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Universidade Zambeze

Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal


Curso de Licenciatura em Economia Agrária
MACROECONOMIA/II NIVEL/ 2020/005
UT2/EQUILIBRIO ENTRE DEMANDA E OFERTA DE B&S.

Objectivo:
1. Explicar como é determinado o equilíbrio da oferta e demanda de bens e servicos
numa economia fechada;
2. Explicar as alterações das variáveis exógenas sobre as variáveis endógenas e seus
efeitos no equilíbrio.

EQUILIBRIO ENTRE DEMANDA E OFERTA DE B&S

Ainda na sequencia da analise do fluxo circular, estudamos isoladamente os seus


componentes. Mas então, o que garante que a soma entre consumo, investimento e compras
do governo seja igual ao montante total da produção? Nesse modelo clássico, a taxa de juros
é o preço que tem o papel crucial de equilibrar oferta e demanda.

Existem duas maneiras de raciocinar sobre o papel da taxa de juros na economia. Podemos
considerar o efeito da taxa de juros sobre a oferta e a demanda por bens e serviços. Ou
podemos considerar como a taxa de juros afeta a oferta e a demanda de fundos de
empréstimos.

Equilíbrio nos Mercados Financeiros: A Oferta e a Demanda de Fundos


de Empréstimos
Para entendermos melhor o papel da taxa de juros na economia, reescrevemos a
identidade das contas nacionais:
Y – C – G = I.

O termo Y – C – G é o produto que permanece depois que as demandas dos consumidores


e do governo foram atendidas; é chamado de poupança nacional, ou simplesmente
poupança (S). Nesta prespectiva, a identidade das contas nacionais demonstra que
poupança é igual a investimento (S=I).
Para compreender mais plenamente essa identidade, podemos dividir a poupança
nacional em duas partes: uma parte representando a poupança privada e a outra
representando a poupança do governo:
S = (Y – T – C) + (T – G) = I.

O termo (Y – T – C) representa a poupança privada. O termo (T – G) é a poupança


pública. A poupança nacional corresponde à soma entre poupança privada e poupança
pública. De acordo com o diagrama de fluxo circular os fluxos de entrada nos mercados
financeiros (poupança privada e poupança pública) devem necessariamente equilibrar os
fluxos de saída dos mercados financeiros (investimento).
Para ver como a taxa de juros conduz os mercados financeiros ao equilíbrio, insira
a função do consumo e a função do investimento na identidade das contas nacionais:

Y – C(Y – T) – G = I(r).

Note que G e T são estabelecidos com base na política econômica, e Y é definido com
base nos fatores de produção e na função de produção:

O lado esquerdo dessa equação mostra que a poupança nacional depende da renda, Y, e
das variáveis da política fiscal G e T. Para valores fixos de Y, G e T, a poupança
nacional, S, também é fixa. O lado direito da equação mostra que o investimento depende
da taxa de juros.
A figura 1 representa graficamente poupança e investimento como funções da taxa de
juros. A função da poupança é uma linha vertical, uma vez que, nesse modelo, a poupança
não depende da taxa de juros (validamos essa permissa para os propósitos do nosso
modelo). A função do investimento tem inclinação descendente: quanto menor a taxa de
juros, maior a quantidade de projetos de investimento lucrativos.
Uma rápida análise da Figura 1 nos leva a imaginar que se trata de um diagrama de
que expressa o nosso conhecido modelo de oferta e demanda de um determinado bem,
onde a poupança e investimento podem ser interpretados em termos de oferta e demanda o
“bem” corresponde a fundos de empréstimos, e o “preço” corresponde à taxa de
juros.
Poupança (S): Oferta de fundos de empréstimos feito pelas famílias aos investidores
ou aos bancos que a posterior concede empréstimos dos mesmos.
Investimento (I): Demanda tomado pelos investidores por via de venda de títulos
ou por via de empréstimo dos bancos.
Preço do bem: Taxa de juros
Fundos para empréstimo: Bem
A taxa de juros vai se ajustando até que o montante que as empresas desejam investir
equivalha ao montante que as famílias desejam poupar. Se a taxa de juros for baixa
demais, os investidores desejam mais em relação ao produto da economia do que as
famílias desejam poupar. De maneira equivalente, a quantidade demandada de fundos de
empréstimos supera a quantidade ofertada. Quando isso acontece, a taxa de juros
aumenta. Por outro lado, se a taxa de juros for alta demais, as famílias desejam poupar
mais do que as empresas desejam investir; uma vez que a quantidade ofertada de fundos
de empréstimos é maior que a quantidade demandada, a taxa de juros diminui. A taxa de
juros de equilíbrio é encontrada no ponto em que as duas curvas se interceptam.
Na taxa de juros de equilíbrio, o desejo das famílias de poupar é igual ao desejo
das empresas de investir, e a quantidade ofertada de fundos de empréstimos é igual à
quantidade demandada.

