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Sumário
1 Preâmbulo 5
3 Combate à Pobreza 19
9 Proteção da Atmosfera 91
23 Preâmbulo 297
Capítulo 1
PREÂMBULO
capacidades e prioridades dos países e regiões e com plena observância de todos os princípios
contidos na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Com o correr do tempo
e a alteração de necessidades e circunstâncias, é possível que a Agenda 21 venha a evoluir. Esse
processo assinala o início de uma nova associação mundial em prol do desenvolvimento
sustentável.
Agenda 21 - Global 7
Capítulo 2
Introdução
2.1. Para fazer frente aos desafios dos meio ambiente e do desenvolvimento, os Estados
decidiram estabelecer uma nova parceria mundial. Essa parceria compromete todos os Estados a
estabelecer um diálogo permanente e construtivo, inspirado na necessidade de atingir uma
economia em nível mundial mais eficiente e eqüitativa, sem perder de vista a interdependência
crescente da comunidade das nações e o fato de que o desenvolvimento sustentável deve tornar-
se um item prioritário na agenda da comunidade internacional. Reconhece-se que, para que essa
nova parceria tenha êxito, é importante superar os confrontos e promover um clima de
cooperação e solidariedade genuínos. É igualmente importante fortalecer as políticas nacionais e
internacionais, bem como a cooperação multinacional, para acomodar-se às novas circunstâncias.
2.2. Tanto as políticas econômicas dos países individuais como as relações econômicas
internacionais têm grande relevância para o desenvolvimento sustentável. A reativação e a
aceleração do desenvolvimento exigem um ambiente econômico e internacional ao mesmo tempo
dinâmico e propício, juntamente com políticas firmes no plano nacional. A ausência de qualquer
dessas exigências determinará o fracasso do desenvolvimento sustentável. A existência de um
ambiente econômico externo propício é fundamental. O processo de desenvolvimento não
adquirirá impulso caso a economia mundial careça de dinamismo e estabilidade e esteja cercada
de incertezas. Tampouco haverá impulso com os países em desenvolvimento sobrecarregados
pelo endividamento externo, com financiamento insuficiente para o desenvolvimento, com
obstáculos a restringir o acesso aos mercados e com a permanência dos preços dos produtos
básicos e dos prazos comerciais dos países em desenvolvimento em depressão. A década de 1980
registrou números essencialmente negativos para todos esses tópicos, fato que é preciso inverter.
As políticas e medidas necessárias para criar um ambiente internacional marcadamente propício
aos esforços de desenvolvimento nacional são, conseqüentemente, vitais. A cooperação
internacional nessa área deve ser concebida para complementar e apoiar -- e não para diminuir ou
subordinar -- políticas econômicas internas saudáveis, tanto nos países desenvolvidos como nos
países em desenvolvimento, para que possa haver um avanço mundial no sentido do
desenvolvimento sustentável.
2.3. Cabe à economia internacional oferecer um clima internacional propício à realização
das metas relativas a meio ambiente e desenvolvimento, das seguintes maneiras:
(a) Promoção do desenvolvimento sustentável por meio da liberalização do
comércio;
(b) Estabelecimento de um apoio recíproco entre comércio e meio ambiente;
(c) Oferta de recursos financeiros suficientes aos países em desenvolvimento e
iniciativas concretas diante do problema da dívida internacional;
(d) Estímulo a políticas macroeconômicas favoráveis ao meio ambiente e ao
desenvolvimento.
Agenda 21 - Global 8
Áreas de programas
importante. Nos últimos anos o comércio mundial continuou crescendo mais depressa que a
produção mundial. Não obstante, a expansão do comércio mundial ocorreu de forma muito
desigual; apenas um número limitado de países em desenvolvimento teve condições de atingir
um crescimento apreciável em suas exportações. Pressões protecionistas e ações políticas
unilaterais continuam ameaçando o funcionamento de um sistema comercial multilateral aberto, o
que afeta, em especial, os interesses dos países em desenvolvimento na área da exportação.
Nestes últimos anos intensificaram-se os processos de integração econômica; é previsível que
eles venham a conferir dinamismo ao comércio mundial e intensificar as possibilidades de
progresso e comércio dos países em desenvolvimento. Nos últimos anos muitos outros países em
desenvolvimento adotaram reformas políticas corajosas que envolviam uma ambiciosa
liberalização unilateral de seu comércio, ao passo que os países da Europa central e do leste
realizam reformas de amplo alcance e profundos processos de reestruturação, que hão de abrir
caminho para sua integração à economia mundial e ao sistema comercial internacional. Atenção
crescente vem sendo dedicada ao fortalecimento do papel das empresas e à promoção de
mercados competitivos por meio da adoção de políticas competitivas. O SGP mostrou-se um
instrumento útil na política de comércio exterior -- embora seus objetivos ainda não tenham sido
atingidos; ao mesmo tempo, as estratégias de facilitação do comércio relacionadas ao intercâmbio
eletrônico de dados (IED) contribuíram eficazmente para melhorar a eficiência comercial dos
setores público e privado. As interações entre as políticas ambientais e as questões comerciais são
inúmeras e ainda não foram totalmente avaliadas. Caso se consiga concluir rapidamente a Rodada
Uruguai de negociações comerciais e multilaterais com resultados equilibrados, abrangentes e
positivos, será possível liberalizar e expandir ainda mais o comércio mundial, reforçar o comércio
e as possibilidades de desenvolvimento dos países em desenvolvimento e oferecer maior
segurança e previsibilidade ao sistema comercial internacional.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
as capacitações nacionais para a elaboração e aplicação de uma política para os produtos básicos,
o uso e o manejo dos recursos nacionais e a utilização de informação sobre os mercados de
produtos básicos.
2.19. As políticas sobre meio ambiente e as políticas sobre comércio devem reforçar-se
reciprocamente. Um sistema comercial aberto e multilateral possibilita maior eficiência na
alocação e uso dos recursos, contribuindo assim para o aumento da produção e dos lucros e para a
diminuição das pressões sobre o meio ambiente. Dessa forma, proporciona recursos adicionais
necessários para o crescimento econômico e o desenvolvimento e para uma melhor proteção
ambiental. Um meio ambiente saudável, por outro lado, proporciona os recursos ecológicos e de
outros tipos necessários à manutenção do crescimento e ao apoio à expansão constante do
comércio. Um sistema comercial aberto, multilateral, que se apóie na adoção de políticas
ambientais saudáveis, teria um impacto positivo sobre o meio ambiente, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável.
2.20. A cooperação internacional na área do meio ambiente está crescendo; em diversos
casos, verificou-se que as disposições sobre comércio dos acordos multilaterais sobre o meio
ambiente desempenharam um papel nos esforços para fazer frente aos problemas ambientais
mundiais. Conseqüentemente, sempre que considerado necessário, aplicaram-se medidas
comerciais em determinadas instâncias específicas para aumentar a eficácia da regulamentação
ambiental destinada à proteção do meio ambiente. Essa regulamentação deve estar voltada para
as causas básicas da degradação ambiental, de modo a evitar a imposição de restrições
injustificadas ao comércio. O desafio consiste em assegurar que as políticas comerciais e as
políticas sobre o meio ambiente sejam compatíveis, reforçando, ao mesmo tempo, o processo de
desenvolvimento sustentável. Não obstante, será preciso levar em conta o fato de que os
parâmetros ambientais válidos para os países desenvolvidos podem significar custos sociais e
econômicos inaceitáveis para os países em desenvolvimento.
Objetivos
2.21. Os Governos devem esforçar-se para atingir os seguintes objetivos, por meio de
foros multilaterais pertinentes, como o GATT, a UNCTAD e outras organizações internacionais:
(a) Fazer com que as políticas de comércio internacional e as políticas sobre meio
ambiente passem a reforçar-se reciprocamente, favorecendo o desenvolvimento sustentável;
(b) Esclarecer o papel do GATT, da UNCTAD e de outras organizações
internacionais no que diz respeito às questões relacionadas a comércio e meio ambiente,
inclusive, quando pertinente, procedimentos de conciliação e ajuste de disputas;
(c) Estimular a produtividade e a competitividade internacionais e estimular um
papel construtivo por parte da indústria ao lidar com questões relativas a meio ambiente e
desenvolvimento.
Atividades
institucional adequado ao atendimento das novas necessidades de proteção do meio ambiente que
possam decorrer de alterações no sistema de produção e da especialização comercial.
Objetivo
combinação de políticas saudáveis de ajuste à redução da dívida contraída junto aos bancos
comerciais, ou medidas equivalentes. A comunidade internacional estimula:
(a) Outros países com dívidas onerosas junto a bancos a negociar com seus
credores medidas análogas de redução de sua dívida junto aos bancos comerciais;
(b) As partes envolvidas nessa negociação a não deixarem de atribuir a devida
importância à redução da dívida a médio prazo e às novas exigências de recursos do país
devedor;
(c) As instituições multilaterais ativamente envolvidas na nova estratégia
internacional da dívida a manter seu apoio aos conjuntos de medidas de redução da dívida
relacionados a dívidas contraídas junto a bancos comerciais, com vistas a garantir que a
magnitude de tais financiamentos esteja de acordo com o desdobramento da estratégia da dívida;
(d) Os bancos credores a participar da redução da dívida e dos juros da dívida;
(e) Políticas reforçadas destinadas a atrair o investimento direto, a evitar níveis
insustentáveis de endividamento e a promover a volta do capital de giro.
2.28. Com relação à dívida contraída junto aos credores oficiais bilaterais, são bem-vindas
as medidas recentemente adotadas pelo Clube de Paris, relativamente a condições mais generosas
de desafogo para com os países mais pobres e mais endividados. São bem-vindos, igualmente, os
esforços atualmente envidados para implementar essas medidas, advindas das "condições de
Trinidad", de modo compatível com a possibilidade de pagamento desses países e de forma a dar
apoio adicional a seus esforços de reforma econômica. É especialmente bem-vinda, ademais, a
redução substancial da dívida bilateral, empreendida por alguns países credores; outros países que
tenham condições de fazer o mesmo são estimulados a adotar ação similar.
2.29. São dignas de elogios as ações dos países de baixa renda com encargos substanciais
da dívida que continuam, com grande dificuldade, a pagar os juros de suas dívidas e a
salvaguardar sua credibilidade enquanto devedores. Atenção especial deve ser dedicada a suas
necessidades de recursos. Outros países em desenvolvimento afligidos pela dívida e que envidam
grandes esforços para não deixar de pagar os juros de suas dívidas e honrar suas obrigações
financeiras externas também merecem a devida atenção.
2.30. Em relação à dívida multilateral, insiste-se que deve ser dedicada séria atenção à
continuidade do trabalho em prol de soluções voltadas para o crescimento no que diz respeito aos
problemas dos países em desenvolvimento com graves dificuldades para o pagamento dos juros
da dívida, inclusive aqueles cuja dívida foi contraída basicamente junto a credores oficiais ou
instituições financeiras multilaterais. Particularmente no caso de países de baixa renda em
processo de reforma econômica, são bem-vindos o apoio das instituições financeiras multilaterais
sob a forma de novos desembolsos, bem como o uso de seus fundos em condições favoráveis.
Devem-se continuar utilizando grupos de apoio na provisão de recursos para saldar os atrasos no
pagamento de países que venham encetando vigorosos programas de reforma econômica
apoiados pelo FMI e pelo Banco Mundial. As medidas adotadas pelas instituições financeiras
multilaterais, como o refinanciamento dos juros sobre os empréstimos cedidos em condições
comerciais com reembolsos à AID -- a chamada "quinta dimensão" --, são muito bem-vindos.
Meios de implementação
Objetivo
2.34. É necessário estabelecer, à luz das condições específicas de cada país, reformas das
políticas econômicas que promovam o planejamento e a utilização eficientes dos recursos para o
desenvolvimento sustentável por meio de políticas econômicas e sociais saudáveis; que
fomentem a atividade empresarial e a incorporação dos custos sociais e ambientais à
determinação do preço dos recursos; e que eliminem as fontes de distorção na esfera do comércio
e dos investimentos.
Atividades
especialmente no que diz respeito a estabilidade monetária, taxas reais de interesse e flutuação
das taxas de câmbio fundamentais;
(b) Estimular a poupança e reduzir os déficits fiscais;
(c) Assegurar que nos processos de coordenação de políticas sejam levados em
conta os interesses e preocupações dos países em desenvolvimento, inclusive a necessidade de
promover medidas positivas para apoiar os esforços dos países de menor desenvolvimento
relativo para pôr fim a sua marginalização na economia mundial;
(d) Dar início a políticas nacionais macroeconômicas e estruturais adequadas à
promoção de um crescimento não inflacionário, reduzir seus principais desequilíbrios externos e
aumentar a capacidade de ajuste de suas economias.
2.36. Os países em desenvolvimento devem considerar a possibilidade de intensificar seus
esforços para implementar políticas econômicas saudáveis, com o objetivo de:
(a) Manter a disciplina monetária e fiscal necessária à promoção da estabilidade
dos preços e do equilíbrio externo;
(b) Garantir taxas de câmbio realistas;
(c) Aumentar a poupança e o investimento internos e ao mesmo tempo melhorar a
rentabilidade dos investimentos.
2.37. Mais especificamente, todos os países devem desenvolver políticas que aumentem a
eficiência na alocação de recursos e aproveitem plenamente as oportunidades oferecidas pelas
mudanças no ambiente econômico mundial. Em especial, sempre que adequado e levando em
conta as estratégias e objetivos nacionais, os países devem:
(a) Eliminar as barreiras ao progresso decorrentes de ineficiências burocráticas, os
freios administrativos, os controles desnecessários e o descuido das condições de mercado;
(b) Promover a transparência na administração e na tomada de decisões;
(c) Estimular o setor privado e fomentar a atividade empresarial eliminando os
obstáculos institucionais à criação de empresas e à entrada no mercado. O objetivo essencial seria
simplificar ou eliminar as restrições, regulamentações e formalidades que tornam mais
complicado, oneroso e lento criar empresas e colocá-las em funcionamento em vários países em
desenvolvimento;
(d) Promover e apoiar os investimentos e a infra-estrutura necessários ao
crescimento econômico e à diversificação sustentáveis sobre uma base ambientalmente saudável
e sustentável;
(e) Abrir espaço para a atuação de instrumentos econômicos adequados, inclusive
mecanismos de mercado, em conformidade com os objetivos do desenvolvimento sustentável e
da satisfação das necessidades básicas;
(f) Promover o funcionamento de sistemas fiscais e setores financeiros eficazes;
(g) Criar oportunidades para que as empresas de pequeno porte, tanto agrícolas
como de outros tipos, bem como os populações indígenas e as comunidades locais, possam
contribuir plenamente para a conquista do desenvolvimento sustentável;
(h) Eliminar as atitudes contrárias às exportações e favoráveis à substituição
ineficiente de importações e estabelecer políticas que permitam um pleno aproveitamento dos
fluxos de investimento externo, no quadro dos objetivos nacionais sociais, econômicos e do
desenvolvimento;
(i) Promover a criação de um ambiente econômico interno favorável a um
equilíbrio ótimo entre a produção para o mercado interno e a produção para a exportação.
(b) Cooperação e coordenação internacionais e regionais
2.38. Os Governos dos países desenvolvidos e os Governos de outros países em condições
Agenda 21 - Global 18
de fazê-lo, diretamente ou por meio das organizações internacionais e regionais adequadas e das
instituições financeiras internacionais, devem aumentar seus esforços para oferecer aos países em
desenvolvimento uma maior assistência técnica no seguinte:
(a) Fortalecimento institucional e técnica no que diz respeito a elaboração e
implementação de políticas econômicas, quando solicitado;
(b) Elaboração e operação de sistemas fiscais, sistemas contábeis e setores
financeiros eficientes;
(c) Promoção da atividade empresarial.
2.39.As instituições financeiras e de desenvolvimento internacionais devem analisar mais
detidamente seus programas e políticas, à luz do objetivo do desenvolvimento sustentável.
2.40. Há muito aceitou-se uma cooperação econômica mais intensa entre os países em
desenvolvimento, considerando-se ser esse um fator importante nos esforços voltados para a
promoção do crescimento econômico e das capacidades tecnológicas, bem como para a
aceleração do desenvolvimento no mundo em desenvolvimento. Em decorrência, a comunidade
internacional deve reforçar e continuar apoiando os esforços dos países em desenvolvimento para
promover, entre si, a cooperação econômica.
Meios de implementação
Fortalecimento institucional
Capítulo 3
COMBATE À POBREZA
Área de Programas
Objetivos
3.4. O objetivo a longo prazo -- de capacitar todas as pessoas a atingir meios sustentáveis
de subsistência -- deve ser um fator de integração que permita às políticas abordar
simultaneamente questões de desenvolvimento, de manejo sustentável dos recursos e de
erradicação da pobreza. Os objetivos dessa área de programas são:
(a) Oferecer urgentemente a todas as pessoas a oportunidade de ganhar a vida de
forma sustentável;
Agenda 21 - Global 20
Atividades
3.5. As atividades que irão contribuir para a promoção integrada de meios de subsistência
sustentáveis e para a proteção do meio ambiente incluem diversas intervenções setoriais que
envolvem uma série de atores -- de locais a globais -- e que são essenciais em todos os planos,
especialmente no nível da comunidade e no nível local. Nos planos nacional e internacional serão
necessárias ações habilitadoras que levem plenamente em conta as situações regionais e sub-
regionais, pois elas irão apoiar uma abordagens em nível local, adaptada às especificidades de
cada país. Vistos de modo abrangente, os programas devem:
(a) Centrar-se na atribuição de poder aos grupos locais e comunitários por meio do
princípio da delegação de autoridade, prestação de contas e alocação de recursos ao plano mais
adequado, garantindo assim que o programa venha a estar adaptado às especificidades
geográficas e ecológicas;
(b) Conter medidas imediatas que capacitem esses grupos a mitigar a pobreza e a
desenvolver sustentabilidade;
(c) Conter uma estratégia de longo-prazo voltada para o estabelecimento das
melhores condições possíveis para um desenvolvimento sustentável local, regional e nacional que
elimine a pobreza e reduza as desigualdades entre os diversos grupos populacionais. Essa
estratégia deve assistir aos grupos que estejam em posição mais desvantajosa -- particularmente,
no interior desses grupos, mulheres, crianças e jovens -- e aos refugiados. Tais grupos devem
incluir os pequenos proprietários pobres, os pastores, os artesãos, as comunidades de pescadores,
os sem-terra, as comunidades autóctones, os migrantes e o setor informal urbano.
3.6. O essencial é adotar medidas destinadas especificamente a abranger diversos setores,
especialmente nas áreas do ensino básico, do atendimento primário da saúde, do atendimento às
mães e do progresso da mulher.
(a) Delegação de poder às comunidades
3.7. O desenvolvimento sustentável deve ser atingido em todos os níveis da sociedade. As
organizações populares, os grupos de mulheres e as organizações não-governamentais são fontes
importantes de inovação e ação no plano local e têm marcado interesse, bem como capacidade
comprovada, de promover a subsistência sustentável. Os Governos, em cooperação com as
organizações internacionais e não-governamentais adequadas, devem apoiar uma abordagem da
sustentabilidade conduzida pela comunidade, que inclua, inter alia:
(a) Dar autoridade às mulheres por meio de sua participação plena na tomada de
decisões;
(b) Respeitar a integridade cultural e os direitos dos indígenas e de suas
Agenda 21 - Global 21
comunidades;
(c) Promover ou estabelecer mecanismos populares que possibilitem a troca de
experiência e conhecimento entre as comunidades;
(d) Dar às comunidades ampla medida de participação no manejo sustentável e na
proteção dos recursos naturais locais, para com isso fortalecer sua capacidade produtiva;
(e) Estabelecer uma rede de centros de ensino baseados na comunidade com o
objetivo de promover o fortalecimento institucional e técnico e o desenvolvimento sustentável.
(b) Atividades relacionadas a Governos
3.8. Os Governos, com o auxílio e a cooperação das organizações internacionais, não-
governamentais e comunitárias locais adequadas, devem estabelecer medidas que, direta ou
indiretamente:
(a) Gerem oportunidades de emprego remunerado e de trabalho produtivo
compatíveis com os elementos específicos de cada país, em escala suficiente para absorver os
possíveis aumentos da força de trabalho e cobrir a demanda acumulada;
(b) Com apoio internacional, quando necessário, desenvolvam uma infraestrutura
adequada, sistemas de comercialização, de tecnologia, de crédito e similares, juntamente com os
recursos humanos necessários para apoiar as ações enumeradas acima, e oferecer maior número
de opções às pessoas com recursos escassos. Deve ser atribuída alta prioridade ao ensino básico e
ao treinamento profissional;
(c) Provenham aumentos substanciais à produtividade dos recursos
economicamente rentáveis, e adotem medidas que favoreçam o beneficiamento adequado das
populações locais no uso dos recursos;
(d) Confiram condições às organizações comunitárias e à população em geral de
atingir meios sustentáveis de subsistência;
(e) Criem um sistema eficaz de atendimento primário da saúde e de atendimento
das mães, acessível para todos;
(f) Considerem a possibilidade de fortalecer ou criar estruturas jurídicas para o
manejo da terra e o acesso aos recursos terrestres e à propriedade da terra -- particularmente no
que diz respeito à mulher -- e para a proteção dos rendeiros;
(g) Reabilitem, na medida do possível, os recursos degradados, introduzindo
medidas políticas que promovam o uso sustentável dos recursos necessários à satisfação das
necessidades humanas básicas;
(h) Estabeleçam novos mecanismos baseados na comunidade e fortaleçam
mecanismos já existentes a fim de possibilitar o acesso permanente das comunidades aos recursos
necessários para que os pobres superem sua pobreza;
(i) Implementem mecanismos de participação popular --particularmente de
pessoas pobres, especialmente de mulheres -- nos grupos comunitários locais, com o objetivo de
promover o desenvolvimento sustentável;
(j) Implementem, em caráter de urgência, de acordo com as condições e os
sistemas jurídicos específicos de cada país, medidas que garantam a mulheres e homens o mesmo
direito de decidir livre e responsavelmente o número de filhos que querem ter e o espaçamento
entre eles, e tenham acesso à informação, à educação e aos meios pertinentes que lhes
possibilitem exercer esse direito em conformidade com sua liberdade, dignidade e valores
pessoais, levando em conta fatores éticos e culturais. Os Governos devem tomar medidas
concretas a fim de implementar programas para o estabelecimento e fortalecimento dos serviços
preventivos e curativos na área da saúde, que incluam um atendimento seguro e eficaz da saúde
reprodutiva centrado na mulher, gerenciado por mulheres, e serviços acessíveis, baratos,
Agenda 21 - Global 22
Meios de implementação
Capítulo 4
Áreas de programas
Objetivos
4.7. É preciso adotar medidas que atendam aos seguintes objetivos amplos:
(a) Promover padrões de consumo e produção que reduzam as pressões ambientais
e atendam às necessidades básicas da humanidade;
(b) Desenvolver uma melhor compreensão do papel do consumo e da forma de se
implementar padrões de consumo mais sustentáveis.
Atividades
Atividades
Meios de implementação
4.27. Este programa ocupa-se antes de mais nada das mudanças nos padrões
insustentáveis de consumo e produção e dos valores que estimulam padrões de consumo e estilos
de vida sustentáveis. Requer os esforços conjuntos de Governos, consumidores e produtores.
Especial atenção deve ser dedicada ao papel significativo desempenhado pelas mulheres e
famílias enquanto consumidores, bem como aos impactos potenciais de seu poder aquisitivo
combinado sobre a economia.
Agenda 21 - Global 29
Capítulo 5
Áreas de programas
Objetivos
Agenda 21 - Global 30
5.5. Os seguintes objetivos devem ser atingidos tão depressa quanto for praticável:
(a) Incoporação de tendências e fatores demográficos à análise mundial das
questões relativas a meio ambiente e desenvolvimento;
(b) Desenvolvimento de uma melhor compreensão dos vínculos entre dinâmica
demográfica, tecnologia, comportamento cultural, recursos naturais e sistemas de sustento da
vida;
(c) Avaliação da vulnerabilidade humana em áreas ecologicamente sensíveis e
centros populacionais, para determinar as prioridades para a ação em todos os níveis, levando
plenamente em conta as necessidades definidas pela comunidade.
Atividades
Meios de implementação
apontem para o alcance dos possíveis resultados das atuais atividades humanas, sobretudo o
impacto inter-relacionado das tendências e fatores demográficos, da utilização per capita dos
recursos e da distribuição da riqueza, bem como das principais correntes migratórias previsíveis
diante de acontecimentos climáticos cada vez mais freqüentes e de mudanças do meio ambiente
cumulativas que talvez venham a destruir os meios locais de subsistência.
(c) Desenvolvimento da informação e da atenção do público
5.10. Devem ser desenvolvidas informações sócio-demográficas em formato apropriado
para o estabelecimento de interfaces com dados físicos, biológicos e sócio-econômicos. Convém
ainda desenvolver escalas espaciais e temporais compatíveis, informações geográficas e
cronológicas e indicadores comportamentais globais, mediante a coleta de informações acerca
das percepções e comportamentos das comunidades locais.
5.11. O público deve ser mais sensibilizado, em todos os níveis, quanto à necessidade de
otimizar o uso sustentável dos recursos por meio de um manejo eficiente desses recursos, sempre
levando em conta as necessidades de desenvolvimento das populações dos países em
desenvolvimento.
5.12. O público deve ser melhor informado sobre os vínculos fundamentais existentes
entre melhorar a condição da
mulher e a dinâmica demográfica, especialmente por meio do acesso da mulher à educação e a
programas de atendimento básico de saúde e de atendimento médico da reprodução, à
independência econômica e à participação efetiva e eqüitativa em todos os níveis do processo de
tomada de decisões.
5.13. Os resultados das pesquisas voltadas para questões relativas a desenvolvimento
sustentável devem ser disseminadas por meio de relatos técnicos, publicações científicas,
imprensa, cursos práticos, congressos e outros meios, a fim de que as informações possam ser
utilizadas pelas pessoas em posição de tomar decisões em todos os níveis e aumentar o
conhecimento do público a respeito.
(d) Desenvolvimento e/ou intensificação do fortalecimento e da colaboração institucional
5.14. Deve haver maior colaboração e troca de informações entre as instituições de
pesquisa e as agências internacionais, regionais e nacionais, bem como com todos os demais
setores (inclusive o setor privado, as comunidades locais, as organizações não-governamentais e
as instituições científicas), tanto dos países industrializados como dos países em
desenvolvimento, conforme as necessidades.
5.15. Devem ser intensificados os esforços para aumentar a capacidade dos Governos
nacionais e locais, do setor privado e das organizações não-governamentais dos países em
desenvolvimento, para atender à necessidade crescente de um gerenciamento mais aperfeiçoado
das áreas urbanas em rápido crescimento.
Objetivo
5.17. Deve ter prosseguimento a total incorporação das preocupações com o controle
demográfico aos processos de planejamento, formulação de políticas e tomadas de decisão no
plano nacional. Deve ser considerada a possibilidade de se adotarem políticas e programas de
controle demográfico que reconheçam plenamente os direitos da mulher.
Atividades
5.18. Os Governos e outros atores pertinentes podem, inter alia, empreender as seguintes
atividades, com apoio adequado por parte das agências de auxílio, e apresentar relatórios sobre o
andamento de sua implementação à Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento a ser celebrada em 1994, em especial para seu comitê de população e meio
ambiente:
(a) Avaliação das implicações de tendências e fatores demográficos nacionais
5.19. As relações entre as tendências e os fatores demográficos e a mudança do meio
ambiente e entre a deterioração do meio ambiente e os componentes da alteração demográfica
devem ser analisadas.
5.20. Devem ser desenvolvidas pesquisas sobre a maneira como fatores ambientais e
fatores sócio-econômicos interagem, provocando migrações.
5.21. Os grupos populacionais vulneráveis (por exemplo trabalhadores rurais sem terra,
minorias étnicas, refugiados, migrantes, pessoas deslocadas, mulheres chefes de família) cujas
alterações na estrutura demográfica possam resultar em impactos específicos sobre o
desenvolvimento sustentável devem ser identificados.
5.22. Deve ser feita uma avaliação das implicações da estrutura etária da população sobre
a demanda de recursos e os encargos de dependência, incluindo desde o custo da educação para
os jovens até o atendimento sanitário e o auxílio para os idosos, e sobre a geração de rendimentos
no âmbito da família.
5.23. Também deve ser feita uma avaliação do contingente populacional compatível, por
país, com a satisfação das necessidades humanas e do desenvolvimento sustentável, com especial
atenção dedicada a recursos críticos, como a água e a terra, e a fatores ambientais, como saúde do
Agenda 21 - Global 33
Meios de implementação
estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos reais e os
termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das estratégias e
programas específicos que os Governos decidam adotar para a implementação.
(b) Maior consciência a respeito das interações entre demografia e desenvolvimento
sustentável
5.37. Deve haver uma maior compreensão, em todos os segmentos da sociedade, das
interações entre tendências e fatores demográficos e desenvolvimento sustentável. Devem-se
exigir iniciativas práticas nos planos local e nacional. O ensino, tanto formal como não-formal,
deve passar a incluir em seu currículo, tanto de forma coordenada como integrada, as questões
relativas a demografia e desenvolvimento sustentável. Especial atenção deve ser atribuída aos
programas de ensino sobre questões de controle demográfico, sobretudo para as mulheres. Deve
ser especialmente salientado o elo existente entre esses programas, a conservação do meio
ambiente e a existência de atendimento e serviços primários de saúde.
(c) Fortalecimento institucional
5.38. Deve-se aumentar a capacidade das estruturas nacionais, regionais e locais de
dedicar-se a questões relativas a tendências e fatores demográficos e desenvolvimento
sustentável. Para tanto, seria necessário fortalecer os órgãos competentes responsáveis por
questões populacionais, capacitando-os, assim, a elaborar políticas condizentes com as
expectativas nacionais de desenvolvimento sustentável. Concomitantemente, deve ser
intensificada a cooperação entre o Governo, as instituições nacionais de pesquisa, as
organizações não-governamentais e as comunidades locais na consideração dos problemas e na
avaliação das políticas.
5.39. Deve-se aumentar, conforme necessário, a capacidade dos órgãos, organizações e
grupos competentes das Nações Unidas, dos organismos intergovernamentais internacionais e
regionais, das organizações não-governamentais e das comunidades locais a fim de ajudar os
países que o solicitem a adotar políticas de desenvolvimento sustentável e, quando for o caso,
oferecer auxílio aos migrantes e pessoas deslocadas por razões ambientais.
5.40. O apoio inter-agências às políticas e programas nacionais de desenvolvimento
sustentável deve ser aperfeiçoado por meio de melhor coordenação entre as atividades ambientais
e de controle demográfico.
(d) Estímulo ao desenvolvimento dos recursos humanos
5.41. As instituições científicas internacionais e regionais devem ajudar os Governos,
quando solicitadas, a incluir nos programas de formação de demógrafos e especialistas em
população e meio ambiente tópicos relativos às interações população/meio ambiente nos planos
global, de ecossistemas e local. Essa formação deve incluir pesquisas sobre os vínculos entre
população e meio ambiente e maneiras de estruturar estratégias integradas.
Objetivo
Atividades
Meios de implementação
5.64. Deve ser criado material didático, inclusive guias e manuais, para uso de
planejadores, pessoas em posição de tomar decisões e outros participantes dos programas de
controle demográfico/meio ambiente/desenvolvimento.
5.65. Os Governos, instituições científicas e organizações não-governamentais de
determinada região, juntamente com as instituições similares de outras regiões, devem
estabelecer entre si programas de cooperação. Deve-se ainda fomentar a cooperação com as
organizações locais com o objetivo de aumentar o nível de consciência das pessoas, empreender
projetos demonstrativos e relatar a experiência adquirida.
5.66. As recomendações contidas neste capítulo não devem de modo algum prejudicar as
discussões da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, a ser realizada em
1994, que será o foro apropriado para a discussão das questões relativas a população e
desenvolvimento, levando em conta as recomendações da Conferência Internacional sobre
População realizada na Cidade do México em 1984(1), e as Estratégias Voltadas para o Futuro
para o Avanço da Mulher(2) adotadas pela Conferência Mundial para o Exame e Avaliação das
Realizações da Década das Nações Unidas para a Mulher: Igualdade, Desenvolvimento e Paz,
realizada em Nairóbi em 1985.
Capítulo 6
Introdução
Àeas de programas
Àeas de programas
voltadas para o desenvolvimento afetam o meio ambiente em maior ou menor grau e isso, por sua
vez, ocasiona ou acirra muitos problemas de saúde. Por outro lado, justamente a ausência de
desenvolvimento tem uma ação daninha sobre a saúde de muitas pessoas, fato que apenas o
desenvolvimento tem condições de mitigar. Por si própria, a área da saúde não tem como
satisfazer suas necessidades e atender seus objetivos; ela depende do desenvolvimento social,
econômico e espiritual, ao mesmo tempo que contribui diretamente para tal desenvolvimento. A
área da saúde também depende de um meio ambiente saudável, inclusive da existência de um
abastecimento seguro de água, de serviços de saneamento e da disponibilidade de um
abastecimento seguro de alimentos e de nutrição adequada. Atenção especial deve ser dedicada à
segurança dos alimentos, dando-se prioridade à eliminação da contaminação alimentar; a
políticas abrangentes e sustentáveis de abastecimento de água, que garantam água potável segura
e um saneamento que impeça tanto a contaminação microbiana como química; e à promoção de
educação sanitária, imunização e abastecimento dos medicamentos essenciais. A educação e
serviços adequados no que diz respeito ao planejamento responsável do tamanho da família,
respeitados os aspectos culturais, religiosos e sociais, em conformidade com a liberdade, a
dignidade e os valores pessoais e levando em conta fatores éticos e culturais, também contribuem
para essas atividades intersetoriais.
Objetivos
6.4. Dentro da estratégia geral de obter saúde para todos até o ano 2000, os objetivos são:
satisfazer as necessidades sanitárias básicas das populações rurais, periferias urbanas e urbanas;
proporcionar os serviços especializados necessários de saúde ambiental; e coordenar a
participação dos cidadãos, da área da saúde, das áreas relacionadas à saúde e dos setores
pertinentes externos à área da saúde (instituições empresariais, sociais, educacionais e religiosas)
das soluções para os problemas da saúde. Como questão prioritária, deve ser obtida cobertura de
serviços sanitários para os grupos populacionais mais necessitados, particularmente os que vivem
nas zonas rurais.
Atividades
6.5. Os Governos nacionais e as autoridades locais, com o apoio das organizações não-
governamentais e internacionais pertinentes e à luz das condições específicas e necessidades dos
países, devem fortalecer seus programas da área da saúde, com especial atenção para as
necessidades das áreas rurais, para:
(a) Criar infra-estruturas sanitárias básicas, bem como sistemas de planejamento e
acompanhamento:
(i) Desenvolver e fortalecer sistemas de atendimento primário da saúde que
se caracterizem por serem práticos, baseados na comunidade, cientificamente confiáveis,
socialmente aceitáveis e adequados a suas necessidades, e que ao mesmo tempo atendam às
necessidades básicas de água limpa, alimentos seguros e saneamento;
(ii) Apoiar o uso e o fortalecimento de mecanismos que aperfeiçoem a
coordenação entre a área da saúde e as áreas a ela relacionadas, em todos os planos adequados do
Governo e nas comunidades e organizações pertinentes;
(iii) Desenvolver e implementar abordagens racionais e viáveis do ponto
de vista do custo para estabelecer e manter instalações que prestem serviços sanitários;
(iv) Assegurar e, quando indicado, aumentar o apoio à prestação de
Agenda 21 - Global 41
serviços sociais;
(v) Desenvolver estratégias, inclusive indicadores de saúde confiáveis, que
permitam acompanhar o avanço e avaliar a eficácia dos programas sanitários;
(vi) Estudar maneiras de financiar o sistema de saúde baseadas na
avaliação dos recursos necessários e identificar as diversas alternativas de financiamento;
(vii) Promover a educação sanitária nas escolas, o intercâmbio de
informações, o apoio técnico e o treinamento;
(viii) Apoiar iniciativas que propiciem o auto-gerenciamento dos serviços
pelos grupos vulneráveis;
(ix) Integrar os conhecimentos e as experiências tradicionais aos sistemas
nacionais de saúde, quando indicado;
(x) Promover os meios para os serviços logísticos necessários para as
atividades de extensão, sobretudo nas zonas rurais;
(xi) Promover e fortalecer atividades de reabilitação baseadas na
comunidade para os deficientes das zonas rurais;
(b) Apoiar o desenvolvimento da pesquisa e a criação de metodologias:
(i) Estabelecer mecanismos que propiciem a contínua participação da
comunidade nas atividades de saúde ambiental, inclusive da otimização do uso adequado dos
recursos financeiros e humanos da comunidade;
(ii) Realizar pesquisas sobre saúde ambiental, inclusive pesquisas de
comportamento e pesquisas sobre maneiras de aumentar a cobertura dos serviços sanitários e
garantir uma maior utilização desses serviços por parte das populações periféricas, mal atendidas
e vulneráveis, quando indicado para o estabelecimento de bons serviços preventivos e de
atendimento sanitário;
(iii) Realizar pesquisas nas áreas do conhecimento tradicional sobre
práticas preventivas e curativas da área da saúde;
(a) Financiamento e estimativa de custos
6.6. O Secretariado da Conferência estimou o custo total anual médio (1993-2000) da
implementação das atividades deste programa em cerca de $40 bilhõeses de dólares, inclusive
cerca de $5 bilhõeses a serem providos pela comunidade internacional em termos concessionais
ou de doações. Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos
Governos. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão,
inter alia, das estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar para a
implementação.
(b) Meios científicos e tecnológicos
6.7. Devem ser testadas novas modalidades de planejamento e gerenciamento dos
sistemas e instalações de atendimento sanitário e apoiadas pesquisas sobre maneiras de integrar
as tecnologias adequadas às infra-estruturas sanitárias. O desenvolvimento de uma tecnologia
sanitária cientificamente confiável deve reforçar as condições de adaptabilidade às necessidades
locais e a possibilidade de sua manutenção através dos recursos da comunidade, inclusive a
manutenção e reparo dos equipamentos usados no atendimento sanitário. Devem ser
desenvolvidos programas destinados a facilitar a transferência e a partilha de informações e
competência, inclusive de métodos de comunicação e de materiais educativos.
(c) Desenvolvimento de recursos humanos
6.8. Devem ser reforçadas as abordagens intersetoriais para a reforma dos sistemas de
formação do pessoal da área da saúde para assim garantir sua adequação às estratégias do projeto
"Saúde para Todos". Devem ser apoiados os esforços para aperfeiçoar a competência gerencial
Agenda 21 - Global 42
Objetivos
6.12. Diversas metas foram formuladas através de consultas extensivas em vários foros
Agenda 21 - Global 43
Atividades
Meios de implementação
6.15. Os esforços para evitar e controlar as doenças devem incluir pesquisas sobre as
bases epidemiológicas, sociais e econômicas que permitiriam o desenvolvimento de estratégias
nacionais mais eficazes de controle integrado das moléstias contagiosas. Os métodos custo-
efetivos de controle ambiental devem ser adaptados às condições locais de desenvolvimento.
(d) Desenvolvimento dos recursos humanos
6.16. As instituições nacionais e regionais de treinamento profissional devem promover
amplas abordagens intersetoriais à prevenção e controle das moléstias contagiosas, inclusive
promovendo treinamento em epidemiologia, prevenção e controle nas comunidades, imunologia,
biologia molecular e aplicação de novas vacinas. Deve ser criado material didático para a área
sanitária, a ser utilizado pelo pessoal da comunidade e para ensinar as mões a prevenir e tratar
moléstias diarréicas em casa.
(c) Capacitação
6.17. A área da saúde deve coletar e organizar informações satisfatórias sobre a
distribuição das moléstias contagiosas, bem como sobre a capacidade institucional de reagir e
colaborar com outros setores na prevenção, mitigação e correção dos riscos de moléstias
contagiosas através da proteção do meio ambiente. Deve ser obtido o concurso das pessoas em
posição de elaborar políticas e tomar decisões, mobilizado o apoio das categorias profissionais e
da sociedade em geral, e, ao mesmo tempo, as comunidades devem ser organizadas para o
desenvolvimento de auto-suficiência.
