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RESUMO
Por muito tempo os jogos e as brincadeiras eram considerados um passatempo sem outros
objetivos. Era a forma que as crianças utilizavam o tempo livre. As brincadeiras eram feitas sem
ter qualquer significado pedagógico. Os brinquedos que existiam eram somente para distrair,
enquanto seus pais trabalhavam, faziam suas obrigações ou conversavam. Atualmente sabe-se que
as brincadeiras e jogos infantis são representações da vida real da criança e que ajudam a
desenvolver sua capacidade de imaginar, pensar e agir por si própria sem depender de um adulto
para ensinar. Essas atividades são essenciais na formação integral da criança, principalmente
quando ela está na fase de desenvolvimento escolar. No entanto, para que tenha efeito na
educação, elas precisam ser trabalhadas de forma pedagógica. O presente estudo teve como
objetivo verificar a formação profissional do professor visando a ludicidade como instrumento de
aprendizagem, buscando embasamento na bibliografia disponível, para entender como a criança
aprende através da ludicidade no processo de ensino/aprendizagem pautado na formação do
professor, bem como no desenvolvimento global da criança partindo da necessidade de formação
do profissional da educação. Por meio desta pesquisa foi possível entender o quanto o lúdico pode
ser um instrumento importante e imprescindível na aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo,
afetivo e social das crianças. O propósito desse artigo é, porquanto, mostrar a importância dos
jogos, brinquedos e brincadeiras para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças. O domínio
de novos saberes no campo do lúdico poderá se tornar uma importante contribuição para o
aperfeiçoamento das práticas pedagógica especialmente dos professores das séries iniciais do
ensino fundamental.
1. INTRODUÇÃO
Em grande parte das sociedades contemporânea, a infância é marcada pelo brincar, que faz
parte de práticas culturais típicas, mesmo percebendo que sua prática esteja reduzida no meio
educacional e social.
É pautando-se, sobretudo em Vigotsky, que este trabalho se estrutura diante de suas teorias e
afirmações que possibilitam um melhor entendimento sobre o mundo do brincar, em suas raízes
mais profundas enquanto fator necessário para o desenvolvimento da criança.
Esse anseio se deu por perceber que o cotidiano escolar, exige cada vez mais que o gestor
escolar, dê respostas às demandas que permeiam o espaço educativo, entendendo que, isoladamente,
o professor não conseguirá dar conta de todos os acontecimentos que perpassam o ambiente escolar,
por isso o gestor escolar, juntamente com o coordenador pedagógico tem uma importante missão
de reunir, discutir e articular com o conjunto dos professores possíveis alternativas para o
aprimoramento das ações pedagógicas voltadas para o lúdico na sala de aula, levando em
consideração a experiência dos docentes, como também contribuindo através do exercício da
reflexão dos mesmos, no acompanhamento das ações didáticas em coerência com o projeto
pedagógico da escola. Sendo assim, entendemos que o gestor escolar é o responsável por articular
as orientações necessárias para consolidar as mudanças que se fazem necessárias na educação,
promovendo encontros com todos os membros que compõem o corpo da escola, em especial
coordenadores pedagógicos e professores.
Assim, estaremos expondo reflexões sobre o tema e alguns teóricos irão embasar a nossa
discussão, Santos (2007), Vygotsky (1998), Kishimoto (2011) entre outros, bem como a prática do
estágio realizado. Os referentes teóricos contribuíram nos aspectos relevantes a acerca da temática
apresentada, pois compreender e conhecer o jeito particular de cada criança é o grande desafio da
educação e de seus profissionais.
Observa-se que o lúdico é uma ferramenta importante tanto na Educação Infantil quanto nas
séries iniciais do Ensino Fundamental, ele é um recurso didático dinâmico que garante resultados
eficazes na educação pois facilita a assimilação dos conteúdos propostos em sala aula, mas, requer
um planejamento e cuidado na execução da atividade elaborada. É através do lúdico que o educador
pode desenvolver atividades que sejam divertidas e que, sobretudo ensine os alunos a discernir
valores éticos e morais, formando cidadãos conscientes dos seus deveres e de suas
responsabilidades, além de proporcionar situações que haja uma interação maior entre professores e
alunos, em uma aula diferente e criativa, sem ser rotineira.
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Segundo Kishimoto (1999), o jogo educativo utilizado em sala de aula na maioria das vezes
vai além das brincadeiras e se torna uma ferramenta para o aprendizado. Para que o jogo seja um
aprendizado e não uma obrigação para a criança, é interessante deixar que o aluno escolha com qual
jogo queira brincar e que ele mesmo controle o desenvolvimento do jogo sem ser coagido pelas
normas do professor. Para que o jogo tenha a função educativa não pode ser colocado como
obrigação para a criança.
