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Júlio Cesar Ferreira Santos

grafia Histórica e a Geografia Econômica esta- ta em campo era baseada em técnica de análise
riam fundidas, já que a segunda se interessaria morfológica desenvolvida pela Geografia Física,
pelas Áreas Culturais procedentes da anterior. bem como em um método histórico evolutivo ES-
Por fim, a Geografia Cultural encontrava-se TRUTURAL, buscando determinar as sucessões de
integrada ao objetivo geral da Geografia: a dife- cultura em uma área.
renciação da Terra em áreas. A observação dire-

2.4 O Anarquismo na Geografia: uma Geografia Libertária -


Piotr Kropotkin

Piotr Kropotkin (1842-1921) nasceu em fa- punha uma mudança no sistema educacional e,
mília rica e tradicional da Rússia czarista. Estudou principalmente, no ensino de Geografia, colo-
nas melhores escolas de Moscou, sendo sempre cando-a como o principal veículo divulgador de
um dos alunos mais brilhantes (recebendo, inclu- suas ideias de igualdade entre os povos. Afinal, os
sive, elogios do czar Nicolau I), e tinha um futuro estudos geográficos como eram ensinados nas
garantido como general do exército russo. Mas, escolas naquele momento ajudavam a fomentar
apesar de todas as condições financeiras favorá- o preconceito e a ideia de superioridade dos eu-
veis, preferiu seguir um caminho inverso, vivendo ropeus sobre outras raças, justificando o colonia-
do seu próprio trabalho. Exerceu as funções de lismo da Europa, principalmente sobre a Ásia e a
jornalista, professor e até tipógrafo, e, para deses- África.
pero de sua família, tornou-se geógrafo e, mais Para o geógrafo russo, a ciência geográfi-
tarde, um anarquista. ca deveria valorizar as diferenças físicas entre as
Entretanto, também como geógrafo, Kro- regiões, mostrando que uma não se sobrepõe à
potkin não seguiu o protocolo. Uniu Geografia e outra, mas se complementam, e que são essas di-
Anarquismo e, ao contrário de seus colegas, pas- ferenças que garantem o perfeito funcionamento
sou a defender o fim do Estado e suas leis, das ins- da natureza, dando equilíbrio aos diversos acon-
tituições religiosas, do sistema trabalhista vigente tecimentos naturais. Além disso, ela deveria mos-
e das fronteiras entre os países. Com isso, acabou trar que as particularidades físicas de cada região
sendo marginalizado pela própria Sociedade Ge- não deveriam pertencer a uma região específica,
ográfica Russa, que já o havia premiado. pois se tratam de bens comuns a toda a huma-
Suas teorias anarquistas se aproximavam nidade. Defendia, assim, o fim das fronteiras en-
do comunismo, defendendo o fim da proprieda- tre os países. Principalmente, a Geografia deveria
de privada, do trabalho assalariado e do Estado, mostrar aos jovens estudantes que, apesar das
lutando por uma igualdade econômica e política diferenças culturais, nenhuma raça era superior à
entre todos. Por isso, sua orientação era conheci- outra, apenas que cada uma vivia conforme sua
da como anarquista-comunista. Além disso, de- realidade e que essas diferenças precisavam ser
fendia a liberdade moral de cada indivíduo. Para respeitadas. Mostrar que todos eram irmãos e
ele, o homem só seria totalmente feliz se tivesse que deveriam se unir para resolver os problemas
respeito e vivesse plenamente conforme sua mo- que lhes fossem comuns. Quando todos tivessem
ral. Ainda, a religião existia somente para padro- essa consciência de igualdade e irmandade, seria
nizar o moralismo, impedindo o homem de viver o momento de derrubar a burguesia do poder e
com toda a sua vontade e criatividade. instalar a Anarquia, dando uma nova perspectiva
Para que o anarquismo fosse entendido e esperança para a humanidade.
de forma pacífica pela sociedade, Kropotkin pro-

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2.5 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, estudamos a Geografia Institucionalizada e os fundamentos da Geografia Clássica,
vimos as contribuições de Ratzel e Paul Vidal de La Blache, e falamos um pouco da Geografia Cultural
Tradicional e do Anarquismo na Geografia.

