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Uso racional

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Heparinas de baixo peso molecular:


evidências que fundamentam indicações
ISSN 1810-0791 Vol. 4, Nº 2
Brasília, janeiro de 2007 Lenita Wannmacher*

Resumo
Heparinas de baixo peso molecular têm sido indicadas
em inúmeras doenças tromboembólicas com base em
características vantajosas, tais como mais fácil esquema
de administração, mais confiável relação dose-resposta,
não necessidade de ajustes de dose e monitoramento
laboratorial, menor incidência de trombocitopenia,
menor custo global de tratamento e possibilidade de
tratamento domiciliar. Em algumas condições o benefício
é claro, porém em outras as vantagens devem ser balanceadas com o risco de maior sangramento. Profilaxia primária
de trombose venosa profunda proximal em pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas, imobilização prolongada e
doenças graves como câncer, tratamento e prevenção secundária de trombose venosa profunda proximal e tratamento
de síndromes coronarianas agudas são indicações de definido benefício de heparinas de baixo peso molecular. Profilaxia
de trombose venosa profunda proximal em pacientes submetidos a outras cirurgias e tratamento de embolia pulmonar
são indicações em que não se evidenciam diferenças de eficácia e segurança entre aquelas e heparina não-fracionada.
Em relação ao manejo do infarto do miocárdio com supradesnível de segmento ST, os resultados são controversos,
devendo ser interpretados no contexto de real benefício clínico. Não se evidenciou benefício de heparinas não-fra-
cionadas em claudicação intermitente. No acidente vascular encefálico, resultados insuficientes não permitem definir
desfechos importantes como redução de morte e surgimento de hemorragia intracraniana.

Introdução1 de avião com duração maior de 7 horas (prevenção primária)2


e em situações de risco (pós-operatório, por exemplo)3, com-
pressão pneumática, uso de dispositivo mecânico que promove
D oenças ocasionadas por trombose e embolia vasculares são
denominadas tromboembólicas. Sua repercussão depende
de intensidade do fenômeno, acometimento arterial ou venoso,
mobilização passiva contínua e aumento de velocidade de fluxo
venoso em pacientes imobilizados ao leito4 e combate a seden-
calibre do vaso afetado e função do órgão comprometido. tarismo, obesidade e tabagismo, dentre outras. Medicamentos
antitrombóticos podem ser usados em tratamento e prevenções
O fenômeno tromboembólico aparece em algumas manifestações primária e secundária das doenças tromboembólicas. Cirurgia e
de cardiopatia isquêmica (angina instável, infarto do miocárdio) angioplastia são alternativas terapêuticas eficazes.
e de doença cerebrovascular (acidentes vasculares encefálicos
isquêmicos primários ou decorrentes de embolização sistêmica de Medicamentos antitrombóticos abrangem antiplaquetários, anti-
trombos intracavitários cardíacos, originados por fibrilação atrial coagulantes, fibrinolíticos, antagonistas de trombinas, inibidores
ou trombos formados em próteses valvares cardíacas), além de de receptores IIb-IIIa e inativadores diretos do fator Xa.
em doença vascular periférica e embolia pulmonar. Os anticoagulantes incluem heparina não-fracionada, heparinas
Para manejo das doenças tromboembólicas propõem-se controle fracionadas, também chamadas de baixo peso molecular, como
de fatores precipitantes (prevenção primária, medicamentosa e enoxaparina, nadroparina, certoparina, longiparina, dalteparina,
não-medicamentosa), tratamento e prevenção secundária (pre- ardeparina, bemiparina, reviparina e tinzaparina, heparinóides e
dominantemente com fármacos). anticoagulantes orais. Heparina não-fracionada pode ser usada
em doses plenas (24.000 a 32.000 UI em 24 horas) por infusão
Dentre as medidas não-medicamentosas incluem-se uso de meias intravenosa e em esquemas de baixas doses ou “minidoses” que
de compressão elástica em indivíduos normais durante viagem correspondem à administração subcutânea de 5.000 UI a cada

*Lenita Wannmacher é professora de Farmacologia Clínica, aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atualmente da Universidade de Passo Fundo, RS.
Atua como consultora do Núcleo de Assistência Farmacêutica da ENSP/FIOCRUZ para a questão de seleção e uso racional de medicamentos. É membro do Comitê de
Especialistas em Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais da OMS, Genebra, para o período 2005-2009. É autora de quatro livros de Farmacologia Clínica.

