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Olá, pessoal!

Fico imensamente feliz por aqueles que fizeram boas provas para esse concurso
da SEGER do Espírito Santo. Fazemos abaixo um balanço das questões de
Macroeconomia da prova de Especialista em Políticas Públicas e Gestão
Governamental e notamos que as assertivas em pauta foram todas comentadas
nos cursos on-line aqui do Ponto de Economia e Finanças Públicas bem como nos
livros Economia para Concursos e, em breve, Finanças Públicas para Concursos.
A exceção ocorre nas assertivas que cobram Regras, discrição e consistência
temporal da política econômica, pois esse tópico não é cobrado pela ESAF,
NCE/UFRJ e FCC nos concursos da Receita Federal, fiscos estaduais e
municipais. De qualquer maneira, comentadas as assertivas sobre o assunto.
Dessa forma, sabemos que ainda temos muito a trilhar nesse caminho que
estamos apenas começando, mas ficam aqui registrados os agradecimentos a
todos que acreditam no nosso trabalho.
A prova elaborada pelo CESPE/UNB foi de alto nível sem maiores possibilidades
de anulações. O CESPE/UNB como sempre mistura questões de assuntos
diferentes, o que torna a questão mais complexa. Acredito que a banca
examinadora mais difícil em termos de análise econômica e encadeamento de
assuntos seja o CESPE/UNB. A única assertiva em Macroeconomia que vejo
possibilidades concretas de anulação se refere à assertiva a seguir. As demais
foram comentadas abaixo.

MACROECONOMIA:
(RECURSO)
Constitui exemplo de política fiscal discricionária a situação em que o Banco
Central reduz as taxas de juros para minimizar os efeitos deletérios de uma crise
externa sobre o crescimento econômico.
A assertiva está incorreta porque uma política é implementada de acordo com
regras quando as autoridades de política econômica anunciam com antecedência
a reação que deverá ser adotada a várias situações econômicas e assumem o
compromisso de que é estabelecido. Já na política discricionária, as autoridades
de política econômica podem agir de acordo com a circunstância e adotar o
procedimento que considerar mais adequado à situação, o que está totalmente de
acordo com a assertiva exposta. O erro da questão está no exemplo de política
fiscal, pois o instrumento adotado foi de elevação de juros (preço do capital)
elemento de política monetária e não de política fiscal.
A política monetária procura estimular ou desestimular as despesas de
investimento e de consumo influenciando as taxas de juros e a disponibilizada de
crédito enquanto a política fiscal funciona diretamente sobre as rendas através do
dispêndio e da tributação.
Referências: Mankiw (páginas 267 a 274)
Lopes e Vasconcellos (páginas 256 a 259)

O efeito multiplicador da política monetária é tanto maior quanto mais elevada for
a sensibilidade da demanda agregada a modificações na taxa de juros.
A assertiva está correta porque uma maior a sensibilidade da demanda agregada
à taxa de juros torna mais efetivo o efeito da política monetária pelo fato de uma
expansão monetária, ao reduzir a taxa de juros e ampliar o nível de investimento,
provocar uma grande expansão na renda (produto). Nesse caso, uma pequena
alteração da taxa de juros é suficiente para expandir a demanda agregada
tornando a política monetária eficaz.
Podemos observar na figura abaixo que no caso de a curva IS ser mais elástica
(mais sensível à taxa de juros), o efeito de uma expansão monetária –
deslocamento da curva LM para a direita – sobre a renda é superior.
r LMo