2.6 Atividades Propostas

1. Considere a seguinte passagem:

A abrangente produção ratzeliana deixa transparecer a integração de fatos da modernidade e do


rápido desenvolvimento da sociedade no contexto da Alemanha que se unificava. Reflexões sobre o
Estado, a história, as raças humanas, o ensino da geografia e a descrição de paisagens perpassam a
obra do geógrafo, que se preocupava em auferir uma identidade comum à nação em formação.

A seguir, leia o seguinte enunciado:

ƒƒ A produção intelectual de Ratzel tem lugar em um contexto de unificação de territórios ger-


mânicos e criação da Alemanha. A autora menciona “fatos da modernidade” referindo-se aos
discursos utilizados para sustentar a criação da Alemanha, bem como as características políti-
co-econômicas da Europa da segunda metade do século XIX.

Agora, utilizando sua apostila, discorra sobre esse contexto histórico e como Ratzel contribuiu, a
partir de sua produção geográfica, para a criação da Alemanha.

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A RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA
3 PÓS-ANOS 1950

3.1 A Geografia Neopositivista: a Supremacia Norte-Ameri-


cana (Quantitativismo e Modelos Econômico-Espaciais)

No caminhar da evolução do pensamento enunciado, na verificação das hipóteses e na for-


geográfico, chegamos num ponto em que velhas mulação das explicações dos fenômenos geográ-
ideias são retomadas e trabalhadas com novas ficos. A validade dos enunciados obtidos não se
roupagens. Trata-se da teoria positivista, que res- daria mais através da observação e descrição do
surge aliada à matemática, caracterizando a Nova geógrafo sobre os fenômenos, mas conforme os
Geografia. Essa concepção de Geografia despon- procedimentos de verificação propostos pela me-
ta na década de 1950, considerando o conjunto todologia científica.
de ideias e de abordagens que começou a se di- Seguindo esse fio condutor, até mesmo os
fundir e a se desenvolver. O surgimento de no- fenômenos sociais e da natureza são explicados
vas perspectivas para a análise está integrado à pelos mesmos modelos e técnicas (pressupondo
transformação profunda provocada pela II Guerra a unidade da ciência, todos os ramos são pauta-
Mundial nos setores científico e tecnológico, bem dos pelos mesmos procedimentos, sem metodo-
como nos níveis político, social e econômico. Essa logias específicas). A utilização de técnicas mate-
transformação, abrangendo o aspecto filosófico e máticas e estatísticas foi denominada Geografia
metodológico, foi denominada “revolução quan- Quantitativa e, assim, novos métodos de analisar
titativa e teorética da Geografia”, batizada assim os dados coletados e as distribuições espaciais
por Ian Burton. dos fenômenos formaram a primeira característi-
Embora se possam encontrar indícios des- ca desse “fazer geográfico”.
de a década de 1940, a contribuição do geógrafo
norte-americano Fred Schaefer, em 1953, com seu
“Exceptionalism in Geography: a methodogical
examination”, marca cronologicamente a tomada
de consciência dessas tendências renovadoras.
A Nova Geografia (ou Geografia Quantitati-
va ou Geografia Teorética) se caracterizou, princi-
palmente, pelo traço positivista no que se refere
à busca de explicações científicas, tentando su-
perar a descrição regional que, para Schaefer, eli-
minava o conteúdo científico da Geografia. Essa
nova proposta consiste na metodologia científi-
ca como paradigma para a pesquisa geográfica,
salientando-se a necessidade de maior rigor no

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3.2 A Geografia Comportamental e Humanística: a Valoriza-