6.18. Além de atender às necessidades sanitárias básicas, é preciso dar ênfase especial à
proteção e educação dos grupos vulneráveis, especialmente crianças, jovens, mulheres,
populações indígenas e os muito pobres, como pré-requisito para o desenvolvimento sustentável.
Também se deve dedicar especial atenção às necessidades de saúde dos idosos e dos deficientes.
6.19. Bebês e crianças. Aproximadamente um terço da população do mundo é composto
por crianças com menos de quinze anos de idade. Dessas crianças, pelo menos 15 milhões
morrem anualmente de causas evitáveis, como traumatismo durante o nascimento, asfixia durante
o nascimento, infecções respiratórias agudas, desnutrição, moléstias contagiosas e diarréia. A
saúde das crianças é afetada mais gravemente que a de outros grupos populacionais pela
desnutrição e fatores ambientais adversos, e muitas crianças correm o risco de serem exploradas
como mão-de-obra barata ou na prostituição.
6.20. Jovens. Como bem demonstra a experiência histórica de todos os países, os jovens
são particularmente vulneráveis aos problemas associados ao desenvolvimento econômico, que
freqüentemente debilita as formas tradicionais de apoio social essenciais ao desenvolvimento
saudável dos jovens. A urbanização e alterações nos hábitos sociais acentuaram o abuso de
drogas, a gravidez não desejada e as doenças venéreas, inclusive AIDS. Atualmente mais de
metade do total de pessoas vivas tem menos de 25 anos de idade e quatro em cada cinco vivem
nos países em desenvolvimento. Em decorrência, é importante garantir que a experiência
histórica não se repita.
6.21. A mulher. Nos países em desenvolvimento, o estado de saúde da mulher permanece
relativamente precário; durante a década de 1980 acentuaram-se ainda mais a pobreza, a
desnutrição e a falta de saúde em geral da mulher. A maioria das mulheres nos países em
desenvolvimento continua não tendo oportunidades educacionais básicas adequadas; além disso,
elas não têm meios para promover a própria saúde, controlar responsavelmente sua vida
reprodutiva e melhorar sua situação sócio-econômica. Atenção especial deve ser dada à
disponibilidade de atendimento pré-natal que assegure a saúde dos recém-nascidos.
1. A/45/625, anexo.
Objetivos
6.23. Os objetivos gerais de oferecer proteção aos grupos vulneráveis são: garantir que
todos os indivíduos que deles fazem parte tenham oportunidade de desenvolver plenamente seus
potenciais (inclusive um desenvolvimento saudável físico, mental e espiritual); dar aos jovens a
oportunidade de desenvolver, estabelecer e manter vidas saudáveis; permitir que as mulheres
desempenhem seu papel chave na sociedade; e apoiar populações indígenas através de
oportunidades educacionais, econômicas e técnicas.
6.24. Por ocasião da Cúpula Mundial sobre Criança estabeleceram-se importantes metas
Agenda 21 - Global 47
Atividades
Meios de implementação
6.32. Para centenas de milhões de pessoas, as condições de vida sofríveis das zonas
urbanas e periferias urbanas estão destruindo vidas, saúde e valores sociais e morais. O
crescimento urbano deixou para trás a capacidade da sociedade de atender às necessidades
humanas, deixando centenas de milhões de pessoas com rendimentos, dietas, moradia e serviços
inadequados. Além de expor as populações a sérios riscos ambientais, o crescimento urbano
deixou as autoridades municipais e locais sem condições de proporcionar às pessoas os serviços
de saúde ambiental necessários. Com grande freqüência, o desenvolvimento urbano se associa a
efeitos destrutivos sobre o meio ambiente físico e sobre a base de recursos necessária ao
desenvolvimento sustentável. A poluição ambiental das áreas urbanas está associada a níveis
excessivos de insalubridade e mortalidade. Alojamentos inadequados e superpovoados
contribuem para a ocorrência de doenças respiratórias, tuberculose, meningite e outras
enfermidades. Nos meios urbanos, muitos fatores que afetam a saúde humana são externos à área
da saúde. Em decorrência, uma melhor saúde urbana dependerá de uma ação coordenada entre
todos os planos do Governo, prestadores de serviços sanitários, empresas, grupos religiosos,
instituições sociais e educacionais e cidadãos.
Objetivos
6.33. Deve-se melhorar a saúde e o bem-estar de todos os habitantes urbanos para que eles
possam contribuir para o desenvolvimento econômico e social. A meta global é atingir, até o ano
2000, entre 10 e 40 por cento de melhoria nos indicadores de saúde. O mesmo ritmo de melhora
deve ser obtido para os indicadores ambientais, de moradia e de atendimento sanitário. Estes
últimos incluem o desenvolvimento de metas quantitativas para a mortalidade infantil, a
mortalidade decorrente da maternidade, a porcentagem de recém-nascidos com baixo peso e
indicadores específicos (por exemplo tuberculose como indicador de condições de moradia
excessivamente aglomeradas, moléstias diarréicas como indicadores de insuficiência de água e
saneamento, índices de acidentes do trabalho e nos transportes indicando possíveis oportunidades
para a prevenção de lesões, e problemas sociais, como consumo excessivo de drogas, violência e
criminalidade, indicando transtornos sociais subjacentes).
Atividades
saúde;
(iii) Garantir que escolas, locais de trabalho, meios de comunicação de
massa, etc., ofereçam, ou reforcem, o ensino relativo a saúde pública;
(iv) Estimular as comunidades a desenvolver aptidões pessoais e
consciência no que diz respeito a atendimento primário da saúde;
(v) Promover e fortalecer atividades de reabilitação baseadas na
comunidade para os deficientes e para os idosos urbanos e de periferias urbanas;
(b) Estudar, quando necessário, a situação vigente nas cidades no que diz respeito
à saúde, sociedade e meio ambiente, inclusive com documentação sobre as diferenças intra-
urbanas;
(c) Reforçar as atividades de saúde ambiental;
(i) Adotar procedimentos de avaliação de impacto sanitário e ambiental;
(ii) Oferecer treinamento básico e no emprego para o pessoal novo e o
pessoal já existente;
(d) Estabelecer e manter redes urbanas de colaboração e intercâmbio de
modelos de boa prática;
Meios de implementação
6.39. Em muitos lugares do mundo o meio ambiente geral (ar, água e terra), os locais de
trabalho e mesmo as moradias individuais estão de tal forma poluídos que a saúde de centenas de
milhões de pessoas é afetada negativamente. Isso se deve, entre outras coisas, a alterações
passadas e atuais nos modelos de consumo e produção e estilos de vida, na produção e uso de
energia, na indústria, nos transportes, etc., com pouca ou nenhuma preocupação com a proteção
do meio ambiente. Houve avanços notáveis em alguns países, mas a deterioração do meio
ambiente prossegue. A capacidade dos países de combater a poluição e os problemas de saúde
vê-se muito restringida devido à carência de recursos. Freqüentemente as medidas de controle da
poluição e proteção da saúde não mantêm o ritmo do desenvolvimento econômico. Nos países
recém-industrializados, são consideráveis os riscos para a saúde ambiental derivados do
desenvolvimento. Além disso, a análise recente da OMS estabeleceu claramente a
interdependência entre os fatores de saúde, meio ambiente e desenvolvimento e revelou que
quase todos os países carecem da integração que haveria de conduzir a um mecanismo eficaz de
controle da poluição(1). Sem prejuízo dos critérios que a comunidade internacional possa
estabelecer ou das normas que necessariamente deverão ser estabelecidas nacionalmente, será
essencial, em todos os casos, considerar os sistemas de valores predominantes em cada país e a
extensão da aplicabilidade de normas que, embora válidas para a maioria dos países
desenvolvidos, podem ser inadequadas e exigir custos sociais excessivos nos países em
desenvolvimento.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
1. Relatório da Comissão sobre a Saúde e o Meio Ambiente da OMS (Genebra, a ser publicado
em breve).
Agenda 21 - Global 55
Capítulo 7
Introdução
7.1. Nos países industrializados, os padrões de consumo das cidades representam uma
pressão muito séria sobre o ecossistema global, ao passo que no mundo em desenvolvimento os
assentamentos humanos necessitam de mais matéria-prima, energia e desenvolvimento
econômico simplesmente para superar seus problemas econômicos e sociais básicos. Em muitas
regiões do mundo, em especial nos países em desenvolvimento, as condições dos assentamentos
humanos vêm se deteriorando, sobretudo em decorrência do baixo volume de investimentos no
setor, imputável às restrições relativas a recursos com que esses países se deparam em todas as
áreas. Nos países de baixa renda sobre os quais há dados recentes, apenas 5,6 por cento do
orçamento do Governo central, em média, foram dedicados a habitação, lazer, seguridade social e
bem-estar social (1). Os recursos oriundos de organizações internacionais de apoio e
financiamento são igualmente baixos. Em 1988, por exemplo, apenas 1 por cento do total de
gastos do sistema das Nações Unidas financiados por meio de subvenções foi dedicado aos
assentamentos humanos (2), enquanto em 1991 verificou-se, que do total de empréstimos do
Banco Mundial e da Associação Internacional para o Desenvolvimento (IDA), 5,5 por cento
foram para o desenvolvimento urbano e 5,4 por cento para águas e esgotos(3).
7.2. Por outro lado, as informações disponíveis apontam para o fato de que as atividades
de cooperação técnica no setor de assentamentos humanos geram considerável volume de
investimentos dos setores público e privado. Por exemplo, em 1988 cada dólar do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) gasto com cooperação técnica para
assentamentos humanos gerou um investimento decorrente de $122 dólares, o mais alto dentre
todos os setores assistenciais do PNUD (4).
7.3. São estes os fundamentos para a "abordagem capacitadora" defendida para o setor
dos assentamentos humanos. O apoio externo contribuirá para a geração dos recursos internos
necessários para melhorar as condições de vida e de trabalho de todas as pessoas até o ano 2000 e
além, inclusive do número crescente de desempregados -- o grupo sem-rendimentos. Ao mesmo
tempo, as implicações ambientais do desenvolvimento urbano devem ser reconhecidas e levadas
em consideração de forma integrada por todos os países, atribuindo-se alta prioridade às
necessidades dos pobres de áreas urbanas e rurais, dos desempregados e do número crescente de
pessoas sem qualquer fonte de renda.
Áreas de programas
Objetivo
Atividades
Agenda 21 - Global 57
Meios de implementação
implementação das atividades deste programa em cerca de $75 bilhões de dólares, inclusive cerca
de $10 bilhões de dólares da comunidade internacional em termos concessionais ou de doações.
Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos
reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das
estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar para a implementação.
(b) Meios científicos e tecnológicos
7.11. Os requisitos relativos a esse cabeçalho são examinados em cada uma das outras
áreas de programa incluídas no presente capítulo.
(c) Desenvolvimento dos recursos humanos e capacitação institucional e técnica
7.12. Os países desenvolvidos e as agências financiadoras devem oferecer assistência
específica aos países em desenvolvimento na adoção de uma abordagem capacitadora para o
oferecimento de habitação para todos, inclusive para o grupo sem rendimentos; o mesmo deve ser
feito em relação às instituições de pesquisa e as atividades de treinamento para funcionários do
Governo, profissionais, comunidades e organizações não-governamentais, fortalecendo a
capacidade local para o desenvolvimento de tecnologias apropriadas.
7.13. Na virada do século a maior parte da população mundial estará vivendo em cidades.
Embora os assentamentos humanos, especialmente nos países em desenvolvimento, apresentem
muitos dos sintomas da crise mundial do meio ambiente e do desenvolvimento, isso não os
impede de gerar 60 por cento do produto nacional bruto; caso gerenciados adequadamente, eles
podem desenvolver a capacidade de sustentar sua produtividade, melhorar as condições de vida
de seus habitantes e obter recursos naturais de forma sustentável.
7.14. Algumas áreas metropolitanas estendem-se para além das fronteiras de diversas
entidades políticas e/ou administrativas (condados e municípios), mesmo obedecendo a um
sistema urbano contínuo. Em muitos casos essa heterogeneidade política funciona como
obstáculo à implementação de programas abrangentes de manejo ambiental.
Objetivo
Atividades
Meios de implementação
treinamento -- da educação formal ao uso dos meios de comunicação de massa --, paralelamente
ao "aprendizado por meio da ação".
7.24. Os países em desenvolvimento também devem estimular o treinamento tecnológico
e a pesquisa por meio de esforços conjuntos de doadores, organizações não-governamentais e
empresa privada em áreas como redução de resíduos, qualidade da água, economia de energia,
produção segura de produtos químicos e transporte menos poluente.
7.25. As atividades de capacitação institucional e técnica desenvolvidas por todos os
países, com os auxílios sugeridos acima, devem ir além do treinamento de indivíduos e de grupos
funcionais para incluir disposições institucionais, rotinas administrativas, vínculos inter-agências,
fluxos de informação e processos consultivos.
7.26. Em acréscimo, iniciativas internacionais nos moldes do Programa de Manejo
Urbano, em cooperação com agências bilaterais e multilaterais, devem continuar a prestar apoio
aos países em desenvolvimento em seus esforços para desenvolver uma estrutura participativa
por meio da mobilização dos recursos humanos do setor privado, das organizações não-
governamentais e dos pobres, especialmente mulheres e pessoas em posição de desvantagem.
7.27. O acesso aos recursos terrestres é um componente essencial dos estilos de vida
sustentáveis de baixo impacto sobre o meio ambiente. Os recursos terrestres são a base para os
sistemas de vida (humanos) e proporcionam solo, energia, água e possibilidade de realização para
todos os tipos de atividade humana. Em áreas urbanas em rápido crescimento o acesso à terra é
crescentemente dificultado pelas exigências conflitivas da indústria, da habitação, do comércio,
da agricultura, das estruturas de propriedade fundiária e da necessidade de espaços abertos. Além
disso, com a elevação dos custos das terras urbanas os pobres vêem-se impedidos de ter acesso a
terras convenientes. Nas zonas rurais, práticas insustentáveis como a exploração de terras
marginais e a invasão de florestas e áreas ecologicamente frágeis em decorrência de interesses
comerciais e pelas populações rurais sem terra, têm como resultado a degradação ambiental, bem
como uma diminuição do rendimento dos colonos rurais empobrecidos.
Objetivo
Atividades
Meios de implementação
revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais,
dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar
para a implementação.
(b) Meios científicos e tecnológicos
7.33. Todos os países, especialmente os países em desenvolvimento, sozinhos ou em
agrupamentos regionais ou subregionais, devem obter acesso às técnicas modernas de manejo dos
recursos terrestres tais como sistemas de informações geográficas, imagens/fotografias feitas por
satélite e outras tecnologias de sensoriamento remoto.
(c) Desenvolvimento dos recursos humanos e capacitação institucional e técnica
7.34. Devem-se empreender em todos os países atividades de treinamento centradas no
meio ambiente para o planejamento e o manejo sustentáveis dos recursos terrestres; os países em
desenvolvimento devem receber assistência, por meio das agências internacionais de apoio e
financiamento, para:
(a) Fortalecer a capacidade das instituições de pesquisa e treinamento nacionais,
estaduais/provinciais e locais de fornecer treinamento formal a técnicos e profissionais do manejo
da terra;
(b) Facilitar o exame da organização de ministérios e organismos governamentais
responsáveis por questões relativas à terra, com o objetivo de elaborar mecanismos mais
eficientes de manejo dos recursos terrestres e de organizar cursos periódicos de atualização no
emprego para os gerenciadores e o pessoal desses ministérios e agências e assim familiarizá-los
com tecnologias atualizadas de manejo dos recursos terrestres;
(c) Quando apropriado, equipar essas agências com equipamento moderno como
hardware e software de computação e equipamento para pesquisa de campo;
(d) Fortalecer os programas atualmente existentes e promover o intercâmbio
internacional e inter-regional de informações e experiências em manejo da terra por meio do
estabelecimento de associações profissionais voltadas para as ciências de manejo da terra e
atividades correlatas, tal como cursos práticos e seminários.
Objetivo
Atividades
(d) Promover políticas voltadas para a recuperação dos custos efetivos dos
serviços de infra-estrutura, reconhecendo ao mesmo tempo a necessidade de encontrar
abordagens apropriadas (inclusive subsídios) para estender os serviços básicos a todos os lares;
(e) Buscar soluções conjuntas para problemas ambientais que afetem diversas
localidades.
Meios de implementação
utilizada nos -- e para os -- assentamentos humanos; uma porcentagem substancial dessa energia
é utilizada pelo setor doméstico. Neste momento os países em desenvolvimento defrontam-se
com a necessidade de aumentar sua produção de energia para acelerar o desenvolvimento e elevar
o padrão de vida de suas populações e, ao mesmo tempo, de reduzir tanto os custos da produção
de energia como a poluição associada à energia. Uma maior eficiência no uso da energia, com o
objetivo de reduzir seus efeitos poluidores e promover o uso de fontes renováveis de energia deve
ser uma prioridade em toda ação empreendida para proteger o meio ambiente urbano.
7.47. Os países desenvolvidos, na qualidade de maiores consumidores de energia,
defrontam-se com a necessidade de empreender o planejamento e o manejo da energia,
promovendo fontes renováveis e alternativas de energia e avaliando os custos que representam os
atuais sistemas e práticas para o ciclo da vida, visto que em decorrência deles muitas áreas
metropolitanas estão sofrendo de problemas difusos com a qualidade do ar -- problemas esses
relacionados a ozônio, materiais em suspensão e monóxido de carbono. As causas disso estão
muito ligadas a inadequações tecnológicas e ao uso crescente de combustível gerado por
ineficiências, altas concentrações demográficas e industriais e rápida expansão do número de
veículos automotores.
7.48. O transporte responde por cerca de 30 por cento do consumo comercial de energia e
por cerca de 60 por cento do consumo total mundial de petróleo líquido. Nos países em
desenvolvimento, a rápida motorização e a insuficiência de investimentos em planejamento de
transportes urbanos e manejo e infra-estrutura do tráfego estão criando problemas cada vez mais
graves em termos de acidentes e danos, saúde, ruído, congestionamento e perda de produtividade,
semelhantes aos que ocorrem em muitos países desenvolvidos. Todos esses problemas têm um
grave impacto sobre as populações urbanas, especialmente sobre os grupos de baixa renda e sem
rendimentos.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
7.55. Os desastres naturais causam perdas de vida, perturbação das atividades econômicas
e da produtividade urbana, especialmente para os grupos de baixa renda, altamente suscetíveis, e
dano ambiental, como perda de terra fértil de cultivo e contaminação dos recursos hídricos, e
podem provocar grandes reassentamentos populacionais. Ao longo das últimas duas décadas
estima-se que os desastres naturais causaram cerca de 3 milhões de mortes e afetaram 800
milhões de pessoas. As perdas econômicas globais foram estimadas pelo Coordenador das
Nações Unidas para Socorro em Casos de Desastre como sendo da ordem de $30-50 bilhões de
dólares por ano.
7.56. A Assembléia Geral, por meio de sua resolução 44/236, proclamou a década de
1990 como sendo a Década Internacional para a Redução dos Desastres Naturais. Os objetivos da
Década (7) estão vinculados aos objetivos da presente área de programas.
7.57. Verifica-se, ademais, urgente necessidade de fazer frente à questão da prevenção e
redução dos desastres provocados pelo homem e/ou dos desastres provocados, inter alia, por
indústrias, pela geração de energia nuclear carente de segurança e por resíduos tóxicos (ver
capítulo 6 da Agenda 21).
Objetivo
Atividades
7.59. Estão previstas três distintas áreas de atividade para esta área de programas, a saber:
o desenvolvimento de uma "cultura da segurança", o planejamento pré-desastres e a reconstrução
pós-desastres.
(a) Desenvolvimento de uma cultura de segurança
7.60. Para promover uma "cultura da segurança" em todos os países, especialmente
naqueles que apresentam propensão a desastres, as seguintes atividades devem ser empreendidas:
(a) Efetuar estudos nacionais e locais sobre a natureza e a ocorrência dos desastres
naturais; seu impacto sobre as pessoas e sobre as atividades econômicas; efeitos de edificação e
uso da terra inadequados em áreas propensas a desastres; e vantagens sociais e econômicas de um
adequado planejamento pré-desastres;
(b) Implementar campanhas de conscientização de âmbito nacional e local por
meio de todos os meios disponíveis, traduzindo o conhecimento acima em informações
facilmente compreensíveis pelo público em geral e pelas populações diretamente expostas a
riscos;
(c) Fortalecer e/ou desenvolver sistemas de alerta mundiais, regionais, nacionais e
Agenda 21 - Global 70
Meios de implementação
7.67. As atividades do setor da construção são vitais para a concretização das metas
nacionais de desenvolvimento sócio-econômico: proporcionar habitação, infra-estrutura e
emprego. Ao mesmo tempo, por meio do esgotamento da base de recursos naturais, da
degradação de zonas ecológicas frágeis, da contaminação química e do uso de materiais de
construção nocivos para a saúde humana, elas podem ser uma fonte importante de danos
Agenda 21 - Global 72
ambientais.
Objetivos
7.68. Os objetivos são, em primeiro lugar, adotar políticas e tecnologias e sobre elas
trocar informações, para desse modo permitir que o setor da construção atenda às metas de
desenvolvimento dos assentamentos humanos e ao mesmo tempo evite efeitos colaterais
daninhos para a saúde humana e a biosfera e, em segundo lugar, aumentar a capacidade de
geração de empregos do setor da construção. Os Governos devem trabalhar em colaboração
estreita com o setor privado na concretização desses objetivos.
Atividades
Meios de implementação
7.75. A maioria dos países, além de carecerem de conhecimentos especializados nas áreas
de habitação, manejo de assentamentos, manejo da terra, infra-estrutura, construção, energia,
transportes, planejamento pré-desastres e reconstrução pós-desastres, enfrenta três carências
intersetoriais relativas ao desenvolvimento dos recursos humanos e à capacitação institucional e
técnica. A primeira é a ausência de um ambiente propício à introdução de políticas de integração
dos recursos e atividades do setor público, do setor privado e da comunidade -- ou setor social; a
segunda é a carência de instituições especializadas de treinamento e pesquisa; e a terceira é a
insuficiência da capacidade de treinamento e assistência técnica para as comunidades de baixa
renda, tanto urbanas como rurais.
Agenda 21 - Global 74
Objetivo
Atividades
7.77. Em cada uma das áreas de programas deste capítulo incluíram-se atividades
específicas de desenvolvimento dos recursos humanos e da capacitação institucional e técnica.
Não obstante, de um modo mais global, devem ser tomadas medidas suplementares para reforçar
essas atividades. Para tanto, todos os países, quando apropriado, devem tomar as seguintes
providências:
(a) Fortalecer o desenvolvimento dos recursos humanos e da capacidade das
instituições do setor público por meio da assistência técnica e da cooperação internacional, de
modo a realizar, até o ano 2000, melhorias substanciais na eficiência das atividades
governamentais;
(b) Criar um ambiente favorável à introdução de políticas de apoio à associação
entre os setores público e privado e a comunidade;
(c) Proporcionar treinamento e assistência técnica de melhor qualidade às
instituições que proporcionam treinamento para técnicos, profissionais e administradores e a
membros designados, eleitos e profissionais dos Governos locais, e fortalecer sua capacidade de
fazer frente às necessidades prioritárias de treinamento, em especial no que diz respeito aos
aspectos sociais, econômicos e ambientais do desenvolvimento dos assentamentos humanos;
(d) Proprocionar assistência direta ao desenvolvimento dos assentamentos
humanos no plano da comunidade, inter alia mediante:
(i) O fortalecimento e a promoção de programas demobilização social e
criação de consciência do potencial de mulheres e jovens nasatividades relativas a assentamentos
humanos;
(ii) A facilitação da coordenação das atividades de mulheres, jovens,
grupos da comunidade e organizações não-governamentais nodesenvolvimento dos
assentamentos humanos;
(iii) A promoção de pesquisas sobre programas relativos à mulher e outros
grupos, e aavaliação dos avanços feitos com vistas àidentificação de pontos de estrangulamento
enecessidade de assistência;
(e) Promover a inclusão do manejo integrado do meio ambiente nas atividades
gerais dos Governos locais.
7.78. Tanto as organizações internacionais como as não-governamentais devem apoiar as
atividades acima, inter alia por meio do fortalecimento das instituições subregionais de
treinamento, do oferecimento de materiais de treinamento atualizados e da difusão dos resultados
de atividades, programas e projetos bem-sucedidos na área dos recursos humanos e da
capacitação institucional e técnica.
Meios de implementação
Agenda 21 - Global 75
1. Não há cifras globais para os gastos internos nem para o apoio oficial
ao desenvolvimento no que diz respeito a assentamentos humanos. No entanto,
os dados disponíveis no Relatório sobre o Desenvolvimento
Mundial, 1991, para 16 países em desenvolvimento de baixa renda,
mostram que a porcentagem de gastos do Governo central com habitação, lazer
e seguridade e bem-estar social para 1989 era, em média, de 5,6 por cento,
com uma alta de 15,1 por cento no caso do Sri Lanka, que implantou um
enérgico programa para a habitação. Nos países industrializados da
Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos, no mesmo ano, a
porcentagem de gastos do Governo central com habitação, lazer e seguridade
e bem-estar social ia de um mínimo de 29,3 por cento a um máximo de 49,4
por cento, com uma média de 39 por cento (Banco Mundial, Relatóprio
sobre o Desenvolvimento Mundial, 1991, Indicadores de
desenvolvimento mundial, tabela 11 (Washington, D.C., 1991)).
Capítulo 8
Introdução
Áreas de programas
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Objetivos
8.16. O objetivo geral é promover, à luz das condições específicas de cada país, a
Agenda 21 - Global 82
integração entre as políticas de meio ambiente e desenvolvimento por meio da formulação de leis,
regulamentos, instrumentos e mecanismos coercitivos adequados a nível nacional, estadual,
provincial e local. Reconhecendo-se que os países irão desenvolver suas próprias prioridades, em
conformidade com suas necessidades e planos, políticas e programas nacionais e, quando
apropriado, regionais, propõem-se os seguintes objetivos:
(a) Disseminar informações sobre inovações legais e regulamentadoras eficazes na
área de meio ambiente e desenvolvimento, inclusive instrumentos coercitivos e incentivos para a
observância, com vistas a estimular seu uso e adoção mais amplos a nível nacional, estadual,
provincial e local;
(b) Prestar assistência aos países que o solicitem, em seus esforços nacionais para
modernizar e fortalecer a estrutura legal e política do Governo com vistas a um desenvolvimento
sustentável, levando em devida consideração os valores sociais e infra-estruturas locais;
(c) Estimular o desenvolvimento e implementação de programas nacionais,
estaduais, provinciais e locais que avaliem e promovam a observância das leis e reajam
adequadamente a sua não-observância.
Atividades
desenvolvimento sustentável
8.20. As instituições acadêmicas e internacionais competentes podem, dentro de limites
estabelecidos, cooperar para oferecer, especialmente para estagiários de países em
desenvolvimento, programas de pós-graduação e treinamento no emprego em direito do meio
ambiente e desenvolvimento. O treinamento incluiria ao mesmo tempo a aplicação concreta e o
aperfeiçoamento gradual das leis vigentes; as técnicas conexas de negociação, redação e
mediação; e o treinamento de instrutores. As organizações não-governamentais e
intergovernamentais já ativas nessa área podem cooperar com programas universitários correlatos
para harmonizar o planejamento dos currículos e oferecer um excelente leque de opções aos
Governos interessados e aos patrocinadores em potencial.
(e) Elaboração de programas nacionais eficazes para a análise e a observância de leis
nacionais, estaduais, provinciais e locais que incidam sobre meio ambiente e desenvolvimento
8.21. Cada país deve desenvolver estratégias integradas para maximizar a observância de
suas leis e regulamentações relativas a desenvolvimento sustentável, com o apoio das
organizações internacionais e de outros países, conforme apropriado. As estratégias podem
incluir:
(a) Leis, regulamentos e normas aplicáveis e eficazes, que se apóiem em
princípios econômicos, sociais e ambientais saudáveis e em uma avaliação adequada dos riscos,
incorporando as sanções destinadas a punir violações, obter compensação e impedir violações
futuras;
(b) Mecanismos que promovam a observância;
(c) Capacidade institucional para coletar dados sobre a observância, examinar
regularmente a observância, detectar violações, estabelecer as prioridades das medidas
coercitivas, aplicar eficazmente essas medidas e realizar análises periódicas da eficácia dos
programas de observância e coerção;
(d) Mecanismos para a participação adequada de indivíduos e grupos na
formulação e aplicação de leis e regulamentos relativos a meio ambiente e desenvolvimento;
(f) Monitoramento nacional das atividades jurídicas que complementam os
instrumentos internacionais
8.22. As partes contratantes de acordos internacionais, em consulta com os Secretariados
apropriados das convenções internacionais pertinentes, devem melhorar as práticas e
procedimentos para a coleta de informações sobre as medidas jurídicas e regulamentadoras
adotadas. As partes contratantes de acordos internacionais devem realizar pesquisas piloto sobre
as medidas complementares internas sujeitas a concordância por parte dos Estados soberanos
envolvidos.
Meios de implementação
curso, de coleta, tradução e análise de dados jurídicos. Pode-se esperar que uma cooperação mais
estreita entre as bancos de dados hoje existentes conduza a uma melhor divisão do trabalho (por
exemplo a cobertura por área geográfica dos dados dos boletins do legislativo e outras fontes de
referência) e ao aperfeiçoamento da padronização e da compatibilidade dos dados, conforme
apropriado.
(c) Desenvolvimento dos recursos humanos
8.25. Espera-se que a participação no programa de treinamento beneficie os profissionais
dos países em desenvolvimento e aumente as oportunidades de treinamento para as mulheres.
Sabe-se que há grande demanda por esse tipo de treinamento de pós-graduação e no emprego. Os
seminários, cursos práticos e conferências sobre análise e medidas de aplicação realizados até a
presente data foram muito bem-sucedidos e tiveram alta procura. O objetivo desses esforços é
desenvolver recursos (tanto humanos como institucionais) para projetar e implementar programas
eficazes para análise e aplicação constante de leis, regulamentos e normas nacionais e locais que
incidam sobre desenvolvimento sustentável.
Fortalecimento da capacidade jurídica e institucional
8.26. Uma parte importante do programa deve ser orientada para o aperfeiçoamento das
capacidades jurídico-institucionais dos países, para fazer frente aos problemas nacionais de
governança e promulgação e aplicação de leis nas áreas do meio ambiente e do desenvolvimento
sustentável. Poder-se-iam designar e apoiar centros regionais de excelência que permitissem o
estabelecimento de bancos de dados especializadas e serviços de treinamento para diversos
grupos lingüístico/culturais de distintos sistemas jurídicos.
8.27. As leis e regulamentações ambientais são importantes mas não podem por si sós
pretender resolver todos os problemas relativos a meio ambiente e desenvolvimento. Preços,
mercados e políticas fiscais e econômicas governamentais também desempenham um papel
complementar na determinação de atitudes e comportamentos em relação ao meio ambiente.
8.28. Durante os últimos anos, muitos Governos, sobretudo nos países industrializados
mas também nas Europas Central e do Leste e nos países em desenvolvimento, vêm fazendo um
uso cada vez mais intenso de abordagens econômicas, inclusive as voltadas para o mercado.
Entre os exemplos está o princípio do "poluiu-pagou" e o conceito mais recente, do "utilizou
recursos naturais-pagou".
8.29. Dentro de um contexto econômico de apoio internacional e nacional e considerando-
se a necessária estrutura jurídica e regulamentadora, as abordagens econômicas e voltadas para o
mercado podem, em muitos casos, aumentar a capacidade de lidar com as questões do meio
ambiente e do desenvolvimento. Isso se realizaria por meio da adoção de soluções eficazes no
que diz respeito à relação custo-benefício, aplicando-se medidas integradas de prevenção e
controle da poluição, promovendo a inovação tecnológica e exercendo influência sobre o
comportamento do público em relação ao meio ambiente, bem como oferecendo recursos
financeiros para atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável.
8.30. O que se necessita é um esforço adequado para explorar e tornar mais eficaz e
disseminado o uso das abordagens econômicas e orientadas para o mercado, dentro de uma
estrutura ampla de políticas, leis e regulamentações voltadas para o desenvolvimento e adaptadas
às condições específicas dos países, como parte de uma transição generalizada para políticas
Agenda 21 - Global 85
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
8.39. Este programa envolve ajustes ou reorientação das políticas por parte dos Governos.
Também envolve as organizações e agências econômicas e ambientais internacionais e regionais
com experiência na área, inclusive as corporações transnacionais.
(a) FINANCIAMENTO E ESTIMATIVA DE CUSTOS
8.40. O Secretariado da Conferência estimou o custo total anual médio (1993-2000) da
implementação das atividades deste programa em cerca de $5 milhões de dólares, a serem
providos pela comunidade internacional em termos concessionais ou de doações. Estas são
estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos reais e os
termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das estratégias e
programas específicos que os Governos decidam adotar para a implementação.
Objetivos
dedicadas a tarefas produtivas mas não remuneradas, em todos os países. Isso possibilitaria que
sua contribuição fosse adequadamente medida e levada em consideração na tomada de decisões.
Atividades
Meios de implementação
Capítulo 9
PROTEÇÃO DA ATMOSFERA
Introdução
Áreas de programas
Objetivos
9.7. O objetivo básico desta área de programas é melhorar a compreensão dos processos
que afetam a atmosfera da Terra em escala mundial, regional e local e são afetados por ela,
incluindo-se, inter alia, os processos físicos, químicos, geológicos, biológicos, oceânicos,
hidrológicos, econômicos e sociais; aumentar a capacidade e intensificar a cooperação
internacional; e melhorar a compreensão das conseqüências econômicas e sociais das mudanças
atmosféricas e das medidas de mitigação e resposta adotadas com relação a essas mudanças.
Atividades
9.9. A energia é essencial para o desenvolvimento social e econômico e para uma melhor
qualidade de vida. Boa parte da energia mundial, porém, é hoje produzida e consumida de
maneiras que não poderiam ser sustentadas caso a tecnologia permanecesse constante e as
quantidades globais aumentassem substancialmente. A necessidade de controlar as emissões
atmosféricas de gases que provocam o efeito estufa e de outros gases e substâncias deverá basear-
se cada vez mais na eficiência, produção, transmissão, distribuição e consumo da energia, e em
uma dependência cada vez maior de sistemas energéticos ambientalmente saudáveis, sobretudo
de fontes de energia novas e renováveis(1). Todas as fontes de energia deverão ser usadas de
maneira a respeitar a atmosfera, a saúde humana e o meio ambiente como um todo.
9.10. É preciso eliminar os atuais obstáculos ao aumento do fornecimento de energia
ambientalmente saudável, necessário para percorrer o caminho que leva ao desenvolvimento
sustentável, especialmente nos países em desenvolvimento.
Objetivos
9.11. O objetivo básico e último desta área de programas é reduzir os efeitos adversos do
setor da energia sobre a atmosfera mediante a promoção de políticas ou programas, conforme
apropriado, para aumentar a contribuição dos sistemas energéticos ambientalmente seguros e
saudáveis e com uma relação eficaz de custo e efeito, particularmente os novos e renováveis, por
meio da produção, transmissão, distribuição e uso da energia menos poluente e mais eficiente.
Esse objetivo deve refletir a necessidade de eqüidade, de um abastecimento adequado de energia
e do aumento do consumo de energia por parte dos países em desenvolvimento, e a necessidade
de levar-se em consideração a situação dos países altamente dependentes da renda gerada pela
produção, processamento e exportação e/ou consumo de combustíveis fósseis e dos produtos a
eles relacionados, que utilizam energia de modo intensivo, e/ou o uso de combustíveis fósseis de
substituição muito difícil por fontes alternativas de energia, e a situação dos países altamente
vulneráveis aos efeitos adversos das mudanças do clima.
Atividades
2. Transportes
Objetivos
programas, conforme apropriado, eficazes no que diz respeito à relação custo/benefício, para
limitar, reduzir ou controlar, conforme apropriado, as emissões nocivas para a atmosfera e outros
efeitos ambientais adversos do setor dos transportes, levando em conta as prioridades do
desenvolvimento, bem como as circunstâncias específicas locais e nacionais e aspectos de
segurança.
Atividades
3. Desenvolvimento industrial
Objetivos
Atividades
9.19. As políticas relativas ao uso da terra e aos recursos terão influência sobre as
mudanças na atmosfera e serão afetadas por elas. Certas práticas associadas aos recursos
terrestres e marinhos e ao uso da terra podem reduzir os sumidouros de gases de efeito estufa e
aumentar as emissões atmosféricas. A perda da diversidade biológica pode reduzir a resistência
dos ecossistemas às variações climáticas e aos danos decorrentes da poluição do ar. As mudanças
Agenda 21 - Global 97
Objetivos
Atividades
Objetivos
Atividades
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Cooperação internacional e regional
implementação das atividades das quatro partes da Área de Programas B em cerca de $20 bilhões
de dólares, a serem providos pela comunidade internacional em termos concessionais ou de
doações. Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos.
Os custos reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das
estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar para a implementação.
9.34. O Secretariado da Conferência estimou o custo total anual médio (1992-2000) da
implementação das atividades da Área de Programas C em cerca de $160 a $590 milhões de
dólares, a serem providos pela comunidade internacional em termos concessionais ou de doações.
Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos
reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das
estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar para a implementação.
9.35. O Secretariado da Conferência incluiu os custos da assistência técnica e dos
programas pilotos nos parágrafos 9.32 e 9.33 acima.
Capítulo 10
Introdução
10.1. A terra costuma ser definida como uma entidade física, em termos de sua topografia
e sua natureza espacial; uma visão integradora mais ampla também inclui no conceito os recursos
naturais; os solos, os minérios, a água e a biota que compõem a terra. Esses componentes estão
organizados em ecossistemas que oferecem uma grande variedade de serviços essenciais para a
manutenção da integridade dos sistemas que sustentam a vida e a capacidade produtiva do meio
ambiente. As maneiras como são usados os recursos terrestres beneficiam-se de todas essas
características. A terra é um recurso finito, enquanto os recursos naturais que ela sustenta podem
variar com o tempo e de acordo com as condições de gerenciamento e os usos a eles atribuídos.
As crescentes necessidades humanas e a expansão das atividades econômicas estão exercendo
uma pressão cada vez maior sobre os recursos terrestres, criando competição e conflitos e tendo
como resultado um uso impróprio tanto da terra como dos recursos terrestres. Caso queiramos, no
futuro, atender às necessidades humanas de maneira sustentável, é essencial resolver hoje esses
conflitos e avançar para um uso mais eficaz e eficiente da terra e de seus recursos naturais. A
abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento físico e do uso da terra é uma maneira
eminentemente prática de fazê-lo. Examinando todos os usos da terra de forma integrada é
possível reduzir os conflitos ao mínimo, fazer as alternâncias mais eficientes e vincular o
desenvolvimento social e econômico à proteção e melhoria do meio ambiente, contribuindo assim
para atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável. A essência dessa abordagem integrada
se expressa na coordenação de planejamento setorial e atividades de gerenciamento relacionadas
aos diversos aspectos do uso da terra e dos recursos terrestres.
10.2. O presente capítulo consiste em uma área de programas -- a abordagem integrada do
planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres, que trata da reorganização e, quando
necessário, de um certo fortalecimento da estrutura de tomada de decisões, inclusive das políticas
em vigor, dos procedimentos de planejamento e gerenciamento e dos métodos que possam
contribuir para a efetivação de uma abordagem integrada dos recursos terrestres. Não trata dos
aspectos operacionais do planejamento e do gerenciamento, que são examinados mais
adequadamente nos programas setoriais pertinentes. Visto que o programa trata de um importante
aspecto intersetorial da tomada de decisões orientada para o desenvolvimento sustentável, ele está
estreitamente relacionado a diversos outros programas que tratam diretamente da questão.
