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índice

Resumo.......................................................................................................................................2

1.0. Introdução........................................................................................................................3

1.1. Objectivos........................................................................................................................3

1.1.1. Geral.............................................................................................................................3

1.1.2. Específicos...................................................................................................................3

1.2. Metodologia.....................................................................................................................3

2.0. Figuras Monolineares......................................................................................................4

3.1. Projectos Etnomatemáticos: Exploração de diferentes aspectos culturais e


aproveitamento............................................................................................................................5

3.2. Etnomatemática: uma correlação entre a matemática e a cultura....................................6

3.3. O encontro de culturas.....................................................................................................7

3.4. Necessidade de uma educação orientada pela cultura.....................................................8

4.0. Conclusão.......................................................................................................................10

5.0. Bibliografia....................................................................................................................11
Resumo
Pensamos que a Matemática não deve ser pensada como um corpo de conhecimento sem uma ligação com a
actividade humana, pensamento este reforçado por Neeleman. Devemos, enquanto professores, ter a
preocupação de organizar nossos conteúdos de maneira lógica e atraente, procurando sempre situar a Matemática
dentro de práticas sociais, aquelas vivenciadas pelos alunos no seu dia-a-dia. Importante um envolvimento do
professor como dirigente do processo e portanto conhecedor do contexto social onde a escola está inserida, isto
6, saber dos anseios e representações culturalmente importantes. Com esta visão, traçamos um paralelo entre a
abordagem metodológica tradicional do ensino de Matemática e a abordagem baseada nos conhecimentos e
valores sociais e culturais dos alunos, que D'Ambrósio chama de Etnomatemática Aproveitamos as
características do movimento Etnomatemático, muito bem apresentados por Gerdes e complementamos o
trabalho apresentando situações diversas, nitidamente voltadas à Matemática em outros contextos culturais,
como por exemplo: A Matemática desenvolvida no Movimento Sem Terra (MST), nas actividades de serraria,
olaria e funilaria.

Palavras-chave: Matemática, História, Cultura, Etnomatemática.


1.0. Introdução
O Presente trabalho trata da Matemática estudada e desenvolvida dentro de contextos
culturais sem a conotação académica dada pela instituição escola. É a chamada
Etnomatemática, com seus objectivos e seu relacionamento com a cidadania Apesar de sua
inegável utilidade no nosso quotidiano, a Matemática é encarada por muitos como uma
barreira difícil, quase intransponível, o que faz com que ela seja mistificada, conforme
palavras de Watanabe.

Nas culturas modernas, onde a tecnologia de ponta prolífera, é fácil perceber o uso implícito
da matemática nos computadores, nos telemóveis da última geração, no GPS, do MP3, da
Internet, do cartão Multibanco, da fotografia digital, enfim, numa imensidão de recursos que
são o resultado de muitos raciocínios matemáticos. A proposta da etnomatemática é fazer da
matemática algo vivo, lidando com situações reais no tempo e no espaço, questionando o aqui
e o agora. Assim, mergulhamos nas raízes culturais e praticamos dinâmica cultural,
reconhecendo na educação a importância das várias culturas e tradições na formação de uma
nova civilização, transcultural e transdisciplinar.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Conhecer os Projectos Etnomatemáticos: Exploração de diferentes aspectos culturais e seu
aproveitamento
1.1.2. Específicos
 Perceber a correlação entre a matemática e a cultura;
 Compreender a Necessidade de uma educação orientada pela cultura.
1.2. Metodologia

Para a realização deste trabalho recorreu-se a selecção bibliográfica, consulta e compilação de


informação tidas em várias obras, debates e reflexões no seio do grupo e pesquisas feitas na
Internet com as referências bibliográficas e endereço electrónico citado na última página.
2.0. Figuras Monolineares
Segundo MUALACUA (s/d. 41). Uma das características de alguns desenhos lusonas é que as
suas linhas se podem desenhar sem levantar o dedo (1- linear) e dizem-se Monolineares.

O apelo estético destas criações é consequência também da sua simetria. A maioria dos Sona
apresentam pelo menos um tipo de simetria.

3.0. Etnomatemática
Segundo D’Ambrósio (1990: pag. 7) citado por MUALACUA (s/d: 28) “Etnomatemática é
um programa que visa explicar os processos de geração, organização e transmissão de
conhecimento em diversos sistemas culturais”.
A Etnomatemática tem como seu fundador o educador e pesquisador brasileiro Ubiratan
D'Ambrósio. Foi ele quem correlacionou a Matemática com a Cultura, e a esse fenômeno
batizou como Etnomatemática. Com o perpasso de várias pesquisas e muito trabalho árduo,
chegou-se ao consenso que há múltiplas matemáticas e não uma única matemática. A
etnomatemática estuda os fenômenos matemáticos ocorridos em ambientes naturais cujos
conhecimentos formais são utilizados apenas posteriormente para conversão desses e
aprofundamento teórico e metodológico.