ção da Subjetividade e da Dimensão do Indivíduo

Desde o fim da Idade Média, com a crise do nalmente, destaca-se Yi-Fu Tuan, que tem apre-
sistema teocêntrico, os filósofos retomaram os es- sentado novos e fundamentais conceitos para a
tudos da Grécia clássica, sociedade marcada pela compreensão do ambiente e das aspirações do
valorização das artes e das ciências que objetivam homem em termos de qualidade ambiental. Po-
o bem-estar humano. Os renascentistas conside- de-se fazer referência, ainda, à colaboração de Ke-
ravam que a religião era insuficiente para explicar vin Lynch nos estudos sobre a imagem da cidade,
os fenômenos da natureza e suas relações com o tornando a percepção interdisciplinar.
Homem. Sendo assim, desenvolveram uma pers- A partir da década de 1950, o comporta-
pectiva humanista, procurando ampliar e valori- mento humano voltou a ser mais amplamente
zar o indivíduo, tanto no que ele é quanto no que debatido nas ciências sociais, principalmente por
ele pode fazer. meio de autores como Kirk (1952), que trabalhou
a relação existente entre as percepções ambien-
Saiba mais tais e a tomada de decisões locacionais, desafian-
do o predomínio do positivismo lógico.
No século das “luzes” (XVIII), a ciência positivista Os anos 1960 foram marcados por grandes
ganha destaque, baseada em conceitos direciona-
dos sobre o significado e o objetivo das ciências de transformações sociais e políticas no mundo, que
modo geral. O Humanismo, inerentemente subjeti- refletiram, por conseguinte, nas ciências. Os mo-
vo, perde então espaço para a ciência neutra e isen- vimentos de contracultura: hippie, dos direitos
ta, com objeto bem definido.
civis, do blues, feminista, gay, passeatas contra
a guerra do Vietnã, entre outros, refletiram uma
nova ordem mundial. Houve uma transformação
Entre as contribuições que “culminaram” na na sociedade mundial e nas suas relações; as ci-
Geografia da Percepção, estão: a “escola francesa ências, então, voltam seu “foco” para as questões
tradicional”, que é o primeiro marco, com suas te- humanas.
ses regionalistas, que implicavam a necessidade Nesse contexto, o pensamento geográfico,
de contatos prolongados do geógrafo com os lu- até então preponderantemente neopositivista
gares e as paisagens; Carl Sauer, a partir de 1925, ou neomarxista, apresenta uma nova alternativa
com as paisagens culturais; Wright, em 1947, epistemológica, por meio da absorção de concei-
com sua “geosofia”; Kirk, em 1951, que propõe a tos humanistas. A Geografia humanística procura
Geografia comportamental como base para a to- um entendimento do mundo humano através do
mada de decisões locais; um ano depois, Dardel estudo das relações das pessoas com a natureza,
demonstra a importância das experiências para do seu comportamento geográfico, bem como
questionamentos sobre o espaço; Lowental, na dos seus sentimentos e ideias a respeito do es-
década de 1960, torna-se um marco propondo paço e do lugar. Percebe-se no humanismo a luta
que a valorização da experiência e imaginação fa- por uma visão mais abrangente, fugindo de res-
cultaria a formação de uma nova epistemologia, trições.
de uma “escola do pensamento”; Anne Buttimer,
nos anos 1970, estuda os valores humanos e suas
repercussões espaciais; Goul e White, em 1974, Dicionário
propõem uma metodologia que une imagens
Neo: prefixo indicativo de “novo”.
mentais, percepção e mapas, os Mental Maps; fi-

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A questão central dessa perspectiva é traba-