Área de programas
10.3. Os recursos terrestres são usados para inúmeros fins, que interagem e podem
competir uns com os outros; em decorrência, é desejável planejar e gerenciar todos os usos de
forma integrada. A integração deve ter lugar em dois níveis, considerando-se, por um lado, todos
Agenda 21 - Global 103
os fatores ambientais, sociais e econômicos (como por exemplo o impacto dos diversos setores
econômicos e sociais sobre o meio ambiente e os recursos naturais) e, por outro, todos os
componentes ambientais e de recursos reunidos (ou seja, ar, água, biota, terra e recursos
geológicos e naturais). Essa visão integrada facilita as opções e alternâncias adequadas e desse
modo maximiza a produtividade e o uso sustentáveis. A oportunidade de alocar a terra a
diferentes usos surge no curso de projetos importantes de assentamento ou desenvolvimento ou
de forma seqüencial, à medida que a terra vai ficando disponível no mercado. Isso, por sua vez,
possibilita que se fortaleçam modelos tradicionais de gerenciamento sustentável da terra ou que
se determine sua proteção, para conservação da biodiversidade ou de serviços ecológicos
fundamentais.
10.4. Diversas técnicas, estruturas e processos podem ser combinados entre si para
facilitar uma abordagem integrada. Eles são o sustentáculo indispensável para o processo de
planejamento e gerenciamento, tanto no plano nacional como local, no âmbito local ou do
ecossistema, e para o desenvolvimento de planos de ação específicos. Muitos de seus elementos
já estão disponíveis, mas será necessário generalizar sua aplicação, desenvolvê-los e reforçá-los.
Esta área de programas preocupa-se fundamentalmente com a construção de uma estrutura que
coordene a tomada de decisões; em decorrência, seu conteúdo e suas funções operacionais não
estão incluídos aqui, sendo examinados nos programas setoriais pertinentes da Agenda 21.
Objetivos
10.5. O objetivo global é facilitar a alocação de terra aos usos que proporcionem os
maiores benefícios sustentáveis e promover a transição para um gerenciamento sustentável e
integrado dos recursos terrestres. Ao fazê-lo, as questões ambientais, sociais e econômicas devem
ser tomadas em consideração. As áreas protegidas, o direito à propriedade privadas, os direitos
dos populações indígenas e de suas comunidades e os direitos de outras comunidades locais, bem
como o papel econômico da mulher na agricultura e no desenvolvimento rural, inter alia, devem
ser levados em conta. Em termos mais específicos, os objetivos são os seguintes:
(a) Analisar e desenvolver políticas de apoio ao melhor uso possível da terra e do
gerenciamento sustentável dos recursos terrestres, no mais tardar até 1996;
(b) Melhorar e fortalecer os sistemas de planejamento, gerenciamento e avaliação
da terra e dos recursos terrestres, no mais tardar até o ano 2000;
(c) Fortalecer instituições e coordenar mecanismos para a terra e os recursos
terrestres, no mais tardar até 1998;
(d) Criar mecanismos para facilitar a intervenção e a participação ativa de todos os
interessados, especialmente comunidades e populações locais, na tomada de decisões sobre o uso
e gerenciamento da terra, no mais tardar até 1996.
Atividades
formulação de políticas nos planos nacional, regional e local, levando em conta questões
ambientais, sociais, demográficas e econômicas;
(b) Desenvolver políticas que estimulem o uso sustentável da terra e o
gerenciamento sustentável dos recursos terrestres e levem em conta a base de recursos terrestres,
as questões demográficas e os interesses da população local;
(c) Analisar a estrutura regulamentadora, inclusive leis, regulamentos e medidas
de coerção, com o objetivo de identificar as melhorias necessárias para apoiar o uso sustentável
da terra e o gerenciamento sustentável dos recursos terrestres e limitar a transferência de terra
arável produtiva para outros usos;
(d) Aplicar instrumentos econômicos e desenvolver mecanismos e incentivos
institucionais para estimular o melhor uso possível da terra e o gerenciamento sustentável dos
recursos terrestres;
(e) Estimular o princípio da delegação da formulação de políticas ao nível mais
baixo de autoridade pública compatível com a adoção de medidas concretas e uma abordagem de
caráter local.
Tomada de consciência
(d) Apoiar sistemas de baixo custo, geridos pela comunidade, para a coleta de
informações comparáveis sobre a situação e os processos de mudança dos recursos terrestres,
inclusive de solos, cobertura florestal, fauna e flora silvestres, clima e outros elementos.
(c) Coordenação e cooperação internacionais e regionais
Meios de implementação
Capítulo 11
COMBATE AO DESFLORESTAMENTO
Áreas de programas
A. Manutenção dos múltiplos papéis e funções de todos os tipos de florestas, terras florestais
e regiões de mata
Objetivos
inclusive das áreas florestais, bem como de outras áreas das quais se possam extrair benefícios
florestais.
Atividades
Meios de implementação
contribuir eficazmente para o desenvolvimento dos recursos humanos. Entre eles, estão:
(a) Criação de programas universitários de graduação, pós-graduação, pesquisa e
especialização;
(b) Fortalecimento dos programas de treinamento pré-emprego, no emprego e de
extensão do emprego, tanto em nível técnico como profissional, inclusive treinamento de
instrutores e professores e o desenvolvimento de currículos e métodos e materiais de ensino;
(c) Treinamento especial para o pessoal das organizações nacionais ligadas à área
florestal em aspectos como formulação, análise e acompanhamento de projetos.
(d) Fortalecimento institucional
11.9. Esta área de programas está voltada especificamente para a fortalecimento
institucional e técnica na área florestal e todas as atividades de programas especificadas
contribuem para esse fim. Na construção de novas capacidades e fortalecimento das existentes
deve haver aproveitamento pleno dos sistemas existentes e da experiência adquirida.
11.10. As florestas do mundo inteiro foram e estão sendo ameaçadas pela degradação
descontrolada e a transformação para outros tipos de uso da terra, sob a influência das crescentes
necessidades humanas; da expansão agrícola; e do mau manejo daninho para o meio ambiente,
inclusive, por exemplo, falta de controle adequado dos incêndios florestais, ausência de medidas
de repressão à extração ilegal, exploração comercial não-sustentável da madeira, criação de gado
excessiva e ausência de regulamentação para o plantio de pastagens, efeitos daninhos dos
poluentes transportados pelo ar, incentivos econômicos e outras medidas tomadas por outros
setores da economia. Os impactos da perda e degradação das florestas aparecem sob a forma de
erosão do solo; perda da biodiversidade; dano aos habitats silvestres e degradação das áreas de
bacias; deterioração da qualidade da vida; e redução das opções de desenvolvimento.
11.11. A atual situação exige a adoção de medidas urgentes e coerentes para a
conservação e a manutenção dos recursos florestais. O plantio de superfícies verdes em áreas
adequadas, em todas as suas atividades componentes, é uma forma eficaz de aumentar a
consciência e a participação do público no que diz respeito à proteção e ao manejo dos recursos
florestais. A iniciativa deve incluir a consideração de vários modelos de uso e ocupação da terra e
as necessidades locais, e deve enumerar e esclarecer os objetivos específicos dos diferentes tipos
de atividades de plantio de áreas verdes.
Objetivos
Atividades
a adoção de medidas de apoio que garantam a utilização sustentável dos recursos biológicos e a
conservação da biodiversidade e dos habitats florestais tradicionais dos populações indígenas, dos
habitantes das florestas e das comunidades locais;
(c) Empreender e promover o manejo das áreas-tampão e de transição;
(d) Levar a cabo o replantio em áreas adequadas de montanha, terras altas, terras
despojadas, terras de cultivo degradadas, terras áridas e semi-áridas e zonas costeiras, para
combater a desertificação e evitar problemas de erosão, bem como para outras funções protetoras
e programas nacionais de reabilitação de terras degradadas, inclusive de silvicultura comunitária,
silvicultura social, agro-silvicultura e silvipastagem, levando em conta ao mesmo tempo o papel
das florestas enquanto reservatórios e sumidouros nacionais de carbono;
(e) Desenvolver florestas plantadas, industriais e não-industriais, com o objetivo
de apoiar e promover programas nacionais de florestamento e reflorestamento/regeneração
ecologicamente saudáveis em locais apropriados, inclusive aprimorar as florestas plantadas
existentes, de finalidades tanto industriais como não-industriais e comerciais, com o objetivo de
aumentar sua contribuição às necessidades humanas e diminuir a pressão sobre as florestas
primárias e de idade avançada. É preciso adotar medidas que promovam e ofereçam colheitas
intermediárias e melhorem a rentabilidade dos investimentos com florestas plantadas, por meio
do plantio intercalado e do plantio sob as árvores de espécies valiosas;
(f) Desenvolver/fortalecer um programa nacional e/ou mestre para florestas
plantadas encaradas como prioridade, indicando, inter alia, a localização, o alcance e as espécies,
e especificando onde, nas florestas plantadas existentes, estão sendo necessárias medidas de
reabilitação, levando em conta o aspecto econômico para o desenvolvimento de futuras florestas
plantadas e dando prioridade às espécies nativas;
(g) Aumentar a proteção das florestas contra poluentes, incêndios, pragas e
doenças, bem como contra outras interferências provocadas pelo homem, como extração ilegal,
extração de minérios, lavoura rotativa intensa, introdução não-controlada de espécies exóticas de
plantas e animais; além disso, desenvolver e acelerar pesquisas voltadas para uma melhor
compreensão dos problemas relacionados ao manejo e regeneração de todos os tipos de florestas;
ao fortalecimento e/ou estabelecimento de medidas apropriadas para avaliar e/ou controlar o
movimento inter-fronteiras de plantas e materiais conexos;
(h) Estimular o desenvolvimento da silvicultura urbana para proporcionar
vegetação aos estabelecimentos humanos urbanos, periurbanos e rurais com fins prazerosos,
recreativos e produtivos e para proteger árvores e bosques;
(i) Criar ou melhorar oportunidades de participação para todas as pessoas,
inclusive jovens, mulheres, populações indígenas e comunidades locais, na formulação,
desenvolvimento e implementação de programas e outras atividades relacionados à área florestal,
levando devidamente em conta as necessidades e valores culturais locais;
(j) Limitar e tencionar interromper a lavoura rotativa destruidora, atendendo às
suas causas sociais e ecológicas subjacentes;
(b) Dados e informações
11.14. As atividades relacionadas ao manejo devem incluir a coleta, compilação e análise
de informações e dados, inclusive a realização de levantamentos de referência. Algumas das
atividades específicas são as seguintes:
(a) Realização de levantamentos, desenvolvimento e implementação de planos de
uso da terra, para efetuar atividades adequadas de criação de cobertura vegetal, plantio,
florestamento, reflorestamento e reabilitação florestal;
(b) Consolidação e atualização do inventário florestal e de usos da terra e das
Agenda 21 - Global 114
Meios de implementação
dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar
para a implementação.
(b) Meios científicos e tecnológicos
11.17. A análise de dados, o planejamento, a pesquisa, o desenvolvimento/transferência
de tecnologia e/ou de atividades de treinamento fazem parte integrante das atividades do
programa, oferecendo as condições científicas e tecnológicas de implementação. As instituições
nacionais devem:
(a) Desenvolver estudos de viabilidade e planejamento operacional relacionados a
atividades florestais importantes;
(b) Desenvolver e aplicar tecnologias ambientalmente saudáveis, pertinentes para
as diversas atividades relacionadas;
(c) Intensificar as atividades relacionadas à melhoria genética e aplicação da
biotecnologia, à melhoria da produtividade e da tolerância à pressão ambiental, incluindo, por
exemplo, obtenção de novas variedades de árvore, tecnologia de sementes, redes de obtenção de
sementes, bancos de germoplasma, técnicas de proveta e conservação in situ e ex situ.
(c) Desenvolvimento dos recursos humanos
11.18. Entre os meios fundamentais para a implementação eficaz das atividades estão o
treinamento e o desenvolvimento da perícia apropriada, a construção de instalações e a existência
de condições favoráveis de trabalho e consciência e motivação por parte do público. As
atividades específicas incluem:
(a) Fornecimento de treinamento especializado em planejamento, manejo,
conservação ambiental, biotecnologia, etc;
(b) Estabelecimento de áreas de demonstração que sirvam de modelo e centros de
treinamento;
(c) Apoio às organizações locais, comunidades, organizações não-governamentais
e proprietários particulares de terras, em particular mulheres, jovens, agricultores e populações
indígenas/agricultores migrantes, por meio de atividades de extensão e oferta de insumos e
treinamento.
(d) Fortalecimento institucional
11.19. Os Governos nacionais, o setor privado, as organizações e comunidades locais e
populações indígenas, os sindicatos e as organizações não-governamentais devem desenvolver
capacidades, devidamente apoiadas pelas organizações internacionais competentes, para
implementar as atividades do programa. Essas capacidades devem ser desenvolvidas e
fortalecidas em conformidade com as atividades do programa. Entre as atividades de
fortalecimento institucional e técnica contam-se a criação de estruturas regulamentadoras e
jurídicas, a criação de instituições nacionais, o desenvolvimento de recursos humanos, o
desenvolvimento de pesquisa e tecnologia, o desenvolvimento de infra-estrutura, o aumento da
consciência pública, etc.
11.20. Ainda não foi plenamente entendido o vasto potencial de florestas e áreas
florestais enquanto recurso extremamente importante para o desenvolvimento. Um melhor
Agenda 21 - Global 116
manejo das florestas pode aumentar a produção de bens e serviços e, em especial, o rendimento
de produtos florestais, tanto madeireiros como não-madeireiros, o que contribuiria para gerar
mais empregos e rendas, para aumentar o valor das florestas, por meio da transformação e do
comércio de produtos florestais, para aumentar a contribuição no que diz respeito a ingressos de
divisas, e obter rendimento mais alto para os investimentos. Os recursos florestais, pelo fato de
serem renováveis, podem ser gerenciados de forma sustentável de maneira compatível com a
conservação do meio ambiente. As implicações da exploração dos recursos florestais para os
outros valores da floresta devem ser totalmente levadas em conta na formulação das políticas
florestais. Também é possível aumentar o valor das florestas por meio de usos não daninhos,
como o turismo ecológico e o fornecimento gerenciado de materiais genéticos. É preciso
empreender iniciativas concatenadas para aumentar a percepção que têm as pessoas do valor das
florestas e dos benefícios que elas proporcionam. A sobrevivência das florestas e sua contínua
contribuição ao bem-estar humano dependem, em grande medida, do êxito desse
empreendimento.
11.21. Os objetivos desta área de progamas são os seguintes:
(a) Aumentar o reconhecimento dos valores social, econômico e ecológico de
árvores, florestas e áreas florestais, inclusive das conseqüências dos prejuízos causados pela
ausência de florestas; promover o uso de metodologias que pretendam incluir os valores social,
econômico e ecológico de árvores, florestas e áreas florestais nos sistemas nacionais de
contabilidade econômica; garantir seu manejo sustentável de forma compatível com o uso da
terra, considerações ambientais e necessidades do desenvolvimento;
(b) Promover a utilização eficiente, racional e sustentável de todos os tipos de
florestas e vegetações, inclusive de outras terras conexas e de recursos oriundos da floresta, por
meio do desenvolvimento de indústrias eficientes de elaboração de produtos florestais,
transformação secundária com acréscimo de valor e comércio de produtos florestais, baseada em
recursos florestais gerenciados de forma sustentável e em conformidade com planos que incluam
o valor integral dos produtos florestais, madeireiros e não-madeireiros;
(c) Promover o uso mais eficiente e sustentável de florestas e árvores usadas como
combustível e fonte de energia;
(d) Promover maior abrangência no uso e nas contribuições econômicas das áreas
florestais, incluindo o turismo ecológico no manejo e planejamento florestais.
Atividades
Meios de implementação
níveis;
(b) A introdução e o fortalecimento de cursos de atualização, inclusive com bolsas
de estudo e viagens de estudo, para atualizar as diferentes especialidades e o conhecimento
técnico-científico na área da tecnologia e aumentar a produtividade;
(c) O fortalecimento da capacidade de pesquisa, planejamento, análise econômica,
acompanhamento e avaliação, para uma melhor utilização dos recursos florestais;
(d) A promoção de eficiência e da capacidade dos setores privado e cooperativo
por meio do oferecimento de serviços e incentivos.
(d) Fortalecimento institucional
11.28. A fortalecimento institucional e técnica, inclusive com o fortalecimento da
capacitação já existente, está implícita nas atividades do programa. A melhora da administração,
das políticas e planos, das instituições nacionais, dos recursos humanos, da capacidade científica
e de pesquisa, o desenvolvimento da tecnologia e as atividades de acompanhamento e avaliação
periódica são componentes importantes da fortalecimento institucional e técnica.
Objetivos
Atividades
Agenda 21 - Global 120
Meios de implementação
Capítulo 12
Introdução
ambientais;
(f) Estímulo e promoção da participação popular e da educação sobre a questão do
meio ambiente centradas no controle da desertificação e no manejo dos efeitos da seca.
Áreas de Programas
12.5. As avaliações realizadas no mundo inteiro em 1977, 1984 e 1991, por iniciativa do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), sobre a situação atual e o ritmo
da desertificação, revelaram uma base insuficiente de conhecimentos sobre os processos de
desertificação. Sistemas adequados de observação sistemática com abrangência mundial são úteis
para o desenvolvimento e implementação de programas eficazes de anti-desertificação. As
instituições internacionais, regionais e nacionais existentes, em especial nos países em
desenvolvimento, contam com uma capacidade limitada para gerar as informações pertinentes e
promover seu intercâmbio. Um sistema integrado e coordenado de observação sistemática e
informações, apoiado na tecnologia adequada e englobando os planos mundial, regional, nacional
e local, é essencial para a compreensão da dinâmica dos processos de seca e desertificação. Tal
sistema também é importante para o desenvolvimento de medidas adequadas para enfrentar a
desertificação e a seca e melhorar as condições sócio-econômicas.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Agenda 21 - Global 126
B. Combate à degradação do solo por meio, inter alia, da intensificação das atividades de
conservação do solo, florestamento e reflorestamento
12.15. A desertificação afeta cerca de 3,6 bilhões de hectares, o que representa cerca de
70 por cento da área total das terras secas do mundo ou aproximadamente um quarto da área
terrestre do mundo. No combate à desertificação em pastagens, áreas de cultivo irrigadas pela
chuva e áreas de cultivo irrigadas artificialmente, é preciso adotar medidas preventivas nas áreas
ainda não afetadas ou apenas levemente afetadas pela desertificação; medidas corretivas para
sustentar a produtividade de terras moderadamente desertificadas; e medidas regeneradoras para
recuperar terras secas seriamente ou muito seriamente desertificadas.
12.16. Uma cobertura vegetal em expansão haveria de promover e estabilizar o equilíbrio
Agenda 21 - Global 127
hidrológico nas áreas de terras secas e manter a qualidade e a produtividade do solo. A aplicação
de medidas preventivas nas terras não ainda degradadas e de medidas corretivas e de reabilitação
nas terras secas um pouco degradadas ou seriamente degradadas, inclusive em regiões afetadas
por movimentos de dunas de areia, por meio da introdução de sistemas de uso da terra saudáveis,
socialmente aceitáveis, justos e economicamente viáveis, haveria de fomentar a capacidade
produtiva da terra e a conservação dos recursos bióticos em ecossistemas frágeis.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Objetivos
Agenda 21 - Global 130
Atividades
Meios de implementação
sociais e recursos terrestres torna o problema ainda muito mais complexo, fazendo-se necessária
uma abordagem integrada do planejamento e do manejo dos recursos terrestres. Os planos de
ação voltados para o combate à desertificação e à seca devem incluir aspectos de manejo do meio
ambiente e do desenvolvimento, adotando assim a abordagem integrada dos planos nacionais de
desenvolvimento e dos planos nacionais de ação para o meio ambiente.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
12.55. A experiência adquirida até a presente data acerca dos êxitos e fracassos dos
programas e projetos aponta para a necessidade de apoio popular para as atividades relacionadas
ao controle da desertificação e da seca. É necessário, no entanto, ir além do ideal teórico da
participação popular para concentrar esforços na obtenção de um envolvimento popular concreto
e ativo, calcado no conceito de parceria. Isso implica a partilha de responsabilidades e o
envolvimento de todas as partes. Nesse contexto, esta área de programas deve ser considerada um
componente essencial de apoio para todas as atividades relacionadas ao controle da desertificação
e da seca.
Objetivos
da terra um papel responsável nos processos de planejamento e execução, com o objetivo de que
decorram plenos benefícios dos processos de desenvolvimento;
(c) Garantir que os parceiros compreendam as necessidades, objetivos e pontos de
vista recíprocos pondo a sua disposição uma série de meios, como treinamento, sensibilização da
opinião pública e diálogo aberto;
(d) Apoiar as comunidades locais em seus próprios esforços para combater a
desertificação, e valer-se dos conhecimentos e da experiência das populações atingidas,
garantindo participação plena para as mulheres e populações indígenas.
Atividades
Capítulo 13
Introdução
13.1. As montanhas são uma fonte importante de água, energia e diversidade biológica.
Além disso, fornecem recursos fundamentais -- como minérios, produtos florestais e produtos
agrícolas -- e são fonte de lazer. Enquanto importante ecossistema que representa a ecologia
complexa e inter-relacionada de nosso planeta, os ambientes montanhosos são essenciais para a
sobrevivência do ecossistema mundial. No entanto os ecossistemas das montanhas estão
passando por uma rápida mutação. Eles são vulneráveis à erosão acelerada do solo, deslizamentos
de terras e rápida perda da diversidade genética e de habitat. No que diz respeito ao homem,
verifica-se um estado generalizado de pobreza entre os habitantes das montanhas e a perda do
conhecimento autóctone. O resultado é que a maior parte das áreas montanhosas do mundo estão
experimentando degradação ambiental. Em decorrência, o gerenciamento adequado dos recursos
montanhescos e o desenvolvimento sócio-econômico das pessoas exigem ação imediata.
13.2. Cerca de 10 por cento da população do mundo depende dos recursos montanhescos.
Uma porcentagem muito maior utiliza outros recursos oferecidos pelas montanhas, inclusive -- e
principalmente -- água. As montanhas são um reservatório de diversidade biológica e espécies
ameaçadas de extinção.
13.3. Duas áreas de programas estão incluídas neste capítulo, com o objetivo de
aprofundar o exame da questão dos ecossistemas frágeis no que se refere a todas as montanhas do
mundo. Essas duas áreas de programas são as seguintes:
(a) Geração e fortalecimento dos conhecimentos relativos à ecologia e ao
desenvolvimento sustentável dos ecossistemas das montanhas;
(b) Promoção do desenvolvimento integrado das bacias hidrográficas e de meios
alternativos de subsistência.
Áreas de Programas
ecossistemas das montanhas. A criação de uma base de dados mundial sobre montanhas é,
portanto, fundamental para a implementação de programas que contribuam para o
desenvolvimento sustentável dos ecossistemas das montanhas.
Objetivos
Atividades
representativas.
(b) Dados e informações
13.7. Os governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e
regionais competentes, devem:
(a) Manter e estabelecer análises e capacidades de monitoramento nas áreas
meteorológica, hidrológica e física abarcando a diversidade climática e a distribuição hídrica das
diversas regiões montanhosas do mundo;
(b) Preparar um inventário das diferentes formas de solo, floresta, uso da água,
cultivo e recursos genéticos vegetais e animais, dando prioridade aos que estejam sob ameaça de
extinção. Os recursos genéticos devem ser protegidos in situ através da manutenção e criação de
áreas protegidas, do aperfeiçoamento das técnicas tradicionais de cultivo e criação de animais, e
da criação de programas de avaliação do valor potencial dos recursos;
(c) Identificar áreas nevrálgicas que se mostrem particularmente vulneráveis à
erosão, inundações, deslizamentos, terremotos, avalanches de neve e outros acidentes naturais;
(d) Identificar áreas montanhosas ameaçadas pela poluição atmosférica das áreas
industriais e urbanas próximas.
(c) Cooperação nos planos internacional e regional
13.8. Os governos nacionais e as organizações intergovernamentais devem:
(a) Coordenar a cooperação regional e internacional e facilitar um intercâmbio de
informações e experiências entre as agências especializadas, o Banco Mundial, o FIDA e outras
organizações internacionais e regionais, governos nacionais, instituições de pesquisa e
organizações não-governamentais voltados para o desenvolvimento das áreas montanhosas;
(b) Estimular a coordenação, nos planos regional, nacional e internacional, das
iniciativas populares e das atividades das organizações não-governamentais internacionais,
regionais e locais voltadas para o desenvolvimento das áreas montanhosas, como a Universidade
das Nações Unidas, o Woodland Mountain Institutes (WMI), o Centro Internacional para o
Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD), a International Mountain Society (IMS),
a Associação Africana para a Proteção das Montanhas e a Associação Andina para a Proteção das
Montanhas, bem como apoiar essas organizações no intercâmbio de informações e experiências;
(c) Proteger os Ecossistemas Montanhosos Frágeis através da consideração de
mecanismos adequados que incluam instrumentos jurídicos regionais e outros.
Meios de implementação
Objetivos
Agenda 21 - Global 143
Atividades
Meios de implementação
Capítulo 14
Introdução
14.1. No ano 2025, 83 por cento da população mundial prevista, de 8,5 bilhões de
habitantes, estarão vivendo nos países em desenvolvimento. Não obstante, a capacidade de que os
recursos e tecnologias disponíveis satisfaçam às exigências de alimentos e outros produtos
agrícolas dessa população em crescimento permanece incerta. A agricultura vê-se diante da
necessidade de fazer frente a esse desafio, principalmente aumentando a produção das terras
atualmente exploradas e evitando a exaustão ainda maior de terras que só marginalmente são
apropriadas para o cultivo.
14.2. Com o objetivo de criar condições que permitam o desenvolvimento rural e agrícola
sustentável, verifica-se a necessidade de efetuar importantes ajustes nas políticas para a
agricultura, o meio ambiente e a macroecnomia, tanto no nível nacional como internacional, nos
países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento. O principal objetivo do desenvolvimento
rural e agrícola sustentável é aumentar a produção de alimentos de forma sustentável e
incrementar a segurança alimentar. Isso envolverá iniciativas na área da educação, o uso de
incentivos econômicos e o desenvolvimento de tecnologias novas e apropriadas, dessa forma
assegurando uma oferta estável de alimentos nutricionalmente adequados, o acesso a essas ofertas
por parte dos grupos vulneráveis, paralelamente à produção para os mercados; emprego e geração
de renda para reduzir a probeza; e o manejo dos recursos naturais juntamente com a proteção do
meio ambiente.
14.3. Para assegurar o sustento de uma população em expansão é preciso dar prioridade à
manutenção e aperfeiçoamento da capacidade das terras agrícolas de maior potencial. No entanto
a conservação e a reabilitação dos recursos naturais das terras com menor potencial, com o
objetivo de manter uma razão homem/terra sustentável, também são necessárias. Os principais
instrumentos do desenvolvimento rural e agrícola sustentável são a reforma da política agrícola, a
reforma agrária, a participação, a diversificação dos rendimentos, a conservação da terra e um
melhor manejo dos insumos. O êxito do desenvolvimento rural e agrícola sustentável dependerá
em ampla medida do apoio e da participação das populações rurais, dos Governos nacionais, do
setor privado e da cooperação internacional, inclusive da cooperação técnica e científica.
14.4. Este capítulo inclui as seguintes áreas de programas:
(a) Revisão, planejamento e programação integrada da política agrícola, à luz do
aspecto multifuncional da agricultura, em especial no que diz respeito à segurança alimentar e ao
desenvolvimento sustentável;
(b) Obtenção da participação popular e promoção do desenvolvimento de recursos
humanos para a agricultura sustentável.
(c) Melhora da produção agrícola e dos sistemas de cultivo por meio da
diversificação do emprego agrícola e não- agrícola e do desenvolvimento da infra-estrutura;
(d) Utilização dos recursos terrestres: planejamento, informação e educação;
(e) Conservação e reabilitação da terra;
(f) Água para a produção sustentável de alimentos e o desenvolvimento rural
sustentável;
(g) Conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos vegetais para a
Agenda 21 - Global 147
Áreas de Programas
Objetivos
macroeconômicas pertinentes;
(b) Até 1998, manter e desenvolver, conforme apropriado, planos, programas e
medidas políticas operacionais multi-setoriais que incluam programas e medidas destinados a
melhorar a produção sustentável de alimentos e a segurança alimentar no quadro do
desenvolvimento sustentável;
(c) Até 2005, manter e melhorar a capacidade dos países em desenvolvimento --
particularmente dos menos desenvolvidos dentre eles -- a ocuparem-se eles próprios do manejo
de suas atividades de orientação política, programação e planejamento.
Atividades
Meios de implementação
14.16. Este componente faz uma ponte entre as políticas governamentais e o manejo
integrado dos recursos humanos. Quanto maior for o grau de controle da comunidade sobre os
recursos de que depende, maior será o estímulo ao desenvolvimento econômico e dos recursos
humanos. Ao mesmo tempo, os Governos nacionais têm que estabelecer instrumentos políticos
que conciliem os requisitos de longo e curto prazo. As abordagens têm a preocupação central de
proporcionar auto-confiança, fomentar a cooperação, oferecer informações e apoiar as
organizações baseadas nos usuários. A ênfase deve estar nas práticas de manejo, na elaboração de
acordos que modifiquem a forma de utilizar os recursos, nos direitos e deveres associados ao uso
da terra, da água e das florestas, no funcionamento dos mercados, nos preços, e no acesso à
informação, ao capital e aos insumos. Tudo isso exige treinamento e fortalecimento institucional
e técnica, para que a população possa assumir maiores responsabilidades nos esforços em prol do
desenvolvimento sustentável (2).
Objetivos
Atividades
Dados e informações
Meios de implementação
cerca de $650 milhões de dólares a serem providos pela comunidade internacional em termos
concessionais ou de doações. Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas, não
revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais,
dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar
para a implementação.
(b) Meios científicos e tecnológicos
14.22. Os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internaiconais e
regionais competentes, devem:
(a) Estimular a participação popular no desenvolvimento e transferência de
tecnologia agrícola, incorporando os conhecimentos e práticas ecológicos da população
autóctone:
(b) Empreender pesquisas aplicadas sobre metodologias participativas, estratégias
de manejo e organizações locais.
(c) Desenvolvimento de recursos humanos
14.23. Os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e
regionais competentes, devem oferecer treinamento gerencial e técnico a administradores
governamentais e membros de grupos utilizadores de recursos acerca dos princípios, práticas e
benefícios da participação popular no desenvolvimento rural.
(d) Fortalecimento institucional
14.24. Os Governos, no nível adequado, com o apoio das organizações internacionais e
regionais competentes, devem introduzir estratégias e mecanismos de manejo como serviços de
contabilidade e auditoria para as organizações rurais populares e as instituições voltadas para o
desenvolvimento de recursos humanos, e delegar às instâncias locais as responsabilidades
administrativas e financeiras ligadas a tomada de decisões, levantamento de fundos e gastos.
14.25. A agricultura precisa ser intensificada para atender à demanda futura de bens e
evitar uma expansão ainda maior para as terras marginais e a invasão dos ecossistemas frágeis. O
uso crescente de insumos externos e o desenvolvimento de sistemas especializados de produção e
cultivo tendem a tornar a agricultura ainda mais vulnerável às pressões ambientais e às oscilações
do mercado. Em decorrência, verifica-se a necessidade de intensificar a agricultura diversificando
os sistemas de produção, com vistas a obter um máximo de eficiência na utilização dos recursos
locais e, paralelamente, minimizar os riscos ambientais e econômicos. Quando for impossível
intensificar os sistemas de cultivo será preciso identificar e desenvolver outras oportunidades de
emprego -- tanto em atividades agrícolas como não-agrícolas --, por exemplo indústrias de fundo
de quintal, utilização da flora e da fauna silvestres, aqüicultura e piscicultura, atividades não-
agrícolas como pequena indústria com base nos povoados rurais, transformação de produtos
agrícolas, agroindústria, lazer e turismo, etc.
1. Algumas das questões desta área de programas estão apresentadas no capítulo 3 da
Agenda 21 ("Combate à pobreza").
2. Algumas das questões desta área de programas são discutidas no capítulo 8 da Agenda 21
("Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões") e no capítulo 37
("Mecanismos nacionais e cooperação internacional para fortalecimento institucional").
Agenda 21 - Global 153
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
causas da degradação e do esgotamento dos recursos terrestres. O uso atual da terra com
freqüência deixa de considerar as possibilidades, capacidades produtivas e limitações dos
recursos terrestres, bem como sua diversidade espacial. Segundo as estimativas, na virada do
século a população mundial, hoje de 5,4 bilhões de pessoas, somará 6,25 bilhões de pessoas. A
necessidade de aumentar a produção de alimentos para atender às necessidades crescentes da
população provocará uma pressão enorme sobre todos os recursos naturais, inclusive os
terrestres.
14.35. Em muitas regiões a pobreza e a desnutrição já são endêmicas. A destruição e a
degradação dos recursos agrícolas e ambientais é uma questão particularmente importante. Já
existem técnicas para aumentar a produção e conservar os recursos hídricos e terrestres, mas sua
aplicação não é ampla nem sistemática. É indispensável adotar-se uma abordagem sistemática
para identificar as utilizações da terra e os sistemas de produção sustentáveis em cada solo e em
cada região climática, juntamente com os mecanismos econômicos, sociais e institucionais
necessários para sua implementação (3).
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
populações;
(b) Criar ou fortalecer instituições governamentais e internacionais que respondam
pelo levantamento, manejo e desenvolvimento dos recursos agrícolas; racionalizar e fortalecer as
estruturas legais; e oferecer equipamento e assistência técnica.
14.44. A degradação da terra, que afeta extensas áreas tanto nos países desenvolvidos
como nos países em desenvolvimento, é o mais grave problema ambiental. O problema da erosão
do solo é particularmente agudo nos países em desenvolvimento, enquanto em todos os países
agravam-se os problemas de salinização, encharcamento, poluição do solo e perda da fertilidade
do solo. A degradação das terras é grave porque a produtividade de vastas regiões está em
declínio exatamente no momento em que se verifica um rápido aumento das populações e,
conseqüentemente, cresce a demanda para que o solo produza mais alimento, fibra e combustível.
Até a presente data, os esforços para controlar a degradação das terras, sobretudo nos países em
desenvolvimento, encontraram sucesso limitado. Verifica-se a necessidade de se criarem
programas nacionais e regionais de conservação e reabilitação das terras bem planejados, de
longo prazo, com forte apoio político e recursos financeiros adequados. Embora o planejamento
do uso das terras e seu zoneamento, associados a um melhor manejo das terras, devam oferecer
soluções de longo prazo para o problema da degradação das terras, urge interromper tal
degradação e dar início a programas de conservação e reabilitação nas regiões mais seriamente
afetadas e mais vulneráveis.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
14.53. Esta área de programas está incluída no capítulo 18 ("Proteção dos recursos de
água doce e de sua qualidade"), área de programas F.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Agenda 21 - Global 164
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
14.83. O esgotamento dos nutrientes dos vegetais é um sério problema que tem como
resultado a perda da fertilidade do solo, particularmente nos países em desenvolvimento. Para
manter a produtividade do solo, os programas de nutrição sustentável dos vegetais promovidos
pela FAO podem ser úteis. Hoje na África subsaariana verifica-se um gasto de nutrientes,
consideradas todas as fontes, três a quatro vezes maior que o total de insumos, com uma perda
líquida total estimada em cerca de 10 milhões de toneladas métricas por ano. Conseqüentemente,
mais terras marginais e ecossistemas naturais frágeis passam a ser utilizados na agricultura,
ampliando a degradação do solo e outros problemas ambientais. Uma abordagem integrada da
nutrição dos vegetais tem por meta assegurar um suprimento sustentável de nutrientes para os
vegetais, aumentando os rendimentos futuros sem danos para o meio ambiente e a produtividade
do solo.
14.84. Em muitos países em desenvolvimento verifica-se uma taxa de crescimento
populacional de mais de 3 por cento ao ano, com uma produção agrícola nacional aquém da
demanda de alimentos. Nesses países a meta deve ser aumentar a produção agrícola em pelo
menos 4 por cento ao ano, sem destruir a fertilidade do solo. Tal meta exigirá que se aumente a
produção agrícola nas áreas que apresentem alto potencial por meio da eficiência no uso dos
insumos. Mão-de-obra qualificada, suprimento de energia, ferramentas e tecnologias adaptadas,
nutrientes para os vegetais e enriquecimento do solo -- tudo isso será essencial.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
(a)
14.89. O Secretariado da Conferência estimou o custo total anual médio (1993-2000) da
implementação das atividades deste programa em cerca de $3,2 bilhões de dólares, inclusive
cerca de $475 milhões de dólares a serem providos pela comunidade internacional em termos
concessionais ou de doações. Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas, não
revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais,
dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar
para a implementação.
Objetivos
Atividades
(a) Promover planos e projetos piloto voltados para a energia elétrica, mecânica e
térmica (gaseificadores, biomassa, secadores solares, bombas eólicas e sistemas de combustão)
que sejam adequados e que pareçam propícios a uma manutenção adequada;
(b) Iniciar e promover programas de energia rural apoiados por treinamento
técnico, serviços bancários e infra-estrutura correlata;
(c) Intensificar a pesquisa e o desenvolvimento, a diversificação e a conservação
da energia, levando em conta a necessidade de que se faça um uso eficiente dessa energia e de
que se adote uma tecnologia ambientalmente saudável.
(b) Dados e informações
14.96. Os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e
regionais competentes, devem:
(a) Coletar e difundir dados sobre o suprimento energético rural e os padrões de
demanda relacionados às necessidades energéticas das famílias, da agricultura e da agro-
indústria;
(b) Analisar os dados setoriais sobre energia e produção para identificar as
exigências energéticas rurais.
(c) Cooperação e coordenação nos planos internacional e regional
14.97. As agências das Nações Unidas e as organizações regionais competentes devem,
apoiadas na experiência e nas informações providas pelas organizações não-governamentais
atuantes na área, estabelecer intercâmbio de experiências nacionais e regionais acerca de
metodolgias de planejamento para a energia da zona rural, com o objetivo de promover um
planejamento eficiente e selecionar tecnologias que apresentem um bom coeficiente custo-
benefício.
Meios de implementação
Objetivo
Atividades
14.104. Nas regiões afetadas, os Governos, no nível apropriado, com o apoio das
organizações internacionais e regionais competentes, devem adotar as medidas necessárias, por
meio da cooperação institucional, para facilitar a implementação das pesquisas e avaliações
relativas aos efeitos do aumento da radiação ultravioleta sobre a vida vegetal e animal, bem como
sobre as atividades agrícolas, e estudar a possibilidade de adotar as medidas corretivas
apropriadas.
Capítulo 15
Introdução
Área de Programas
15.3. A despeito dos esforços crescentes envidados ao longo dos últimos 20 anos, a perda
da diversidade biológica no mundo -- decorrente sobretudo da destruição de habitats, da colheita
excessiva, da poluição e da introdução inadequada de plantas e animais exógenos -- prosseguiu.
Os recursos biológicos constituem um capital com grande potencial de produção de benefícios
sustentáveis. Urge que se adotem medidas decisivas para conservar e manter os genes, as
espécies e os ecossistemas, com vistas ao manejo e uso sustentável dos recursos biológicos. A
capacidade de aferir, estudar e observar sistematicamente e avaliar a diversidade biológica
precisa ser reforçada no plano nacional e no plano internacional. É preciso que se adotem ações
nacionais eficazes e que se estabeleça a cooperação internacional para a proteção in situ dos
ecossistemas, para a conservação ex situ dos recursos biológicos e genéticos e para a melhoria
das funções dos ecossistemas. A participação e o apoio das comunidades locais são elementos
essenciais para o sucesso de tal abordagem. Os progressos realizados recentemente no campo da
biotecnologia apontam o provável potencial do material genético contido nas plantas, nos animais
e nos micro-organismos para a agricultura, a saúde, o bem-estar e para fins ambientais. Ao
mesmo tempo, é particularmente importante nesse contexto sublinhar que os Estados têm o
direito soberano de explorar seus próprios recursos biológicos de acordo com suas políticas
ambientais, bem como a responsabilidade de conservar sua diversidade biológica, de usar seus
recursos biológicos de forma sustentável e de assegurar que as atividades empreendidas no
âmbito de sua jurisdição ou controle não causem dano a diversidade biológica de outros Estados
ou de áreas além dos limites de jurisdição nacional.