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oito ou doze horas, mantendo a heparinemia entre 0,05 e 0,15 obstrução venosa por outra causa, história de tromboembolismo,
UI/ml, constituindo esquema profilático. infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, infecção grave,
insuficiência respiratória, neoplasias, trauma, obesidade, idade
As diferentes frações de heparina, com aproximadamente 1/3 de superior a 40 anos, parto, uso de estrógenos e quimioterapia para
seu peso molecular, são administradas por via subcutânea, em doses câncer. Entre as cirurgias de risco, destacam-se as ortopédicas de
variáveis, a cada oito ou doze horas. Têm insuficiente comprimento grande porte, neurológicas, urológicas e aquelas com mais de 30
para catalisar a inibição de trombina, produzindo efeito anticoagu- minutos de anestesia geral, sobretudo em pacientes acima de 40
lante mediante inibição de fator Xa, assim como o faz a heparina anos que já apresentem algum fator de risco1. Trombose venosa
subcutânea em minidoses. Em ambos os casos, o efeito consiste em profunda e embolia pulmonar podem ocorrer em cerca de 2% das
não permitir hipercoagulabilidade, sem causar hipocoagulabilidade, pessoas a cada ano, chegando a 25% a taxa de recorrência. Tanto
que acarreta risco aumentado de sangramento. heparina não-fracionada quanto as diferentes heparinas fracionadas
Por apresentarem diferentes tamanhos, as heparinas de baixo foram testadas nessa condição.
peso molecular não se comportam igualmente, não havendo
efeito de classe. Prevenção primária
As vantagens apregoadas para as heparinas de baixo peso molecular Inúmeros ensaios clínicos definiram a magnitude do efeito preven-
consistem em mais fácil esquema de administração, não necessida- tivo da heparina não-fracionada em doses baixas (minidoses) para
de de monitoramento laboratorial e menor risco de sangramento. prevenção de trombose venosa e embolia pulmonar em pacientes
No entanto, a administração é muito similar à da heparina em mi- submetidos a diversos tipos de procedimentos cirúrgicos1. He-
nidoses no que se refere a via e intervalo entre doses. Quanto aos parinas fracionadas foram comparadas à heparina não-fracionada
riscos, é muito pequeno o acarretado por esquemas de minidoses. em análise de custo-efetividade, mostrando que cada paciente
O ajuste de doses por meio do monitoramento do tempo parcial de tratado ambulatorialmente pode economizar 1641 dólares em
tromboplastina ativada (TTPA) é menos importante porque ambas comparação ao tratamento hospitalar8.
as intervenções (heparina não-fracionada em minidoses e heparinas
de baixo peso molecular) causam menos hipocoagulabilidade.
Prevenção em cirurgias ortopédicas
O uso de heparinas fracionadas permite tratamento domiciliar em As cirurgias eletivas para substituição total de quadril e joelho
algumas circunstâncias o que, apesar do alto custo das preparações associam-se a aumento de tromboembolismo assintomático. A
em comparação à heparina não-fracionada, reduz o gasto total trombose venosa profunda e a embolia pulmonar sintomáticas
com os cuidados hospitalares. Num estudo de análise econômica5, são diagnosticadas em 2%-4% dos pacientes e ocorrem nos
o custo médio total de hospitalização de pacientes com câncer e primeiros 21 dias da artroplastia de joelho. A artroplastia de
submetidos à profilaxia de trombose venosa profunda foi de 3.383 quadril associa-se predominantemente a eventos assintomáticos
dólares (IC95% = 2.683-4.083) para dalteparina e 4.952 dólares e diagnosticados em seis a oito semanas da alta hospitalar. A
(IC95% = 4.718-5.185) para heparina não-fracionada. A economia profilaxia estendida reduz incidência de trombose sintomática e
resultou da mais curta hospitalização entre os pacientes tratados assintomática em artroplastia de quadril, mas não na de joelho9.
com dalteparina (média de 3,19 versus 5,22 dias). Análise de sensibi-