LM1

IS1

ISo

Aumentos temporários nos gastos públicos, destinados, por exemplo, a atenuar os


efeitos das chuvas no estado do Espírito Santo, quando financiados por meio do
aumento da dívida pública, não alteram a taxa de juros e o nível de preços.
A assertiva está incorreta porque uma política fiscal expansionista financiada à
base de emissão de títulos públicos desloca a curva IS para a direita,
pressionando por uma alta da taxa de juros interna, elevação de preços, salário e
produto. Mas este último reage mais lentamente no curtíssimo prazo a uma
expansão da demanda agregada e um aumento temporário nos gastos resultará
em uma elevação também temporária nos preços e nas taxas de juros. Quanto ao
produto, supomos que o tempo de alteração nos gastos não seria suficiente para
permitir o ajustamento às novas condições de demanda e oferta agregadas,
permanecendo inalterado.
Aumentos na taxa de redesconto elevam o custo de detenção de reservas nos
bancos comerciais junto ao Banco Central e, para um dado coeficiente de
reservas, reduzem os empréstimos e contraem a oferta monetária.
A assertiva está correta porque, para um dado coeficiente de reservas, ou ainda,
para um determinado estoque de base monetária, um aumento da taxa de
redesconto reduz os empréstimos e contraem a oferta monetária, pois a taxa de
juros de redesconto mais alta reduz as possibilidades de giro credíticio. Da mesma
forma, um aumento do recolhimento de compulsório ou operações de venda de
títulos no mercado aberto repercutem da mesma forma na economia.

Os adeptos da visão monetarista e da teoria das expectativas racionais acreditam


que a fixação de regras para a condução da política monetária contribui para
aumentar as instabilidades macroeconômicas.
A assertiva está incorreta porque os adeptos da teoria das expectativas racionais
afirmam que políticas monetárias discricionárias são ineficazes para reduzir a
instabilidade macroeconômica e, a exemplo dos monetaristas, advogam o uso das
regras para reduzir a intervenção do governo na economia. As regras mantêm a
estabilidade da economia.
Cabe repisar que a escola das expectativas racionais, escola dos novos clássicos,
considera que as políticas monetária e fiscal são inoperantes e indesejáveis tanto
no curto quanto no longo prazo. As variáveis reais (produto, renda, emprego) são
insensíveis à atuação das políticas monetária e fiscal. Os agentes econômicos
fazem o uso mais eficientemente possível das informações de que dispõem e
compreendem o modelo econômico que governa a economia.
Programada no âmbito foi Programa de Crescimento Acelerado (PAC), a redução
do imposto dobre produtos industrializados (IPI) incidente sobre perfis de aço,
importante insumo da construção civil e da fabricação de máquinas, desloca a
curva da oferta agregada da economia para cima e para a esquerda.
A assertiva está incorreta porque a redução do IPI sobre a matéria-prima (insumo)
fundamental de toda a cadeia produtiva da construção civil e da fabricação de
máquinas e equipamentos (indústria de bens de capital) é fator determinante para
a maior oferta agregada da economia como um todo. Essa circunstância gera
elementos multiplicadores para trás e para frente de toda a cadeia de produção. A
curva de oferta agregada fica assim deslocada para baixo e para a direita,
sinalizando uma maior disponibilidade do produto e um preço mais baixo.
Da mesma forma, melhoramentos na tecnologia de produção bem como redução
nos preços dos fatores de produção (terra, capital e trabalho) aceleram o ritmo da
oferta agregada da economia.