Agenda 21 - Global 174
Objetivos
15.4. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos orgãos das Nações Unidas
e das organizações regionais, intergovernamentais e não-governamentais competentes, o setor
privado e as instituições financeiras, e levando em consideração as populações indígenas e suas
comunidades, bem como fatores sociais e econômicos, devem:
(a) Pressionar para a pronta entrada em vigor da Convenção sobre Diversidade
Biológica, com a mais ampla participação possível;
(b) Desenvolver estratégias nacionais para a conservação da diversidade biológica
e o uso sustentável dos recursos biológicos;
(c) Integrar estratégias para a conservação da diversidade biológica e o uso
sustentável dos recursos biológicos às estratégias e/ou planos nacionais de desenvolvimento;
(d) Adotar as medidas apropriadas para a repartição justa e eqüitativa dos
benefícios advindos da pesquisa e desenvolvimento, bem como do uso dos recursos biológicos e
genéticos, inclusive da biotecnologia, entre as fontes desses recursos e aqueles que os utilizam;
(e) Empreender estudos de país, conforme apropriado, sobre a conservação da
diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos biológicos, inclusive com análises dos
custos e benefícios relevantes, com especial referência aos aspectos sócio-econômicos;
(f) Produzir regularmente relatórios mundiais atualizados sobre a diversidade
biológica com base em levantamentos nacionais
(g) Reconhecer e fomentar os métodos tradicionais e os conhecimentos das
populações indígenas e suas comunidades, enfatizando o papel específico das mulheres,
relevantes para a conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos
biológicos, e assegurar a esses grupos oportunidade de participação nos benefícios econômicos e
comerciais decorrentes do uso desses métodos e conhecimentos tradicionais(1);
(h) Implementar mecanismos para a melhoria, geração, desenvolvimento e uso
sustentável da biotecnologia e para sua transferência segura, especialmente para os países em
desenvolvimento, levando em conta a contribuição potencial da biotecnologia para a conservação
da diversidade biológica e para o uso sustentável dos recursos biológicos(2);
(i) Promover uma cooperação internacional e regional mais ampla para aprofundar
a compreensão científica e econômica da importância da diversidade biológica e sua função nos
ecossistemas;
(j) Estabelecer medidas e dispositivos para implementar os direitos dos países de
origem dos recursos genéticos ou dos países provedores dos recursos genéticos, tal como
definidos na Convenção sobre Diversidade Biológica, especialmente os países em
desenvolvimento, de beneficiarem-se do desenvolvimento biotecnológico e da utilização
comercial dos produtos derivados de tais recursos.(2 e 3)
Atividades
Meios de implementação
à conservação a longo prazo dos recursos genéticos que apresentem importância para a pesquisa e
o desenvolvimento.
(c) Desenvolvimento de recursos humanos
15.10. É necessário, quando apropriado:
(a) Aumentar o número e/ou fazer um uso mais eficiente do pessoal capacitado nas
áreas científicas e tecnológicas relevantes para a conservação da diversidade biológica e o uso
sustentável dos recursos biológicos;
(b) Manter ou criar programas de ensino científico e técnico e de treinamento de
gerenciadores e profissionais, especialmente nos países em desenvolvimento, voltados para
medidas de identificação e conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos
biológicos;
(c) Promover e estimular uma melhor compreensão da importância das medidas
necessárias para a conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos
biológicos em todos os planos governamentais de tomada de decisão e definição de políticas,
bem como nas empresas e instituições de crédito, e promover e estimular a inclusão desses
tópicos nos programas educacionais.
(d) Capacitação
15.11. É necessário, quando apropriado:
(a) Fortalecer as instituições responsáveis pela conservação da diversidade
biológica atualmente existentes e/ou criar novas, e considerar o estabelecimento de mecanismos
como institutos ou centros nacionais de diversidade biológica;
(b) Continuar a aumentar a capacidade de conservação da diversidade biológica e
uso sustentável dos recursos biológicos em todos os setores relevantes;
(c) Aumentar, especialmente nos Governos, empresas e agências bilaterais e
multilaterais de desenvolvimento, a capacidade de integrar as preocupações ligadas a diversidade
biológica, seus benefícios potenciais e o cálculo do custo de oportunidade nos processos de
concepção, implementação e avaliação dos projetos, bem como de avaliar o impacto sobre a
diversidade biológica de projetos de desenvolvimento em consideração;
(d) Aumentar, no nível apropriado, a capacidade das instituições governamentais e
privadas responsáveis pelo planejamento e manejo das áreas protegidas, de empreender a
coordenação e o planejamento intersetorial com outras instituições governamentais, organizações
não-governamentais e, quando apropriado, com os populações indígenas e suas comunidades.
11 ("Combate ao desflorestamento").
6. Ver capítulo 26 («Reconhecimento e fortalecimento do papel das populações indígenas e
suas comunidades») e Capítulo 24 («Ação global pela mulher, com vistas a um desenvolvimento
sustentável e eqüitativo).
7. Ver capítulo 40 (" Informação para a tomada de decisões").
8. Ver capítulo 34 ("Transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e
fortalecimento institucional").
Agenda 21 - Global 180
Capítulo 16
Introdução
Áreas de Programas
Objetivos
Atividades
dos riscos;
(d) Aceleração da aquisição, transferência e adaptação de tecnologia pelos países
em desenvolvimento para apoio às atividades nacionais que promovem a segurança alimentar.
(c) Cooperação e coordenação internacional e regional
16.7. Os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e
regionais competentes, devem promover as seguintes atividades, em conformidade com os
acordos ou arranjos internacionais sobre diversidade biológica, conforme apropriado:
(a) Cooperação em questões relacionadas à conservação, acesso e intercâmbio de
germoplasma; aos direitos associados à propriedade intelectual e às inovações informais,
inclusive os direitos dos agricultores e criadores; ao acesso aos benefícios da biotecnologia e da
bio-segurança;
(b) Promoção de programas de pesquisa em regime de colaboração, especialmente
nos países em desenvolvimento, para apoiar as atividades delineadas nesta área de programas,
com particular referência à cooperação com as populações locais e os populações indígenas e
suas comunidades para a conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos
biológicos, bem como para o fomento aos métodos e conhecimentos tradicionais desses grupos
em relação a essas atividades;
(c) Aceleração da aquisição, transferência e adaptação de tecnologia pelos países
em desenvolvimento para apoiar as atividades nacionais que promovam a segurança alimentar,
por meio do desenvolvimento de sistemas voltados para o aumento substancial e sustentável da
produtividade que não tragam danos ou perigos para os ecossistemas locais(4);
(d) Desenvolvimento de procedimentos adequados de segurança baseados na área
de programa D, levando em conta considerações éticas.
Meios de implementação
cientistas, pessoal de extensão e usuários e a seu treinamento, para produzir sistemas integrados.
Adicionalmente, especial consideração deve ser atribuída à execução de programas de
treinamento e intercâmbio de conhecimentos sobre as biotecnologias tradicionais e de
treinamento em procedimentos de segurança.
(d) Fortalecimento Institucional
16.10. Será necessário adotar medidas que elevem o nível das instituições ou outras
medidas adequadas para reforçar as capacidades nacionais nos planos técnico, de manejo, de
planejamento e de administração, com vistas a apoiar as atividades nesta área de programa. Tais
medidas devem contar com o apoio internacional, científico, técnico e financeiro adequado para
facilitar a cooperação técnica e aumentar as capacidades dos países em desenvolvimento. A área
de programa E contém maiores detalhes.
Objetivos
16.12. O principal objetivo desta área de programas é contribuir, por meio da aplicação
ambientalmente saudável da biotecnologia, para um programa geral de saúde, para(5):
(a) Reforçar ou criar (em caráter de urgência) programas que ajudem a combater
as principais moléstias contagiosas;
(b) Promover a boa saúde geral das pessoas de todas as idades;
(c) Desenvolver e melhorar programas que contribuam para o tratamento
específico das principais moléstias não-contagiosas e para sua prevenção;
(d) Desenvolver e reforçar medidas de segurança adequadas baseadas na área de
programas D, levando em conta considerações éticas;
(e) Criar capacidades melhores para o desenvolvimento de pesquisas básicas e
aplicadas e para o manejo da pesquisa interdisciplinar.
Atividades
as populações do mundo que mais necessitem melhorias no que diz respeito à saúde geral e à
proteção das enfermidades;
(b) Desenvolver critérios de avaliação da eficácia e dos benefícios e riscos das
atividades propostas;
(c) Estabelecer e fazer cumprir procedimentos de seleção, amostragem sistemática
e avaliação dos medicamentos e tecnologias médicas, com vistas a proibir o uso dos que não
sejam seguros para fins de experimentação; assegurar que os medicamentos e tecnologias
relacionados à saúde reprodutiva sejam seguros e eficazes e levem em conta considerações éticas;
(d) Melhorar, realizar amostragens sistemáticas e avaliar a qualidade da água
potável por meio da introdução de medidas específicas adequadas, inclusive de diagnóstico dos
agentes patogênicos e poluentes transmitidos pela água;
(e) Desenvolver e tornar amplamente disponíveis vacinas novas e aperfeiçoadas,
eficientes e seguras, contra as principais moléstias transmissíveis; essas vacinas devem oferecer
proteção com um número mínimo de doses; inclusive, intensificar os esforços voltados para
desenvolver as vacinas necessárias para o combate às moléstias infantis mais comuns;
(f) Desenvolver sistemas biodegradáveis de aplicação de vacinas que eliminem a
necessidade dos atuais programas de doses múltiplas, facilitem uma melhor cobertura da
população e reduzam os custos da imunização;
(g) Desenvolver agentes eficazes de controle biológico contra os vetores
transmissores de doenças, como mosquitos e mutantes resistentes, levando em conta
considerações de proteção ambiental;
(h) Utilizando os instrumentos oferecidos pela moderna biotecnologia,
desenvolver, inter alia, diagnósticos aperfeiçoados, novos medicamentos e melhores tratamentos
e sistemas de aplicação;
(i) Desenvolver o melhoramento e a utilização mais eficaz das plantas medicinais
e outras fontes correlatas;
(j) Desenvolver processos que aumentar a disponibilidade de materiais derivados
da biotecnologia, para uso na melhoria da saúde humana.
(b) Dados e informações
16.14. As seguintes atividades devem ser empreendidas:
(a) Pesquisas que analisem comparativamente os custos e benefícios sociais,
ambientais e financeiros das diferentes tecnologias para o atendimento da saúde básica e da saúde
reprodutiva, dentro de um quadro da segurança universal e de considerações éticas;
(b) Desenvolvimento de programas de educação pública dirigidos para as pessoas
em posição de adotar decisões e o público em geral, com vistas a estimular a percepção e a
compreensão dos benefícios e riscos relativos da moderna biotecnologia, em conformidade com
considerações éticas e culturais.
(c) Cooperação e coordenação internacional e regional
16.15. Os Governos, nos níveis apropriados, com o apoio das organizações internacionais
e regionais competentes, devem:
(a) Elaborar e fortalecer procedimentos adequados de segurança com base na área
de programas D, levando em conta considerações éticas;
(b) Apoiar o desenvolvimento de programas nacionais, especialmente nos países
em desenvolvimento, para melhorar a saúde geral, especialmente da proteção contra a principais
moléstias contagiosas, as doenças infantis mais comuns e os agentes de contágio das moléstias
contagiosas.
1. Ver capítulo 15 (Conservação da Diversidade Biológica).
Agenda 21 - Global 186
Meios de implementação
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Objetivos
princípios a serem aplicados na avaliação dos riscos e em seu manejo, com especial referência às
considerações relativas a saúde e meio ambiente, inclusive com a maior participação possível do
público e levando em conta considerações éticas.
Atividades
16.31. As atividades propostas para esta área de programa exigem uma estreita
cooperação internacional. Elas devem partir das atividades já existentes ou planejadas que visem
acelerar a aplicação ambientalmente saudável da biotecnologia, especialmente nos países em
desenvolvimento.
(a) Atividades relacionadas a manejo
16.32. Os Governos, nos níveis apropriados e com o apoio de organizações internacionais
e regionais competentes, do setor privado, de organizações não-governamentais e de instituições
acadêmicas e científicas, devem:
(a) Tornar disponíveis de forma ampla os procedimentos de segurança atualmente
existentes; para tanto, coletar as informações existentes e adaptá-las às necessidades específicas
dos diferentes países e regiões;
(b) Desenvolver mais profundamente, quando necessário, os procedimentos de
segurança existentes, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a categorização científica
nas áreas de análise dos riscos e manejo dos riscos (necessidades de informação; bancos de
dados; procedimentos para avaliação dos riscos e das condições de aplicação; estabelecimento de
condições de segurança; monitoramento e inspeções; levando em conta as iniciativas nacionais,
regionais e internacionais em curso, evitando, sempre que possível, a duplicação);
(c) Compilar, atualizar e desenvolver procedimentos de segurança compatíveis,
em um quadro de princípios internacionalmente acordados como base para diretrizes a serem
aplicadas à segurança em biotecnologia, inclusive com a consideração da necessidade e
viabilidade de um acordo internacional, e promover o intercâmbio de informação como base para
um maior desenvolvimento, apoiando-se no trabalho já realizado por organismos internacionais
ou outros organismos especializados;
(d) Empreender programas de treinamento nos planos nacional e regional sobre a
aplicação das diretrizes técnicas propostas;
(e) Prestar assistência no intercâmbio de informações sobre os procedimentos
necessários para a manipulação segura e o manejo dos riscos, bem como sobre as condições de
aplicação dos produtos da biotecnologia, e cooperar na provisão de assistência imediata em caso
de emergências que possam surgir em conjunção com o uso de produtos da biotecnologia.
(b) Dados e informações *
* Ver parágrafos 16.32 e 16.33.
16.33. Os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e
regionais competentes, devem promover a sensibilização do público acerca dos benefícios e
riscos relativos da biotecnologia.
16.34. As atividades posteriores devem incluir as seguintes (ver também parágrafo 16.32):
(a) Organização de uma ou mais reuniões regionais entre países para identificar os
passos práticos adicionais para facilitar a cooperação internacional em bio-segurança;
(b) Estabelecer uma rede internacional que incorpore pontos de contato nacionais,
regionais e globais;
(c) Oferecer assistência direta, quando solicitado, por meio da rede internacional,
utilizando redes de informação, bancos de dados e procedimentos de informação;
Agenda 21 - Global 191
Meios de implementação
questões delineadas nas áreas de programas A, B, C e D, bem como do assessoramento aos países
individualmente acerca do desenvolvimento de diretrizes e sistemas nacionais para a
implementação daquelas diretrizes. No entanto essas atividades são geralmente descoordenadas,
envolvendo muitas e diferentes organizações, prioridades, jurisdições, organogramas, fontes de
financiamento e limitações de recursos. Há necessidade de uma abordagem mais coerente e
coordenada para que os recursos disponíveis sejam utilizados do modo mais eficaz. Como ocorre
com quase todas as novas tecnologias, a pesquisa em biotecnologia e a aplicação de seus
resultados podem ter impactos sócio-econômicos e culturais significativos, tanto positivos quanto
negativos. Esses impactos devem ser cuidadosamente identificados nas fases mais iniciais do
desenvolvimento da biotecnologia para possibilitar um manejo adequado das conseqüências da
transferência de biotecnologia.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
16.44. Será preciso organizar, nos planos regional e global, cursos práticos, simpósios,
seminários e outras formas de intercâmbio entre a comunidade científica; para concretizar-se,
esse intercâmbio deverá versar sobre temas prioritários específicos e fazer uso pleno das
competências científicas e tecnológicas de cada país.
(c) Desenvolvimento de recursos humanos
16.45. Será preciso identificar as necessidades de formação de pessoal e criar programas
adicionais de treinamento nos planos nacional, regional e global, especialmente nos países em
desenvolvimento. Tais programas deverão ser apoiados por um acréscimo do treinamento em
todos os níveis -- graduação, pós-graduação e pós-doutoramento --, bem como pelo treinamento
de técnicos e pessoal de apoio, com especial referência à geração de força de trabalho
especializada em serviços de consultoria, projetos, engenharia e pesquisa de mercado. Também
será necessário elaborar programas de treinamento para os docentes encarregados de formar
cientistas e tecnólogos nas instituições de pesquisa avançada nos diferentes países do mundo
todo; ao mesmo tempo, será preciso instituir sistemas que concedam as compensações, os
incentivos e o reconhecimento devidos a cientistas e tecnólogos (ver par. 16.44 acima). Nos
países em desenvolvimento será preciso melhorar as condições de trabalho no plano nacional,
com vistas a estimular a força de trabalho especializada local e promover sua permanência no
país. A sociedade deve ser informada dos impactos sociais e culturais do desenvolvimento e da
aplicação de biotecnologia.
(d) Fortalecimento Institucional
16.46. Em muitos países, pesquisa e desenvolvimento em biotecnologia são empreendidos
tanto dentro de codições altamente sofisticadas quanto no plano prático. Serão necessários
esforços para assegurar que as condições de infra-estrutura necessárias para as atividades de
pesquisa, extensão e tecnologia estejam disponíveis de modo descentralizado. A cooperação
global e regional para a realização de pesquisa e desenvolvimento básicos e aplicados também
deverá ser reforçada e todos os esforços feitos para garantir que as instalações nacionais e
regionais existentes sejam plenamente utilizadas. Tais instituições já existem em alguns países;
deve ser possível utilizá-las para fins de treinamento e de projetos conjuntos de pesquisa. Será
necessário fortalecer e estabelecer universidades, escolas técnicas e instituições locais de
pesquisa para o desenvolvimento de biotecnologias e serviços de extensão para sua aplicação,
especialmente nos países em desenvolvimento.
Capítulo 17
Introdução
17.1. O meio ambiente marinho -- inclusive os oceanos e todos os mares, bem como as
zonas costeiras adjacentes -- forma um todo integrado que é um componente essencial do sistema
que possibilita a existência de vida sobre a Terra, além de ser uma riqueza que oferece
possibilidades para um desenvolvimento sustentável. O direito internacional, tal como este
refletido nas disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar(1 e 2)
mencionadas no presente capítulo da Agenda 21, estabelece os direitos e as obrigações dos
Estados e oferece a base internacional sobre a qual devem apoiar-se as atividades voltadas para a
proteção e o desenvolvimento sustentável do meio ambiente marinho e costeiro, bem como seus
recursos. Isso exige novas abordagens de gerenciamento e desenvolvimento marinho e costeiro
nos planos nacional, sub-regional, regional e mundial -- abordagens integradas do ponto de vista
do conteúdo e que ao mesmo tempo se caracterizem pela precaução e pela antecipação, como
demonstram as seguintes áreas de programas(3)
(a) Gerenciamento integrado e desenvolvimento sustentável das zonas costeiras,
inclusive zonas econômicas exclusivas;
(b) Proteção do meio ambiente marinho;
(c) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto mar;
(d) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos sob jurisdição
nacional;
(e) Análise das incertezas críticas para o manejo do meio ambiente marinho e a
mudança do clima;
(f) Fortalecimento da cooperação e da coordenação no plano internacional,
inclusive regional;
(g) Desenvolvimento sustentável das pequenas ilhas.
17.2. A implementação, pelos países em desenvolvimento, das atividades enumeradas
abaixo, deve coadunar-se às respectivas capacidades individuais, tanto tecnológicas como
financeiras, bem como a suas prioridades na alocação de recursos para as exigências do
desenvolvimento, dependendo, em última análise, da transferência de tecnologia e dos recursos
financeiros necessários que lhes venham a ser oferecidos.
Áreas de Programas
Mais de metade da população mundial vive num raio de 60 quilômetros do litoral e esse total
pode elevar-se a 75 por cento até o ano 2000. Muitos dentre os pobres do mundo vivem
aglomerados nas zonas costeiras. Os recursos costeiros são vitais para muitas comunidades locais
e populações indígenas. A zona econômica exclusiva também é uma importante área marinha,
onde os Estados gerenciam o desenvolvimento e a conservação dos recursos naturais em
benefício de seus populações. Em se tratando de pequenos Estados ou países insulares, essas são
as regiões que melhor se prestam às atividades ligadas ao desenvolvimento.
17.4. A despeito dos esforços nacionais, sub-regionais, regionais e mundiais, verifica-se
que as maneiras como atualmente se aborda o gerenciamento dos recursos marinhos e costeiros
nem sempre foi capaz de atingir o desenvolvimento sustentável; e os recursos costeiros, bem
como o meio ambiente costeiro, vêm sofrendo um processo acelerado de degradação e erosão em
muitos lugares do mundo.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
17.18. A degradação do meio ambiente marinho pode resultar de uma ampla gama de
fontes. As fontes de origem terrestre contribuem com 70 por cento da poluição marinha e as
atividades de transporte marítimo e descarga no mar comparecem com 10 por cento cada uma. Os
poluentes que apresentam maior ameaça para o meio ambiente marinho são, em grau variável de
importância e dependendo das diferentes situações nacionais ou regionais: esgotos, nutrientes,
compostos orgânicos sintéticos, sedimentos, lixo e plásticos, metais, radionuclídeos,
petróleo/hidrocarbonetos e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Muitas das substâncias
poluidoras provenientes de fontes terrestres representam problemas particulares para o meio
ambiente marinho, visto que apresentam ao mesmo tempo toxicidade, persistência e
bioacumulação na cadeia alimentar. Atualmente não existe plano algum de caráter mundial
voltado para os problemas da poluição marinha de origem terrestre.
17.19. A degradação do meio ambiente marinho também pode decorrer de um amplo
espectro de atividades em terra. Os estabelecimentos humanos, o uso da terra, a construção de
infra-estrutura costeira, a agricultura, a silvicultura, o desenvolvimento urbano, o turismo e a
indústria podem afetar o meio ambiente marinho. Preocupam, particularmente, a erosão e a
presença de silte nas zonas costeiras.
17.20. A poluição marinha também é provocada pelo transporte e pelas atividades
Agenda 21 - Global 201
marítimas. Cerca de 600 mil toneladas de petróleo são despejadas no mar anualmente em
decorrência de operações normais de transporte marítimo, acidentes e descargas ilegais. No que
diz respeito às atividades de extração de petróleo e gás ao alto mar, atualmente há normas
internacionais relativas às descargas próximas às maquinarias e examinaram-se seis convenções
regionais para a fiscalização das descargas das plataformas. A natureza e a extensão dos impactos
sobre o meio ambiente decorrentes das atividades de exploração e produção de petróleo ao alto
mar representam, geralmente, uma proporção muito pequena da poluição marinha.
17.21. Para impedir a degradação do meio ambiente marinho é preciso adotar uma
abordagem de precaução e antecipação, mais que de reação. Para tanto é necessário, inter alia,
adotar medidas de precaução, avaliações dos impactos ambientais, tecnologias limpas,
reciclagem, controle e redução dos esgotos, construção e/ou melhoria das centrais de tratamento
de esgotos, critérios qualitativos de gerenciamento para o manejo adequado das substâncias
perigosas e uma abordagem abrangente dos impactos nocivos procedentes do ar, da terra e da
água. Seja qual for a estrutura de gerenciamento adotada, ela deverá incluir a melhoria dos
estabelecimentos humanos costeiros e o gerenciamento e desenvolvimento integrados das zonas
costeiras.
Objetivos
Atividades
terrestres
17.24. Ao cumprir seu compromisso de fazer frente à degradação do meio ambiente
marinho por atividades terrestres, os Estados devem empreender atividades de caráter nacional e,
conforme apropriado, de caráter regional e sub-regional, compatibilizando-as às medidas
destinadas a implementar a área de programas A, e levar em conta as Diretrizes de Montreal para
a Proteção do Meio Ambiente Marinho por Fontes Terrestres.
17.25. Para tal fim, os Estados, com o apoio das organizações internacionais ambientais,
científicas, técnicas e financeiras relevantes, devem cooperar, inter alia, para:
(a) Examinar a possibilidade de atualizar, fortalecer e ampliar as Diretrizes de
Montreal, conforme apropriado;
(b) Avaliar a eficácia dos acordos e planos de ação regionais vigentes, conforme
apropriado, com vistas a identificar maneiras de fortalecer, se necessário, as medidas destinadas a
impedir, reduzir e controlar a degradação marinha provocada por atividades terrestres;
(c) Iniciar e promover o desenvolvimento de novos acordos regionais, conforme
apropriado;
(d) Desenvolver meios para proporcionar orientação sobre as tecnologias de
combate aos principais tipos de poluição do meio ambiente marinho por fontes terrestres, de
acordo com as informações científicas mais confiáveis;
(e) Desenvolver políticas de orientação para os mecanismos mundiais de
financiamento relevantes;
(f) Identificar os passos adicionais que exijam cooperação internacional.
17.26. O Conselho Administrativo do PNUMA está convidado a convocar, tão logo
possível, uma reunião intergovernamental sobre a proteção do meio ambiente marinho da
poluição decorrente de atividades terrestres.
1. As referências à Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar presentes neste
capítulo da Agenda 21 não prejudicam a posição de qualquer Estado com respeito à assinatura,
ratificação ou adesão à referida Convenção.
2. As referências à Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar presentes neste
capítulo da Agenda 21 não prejudicam a posição dos Estados que consideram que a Convenção
constitui um todo unificado.
3. Nada do que se afirma nas áreas de programas do presente capítulo deve ser interpretado
em prejuízo dos direitos dos Estados envolvidos em alguma disputa de soberania ou na
delimitação das áreas marítimas consideradas.
17.27. No que diz respeito ao esgoto, as medidas prioritárias a serem examinadas pelos
Estados podem incluir:
(a) A inclusão do problema dos esgotos quando da formulação ou revisão dos
planos de desenvolvimento costeiro, inclusive dos planos relativos aos estabelecimentos
humanos;
(b) Construir e manter centrais de tratamento de esgotos que estejam de acordo
com as políticas e a capacidade nacionais e com a cooperação internacional disponível;
(c) Distribuir os pontos de saída de esgotos de forma a manter um nível aceitável
de qualidade ambiental e evitar a exposição de criadouros de mariscos, tomadas de água e áreas
de banho aos agentes patogênicos;
(d) Promover tratamentos complementares ambientalmente saudáveis dos
efluentes domésticos e industriais compatíveis, mediante a utilização, sempre que possível, de
controles da entrada de efluentes incompatíveis com o sistema;
(e) Promover o tratamento primário dos esgotos municipais descarregados em
Agenda 21 - Global 203
lixo dos navios, especialmente nas áreas especiais da MARPOL e promover o estabelecimento de
instalações em menor escala nas marinas e portos de pesca;
17.31. A OMI e, se for o caso, outras organizações competentes das Nações Unidas,
conforme apropriado, a pedido dos Estados envolvidos, devem avaliar, quando for o caso, as
condições de poluição marinha nas áreas de tráfego marinho congestionado, tal como os estreitos
internacionais utilizados maciçamente, com vistas a assegurar o cumprimento das
regulamentações internacionais geralmente aceitas, em especial as que dizem respeito a descargas
ilegais pelos navios, em conformidade com as determinações da Parte III da Convenção das
Nações Unidas sobre Direito do Mar.
17.32. Os Estados devem adotar medidas para reduzir a poluição da água causada pelos
compostos organo-estânicos utilizados nas pinturas anti-aderências;
17.33. Os Estados devem considerar a possibilidade de ratificar a Convenção
Internacional sobre Cooperação, Preparação e Combate à Poluição por Petróleo, que prevê, inter
alia, o desenvolvimento de planos de emergência de alcance nacional e internacional, conforme
apropriado, inclusive com o fornecimento dos materiais a serem utilizados em caso de vazamento
de petróleo e o treinamento de pessoal, inclusive uma possível ampliação da Convenção para que
passe a incluir medidas de emergência para casos de vazamento químico.
17.34. Os Estados devem intensificar a cooperação internacional para fortalecer ou criar,
quando necessário, em cooperação com as organizações intergovernamentais sub-regionais,
regionais ou mundiais competentes e, conforme apropriado, com as organizações industriais
competentes, centros ou mecanismos regionais para intervenção em caso de vazamento de
petróleo/substâncias químicas;
(b) Dados e informações
17.35. Os Estados devem, conforme apropriado, e em conformidade com os meios a sua
disposição e considerando devidamente sua capacidade técnica e científica e seus recursos,
observar sistematicamente as condições do meio ambiente marinho. Com tal finalidade os
Estados devem, conforme apropriado, considerar:
(a) Estabelecer sistemas de observação sistemática para medir a qualidade do meio
ambiente marinho, inclusive as causas e os efeitos da degradação marinha, como base para o
gerenciamento;
(b) Intercambiar regularmente informações sobre a degradação marinha causada
tanto por atividades terrestres como marítimas e sobre medidas destinadas a impedir, controlar e
reduzir tal degradação;
(c) Apoiar e expandir programas internacionais de observação sistemática -- como
o programa de observação de mexilhões - a partir de instalações já existentes, com especial
atenção para os países em desenvolvimento;
(d) Estabelecer um "clearing-house" de informações para o controle da poluição
marinha que inclua processos e tecnologias para controle da poluição marinha e apoiar a
transferência de tais processos e tecnologias para os países em desenvolvimento e outros países
que deles tenham necessidade;
(e) Estabelecer um perfil mundial e uma base de dados com informações sobre
fontes, tipos, quantidades e efeitos dos poluentes que atingem o meio ambiente marinho em
decorrência de atividades terrestres em zonas costeiras e oriundas de fontes marítimas;
(f) No que diz respeito a programas de treinamento e fortalecimento institucional e
técnico, destinar créditos suficientes para garantir a participação plena dos países em
desenvolvimento, particularmente, de qualquer mecanismo internacional sob jurisdição dos
organismos e organizações do sistema das Nações Unidas para coleta, análise e utilização de
Agenda 21 - Global 206
dados e informações.
Meios de implementação
17.44. Nesta última década houve uma considerável expansão da pesca em alto mar; essa
atividade representa atualmente cerca de 5 por cento do total das atividades pesqueiras do mundo.
Os dispositivos da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar no que diz respeito aos
recursos marinhos vivos de alto mar estabelecem direitos e obrigações a serem observados pelos
Estados no que diz respeito à conservação e utilização de tais recursos.
17.45. Não obstante, o gerenciamento da pesca em alto mar, que inclui a adoção,
monitoramento e aplicação de medidas eficazes de conservação, é inadequado em muitas áreas e
alguns recursos estão sendo superutilizados. Há problemas de pesca não regulamentada, de
supercapitalização, de dimensão excessiva da frota, de troca de bandeira para fugir à fiscalização,
de utilização de equipamento de pesca insuficientemente seletivo, de bancos de dados pouco
confiáveis e de inexistência de cooperação suficiente entre os Estados. É fundamental que os
Estados cujos nativos e embarcações praticam a pesca em alto mar tomem medidas a esse
respeito e que cooperem entre si nos planos bilateral, sub-regional, regional e mundial,
especialmente no que diz respeito às espécies migratórias e aos estoques situados no limite das
200 milhas. Tais medidas e tal cooperação devem solucionar as lacunas existentes no que diz
respeito às práticas de pesca, bem como a conhecimentos biológicos, estatísticas pesqueiras e
Agenda 21 - Global 208
Objetivos
Meios de implementação
capacitação relativa a técnicas de pesca de alto mar e avaliação de recursos de alto mar,
fortalecimento dos quadros de pessoal no que diz respeito a sua capacidade para gerenciar e
conservar recursos de alto mar bem como questões ambientais relacionadas, e treinamento de
observadores e inspetores a serem designados em embarcações de pesca.
(d) Fortalecimento institucional
17.67. Os Estados, com o apoio, conforme apropriado, das organizações internacionais
competentes, sejam elas sub-regionais, regionais ou mundiais, devem cooperar para desenvolver
ou aperfeiçoar os sistemas e estruturas institucionais de monitoramento, controle e fiscalização,
bem como a capacidade de pesquisa para a avaliação das populações de recursos marinhos vivos.
17.68. Será necessário contar com apoio especial, inclusive cooperação entre os Estados,
para aumentar a capacidade dos países em desenvolvimento nas áreas de dados e informações,
meios científicos e tecnológicos e desenvolvimento de recursos humanos para uma participação
eficaz na conservação e na utilização sustentável dos recursos marinhos vivos de alto mar.
D. Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos sob jurisdição nacional
esses sistemas marinhos e costeiros estão submetidos a pressão ou vêem-se ameaçados por
inúmeras fontes, tanto humanas como naturais.
Objetivos
Atividades
Nações Unidas sobre o Direito do Mar, devem ficar atentos para a questão dos estoques
localizados no limite das 200 milhas -- ou estoques partilhados -- e a questão das espécies
altamente migratórias e, levando em conta plenamente o objetivo fixado no parágrafo 17.73, o
acesso aos excedentes das capturas permitidas.
17.79. Os Estados costeiros, individualmente ou por meio da cooperação bilateral e/ou
multilateral e com o apoio, conforme apropriado, das organizações internacionais, tanto regionais
como mundiais, devem, inter alia:
(a) Avaliar o potencial dos recursos marinhos vivos, especialmente dos estoques e
espécies sub-utilizados ou não utilizados, desenvolvendo inventários, quando necessário, para sua
conservação e uso sustentável;
(b) Implementar estratégias para o uso sustentável dos recursos marinhos vivos,
levando em conta as necessidades e interesses especiais dos pequenos empreendimentos de pesca
artesanal, das comunidades locais e dos populações indígenas, a fim de satisfazer às necessidades
nutricionais humanas e outras necessidades de desenvolvimento;
(c) Implementar, em especial nos países em desenvolvimento, mecanismos para
desenvolver a maricultura, a aqüicultura e a pesca em pequena escala, em águas profundas e no
oceano, nas áreas sujeitas à jurisdição nacional que, de acordo com as avaliações, apresentem
disponibilidade potencial de recursos marinhos vivos;
(d) Fortalecer suas estruturas jurídicas e regulamentares, conforme apropriado,
inclusive em matéria de capacidade de gerenciamento, aplicação e fiscalização, com o objetivo de
regulamentar as atividades relacionadas às estratégias acima;
(e) Adotar medidas que aumentem a disponibilidade de recursos marinhos vivos
para a alimentação humana por meio da redução do desperdício, das perdas e do refugo pós-
captura, e da melhoria das técnicas de processamento, distribuição e transporte;
(f) Desenvolver e promover o uso de tecnologias ambientalmente saudáveis dentro
de critérios compatíveis com o uso sustentável dos recursos marinhos vivos, inclusive da
avaliação do impacto ambiental das principais práticas pesqueiras novas;
(g) Melhorar a produtividade e a utilização de seus recursos marinhos vivos para a
alimentação e a geração de rendas.
17.80. Os Estados costeiros devem estudar as possibilidades de expandir as atividades
recreativas e turísticas baseadas nos recursos marinhos vivos, inclusive dos que oferecem fontes
alternativas de rendas. Tais atividades devem ser compatíveis com as políticas e planos de
conservação e desenvolvimento sustentável.
17.81. Os Estados costeiros devem apoiar a sustentabilidade dos pequenos
empreendimentos de pesca artesanal. Para tanto devem, conforme apropriado:
(a) Integrar ao planejamento das zonas marinhas e costeiras o desenvolvimento
dos pequenos empreendimentos de pesca artesanal, levando em conta os interesses dos
pescadores, dos trabalhadores de empreendimentos pesqueiros em pequena escala, das mulheres,
das comunidades locais e dos populações indígenas e, conforme apropriado, estimulando a
representação desses grupos;
(b) Reconhecer os direitos dos pescadores em pequena escala e a situação especial
dos populações indígenas e das comunidades locais, inclusive seus direitos à utilização e proteção
de seus hábitats sobre uma base sustentável;
(c) Desenvolver sistemas para a aquisição e registro dos conhecimentos
tradicionais relativos aos recursos marinhos vivos e ao meio ambiente marinho e promover a
incorporação de tais conhecimentos aos sistemas de gerenciamento.
17.82. Os Estados costeiros devem assegurar que, na negociação e implementação dos
Agenda 21 - Global 214
(d) Promover a qualidade dos produtos marinhos, inclusive por meio de sistemas
nacionais de controle de qualidade desses produtos, com vistas a promover seu acesso aos
mercados, aumentar a confiança do consumidor e maximizar o rendimento econômico.
17.88. Os Estados, onde e conforme apropriado, devem assegurar coordenação e
cooperação adequadas nos mares fechados e semifletidos e entre os organismos
intergovernamentais de pesca sub-regionais, regionais e mundiais.
17.89. Os Estados reconhecem:
(a) A responsabilidade da Comissão Internacional da Baleia no que diz respeito à
conservação e gerenciamento dos estoques de baleias e à regulamentação da pesca da baleia,
conforme determina a Convenção Internacional para a Regulamentação da Pesca da Baleia de
1946;
(b) O trabalho do Comitê Científico da Comissão Internacional da Baleia no que
diz respeito ao desenvolvimento de estudos, especialmente sobre as baleias de grande porte, bem
como sobre outros cetáceos;
(c) Os trabalhos de outras organizações, como a Comissão Interamericana do
Atum Tropical e o Acordo sobre os Pequenos Cetáceos do Mar Báltico e do Mar do Norte, no
âmbito da Convenção de Bonn, para a conservação, gerenciamento e estudo dos cetáceos e outros
mamíferos marinhos.
17.90. Os Estados devem cooperar para a conservação, gerenciamento e estudo dos
cetáceos.
Meios de implementação
para os recursos marinhos vivos, como as áreas de alta diversidade, endemismo e produtividade e
as escalas migratórias.
(c) Desenvolvimento de recursos humanos
17.93. Os Estados, individualmente ou por meio da cooperação bilateral e multilateral e
com o apoio das organizações internacionais competentes, sejam elas sub-regionais, regionais ou
mundiais, conforme apropriado, devem estimular os países em desenvolvimento e oferecer-lhes
apoio, inter alia, para:
(a) Ampliar o ensino, o treinamento e a pesquisa multidisciplinares sobre recursos
marinhos vivos, em especial nos campos das ciências sociais e econômicas;
(b) Criar oportunidades de treinamento nos planos nacional e regional para apoiar
os empreendimentos de pesca artesanal, inclusive de subsistência, desenvolver o uso em pequena
escala dos recursos marinhos vivos e estimular a participação eqüitativa das comunidades locais,
dos pequenos pescadores, das mulheres e dos populações indígenas;
(c) Introduzir tópicos relativos à importância dos recursos vivos marinhos nos
currículos educacionais em todos os níveis.
Fortalecimento institucional
17.94. Os Estados costeiros, com o apoio das agências sub-regionais, regionais e mundiais
competentes, conforme apropriado, devem:
(a) Desenvolver condições de pesquisa para a avaliação e o monitoramento das
populações dos recursos marinhos vivos;
(b) Oferecer apoio às comunidades pesqueiras locais, em especial àquelas cuja
subsistência depende da pesca, aos populações indígenas e às mulheres, inclusive, conforme
apropriado, assistência técnica e financeira para organizar, manter, intercambiar e aperfeiçoar os
conhecimentos tradicionais sobre recursos marinhos vivos e técnicas pesqueiras e melhorar os
conhecimentos acerca dos ecossistemas marinhos;
(c) Estabelecer estratégias de desenvolvimento sustentável da aqüicultura,
inclusive com o gerenciamento ambiental, em apoio às comunidades piscicultoras rurais;
(d) Desenvolver e fortalecer, sempre que necessário, instituições capazes de
implementar os objetivos e atividades relacionados à conservação e ao gerenciamento dos
recursos marinhos vivos.