lidade confirmou que o custo global de tratamento com dalteparina Em estudo observacional10 (n = 310 pacientes), a despeito de
é menor que o de heparina não-fracionada, suplantando o alto tromboprofilaxia convencional, houve 44 casos (14%) de trombose
preço da aquisição de dalteparina. Comparativamente ao emprego venosa profunda, associada independentemente a prótese total
de heparina não-fracionada em anticoagulação plena (altas doses, de joelho e tipo de heparina de baixo peso molecular emprega-
infusão intravenosa contínua), as fracionadas apresentam maior do, devido à heterogeneidade dos diferentes compostos. Nesse
comodidade de administração e menor risco de sangramento, já tipo de cirurgia, enoxaparina (que mostrou proteger mais do
que não prolongam testes de coagulação in vitro. Daí a ausência de que dalteparina) deve ser coadjuvada por deambulação precoce,
necessidade de monitorizar o efeito anticoagulante. fisioterapia pós-operatória agressiva e compressão pneumática. As
características prévias dos pacientes não se associaram a trombose
Estudo6 que avaliou o custo do tratamento hospitalar de trom- venosa profunda. Houve nove casos de sangramento, como similar
bose venosa profunda (n = 953) e embolia pulmonar (n = 3933) proporção entre as duas heparinas de baixo peso molecular.
verificou que o emprego de heparinas de baixo peso molecular e
vitamina K era mais oneroso do que o de heparina não-fracionada Em ensaio clínico randomizado, multicêntrico, aberto e em
e vitamina K (540 versus 106 dólares), mas o custo total hospitalar paralelo11, avaliou-se a profilaxia antitrombótica realizada com
foi vantajoso (5.198 versus 5.977 dólares), devido a menor tempo enoxaparina e varfarina em 349 pacientes submetidos à artroplas-
de hospitalização (4,4 versus 5,7 dias para trombose venosa pro- tia total de joelho. Os medicamentos foram iniciados a partir de
funda e 5,7 versus 6,7 dias para embolia pulmonar). Outro modelo oito horas da cirurgia, e os tratamentos duraram entre quatro e
econômico7 comparou tinzaparina a heparina não-fracionada no quatorze dias. Dos 176 pacientes em uso de varfarina, 80 tiveram
tratamento de trombose venosa profunda. Houve economia de tromboembolismo venoso, em comparação a 44 dos 176 tratados
621 dólares por paciente quando se usou tinzaparina no hospital. com enoxaparina (P = 0,0001). Hemorragia maior ocorreu em
A alta hospitalar mais precoce com tinzaparina determinou eco- quatro e nove pacientes tratados com varfarina e enoxaparina,
nomia de 3000 dólares por paciente, e o tratamento ambulatorial respectivamente (P = 0,17). A mesma proteção foi observada
poupou 5000 dólares por paciente. com ardeparina, outra heparina de baixo peso molecular12.
Na presente revisão será comparada heparinas de baixo peso Metanálise13 de seis estudos (n= 684 pacientes) verificou incidên-
molecular a heparina não-fracionada em diferentes condições cia de 10% (IC95%: 8%-12%) de trombose venosa profunda e
tromboembólicas, com finalidade de tratamento e profilaxias nenhum caso de embolia pulmonar após artroscopia de joelho.
primária e secundária. A maioria dos pacientes submetidos ao procedimento era rela-
tivamente jovem, sendo trombose venosa profunda e embolia
pulmonar eventos raros nesta faixa etária. Assim, a profilaxia
Trombose venosa profunda pode ser ignorada.
A prevenção de complicações trombóticas também foi testada
Trombose em território venoso provoca conseqüências locais (dor, em pacientes com fraturas em membros inferiores (ou ruptura
edema e alterações tróficas) ou, à distância, pode causar embolia de tendões) que necessitassem imobilização por pelo menos
pulmonar, decorrente de embolização de ramo(s) da artéria pul- cinco semanas. O uso de reviparina comparativamente a placebo
monar. Os principais fatores de risco para desencadeamento do causou redução absoluta de 10% na taxa de trombose venosa
processo são imobilização no leito, paraplegia, insuficiência cardíaca, comprovada por venografia14.