Caso o governo financie parcialmente os gastos sociais com educação e saúde


recorrendo à emissão monetária como forma de financiamento, a dívida pública
aumentará e o déficit primário se elevará, em razão dos gastos com pagamentos
de juros.
A assertiva está incorreta porque se o governo financiar suas despesas (déficit)
com a emissão monetária, apesar de não haver aumento do volume da dívida, a
quantidade de meios de pagamento aumentará, levando a excesso de oferta de
moeda e, por conseguinte, pressões inflacionárias.
Outro erro da questão está na afirmação de que o déficit primário (gastos não
financeiros – receitas não financeiras) se eleva em razão dos gastos financeiros
(pagamentos de juros).
Atenção: se o governo financiar as despesas com a colocação de títulos públicos,
estará enxugando a economia com a retirada de meios de pagamento do mercado
privado, o que aumenta o volume da dívida pública, mas não provoca excesso de
moeda nem pressões inflacionárias.
Períodos de alta inflação podem conduzir à redução do déficit público não
somente pelo aumento da senhoriagem (seignorage), mas também pela redução
da taxa de juros real, e, consequentemente, dos encargos sobre a dívida pública.
A assertiva está correta porque o efeito Patinkin sinaliza que a espiral inflacionária
reduz o déficit público em razão da queda real nos gastos públicos.
Quando estamos vivenciando uma espiral inflacionária ascendente de forma
exponencial e o setor público adia ao máximo a quitação de seus compromissos
legais como o pagamento dos salários dos servidores públicos bem como aos
fornecedores de bens e serviços, como, por exemplo, por 10 dias, a economia
fiscal é gigantesca, acarretando uma redução real nos gastos públicos
extraordinária. Imaginemos os anos 80 na economia doméstica que passava por
taxas inflacionárias mensais da ordem de dois dígitos como 40%, 50%, 60% ao
mês.
Diversos estudos e análises empíricas de autores renomados na área financista
pública e tributária advogam que o efeito Patinkin supera o efeito Tanzi,
notadamente em período de inflação elevada e acelerada.

Para um dado nível de produção, em termo reais, a arrecadação derivada do


imposto inflacionário varia diretamente com a taxa de inflação e inversamente com
o tamanho da base monetária real.
A assertiva está incorreta porque o governo financiava parte de seu déficit com a
emissão monetária ancorado na suposição de que o valor nominal do produto
cresce e os indivíduos necessitam de mais moda para atenderem à demanda
transacional por moeda.
O valor nominal do PIB pode sofrer incremento através de um crescimento real do
PIB ou via crescimento do nível de preços (inflação).
Quando o crescimento se dá via aumento real do produto, o setor público satisfaz
à demanda por moeda emitindo moeda necessária e suficiente para atender essa
demanda monetária. Não se tem qualquer conotação inflacionária.
Já quando o crescimento ocorre via processo inflacionário, o governo também
emite moeda para atender à demanda por transações dos agentes e essa
emissão monetária “forçada” é conhecida no campo das finanças públicas como
senhoriagem.
A senhoriagem é tida como a receita do governo oriunda do processo inflacionário
de emissão de moeda, da seguinte forma:
%B = M + nM onde:
B = base monetária;
M= demanda por saldos monetários;
n=taxa de inflação.
Temos que a variação da base monetária pode ser provocada pela expansão dos
saldos monetários para a demanda transacional e pelo incremento do quantitativo
de moeda para compensar o processo inflacionário, de sorte a manter constante o
contexto de saldos monetários reais.
O termo nM corresponde ao imposto inflacionário da literatura de economia
emprestada aqui às finanças públicas.
Daí, resultamos em duas hipóteses:
i) se a senhoriagem corresponde apenas ao aumento da base monetária em
função do crescimento real da produção de bens e serviços;
ii) se a senhoriagem corresponde ao imposto inflacionário sem crescimento da
produção de bens e serviços.

Se o financiamento do crescimento rápido dos gastos público no Brasil for limitado