17.95. Será necessário apoio especial, inclusive com cooperação entre os Estados, para
aumentar a capacidade dos países em desenvolvimento nas áreas de dados e informações, meios
científicos e tecnológicos e desenvolvimento de recursos humanos, com vistas a capacitá-los a
participar eficazmente da conservação e uso sustentável dos recursos marinhos vivos sob
jurisdição nacional.
situações futuras. O alto grau de incerteza na informação atual dificulta um gerenciamento eficaz
e limita a capacidade de fazer previsões e avaliar as mudanças ambientais. Será preciso realizar
coletas sistemáticas de dados sobre parâmetros ambientais marinhos para que se possam aplicar
abordagens integradas de gerenciamento e prever os efeitos da mudança climática planetária e
dos fenômenos atmosféricos -- como a degradação da camada de ozônio -- sobre os recursos
marinhos vivos e o meio ambiente marinho. Com vistas a determinar o papel dos oceanos e de
todos os mares na evolução dos sistemas planetários e prever as mudanças -- tanto as naturais
como as induzidas pelo homem -- nos meios ambientes marinho e costeiro, os mecanismos de
coleta, síntese e difusão da informação decorrente das atividades de pesquisa e observação
sistemática precisam ser reestruturadas e consideravelmente reforçadas.
17.97. Há muitas incertezas no que diz respeito a mudanças de clima, especialmente
quanto à elevação do nível dos mares. Aumentos de pequena monta no nível dos mares podem
provocar, potencialmente, danos significativos em pequenas ilhas e faixas litorâneas baixas. As
estratégias a serem adotadas diante do fenômeno devem estar apoiadas em dados sólidos. Faz-se
necessário um compromisso de pesquisa cooperativa a longo prazo para a obtenção dos dados
necessários aos modelos climáticos planetários e a redução da incerteza. Enquanto isso, é preciso
adotar medidas de precaução com vistas a diminuir os riscos e efeitos da elevação do nível dos
mares, principalmente para pequenas ilhas e faixas litorâneas baixas do mundo inteiro.
17.98. Em algumas áreas do mundo observou-se um aumento da radiação ultravioleta
decorrente da degradação da camada de ozônio. É preciso avaliar os efeitos desse fenômeno
sobre o meio ambiente marinho com vistas a reduzir a incerteza e obter uma base para a ação.
Objetivos
Atividades
dos habitantes das zonas costeiras e para eficiência das operações marítimas;
(c) Cooperar com vistas à adoção de medidas especiais para fazer frente e adaptar-
se a possíveis mudanças do clima e elevação do nível dos mares, inclusive com o
desenvolvimento de metodologias aceitas mundialmente para avaliação da vulnerabilidade
costeira, a elaboração de modelos e estratégias de resposta, especialmente para áreas prioritárias
como pequenas ilhas e zonas costeiras baixas e críticas;
(d) Identificar programas em curso ou previstos de observação sistemática do meio
ambiente marinho, com vistas a integrar atividades e estabelecer prioridades para resolver as
incertezas mais graves no que diz respeito aos oceanos e a todos os mares;
(e) Dar início a um programa de pesquisas destinado a determinar os efeitos dos
níveis mais altos de raios ultravioletas decorrentes da degradação da camada estratosférica de
ozônio sobre a biologia marinha e avaliar suas possíveis conseqüências;
17.101. Reconhecendo o importante papel desempenhado pelos oceanos e todos os mares
na atenuação das potenciais mudanças do clima, a COI e outras agências competentes das Nações
Unidas devem, com o apoio dos países detentores de recursos e os conhecimentos, desenvolver
análises, avaliações e observações sistemáticas do papel dos oceanos enquanto sumidouros de
carbono.
Dados e informações
Meios de implementação
para a implementação.
17.109. Os países desenvolvidos devem assegurar o financiamento necessário para um
maior desenvolvimento e para a implementação do Sistema Mundial de Observação dos Oceanos.
(b) Meios científicos e tecnológicos
17.110. A fim de solucionar as principais incertezas por meio de observações e pesquisas
sistemáticas das zonas costeiras e marinhas, os Estados costeiros devem cooperar no
desenvolvimento de procedimentos que permitam uma análise comparada e a obtenção de dados
confiáveis. Esses Estados também devem cooperar nos planos sub-regional e regional, sempre
que possível por meio dos programas atualmente em vigor, partilhar infra-estruturas e
equipamentos caros e sofisticados, adotar procedimentos de controle de qualidade e desenvolver
conjuntamente os recursos humanos. Especial atenção deve ser dedicada à transferência de
conhecimentos científicos e tecnológicos e a maneiras de ajudar os Estados, em especial os países
em desenvolvimento, a desenvolver capacidades endógenas.
17.111. Sempre que solicitado, as organizações internacionais devem apoiar os países
costeiros na implementação de projetos de pesquisa sobre os efeitos do acréscimo de radiação
ultravioleta.
(c) Desenvolvimento de recursos humanos
(d) Fortalecimento institucional
17.113. Os Estados devem fortalecer ou criar, conforme necessário, comissões
oceanográficas científicas e tecnológicas de caráter nacional ou organismos equivalentes para
desenvolver, apoiar e coordenar as atividades das ciências marinhas e trabalhar em estreita
colaboração com as organizações internacionais.
17.114. Os Estados devem utilizar os mecanismos sub-regionais e regionais existentes,
conforme apropriado, para desenvolver conhecimentos acerca do meio ambiente marinho,
intercambiar informações, organizar observações e análises sistemáticas e fazer o uso mais eficaz
de cientistas, instalações e equipamentos. Devem também cooperar na promoção da capacidade
endógena de pesquisa dos países em desenvolvimento.
Objetivos
Atividades
tornem eficazes. Caso se considere necessário adotar medidas de política comercial para a
aplicação de políticas ambientais, devem-se observar determinados princípios e normas. Entre
estes últimos cabe mencionar, inter alia, o princípio da não-discriminação; o princípio de que a
medida comercial escolhida deve ser a menos restritiva para o comércio dentre as medidas
eficazes possíveis; a obrigação de que haja transparência no uso das medidas comerciais
relacionadas ao meio ambiente e a obrigação de prover com a suficiente antecipação sua
regulamentação nacional; e a necessidade de dedicar consideração às condições especiais e às
exigências do desenvolvimento dos países em desenvolvimento em seu avanço para a realização
de objetivos ambientais internacionalmente acordados.
Nos planos sub-regional e regional
17.119. Os Estados devem considerar, conforme apropriado:
(a) O fortalecimento e a extensão, quando necessário, da cooperação regional
intergovernamental, dos Programas de Mares Regionais do PNUMA, das organizações regionais
e sub-regionais de pesca e das comissões regionais;
(b) A introdução, quando necessário, de coordenação entre as organizações das
Nações Unidas e outras organizações multilaterais competentes nos planos sub-regional e
regional, inclusive pensando na possibilidade de localização conjunta de seu pessoal;
(c) Organizar consultas intra-regionais periódicas;
(d) Facilitar aos centros e redes sub-regionais e regionais, como os Centros
Regionais de Tecnologia Marinha, o acesso aos conhecimentos e à tecnologia e sua utilização por
meio dos organismos nacionais competentes.
(b) Dados e informações
17.120. Os Estados devem, conforme apropriado:
(a) Promover o intercâmbio de informação sobre questões marinhas e costeiras;
(b) Reforçar a capacidade das organizações internacionais de lidar com as
informações e apoiar o desenvolvimento de sistemas de dados e informações nacionais, sub-
regionais e regionais, conforme apropriado. Isso também poderia incluir redes que vinculassem
entre si os países que enfrentassem problemas ambientais semelhantes;
(c) Desenvolver mais os mecanismos internacionais existentes como a Observação
Mundial e o Grupo de Especialistas sobre os Aspectos Científicos da Poluição do Mar
(GESAMP).
Meios de implementação
Objetivos
Atividades
Agenda 21 - Global 224
Meios de implementação
Capítulo 18
Introdução
Áreas de Programas
Objetivos
Atividades
econômicas;
(e) Implementar as decisões de alocação por meio do manejo de demandas,
mecanismos de preço e medidas regulamentadoras;
(f) Combater enchentes e secas, utilizando análises de risco e avaliação do impacto
social e ambiental;
(g) Promover planos de uso racional da água por meio de conscientização pública,
programas educacionais e imposição de tarifas sobre o consumo de água e outros instrumentos
econômicos;
(h) Mobilizar os recursos hídricos, particularmente em zonas áridas e semi-áridas;
(i) Promover a cooperação internacional em pesquisas científicas sobre os recursos
de água doce;
(j) Desenvolver fontes novas e alternativas de abastecimento de água, tais como
dessalinização da água do mar, reposição artificial de águas subterrâneas, uso de água de pouca
qualidade, aproveitamento de águas residuais e reciclagem da água;
(k) Integrar o manejo da quantidade e qualidade de água (inclusive dos recursos
hídricos subterrâneos e de superfície);
(l) Promover a conservação da água por meio de planos melhores e mais eficientes
de aproveitamento da água e de minimização do desperdício para todos os usuários, incluindo o
desenvolvimento de mecanismos de poupança de água;
(m) Apoiar os grupos de usuários de água para otimizar o manejo dos recursos
hídricos locais;
(n) Desenvolver técnicas de participação do público e implementá-las nas tomadas
de decisão, fortalecendo em particular o papel da mulher no planejamento e manejo dos recursos
hídricos;
(o) Desenvolver e intensificar, quando apropriado, a cooperação, incluindo
mecanismos onde sejam adequados, em todos os níveis pertinentes, a saber:
(i) No nível pertinente mais baixo, delegando o manejo dos recursos
hídricos, em geral, para esse nível, de acordo com a legislação nacional, incluindo a
descentralização dos serviços públicos, passando-os às autoridades locais, empresas privadas e
comunidades;
(ii) No plano nacional, planejamento e manejo integrado de recursos
hídricos, no quadro do processo de planejamento nacional e, onde adequado, estabelecimento de
regulamentação e monitoramento independentes da água doce, baseados na legislação nacional e
em medidas econômicas;
(iii) No plano regional, considerando, quando apropriada, a possibilidade
de harmonizar as estratégias e programas de ação nacionais;
(iv) No plano mundial, melhor delineamento das responsabilidades,
divisão de trabalho e coordenação de organizações e programas internacionais, facilitando as
discussões e a partilha de experiências em áreas relacionadas ao manejo de recursos hídricos;
(p) Difundir informação, inclusive de diretrizes operacionais, e promover a
educação dos usuários de água, considerando a possibilidade de as Nações Unidas proclamarem
um Dia Mundial da Água.
Meios de implementação
implementação das atividades deste programa em cerca de $115 milhões de dólares, a serem
fornecidos pela comunidade internacional em termos concessionais ou de doações. Estas são
estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos reais e os
termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das estratégias e
programas específicos que os Governos decidam adotar para implementação.
(b) Meios científicos e tecnológicos
18.14. O desenvolvimento de bancos de dados interativos, métodos de previsão e modelos
de planejamento econômico adequados à tarefa de gerenciar recursos hídricos de uma maneira
eficiente e sustentável exigirá a aplicação de técnicas novas tais como sistemas de informação
geográfica e sistemas de especialistas para reunir, assimilar, analisar e exibir informações
multissetoriais e otimizar a tomada de decisões. Ademais, o desenvolvimento de fontes novas e
alternativas de abastecimento de água e tecnologias hídricas de baixo custo exigirá pesquisa
aplicada inovadora. Isso envolverá a transferência, adaptação e difusão de novas técnicas e
tecnologias entre os países em desenvolvimento, bem como o desenvolvimento da capacidade
endógena, para que sejam capazes de enfrentar o desafio de integrar os aspectos técnicos,
econômicos, sociais e ambientais do manejo de recursos hídricos e de prever os efeitos em termos
de impacto humano.
18.15. Em conformidade com o reconhecimento da água como um bem social e
econômico, as várias opções disponíveis para cobrar tarifas dos usuários de água (inclusive
grupos domésticos, urbanos, industriais e agrícolas) precisam ser melhor avaliadas e testadas na
prática. Exige-se um desenvolvimento maior de instrumentos econômicos que levem em
consideração os custos de oportunidade e as circunstâncias ambientais. Em situações rurais e
urbanas, devem-se realizar estudos de campo sobre a disposição dos usuários de pagar.
18.16. O desenvolvimento e manejo de recursos hídricos deve ser planejado de forma
integrada, levando em consideração necessidades de planejamento de longo termo, bem como as
de horizontes mais estreitos, ou seja, deve incorporar considerações ambientais, econômicas e
sociais baseadas no princípio da sustentabilidade; deve incluir as necessidades de todos os
usuários, bem como aquelas relacionadas com a prevenção e atenuação de perigos relacionados
com a água; e deve constituir parte integrante do processo de planejamento do desenvolvimento
socio-econômico. Um pré-requisito para o manejo sustentável da água enquanto recurso
vulnerável e escasso é a obrigação de reconhecer em todo o planejamento e desenvolvimento
seus custos totais. No planejamento deve-se considerar os investimentos em benefícios, a
proteção ambiental e os custos operacionais, bem como os custos de oportunidade que reflitam o
uso alternativo mais valioso da água. A cobrança de tarifas não precisa necessariamente
sobrecarregar todos os beneficiários com as conseqüências dessas considerações. Os mecanismos
de cobrança, no entanto, devem refletir tanto quanto possível o custo real da água quando usada
como um bem econômico e a capacidade das comunidades de pagar.
18.17. O papel da água como um bem social, econômico e sustentador da vida deve-se
refletir em mecanismos de manejo da demanda e ser implementado por meio de conservação e
reutilização da água, avaliação de recursos e instrumentos financeiros.
18.18. A nova fixação de prioridades para as estratégias de investimento público e privado
deve levar em consideração: (a) a utilização máxima de projetos existentes, por meio de
manutenção, reabilitação e operação otimizada; (b) tecnologias limpas novas ou alternativas; e (c)
energia hidroelétrica ambiental e socialmente benigna.
(c) Desenvolvimento de recursos humanos
18.19. Para delegar o manejo dos recursos hídricos ao nível adequado mais baixo é
preciso educar e treinar o pessoal correspondente em todos os planos e assegurar que a mulher
Agenda 21 - Global 232
Objetivos
18.24. Baseando-se no Plano de Ação de Mar del Plata, essa área de programas foi
prolongada para a década de 1990 e adiante com o objetivo geral de assegurar a avaliação e
previsão da quantidade e qualidade dos recursos hídricos, a fim de estimar a quantidade total
desses recursos e seu potencial de oferta futuro, determinar seu estado de qualidade atual, prever
possíveis conflitos entre oferta e demanda e de oferecer uma base de dados científicos para a
utilização racional dos recursos hídricos.
18.25. Dessa maneira, estabeleceram-se cinco objetivos específicos:
(a) Colocar à disposição de todos os países tecnologias de avaliação dos recursos
hídricos adequadas às suas necessidades, independentemente do nível de desenvolvimento deles,
inclusive métodos para a avaliação do impacto da mudança climática sobre a água doce;
(b) Fazer com que todos os países, segundo seus meios financeiros, destinem para
a avaliação de recursos hídricos, meios financeiros de acordo com as necessidades sociais e
econômicas da coleta de dados sobre esses recursos;
(c) Assegurar que as informações sobre avaliações sejam plenamente utilizadas no
desenvolvimento de políticas de manejo hídrico;
(d) Fazer com que todos os países estabeleçam as disposições institucionais
necessárias para assegurar coleta, processamento, armazenamento, resgate e difusão eficientes
para os usuários das informações sobre quantidade e qualidade dos recursos hídricos disponíveis
nas bacias de captação e aqüíferos subterrâneos de uma forma integrada;
(e) Ter uma quantidade suficiente de pessoal adequadamente qualificado e capaz
recrutada e mantida por organismos de avaliação de recursos hídricos e proporcionar o
treinamento e retreinamento que eles precisarão para se desincumbir de suas responsabilidades
com êxito.
18.26. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive cooperação com as Nações Unidas e outras
organizações pertinentes, quando apropriado, podem estabelecer as seguintes metas:
(a) Até o ano 2000, ter estudado em detalhes a exeqüibilidade de instalar serviços
de avaliação de recursos hídricos;
(b) Como objetivo de longo prazo, dispor de serviços operacionais completos
Agenda 21 - Global 234
Atividades
18.27. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem empreender as seguintes atividades:
(a) Quadro institucional:
(i) Estabelecer estruturas de políticas e prioridades nacionais adequadas;
(ii) Estabelecer e fortalecer a capacidade institucional dos países, incluindo
disposições legislativas e reguladoras, necessária para assegurar a avaliação adequada de seus
recursos hídricos e a provisão de serviços de previsão de enchentes e secas;
(iii) Estabelecer e manter cooperação efetiva no plano nacional entre os
vários organismos responsáveis pela coleta, armazenamento e análise de dados hidrológicos;
(iv) Cooperar na avaliação de recursos hídricos transfronteirços, sujeita à
aprovação prévia de cada Estado ribeirinho envolvido;
(b) Sistemas de dados:
(i) Revisar as redes de coleta de dados existentes e avaliar sua adequação,
inclusive daquelas que fornecem dados em tempo para a previsão de enchentes e secas;
(ii) Melhorar as redes para que se ajustem às diretrizes aceitas para o
fornecimento de dados sobre quantidade e qualidade de águas de superfície e subterrâneas, bem
como dados pertinentes sobre o uso da terra ;
(iii) Aplicar normas uniformes e outros meios para assegurar a
compatibilidade dos dados;
(iv) Elevar a qualidade das instalações e procedimentos utilizados para
armazenar, processar e analisar dados hidrológicos e tornar disponíveis esses dados e as previsões
derivadas deles a usuários em potencial;
(v) Estabelecer bancos de dados sobre a disponibilidade de todo tipo de
dado hidrológico no plano nacional;
(vi) Implementar operações de "recuperação de dados", como, por
exemplo, a criação de arquivos nacionais de recursos hídricos;
(vii) Implementar técnicas bem comprovadas e apropriadas para o
processamento de dados hidrológicos;
(viii) Obter estimativas de áreas relacionadas a partir de dados hidrológicos
concretos;
(ix) Assimilar dados obtidos por sensoreamento remoto e o uso, quando
apropriado, de sistemas de informação geográfica;
(c) Difusão de dados:
(i) Identificar a necessidade de dados sobre recursos hídricos para vários
propósitos de planejamento;
(ii) Analisar e apresentar dados e informações sobre recursos hídricos nas
formas exigidas para o planejamento e manejo do desenvolvimento socio-econômico dos países e
para uso em estratégias de proteção ambiental e no delineamento e operação de projetos
específicos relacionados com a água;
(iii) Fornecer previsões e avisos de enchentes e secas ao público em geral e
à defesa civil;
(d) Pesquisa e desenvolvimento:
Agenda 21 - Global 235
Meios de implementação
adequado para assegurar a implementação efetiva das atividades planejadas. A educação pode ser
requerida nos planos nacional e internacional; a criação de condições adequadas de emprego será
uma responsabilidade nacional.
18.33. Recomendam-se as seguintes ações:
(a) Identificar as necessidades de educação e treinamento voltadas para as
necessidades específicas dos países;
(b) Estabelecer e intensificar programas de educação e treinamento sobre tópicos
relacionados com a água, dentro de um contexto ambiental e desenvolvimentista, para todas as
categorias de pessoal envolvido em atividades de avaliação dos recursos hídricos, usando
tecnologia educacional avançada, quando apropriada, e envolvendo tanto homens quanto
mulheres;
(c) Desenvolver políticas adequadas de recrutamento, de pessoal e de salários para
os funcionários de agências de água nacionais e locais.
(d) Fortalecimento institucional
18.34. A condução da avaliação dos recursos hídricos com base em redes hidrométricas
nacionais operacionais requer um ambiente propício em todos os planos. As seguintes medidas de
apoio são necessárias para fomentar a fortalecimento institucional nacional:
(a) Revisão da base legislativa e regulamentadora da avaliação de recursos
hídricos;
(b) Facilitação da colaboração próxima entre organismos do setor hídrico, em
particular entre produtores de informação e usuários;
(c) Implementação de políticas de manejo hídrico baseadas em avaliações realistas
das condições e tendências dos recursos hídricos;
(d) Reforço da capacidade de manejo dos grupos de usuários de água, inclusive
mulheres, jovens, populações indígenas e comunidades locais, para melhorar a eficiência do uso
da água no plano local;
Objetivos
18.36. A interligação complexa dos sistemas de água doce exige que o manejo hídrico
seja holístico (baseado numa abordagem de manejo de captação) e fundado em um exame
equilibrado das necessidades da população e do meio ambiente. O Plano de Ação de Mar del
Plata já reconheceu a conexão intrínseca entre os projetos de desenvolvimento de recursos
hídricos e suas significativas repercussões físicas, químicas, biológicas, sanitárias e sócio-
econômicas. O objetivo de saúde ambiental geral foi estabelecido da seguinte forma: "avaliar as
conseqüências da ação dos vários usuários da água sobre o meio ambiente, apoiar medidas
destinadas a controlar as moléstias relacionadas com a água e proteger os ecossistemas"(1).
18.37. Há muito tempo vêm-se subestimando a extensão e gravidade da contaminação de
zonas não saturadas e dos aqüíferos, devido à relativa inacessibilidade deles e à falta de
informações confiáveis sobre os sistemas freáticos. A proteção dos lençóis subterrâneos é,
portanto, um elemento essencial do manejo de recursos hídricos.
18.38. Três objetivos terão de ser perseguidos concomitantemente a fim de integrar os
elementos de qualidade da água no manejo de recursos hídricos:
(a) Manutenção da integridade do ecossistema, de acordo com o princípio
gerencial de preservar os ecossistemas aquáticos, incluindo os recursos vivos, e de protegê-los
efetivamente de quaisquer formas de degradação com base numa bacia de drenagem;
(b) Proteção da saúde pública, tarefa que exige não apenas o fornecimento de água
potável digna de confiança, como também o controle de vetores insalubres no ambiente aquático;
(c) Desenvolvimento de recursos humanos, essencial para aumentar a
fortalecimento institucional e pré-requisito para implementar o manejo da qualidade da água.
18.39. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, devem estabelecer as seguintes metas:
(a) Identificar os recursos hídricos de superfície e subterrâneos que possam ser
desenvolvidos para uso numa base sustentável e outros importantes recursos dependentes de água
que se possam aproveitas e, simultaneamente, dar início a programas para a proteção,
conservação e uso racional desses recursos em bases sustentáveis;
(b) Identificar todas as fontes potenciais de água e preparar planos para a proteção,
conservação e uso racional delas;
(c) Dar início à programas eficazes de prevenção e controle da poluição da água,
baseados numa combinação adequada de estratégias para reduzi-la na sua fonte, avaliações do
impacto ambiental e normas obrigatórias aplicáveis para descargas de fontes definidas
importantes e fontes não definidas de alto risco, proporcionais ao desenvolvimento socio-
econômico delas;
(d) Participar, tanto quanto apropriado, em programas internacionais de manejo e
Agenda 21 - Global 238
Atividades
18.40. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem implementar as seguintes atividades:
(a) Proteção e conservação dos recursos hídricos:
(i) Estabelecimento e fortalecimento das capacidades técnicas e
institucionais de identificar e proteger fontes potenciais de abastecimento de água em todos os
setores da sociedade;
(ii) Identificação de fontes potenciais de abastecimento de água e
preparação de perfis nacionais;
(iii) Elaboração de planos nacionais de proteção e conservação dos
recursos hídricos;
(iv) Reabilitação de zonas de captação importantes, mas degradadas,
particularmente em pequenas ilhas;
(v) Reforço de medidas administrativas e legislativas para evitar a
ocupação de áreas de captação existentes e potencialmente utilizáveis;
(vi) Aplicação quando apropriado, do princípio de que "quem polui
paga" a todos os tipos de fontes, incluindo o saneamento in-situ e ex-situ;
(vii) Promoção da construção de instalações de tratamento de esgoto
doméstico e efluentes industriais e o desenvolvimento de tecnologias adequadas, levando em
consideração práticas salubres autóctones tradicionais;
(viii) Estabelecimento de padrões para o despejo de efluentes e para as
águas receptoras;
(ix) Introdução da abordagem precautória no manejo de qualidade da água,
quando apropriada, centrada na minimização e prevenção da poluição por meio do uso de novas
tecnologias, mudança de produtos e processos, redução da poluição na fonte e reutilização,
reciclagem e recuperação, tratamento e eliminação ambientalmente segura de efluentes;
(x) Avaliação obrigatória do impacto ambiental de todos os grandes
projetos de desenvolvimento de recursos hídricos que possam prejudicar a qualidade da água e
dos ecossistemas aquáticos, combinada com a formulação de medidas reparadoras e um controle
Agenda 21 - Global 239
Meios de implementação
1. Relatório da Conferência das Nações Unidas sobre a Água, Mar del Plata, 14-25 de março
de 1977 (publicação das Nações Unidas, número de venda: P.77.II.A.12), primeira parte, cap. I,
seção C, par. 35.
(b) Meios científicos e tecnológicos
18.42. Os Estados devem empreender projetos cooperativos de pesquisa para desenvolver
soluções para problemas técnicos que sejam adequadas às condições de cada bacia hidrográfica
ou país. Os Estados devem considerar a possibilidade de fortalecer e desenvolver centros
nacionais de pesquisas ligados por meio de redes e apoiados por institutos regionais de pesquisa
aquática. Deve-se promover ativamente a vinculação Norte-Sul dos centros de pesquisa e dos
estudos de campo de instituições internacionais de pesquisas hídricas. É importante que uma
Agenda 21 - Global 241
porcentagem mínima dos fundos para projetos de desenvolvimento de recursos hídricos seja
alocada para pesquisa e desenvolvimento, particularmente em projetos financiados por fontes
externas.
18.43. O monitoramento e avaliação de sistemas aquáticos complexos exige amiúde
estudos multidisciplinares envolvendo várias instituições e cientistas em programas conjuntos.
Programas internacionais de qualidade de água como o GEMS/WATER devem ser orientados
para o estudo da qualidade da água de países em desenvolvimento. Programas de informática de
uso fácil e métodos do Sistemas de Informações Geográficas (GIS) e da Base de Dados de
Informações sobre Recursos Globais (GRID) devem ser desenvolvidos para o manejo, análise e
interpretação de dados de monitoramento e para a preparação de estratégias de manejo.
(c) Desenvolvimento de recursos humanos
18.44. Devem-se adotar abordagens inovadoras para o treinamento do pessoal
profissional e gerencial a fim de atender as necessidades e desafios em constante mudança. É
preciso agir com flexibilidade e adaptabilidade em relação as questões de poluição aquática
emergentes. As atividades de treinamento devem ser empreendidas periodicamente em todos os
níveis dentro das organizações responsáveis pelo manejo da qualidade da água e devem-se adotar
técnicas de ensino inovadoras para aspectos específicos do monitoramento e controle da
qualidade da água, inclusive com o desenvolvimento de conhecimentos de treinamento,
treinamento em serviço, seminários de resolução de problemas e cursos de reciclagem.
18.45. Entre as abordagens adequadas estão o fortalecimento e o aperfeiçoamento dos
recursos humanos de que dispõem os Governos locais para gerenciar a proteção, o tratamento e o
uso da água, particularmente em áreas urbanas, e a criação de cursos técnicos e de engenharia
nacionais e regionais sobre proteção e controle da qualidade da água em escolas existentes e
cursos de treinamento/educação sobre proteção e conservação de recursos hídricos para técnicos
de campo e de laboratório, mulheres e outros grupos de usuários da água.
(d) Fortalecimento institucional
18.46. A proteção efetiva dos recursos e ecossistemas aquáticos contra a poluição exige
uma melhora considerável da capacidade atual da maioria dos países. Os programas de manejo de
qualidade da água exigem um mínimo de infra-estrutura e pessoal para identificar e implementar
soluções técnicas e aplicar medidas reguladoras. Um dos problemas principais de hoje e para o
futuro é a operação e manutenção sustentada dessas instalações. A fim de não permitir que os
recursos ganhos com investimentos anteriores se deteriorem mais, é preciso uma ação imediata
em várias áreas.
18.47. Uma oferta de água confiável e o saneamento ambiental são vitais para proteger o
meio ambiente, melhorando a saúde e mitigando a pobreza. A água salubre é também crucial para
muitas atividades tradicionais e culturais. Estima-se que 80 por cento de todas as moléstias e mais
de um terço dos óbitos dos países em desenvolvimento sejam causados pelo consumo de água
contaminada e, em média, até um décimo do tempo produtivo de cada pessoa se perde devido a
doenças relacionadas com a água. Durante a década de 1980, esforços coordenados levaram
serviços de água e saneamento para centenas de milhões das populações mais pobres do mundo.
O mais notável desses esforços foi o lançamento, em 1981, da Década Internacional do
Fornecimento de Água Potável e do Saneamento, que resultou do Plano de Ação de Mar del
Agenda 21 - Global 242
Plata, aprovado pela Conferência das Nações Unidas Sobre a Água, em 1977. A premissa aceita
por todos foi de que "todos os povos, quaisquer que sejam seu estágio de desenvolvimento e suas
condições sociais e econômicas, têm direito ao acesso à água potável em quantidade e qualidade
à altura de suas necessidades básicas"(2). A meta da Década era a de fornecer água potável
segura e saneamento para áreas urbanas e rurais mal servidas até 1990, mas mesmo o progresso
sem precedentes alcançado durante o período não foi suficiente. Uma em cada três pessoas do
mundo em desenvolvimento ainda não conta com essas duas exigências básicas de saúde e
dignidade. Reconhece-se também que os excrementos e esgotos humanos são causas importantes
da deterioração da qualidade da água em países em desenvolvimento e que a introdução de
tecnologias disponíveis, que sejam apropriadas, e a construção de instalações de tratamento de
esgoto podem trazer uma melhora significativa.
Objetivos
18.48. A Declaração de Nova Delhi (adotada na Reunião Consultiva Mundial sobre Água
Salubre e Saneamento para a década de 1990, realizada em Nova Delhi de 10 a 14 de setembro de
1990) formalizou a necessidade de oferecer, em base sustentável, acesso à água salubre em
quantidade suficiente e saneamento adequado para todos, enfatizando a abordagem de "algum
para todos em vez de mais para alguns". Quatro princípios norteadores orientam os objetivos do
programa:
(a) Proteção do meio ambiente e salvaguarda da saúde por meio do manejo
integrado dos recursos hídricos e dos resíduos líquidos e sólidos;
(b) Reformas institucionais que promovam uma abordagem integrada e incluam
mudanças em procedimentos, atitudes e comportamentos e a participação ampla da mulher em
todos os níveis das instituições do setor;
(c) Manejo comunitário dos serviços, apoiado por medidas para fortalecer as
instituições locais na implementação e sustentação de programas de saneamento e abastecimento
de água;
(d) Práticas financeiras saudáveis, conseguidas por meio de melhor administração
de ativos existentes e amplo uso de tecnologias apropriadas.
18.49. A experiência do passado mostrou que metas específicas devem ser estabelecidas
por cada país individualmente. Na Cúpula Mundial sobre a Criança, em setembro de 1990, os
chefes de Estado ou Governo clamaram pelo acesso universal ao abastecimento de água e
saneamento e pela erradicação da dracunculose até 1995. Mesmo para a meta mais realista de
obter a cobertura completa em abastecimento de água até 2025, estima-se que o investimento
anual deva atingir o dobro do nível atual. Portanto, uma estratégia realista para atender as
necessidades presentes e futuras é desenvolver serviços de baixo custo, mas adequados, que
possam ser implementados e sustentados no plano da comunidade.
Atividades
18.50. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem implementar as seguintes atividades:
(a) Meio ambiente e saúde:
(i) Estabelecimento de zonas protegidas para as fontes de abastecimento de
água potável;
Agenda 21 - Global 243
Meios de implementação
comunidades e indivíduos servidos. Isso significa também que as autoridades nacionais, junto
com as agências e organismos das Nações Unidas e outras instituições que prestam apoio externo
aos programas nacionais, devem desenvolver mecanismos e procedimentos para colaborar em
todos os níveis. Isso é particularmente importante para aproveitar ao máximo as abordagens
baseadas na comunidade e na própria capacidade desta como instrumentos para a obter a
sustentabilidade. Isso exigirá um alto grau de participação comunitária, inclusive da mulher, na
concepção, planejamento, decisões, implementação e avaliação relacionados com projetos de
abastecimento de água e saneamento.
18.55. Deve-se desenvolver a fortalecimento institucional e técnica nacional geral em
todos os níveis administrativos, envolvendo desenvolvimento institucional, coordenação,
recursos humanos, participação comunitária, educação em saúde e higiene e alfabetização, de
acordo com sua conexão fundamental tanto com os esforços para melhorar o desenvolvimento
socio-econômico e a saúde por meio do abastecimento de água e saneamento, como com o seu
impacto no ambiente humano. A fortalecimento institucional e técnica deve ser, portanto, uma
das chaves básicas das estratégias de implementação. Sua importância deve ser equiparada à do
componente de suprimentos e equipamento do setor, de tal forma que os fundos possam ser
direcionados para ambos. Isso pode ser realizado na etapa de planejamento ou de formulação de
programas/projetos, acompanhado por uma definição clara de objetivos e metas. Nesse sentido, é
essencial a cooperação técnica entre os países em desenvolvimento, devido à riqueza de
informação e experiência de que dispõem e à necessidade de evitar uma nova "invenção da roda".
Esse caminho já se revelou eficaz quanto aos custos em muitos projetos de diversos países.
Objetivos
Agenda 21 - Global 246
Atividades
18.59. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem implementar as seguintes atividades:
(a) Proteção dos recursos hídricos contra o esgotamento, a poluição e a
degradação:
(i) Introduzir instalações sanitárias de eliminação de resíduos baseadas em
tecnologias aperfeiçoáveis e ambientalmente adequadas de baixo custo;
(ii) Implementar programas urbanos de drenagem e evacuação de águas
pluviais;
(iii) Promover a reciclagem e reutilização das águas residuais e dos
resíduos sólidos;
(iv) Controlar as fontes de poluição industrial para proteger os recursos
hídricos;
(v) Proteger as vertentes contra o esgotamento e a degradação de sua
cobertura florestal e as atividades danosas a montante;
(vi) Promover pesquisas sobre a contribuição das florestas para o
desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos;
(vi) Estimular melhores práticas de gestão para o uso de produtos
agroquímicos, a fim de minimizar o impacto destes últimos sobre os recursos hídricos;
(b) Distribuição eficaz e eqüitativa dos recursos hídricos:
(i) Conciliar o planejamento do desenvolvimento urbano com a
disponibilidade e sustentabilidade dos recursos hídricos;
(ii) Satisfazer as necessidades básicas da população urbana;
(iii) Estabelecer taxas sobre a água que reflitam o custo marginal e de
oportunidade da água, especialmente quando ela se destina a atividades produtivas, e que levem
em conta as circunstâncias de cada país e suas possibilidades econômicas;
(c) Reformas institucionais/jurídicas/administrativas:
Agenda 21 - Global 247
Modos de implementação
revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais,
dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar
para a implementação.
(b) Meios científicos e tecnológicos
18.61. Na década de 1980, registraram-se progressos consideráveis no desenvolvimento e
aplicação de tecnologias de abastecimento de água e saneamento de baixo custo. O programa
prevê a continuação desse trabalho, com ênfase especial no desenvolvimento de tecnologias
adequadas de saneamento e de eliminação do lixo para estabelecimentos urbanos de alta
densidade e baixa renda. Deverá também haver um intercâmbio internacional de informação, para
assegurar um reconhecimento generalizado entre os profissionais do setor da disponibilidade e
benefícios de tecnologias apropriadas de baixo custo. As campanhas de conscientização incluirão
também componentes para superar a resistência dos usuários a serviços de segunda classe,
enfatizando as vantagens da confiabilidade e da sustentabilidade.
(c) 18.62. Implícita em praticamente todos os elementos deste programa está a
necessidade de melhora progressiva do treinamento e das perspectivas profissionais do pessoal
em todos os níveis das instituições do setor. As atividades específicas do programa
compreenderão o treinamento e a manutenção de pessoal com conhecimentos em participação
comunitária, tecnologias de baixo custo, manejo financeiro e planejamento integrado do manejo
de recursos hídricos urbanos. Devem-se tomar providências especiais para mobilizar e facilitar a
participação ativa da mulher, da juventude, dos populações indígenas e comunidades locais nas
equipes de manejo de água e para apoiar o desenvolvimento de associações e comitês da água,
oferecendo-lhes treinamento adequado para que se tornem tesoureiros, secretários e
encarregados. Deve-se dar início a programas especiais de ensino e formação da mulher, tendo
em vista a proteção dos recursos hídricos e da qualidade da água nas zonas urbanas.
1. Relatório da Conferência das Nações Unidas sobre a Água, Mar del Plata,
14-25 de março de 1977 (publicação das Nações Unidas, número de venda:
P.77.II.A.12), primeira parte, cap. I, seção C, par. 35.
Capítulo 19
Áreas de Programas
19.11. A avalição dos riscos que um produto químico apresenta para a saúde humana e o
meio ambiente é um pré-requisito para planejar o seu uso seguro e benéfico. Entre as
aproximadamente 100.000 substâncias químicas existentes no comércio e as milhares de
substâncias de origem natural com as quais os seres humanos estão em contato há muitas que
poluem o meio ambiente ou contaminam os alimentos e os produtos comerciais. Felizmente, a
exposição à maioria desses produtos químicos (aproximadamente 1.500 produtos químicos
representam mais de 95 por cento da produção total do mundo) é bastante limitada, pois a maioria
deles é utilizada em quantidades muito pequenas. Existe, entretanto, um problema grave: para
numerosos produtos químicos fabricados em grande escala faltam freqüentemente dados
Agenda 21 - Global 251
essenciais que permitam avaliar os riscos que eles apresentam. No bojo do programa sobre
produtos químicos da OCDE tais dados estão sendo produzidos atualmente em relação a alguns
desses produtos.
19.12. A avaliação dos riscos exige muitos recursos. Pode-se torná-la mais econômica
reforçando a cooperação internacional e melhorando a coordenação, o que permite utilizar melhor
os recursos disponíveis e evitar a duplicação dos esforços. Entretanto, cada país deve dispor de
uma massa crítica de pessoal técnico com experiência em testes de toxicidade e análises de
exposição, elementos essenciais para a avaliação dos riscos.
Objetivos
Atividades
outras regiões e Governos com programas estabelecidos. A indústria deve participar ativamente.
19. 16. A indústria deve oferecer, para as substâncias que ela produz, os dados necessários
para a avaliação dos riscos que elas podem apresentar para a saúde humana e o meio ambiente.
Esses dados devem ser colocados à disposição das autoridades nacionais competentes, dos
organismos internacionais e de outras partes envolvidas que se ocupam da avaliação dos perigos
e dos riscos e, na maior medida do possível, à disposição do público, levando em conta o direito
legítimo à confidencialidade.
(c) Cooperação e coordenação internacionais e regionais
10.17. Os Governos, com a cooperação das organizações internacionais pertinentes e da
indústria, quando apropriado, devem:
(a) Estabelecer critérios para fixar as prioridades na avaliação dos produtos
químicos de interesse mundial;
(b) Examinar estratégias de avaliação dos níveis de exposação e de monitoramento
do meio ambiente que permitam utilizar melhor os recursos disponíveis para garantir a
compatibilidade dos dados e estimular a adoção de estratégias nacionais e internacionais de
avaliação coerentes.
Meios de implementação
(a) Fortalecer pesquisas sobre alternativas seguras ou mais seguras aos produtos
químicos tóxicos que apresentam riscos excessivos, e até mesmo incontroláveis, para a saúde
humana ou meio ambiente, e àqueles que são tóxicos persistentes e bioacumulativos e não podem
ser controlados de maneira satisfatória;
(b) Promover a pesquisa e a validação dos métodos que substituam a utilização de
animais de laboratório (o que permitiria reduzir os número de animais utilizados para fins
experimentais);
(c) Promover os estudos epidemiológicos pertinentes a fim de estabelecer uma
relação de causa e efeito entre a exposição a produtos químicos e a ocorrência de certas
moléstias;
(d) Promover os estudos ecotoxicológicos a fim de avaliar os riscos que
apresentam os produtos químicos para o meio ambiente.
(c) Desenvolvimento dos recursos humanos
19.22. As organizações internacionais devem, com a participação dos Governos e das
organizações não governamentais, lançar projetos de formação e de ensino de que participem
mulheres e crianças, que são os mais expostos, a fim de permitir aos países, e particularmente aos
países em desenvolvimento, aproveitar ao máximo as avaliações internacionais dos riscos
químicos.