3.1. Projectos Etnomatemáticos: Exploração de diferentes aspectos culturais e


aproveitamento
Segundo GERDES (2014: 19) Em países industrializados como a Grã-Bretanha, a França e os
Estados Unidos da América, a necessidade de se reconsiderar toda a experiência escolar,
tendo em vista o “fracasso” educacional de muitas crianças de comunidades étnicas
minoritárias, é cada vez mais reconhecida. Aumenta a pressão para que o currículo escolar
reflita a natureza multi-cultural dessas sociedades; assim, Bishop (1987, p.2) conclui ser
necessário “multi-culturalizar” o currículo matemático.
Como as fronteiras coloniais herdadas raras vezes consideraram as realidades culturais e
étnicas existentes, muitos países do “Terceiro Mundo” vêem-se hoje em dia, no difícil
processo da construção de uma nação, confrontados com a mesma necessidade de
multiculturalizar o seu currículo matemático (ver p. ex. D”Ambrosio, 1985a, b; Eshiwani,
1979; Gerdes 1986, 1992). Durante o período colonial, a Matemática foi geralmente
apresentada como criação e capacidade exclusivas do branco (cf. Gerdes, 1985; Njock, 1985).
Com a transplantação apressada de currículos das nações altamente industrializados para os
países do “Terceiro Mundo” (p. ex. o chamado African Mathematics Program), esta negação
das matemáticas “indígenas” africana, asiática, americano-índia e aborígene-australiana
continuou, pelo menos implicitamente. E é nisto que reside uma das causas fundamentais dos
níveis reconhecidamente baixos de aproveitamento que, por sua vez, podem reforçar
preconceitos (neo)coloniais e raciais (cf. D’Ambrosio, 1985b; Gerdes, 1992).
A proposta da etnomatemática é fazer da matemática algo vivo, lidando com situações reais
no tempo e no espaço, questionando o aqui e o agora. Assim, mergulhamos nas raízes
culturais e praticamos dinâmica cultural, reconhecendo na educação a importância das várias
culturas e tradições na formação de uma nova civilização, transcultural e transdisciplinar. Por
tudo isso, a etnomatemática representa um caminho para uma educação renovada, capaz de
preparar gerações futuras para construir uma civilização mais feliz.
Todas as manifestações populares, as atividades intelectuais, os costumes, as criações do
homem, todas essas definições, caracterizam a cultura. No meio escolar ou acadêmico, é
comum a presença do termo cultura para representar o conhecimento externo ao âmbito
educacional. Sendo assim, diz-se que é necessária a adesão do conhecimento cultural do
alunado, para que assim, todas as informações transmitidas ou mediadas no processo de
ensino tenham valor pessoal e aplicabilidade na vida diária.
Cada indivíduo tem uma trajetória de vida. Suas atividades conscientes datilografam na
máquina do tempo os seus rastros e arquiva na história da humanidade a sua contribuição para
o desenvolvimento desta, bem como, as ações necessárias a sua sobrevivência e contemplação
intelectual. Portanto, o ser humano produz cultura ininterruptamente, e é essa identidade
cultural, a grande responsável pela caracterização da sua capacidade intelectual, física e
interacional.

