Ele não deve nada a ninguém, e há ninguém deve satisfação. 

O Deus que se revelou no passado é o mesmo que se revelou nos evangelhos. A


progressão de sua revelação minimizou a distância que tínhamos dEle, mas não ao
ponto de calçarmos suas sandálias e nem comermos em seu prato. Essa é uma visão
distorcida e minimalista do grande Eu Sou. Ele se revelou como um Deus passional?
Sim, Ele revelou que é um Deus sentimental e pessoal. Mas acharmos que o fato dEle
ser pessoal o faz como um de nós, é um erro com grandes consequências, como
podemos ver em nossos dias. Ele é um Deus sempre perto, mais ao mesmo tempo
transcende a nossa compreensão. Há ainda uma distância entre nós e Deus que não pode
ser alcançada. Há ainda um limite que não podemos ultrapassar. Ele é o Deus três vezes
Santo que fulminaria qualquer um que ousasse se achegar a ele em um estado de
podridão ocasionado pela justiça própria. Aliás, é essa justiça adquirida na tentativa de
ser perfeito fora de Cristo, que dá ousadia a esses que reivindicam autoridade sobre o
próprio Deus.

Respondendo a pergunta acima, eu não sei aonde chegaremos diante de tanta aberração
teológica. O que parece estar diante de nós, não é um futuro claro e brilhante, mas negro
e tenebroso. Por quê? Porque a grande maioria da igreja está lendo a bíblia
diabolicamente, e isso quando lê. O que ouvimos sendo pregado nas igrejas, são
palavras tendenciosas sem nenhum respeito ao texto bíblico e nenhum temor de Deus.
Prega-se o que o povo quer ouvir, e interpretasse o que o pregador quer entender. Por
isso Deus foi destronado de sua glória, para que a gloria do homem tomasse o lugar de
Deus, como realmente aconteceu. Deus deixou de ser Deus para essa igreja que quer um
Deus manipulável para satisfação de seus desejos. E o fim disso tudo será lamentável.

Por mais que esses movimentos cristãos sem Cristo tentem roubar a glória de Deus, ou
destroná-lo da posição a qual Ele está, mesmo que estes venham a denegri-lo usando o
seu Nome em suas bruxarias, Deus continuará a Ser Grande como Ele nunca deixou de
Ser. Como escreveu Ele próprio no livro das revelações, o que Ele foi, o que Ele é, e o
que Ele será nunca poderá ser mudado. O problema maior será um dia se encontrar com
aquele a quem muitos têm que prestar contas de suas palavras, ações e escritos. Aí sim,
eles verão que esse Deus sempre foi, e sempre será o mesmo da pior forma possível,
quando Ele se revelar, não como o Deus de amor, mas sim como o Deus de justiça.

Que Deus tenha misericórdia.

Soli Deo Gloria

SPC

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