É possível utilizar os jogos e as brincadeiras também nas séries iniciais do Ensino
Fundamental para desenvolver o cognitivo, a motricidade, a imaginação, a criatividade, a
interpretação, as habilidades de pensamento, tomada de decisão, organização, regras, conflitos
pessoais e com outros, as dúvidas entre outras. A afetividade, o companheirismo, a disciplina, a
organização dos brinquedos após o uso, podem ser adquiridas através das brincadeiras conjuntas
entre as crianças.
Segundo Adamus, Batista e Zamberlan (apud Costa 2006), os jogos, brinquedos e
brincadeiras na infância são atividades essenciais para instigar a curiosidade, a auto-estima e a
iniciativa da criança, com isso desenvolver a linguagem, o aprendizado, o pensamento, além da
atenção e concentração.
Por outro lado, é preciso considerar o que propõe Negrine (apud Costa, 2006 p.104): “a
concepção de que o brincar está reservado às crianças nada mais é que a perda da naturalidade
humana, imposta pelo homem ao próprio homem, já que a história nos diz - o adulto costumava
dedicar muitas horas ao lazer”.
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É necessário lembrar que qualquer criação do homem até mesmo as brincadeiras e jogos
estão relacionados ao contexto social, histórico e cultural do momento, dessa forma assume as
características da época sendo assim é necessário que o professor desperte no aluno a criatividade
para criação de novas atividades que despertem o prazer e a satisfação pela aprendizagem.
Na atualidade, tem se atribuído atenção especial ao brincar como elemento fundamental para
aprendizagem. Contudo percebe-se que nas instituições escolares há significativa distância, quando
se toma por base a presença de referenciais teóricos e diretrizes que disseminam privilégio ao
brincar e a presença deste na rotina diária, sobretudo em seguimento iniciais.
Assim o lúdico quando trabalhado numa perspectiva pedagógica pode ser um instrumento de suma
importância na aprendizagem, no desenvolvimento, cognitivo, afetivo e social na vida da criança.
Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, adquire noções
espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas
cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de
relevância para desenvolvê-la. (KISHIMOTO, 1999, p. 36).
Acredito que todos os professores e futuros professores devem adquirir conhecimentos para
trabalhar com a ludicidade no ensino/aprendizagem.
No entanto em conversas que tive com alguns professores que trabalham na rede pública, me
foi relatado que não trabalham com a ludicidade por ser muito complicado conter as crianças, elas
se desentendem e começam brigar ficando difícil controlá-las, por isso preferem não trabalhar com
os jogos e brinquedos. Já outros destacaram que é muito importante, pois faz com que o aluno
aprenda mais. O professor precisa ter criatividade para poder trabalhar com brincadeiras, as quais
precisam ser planejadas, viabilizar os materiais necessários para a brincadeira, criar regras, para que
tudo se encaminhe de forma pedagógica e produtiva para que os alunos possam brincar e adquirir
conhecimento de forma mais prazerosa.
Para Szymanski (2006), ao trabalhar com o lúdico partindo de ações pedagógicas que
valorizam jogos, brinquedos, histórias infantis, música e poesia, para que as crianças desenvolvam a
representação simbólica, são fundamentais no processo de aprendizagem. As histórias, músicas e
poesias infantis trazem um grande leque de possibilidades para utilizar o lúdico em sala de aula,
onde as crianças poderão interpretar, dançar, declamar, mostrando suas habilidades que ainda não
foram detectadas pelo professor em uma aula “normal”, criando novas possibilidades de
conhecimentos pertinentes para o aprendizado da criança.
Quando o conhecimento é construído através do lúdico a criança aprende de maneira mais
fácil e divertida, estimulando a criatividade, a autoconfiança, a autonomia e a curiosidade, pois faz
parte do seu contexto naquele momento o brincar e jogar, garantindo uma maturação na aquisição
de novos conhecimentos.
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Os processos educativos tendem a passar por mudanças ao longo do tempo. Tais mudanças são
necessárias e estão sempre buscando a melhoria da qualidade da educação. Em meio a isso, a
Educação Infantil, como etapa inicial da Educação Básica, também modificou sua metodologia para
atender às necessidades do educando. Nesse sentido, a participação do coordenador pedagógico
como parceiro do professor tem conduzido os processos de ensino e aprendizagem de forma
inovadora. Assim, para Moyles (2002) as crianças as crianças sentem grande prazer em repetir
jogos que conhecem bem, sentem-se seguros quando percebem que contam cada vez mais
habilidades em responder ou executar o que é esperado pelos outros.