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Prevenção em outras cirurgias Em revisão sistemática Cochrane de 22 estudos – compararando
Um estudo comparou incidência de trombose venosa profunda
15 oito diferentes preparações de heparinas de baixo peso molecular,
sintomática e embolia pulmonar em três meses, após realização de heparinóide e heparina não-fracionada – as primeiras mostraram
76 diferentes cirurgias. Procedimentos de alto risco (neurocirurgia maior eficácia e menos complicações trombóticas (NNT = 37),
invasiva, artroplastia total de quadril, cirurgia vascular de grande porte mais freqüente redução do trombo (NNT= 13), menos episódios de
e cistectomia radical) tiveram 2 a 3% mais incidência de trombose hemorragia maior (NNT = 125) e menos mortes (NNT = 67)22.
pós-operatória. Essa ocorreu após a alta hospitalar em 56% dos Em um estudo 23,a efetividade do tratamento domiciliar foi similar
casos, o que indica a necessidade de tromboprofilaxia estendida. à do tratamento hospitalar com heparina não-fracionada, possibi-
Em casos de histerectomia, a profilaxia de trombose venosa profun- lidade que diminui custos e riscos inerentes à hospitalização.
da com tinzaparina, dada por 28 dias após a alta hospitalar a 2108 Estudo quantificou o impacto econômico de dois esquemas de
mulheres, foi avaliada quanto a readmissão e reoperação por causas bemiparina subcutânea comparativamente ao uso de heparina
hemorrágicas. Houve 54 casos de intenso sangramento pós-opera- não-fracionada intravenosa em dose ajustada para tratamento
tório, 46 deles determinando readmissões. Essas predominaram no agudo e crônico de trombose venosa profunda. Os custos globais
período de uso de tinzaparina em comparação à profilaxia feita com de tratamento (estada hospitalar, serviços médicos, administração
heparina cálcica (28 de 40 [70%] versus 18 de 41 [44%]; X2 5,62, de medicamentos) e os decorrentes de complicações (embolia
GL1; P = 0,018, respectivamente). Comparativamente a 158 con- pulmonar, trombose venosa recorrente, eventos hemorrágicos,
troles que usaram tinzaparina e ajustando para fatores de confusão, trombocitopenia e mortes) durante os três meses do estudo
houve correlação positiva entre tinzaparina profilática e sangramento foram considerados na análise primária. A expectativa de vida
importante no pós-operatório (OR = 2,02; IC 95%: 1,02-4,05), bem e os indicadores de qualidade de vida (QALY) foram considera-
como no aumento de risco de readmissão hospitalar. dos na análise secundária. Bemiparina por sete dias, seguida de
Para cirurgias laparoscópicas minimamente invasivas, particular- anticoagulantes orais ou bemiparina por três meses determinou
mente as de vias biliares, a incidência de complicações tromboem- melhores desfechos e foi mais econômica do que heparina não-
bólicas foi muito baixa, independentemente da estratégia preventiva fracionada seguida de anticoagulantes orais24.
utilizada, não justificando o uso de fármacos antitrombóticos1. Estudo multicêntrico, randomizado e aberto25 comparou o uso por
três meses de tinzaparina subcutânea a anticogulantes orais na pre-
Prevenção em outras situações de risco venção de novos episódios de trombose venosa profunda em 200
Trombose venosa e embolia pulmonar também são riscos comuns pacientes com câncer e sintomas de trombose venosa proximal. Após
em acidente vascular encefálico, trauma, infarto do miocárdio, 12 meses, tromboembolismo recorrente ocorreu em 16% versus
câncer e pacientes hospitalizados em geral. A eficácia de medidas 7% dos que receberam anticoagulantes orais e tinzaparina, respec-
profiláticas nesses casos foi inicialmente avaliada em ensaios clíni- tivamente (P = 0,044). A incidência de complicações hemorrágicas,
cos pequenos, realizados predominantemente na década de 70, predominantemente menores, foi similar nos dois grupos.
os quais sugeriram efeito protetor de heparina em minidoses1.