(d) Aumento da capacidade
19.23. As organizações internacionais, baseando-se nos trabalhos de avaliação do
passado, presente e futuro, devem apoiar os países, em particular os países em desenvolvimento,
na criação e fortalecimento das capacidades de avaliação de riscos nos planos nacional e regional,
a fim de reduzir ao mínimo e, na medida do possível, controlar e evitar os riscos na fabricação e
utilização de produtos químicos tóxicos e perigosos. Deve-se oferecer cooperação técnica e apoio
financeiro ou outras contribuições a atividades destinadas a ampliar e acelerar a avaliação e o
controle internacionais e nacionais dos riscos químicos, para tornar possível uma melhor seleção
dos produtos químicos.
19.24. Uma rotulagem apropriada dos produtos químicos e a difusão de folhas de dados
sobre segurança, tais como as Fichas Internacionais sobre Segurança de Produtos Químicos
(FISPQ) e outros materiais escritos semelhantes que se baseiem na avaliação dos riscos para a
saúde humana e o meio ambiente são a forma mais simples e eficaz de indicar como manipular e
utilizar esses produtos com segurança.
19.25. Para o transporte seguro de mercadorias perigosas, entre as quais os produtos
químicos, utiliza-se atualmente um conjunto de disposições elaborado no âmbito das Nações
Unidas. Essas disposições levam em consideração, sobretudo, os graves riscos que apresentam os
produtos químicos.
19.26. Não se dispõe ainda de sistemas de classificação de riscos e de rotulagem
harmonizados mundialmente para promover a utilização segura dos produtos químicos no
trabalho, em casa ou em outros locais. A classificação dos produtos químicos pode se fazer com
propósitos diferentes e é um instrumento particularmente importante para o estabelecimento de
sistemas de rotulagem. É necessário desenvolver, com base nos trabalhos em desenvolvimento,
sistemas harmônicos de classificação dos riscos e rotulagem.
Agenda 21 - Global 254
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termos
financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das estratégias e programas
específicos que os Governos decidam adotar para a implementação.
(b) Desenvolvimento de recursos humanos
19.31. Os Governos e as instituições, assim como as organizações não-governamentais,
com a colaboração das organizações e programas apropriados das Nações Unidas, devem lançar
cursos de formação e campanhas de informação para facilitar a compreensão e a utilização do
novo sistema harmonizado de classificação e de rotulagem compatível para os produtos químicos.
(c) Aumento da capacidade
19.32. No fortalecimento da capacidade nacional para o manejo dos produtos químicos,
incluídas a elaboração, a aplicação e a adaptação aos novos sistemas de classificação e de
rotulagem, deve-se evitar a criação de barreiras comerciais e levar plenamente em conta as
limitações, capacidades e recursos de um grande número de países, especialmente dos países em
desenvolvimento, para a implementação desses sistemas.
data da próxima reunião do Grupo e autorizou o Presidente a manter consultas sobre a data para
essa reunião.
19.37. Não obstante a importância do procedimento PIC, é necessário que haja um
intercâmbiode informações sobre todos os produtos químicos.
Objetivos
Atividades
Meios de execução
19.44. Os produtos químicos tóxicos que são atualmente utilizados podem freqüentemente
ser substituídos por outras substâncias. Assim é possível, algumas vezes, reduzir os riscos usando
outros produtos químicos ou mesmo tecnologias não químicas. O exemplo clássico de redução de
riscos consiste em substituir substâncias perigosas por substâncias inofensivas ou menos nocivas.
Outro exemplo consiste no estabelecimento de procedimentos de prevenção da poluição e fixação
de normas para os produtos químicos em cada componente do meio ambiente (os alimentos, a
água , os bens de consumo etc.). Em um contexto mais amplo, a redução dos riscos envolve
medidas de base ampla visando a reduzir os riscos que apresentam os produtos químicos tóxicos.
Levando em consideração todo o ciclo de vida desses produtos, essas medidas podem englobar
disposições regulamentares e outras, tais como a promoção do uso de produtos e tecnologias
menos poluidoras, procedimentos e programas de prevenção da poluição, inventários de
emissões, rotulagem dos produtos, as restrições de uso, incentivos econômicos, procedimentos
para a manipulação segura e regulamentos sobre a exposição bem como a eliminação progressiva
Agenda 21 - Global 258
ou proibição dos produtos químicos que apresentam riscos excessivos ou inaceitáveis para a
saúde humana e o meio ambiente, e daqueles que são tóxicos, persistentes e bioacumulativos e
cuja utilização não pode ser adequadamente controlada.
19.45. Na agricultura, uma maneira de reduzir os riscos consiste na aplicação de métodos
de luta integrada contra as pragas, compreendida a utilização de agentes biológicos no lugar de
pesticidas tóxicos.
19.46. A redução dos riscos engloba também a prevenção de acidentes e de
envenenamentos provocados por produtos químicos, a implantação de uma tóxicovigilância
assim como limpeza e recuperação coordenada das zonas contaminadas por substâncias tóxicas.
19.47. O Conselho da OCDE decidiu que os países membros da Organização deverão
estabelecer ou fortalecer os programas nacionais de redução de riscos. O Conselho Internacional
das Associações das Indústrias Químicas adotou iniciativas em favor do manejo responsável e da
vigilância dos produtos tendo em vista reduzir os riscos químicos. O programa APELL do
PNUMA (Conscientização e Preparação para Emergências no Plano Local) visa a ajudar os
responsáveis pelas decisões e o pessoal técnico a informar melhor à comunidade sobre as
instalações perigosas e a preparar planos de reação. A OIT publicou um código de práticas sobre
a prevenção de grandes acidentes industriais e está preparando um instrumento internacional
sobre a prevenção de catástrofes industriais, que poderá ser adotado em 1993.
Objetivos
Atividades
riscos excessivos ou inaceitáveis para a saúde humana e o meio ambiente e aqueles que são
tóxicos, persistentes e bioacumulativos e cuja utilização não pode ser adequadamente controlada;
(d) Redobrar os esforços para identificar as necessidades nacionais de
estabelecimento e implementação de normas no contexto do Codex Alimentarius FAO/OMS a
fim de reduzir ao mínimo os efeitos nocivos da presença de produtos químicos nos alimentos;
(e) Elaborar políticas nacionais e adotar a estrutura reguladora necessária para a
prevenção de acidentes e para a preparação e intervenções em caso de acidente (planejamento do
uso da terra, sistemas de autorização, requisitos de notificação em caso de acidentes etc.) e
trabalhar com o catálogo internacional dos centros regionais de intervenção de urgência
(OCDE/PNUMA) e o programa APELL;
(f) Promover a criação e o fortalecimento, quando apropriado, de centros nacionais
de proteção contra as substâncias tóxicas, para assegurar um diagnóstico e um tratamento pronto
e eficaz dos envenenamentos;
(g) Reduzir a dependência excessiva do uso de produtos químicos na agricultura
utilizando outras práticas agrícolas, a luta integrada contra as pragas ou outros meios apropriados;
(h) Exigir dos fabricantes, dos importadores e dos usuários de produtos químicos
tóxicos que desenvolvam, com a cooperação dos produtores dessas substâncias, quando
apropriado, procedimentos de intervenção de urgência e que elaborem planos de intervenção de
emergência no interior e no exterior de suas instalações;
(i) Identificar, avaliar, reduzir ao mínimo ou eliminar, tanto quanto possível, os
riscos decorrentes da armazenagem de produtos químicos ultrapassados por meio de métodos de
eliminação ambientalmente saudáveis.
19.50. As indústrias devem ser estimuladas a:
(a) Desenvolver um código de princípios internacionalmente aceito para o manejo
do comércio dos produtos químicos, reconhecendo em particular a responsabilidade que elas têm
de oferecer informações sobre os riscos potenciais e as práticas de eliminação ambientalmente
saudáveis se esses produtos se tornarem resíduos, em cooperação com os Governos e com
organizações internacionais pertinentes e organismos apropriados das Nações Unidas;
(b) Formular a aplicação de um enfoque baseado no "manejo responsável" dos
produtos químicos por parte dos produtores e fabricantes, levando em conta o ciclo de vida
integral desses produtos;
(c) Adotar a título voluntário programas reconhecendo o direito à informação da
comunidade baseados em diretrizes internacionais, que incluam a divulgação de informações
sobre as causas das emissões acidentais ou potenciais e os meios de prevení-las, e apresentando
relatórios sobre as emissões anuais habituais de produtos químicos tóxicos no meio ambiente,
quando não exista regulamentação nos países de implantação.
(b) Dados e informação
19.51. Os Governos, em cooperação com os organismos internacionais pertinentes e a
indústria, quando apropriado, devem:
(a) Promover o intercâmbio de informações sobre as atividades nacionais e
regionais para reduzir os riscos dos produtos químicos;
(b) Cooperar na elaboração de diretrizes de comunicação sobre os riscos químicos
no plano nacional a fim de promover o intercâmbio de informações com o público e a
compreensão dos riscos.
(c) COOPERAÇÃO E COORDENAÇÃO INTERNACIONAIS E REGIONAIS
19.52. Os Governos, em cooperação com os organismos internacionais pertinentes e a
indústria, quando apropriado, devem:
Agenda 21 - Global 260
Meios de execução
a sua eventual substituição por outros métodos de controle de pragas, particularmente no caso de
pesticidas tóxicos, persistentes e/ou bioacumulativos.
19.55. Muitos países não dispõem de sistemas nacionais para enfrentar os riscos
químicos. A maioria dos países carece de meios científicos para reunir provas de uso indevido e
de avaliar o impacto dos produtos químicos sobre o meio ambiente, devido às dificuldades
envolvidas na detecção de muitos produtos químicos problemáticos e no rastreamento sistemático
de sua circulação. Entre os possíveis perigos para a saúde humana e o meio ambiente nos países
em desenvolvimento estão formas novas e importantes de utilização. Em vários países que
dispõem de sistemas desse tipo há necessidade urgente de torná-los mais eficientes.
19.56. Os elementos básicos de um bom manejo saudável dos produtos químicos são: a)
legislação adequada; b) coleta e difusão de informação; c) capacidade de avaliar e interpretar os
riscos; d) estabelecimento de uma política de manejo dos riscos; e) capacidade para implementar
e fazer cumprir essa política; f) a capacidade de reabilitar os lugares contaminados e atender as
pessoas intoxicadas; g) programas eficazes de ensino; h) capacidade de reagir em caso de
urgência.
19.57. Dado que o manejo dos produtos químicos se exerce em vários setores
relacionados a diversos ministérios nacionais, a experiência indica que um mecanismo de
coordenação é indispensável.
Objetivo
19.58. Até o ano 2000, deverá haver em todos os países, na medida do possível, sistemas
nacionais de manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos, incluindo uma legislação e
disposições para sua implantação e cumprimento.
Atividades
Meios de implementação
Essa preocupação se estende igualmente aos movimentos transfronteiriços desses produtos que
não obedecem às diretrizes e aos princípios aplicáveis internacionalmente. As atividades desta
área de programas visam a melhorar a detecção e a prevenção do tráfico em questão.
19.67. É necessária uma intensificação da cooperação internacional e regional para
impedir os movimentos transfronteiriços ilegais dos produtos tóxicos e perigosos. É preciso, além
disso, aumentar a capacidade no plano nacional de melhorar o monitoramento e o cumprimento
da legislação, reconhecendo que talvez haja a necessidade de impor sanções apropriadas como
parte de um programa eficaz de execução da lei. Outras atividades previstas neste capítulo (por
exemplo, no parágrafo 19.39 (d)) contribuirão igualmente para a realização desses objetivos.
Objetivos
Atividades
Siglas
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PISSQ Programa Internacional sobre a Segurança dos Produtos Químicos
RISCPT Registro Internacional de Substâncias Potencialmente Tóxicas
FISPQ Fichas Internacionais sobre Segurança de Produtos Químicos
OIPC Organismo Internacional de Pesquisa sobre o Câncer
OMI Organização Marítima Internacional
PIC não definida neste capítulo
APELL Concientização e Preparação para Emergência no Plano Local
CESAT não definida neste capítulo
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial de Saúde
OCDE Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos
CEE não definida neste capítulo
FAO não definida neste capítulo
GATT Acordo Geral de Tarifas e Comércio
Agenda 21 - Global 266
Capítulo 20
Introdução
Objetivo geral
Metas gerais
Áreas de Programas
Objetivos
Atividades
com as Nações Unidas e outras organizações e indústrias pertinentes, quando apropriado, devem
apoiar o estabelecimento de instalações nacionais para a manipulação dos resíduos perigosos de
origem interna;
(e) Os Governos dos países desenvolvidos devem promover a transferência para
os países em desenvolvimento de tecnologias ambientalmente saudáveis e conhecimento técnico-
científico relativo a tecnologias limpas e produção com poucos resíduos, em conformidade com o
capítulo 34, o que produzirá mudanças para sustentar a inovação. Os Governos deverão cooperar
com a indústria, quando apropriado, na elaboração de diretrizes e códigos de conduta que
conduzam a tecnologias limpas por meio de associações setoriais de comerciantes e industriais;
(f) Os Governos devem incentivar a indústria para tratar, reciclar, reutilizar e
depositar os resíduos na fonte geradora, ou o mais próximo possível dela, quando a produção de
resíduos for inevitável e quando resulte eficiente para a indústria tanto do ponto de vista
econômico quanto do ambiental;
(g) Os Governos devem estimular as avaliação de tecnologia, mediante a
utilização, por exemplo, de centros de avaliação tecnológica;
(h) Os Governos devem promover tecnologias limpas estabelecendo centros que
proporcionem treinamento e informação sobre tecnologias ambientalmente saudáveis;
(i) A indústria deve estabelecer sistemas de manejo ambiental que incluam a
auditoria ambiental de seus lugares de produção ou distribuição, a fim de identificar onde é
preciso instalar tecnologias limpas;
(j) Uma organização competente e apropriada das Nações Unidas deve tomar a
iniciativa, em cooperação com outras organizações, de elaborar diretrizes para estimar os custos e
benefícios de várias abordagens da adoção de tecnologias limpas, minimização dos resíduos e
manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos, inclusive o saneamento dos lugares
contaminados, levando em consideração, quando apropriado, o relatório da reunião celebrada em
Nairóbi, em 1991, por especialistas designados pelos Governos para elaborar uma estratégia
internacional e um programa de ação, além de diretrizes técnicas para o manejo ambientalmente
saudável dos resíduos perigosos, em particular no contexto do trabalho da Convenção de
Basiléia, que vem sendo desenvolvido sob a direção do Secretariado do PNUMA ;
(k) Os Governos devem estabelecer normas que estipulem a responsabilidade
última das indústrias do depósito ambientalmente saudável dos resíduos perigosos gerados por
suas atividades.
(b) Dados e informação
20.14. Devem ser realizadas as seguintes atividades:
(a) Os Governos, com a ajuda das organizações internacionais, devem estabelecer
mecanismos para determinar o valor dos sistemas de informação existentes;
(b) Os Governos devem estabelecer centros e redes nacionais e regionais de coleta
e difusão de informação que sejam de fácil acesso e uso para os organismos públicos, a indústria
e outras organizações não-governamentais;
(c) As organizações internacionais, por meio do Programa de Produção Mais
Limpa do PNUMA e do Centro Internacional de Informação sobre Tecnologias Limpas (ICPIC),
devem ampliar e fortalecer os sistemas existentes de coleta de informações sobre tecnologias
limpas;
(d) Deve-se promover a utilização, por parte de todos os órgãos e organizações das
Nações Unidas, da informação reunida por meio da Rede de Produção Mais Limpa;
(e) A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), em
colaboração com outras organizações, deve realizar um estudo amplo das experiências dos países
Agenda 21 - Global 270
Meios de implementação
20.20. Muitos países não têm a capacidade necessária para a manipulação e o manejo dos
resíduos perigosos. Isto se deve principalmente à falta de infraestrutura adequada, às deficiências
das estruturas reguladoras, à insuficiência dos programas de treinamento e ensino e à falta de
coordenação entre os vários ministérios e instituições que se ocupam dos diversos aspectos do
manejo de resíduos. Além disso, há falta de conhecimento sobre a contaminação e poluição do
meio ambiente e dos riscos que resultam da exposição a resíduos perigosos para a saúde da
população, especialmente de mulheres e crianças, e dos ecossistemas; sobre a avaliação dos
riscos; e as características dos resíduos. É preciso tomar medidas imediatas para identificar as
populações expostas a altos riscos e, se necessário, aplicar medidas corretivas. Uma das
prioridades fundamentais para um manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos é a
oferta de programas de conscientização, ensino e treinamento que abarquem todos os setores da
sociedade. Ademais, é necessário realizar programas de pesquisa para entender a natureza dos
resíduos perigosos, determinar seu possível impacto ambiental e desenvolver tecnologias para a
Agenda 21 - Global 272
manipulação sem risco desses resíduos. Por último, é necessário fortalecer as capacidades das
instituições responsáveis pelo manejo dos resíduos perigosos.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Agenda 21 - Global 274
Objetivos
Atividades
Meios de execução
indenização pelos danos causados pelo movimento transfronteiriço e pelo depósito de resíduos
perigosos;
(c) Implementar políticas para a implantação de proscrição ou proibição, conforme
o caso, das exportações de resíduos perigosos aos países que não tenham capacidade para tratar
desses resíduos de maneira ambientalmente saudável ou que tenham proibido a sua importação;
(d) Estudar, no contexto da Convenção de Basiléia e dos convênios regionais
pertinentes, a viabilidade de prestar assistência financeira temporária no caso de uma situação de
emergência, a fim de reduzir ao mínimo os danos resultantes de acidentes produzidos por
movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos ou durante o depósito desses resíduos.
Objetivos
Atividades
prestar atenção especial aos que sabidamente participaram no tráfico ilícito de resíduos perigosos
e aos resíduos perigosos que são particularmente suscetíveis de tráfico ilícito.
(b) Dados e informação
20.43. Os Governos devem estabelecer, quando apropriado, uma rede de informação e
um sistema de alerta para apoiar o trabalho de detecção do tráfico ilícito de resíduos perigosos.
As comunidades locais e outros interessados podem participar da operação dessa rede e desse
sistema.
20.44. Os Governos devem cooperar no intercâmbio de informação sobre movimentos
transfronteiriços ilícitos de resíduos perigosos e colocar essa informação à disposição dos órgãos
pertinentes das Nações Unidas, tais como o PNUMA e as comissões regionais.
(c) Cooperação e coordenação internacional e regional
20.45. As comissões regionais, em cooperação com o PNUMA e outros órgãos
pertinentes do sistema das Nações Unidas, contando com o apoio e o assessoramento de
especialistas destes órgãos e levando plenamente em consideração a Convenção de Basiléia,
continuarão monitorando e avaliando o tráfico ilícito de resíduos perigosos, inclusive suas
conseqüências para o meio ambiente, a economia e a saúde pública, de maneira permanente,
valendo-se dos resultados da avaliação preliminar conjunta do PNUMA/CESPAP do tráfico
ilícito, assim como da experiência adquirida nessa avaliação.
20.46. Os países e as organizações internacionais, quando apropriado, devem cooperar no
fortalecimento da capacidade institucional e reguladora, principalmente dos países em
desenvolvimento, a fim de prevenir a importação e exportação ilícitas de resíduos perigosos.
Agenda 21 - Global 280
Capítulo 21
Introdução
cada uma dessas quatro áreas variarão segundo as condições sócio-econômicas e físicas locais,
taxas de produção de resíduos e a composição destes. Todos os setores da sociedade devem
participar em todas as áreas de programas.
Áreas de Programas
Objetivos
Atividades
organizações internacionais, caso necessário. Esse programas devem basear-se , sempre que
possível, nas atividades atuais ou previstas e devem:
(a) Desenvolver e fortalecer as capacidades nacionais de pesquisa e elaboração de
tecnologias ambientalmente saudáveis, assim como adotar medidas para diminuir os resíduos ao
mínimo;
(b) Estabelecer incentivos para reduzir os padrões de produção e consumo não
sustentáveis;
(c) Desenvolver, quando necessário, planos nacionais para reduzir ao mínimo a
geração de resíduos como parte dos planos nacionais de desenvolvimento;
(d) Enfatizar as considerações sobre as possibilidade de reduzir ao mínimo os
resíduos nos contratos de compras dentro do sistema das Nações Unidas.
(b) Dados e informações
21.11. O monitoramento é um requisito essencial para acompanhar de perto as mudanças
na quantidade e qualidade dos resíduos e sua conseqüências para a saúde e o meio ambiente. Os
Governos, com o apoio das organizações internacionais, devem:
(a) Desenvolver e aplicar metodologias para o monitoramento de resíduos no
plano nacional;
(b) Reunir e analisar dados, estabelecer objetivos nacionais e acompanhar os
progressos;
(c) Utilizar dados para avaliar se as políticas nacionais para os resíduos são
ambientalmente saudáveis e estabelecer bases para a ação corretiva;
(d) Introduzir informações nos sistemas de informação mundiais.
(c) Cooperação e coordenação internacionais e regionais
21.12. As Nações Unidas e as organizações intergovernamentais, com a colaboração dos
Governos, devem ajudar a promover a minimização dos resíduos facilitando um maior
intercâmbio de informação, conhecimentos técnicos-científicos e experiência. O que se segue é
uma lista não exaustiva das atividades especifícas que podem ser empreendidas:
(a) Identificar, desenvolver e harmonizar metodologias para monitorar a produção
de resíduos e transferir essas metodologias aos países;
(b) Identificar e ampliar as atividades das redes de informação existentes sobre
tecnologias limpas e minimização dos resíduos;
(c) Realizar avaliação periódica, cotejar e analisar os dados dos países e informar,
sistematicamente, em um foro apropriado das Nações Unidas, aos países interessados;
(d) Examinar a eficácia de todos os instrumentos de redução dos resíduos e
determinar os novos instrumentos que podem ser utilizados, assim como as técnicas por meio das
quais podem ser colocados em prática nos países. Devem-se desenvolver diretrizes e códigos de
conduta;
(e) Empreender pesquisas sobre os impactos social e econômico, entre os
consumidores, da redução ao mínimo dos resíduos.
Meios de implementação
bilhões de dólares para reduzir ao mínimo os resíduos sólidos municipais. As somas reais devem
ser determinadas pelas autoridades municipais, provinciais e nacionais pertinentes, baseando-se
nas circunstâncias locais.
(b) Meios científicos e tecnológicos
21.14 É necessário identificar e difundir amplamente tecnologias e procedimentos
adequados para reduzir ao mínimo os resíduos. Esse trabalho deve ser coordenado pelos
Governos, com a cooperação e colaboração de organizações não-governamentais, instituições de
pesquisa e organismos competentes das Nações Unidas e pode compreender:
(a) Empreender um exame contínuo da eficácia de todos os instrumentos de
redução ao mínimo dos resíduos e identificar novos instrumentos que possam ser utilizados,
assim como técnicas por meio das quais esses instrumentos possam ser colocados em prática nos
países. Devem-se desenvolver diretrizes e códigos de conduta;
(b) Promover a prevenção e a redução ao mínimo dos resíduos como objetivo
principal dos programas nacionais de manejo de resíduos;
(c) Promover o ensino público e uma gama de incentivos reguladores e não
reguladores para estimular a indústria a modificar o projeto dos produtos e reduzir os resíduos
procedentes dos processos industriais mediante o uso de tecnologias de produção mais limpas e
boas práticas administrativas, assim como estimular a indústria e os consumidores a utilizar tipos
de embalagens que possam voltar a ser utilizados sem risco;
(d) Executar, de acordo com as capacidades nacionais, programas-pilotos e de
demonstração para otimizar os instrumentos de redução dos resíduos;
(e) Estabelecer procedimentos para o transporte, o armazenamento, a conservação
e o manejo adequados de produtos agrícolas, alimentos e outras mercadorias perecíveis, a fim de
reduzir as perdas desses produtos que conduzem à produção de resíduos sólidos;
(f) Facilitar a transferência de tecnologias de redução dos resíduos para a indústria,
principalmente nos países em desenvolvimento, e estabelecer normas nacionais concretas para os
efluentes e resíduos sólidos, levando em consideração, inter alia, o consumo de matérias primas e
energia.
(c) Desenvolvimento dos recursos humanos
21.15. O desenvolvimento dos recursos humanos para a minimização dos resíduos não
deve se destinar apenas aos profissionais do setor de manejo dos resíduos, mas também deve
buscar o apoio dos cidadãos e da indústria. Os programas de desenvolvimento dos recursos
humanos devem ter por objetivo conscientizar, educar e informar os grupos interessados e o
público em geral. Os países devem incorporar aos currículos das escolas, quando apropriado, os
princípios e práticas referentes à prevenção e redução dos resíduos e material sobre os impactos
dos resíduos sobre o meio ambiente.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
21.27. Mesmo quando os resíduos são minimizados, algum resíduo sempre resta. Mesmo
depois de tratadas, todas as descargas de resíduos produzem algum impacto residual no meio
ambiente que as recebe. Conseqüentemente, existe uma margem para melhorar as práticas de
tratamento e depósito dos resíduos, como, por exemplo, evitar a descarga de lamas residuais no
mar. Nos países em desenvolvimento, esse problema tem um caráter ainda mais fundamental:
menos de 10 por cento dos resíduos urbanos são objeto de algum tratamento e apenas em
pequena proporção tal tratamento responde a uma norma de qualidade aceitável. Deve-se
conceder a devida prioridade ao tratamento e depósito de matérias fecais devido à ameaça que
representam para a saúde humana.
Objetivos
21.28. O objetivo nesta área é tratar e depositar com segurança uma proporção crescente
dos resíduos gerados.
21.29. Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a cooperação
das Nações Unidas e outras organizações pertinentes, quando apropriado, devem:
(a) Estabelecer, até o ano 2000, critérios de qualidade, objetivos e normas para o
tratamento e o depósito de resíduos baseados na natureza e capacidade de assimilação do meio
ambiente receptor;
(b) Estabelecer, até o ano 2000, capacidade suficiente para monitorar o impacto da
poluição relacionada aos resíduos e manter uma vigilância sistemática, inclusive epidemiológica,
quando apropriado;
(c) Tomar providências para que até o ano 1995, nos países industrializados, e
2005, nos países em desenvolvimento, pelo menos 50 por cento do esgoto, das águas residuais e
dos resíduos sólidos sejam tratados ou eliminados em conformidade com diretrizes nacionais ou
internacionais de qualidade ambiental e sanitária;
(d) Depositar, até o ano 2025, todo o esgoto, águas residuais e resíduos sólidos de
acordo com diretrizes nacionais ou internacionais de qualidade ambiental.
Atividades
Meios de implementação
bilhões de dólares, inclusive cerca de $3.4 bilhões de dólares a serem providos pela comunidade
internacional em termos concessionais ou de doações. Estas são estimativas apenas indicativas e
aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive os
não concessionais, dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos que os
Governos decidam adotar para a implementação.
(b) Meios científicos e tecnológicos
21.35. As diretrizes científicas e as pesquisas sobre os diversos aspectos do controle da
poluição relacionada com os resíduos serão decisivas para alcançar os objetivos deste programa.
Os Governos, os municípios e as autoridades locais, com a devida cooperação internacional,
devem:
(a) Preparar diretrizes e relatórios técnicos sobre questões tais como a integração
do planejamento do uso das terras para estabelecimentos humanos com o depósito dos resíduos,
de normas e critérios de qualidade ambiental; das opções para o tratamento e o depósito dos
resíduos com segurança, do tratamento dos resíduos industriais, e das operações de aterros
sanitários;
(b) Empreender pesquisas sobre questões de importância crítica, tais como
sistemas de tratamento de resíduos líquidos de baixo custo e fácil manutenção, opções para o
depósito das lamas residuais em condições de segurança, tratamento dos resíduos industriais e
opções de tecnologias baratas e ambientalmente seguras de depósito de resíduos;
(c) Transferir, em conformidade com os termos e as disposições do capítulo 34,
tecnologias sobre processos de tratamento dos resíduos industriais por intermédio de programas
de cooperação técnica bilaterais e multilaterais, e em cooperação com as empresas e a indústria,
inclusive as empresas grandes e transnacionais, quando apropriado;
(d) Centrar as atividades na reabilitação, funcionamento e manutenção das
instalações existentes e na assistência técnica para o melhoramento das práticas e técnicas de
manutenção, seguidas pelo planejamento e construção de instalações de tratamento de resíduos;
(e) Estabelecer programas para maximizar a separação na fonte e o depósito com
segurança dos componentes perigosos dos resíduos sólidos municipais;
(f) Assegurar que simultaneamente aos serviços de abastecimento de água existam
tanto serviços de coleta de resíduos como instalações de tratamento de resíduos e que se façam
investimentos para a criação desses serviços.
(c) Desenvolvimento dos recursos humanos
21.36. Será necessário treinamento a fim de melhorar as práticas atuais de manejo de
resíduos para que incluam a coleta e o depósito dos resíduos com segurança. O que se segue é
uma lista indicativa de medidas que devem ser tomadas pelos Governos, em colaboração com
organismos internacionais:
(a) Oferecer treinamento formal e em serviço centrado no controle da poluição,
nas tecnologias de tratamento e depósito de resíduos e no funcionamento e manutenção da
infraestrutura relativa aos resíduos. Devem-se estabelecer também programas de intercâmbio de
pessoal entre países;
(b) Empreender o treinamento necessário para o monitoramento e aplicação de
medidas de controle da poluição relacionada com os resíduos.
(d) Fortalecimento Institucional
21.37. As reformas institucionais e a fortalecimento institucional e técnica serão
indispensáveis para que os países possam quantificar e mitigar a poluição relacionada com os
resíduos. As atividades para alcançar esse objetivo devem compreender:
(a) A criação e o fortalecimento de órgãos independentes de controle do meio
Agenda 21 - Global 290
ambiente nos planos nacional e local. As organizações internacionais e os doadores devem apoiar
a capacitação de mão-de-obra especializada e o provimento do equipamento necessário;
(b) A atribuição do mandato jurídico e da capacidade financeira necessários aos
organismos de controle da poluição para que cumpram eficazmente as suas funções.
21.38. Até o final do século, mais de 2 bilhões de pessoas não terão acesso aos serviços
sanitários básicos e estima-se que a metade da população urbana dos países em desenvolvimento
não contará com serviços adequados de depósito dos resíduos sólidos. Não menos de 5,2 milhões
de pessoas, entre elas 4 milhões de crianças menores de cinco anos, morrem a cada ano devido a
enfermidades relacionadas com os resíduos. As conseqüências para a saúde são especialmente
graves no caso da população urbana pobre. As conseqüências de um manejo pouco adequado
para a saúde e o meio ambiente ultrapassam o âmbito dos estabelecimentos carentes de serviços e
se fazem sentir na contaminação e poluição da água, da terra e do ar em zonas mais extensas. A
ampliação e o melhoramento dos serviços de coleta e depósito de resíduos com segurança são
decisivos para alcançar o controle dessa forma de contaminação.
Objetivos
21.39. O objetivo geral deste programa é prover toda a população de serviços de coleta e
depósito de resíduos ambientalmente seguros que protejam a saúde. Os Governos, segundo sua
capacidade e recursos disponíveis e com a cooperação das Nações Unidas e de outras
organizações pertinentes, quando apropriado, devem:
(a) Até o ano 2000, ter a capacidade técnica e financeira e os recursos humanos
necessários para proporcionar serviços de recolhimento de resíduos a altura de suas necessidades;
(b) Até o ano 2025, oferecer a toda população urbana serviços adequados de
tratamento de resíduos;
(c) Até o ano 2025, assegurar que existam serviços de tratamento de resíduos para
toda a população urbana e serviços de saneamento ambiental para toda a população rural.
Atividades
Meios de implementação
Capítulo 22
Área de programas
22.1. Os resíduos radioativos são gerados no ciclo dos combustíveis nucleares, bem como
nas aplicações nucleares (o uso de radionuclídeos nucleares na medicina, pesquisa e indústria).
Os riscos radiológicos e de segurança dos resíduos radioativos variam de muito baixos, nos
resíduos de vida curta e baixo nível de radioatividade, até muito altos nos resíduos altamente
radioativos. Anualmente, cerca de 200.000 metros cúbicos de resíduos de nível baixo e
intermediário e 10.000 metros cúbicos de resíduos de alto nível de radioatividade (bem como de
combustíveis nucleares consumidos destinados à depósito definitiva) são gerados em todo o
mundo pela produção de energia nuclear. Esses volumes estão aumentando à medida que entram
em funcionamento mais unidades de geração de energia nuclear, se desmontam instalações
nucleares e aumenta o uso de radionuclídeos. Os resíduos de alto nível de radioatividade contêm
cerca de 99 por cento dos radionuclídeos e representam, portanto, o maior risco radiológico. Os
volumes de resíduos das aplicações nucleares são geralmente muito menores, de cerca de
algumas dezenas de metros cúbicos ou menos por ano, por país. No entanto, a concentração da
atividade, especialmente em fontes de radiação seladas, pode ser alta, justificando assim a adoção
de medidas de proteção radiológica muito estritas. Deve-se manter sob exame cuidadoso o
crescimento dos volumes de resíduos.
22.2. O manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos, inclusive sua
minimização, transporte e depósito, é importante, dadas as características deles. Na maioria dos
países com programas substanciais de energia nuclear tomaram-se medidas técnicas e
administrativas para implementar um sistema de manejo dos resíduos. Em muitos outros países,
que ainda estão na fase preparatória para um programa nuclear nacional, ou que possuem apenas
aplicações nucleares, subsiste a necessidade de sistemas desse tipo.
Objetivo
22.3. O objetivo desta área de programas é assegurar que os resíduos radioativos sejam
gerenciados, transportados, armazenados e depositados de maneira segura, tendo em vista
proteger a saúde humana e o meio ambiente, dentro do panorama mais amplo de uma abordagem
interativa e integrada do manejo e da segurança dos resíduos radioativos.
Atividades
Meios de implementação
Capítulo 23
PREÂMBULO
Capítulo 24
Área de programas
Objetivos
Atividades
de igualdade e remuneração eqüitativa da mulher nos setores formal e informal, com sistemas e
serviços de apoio econômico, político e social adequados que compreendam o cuidado das
crianças, em particular creches e licença para os pais, e acesso igual a crédito, terra e outros
recursos naturais;
(g) Programas para estabelecer sistemas bancários rurais, tendo em vista facilitar e
aumentar o acesso da mulher ao crédito e aos insumos e implementos agrícolas;
(h) Programas para desenvolver a consciência dos consumidores e a participação
ativa da mulher, enfatizando seu papel decisivo na realização das mudanças necessárias para
reduzir ou eliminar padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países
industrializados, a fim de estimular o investimento em atividades produtivas ambientalmente
saudáveis e induzir a um desenvolvimento industrial benévolo do ponto de vista ambiental e
social;
(i) Programas para eliminar imagens, estereótipos, atitudes e preconceitos
negativos persistentes contra a mulher mediante mudanças nos padrões de socialização, nos
meios de comunicação, na propaganda e no ensino formal ou informal;
(j) Medidas para examinar o progresso alcançado nessas áreas, inclusive com a
preparação de um relatório de exame e avaliação que inclua recomendações para a conferência
mundial sobre a mulher de 1995.
24.4. Pede-se urgência aos Governos para que ratifiquem todas as convenções pertinentes
relativas à mulher, se já não o fizeram. Os que ratificaram as convenções devem fazer com que
sejam cumpridas e estabelecer procedimentos jurídicos, constitucionais e administrativos para
transformar os direitos reconhecidos em leis nacionais e devem tomar medidas para implementá-
los, a fim de fortalecer a capacidade jurídica da mulher de participar plenamente e em condições
de igualdade nas questões e decisões relativas ao desenvolvimento sustentável.
24.5. Os Estados participantes da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher devem examiná-la e sugerir emendas até o ano 2000, tendo em
vista fortalecer os elementos da Convenção relativos a meio ambiente e desenvolvimento, dando
atenção especial à questão do acesso e do direito aos recursos naturais, à tecnologia, às formas
inovadoras de financiamento e à moradia barata, bem como ao controle da poluição e toxicidade
no lar e no trabalho. Os Estados participantes devem também precisar o alcance da Convenção no
que diz respeito às questões de meio ambiente e desenvolvimento e pedir ao Comitê para a
Eliminação da Discriminação contra a Mulher que elabore diretrizes relativas ao caráter da
apresentação de relatórios sobre essas questões, requeridas por determinados artigos da
Convenção.
(a) Áreas que exigem ação urgente
24.6. Os países devem tomar medidas urgentes para evitar a degradação rápida do meio
ambiente e da economia em andamento nos países em desenvolvimento, a qual afeta, em geral, a
vida da mulher e da criança nas zonas rurais sujeitas a secas, desertificação e desmatamento,
hostilidades armadas, desastres naturais, resíduos tóxicos e às conseqüências do uso de produtos
agroquímicos inadequados.
24.7. A fim de alcançar essas metas, a mulher deve participar plenamente da tomada de
decisões e da implementação das atividades de desenvolvimento sustentável.
(b) Pesquisa, coleta de dados e difusão da informação
24.8. Os países, em colaboração com instituições acadêmicas e pesquisadoras locais,
devem desenvolver bancos de dadoss, sistemas de informação, pesquisas participantes orientadas
para a ação e análises de políticas sensíveis às diferenças de sexo sobre os seguintes aspectos:
(a) Conhecimento e experiência por parte da mulher do manejo e conservação dos
Agenda 21 - Global 301
recursos naturais, para incorporação às bancos de dados e aos sistemas de informação voltados
para o desenvolvimento sustentável;
(b) O impacto sobre a mulher dos programas de ajuste estrutural. Nas pesquisas
sobre os programas de ajuste estrutural deve-se dar atenção especial aos impactos diferenciados
desses programas sobre a mulher, especialmente no que se refere aos cortes nos serviços sociais,
educação e saúde e à eliminação dos subsídios à alimentação e aos combustíveis;
(c) O impacto sobre a mulher da degradação ambiental, em particular de secas,
desertificação, produtos químicos tóxicos e hostilidades armadas;
(d) Análise das relações estruturais entre relações de gênero, meio ambiente e
desenvolvimento;
(e) Integração do valor do trabalho não remunerado, inclusive do que atualmente
se denomina "doméstico", nos mecanismos de contabilização dos recursos, a fim de representar
melhor o verdadeiro valor da contribuição da mulher à economia, utilizando as diretrizes
revisadas para o Sistema de Contas Nacionais das Nações Unidas, a serem publicadas em 1993;
(f) Medidas para efetuar e incluir análises de impacto ambiental, social e sobre os
sexos, como elemento essencial do desenvolvimento e monitoramento de programas e políticas;
(g) Programas para criar centros de treinamento, pesquisa e recursos urbanos e
rurais nos países desenvolvidos e em desenvolvimento que servirão para disseminar tecnologias
ambientalmente saudáveis para a mulher.
(c) Cooperação e coordenação internacionais e regionais
24.9. O Secretariado Geral das Nações Unidas deve avaliar todas as instituições da
Organização, inclusive das que dão atenção especial ao papel da mulher, no que se refere ao
cumprimento dos objetivos de meio ambiente e desenvolvimento e fazer recomendações para
reforçar a capacidade delas. Entre as instituições que requerem uma atenção especial nesse
sentido estão a Divisão para o Progresso da Mulher (Centro de Desenvolvimento Social e
Assuntos Humanitários, Escritório das Nações Unidas em Viena), o Fundo de Desenvolvimento
das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), o Instituto Internacional de Pesquisas e
Treinamento para o Progresso da Mulher (INSTRAW) e os programas das comissões regionais
relativos à mulher. Essa avaliação deve analisar como os programas de meio ambiente e
desenvolvimento de cada órgão do sistema das Nações Unidas podem ser fortalecidos para
implementar a Agenda 21 e como incorporar o papel da mulher nos programas e decisões
relacionados com o desenvolvimento sustentável.
24.10. Cada órgão do sistema das Nações Unidas deve revisar o número de mulheres em
postos executivos e de tomada de decisões de nível superior e, quando apropriado, adotar
programas para aumentar esse número, de acordo com a resolução 1991/17 do Conselho
Econômico e Social sobre a melhoria do estatuto da mulher na Secretaria.