Na construção de um ambiente favorável ao aprendizado tanto na Educação Infantil, o
coordenador pedagógico tem um papel fundamental para a construção de saberes. Libâneo (2004,
p.221) afirma:
As funções da coordenação pedagógica podem ser sintetizadas nesta formulação: planejar,
coordenar, gerir e acompanhar e avaliar todas as atividades pedagógicas-didáticas e
curriculares da escola e da sala de aula, visando atingir níveis satisfatórios de qualidade
cognitiva e operativa das aprendizagens dos alunos (LIBÂNEO, 2004, P.221).
Assim, o trabalho do coordenador pedagógico deve estar bem definido e claro, para que todos os
envolvidos no processo tenham tranquilidade em executar suas tarefas. Nesse sentido, o gestor
pedagógico poderá operar na Educação Infantil, auxiliando aos professores no desenvolvimento de
sequências didáticas que envolvam jogos e brincadeiras, já que, conforme destaca o Referencial
Curricular Nacional da Educação Infantil - RCNEI (BRASIL, 1998, p.58), é importante valorizar
lúdicas na Educação Infantil, pois um dos benefícios trazidos por este tipo de metodologia é a
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Por esta razão o gestor deve criar parceria com os professores e mostrar para os mesmos,
principalmente para que os que ainda não acreditam na construção do conhecimento por meio da
ludicidade, que, como afirma Velasco (1996), a brincadeira é uma atividade completa para o
educando na fase inicial da sua jornada de estudos. Diante disso, Oliveira (2002) destaca algumas
competências desenvolvidas pela criança por meio da brincadeira, dentre elas a compreensão das
características dos objetos e os elementos da natureza e os acontecimentos sociais.
diversão e a hora da obrigação, sendo essas, prazerosas onde a criança se divirta mesmo na hora da
realização de obrigações rotineiras. Esse limite faz com que a criança tenha disciplina, tanto em
casa quanto na sala de aula.
Conforme MELLO e RAMO,2007 p72:
“Através de atividades lúdicas a criança cria situações imaginária em que se
comporta como se estivesse agindo no mundo dos adultos e quando brinca seu
conhecimento desse mundo se amplia, porque, nesta atividade, ela pode fazer de conta que
age como adulto age imaginado realizar coisas que são necessárias para operar com objetos
os quais os adultos operam e ela não”.
Desta maneira as pessoas iram entender o porquê de tanto movimento no período inicial da
vida escolar da criança, pois nesse tempo eles não param e estão em sua melhor fase de
aprendizagem e precisam gastar toda esta energia por meio de brincadeiras.
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O lúdico é de grande importância para a formação da criança, pois desde cedo a sua
aprendizagem adquirida, é através de brinquedos e brincadeiras introduzidas pela participação dos
pais na sua formação inicial. E assim juntamente com a ajuda participativa de todos que o cercam o
discente vai se desenvolvendo. Conforme diz (FERREIRO, 2000 p. 25):
“As crianças não aprendem simplesmente porque veem o outro ler e escrever e sim porque
tentam compreender que classe de atividade é essa as crianças não aprendem simplesmente
porque veem letras escritas e sim porque essas marcas gráficas são diferentes de outras. As
crianças não aprendem apenas por terem lápis e papel a disposição, e sim porque buscam
compreender o que se pode obter com esses instrumentos. Em resumo não aprendem
simplesmente porque elaboram o que recebem por que trabalham, cognitivamente como o
que o meio lhe oferece”.
Portanto o ato de aprender a ler se dá de acordo com as necessidades do indivíduo, assim como
para saborear uma fruta pela primeira vez tem que se gostar para experimentá-la novamente. É o
mesmo caso dos alfabetizando se eles não tiverem interesse em saber a aula, ou se a aula não der
esse interesse ao educando, ela não será prazerosa, trazendo apenas o conteúdo sem nenhuma
atividade interessante ao olhar do aluno será desprezada pelo mesmo, mas se transformar esse
conteúdo em brincadeira ou um jogo que esteja inserido no cotidiano do educando ai sim se tornará
valorosa e prazerosa. (ROSA e NISIO 1999, pg.77) dizem que.
“Com as atividades lúdicas espera-se que a criança desenvolva a coordenação motora, a
atenção o movimento ritmado, conhecimento quanto a posição do corpo, direção a seguir e
outras”.