Os mesmos investigadores prolongaram esse estudo, abrangen-
Ensaio clínico pequeno (n = 212) falhou em demonstrar benefício do 737 pacientes. Dezoito dos 369 que receberam tinzaparina
do uso de enoxaparina comparada a heparina não-fracionada em (4,9%) tiveram tromboembolismo recorrente versus 21 de 368
pacientes com acidentes vasculares encefálicos causadores de (5,7%) dos que receberam tratamento usual por três meses. As
paralisia de membros inferiores17. complicações hemorrágicas ocorreram menos freqüentemente
Ensaio clínico randomizado18 comparou a eficácia profilática de nos que receberam tinzaparina (P = 0,011)26.
enoxaparina (n = 97) versus bomba pulsátil nos pés (n = 103)
após 24 a 48 horas de sério trauma musculoesquelético, seguida
de enoxaparina em uso prolongado. Vinte e dois pacientes (treze Embolia pulmonar
em uso de enoxaparina e nove submetidos à bomba pulsátil)
desenvolveram trombose venosa profunda, com dois (ambos no A embolia pulmonar comumente tem início súbito, apresentando-
grupo da enoxaparina) apresentando embolia pulmonar. A dife- se com dispnéia (73%) acompanhada de dor pleural (66%), tosse
rença entre os grupos não foi estatisticamente significativa. A pre- (37%), hemoptise ou choque, na ausência de outras causas. Os
valência de trombos grandes ou oclusivos foi maior no grupo de pacientes devem ser investigados e tratados urgentemente, devido
enoxaparina (P = 0,025). A necessidade de transfusão de sangue ao alto risco de mortalidade e morbidade. A maioria dos pacientes
também foi maior nesse grupo (P < 0,05). No presente estudo, a não apresenta sintomas de trombose venosa profunda. Ao con-
profilaxia mecânica, acrescida do uso prolongado de enoxaparina, trário, pacientes com trombose venosa sintomática têm embolia
foi a estratégia que se mostrou mais eficaz e segura. pulmonar assintomática. Cerca de 5–15% das pessoas não tratadas
para trombose venosa profunda morrem de embolia pulmonar. Os
Pacientes acamados com câncer apresentam alta incidência de tratamentos investigados incluem heparina não-fracionada, heparinas
embolia pulmonar letal. Heparinas de baixo peso molecular são de baixo peso molecular, fondaparinux e varfarina. Trombolíticos são
recomendadas nessa circunstância19. reservados para casos graves e com instabilidade hemodinâmica27.
Em 28 pacientes com câncer terminal e em tratamento paliativo
hospitalar, a tromboprofilaxia com heparina de baixo peso mo- Tratamento
lecular foi considerada aceitável e mais confortável do que o uso
de meias de compressão20. O tratamento com heparina não-fracionada, seguida de varfarina,
é considerado eficaz e seguro. A eficácia de heparinas de baixo
peso molecular também já foi testada. Em comparação com a
Tratamento e prevenção secundária anticoagulação plena exercida por heparina não-fracionada, aque-
Heparinas de baixo peso molecular têm eficácia pelo menos las apresentam maior comodidade de administração, pois aliam a
similar à da heparina não-fracionada, comprovada em diversos freqüência de uma ou duas doses diárias subcutâneas à ausência de
estudos. Metanálise21 compilou 11 ensaios clínicos que compa- necessidade de monitorizar efeito por TTPA, já que não prolongam
raram eficácia e segurança do tratamento de trombose venosa testes de coagulação in vitro1. No entanto, não há clara evidência de
aguda com heparina não-fracionada e as de baixo peso molecular, que heparinas de baixo peso molecular exerçam efeito diferencial
envolvendo aproximadamente 3.500 pacientes. A freqüência de sobre mortalidade, recorrência de tromboembolismo ou risco
eventos tromboembólicos recorrentes foi semelhante entre os de hemorragia em comparação a heparina não-fracionada. Os
grupos, porém se identificou redução significativa de mortalidade resultados dos estudos mostram comparabilidade entre heparina
e risco de sangramentos maiores com heparinas fracionadas. de baixo peso molecular e heparina não-fracionada.