3.2. Etnomatemática: uma correlação entre a matemática e a cultura1


Existe, ao contrário do que se pensa, um entrelaçar dignamente grande, entre a matemática e a
cultura. No processo transitório das fases do desenvolvimento humano acontece a
impregnação de conhecimentos adquiridos por meio da interação social e dos diversos
modelos de vida. O indivíduo, aprendiz natural, entra em contato com os saberes matemáticos
logo nos primórdios de sua existência e os desenvolvem com o desenrolar dos dias. Esses
conhecimentos são uma espécie de herança social e são transmitidos inconscientemente por
meios de diálogos, atividades trabalhistas e as mais diversificadas formas multiplicativas do
saber humano, ocasionadas nas lareiras revolucionárias dos seres pensantes latifundiários dos
campos cognitivos.
Concretiza-se aqui, no solo fértil da Educação Matemática, a parturição da Etnomatemática.
Essa nova metodologia de ensino e pesquisa, traz em seu perfil o compromisso de coletar os
conhecimentos externos ao âmbito escolar, fazer o diagnóstico dos mesmos e levá-los aos
moldes formais dos processos de educação. É a partir do surgimento da Etnomatemática que
passa a ser dada uma ênfase maior aos saberes inatos do aluno e a sua cultura.
Para entender melhor o significado do termo etnomatemática iremos recorrer as suas raízes
etimológicas: etno = o ambiente natural, cultural, imaginário e social; matema = aprender,
conhecer, explicar; tica = arte, estilo, técnica, modo. Sendo assim, uma definição possível
para etnomatemática é “arte de conhecer o ambiente cultural”.
À medida que demonstramos o senso matemático em atividades corriqueiras, quando
trabalhamos, sem plena consciência, com utensílios numéricos, quando calculamos distâncias,
quando medimos terras, em fim, estamos utilizando ramificações matemáticas armazenadas
nas profundezas psíquicas da mente.
1
DE SÁ, Robison Gomes. Matemática e cultura: a visão da etnomatemática. Disponível em:
“https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/matematica-e-cultura-a-visao-da-
etnomatematica/58222”. Acesso em 19/02/2020
A utilidade da cultura no acto de ensinar é justificada pelo efeito positivo na aprendizagem e
no desenvolvimento crítico, bem como, na independência do aluno. Outra ideia a ser
considerada é a da ligação da teoria com a prática, pois sabemos que quando se sabe os pra
quês e os porquês de aprender, consequentemente torna-se facilitada à iniciativa de educar
indivíduos pensantes e promissores.
observa-se a existência de múltiplas matemáticas: a matemática do pedreiro, a matemática do
vendedor ambulante, a matemática do agricultor e outras várias matemáticas que servem de
suporte diário, mesmo que inconscientemente, aos indivíduos pensantes.
Não menos importante é ter consciência das dificuldades que o educador matemático irá
enfrentar ao lidar com a etnomatemática. É primordial que se tenha um pensamento crítico e
reflexivo, disposição à pesquisa, técnicas avaliativas, formação continuada, diálogo aberto,
conhecimentos pedagógicos e da cultura onde o aluno está inserido. Como consequência da
vinculação da cultura à matemática, tem-se uma aula mais proveitosa, onde o aluno é ser ativo
no processo de aprendizagem, além de um aprendizado efetivo e palpável, pois o aluno verá
no horizonte as aplicações do que foi aprendido em sala de aula, e ainda se tornará autônomo
em seus conhecimentos e vitorioso em relação às questões trazidas para discussão em sala de
aula.

3.3. O encontro de culturas


Segundo MEDEIROS et all. (s/d. 15), lamentavelmente, muitos educadores são ingénuos no
tratamento da dinâmica cultural, e as consequências da ingenuidade e da perversidade não são
essencialmente diferentes.
A contextualizada se mostra como mais um recurso para solucionar problemas novos que,
tendo se originado da outra cultura, chegam exigindo os instrumentos intelectuais dessa outra
cultura. A Etnomatemática do branco serve para esses problemas novos e não há como
ignorá-la. A Etnomatemática da comunidade serve, é eficiente e adequada para muitas outras
coisas, próprias àquela cultura, àquele etno, e não há por que substituí-la.
A capacidade de explicar, de aprender e de compreender, de enfrentar, criticamente, situações
novas, constituem a aprendizagem por excelência. Aprender não é a simples aquisição de
técnicas e habilidades e nem a memorizar de algumas explicações e teorias.
A educação formal, baseada na transmissão de explicações e teorias ( ensino teórico e aulas
expositivas) e no adestramento em técnicas habilidades (ensino prático com exercícios
repetitivos), é totalmente equivocada, como mostram os avanços mais recente do nosso
atendimento dos processos cognitivos. Não se pode avaliar habilidades cognitivas fora do
contexto cultural. Obviamente, capacidade cognitiva é própria de cada indivíduo. Há estilos
cognitivos que devem ser reconhecidos entre culturas destintas, no contexto intercultural, e
também na mesma cultura, no contexto intracultural.
Idem (s/d. 16), Cada indivíduo organiza o seu processo intelectual ao longo da sua história de
vida. Os avanços da meta-cognição permitem entender esse processo. Ora, ao tentar
compatibilizar as organizações intelectuais de indivíduos para tentar, desta forma, criar um
esquema socialmente aceitável, não se deve estar eliminando a autenticidade e
individualidade de cada um dos participantes desse processo. O grande desafio que se
encontra na educação é, justamente, habilitar o educando a interpretar as capacidades e a
própria acção cognitiva de cada indivíduo, não da forma linear, estável e contínua, como é
característico das práticas educacionais mais correntes.
Educação é uma estratégia de estímulo ao desenvolvimento individual e colectivo gerada por
esses mesmos grupos culturais com a finalidade de se manterem como tal e de avançarem na
satisfação dessas necessidades de sobrevivência e de transcendência.
Consequentemente, matemática e educação são estratégias contextualizadas e
interdependentes. O autor reflete sobre a evolução de ambas e analisa as tendências como as
vê no estado actual da civilização. Não vê prioridade maior para a civilização actual que
atingir paz nas sua várias dimensões.