pela dificuldade de se aumentar ainda mais a elevada carga tributária, a expansão
do déficit público daí decorrente reduzirá a poupança doméstica, aumentará as
taxa de juros e apreciará o real, provocando, assim, diminuição do superávit em
transações correntes.
A assertiva está correta porque via modelo IS-LM-BP ou modelo Mundell Fleming,
uma política fiscal expansionista (aumento de gastos públicos, promoção de déficit
público) logicamente reduz a poupança doméstica (arrecadação de impostos
menos compras e despesas governamentais) e incrementa a taxa de juros
doméstica. Esse aumento de juros nacionais frente aqueles observados nos
mercados financeiros internacionais atrai capitais do exterior para a economia
nacional. A grande oferta de moeda estrangeira respaldará o aumento da
demanda por reais, o que apreciará a moeda doméstica (o Real), reduzindo o
saldo em conta corrente ( importações maiores que exportações). Lembre-se
também da relação entre conta capital (I – S) e conta corrente ( NX), ou seja, da
Relação entre o fluxo internacional de recursos para acumulação de capital ( I – S)
e o fluxo internacional de bens e serviços (NX)
A conta de capital representa o excesso de investimento interno em relação à
poupança interna. A conta de capital é igual ao montante de acumulação de
capital interno que é financiado por empréstimos externos. A conta corrente é o
montante líquido de recursos que o país recebe correntemente do exterior em
troca das exportações líquidas de bens e serviços.
Conta de Capital + Conta Corrente = 0
( I – S) + NX =0
Se I – S for positivo e NX negativo, temos um superávit em conta de capital e um
déficit em conta corrente. Neste caso, estamos tomando emprestado nos
mercados financeiros mundiais e estamos importando mais bens do que
exportamos.
Se I – S for negativo e NX positivo, temos déficit em conta de capital e superávit
em conta corrente. Neste caso, estamos emprestando aos mercados financeiros
mundiais e exportando mais bens do que importamos.
Se as nossas poupanças excedem nossos investimentos, a poupança que não é
investida internamente é usada para conceder empréstimos externos. Eles
necessitam desses empréstimos porque estamos lhes fornecendo mais bens e
serviços do que eles nos fornecem, isto é, NX é positivo. Por sua vez, se nossos
investimentos excedem nossas poupanças, o investimento excedente deve ser
financiado pelo estrangeiro. Esses empréstimos externos nos permitem importar
mais bens e serviços do que estamos exportando, isto é, NX é negativo.
A conta-corrente deve compensar a conta de capital, o que significa que a conta-
corrente deve ser igual à diferença entre a poupança e o investimento. A
poupança é determinada pela função consumo e pela política fiscal ao passo que
o investimento, pela função investimento e pela taxa de juros mundial.
Em resumo: um superávit da conta corrente significa que o país está acumulando
ativos líquidos internacionais, ou seja, seus direitos líquidos em relação ao resto
do mundo estão aumentando. Um déficit da conta corrente significa que a nação
está desacumulando ativos líquidos internacionais.
Portanto, a conta corrente também é definida como a variação da posição do
investimento internacional líquido de uma nação.
Quando tal posição for positiva, a nação é um credor líquido do resto do mundo e,
quando for negativa, é um devedor líquido.
Há duas formas de definir a conta corrente:
a) como a diferença entre a renda interna e a absorção;
b) como a soma da conta comercial e da conta de serviços do balanço de
pagamento.

Devido à existência de inconsistências temporais, a adoção de políticas


monetárias discricionárias para combater a inflação pode levar a ineficiências,
porque desloca a curva de Philips para baixo e eleva, assim, o trade-off entre
inflação e desemprego.
A assertiva está incorreta porque uma elevação das expectativas de inflação
desloca a curva de Phillips para cima e para a direita.
Na versão aceleracionista da curva de Phillips, sob a ótica das expectativas
racionais, os agentes corrigem suas expectativas em relação ao valor esperado da
inflação, conforme os erros cometidos no passado. Desse modo, a elevação da
inflação induz os agentes a ampliarem suas expectativas inflacionárias,
deslocando a curva de Phillips para cima e para a direita e forçando a uma
inflação crescente para um dado nível de desemprego.
Uma política monetária discricionária, por seu turno, leva ao BC decidir a política
econômica a ser adotada caso a caso. Dessa forma, em algum momento, o BC
poderá se encontrar numa situação onde estará tentado a se desviar de alguma
meta anunciada anteriormente. Esse incentivo para se desviar da política
monetária após os agentes terem tomado suas decisões com base no anúncio já
feito é conhecido como inconsistência temporal.
Portanto, caso o BC anuncie uma meta de inflação e não a cumpra, perseguindo
uma inflação mais alta do que a anunciada e, com isso, obtendo um desemprego
mais baixo, os agentes passarão a desconfiar da política econômica e qualquer
anúncio de política econômica de controle inflacionário do BC não terá efeito
algum, haja vista que as expectativas por parte dos agentes irem em sentido
contrário.
A inconsistência dinâmica ou inconsistência temporal implica que os responsáveis
pela política econômica sejam tentados a tomar medidas de curto prazo, que são
incompatíveis com os interesses da economia no longo prazo.
A chave para compreender a inconsistência temporal consiste no fato de que
existe um trade off entre inflação e desemprego no curto prazo, dado pela Curva
de Phillips de curto prazo, mas que não há qualquer relação de longo prazo desse
tipo devido ao ajustamento das expectativas.