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Ensaio clínico28 realizado pelo American-Canadian Thrombosis Em subestudo33 do ensaio ESSENCE, os pacientes com elevação e
Study Group mostrou que heparina fracionada foi pelo menos tão depressão do segmento ST reduziram mais o desfecho composto
eficaz quanto heparina convencional no tratamento de embolia (morte, infarto do miocárdio ou angina recorrente) em 30 dias e um
pulmonar aguda. ano quando em uso de enoxaparina comparativamente a heparina
não-fracionada (20,8% vs. 28,0%; P = 0,0019 e 32% vs. 40,4%; P
Metanálise29 concluiu que as heparinas de baixo peso molecular = 0,0011, respectivamente). O maior benefício absoluto de enoxa-
apresentam a mesma eficácia e segurança que heparina não-fra- parina foi visto em pacientes com depressão de segmento ST.
cionada no tratamento inicial de embolia pulmonar não maciça.
Em resumo, os resultados são controversos e devem ser inter-
Outro ensaio clínico randomizado e aberto30, realizado em 708 pretados no contexto de real benefício clínico.
pacientes, comparou a administração subcutânea de dose fixa
ajustada por peso de heparina não-fracionada a heparinas de
baixo peso molecular (dalteparina e enoxaparina) no tratamento Síndrome coronariana aguda
agudo de pacientes com tromboembolismo venoso. Ambas as sem supradesnível do segmento ST
estratégias se mostraram similares em eficácia e segurança e
possibilitaram tratamento ambulatorial. A síndrome engloba angina instável e infarto do miocárdio sem
supradesnível. Heparina de baixo peso e inibidores de receptores
plaquetários IIb/IIIa são importantes no manejo dessa condição,
Trombose arterial em especialmente em pacientes classificados como de alto risco34.
Entretanto, existe controvérsia sobre qual heparina de baixo peso
síndromes coronarianas agudas molecular é preferível.