24.11. O UNIFEM deve realizar consultas periódicas com os doadores, em colaboração
com o UNICEF, tendo em vista promover programas e projetos operacionais de desenvolvimento
sustentável que reforçarão a participação da mulher, sobretudo a de baixa renda, no
desenvolvimento sustentável e na tomada de decisões. O PNUD deve estabelecer um centro
feminino sobre desenvolvimento e meio ambiente em cada um dos escritórios de seus
representantes residentes, afim de oferecer informação e promover o intercâmbio de experiências
e informação nesses campos. Os órgãos do sistema das Nações Unidas, Governos e organizações
não-governamentais envolvidos no acompanhamento das atividades geradas pela Conferência e
na implementação da Agenda 21 devem assegurar que as considerações sobre diferença de
gênero sejam plenamente integradas a todas as políticas, programas e atividades.
Agenda 21 - Global 302
Meios de implementação
Capítulo 25
Introdução
Áreas de Programas
Objetivos
25.4. Cada país deve instituir, em consulta com suas comunidades de jovens, um processo
para promover o diálogo entre a comunidade da juventude e o Governo em todos os níveis e
estabelecer mecanismos que permitam o acesso da juventude à informação e dar-lhe a
oportunidade de apresentar suas opiniões sobre as decisões governamentais, inclusive sobre a
implementação da Agenda 21.
25.5. Até o ano 2000, cada país deve assegurar que mais de 50 por cento de sua
juventude, com representação eqüitativa de ambos os sexos, esteja matriculada ou tenha acesso à
educação secundária adequada ou em programas educacionais ou de formação profissional
equivalentes, aumentando anualmente os índices de participação e acesso.
25.6. Cada país deve adotar iniciativas destinadas a reduzir as atuais taxas de desemprego
dos jovens, sobretudo onde elas sejam desproporcionalmente altas em comparação com a taxa
geral de desemprego.
25.7. Cada país e as Nacões Unidas devem apoiar a promoção e criação de mecanismos
para que a representação juvenil participe de todos os processos das Nacões Unidas, a fim de que
ela influencie nesses processos.
25.8. Cada país deve combater as violacões dos direitos humanos da juventude, em
particular das mulheres jovens e meninas, e examinar a maneira de assegurar a todos os jovens a
proteção jurídica, os conhecimentos técnicos, as oportunidades e o apoio necessário para que
Agenda 21 - Global 304
Atividades
25.9. Os Governos, de acordo com suas estratégias, devem tomar medidas para:
(a) Estabelecer até 1993 procedimentos que permitam a consulta e a possível
participação da juventude de ambos os sexos, nos planos local, nacional e regional, nos processos
de tomada de decisões relativas ao meio ambiente;
(b) Promover o diálogo com as organizacões juvenis em relação à redação e
avaliação dos planos e programas sobre o meio ambiente ou questões relacionadas com o
desenvolvimento;
(c) Considerar a possibilidade de incorporar às políticas pertinentes as
recomendacões das conferências e outros fóruns juvenis internacionais, regionais e locais que
ofereçam as perspectivas da juventude sobre o desenvolvimento social e econômico e o manejo
dos recursos;
(d) Assegurar o acesso de todos os jovens a todos os tipos de educação, sempre
que apropriado, oferecendo estruturas de ensino alternativas; assegurar que o ensino reflita as
necessidades econômicas e sociais da juventude e incorpore os conceitos de conscientização
ambiental e desenvolvimento sustentável em todo o currículo; e ampliar a formação profissional,
implementando métodos inovadores destinados a aumentar os conhecimentos práticos, tais como
a exploração do meio ambiente;
(e) Em cooperação com os ministérios e as organizacões pertinentes, inclusive
representantes da juventude, desenvolver e implementar estratégias para criar oportunidades
alternativas de emprego e proporcionar aos jovens de ambos os sexos o treinamento requerido;
(f) Estabelecer forças-tarefas formadas por jovens e organizacões juvenis não-
governamentais para desenvolver programas de ensino e conscientização sobre questões
decisivas para a juventude, voltados especificamente para a população juvenil. Estas forças-
tarefas deverão utilizar métodos educacionais formais e não-formais para atingir o maior número
de pessoas. Os meios de comunicação nacionais e locais, as organizacões não-governamentais, as
empresas e outras organizacões devem prestar auxílio a essas forças-tarefas;
(g) Apoiar programas, projetos, redes, organizacões nacionais e organizacões
juvenis não-governamentais para examinar a integração de programas em relação às suas
necessidades de projetos, estimulando a participação da juventude na identificação, formulação,
implementação e seguimento de projetos;
(h) Incluir representantes da juventude em suas delegacões a reuniões
internacionais, em conformidade com as resolucões pertinentes da Assembléia Geral aprovadas
em 1968, 1977, 1985 e 1989.
25.10. As Nacões Unidas e as organizacões internacionais que contem com programas
para a juventude devem tomar medidas para:
(a) Examinar seus programas para a juventude e a maneira de melhorar a
coordenação entre eles;
(b) Aumentar a difusão de informação pertinente aos Governos, organizacões
juvenis e outras organizacões não-governamentais sobre a posição e atividades atuais da
juventude, e monitorar e avaliar a aplicação da Agenda 21;
(c) Promover o Fundo Fiduciário das Nacões Unidas para o Ano Internacional da
Juventude e colaborar com os representantes da juventude na administração dele, centrando a
atenção especialmente nas necessidades dos jovens dos países em desenvolvimento.
Agenda 21 - Global 305
Meios de implementação
25.12. Os Governos, de acordo com suas políticas, devem tomar medidas para:
(a) Assegurar a sobrevivência, a proteção e o desenvolvimento da criança, em
conformidade com as metas subscritas pela Cúpula Mundial da Infância de 1990(1);
(b) Assegurar que os interesses da infância sejam levados em plena consideração
no processo participatório em favor do desenvolvimento sustentável e da melhoria do meio
ambiente.
25.13. Os governos, em comformidade com suas politicas, devem adotar medidas para:
(a) Zelar pela sobrevivencia, proteção e desenvolvimento das crianças, em
conformidade com os objetivos subscritos pela cupula mundial em favor da infância de 1990.
(b) Assegurar que os interesses da infância sejam plenamente tomados em conta
no processo de participação conducente ao desenvolvimento sustentável e a melhoria da
qualidade do meio ambiente.
Atividades
Meios de implementação
Capítulo 26
Áreas de programas
26.1. Os populações indígenas e suas comunidades têm uma relação histórica com suas
terras e, em geral, descendem dos habitantes originais dessas terras. No contexto deste capítulo, o
termo "terras" abrange o meio ambiente das zonas que essas populações ocupam
tradicionalmente. Os populações indígenas e suas comunidades representam uma porcentagem
significativa da população mundial. Durante muitas gerações, eles desenvolveram um
conhecimento científico tradicional holístico de suas terras, recursos naturais e meio ambiente.
Os populações indígenas e suas comunidades devem desfrutar a plenitude dos direitos humanos e
das liberdades fundamentais, sem impedimentos ou discriminações. Sua capacidade de participar
plenamente das práticas de desenvolvimento sustentável em suas terras tendeu a ser limitada, em
conseqüência de fatores de natureza econômica, social e histórica. Tendo em vista a inter-relação
entre o meio natural e seu desenvolvimento sustentável e o bem estar cultural, social, econômico
e físico dos populações indígenas, os esforços nacionais e internacionais de implementação de
um desenvolvimento ambientalmente saudável e sustentável devem reconhecer, acomodar,
promover e fortalecer o papel dos populações indígenas e suas comunidades.
26.2. Algumas das metas inerentes aos objetivos e atividades desta área de programas já
estão contidos em instrumentos jurídicos internacionais, tais como a Convenção sobre
Populaçoes s Indígenas e Tribais da OIT (Nº 169), e estão sendo incorporados ao projeto de
Declaração Universal dos Direitos Indígenas que prepara o Grupo de Trabalho sobre Populações
Indígenas das Nações Unidas. O Ano Internacional do Índio (1993), proclamado pela Assembléia
Geral em sua resolução 45/164, de 18 de dezembro de 1990, representa uma ocasião propícia
para mobilizar ainda mais a cooperação técnica e financeira internacional.
Objetivos
Atividades
internacionais. Além disso, esses programas e políticas devem levar plenamente em consideração
as estratégias baseadas em iniciativas locais indígenas;
(b) Oferecer assistência técnica e financeira para programas de fortalecimento
institucional e técnica a fim de apoiar o desenvolvimento autônomo sustentável dos populações
indígenas e suas comunidades;
(c) Fortalecer os programas de pesquisa e ensino destinados a:
(i) Conseguir uma melhor compreensão dos conhecimentos e da
experiência em manejo dos populações indígenas relacionadas com o meio ambiente e aplicá-los
aos desafios contemporâneos do desenvolvimento;
(ii) Aumentar a eficiência dos sistemas de manejo de recursos dos
populações indígenas, promovendo, por exemplo, a adaptação e a difusão de inovações
tecnlógicas apropriadas;
(d) Contribuir para os esforços dos populações indígenas e suas comunidades nas
estratégias de manejo e conservação dos recursos (como aquelas que podem ser desenvolvidas
dentro de projetos adequados financiados por meio do Fundo para o Meio Ambiente Mundial e o
Plano de Ação para Florestas Tropicais) e outras áreas de programas da Agenda 21, entre elas
programas para coletar, analisar e usar dados e outras informações em apoio a projetos de
desenvolvimento sustentável.
26.6. Os Governos, em cooperação plena com os populações indígenas e suas
comunidades devem, quando apropriado:
(a) Desenvolver ou fortalecer os mecanismos nacionais de consulta aos
populações indígenas e suas comunidades tendo em vista refletir suas necessidades e incorporar
seus valores e seus conhecimentos e práticas tradicionais ou de outro tipo nas políticas e
programas nacionais nos campos do manejo e conservação dos recursos e outros programas de
desenvolvimento que as afetem;
(b) Cooperar no plano regional, quando apropriado,para tratar das questões
indígenas comuns tendo em vista reconhecer e fortalecer a participação delas no desenvolvimento
sustentável.
Meios de implementação
Capítulo 27
Área de programas
Objetivos
das Nações Unidas e os Governos devem iniciar, em consulta com as organizações não-
governamentais, um processo de exame dos procedimentos e mecanismos formais para a
participação dessas organizações em todos os níveis, da formulação de políticas e tomada de
decisões à implementação.
27.7. Até 1995, deve-se estabelecer um diálogo mutuamente produtivo no plano nacional
entre todos os Governos e as organizações não-governamentais e suas redes auto-organizadas
para reconhecer e fortalecer seus respectivos papéis na implementação do desenvolvimento
ambientalmente saudável e sustentável.
27.8. Os Governos e os organismos internacionais devem promover e permitir a
participação das organizações não-governamentais na concepção, no estabelecimento e na
avaliação de mecanismos oficiais procedimentos formais destinados a examinar a implementação
da Agenda 21 em todos os níveis.
Atividades
Meios de implementação
Capítulo 28
Área de programas
28.1. Como muitos dos problemas e soluções tratados na Agenda 21 têm suas raízes nas
atividades locais, a participação e cooperação das autoridades locais será um fator determinante
na realização de seus objetivos. As autoridades locais constroem, operam e mantêm a infra-
estrutura econômica, social e ambiental, supervisionam os processos de planejamento,
estabelecem as políticas e regulamentações ambientais locais e contribuem para a implementação
de políticas ambientais nacionais e subnacionais. Como nível de governo mais próximo do povo,
desempenham um papel essencial na educação, mobilização e resposta ao público, em favor de
um desenvolvimento sustentável.
Objetivos
Atividades
28.3. Cada autoridade local deve iniciar um diálogo com seus cidadãos, organizações
locais e empresas privadas e aprovar uma "Agenda 21 local". Por meio de consultas e da
promoção de consenso, as autoridades locais ouvirão os cidadãos e as organizações cívicas,
comunitárias, empresariais e industriais locais, obtendo assim as informações necessárias para
formular as melhores estratégias. O processo de consultas aumentará a consciência das famílias
em relação às questões do desenvolvimento sustentável. Os programas, as políticas, as leis e os
regulamentos das autoridades locais destinados a cumprir os objetivos da Agenda 21 serão
avaliados e modificados com base nos programas locais adotados. Podem-se utilizar também
estratégias para apoiar propostas de financiamento local, nacional, regional e internacional.
28.4. Deve-se fomentar a parceria entre órgãos e organismos pertinentes, tais como o
PNUD, o Centro das Nações Unidas para os Estabelecimentos Humanos (Habitat), o PNUMA, o
Banco Mundial, bancos regionais, a União Internacional de Administradores Locais, a
Agenda 21 - Global 315
Associação Mundial das Grandes Metrópoles, a Cúpula das Grandes Cidades do Mundo, a
Organização das Cidades Unidas e outras instituições pertinentes, tendo em vista mobilizar um
maior apoio internacional para os programas das autoridades locais. Uma meta importante será
respaldar, ampliar e melhorar as instituições já existentes que trabalham nos campos da
capacitação institucional e técnica das autoridades locais e no manejo do meio ambiente. Com
esse propósito:
(a) Pede-se que o Habitat e outros órgãos e organizações pertinentes do sistema
das Nações Unidas fortaleçam seus serviços de coleta de informações sobre as estratégias das
autoridades locais, em particular daquelas que necessitam apoio internacional;
(b) Consultas periódicas com parceiros internacionais e países em
desenvolvimento podem examinar estratégias e ponderar sobre a melhor maneira de mobilizar o
apoio internacional. Essa consulta setorial complementará as consultas simultâneas concentradas
nos países, tais como as que se realizam em grupos consultivos e mesas redondas.
28.5. Incentivam-se os representantes de associações de autoridades locais a estabelecer
processos para aumentar o intercâmbio de informação, experiência e assistência técnica mútua
entre as autoridades locais.
Meios de implementação
Capítulo 29
Área de programas
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Capítulo 30
Introdução
Áreas de Programas
30.5. Reconhece-se cada vez mais que a produção, a tecnologia e o manejo que utilizam
recursos de maneira ineficiente criam resíduos que não são reutilizados, despejam dejetos que
causam impactos adversos à saúde humana e o meio ambiente e fabricam produtos que, quando
usados, provocam mais impactos e são difíceis de reciclar, precisam ser substituídos por
tecnologias, sistemas de engenharia e práticas de manejo boas e conhecimentos técnicos-
científicos que reduzam ao mínimo os resíduos ao longo do ciclo de vida do produto. Como
resultado, haverá uma melhora da competitividade geral da empresa. Na Conferência sobre
Desenvolvimento Industrial Ecologicamente Sustentável, organizada em nível ministerial pela
ONUDI e realizada em Copenhague em outubro de 1991, reconheceu-se a necessidade de uma
transição em direção de políticas de produção mais limpas(1).
Objetivos
Atividades
tais como a Carta das Empresas para um Desenvolvimento Sustentável, da Câmara de Comércio
Internacional, e a iniciativa de manejo responsável da indústria química, e informar sobre sua
implementação;
30.11. Os Governos devem promover a cooperação tecnológica e de kwow-how entre
empresas, abrangendo identificação, avaliação, pesquisa e desenvolvimento, manejo, marketing
e aplicação de produção mais limpa.
30.12. A indústria deve incorporar políticas de produção mais limpa em suas operações e
investimentos, levando também em consideração sua influência sobre fornecedores e
consumidores.
30.13. As associações industriais e comerciais devem cooperar com trabalhadores e
sindicatos para melhorar constantemente os conhecimentos e as habilidades necessárias para
implementar operações de desenvolvimento sustentável.
30.14. As associações industriais e comerciais devem estimular empresas a empreender
programas para aumentar a consciência e a responsabilidade ambientais em todos os níveis, para
fazer com que essas empresas se dediquem à tarefa de melhorar a performance ambiental com
base em práticas de manejo internacionalmente aceitas.
30.15. As organizações internacionais devem aumentar as atividades de ensino,
treinamento e conscientização relacionadas com uma produção mais limpa, em colaboração com
a indústria, as instituições acadêmicas e autoridades nacionais e locais pertinentes.
30.16. As organizações internacionais e não-governamentais, inclusive as associações
comerciais e científicas, devem fortalecer a difusão de informação sobre produção mais limpa
mediante a ampliação das bancos de dados existentes, tais como o Centro Internacional de
Informação sobre Tecnologias Limpas (ICPIC) do PNUMA, o Banco de Informação Industrial e
Tecnológica (INTIB) da ONUDI e o Escritório Internacional para o Meio Ambiente (IEB) da
CCI, bem como forjar redes de sistemas nacionais e internacionais de informação.
30.17. O espírito empresarial é uma das forças impulsoras mais importantes das
inovações, aumentando a eficiência do mercado e respondendo a desafios e oportunidades. Os
empresários pequenos e médios, em particular, desempenham um papel muito importante no
desenvolvimento social e econômico de um país. Com freqüência, eles constituem o meio
principal de desenvolvimento rural, pois aumentam o emprego não-agrícola e proporcionam à
mulher condições para melhorar de vida. Os empresários responsáveis podem desempenhar um
papel importante na utilização mais eficiente dos recursos, na redução dos riscos e perigos, na
minimização dos resíduos e na preservação da qualidade do meio ambiente.
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
1. Ver A/CONF.151/PC/125.
Agenda 21 - Global 324
Capítulo 31
Introdução
Área de Programas
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Capítulo 32
Área de programas
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Capítulo 33
Introdução
Objetivos
Atividades
Agenda 21 - Global 334
Meios de implementação
programas pertinentes da Agenda 21, com benefícios para o meio ambiente mundial, como
acordado;
Assegurar uma administração transparente e democrática, inclusive
na tomada de decisões e em seu funcionamento, garantindo uma representação equilibrada e
equitativa dos interesses dos países em desenvolvimento, assim como dando o devido peso aos
esforços de financiamento dos países doadores:
Assegurar recursos financeiros novos e adicionais a título de
subvenções ou concessões, em particular para os países em desenvolvimento;
Assegurar que o fluxo de fundos seja previsível graças às
contribuições dos países desenvolvidos, levando em consideração a importância da distribuição
equitativa dos encargos;
Assegurar o acesso aos fundos e seu desembolso, segundo critérios
mutuamente acordados, sem introduzir novas formas de condicionalidade;
(b) Os organismos especializados, demais órgãos das Nações Unidas e outras
organizações internacionais que tenham papéis designados para apoiar os Governos na execução
da Agenda 21;
(c) Instituições multilaterais para fortalecimento institucional e técnica e
cooperação técnica. Devem-se proporcionar os recursos financeiros necessários ao PNUD para
que use sua rede de escritórios de campo, seu amplo mandato e experiência na esfera da
cooperação técnica a fim de facilitar a fortalecimento institucional e técnica no plano nacional,
aproveitando plenamente os conhecimentos dos organismos especializados e demais órgãos das
Nações Unidas em suas respectivas esferas de competência, particularmente do PNUMA, assim
como dos bancos multilaterais e regionais de desenvolvimento;
(d) Programas de ajuda bilateral. Será necessário fortalecê-los para promover o
desenvolvimento sustentável;
(e) Alívio dos encargos da dívida. É importante alcançar soluções duradouras para
os problemas da dívida dos países em desenvolvimento de baixa e média renda e provê-los dos
meios necessários para um desenvolvimento sustentável. Devem-se manter sob exame as
medidas para atenuar os problemas do endividamento dos países de baixa ou média renda. Todos
os credores do Clube de Paris devem implementar rapidamente o acordo de dezembro de 1991
para aliviar os encargos da dívida dos países mais pobres fortemente endividados que estão
perseguindo um ajuste estrutural; devem-se manter sob exame as medidas de alívio dos encargos
da dívida, a fim de atender as dificuldades persistentes desses países.
(f) Fundos privados. As contribuições voluntárias encaminhadas por canais não-
governamentais, que representam em torno de 10 por cento da Assistência Oficial ao
Desenvolvimento (ODA), podem ser aumentadas;
33.15. Investimentos. Deve-se incentivar a mobilização de maiores níveis de
investimento estrangeiro direto e transferências de tecnologias por meio de políticas nacionais
que promovam o investimento e por meio de joint ventures e outros mecanismos.
33.16. Novos mecanismos de financiamento. Devem-se explorar novas maneiras de gerar
novos recursos financeiros públicos e privados, a saber, em particular:
(a) Várias formas de aliviar os encargos da dívida, à parte a dívida oficial ou do
Clube de Paris, incluindo um maior uso de conversão da dívida;
(b) O uso de incentivos e mecanismos econômicos e fiscais;
(c) A viabilidade de licenças negociáveis;
(d) Novos mecanismos para arrecadar fundos e contribuições voluntárias por vias
privadas, entre elas as organizações não-governamentais;
Agenda 21 - Global 336
Capítulo 34
Introdução
34.6. Este capítulo da Agenda 21 não representa prejuízo para os compromissos e acertos
sobre transferência de tecnologias a serem adotados nos instrumentos internacionais específicos.
34.7. A disponibilidade de informação científica e tecnológica e o acesso à tecnologia
ambientalmente saudável e sua transferência são requisitos essenciais para o desenvolvimento
sustentável. O provimento de informação adequada sobre os aspectos ambientais das tecnologias
atuais tem dois componentes interrelacionados: aperfeiçoar a informação sobre as tecnologias
atuais e as mais modernas, inclusive sobre seus riscos ambientais e facilitar o acesso às
tecnologias ambientalmente saudáveis.
34.8. O objetivo primordial de um melhor acesso à informação tecnológica é permitir
escolhas com conhecimento de causa que facilitem aos países o acesso ou a transferência de
tecnologias e o fortalecimento de suas capacidades tecnológicas.
34.9. Uma grande proporção dos conhecimentos tecnológicos úteis é de domínio público.
É necessário o acesso dos países em desenvolvimento às tecnologias que não estejam protegidas
por patentes ou sejam de domínio público. Os países em desenvolvimento também devem ter
acesso ao conhecimento técnico-científico e à especialização necessários para a utilização eficaz
dessas tecnologias.
34.10. É preciso levar em consideração o papel dos direitos de patente e propriedade
intelectual junto com um exame de seus impactos sobre o acesso e transferência de tecnologias
ambientalmente saudáveis, em particular para os países em desenvolvimento, assim como
prosseguir estudando o conceito do acesso assegurado dos países em desenvolvimento a
tecnologias ambientalmente saudáveis em sua relação com os direitos protegidos por patentes
tendo em vista desenvolver respostas efetivas para as necessidades dos países em
desenvolvimento nessa área.
34.11. A tecnologia patenteada está disponível por meio dos canais comerciais e as
atividades empresariais internacionais constituem um veículo importante para a transferência de
tecnologia. Deve-se tratar de aproveitar esse fundo comum de conhecimentos e combiná-lo com
as inovações locais com o objetivo de obter tecnologias substitutivas. Ao mesmo tempo que
continuam a ser explorados os conceitos e as modalidades que assegurem o acesso a tecnologias
ambientalmente saudáveis, assim como a tecnologias mais modernas, deve-se fomentar, facilitar
e financiar, quando apropriado, um acesso maior a tecnologias ambientalmente saudáveis,
oferecendo-se ao mesmo tempo incentivos justos aos inovadores que promovam pesquisa e
desenvolvimento de novas tecnologias ambientalmente saudáveis.
34.12. Os países receptores requerem tecnologia e um maior apoio para ajudá-los a
desenvolver ainda mais suas capacidades científica, tecnológica, profissional e afins, levando em
consideração as tecnologias e capacidades existentes. Esse apoio permitirá aos países,
especialmente os países em desenvolvimento, a fazer escolhas tecnológicas mais saudáveis. Esses
países poderão então avaliar melhor as tecnologias ambientalmente saudáveis antes de sua
transferência e aplicá-las e gerenciá-las de forma adequada, assim como aperfeiçoar as
tecnologias já existentes e adaptá-las às suas necessidades e prioridades de desenvolvimento
específicas.
34.13. Uma massa crítica com capacidade de pesquisa e desenvolvimento é crucial para a
difusão e utilização efetivas de tecnologias ambientalmente saudáveis e sua criação local. Os
programas de ensino e treinamento devem refletir as necessidades de atividades de pesquisas
orientadas para objetivos específicos e devem se esforçar para produzir especialistas
familiarizados com a tecnologia ambientalmente saudável e dotados de uma perspectiva
interdisciplinar. Obter essa massa crítica supõe melhorar a capacidade de artesãos, técnicos e
Agenda 21 - Global 339
Objetivos
Atividades
fortalecidas.
34.16. Os centros de intercâmbio de informação internacionais e regionais, onde
necessário, tomarão a iniciativa de ajudar os usuários a identificar suas necessidades e difundir
informações que satisfaçam essas necessidades, utilizando os sistemas de transmissão de notícias,
informação pública e comunicações existentes. Na informação divulgada serão postos em relevo
e expostos em detalhes casos específicos em que se tenha desenvolvido e implementado com
êxito tecnologias ambientalmente saudáveis. Para serem eficazes, os centros de intercâmbio de
informação não apenas devem facilitar a informação, mas também remeter a outros serviços,
inclusive fontes de assessoramento, treinamento, tecnologias e avaliação de tecnologias. Desse
modo, os centros de intercâmbio de informação facilitarão o estabelecimento de joint ventures e
parcerias de diversos tipos.
34.17. Os órgãos competentes das Nações Unidas devem realizar um inventário dos
centros ou sistemas de intercâmbio de informação internacionais ou regionais existentes. A
estrutura existente deve ser fortalecida e aperfeiçoada quando necessário. Devem-se desenvolver
novos sistemas de informação, se necessário, a fim de preencher as lacunas descobertas nessa
rede internacional.
(b) Apoio e promoção do acesso à tranferência de tecnologia
34.18. Os Governos e as organizações internacionais devem promover e incentivar o
setor privado a promover modalidades efetivas para o acesso e transferência de tecnologias
ambientalmente saudáveis, em particular para os países em desenvolvimento, por meio, entre
outras, das seguintes atividades:
(a) Formulação de políticas e programas para a transferência eficaz de tecnologias
ambientalmente saudáveis de propriedade pública ou de domínio público:
(b) Criação de condições favoráveis para estimular os setores privado e público a
inovar, comercializar e utilizar tecnologias ambientalmente saudáveis;
(c) Exame pelos Governos e, quando proceda, pelas organizações pertinentes, das
políticas existentes, inclusive subsídios e políticas fiscais, e das regulamentações para determinar
se estimulam ou impedem o acesso, a transferência e a introdução de tecnologias ambientalmente
saudáveis;
(d) Examinar, em uma estrutura que integre plenamente meio ambiente e
desenvolvimento, os obstáculos à transferência de tecnologias ambientalmente saudáveis de
propriedade privada e adotar medidas gerais apropriadas para reduzir esses obstáculos, criando ao
mesmo tempo incentivos específicos, fiscais ou de outra índole, para a tranferência dessas
tecnologias;
(e) No caso das tecnologias de propriedade privada, podem ser tomadas as
seguintes medidas, especialmente em benefício dos países em desenvolvimento:
(i) Criação e aperfeiçoamento pelos países desenvolvidos, assim como por
outros países que estiverem em condições de fazê-lo, de incentivos apropriados, fiscais ou de
outra índole, para estimular a transferência de tecnologias ambientalmente saudáveis pelas
empresas, em particular para os países em desenvolvimento, como elemento integrante do
desenvolvimento sustentável;
(ii) Facilitar o acesso e transferência detecnologias ambientalmente
saudáveis protegidas por patentes, em particular para os países em desenvolvimento;
(iii) Compra de patentes e licenças em condições comerciais para sua
transferência aos países em desenvolvimento em condições não comerciais como parte da
cooperação para o desenvolvimento sustentável, levando-se em conta a necessidade de proteger
os direitos de propriedade intelectual;
Agenda 21 - Global 341
desenvolvimento de vínculos entre esses vários elementos para maximizar a eficiência deles no
entendimento, na divulgação e na implementação de tecnologias para o desenvolvimento
sustentável.
34.24. O desenvolvimento de programas mundiais, sub-regionais e regionais deve incluir
a identificação e avaliação das prioridades regionais, sub-regionais e nacionais baseadas em
necessidades. Os planos e estudos que fundamentam esses programas devem servir de base para
um possível financiamento por parte dos bancos multilaterais de desenvolvimento, organizações
bilaterais, entidades do setor privado e organizações não-governamentais.
34.25. Deve-se patrocinar a visita de especialistas qualificados de países em
desenvolvimento no campo das tecnologias ambientalmente saudáveis que estejam atualmente
trabalhando em instituições de países desenvolvidos, bem como facilitar o regresso voluntário
desses especialistas a seus países.
(f) Avaliação tecnológica para apoiar o manejo de tecnologias ambientalmente saudáveis
34.26. A comunidade internacional, em particular os organismos das Nações Unidas, as
organizações internacionais e outras organizações apropriadas e privadas devem cooperar no
intercâmbio de experiências e desenvolver a capacidade para a avaliação de necessidades
tecnológicas, sobretudo nos países em desenvolvimento, a fim de que eles possam fazer escolhas
baseadas em tecnologias ambientalmente saudáveis. Eles devem:
(a) Desenvolver a capacidade de avaliação tecnológica para o manejo de
tecnologias ambientalmente saudáveis, inclusive a avaliação dos impactos e riscos ambientais,
com a devida atenção para as salvaguardas adequadas à transferência de tecnologias sujeitas a
proibições por razões ambientais ou sanitárias;
(b) Fortalecer a rede internacional de centros regionais, sub-regionais ou nacionais
de avaliação da tecnologia ambientalmente saudável, junto com centros de intercâmbio de
informação, com o objetivo de aproveitar as fontes de avaliação tecnológica mencionadas acima
em benefício de todas as nações. Esses centros podem, em princípio, dar assessoria e treinamento
em situações nacionais definidas e promover o desenvolvimento da capacidade nacional em
avaliação de tecnologia ambientalmente saudável. Deve-se estudar, quando apropriado, a
possibilidade de atribuir essa atividade a organizações regionais já existentes antes de criar
instituições totalmente novas; deve-se também estudar, quando apropriado, o financiamento
dessa atividade por meio de parceria entre o setor público e o privado.
(g) Mecanismos de colaboração e parceria
34.27. Devem-se promover acordos de colaboração de longo prazo entre empresas de
países desenvolvidos e de países em desenvolvimento com o objetivo de desenvolver tecnologias
ambientalmente saudáveis. As empresas multinacionais, como depositárias de conhecimentos
técnicos pouco difundidos necessários para a proteção e o melhoramento do meio ambiente, têm
um papel e um interesse especiais na promoção da cooperação para transferência de tecnologia, já
que constituem canais importantes para essa transferência e para desenvolver uma reserva de
recursos humanos treinados e de infra-estrutura.
34.28. Devem-se promover joint ventures entre fornecedores e beneficiários de
tecnologias, levando em consideração as prioridades políticas e os objetivos dos países em
desenvolvimento. Junto com os investimentos estrangeiros diretos, essas joint ventures podem
constituir importantes canais para a tranferência de tecnologias ambientalmente saudáveis. Por
meio das joint ventures e dos investimentos diretos, será possível transferir e manter práticas
saudáveis de manejo do meio ambiente.
Meios de implementação
Agenda 21 - Global 343
Capítulo 35
Introdução
35.1. Este capítulo concentra-se no papel e na utilização das ciências no apoio ao manejo
prudente de meio ambiente e desenvolvimento para a sobrevivência diária e desenvolvimento
futuro da humanidade. As áreas de programa propostas neste capítulo são muito amplas, tendo
por objetivo apoiar as necessidades científicas específicas identificadas em outros capítulos da
Agenda 21. Um dos papéis da ciência é oferecer informações para permitir uma melhor
formulação e seleção das políticas de meio ambiente e desenvolvimento no processo de tomada
de decisões. Para cumprir esse requisito, é indispensável desenvolver o conhecimento científico,
melhorar as avaliações científicas de longo prazo, fortalecer as capacidades científicas em todos
os países e fazer com que as ciências respondam às necessidades que vão surgindo.
35.2. Os cientistas estão melhorando sua compreensão em áreas tais como mudança do
clima, aumento da taxa de consumo de recursos, tendências demográficas e degradação do meio
ambiente. É preciso levar em conta as mudanças produzidas nestas e em outras áreas ao elaborar
estratégias de desenvolvimento a longo prazo. O primeiro passo para melhorar a base científica
dessas estratégias é uma melhor compreensão da terra, dos oceanos, da atmosfera e da
interdependência de seus ciclos hidrológicos, nutritivos e biogeoquímicos e de suas trocas de
energia, que fazem parte do sistema Terra. Isto é essencial para estimar de maneira mais precisa a
capacidade de sustentação do planeta e suas possibilidades de recuperação face às numerosas
tensões causadas pelas atividades humanas. As ciências podem proporcionar esse conhecimento
por meio de uma pesquisa aprofundada dos processos ambientais e por meio da aplicação dos
instrumentos modernos e eficientes de que se dispõe atualmente, tais como os dispositivos de
teleobservação, os instrumentos eletrônicos de monitoramento e a capacidade de cálculo e
elaboração de modelos com computadores. As ciências desempenham um importante papel na
vinculação do significado fundamental do sistema Terra, enquanto sustentador da vida, com as
estratégias apropriadas de desenvolvimento baseadas em seu desenvolvimento contínuo. As
ciências devem continuar desempenhando um papel cada vez mais importante no aumento da
eficiência do aproveitamento dos recursos e na descoberta de novas práticas, recursos e
alternativas de desenvolvimento. É necessário que as ciências reavaliem e promovam
constantemente tendências menos intensivas de utilização de recursos, inclusive a utilização de
menos energia na indústria, agricultura e transporte. Assim as ciências estão sendo cada vez mais
compreendidas como um componente indispensável na busca de formas exeqüíveis de alcançar o
desenvolvimento sustentável.
35.3. Devem-se aplicar os conhecimentos científicos para articular e apoiar as metas de
desenvolvimento sustentável por meio da avaliação científica da situação atual e das perspectivas
futuras do sistema Terra. Essas avaliações, baseadas em inovações atuais e futuras das ciências
devem ser usadas nos processos de tomada de decisões, assim como nos processos de interação
entre as ciências e a formulação de políticas. É necessário que as ciências aumentem sua
produção a fim de ampliar os conhecimentos e facilitar a interação entre ciência e sociedade. É
também preciso aumentar as capacidades e potenciais científicos para alcançar esses objetivos,
especialmente nos países em desenvolvimento. É de crucial importância que os cientistas dos
países em desenvolvimento participem plenamente dos programas internacionais de pesquisa
Agenda 21 - Global 345
científica que tratam dos problemas mundiais de meio ambiente e desenvolvimento, de modo que
todos os países participem em pé de igualdade das negociações sobre questões mundiais relativas
a meio ambiente e desenvolvimento. Diante das ameaças de danos ambientais irreversíveis, a
falta de conhecimentos científicos não deve ser desculpa para postergar a adoção de medidas que
se justifiquem por si mesmas. A abordagem da precauçåo pode oferecer uma base para políticas
relativas aos sistemas complexos que ainda não são plenamente compreendidos e cujas
conseqüências de perturbações não podem ainda ser previstas.
35.4. As áreas de programas que estão em conformidade com as conclusões e
recomendações da Conferência Internacional para uma Agenda da Ciência para Meio Ambiente e
Desenvolvimento no Século XXI (ASCEND 21) são:
(a) Fortalecimento da base científica para o manejo sustentável;
(b) Aumento do conhecimento científico;
(c) Melhora da avaliação científica de longo prazo;
(d) Aumento das capacidades e potenciais científicos.
Áreas de Programas
Objetivos
35.6. O objetivo principal é que cada país determine, com o apoio das organizações
internacionais, como requerido, a situação de seus conhecimentos científicos e de suas
necessidades e prioridades de pesquisa para alcançar, o mais rápido possível, melhoras
consideráveis em:
(a) Ampliação em grande escala da base científica e fortalecimento das
capacidades e potenciais científicos e de pesquisa -- em particular, dos países em
desenvolvimento --especialmente nas áreas relevantes para meio ambiente e desenvolvimento;
(b) Formulação de políticas sobre meio ambiente e desenvolvimento, baseadas nos
melhores conhecimentos e avaliações científicos e levando em consideração a necessidade de
aumentar a cooperação internacional e a relativa incerteza a respeito dos diversos processos e
opções em causa;
(c) Interação entre as ciências e a tomada de decisões, utilizando a abordagem da
Agenda 21 - Global 346
precaução, quando apropriado, para modificar os modelos atuais de produção e consumo e ganhar
tempo para reduzir a incerteza a respeito da seleção de opções políticas;
(d) Geração de conhecimentos, especialmente de conhecimentos autóctones e
locais, e sua incorporação às capacidades de diversos ambientes e culturas para alcançar níveis
sustentáveis de desenvolvimento, levando em consideração as relações nos planos nacional,
regional e internacional;
(e) Aumento da cooperação entre cientistas por meio da promoção de atividades e
programas interdisciplinares de pesquisa;
(f) Participação popular na fixação de prioridades e nas tomadas de decisões
relacionadas ao desenvolvimento sustentável;
Atividades
35.7. Os países, com o apoio das organizações internacionais, quando requerido, devem:
(a) Preparar um inventário de seus dados de ciências naturais e sociais pertinentes
para a promoção do desenvolvimento sustentável;
(b) Identificar suas necessidades e prioridades de pesquisa no contexto das
atividades internacionais de pesquisa;
(c) Fortalecer e criar mecanismos institucionais apropriados, no mais alto nível
local, nacional, sub-regional e regional adequado e dentro do sistema das Nações Unidas, a fim
de desenvolver uma base científica mais sólida para melhorar a formulação de políticas de meio
ambiente e desenvolvimento que sejam compatíveis com os objetivos de longo prazo do
desenvolvimento sustentável. Devem-se ampliar as pesquisas nessa área para incluir uma maior
participação do público na fixação de metas sociais de longo prazo para a formulação de modelos
hipotéticos de desenvolvimento sustentável;
(d) Desenvolver, aplicar e instituir os instrumentos necessários para o
desenvolvimento sustentável, em relação a:
(i) Indicadores de qualidade de vida que abarquem, por exemplo, saúde,
educação, bem-estar social, estado do meio ambiente e a economia;
(ii) Abordagens econômicas do desenvolvimento ambientalmente saudável
e estruturas novas e aperfeiçoadas de incentivos para um melhor manejo de recursos;
(iii) Formulação de políticas ambientais de longo prazo, manejo de riscos e
avaliação das tecnologias ambientalmente saudáveis;
(e) Coletar, analisar e integrar os dados sobre os vínculos entre o estado dos
ecossistemas e a saúde das comunidades humanas a fim de melhorar o conhecimento dos custos e
benefícios das diferentes políticas e estratégias de desenvolvimento em relação à saúde e ao meio
ambiente, especialmente nos países em desenvolvimento;
(f) Realizar estudos científicos das formas de alcançar, nos planos nacional e
regional, o desenvolvimento sustentável, utilizando metodologias comparáveis e
complementares. Esses estudos, coordenados por um esforço científico internacional, devem ser
feitos, em grande medida, com a participação de especialistas locais e conduzidos por equipes
multidisciplinares de redes e/ou centros de pesquisa regionais, quando apropriado de acordo com
a capacidade nacional e a disponibilidade de recursos;
(g) Melhorar a capacidade para determinar a ordem de prioridades das pesquisas
científicas nos planos regional e mundial para atender as necessidades de desenvolvimento
sustentável. Este é um processo que envolve juízos científicos sobre os benefícios a curto e longo
prazo e os possíveis custos e riscos a longo prazo. Deve ser adaptável e sensível às necessidades
Agenda 21 - Global 347
observadas e ser realizado por meio de uma metodologia de avaliação dos riscos que seja
transparente e de fácil uso;
(h) Desenvolver métodos para vincular os resultados das ciências formais aos
conhecimentos tradicionais das diferentes culturas. Os métodos devem ser submetidos a prova
utilizando estudos experimentais. Devem ser elaborados no plano local e se concentrar nos
vínculos entre os conhecimentos tradicionais dos grupos indígenas e a correspondente "ciência
avançada" atual, com especial atenção à divulgação e aplicação dos resultados na proteção do
meio ambiente e no desenvolvimento sustentável.