lhar as diversas categorias de análises geográficas, Atenção
como espaço, lugar, território, por meio da cogni-
Os lugares variam em escala.
ção humana, ou seja, a partir dos significados que
o homem lhes dá. Sendo assim, a Geografia da
Percepção é apenas uma das concepções huma- O quarto pode ser um lugar, o sofá da sala,
nistas. A partir da década de 1960, ocorreu uma a cidade onde o indivíduo nasceu, mas também
expansão dos estudos sobre a Percepção. Esse pode ser um Estado-nação. Existe uma ligação
novo paradigma considera que todas as pessoas sentimental, uma identidade entre o indivíduo e
possuem explicações sobre os fenômenos que as o lugar, que se reflete por meio de símbolos exis-
cercam. Os humanistas produziam estudos sobre tentes, como a arte, educação, política etc.; pe-
valores e percepções individuais ou de pequenos quenos lugares podem ser conhecidos por meio
grupos, utilizando esses levantamentos na com- da experiência direta, incluindo o sentido íntimo
preensão atual e no planejamento futuro da orga- de cheirar e tocar.
nização de espaços e paisagens.
Assim, a Geografia passou a se basear nas
A percepção essencial do mundo, em resu- premissas de que há possibilidade de se compre-
mo, abrange toda maneira de olhá-lo: consciente ender a maneira como os indivíduos se sentem
e inconsciente, nublado e distintamente, objeti- em relação ao lugar e considera que cada pessoa
vo e subjetivo, inadvertido e deliberado, literal e ou grupo humano possui uma visão e um modo
esquemático. A própria percepção nunca é pura: diferente de enxergar o ambiente circundante,
“sensoriar”, pensar, sentir e acreditar são proces- que se expressa por meio de suas atitudes e valo-
sos simultâneos, interdependentes. Entretanto, res e na forma como organiza seu espaço.
embora se coloque como uma alternativa aos pa-
A Humanidade não é mera observadora
radigmas científicos desse período, nota-se que
dessa dinâmica, mas parte dela. Na maioria das
a Geografia da Percepção não deixa de absorver
vezes, a percepção humana não é abrangente,
conceitos e, principalmente, metodologias de ou-
mas antes parcial, fragmentada, misturada com
tras “Escolas do Pensamento”, como, por exemplo,
considerações de outra natureza. Quase todos os
os “Mapas Mentais”, que desenvolveram o uso dos
sentidos estão em operação e a imagem é uma
métodos quantitativos na percepção, criados por
combinação de todos eles.
Gould e White, em 1974.
Do ponto de vista biológico e psicológico,
A percepção, portanto, é mais ou menos
chama-se percepção o processo cognitivo através
detalhada, dependendo da vivência, da experi-
do qual se conhecem objetos e situações próxi-
ência, de questões étnicas, políticas, entre outras.
mos no tempo e no espaço, que são compreen-
Entretanto, um fator que se destaca na forma-
didos e percebidos por aqueles que constituem
ção da apreensão que o homem faz do meio é
e estabelecem relações com eles. Os objetos
sua capacidade de se deslocar no espaço. Nessa
distantes no tempo não podem ser percebidos,
perspectiva, o espaço é dimensional, se expressa
apenas evocados, imaginados ou pensados, pois
por uma representação, mas, para um fenome-
o espaço pode constituir uma obstrução para a
nólogo (estudioso da fenomenologia), o espaço
percepção.
é um contexto que possui sentido de amplitude,
liberdade e infinitude. Já o Lugar é um produto da
experiência humana, não se refere a objetos ou
localização, mas a experiências e envolvimento
com o mundo.

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3.3 A Geografia Marxista: a Crítica ao Modo de Produção


Capitalista do Espaço

O contexto do nascimento das correntes como da derrota dos Estados Unidos no


críticas da Geografia remonta à década de 1960, Vietnã.
época da expansão neopositivista (Geografia
Quantitativa), surge como reação e movimento
No que se refere às transformações nas Ci-
de insatisfação com as propostas colocadas para
ências Sociais, consideramos:
a Geografia até então e reflete um quadro de crise
da ciência geográfica, posto que reúne diferentes
elementos questionadores à ordem social basea- ƒƒ Os questionamentos das desigualda-
da na desigualdade social, característica do modo des entre o mundo desenvolvido e o
de produção capitalista. Na década de 1970, proli- mundo subdesenvolvido;
feram movimentos críticos e radicais nas ciências ƒƒ A grande oposição ao Capitalismo:
sociais, tendo como fundamentação correntes da constatadas as péssimas condições de
filosofia: trabalho e de vida (principalmente nas
cidades), surgem os movimentos so-
ƒƒ Marxismo (preocupações sociais); ciais urbanos;
ƒƒ Fenomenologia, existencialismo, her- ƒƒ Questionamentos ao sistema de racio-
menêutica (filosofia dos significados), nalidade científica (séculos XVII e XVIII),
valorização da subjetividade, da experi- sendo a ciência moderna apresentada
ência pessoal e das questões sociais. como inimiga da sociedade: situações
críticas como a catástrofe nuclear, a
corrida armamentista, a engenharia ge-
Esse momento de intensa produção e de- nética etc. suscitaram a pergunta: “qual
bate acadêmico produz duas vertentes analíticas o papel da ciência e tecnologia moder-
profundamente historicistas: a Geografia Marxis- nas?”;
ta e a Geografia Humanista. ƒƒ Conflito entre a racionalidade da ciên-
Vejamos os contextos externos e históricos cia e os valores da vida humana.
e as razões sociais que permitiram a eclosão do
movimento crítico na Geografia:

ƒƒ Momento de grandes transformações Atenção


internacionais, com o fim da Guerra Fria
e o florescimento do marxismo no Oci- Entre os principais críticos, destacam-se nas de-
mais ciências humanas:
dente;
ƒƒ Mudanças no Terceiro Mundo, com a • Na Economia: novas reflexões com base na
análise do capitalismo proposta por Marx (por
descolonização e a consciência do sub- exemplo, a contribuição de Mandel ao elaborar
desenvolvimento como produto da do- sua teoria das ondas longas);
minação; • Na Sociologia: Lefebvre (filósofo) dedica-se à
construção de uma teoria marxista do espaço
ƒƒ Crise do Sistema de Dominação Oci- (produto social que recebe releitura marxista);
dental, a partir do aparecimento de Gramsci e Escola de Frankfurt.
movimentos revolucionários, do triunfo
da Revolução na China e em Cuba, bem

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Quanto ao contexto interno à ciência mo- BALHO como base das relações sociais
derna, apresentam-se como razões intelectuais: ao longo do tempo, mediando as rela-
ções entre o homem e a natureza;
ƒƒ A disputa com o Positivismo: a Escola ƒƒ Instituições Sociais apresentadas como
de Frankfurt aparece como uma clara dominadoras da sociedade, postas aci-
reação antipositivista (filósofos como ma dos interesses sociais: 1) instituições
Adorno, Horkheimer, Marcuse, Benja- econômicas; 2) legitimação através de
min e Habermas se destacam produzin- ideias, significados e símbolos; 3) ins-
do uma teoria crítica da cultura); tituições de poder que sustentem as
ƒƒ Objetividade e ideologia nas Ciências relações sociais práticas e ideológicas
Sociais: importância do conceito de anteriores;
ideologia desenvolvido pelo marxismo ƒƒ As mudanças históricas resultam de
nas ciências sociais; apresentação do processos econômicos e políticos base-
problema da objetividade e da impos- ados na forma assumida pela proprie-
sibilidade de suprimir os juízos de valor dade privada dos meios de produção e
(neutralidade científica); pelas relações de trabalho;
ƒƒ Ciência passa a ser vista como depen- ƒƒ Sociologia, Ciência Política, Economia,
dente do contexto social e não como História e Geografia voltadas à interpre-
algo abstrato, isolado do mundo: o ho- tação dos fenômenos humanos como
mem de ciência compartilha problemas expressão e resultado de contradições
comuns com o resto da sociedade e so- sociais.
fre influências das ideias sociais e mo-
rais dominantes;
O Marxismo permitiu compreender que os
ƒƒ Fatos humanos são instituições sociais
fatos humanos são historicamente determinados
e históricas produzidas não pelo espí-
e que a historicidade garante a interpretação ra-
rito e pela vontade livre dos indivídu-
cional deles e o conhecimento de suas leis. Nes-
os, mas pelas condições objetivas nas
se sentido, os fenômenos sociais são dotados de
quais a ação e o pensamento humanos
sentido e significação e são históricos.
devem se realizar; as relações de TRA-

3.4 A Geografia Cultural Crítica

A Geografia Cultural Crítica começou a ƒƒ Os seres humanos agem racionalmente


emergir no início dos anos 1970, a partir dos es- em conjunto, para o alcance de metas
tudos da Geografia Humana, incluindo a pers- pessoais e sociais;
pectiva marxista estruturalista. Contudo, nesses ƒƒ Os geógrafos deveriam buscar pratici-
pontos, os geógrafos trabalharam explicações de dade nos estudos. A Geografia Humana
padrões de ocupação e atividades humanas e isso deveria ser relevante e seus resultados
excluía as considerações de cultura e símbolo. deveriam ser aplicados a uma situação
Esses pontos são: concreta no mundo;
ƒƒ A Geografia Humana deveria evitar
ƒƒ O mundo físico é domínio da Geografia questões políticas e ideológicas, bem
Física científica e estabelece limites à como filosóficas, tanto abertas quanto
conduta do homem; litigiosas.

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