Comparações de heparinas fracionadas


Síndromes coronarianas agudas com heparina não-fracionada
As síndromes coronarianas agudas compreendem infarto agudo Com dados do Cruzade Initiative (total de 11.358 pacientes de alto
do miocárdio e angina instável. O processo dinâmico de ruptura risco), analisaram-se os resultados em 6.881 pacientes que recebe-
da placa aterosclerótica pode evoluir para formação de um trom- ram heparina não-fracionada e 4.477 que receberam heparinas fra-
bo oclusivo, tipicamente produzindo supradesnivelamento do cionadas, adicionalmente a inibidores de receptores de glicoproteína
segmento ST no eletrocardiograma. Trombos menos obstrutivos IIb/IIIa. Todos os desfechos agudos demonstrativos de eficácia foram
ou formados por menos fibrina e maior proporção de plaquetas leve e significativamente melhores com as heparinas de baixo peso
tipicamente produzem infradesnível de segmento ST ou inver- molecular, e o risco de transfusões de hemácias foi similar35.
são de onda T. Este conceito é a base atual para as estratégias Um estudo36 evidenciou 56% de redução de risco relativo de in-
terapêuticas. Pacientes que se apresentam com supradesnível farto do miocárdio silencioso após 96 horas de uso de enoxaparina
persistente daquele segmento no traçado eletrocardiográfico são comparativamente a heparina não- fracionada (2,7% versus 6,1%;
candidatos à terapia de reperfusão com trombolíticos, enquanto P = 0,03). Similarmente, enoxaparina diminuiu isquemia miocárdica
os demais não o são. Todos devem receber tratamento com identificada por Holter em comparação a heparina não-fracionada
antiplaquetários e anticoagulantes. (18,7% versus 35,9%; P = 0,03). A morte em um ano foi de 9,3%
versus 21% (P = 0,0001) entre pacientes que receberam enoxa-
parina e heparina não-fracionada, respectivamente.
Síndrome coronariana aguda
com supradesnível do segmento ST No estudo INTERACT37, pacientes de alto risco com síndrome
coronariana aguda sem elevação de segmento ST e em uso pre-
Estudos que avaliaram a utilidade de heparina não-fracionada coce de ácido acetilsalcílico e eptifibatida beneficiaram-se mais
intravenosa juntamente com trombolíticos concluíram que aquela de enoxaparina em comparação a heparina não-fracionada, em
podia ser adjuvante de alteplase, mas não de estreptoquinase pelo termos de melhora em 30 dias, apresentando menos isquemia
aumento no risco de sangramento1. miocárdica precoce e menos sangramento. Para verificar se os
efeitos permaneciam com o tempo, 639 pacientes foram acom-
Comparações de enoxaparina panhados por 2,5 anos em média. O benefício de enoxaparina
com heparina não-fracionada perdurou: 39% menos morte e infarto de miocárdio em compara-
ção a heparina não-fracionada (8,9% versus 14,7%; P = 0,024).
Estudo randomizado e aberto31 comparou eficácia e segurança de
três esquemas em 6095 pacientes com infarto agudo do miocár- Ensaio randomizado e aberto38 comparou eficácia e segurança de
dio, até seis horas de seu início: enoxaparina mais tenecteplase enoxaparina a heparina não-fracionada, ambas associadas a tirofibana
(n = 2040); abciximabe adicionado a tenecteplase (n = 2017); e e ácido acetilsalicílico, em pacientes sem elevação de segmento ST.
heparina não-fracionada ajustada por peso em adição a tenecte- Dos 2018 pacientes randomizados para enoxaparina, 169 (8,4%)
plase (n = 2038). Os dois primeiros grupos demonstraram menor reduziram o desfecho composto (morte, infarto do miocárdio ou
eficácia em relação ao desfecho composto (mortalidade em 30 isquemia refratária em 7 dias) comparativamente a 184 (9,4%) de
dias, reinfarto intra-hospitalar ou isquemia refratária no hospital) 1952 pacientes que receberam heparina não-fracionada (HR = 0,88;
comparativamente ao grupo da heparina não-fracionada (11,4% IC95%: 0,71-1,08). Nesse estudo ocorreram 23 mortes no grupo de
para enoxaparina versus 15,4%; RR = 0,74; P= 0,0002 e 11,1% enoxaparina e 17 no grupo de heparina não-fracionada. Os eventos
para abciximabe versus 15,4%; RR = 0,72; P < 0.0001). No entan- hemorrágicos foram muito poucos em ambos os grupos.
to, no grupo de enoxaparina houve a menor proporção de morte Enoxaparina foi comparada a heparina não-fracionada em 10.027
em 30 dias. Em relação à segurança, houve menor incidência de pacientes abordados invasiva e precocemente por síndromes
complicações hemorrágicas maiores no hospital, excluindo-se coronarianas agudas sem elevação de segmento ST. Não houve di-
hemorragia intracraniana, com heparina não-fracionada. ferenças em eventos isquêmicos durante a intervenção coronária
Em 20.506 pacientes com infarto do miocárdio com elevação de percutânea ou a cirurgia coronariana de emergência entre os dois
segmento ST, enoxaparina foi comparada a heparina não-fraciona- grupos. Enoxaparina determinou maior índice de sangramento,
da, como adjuvantes de fibrinólise. O desfecho primário (morte sem diferente necessidade de transfusões39.
ou infarto recorrente não-fatal em 30 dias) ocorreu em 12,0 e
9,9% dos pacientes que receberam heparina não-fracionada e Comparações entre heparinas fracionadas
enoxaparina, respectivamente (P < 0,001). Sangramento maior No estudo EVET40, enoxaparina foi comparada a tinzaparina na
ocorreu em 1,4% e 2,1%, respectivamente (P < 0,001)32. melhoria do desfecho combinado morte, infarto do miocárdio