Sobre Microeconomia, aos poucos, comentarei também as opções. Mas como


estou com tempo realmente escasso, em um breve passar de olhos sobre as
questões, informo que não vejo possibilidades de recursos a não ser em relação à
assertiva que diz que a fauna e a flora são bens públicos puros. Sugiro que
atentem para a questão dos bens públicos puros (não rivalidade e não
exclusividade) e pensem sobre a questão da pesca, da caça e do bem água para
se basearem em um recurso. A não exclusividade está mantida, mas a não
rivalidade está de certa forma comprometida em razão das questões de recursos
naturais esgotáveis e da problemática de desmatamento, por exemplo. Reproduzo
aqui o assunto retirado do curso on-line do ponto:
2.1.1 BENS PÚBLICOS
Os bens públicos são aqueles cujo consumo/uso é indivisível ou não rival. Em
outras palavras, o seu consumo por parte de um indivíduo ou de um grupo social
não prejudica o consumo do mesmo bem pelos demais integrantes da sociedade.
Ou seja, todos se beneficiam da produção de bens públicos mesmo que,
eventualmente, alguns mais do que outros. O benefício marginal de um bem
público é a soma de seus benefícios para todos. A curva de demanda social é a
soma vertical das curvas de demanda individuais.
Outra característica importante é o princípio da não exclusão no consumo desses
bens. De fato, em geral, é difícil ou mesmo impossível impedir que um
determinado indivíduo usufrua de um bem público. O fato de não se poder
individualizar o consumo permite que algumas pessoas – os “caronas” possam
agir de má fé, alegando que não querem ou não precisam ter acesso ao consumo
e desta forma, negando-se a pagar por ele, ainda que acabem usufruindo do
benefício do bem público.
Bens públicos são aqueles oferecidos somente pelo Estado, de consumo coletivo
e indivisível. São custeados pelos tributos, são não rivais e não exclusivos.
O Princípio da Exclusão roga que o consumo do agente A de determinado bem
implica que ele tenha pago o preço do bem e o agente B, que não pagou pelo
citado bem, será excluído do consumo do mesmo ( quem não paga não consome).
Os bens públicos não são fornecidos da maneira ideal pelo mercado livre quando
o custo de exclusão é alto. Custo de exclusão é o custo de excluir um potencial
consumidor de um bem ou de aproveitar os benefícios desse bem.
Quando o custo de exclusão é alto, há o problema do oportunista (free rider) que
usufrui dos benefícios do bem público sem pagar por ele.
Um exemplo de um bem público cujo custo de exclusão é baixo é um concerto. Os
oportunistas são facilmente excluídos permitindo-se que apenas os que compram
ingressos assistam ao concerto. Por outro lado, é impossível excluir qualquer
cidadão da defesa nacional. Portanto, todas as nações pagam pela defesa
nacional com impostos.
É justamente o princípio da “ não exclusão” no consumo dos bens públicos que
torna a solução de mercado, em geral, ineficiente para garantir a produção da
quantidade adequada de bens públicos requerida pela sociedade. É o caso da
segurança nacional, do corpo de bombeiros e da polícia.
Já o Princípio da Rivalidade apregoa que um bem é rival quando o consumo
realizado por um agente diminui automaticamente o consumo por outros agentes.
O consumo é não rival quando o consumo por um agente não diminui o montante
a ser demandado pelos demais indivíduos. O serviço de metereologia é um caso
clássico de consumo não rival.