3.4. Necessidade de uma educação orientada pela cultura


“Estratégias de desenvolvimento que negligenciam ou minimizam a importância de factores
culturais suscitam apenas a indiferença, a alienação e a discórdia social, como sublinha o
Relatório da Comissão Sul, dirigida pelo antigo Presidente da Tanzânia, Julius Nyerere (Vide
Nyerere, 1991). As estratégias alternativas de desenvolvimento deviam utilizar as enormes
reservas de sabedoria tradicional, de criatividade e capacidade de iniciativa existentes nos
países do Terceiro Mundo (Nyerere, 1991, p. 55). A Conferência Regional sobre Educação
para Todos (Dakar, 27-30 de Novembro de 1989) salienta que África precisa de uma
educação orientada pela cultura (UNESCO, 1990, p. 6 e 15). A apreciação científica da
experiência e dos elementos culturais africanos é considerada “um caminho certo para poder
conseguir que os africanos vejam a ciência como meio de compreender as suas culturas e
como um instrumento para servir e fazer progredir essas culturas” (UNESCO, 1990, p. 23).
Educar ou Morrer: o impasse e as perspectivas de África, estudo dirigido pelo historiador
Joseph Ki-Zerbo, mostra que, actualmente, o sistema educacional africano – inadaptado e
elitista como é – favorece o consumo estrangeiro sem gerar uma cultura que seja ao mesmo
tempo compatível com a civilização original e verdadeiramente promissora. África necessita
dum “sistema educacional novo, correctamente enraizado tanto na sociedade como no meio
ambiente, e, por isso, capaz de gerar a auto-confiança da qual brota a imaginação” (Ki-Zerbo,
1990, p. 104).” GERDES (2014: 63-64).

4.0. Conclusão.
A matemática da escola é apenas uma das muitas matemáticas que se encontram pelas
diversas culturas Esse é essencialmente o grande motivador da Etnomatemática e há inúmeros
estudos sobre manifestações matemáticas nas culturas mais diversas. Que quer dizer
manifestações matemáticas? Para o grupo é muito mais que apenas manipular notações e
operações aritméticas, ou lidar com a álgebra e calcular áreas e volumes, mas principalmente
lidar em geral com relações e comparações quantitativas e com as formas espaciais do mundo
real, e fazer classificações e inferências. Assim, encontramos matemática nos trabalhos
artesanais, nas manifestações artísticas e nas práticas comerciais e industriais. Recuperar e
incorporar isso à nossa acção pedagógica é um dos principais objectivos do Programa
Etnomatemática. As técnicas etnográficas devem ser conhecidas e praticadas pelos
professores de matemática. Procurar aprender dos alunos a sua matemática entendida
principalmente como maneiras de lidar com relações e comparações quantitativas e com as
formas espaciais do mundo real e de fazer classificações e inferências. Infelizmente os
professores passam demasiado tempo tentando ensinar o que sabem, que é muitas vezes
desinteressante e obsoleto, para não dizer chato e inútil, e pouco tempo ouvindo e aprendendo
dos alunos. Portanto, o conhecimento matemático, bem como todo processo que possa gerar
conhecimento, será melhor conduzido se pautado na contextualização e na representação de
um aspecto real, proveniente da vivência de uma situação e com significado concreto, dando
subsídios para que o indivíduo possa explicar, entender e conviver com a realidade.

5.0. Bibliografia
1. DE SÁ, Robison Gomes. Matemática e cultura: a visão da etnomatemática. Disponível
em: “https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/matematica-e-
cultura-a-visao-da-etnomatematica/58222”. Acesso em 19/02/2020
2. GERDES, Paulus. Geometria Sona de Angola: Explorações educacionais e matemáticas
de desenhos africanos na areia. ISTEG. Maputo. 2014
3. MEDEIROS, Márcia et all, Estudo do livro etnomatemática-Elo entre as tradições e a
modernidade. Projecto Teia do Saber. s/l. s/d.
4. MUALACUA, Isidro Ramos. Matemática na História e Etnomatemática. Universidade
Católica de Moçambique. s/d.

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