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ou angina recorrente em seguimento de seis meses após o uso
agudo (até sete dias). Todos os pacientes seguiram recebendo Conclusões
ácido acetilsalicílico. Aos seis meses, a incidência do desfecho As heparinas de baixo peso molecular têm vantagens sobre
composto foi menor no grupo que recebeu enoxaparina compa- heparina não-fracionada, descritas na maioria dos estudos com-
rado ao que usou tinzaparina (25,5% versus 44,0%; P < 0,001). parativos (Quadro I)27. A ocorrência de risco de sangramento
Também houve maior benefício em desfecho composto de morte maior foi variável entre os estudos.
e infarto, com menor necessidade de revascularização no grupo
de enoxaparina (23,2% vs. 37,2%; P = 0,002).
Em angina instável, é obrigatória a prescrição de ácido acetilsali-
Quadro I. Vantagens de heparina de baixo
cílico e heparina não-fracionada. Heparina mostrou-se superior peso molecular sobre heparina não-fracionada
a ácido acetilsalicílico, mas a associação parece ser benéfica
por evitar efeito rebote pós-suspensão de heparina. A heparina
não-fracionada subcutânea oferece a vantagem de um esquema • Relação dose-resposta mais confiável
de administração mais simplificado41. Heparinas de baixo peso • Não necessidade de monitoramento laboratorial
molecular foram comparadas com heparina não-fracionada em • Não necessidade de ajuste de dose
4 ensaios clínicos maiores. Dois ensaios que avaliaram enoxapa- • Baixa incidência de trombocitopenia
rina mostraram benefício, enquanto outros dois não mostraram • Possível administração domiciliar
vantagens de dalteparina e nadroparina42-45. • Vantagem econômica global com o tratamento

Claudicação intermitente Resumindo os resultados encontrados na literatura, podem-se


apontar as diferentes doenças e condições de risco tromboembó-
Em revisão sistemática Cochrane46, seis estudos controlados licas em que há benefício clínico definido das heparinas de baixo
por placebo avaliaram os efeitos de heparinas de baixo peso peso molecular (Quadro II)48.
molecular em 802 pacientes com claudicação intermitente, sem
verificar qualquer melhora. O mesmo ocorreu com heparina
não-fracionada e anticoagulantes orais.
Quadro II. Indicações clínicas em que se
evidenciou benefício definido com heparinas
de baixo peso molecular
Acidente vascular isquêmico
Revisão sistemática Cochrane47 de seis estudos comparou os • Profilaxia da trombose venosa profunda proximal em
efeitos de heparinas de baixo peso molecular ou de heparinóides pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas.
com heparina não-fracionada em 740 indivíduos que tiveram aci- • Profilaxia da trombose venosa profunda proximal em
dente vascular isquêmico confirmado ou presumido. Heparinas pacientes clínicos gravemente doentes ou com imobili-
de baixo peso molecular (dois estudos) e heparinóides (quatro zação prolongada.
estudos) associaram-se com significativa redução de trombose
• Tratamento de trombose venosa profunda proximal
venosa profunda comparativamente a heparina não-fracionada
(OR = 0,52; IC 95% : 0,56 - 0,79). Porém o número de outros • Tratamento de síndromes coronarianas agudas sem
desfechos importantes foi insuficiente para definir real benefício supradesnível do segmento ST
ou risco, incluindo morte e hemorragia intracraniana.

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Todos os direitos reservados. e Tecnologias da Organização Pan-Americana da Saúde/ Lenita Wannmacher (UPF-RS/Membro Efetivo
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ta a opinião de quem capta a informação em sólidas e éticas pesquisas disponíveis, analisa e interpreta criticamente
seus resultados e determina sua aplicabilidade e relevância clínica no contexto nacional. Tal opinião se guia pela
hierarquia da evidência, internacionalmente estabelecida e aceita. Assim, revisões sistemáticas, metanálises e
ensaios clínicos de muito bom padrão metodológico são mais considerados que estudos quase-experimentais,
estes, mais do que estudos observacionais (coortes, estudos de casos e controles, estudos transversais), e ainda
estes, mais do que a opinião de especialistas (consensos, diretrizes, séries e relatos de casos). É pela validade
metodológica das publicações que se fazem diferentes graus de recomendação de condutas. Ministério da Saúde ISSN 1810-0791

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