No caso de bens rivais, o mecanismo de exclusão é dado pelo sistema de preços
através da seleção fina dos agentes que consumirão o bem.
Um caso particular são os bens semipúblicos ou meritórios, que satisfazem ao
princípio da exclusão, mas são produzidos pelo Estado. Exemplificando, temos os
serviços de saneamento, saúde e educação.
Veja o sistema público de saúde, gente morrendo nas portas dos hospitais,
descaso das autoridades instituídas, escassez de remédios, de materiais, de
pessoal. Isso está muito patente em função da questão da prorrogação da CPMF,
tributo que nasceu para financiar os gastos com o sistema público de saúde. Mas
tenha em mente também que os serviços públicos em geral são notoriamente
deficientes, o IPTU não garante bom asfalto nas ruas, o IPVA não resolve os
problemas de trânsito. A educação segue o mesmo vergonhoso caminho....
Dessa forma, os bens acabam se tornando semipúblicos porque podem ser
oferecidos pelo Estado e pela iniciativa privada, já que o quantitativo de gastos
públicos nessas áreas não é suficiente para bancar uma qualidade razoável de
serviços.
(VUNESP/CMSP-2007) A avenida Marginal do Rio Tietê, em São Paulo, no
horário de pico é um bem
a) não rival e não excludente.
b) não rival e excludente.
c) rival e não excludente.
d) rival e excludente.
e) poderá ser rival e excludente dependendo de como for financiado.
Gabarito: “ C “
Comentários:
O Princípio da Rivalidade apregoa que um bem é rival quando o consumo
realizado por um agente diminui o montante consumido por outros agentes. Dessa
forma, a não rivalidade do consumo roga que o consumo por um agente não
diminui o montante a ser demandado pelos demais indivíduos. Ora, me parece
bastante óbvio e claro que a Av. Marginal do Tietê (bem público), com a
peculiaridade do contexto de horário de pico, a torna, momentaneamente, bem
rival, pois não há como dois automóveis ocuparem o mesmo espaço na via.
Preparem-se para longos congestionamentos e impossibilidades de utilização da
via naquele horário específico, em que as pessoas retornam do trabalho para as
residências.
Já o princípio da exclusão roga que o consumo da avenida implica que o agente A
tenha pago pela utilização ao passo que o agente B se furtou ao pagamento da
utilização e, portanto, não irá utilizar a avenida. Já a não exclusão ( como é o casa
da avenida Tietê ou de qualquer outra que não tenha padágio) sinaliza que quem
não paga também consome, pois não há como um automóvel ser excluído da
utilização da avenida.
Então, bastante atenção, pois a avenida Tietê, no final da noite, por exemplo, até o
início da manhã, é não rival e não excludente. Todavia, a característica singular da
questão (avenida Tietê em horário de pico) provocou a rivalidade do consumo,
mas manteve a não exclusão.
A assertiva “C” está correta.

Gostaria também de lembrar que os temas Teoria do Bem-Estar e equilíbrio geral


também não são muito cobrados pelas bancas examinadoras e não foram
cobrados pelo edital do ICMS-RJ. Logo, esqueçam as assertivas sobre o tema que
serão comentadas em aparições posteriores.
Peço ao pessoal que está se preparando para os cargos de Agente e Escrivão da
Polícia Federal, bastante atenção às questões aqui desenvolvidas pelo Cespe, já
que a banca é a mesma e a matéria de Economia do edital muito próxima.
Abraço a todos!
Marlos

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