3. MATERIAL E MÉTODO
O processo de investigação e construção que se deu este trabalho tem enfoque qualitativo e
foi realizado em uma escola da rede pública do município de Teodoro Sampaio – Ba, conforme a
ideia de Bogdan e Bikem (1982), citados por André e Ludke (1986) possui como características
principais a utilização do ambiente natural como fonte direta dos dados, o pesquisador como
principal instrumento da pesquisa alvo, a obtenção de dados predominantemente descritivos a
partir do contato do pesquisador com situação estudada e também a preocupação de trazer e
abordar a perspectiva dos participantes observados.
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É possível afirmar que a pesquisa qualitativa tem caráter exploratório, uma vez que é tida por
aquilo que não se pode mensurar e estimula o entrevistado a refletir e explicitar-se livremente
sobre o assunto exposto. Assim sendo é fundamental que se leve em conta o sujeito em si e suas
peculiaridades considerando a sua relação dinâmica como mundo, tais pormenores inviabilizam
uma quantificação da pesquisa, ou seja, os dados coletados não podem ser traduzidos em números
quantificáveis.
No que diz respeito ao nível de investigação se caracteriza como descritivo que segundo
(Costa, 2006, p.65),” está interessada em descobrir e observar os fenômenos, procurando
descrevê-los, classificá-los e interpretá-los”.
Neste projeto de pesquisa foi utilizado o questionário como instrumento de coleta dos dados a
professores desta unidade de maneira a compreender o que os mesmos têm a respeito da
ludicidade e de sua importância no processo de ensino e aprendizagem. A coleta de dados através
desse tipo de instrumento exige um Chizzotti (1991, p.44) define o questionário como:
Considero que a realização deste trabalho pensado a partir das vivências proporcionadas pela
realização do Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental I, que simbolicamente representa
toda uma trajetória de formação inicial, possibilitou a reflexão sobre importantes aspectos
relacionados ao lúdico nas séries iniciais. Neste sentido, de acordo com Marques (1992, p. 97), o
estágio assume “prevalente caráter de pesquisa, isto é, caráter processual de investigação das
condições do exercício da profissão”.
Ensinar e aprender envolve aspectos que permitem contribuir para a criação de oportunidades de
aprendizagem. Cabe ao professor ser o mediador desse processo e proporcionar aos alunos melhores
possibilidades de ensino e aprendizagem, definindo metas, estratégias e objetivos que poderão ser
elaborados com os educandos, partindo do seu contexto, do seu interesse, para assim enriquecer
ainda mais o processo de ensino aprendizagem. Destaco aqui que os alunos tiveram a curiosidade de
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descobrir, explorar, conhecer, vivenciar bem como experimentar o novo. Buscamos, nesse sentido
durante o estágio, superar a ideia de que todos devem estar ocupados com as mesmas tarefas ao
mesmo tempo e que também existem condições para o avanço significativo do aluno.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O “fazer” é um dos critérios essenciais para orientar as condutas do professor frente às
crianças. Sendo assim, o que realmente importa é criar o maior número de situações que promovam
o desenvolvimento de habilidades variadas com o objetivo de alcançar um maior aprendizado.
As crianças devem sentir-se sempre capazes de exercitar o que foi proposto. O
progresso dos movimentos e das habilidades deve ser de qualidade crescente, superando obstáculos
e aspirando a novos desafios. Esse progresso repercute nos demais movimentos e possibilita a
introdução de outras e mais complexas atividades.
Para tanto, o professor deve compreender a importância das tentativas desenvolvidas
com atividades lúdicas que conduzem ao desenvolvimento do raciocínio. Deve aprender a respeitar
a criança e valorizar cada descoberta que venha a fazer em sua vida escolar. O respeito pelas várias
etapas deste desenvolvimento constitui uma conduta que, uma vez refletida, transcendem quaisquer
que sejam as características do meio imediato. O que realmente interessa é atribuir a cada criança o
papel de sujeito ativo na construção de formas cada vez mais aprimoradas de conhecimento, pois
somente o indivíduo ativo é capaz de atuar frente às pressões sociais, compreendendo-as para
transformá-las. O grande desafio é o repensar a Educação em sua totalidade, enfrentando a
fragmentação do conhecimento.
REFERÊNCIAS
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis, RJ: Vozes,
1993.
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogos, brinquedo, brincadeira e a educação. Org: 3. ed. São Paulo:
Cortez, 1999.
SZYMANSKI, Maria Lídia Sica; PEREIRA JUNIOR, Antonio Alexandre. Orgs: Diagnóstico e
intervenção psicopedagógica: reflexões sobre relatos de experiências. Cascavel: Edunioeste,
206.