Meios de implementação
Objetivos
Atividades
Meios de implementação
Objetivos
35.16. O objetivo principal é proporcionar avaliações do estado atual e das tendências das
questões de meio ambiente e desenvolvimento nos planos nacional, sub-regional, regional e
mundial, com base nos melhores conhecimentos científicos disponíveis, a fim de elaborar
estratégias alternativas, inclusive as abordagens autóctones, para as diferentes escalas de tempo e
espaço necessárias à formulação de políticas de longo prazo.
Atividades
(b) Desenvolver uma metodologia para realizar auditorias nos planos nacional e
regional, assim como uma auditoria mundial a cada cinco anos, de forma integrada. As auditorias
padronizadas devem contribuir para aperfeiçoar as modalidades e o caráter do processo de
desenvolvimento, examinando, em particular, a capacidade dos sistemas de sustentação da vida
mundiais e regionais de atender as necessidades das formas de vida humanas e não-humanas e de
identificar os setores e recursos vulneráveis a uma maior degradação. Essa tarefa envolve a
integração de todas as ciências relevantes nos planos nacional, regional e mundial e deve ser
organizada por entidades governamentais, organizações não-governamentais, universidades e
instituições de pesquisa, com a assistência de organizações governamentais e não-governamentais
internacionais e órgãos das Nações Unidas, quando apropriado e necessário. Devem-se colocar à
disposição do público em geral os resultados dessas auditorias.
Meios de implementação
35.20. Tendo em vista o papel crescente das ciências nas questões de meio ambiente e
desenvolvimento, é necessário desenvolver e fortalecer a capacidade científica de todos os países,
especialmente dos países em desenvolvimento, a fim de que possam participar plenamente da
geração e aplicação dos resultados das atividades de pesquisa e desenvolvimento científicos
relativas ao desenvolvimento sustentável. Existem várias maneiras de desenvolver a capacidade
científica e tecnológica. Algumas das mais importantes são as seguintes: ensino e treinamento em
ciência e tecnologia; apoio aos países em desenvolvimento para aperfeiçoar as infra-estruturas de
pesquisa e desenvolvimento que permitirão aos cientistas trabalhar de forma mais produtiva.;
desenvolvimento de incentivos para estimular pesquisa e desenvolvimento; e maior utilização dos
resultados dessas atividades nos setores produtivos da economia. Essa fortalecimento
institucional e técnica constituirá também a base para uma maior consciência do público e melhor
compreensão das ciências. Deve-se enfatizar a necessidade de apoiar os países em
desenvolvimento no fortalecimento da capacidade deles para estudar suas próprias bases de
recursos e seus sistemas ecológicos e para gerenciá-los melhor com o objetivo de enfrentar os
problemas nacionais, regionais e mundiais. Ademais, tendo em vista a envergadura e a
complexidade dos problemas ambientais no plano mundial, é evidente em todo o mundo a
Agenda 21 - Global 352
Objetivos
Atividades
científica;
(e) Desenvolver, fortalecer e forjar novas parcerias entre o pessoal especializado
nos planos nacional, regional e mundial para promover o intercâmbio pleno e aberto de
informação e de dados científicos e tecnológicos, assim como para facilitar a assistência técnica
relativa ao desenvolvimento ambientalmente saudável e sustentável. Isso deve ser feito por meio
do desenvolvimento de mecanismos para o interncâmbio de pesquisas, dados e informações
básicas e melhoria e desenvolvimento de redes e centros internacionais, inclusive a vinculação
regional com bancos de dados científicos nacionais para fins de pesquisa, treinamento e
monitoramento. Tais mecanismos devem ser projetados para aperfeiçoar a cooperação técnica
entre os cientistas de todos os países e estabelecer alianças regionais e nacionais sólidas entre a
indústria e as instituições de pesquisa;
(f) Aperfeiçoar e desenvolver novos vínculos entre as redes atuais de especialistas
em ciências naturais e sociais e as universidades no plano internacional, a fim de fortalecer a
capacidade nacional na formulação de opções de política na esfera do meio ambiente e
desenvolvimento;
(g) Reunir, analisar e publicar informações sobre os conhecimentos autóctones
sobre meio ambiente e desenvolvimento e auxiliar as comunidades que possuam esses
conhecimentos a se beneficiarem deles.
Meios de implementação
Capítulo 36
Introdução
Áreas de Programas
Objetivos
Atividades
tais como o meio ambiente, o desenvolvimento, o ensino, a mulher e outros, e das organizações
não-governamentais, com o fim de estimular parcerias, ajudar a mobilizar recursos e criar uma
fonte de informação e de coordenação para a participação internacional. Esses órgãos devem
ajudar a mobilizar os diversos grupos de população e comunidades e facilitar a avaliação por eles
de suas próprias necessidades e a desenvolver as técnicas necessárias para elaborar e por em
prática suas próprias iniciativas sobre meio ambiente e desenvolvimento;
(d) Recomenda-se que as autoridades educacionais, com a assistência apropriada
de grupos comunitários ou de organizações não-governamentais, colaborem ou estabeleçam
programas de treinamento prévio e em serviço para todos os professores, administradores e
planejadores educacionais, assim como para educadores informais de todos os setores,
considerando o caráter e os métodos de ensino sobre meio ambiente e desenvolvimento e
utilizando a experiência pertinente das organizações não-governamentais;
(e) As autoridades pertinentes devem assegurar que todas as escolas recebam
ajuda para a elaboração de planos de trabalho sobre as atividades ambientais, com a participação
dos estudantes e do pessoal. As escolas devem estimular a participação dos escolares nos estudos
locais e regionais sobre saúde ambiental, inclusive água potável, saneamento, alimentação e os
ecossistemas e nas atividades pertinentes, vinculando esse tipo de estudo com os serviços e
pesquisas realizadas em parques nacionais, reservas de fauna e flora, locais de herança ecológica
etc.;
(f) As autoridades educacionais devem promover métodos educacionais de valor
demonstrado e o desenvolvimento de métodos pedagógicos inovadores para sua aplicação
prática. Devem reconhecer também o valor dos sistemas de ensino tradicional apropriados nas
comunidades locais;
(g) Dentro dos próximos dois anos, o sistema das Nações Unidas deve empreender
uma revisão ampla de seus programas de ensino, compreendendo treinamento e consciência
pública, com o objetivo de reavaliar prioridades e realocar recursos. O Programa Internacional de
Educação Ambiental da UNESCO e do PNUMA, em colaboração com os órgãos pertinentes do
sistema das Nações Unidas, os Governos, as organizações não-governamentais e outras
entidades, devem estabelecer um programa, em um prazo de dois anos, para integrar as decisões
da Conferência à estrutura existente das Nações Unidas, adaptado para as necessidades de
educadores de diferentes níveis e circunstâncias. As organizações regionais e as autoridades
nacionais devem ser estimuladas a elaborar programas e oportunidades paralelos análogos,
analisando a maneira de mobilizar os diversos setores da população para avaliar e enfrentar suas
necessidades em matéria de educação sobre meio ambiente e desenvolvimento;
(h) É necessário fortalecer, em um prazo de cinco anos, o intercâmbio de
informação por meio do melhoramento da tecnologia e dos meios necessários para promover a
educação sobre meio ambiente e desenvolvimento e a consciência pública. Os países devem
cooperar entre si e com os diversos setores sociais e grupos de população para preparar
instrumentos educacionais que abarquem questões e iniciativas regionais sobre meio ambiente e
desenvolvimento, utilizando materiais e recursos de aprendizagem adaptados às suas próprias
necessidades;
(i) Os países podem apoiar as universidades e outras atividades terciárias e redes
para educação ambiental e desenvolvimento. Devem-se oferecer a todos os estudantes cursos
interdisciplinares. As redes e atividades regionais e ações de universidades nacionais que
promovam a pesquisa e abordagens comuns de ensino em desenvolvimento sustentável devem
ser aproveitadas e devem-se estabelecer novos parceiros e vínculos com os setores empresariais e
outros setores independentes, assim como com todos os países, tendo em vista o intercâmbio de
Agenda 21 - Global 358
Meios de implementação
cerca de $3.5 a $4.5 bilhões de dólares a serem providos pela comunidade internacional em
termos concessionais ou de doações. Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas, não
revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais,
dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar
para a implementação.
36.7. Considerando-se a situação específica de cada país, pode-se dar mais apoio às
atividades de ensino, treinamento e conscientização relacionadas com meio ambiente e
desenvolvimento, nos casos apropriados, por meio de medidas como as que se seguem:
(a) Dar alta prioridade a esses setores nas alocações orçamentárias, protegendo-os
das exigências de cortes estruturais;
(b) Nos orçamentos já estabelecidos para o ensino, transferir créditos para o ensino
primário, com foco em meio ambiente e desenvolvimento;
(c) Promover condições em que as comunidades locais participem mais dos gastos
e as comunidades mais ricas ajudem as mais pobres;
(d) Obter fundos adicionais de doadores particulares para concentrá-los nos países
mais pobres e naqueles em que a taxa de alfabetização esteja abaixo dos 40 por cento;
(e) Estimular a conversão da dívida em atividades de ensino;
(f) Eliminar as restrições sobre o ensino privado e aumentar o fluxo de fundos de e
para organizações não- governamentais, inclusive organizações populares de pequena escala;
(g) Promover a utilização eficaz das instalações existentes, por exemplo, com
vários turnos em uma escola, aproveitamento pleno das universidades abertas e outros tipos de
ensino à distância;
(h) Facilitar a utilização dos meios de comunicação de massa, de forma gratuita ou
barata, para fins de ensino;
(i) Estimular as relações de reciprocidade entre as universidades de países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
Objetivo
36.9. O objetivo consiste em promover uma ampla consciência pública como parte
indispensável de um esforço mundial de ensino para reforçar atitudes, valores e medidas
compatíveis com o desenvolvimento sustentável. É importante enfatizar o princípio da delegação
de poderes, responsabilidades e recursos ao nível mais apropriado e dar preferência para a
responsabilidade e controle locais sobre as atividades de conscientização.
Agenda 21 - Global 360
Atividades
museus, lugares históricos, jardins zoológicos, jardins botânicos, parques nacionais e outras áreas
protegidas;
(h) Os países devem incentivar as organizações não- governamentais a aumentar
seu envolvimento nos problemas ambientais e de desenvolvimento por meio de iniciativas
conjuntas de difusão e um maior intercâmbio com outros setores da sociedade;
(i) Os países e o sistema das Nações Unidas devem aumentar sua interação
e incluir, quando apropriado, os populações indígenas no manejo, planejamento e
desenvolvimento de seu meio ambiente local, e incentivar a difusão de conhecimentos
tradicionais e socialmente transmitidos por meio de costumes locais, especialmente nas zonas
rurais, integrando esses esforços com os meios de comunicação eletrônicos, sempre que
apropriado;
(j) O UNICEF, a UNESCO , o PNUMA e as organizações não-governamentais
devem desenvolver programas para envolver jovens e crianças com assuntos relacionados a meio
ambiente e desenvolvimento, tais como reuniões informativas para crianças e jovens, baseadas
nas decisões da Cúpula Mundial da Infância(3);
(k) Os países, as Nações Unidas e as organizações não-governamentais devem
estimular a mobilização de homens e mulheres em campanhas de conscientização, sublinhando o
papel da família nas atividades do meio ambiente, a contribuição da mulher na transmissão dos
conhecimentos e valores sociais e o desenvolvimento dos recursos humanos;
(l) Deve-se aumentar a consciência pública sobre as conseqüências da violência na
sociedade.
Meios de implementação
C. Promoção do treinamento
Objetivos
Agenda 21 - Global 362
Atividades
36.14. Os países, com o apoio do sistema das Nações Unidas, devem determinar as
necessidades nacionais de treinamento de trabalhadores e avaliar as medidas que devem ser
adotadas para satisfazer essas necessidades. O sistema das Nações Unidas pode empreender, em
1995, um exame dos progressos alcançados nesta área.
36.15. Incentivam-se as associações profissionais nacionais a desenvolver e revisar seus
códigos de ética e conduta para fortalecer as conexões e o compromisso com o meio ambiente.
Os elementos do treinamento e do desenvolvimento pessoal dos programas patrocinados pelos
órgãos profissionais devem permitir a incorporação de conhecimentos e informações sobre a
implementação do desenvolvimento sustentável em todas as etapas da tomada de decisões e
formulação de políticas;
36.16. Os países e as instituições de ensino devem integrar as questões relativas a meio
ambiente e desenvolvimento nos programas já existentes de treinamento e promover o
intercâmbio de suas metodologias e avaliações.
36.17. Os países devem incentivar todos os setores da sociedade, tais como a indústria, as
universidades, os funcionários e empregados governamentais, as organizações não-
governamentais e as organizações comunitárias a incluir um componente de manejo do meio
ambiente em todas as atividades de treinamento pertinentes, com ênfase na satisfação das
necessidades imediatas do pessoal por meio do treinamento de curta duração em
estabelecimentos de ensino ou no trabalho. Devem-se fortalecer as possibilidades de treinamento
do pessoal de manejo na área do meio ambiente e iniciar programas especializados de
"treinamento de instrutores" para apoiar o treinamento a nível do país e da empresa. Devem-se
desenvolver novos critérios de treinamento em práticas ambientalmente saudáveis que criem
oportunidades de emprego e aproveitem ao máximo os métodos baseados no uso de recursos
locais;
36.18. Os países devem estabelecer ou fortalecer programas práticos de treinamento para
graduados de escolas de artes e ofícios, escolas secundárias e universidades, em todos os países, a
fim de prepará-los para as necessidades do mercado de trabalho e para ganhar a vida. Devem-se
instituir programas de treinamento e retreinamento para enfrentar os ajustes estruturais que têm
impacto sobre o emprego e as qualificações profissionais.
36.19. Incentivam-se os Governos a consultar pessoas em situações isoladas do ponto de
Agenda 21 - Global 363
vista geográfico, cultural ou social, para determinar suas necessidades de treinamento a fim de
permitir-lhes uma maior contribuição ao desenvolvimento de práticas de trabalho e modos de
vida sustentáveis.
36.20. Os Governos, a indústria, os sindicatos e os consumidores devem promover a
compreensão da relação existente entre um meio ambiente saudável e práticas empresariais
saudáveis.
36.21. Os países devem desenvolver um serviço de técnicos treinados e recrutados
localmente, capazes de proporcionar às comunidades e populações locais, em particular nas zonas
urbanas e rurais marginais, os serviços que necessitam, começando com a atenção primária ao
meio ambiente.
36.22. Os países devem incrementar as possibilidades de acesso, análise e uso eficaz da
informação e conhecimentos disponíveis sobre meio ambiente e desenvolvimento. Devem-se
reforçar os programas de treinamento especiais existentes para apoiar as necessidades de
informação de grupos especiais. Devem ser avaliados os efeitos desses programas na
produtividade, saúde, segurança e emprego. Devem-se criar sistemas nacionais e regionais de
informação sobre o mercado de trabalho relacionado com o meio ambiente, sistemas que
proporcionem de forma constante dados sobre as oportunidades de treinamento e trabalho.
Devem-se preparar e atualizar guias sobre os recursos de treinamento em meio ambiente e
desenvolvimento que contenham informações sobre programas de treinamento, currículos,
metodologias e resultados de avaliações nos planos nacional, regional e internacional.
36.23. Os organismos de auxílio devem reforçar o componente de treinamento em todos
os projetos de desenvolvimento, enfatizando uma abordagem multidisciplinar, promovendo a
consciência e proporcionando os meios de adquirir as capacidades necessárias para assegurar a
transição para uma sociedade sustentável. As diretrizes de manejo do meio ambiente do PNUMA
para as atividades operacionais do sistema das Nações Unidas podem contribuir para a
consecução deste objetivo.
36.24. As redes existentes de organizações de patrões e trabalhadores, as associações
industriais e as organizações não-governamentais devem facilitar o intercâmbio de experiências
relacionadas a programas de treinamento e conscientização.
36.25. Os Governos, em colaboração com as organizações internacionais pertinentes,
devem desenvolver e implementar estratégias para enfrentar ameaças e situações de emergência
ambientais nos planos nacional, regional e local, enfatizando programas práticos e urgentes de
treinamento e conscientização para aumentar a preparação do público.
36.26. O sistema das Nações Unidas deve ampliar, quando apropriado, seus programas
de treinamento, especialmente suas atividades de treinamento ambiental e de apoio a
organizações de patrões e trabalhadores.
Meios de implementação
Capítulo 37
Área de programa
Objetivos
Atividades
tecnológicos e institucionais, assim como os meios para avaliar o impacto ambiental dos projetos
de desenvolvimento; e a avaliação da capacidade de atender as necessidades de cooperação
técnica, inclusive a relacionada com a transferência de tecnologia e de conhecimentos técnicos
científicos, da Agenda 21 e das convenções globais sobre mudança do clima e diversidade
biológica e de atuar em consonância com essas necessidades;
(b) Avaliação da contribuição das atividades em curso de cooperação técnica,
inclusive a relacionada com a transferência de tecnologia e conhecimentos técnicos-científicos
para o fortalecimento e melhoramento da capacidade e potencial nacionais para o manejo
integrado de meio ambiente e desenvolvimento; e avaliação dos meios para melhorar a qualidade
da cooperação técnica internacional, inclusive a relacionada com a transferência de tecnologia e
conhecimentos técnicos-científicos;
(c) Uma estratégia para empreender uma mudança dirigida ao melhoramento da
capacidade e do potencial em que se reconheça a necessidade de uma integração operacional de
meio ambiente e desenvolvimento com compromissos de longo prazo, baseados no conjunto de
programas nacionais estabelecidos por cada país por meio de processo participativo;
(d) Consideração da possibilidade de recorrer com mais freqüência a acordos de
cooperação de longo prazo entre municipalidades, organizações não-governamentais,
universidades, centros de treinamento e pesquisa, empresas e instituições públicas e privadas com
equivalentes em outros países ou nos mesmos países ou regiões. A esse respeito devem ser
avaliados programas como as Redes para Desenvolvimento Sustentável do PNUD;
(e) Fortalecimento da sustentabilidade de projetos, mediante a inclusão, na
formulação original do projeto, a consideração dos impactos ambientais, os custos para atender
ao desenvolvimento das instituições, dos recursos humanos e das necessidades tecnológicas, bem
como os requisitos financeiros e organizacionais para operação e manutenção;
(f) Melhoria da cooperação técnica, inclusive a relacionada com a transferência de
tecnologia e conhecimentos técnicos-científicos e os processos de manejo, dando uma maior
atenção à capacitação e ao aumento do potencial como parte integrante das estratégias de
desenvolvimento sustentável para programas de meio ambiente e desenvolvimento, tanto nos
processos de coordenação relativos aos países, tais como grupos consultivos e mesas redondas,
quanto nos mecanismos de coordenação setorial para capacitar os países em desenvolvimento a
participar ativamente na obtenção de assistência procedente de diversas fontes.
(d) Intensificação da contribuição técnica e coletiva do sistema das Nações Unidas para as
iniciativas de fortalecimento institucional e aumento do potencial
37.8. As organizações, órgãos e instituições do sistema das Nações Unidas, em
colaboração com outras organizações internacionais e regionais e os setores público e privado
podem, conforme apropriado, fortalecer suas atividades conjuntas de cooperação técnica,
inclusive a relacionada com a transferência de tecnologia e conhecimentos técnicos-científicos, a
fim de abordar questões relacionadas com meio ambiente e desenvolvimento e promover a
coerência e a consistência da ação. As organizações podem prestar assistência e apoiar os países
que a solicitem, particularmente os países menos desenvolvidos, em questões relacionadas com
políticas nacionais de meio ambiente e desenvolvimento, o desenvolvimento de recursos
humanos e o envio de especialista para o campo, a legislação, os recursos naturais e os dados
sobre o meio ambiente.
37.9. O PNUD, o Banco Mundial e os bancos regionais multilaterais de desenvolvimento,
como parte de sua participação nos mecanismos nacionais e regionais de coordenação, devem
prestar assistência para facilitar as atividades de fortalecimento institucional e aumento de
potencial no plano nacional, baseando-se na experiência específica e na capacidade operacional
Agenda 21 - Global 369
do PNUMA no campo do meio ambiente, assim como das agências especializadas e organizações
do Sistema das Nações Unidas e das organizações regionais e sub-regionais em suas respectivas
áreas de competência. Para este fim, o PNUD deve mobilizar fundos para atividades de
fortalecimento institucional e aumento do potencial, valendo-se para isso de sua rede de
escritórios no exterior e de seu amplo mandato e experiência no âmbito da cooperação técnica,
inclusive a relacionada com a transferência de tecnologia e conhecimentos técnicos-científicos. O
PNUD, junto com essas organizações internacionais, deve ao mesmo tempo continuar
desenvolvendo processos consultivos para intensificar a mobilização e coordenação de fundos da
comunidade internacional para a capacitação e aumento do potencial, inclusive com o
estabelecimento de um banco de dados adequado. Essas responsabilidades talvez precisem ser
acompanhadas de um fortalecimento das capacidades do PNUD.
37.10. A entidade nacional encarregada da cooperação técnica, com a assistência dos
representantes residentes do PNUD e dos representantes do PNUMA, deve constituir um
pequeno grupo de pessoas-chave que se encarregarão de orientar o processo, dando prioridades às
estratégias e prioridades próprias do país. A experiência obtida graças às atividades de
planejamento existentes, como os relatórios nacionais para a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, as estratégias nacionais de conservação e os planos de
ação para o meio ambiente, devem ser utilizados plenamente e incorporados a uma estratégia de
desenvolvimento sustentável impulsionada pelo próprio país e a ele dirigida e baseada na
participação. Isto deve ser complementado com redes de informação e consultas com as
organizações doadoras com o objetivo de melhorar a coordenação e o acesso ao conjunto de
conhecimentos científicos e técnicos existentes e à informação de que dispõem outras
instituições.
(e) Harmonização da prestação de assistência no plano regional
37.11. No plano regional, as organizações existentes devem considerar a conveniência de
aperfeiçoar os processos consultivos e as mesas redondas regionais e sub-regionais para facilitar
o intercâmbio de dados, informação e experiência na implementação da Agenda 21. Baseado nos
resultados dos estudos regionais sobre fortalecimento institucional que essas organizações
regionais tenham realizado por iniciativa da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, e em colaboração com as organizações regionais, sub-regionais ou
nacionais existentes que tenham o potencial de realizar atividades de coordenação regional, o
PNUD deve dar uma contribuição importante com esse propósito. A unidade nacional pertinente
deve estabelecer um mecanismo diretivo. Deve-se estabelecer um mecanismo de revisão
periódica entre os países da região, com a assistência das organizações regionais pertinentes e a
participação de bancos de desenvolvimento, instituições de ajuda bilateral e organizações não-
governamentais. Outra possibilidade é o desenvolvimento de recursos nacionais e regionais de
pesquisa e treinamento, baseados nas instituições regionais e sub-regionais existentes.
Meios de implementação
implementação das atividades deste Capítulo em cerca de $300 milhões a $1 bilhão de dólares, a
serem providos pela comunidade internacional em termos concessionais ou de doações. Estas são
estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos reais e os
termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das estratégias e
programas específicos que os Governos decidam adotar para a implementação.
Agenda 21 - Global 371
Capítulo 38
Objetivos
ESTRUTURA INSTITUCIONAL
A. Assembléia Geral
38.9. A Assembléia Geral, por ser o mecanismo intergovernamental de mais alto nível,
é o principal órgão de formulação de políticas e de avaliação em questões relativas ao
Agenda 21 - Global 373
38.10. O Conselho Econômico e Social, no contexto da função que lhe é atribuída pela
Carta em relação à Assembléia Geral e à atual reestruturação e revitalização das Nações Unidas
nos campos econômico, social e conexos, será encarregado de apoiar a Assembléia Geral através
da supervisão da coordenação, em todo o sistema, da implementação da Agenda 21 e da
formulação de recomendações nesse sentido. Além disso, o Conselho dirigirá a coordenação e
integração, em todo o sistema, dos aspectos das políticas e dos programas das Nações Unidas
relacionados com meio ambiente e desenvolvimento e formulará recomendações apropriadas para
a Assembléia Geral, organismos especializados interessados e Estados Membros. Devem ser
tomadas as medidas necessárias para receber relatórios periódicos dos organismos especializados
sobre seus planos e programas relativos à implementação da Agenda 21, conforme o disposto no
Artigo 64 da Carta das Nações Unidas. O Conselho Econômico e Social deve organizar exames
periódicos do trabalho da Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável, prevista no parágrafo
38.11., assim como das atividades realizadas em todo o sistema para integrar meio ambiente e
desenvolvimento, fazendo pleno uso de seus segmentos de alto nível e coordenação.
com os demais órgãos intergovernamentais das Nações Unidas que se ocupam de questões
relacionadas com meio ambiente e desenvolvimento, e a freqüência, duração e foro de suas
reuniões. Essas modalidades devem levar em consideração o processo atual de revitalização e
reestruturação do trabalho das Nações Unidas no campo econômico, social e conexos,
particularmente as medidas recomendadas pela Assembléia Geral nas resoluções 45/264, de 13 de
maio de 1991, e 46/235, de 13 de abril de 1992, e em outras resoluções pertinentes da
Assembléia. A esse respeito pede-se ao Secretario Geral das Nações Unidas que, com a
assistência do Secretário Geral da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, prepare um relatório com recomendações e propostas apropriadas para
apresentação à Assembléia.
38.13. A Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável deve desempenhar as seguintes
funções:
(a) Monitorar os progressos realizados na implementação da Agenda 21 e das
atividades relacionadas com a integração dos objetivos de meio ambiente e desenvolvimento em
todo o sistema das Nações Unidas, através de análise e avaliação de relatórios de todos os órgãos,
organizações, programas e instituições pertinentes do sistema das Nações Unidas que se ocupam
das diversas questões de meio ambiente e desenvolvimento, inclusive as relacionadas com
finanças;
(b) Apreciar as informações oferecidas pelos governos, inclusive, por exemplo,
sob forma de comunicações periódicas ou relatórios nacionais sobre as atividades para
implementar a Agenda 21, os problemas enfrentados, tais como os relacionados com recursos
financeiros e transferência de tecnologia e outras questões relativas a meio ambiente e
desenvolvimento consideradas pertinentes;
(c) Examinar os progressos realizados no cumprimento dos compromissos
contidos na Agenda 21, inclusive os relacionados com a oferta de recursos financeiros e
transferência de tecnologia;
(d) Receber e analisar a informação pertinente das organizações não-
governamentais competentes, inclusive dos setores científico e privado, no contexto da
implementação geral da Agenda 21;
(e) Incentivar o diálogo, no âmbito das Nações Unidas, com as organizações não-
governamentais e o setor independente, assim como com outras entidades alheias ao sistema das
Nações Unidas;
(f) Apreciar, quando apropriado, a informação relativa aos progressos realizados
na implementação das convenções sobre meio ambiente que possa ser colocada à disposição
pelas Conferências de Partes pertinentes;
(g) Apresentar recomendações apropriadas à Assembléia Geral, através do
Conselho Econômico e Social, com base em uma apreciação integrada dos relatórios e questões
relacionadas com a implementação da Agenda 21;
(h) Apreciar, em momento apropriado, os resultados do exame que deverá fazer
sem demora o Secretário Geral das Nações Unidas de todas as recomendações da Conferência
sobre programas de capacitação, redes de informação, forças-tarefas e outros mecanismos
destinados a apoiar a integração de meio ambiente e desenvolvimento nos planos regional e sub-
regional.
38.14. Dentro de um âmbito intergovernamental, deve-se estudar a possibilidade de
permitir que as organizações não-governamentais - inclusive as ligadas a grupos importantes,
sobretudo grupos de mulheres - comprometidas com a implementação da Agenda 21 tenham
acesso à informação pertinente, inclusive aos relatórios, notas e outros dados produzidos dentro
Agenda 21 - Global 375
D. O Secretário Geral
38.15. É imprescindível que o Secretário Geral exerça uma direção firme e eficaz, já que
será o coordenador dos arranjos institucionais do sistema das Nações Unidas para levar adiante
de maneira satisfatória as atividades decorrentes da Conferência e para implementar a Agenda 21.
38.16. A Agenda 21, como base para a ação da comunidade internacional para integrar
meio ambiente e desenvolvimento, deve proporcionar a estrutura principal para a coordenação
das atividades pertinentes no sistema das Nações Unidas. Para assegurar o monitoramento,
coordenação e supervisão eficazes da participação do sistema das Nações Unidas no
acompanhamento das atividades decorrentes da Conferência, é necessário um mecanismo de
coordenação sob comando direto do Secretário Geral.
38.17. Esta tarefa deve ser atribuída ao Comitê Administrativo de Coordenação (CAC),
presidido pelo Secretário Geral. Desse modo, o CAC proporcionará um vínculo e interface
fundamental entre as instituições financeiras multilaterais e outros órgãos das Nações Unidas no
mais alto nível administrativo. O Secretário Geral deve continuar revitalizando o funcionamento
do Comitê. Espera-se que todos os chefes de organismos e instituições do sistema das Nações
Unidas cooperem plenamente com o Secretário Geral para que o CAC possa cumprir eficazmente
sua atribuição fundamental e alcançar a implementação satisfatória da Agenda 21. O CAC deve
considerar a possibilidade de estabelecer uma força-tarefa, sub-comitê ou junta de
desenvolvimento sustentável especial, levando em consideração a experiência dos Funcionários
Designados para Assuntos Ambientais (FDAA) e do Comitê sobre Meio Ambiente das
Instituições Internacionais para o Desenvolvimento (CMAIID), assim como as funções
respectivas do PNUMA e do PNUD. Seu relatório deve ser submetido aos órgãos
intergovernamentais pertinentes.
sua qualidade de mais alto funcionário administrativo da Organização, a quem se pede que
apresente o mais cedo possível um relatório sobre as providências a serem tomadas em relação à
dotação de pessoal, levando em consideração a importância de manter um equilíbrio entre os
sexos, na forma definida no Artigo 8 da Carta das Nações Unidas, e a necessidade de utilização
ótima dos recursos no contexto da reestruturação atual e em andamento do Secretariado das
Nações Unidas.
necessidade de uso mais eficiente possível dos recursos, inclusive a possibilidade de agrupar no
mesmo lugar os secretariados estabelecidas no futuro;
(i) Maior desenvolvimento e promoção do uso mais amplo possível das avaliações
de impacto ambiental, inclusive de atividades com os auspícios dos organismos especializados do
sistema das Nações Unidas, e em relação com todo projeto ou atividade importante de
desenvolvimento econômico;
(j) Facilitação do intercâmbio de informação sobre tecnologias ambientalmente
saudáveis, inclusive os aspectos jurídicos e a oferta de treinamento;
(k) Promoção da cooperação sub-regional e regional e apoio às medidas e e aos
programas pertinentes de proteção ambiental,inclusive desempenhando um importante papel de
contribuição e coordenação dos mecanismos regionais no campo do meio ambiente identificado
para o acompanhamento das atividades decorrentes da Conferência;
(l) Oferecer assessoramento técnico, jurídico e institucional aos governos, quando
solicitado, para o estabelecimento e fortalecimento de suas estruturas jurídicos e institucionais
nacionais, em particular em cooperação com os esforços de capacitação institucional e técnica do
PNUD;
(m) Apoio aos governos, quando solicitado, e aos organismos e órgãos de
desenvolvimento para a incorporação dos aspectos ambientais em suas políticas e programas de
desenvolvimento, em particular, através da oferta de assessoramento ambiental, técnico e político
durante a formulação e implementação de programas;
(n) Aumento das atividades de avaliação e assistência em situações de emergência
ambiental.
38.23. Para que possa desempenhar todas essas funções e manter ao mesmo tempo seu
papel de principal órgão do sistema das Nações Unidas no campo do meio ambiente e levando
em consideração os aspectos de desenvolvimento das questões ambientais, o PNUMA deve ter
acesso a mais conhecimentos especializados e dispor de recursos financeiros suficientes e deve
manter uma colaboração e cooperação mais estritas com os órgãos dedicados a atividades de
desenvolvimento e com outros órgãos pertinentes do sistema das Nações Unidas. Além disso,
devem-se fortalecer os escritórios regionais do PNUMA sem debilitar a sede de Nairóbi e o
PNUMA também deve tomar medidas para fortalecer seus vínculos e intensificar sua interação
com o PNUD e o Banco Mundial.
38.24. O PNUD, como o PNUMA, também deve desempenhar uma função decisiva no
acompanhamento das atividades decorrentes da Conferência. Através de sua rede de escritórios
exteriores, promoverá o impulso coletivo do sistema das Nações Unidas em apoio da
implementação da Agenda 21 nos planos nacional, regional, inter-regional e mundial,
aproveitando os conhecimentos dos organismos especializados e de outras organizações e órgãos
das Nações Unidas dedicados a atividades operacionais. É preciso fortalecer o papel de
representante residente/coordenador residente do PNUD a fim de coordenar as atividades de
campo das atividades operacionais das Nações Unidas.
38.25. O papel do PNUD deve compreender o seguinte:
(a) Ser a agência central na organização dos esforços do sistema das Nações
Unidas para criar capacitação institucional e técnica nos planos local, nacional e regional;
(b) Mobilizar, em nome dos governos, os recursos de doadores para a capacitação
institucional e técnica nos países receptores e, quando apropriado, através dos mecanismos de
Agenda 21 - Global 378
38.29. A cooperação regional e sub-regional será uma parte importante dos resultados da
Conferência. As comissões regionais, os bancos regionais de desenvolvimento e as organizações
regionais de cooperação econômica e técnica, com os mandatos que lhe foram confiados, poderão
Agenda 21 - Global 379
J. Implementação nacional
L. Organizações não-governamentais
utilizados na Conferência. Tais organizações devem ter acesso aos relatórios e demais
informações produzidas pelo sistema das Nações Unidas. A Assembléia Geral deve examinar, em
um estágio inicial, meios de intensificar a participação das organizações não-governamentais no
âmbito do sistema das Nações Unidas, em relação ao processo de acompanhamento das
atividades decorrentes da Conferência.
38.45. A Conferência toma nota de outras iniciativas institucionais para a implementação
da Agenda 21, tais como a proposta de estabelecer um Conselho do Planeta Terra de caráter nã-
governamental e a proposta de designar um tutor das gerações futuras, juntamente com outras
iniciativas dos governos locais e setores empresariais.
Agenda 21 - Global 382
Capítulo 39
Objetivos
Atividades
39.4. As atividades e os meios de implementação devem ser considerados à luz das bases
Agenda 21 - Global 384
para a ação e dos objetivos acima expostos, sem prejuizo do direito de todos os Estados de
apresentar sugestões a respeito na Assembléia Geral. Essas sugestões podem ser reproduzidas em
uma compilação em separado sobre o desenvolvimento sustentável.
B. Mecanismos de implementação
39.9. Em todas essas atividades e em outras que possam ser empreendidas no futuro,
fundamentadas nas bases para a ação e nos objetivos acima expostos, deve-se assegurar a
participação efetiva de todos os países, em particular dos países em desenvolvimento, por meio
da prestação de assistência técnica e/ou assistência financeira adequadas. Deve-se dar aos países
em desenvolvimento um apoio inicial, não somente em seus esforços nacionais para implementar
os acordos ou instrumentos internacionais, mas também para que participem efetivamente na
Agenda 21 - Global 385
Capítulo 40
Introdução
Áreas de Programas
40.2. Embora haja uma quantidade considerável de dados, como se assinala em diversos
capítulos do Agenda 21, é preciso reunir mais e diferentes tipos de dados, nos planos local,
provincial, nacional e internacional, que indiquem os estados e tendências das variáveis sócio-
econômicas, de poluição, de recursos naturais e do ecossistema do planeta. Vêm aumentando a
diferença em termos de disponibilidade, qualidade, coerência, padronização e acessibilidade dos
dados entre o mundo desenvolvido e o em desenvolvimento, prejudicando seriamente a
capacidade dos países de tomar decisões informadas no que concerne a meio ambiente e
desenvolvimento.
40.3. Há uma falta generalizada de capacidade, em particular nos países em
desenvolvimento, e em muitas áreas no plano internacional para a coleta e avaliação de dados,
sua transformação em informação útil e sua divulgação. Além disso, é preciso melhorar a
coordenação entre as atividades de informação e os dados ambientais, demográficos, sociais e de
desenvolvimento.
40.4. Os indicadores comumente utilizados, como o produto nacional bruto (PNB) e as
medições dos fluxos individuais de poluição ou de recursos, não dão indicações adequadas de
sustentabilidade. Os métodos de avaliação das interações entre diferentes parâmetros setoriais
ambientais, demográficos, sociais e de desenvolvimento não estão suficientemente desenvolvidos
ou aplicados. É preciso desenvolver indicadores do desenvolvimento sustentável que sirvam de
base sólida para a tomada de decisões em todos os níveis e que contribuam para uma
sustentabilidade auto-regulada dos sistemas integrados de meio ambiente e desenvolvimento.
Objetivos
aos custos por meio de melhor identificação dos usuários, tanto no setor público quanto no
privado, e de suas necessidades de informação nos planos local, nacional, regional e
insternacional;
(b) Fortalecer a capacidade local, provincial, nacional e internacional de coleta e
utilização de informação miltissetorial nos processos de tomada de decisões e reforçar as
capacidades de coleta e análise de dados e informações para a tomada de decisões, em particular
nos países em desenvolvimento;
(c) Desenvolver ou fortalecer os meios locais, provinciais, nacionais e
internacionais de garantir que a planificação do desenvolvimento sustentável em todos os setores
se baseie em informação fidedigna, oportuna e utilizável;
(d) Tornar a informação pertinente acessível na forma e no momento em que for
requerido para facilitar o seu uso.
Atividades
Meios de implementação
Earthwatch deve ser coordenado mediante um escritório apropriado nas Nações Unidas para
assegurar a plena integração de preocupações com meio ambiente e desenvolvimento.
(c) Meios científicos e tecnológicos
40.14. Em relação à transferência de tecnologia, com a rápida evolução das tecnologias de
coleta de dados e informação, é necessário desenvolver diretrizes e mecanismos para a
transferência rápida e contínua dessas tecnologias, em particular aos países em desenvolvimento,
em conformidade com o capítulo 34 (Transferência de Tecnologia Ambientalmente Saudável,
Cooperação e Fortelecimento Institucional), e para o treinamento de pessoal em sua utilização.
(d) Desenvolvimento dos recursos humanos
40.15. Será necessária a cooperação internacional para o treinamento em todas as áreas e
em todos os níveis, especialmente nos países em desenvolvimento. Esse treinamento terá de
incluir o treinamento técnico dos envolvidos em coleta, avaliação e transformação de dados, bem
como a assistência aos responsáveis por decisões em relação a como utilizar essa informação.
(e) Fortalecimento institucional
40.16. Todos os países, em particular os países em desenvolvimento, com o apoio da
cooperação internacional, devem fortalecer sua capacidade de coletar, armazenar, organizar,
avaliar e utilizar dados nos processos de tomada de decisões de maneira mais efetiva.
40.17. Já existe uma riqueza de dados e informações que pode ser utilizada para o
gerenciamento do desenvolvimento sustentável. Encontrar a informação adequada no momento
preciso e na escala pertinente de agregação é uma tarefa difícil.
40.18. Em muitos países, a informação não é gerenciada adequadamente devido à falta de
recursos financeiros e pessoal treinado, desconhecimento de seu valor e de sua disponibilidade e
a outros problemas imediatos ou prementes, especialmente nos países em desenvolvimento.
Mesmo em lugares em que a informação está disponível, ela pode não ser de fácil acesso devido
à falta de tecnologia para um acesso eficaz ou aos custos associados, sobretudo no caso da
informação que se encontra fora do país e que está disponível comercialmente.
Objetivos
Atividades
Agenda 21 - Global 390
que existam impedimentos econômicos ou de outro tipo que dificultem a oferta de informação e o
acesso a ela, particularmente nos países em desenvolvimento, deve-se considerar a criação de
esquemas inovadores para subsidiar o acesso a essa informação ou para eliminar os
impedimentos não econômicos.
Meios de implementação