Variações na Poupança: Os Efeitos da Política Fiscal

Podemos usar nosso modelo para mostrar como a política fiscal afeta a economia. Quando
o governo modifica os seus gastos ou o nível dos impostos, isso afeta a demanda pela
produção de bens e serviços da economia, e altera a poupança nacional, o investimento e
a taxa de juros de equilíbrio. Um Aumento nas Compras do Governo Consideremos,
inicialmente, os efeitos de um aumento nas compras do governo em um montante ΔG. O
impacto imediato é aumentar em ΔG a demanda por bens e serviços. Entretanto, uma vez
que o total da produção é fixado pelos fatores de produção, o aumento nas compras do
governo precisa vir acompanhado por uma diminuição em alguma outra categoria de
demanda. A renda disponível, Y – T, se mantém inalterada; portanto, o consumo, C,
também permanece inalterado. Assim, o aumento nas compras do governo precisa vir
acompanhado por uma redução equivalente no investimento.
Para induzir uma queda no investimento, a taxa de juros precisa aumentar.
Consequentemente, o aumento nas compras do governo faz com que a taxa de juros
aumente e o investimento diminua. Diz- se que as compras do governo afastam o
investimento.
Para melhor entendermos os efeitos de um aumento nas compras do governo,
consideremos o impacto sobre o mercado de fundos de empréstimos. Uma vez que o
crescimento nas compras do governo não vem acompanhado por um aumento dos
impostos, o governo financia o gasto adicional por meio de empréstimos — ou seja,
reduzindo a poupança pública. Com a poupança privada inalterada, essa tomada de
empréstimos pelo governo reduz a poupança nacional. Como ilustra a Figura 2, a
redução na poupança nacional é representada por um deslocamento para a esquerda na
oferta de fundos de empréstimos, disponíveis para fins de investimento. Na taxa de
juros inicial, a demanda por fundos de empréstimos excede a oferta. A taxa de juros de
equilíbrio aumenta até o ponto em que a curva do investimento intercepta a nova curva
da poupança. Consequentemente, um aumento nas compras do governo faz com que a
taxa de juros aumente de r1 para r2.
Figura 1: Poupança, Investimento e Taxa de Juros

Poupança, Investimento e Taxa de Juros A taxa de juros se ajusta de modo a conduzir poupança
e investimento ao equilíbrio. A linha vertical representa a poupança — a oferta de fundos de
empréstimos. A linha com inclinação descendente representa o investimento — a demanda de
fundos de empréstimos. A interseção entre essas duas curvas determina a taxa de juros de
equilíbrio.

Figura 2: Efeitos da variação de variáveis exógenas (G e T)

Uma Redução nos Impostos


Considere agora uma redução de ΔT nos impostos. O impacto imediato do corte fiscal é o
aumento na renda disponível e, assim, o aumento do consumo. A renda disponível se
eleva em ΔT, e o consumo se eleva em uma quantidade equivalente a ΔT multiplicado
pela propensão marginal a consumir, PMgC. Quanto maior a PMgC, maior o impacto do
corte fiscal sobre o consumo.
Lembre que a produção da economia é definida com base nos factores de produção e
o nível de compras do governo é fixado pelo próprio governo, o aumento do consumo
deve vir acompanhado por uma diminuição no investimento. Para que o investimento caia,
a taxa de juros precisa subir. Consequentemente, uma redução nos impostos, assim como
um aumento nas compras do governo, afasta o investimento e eleva a taxa de juros.
Podemos também analisar o efeito de um corte fiscal examinando a poupança e o
investimento. Uma vez que o corte fiscal faz aumentar em ΔT a renda disponível, o
consumo se eleva em PMgC × ΔT. A poupança nacional, S, que é igual a Y – C – G,
diminui na mesma proporção em que aumenta o consumo. Como verificamos na Figura 2,
a redução na poupança desloca a oferta de fundos emprestáveis para a esquerda, o que
aumenta a taxa de juros de equilíbrio e afasta o investimento.

Mudanças na Demanda por Investimentos


Até agora, discutimos como a política fiscal pode alterar a poupança nacional. Podemos
também usar nosso modelo para examinar o outro lado do mercado — a demanda por
investimentos. Agora, estudaremos as causas e os efeitos das mudanças na demanda por
investimentos.
Uma das razões do aumento da demanda por investimentos é a inovação tecnológica.
Suponhamos, por exemplo, que alguém invente uma nova tecnologia, como a ferrovia ou o
computador. Para tirar proveito da inovação, uma empresa ou uma família precisam
adquirir bens de investimento. A invenção da ferrovia não teve valor algum antes de os
vagões começarem a ser fabricados e os trilhos serem instalados. A ideia do computador
só foi produtiva depois que os computadores começaram a ser fabricados. Sendo assim,
a inovação tecnológica leva a um crescimento na demanda por investimentos.
A demanda por investimentos também pode mudar, em virtude de o governo
estimular ou desestimular o investimento por meio da legislação fiscal. Suponhamos, por
exemplo, que o governo aumente o imposto de renda da pessoa física e utilize a receita
adicional para financiar reduções fiscais para quem investe em capital novo. Esse tipo de
modificação na legislação fiscal faz com que uma maior quantidade de projetos de
investimento sejam lucrativos, e, assim como ocorre com a inovação tecnológica,
acarreta um aumento na demanda por bens de investimento.
A Figura 3-11 mostra os efeitos do aumento da demanda por investimentos. Em
qualquer dada taxa de juros, a demanda por bens de investimento (e também por fundos de
empréstimos) é maior. Esse aumento na demanda é representado por um
deslocamento para a direita na curva do investimento. A economia se desloca do
equilíbrio antigo, ponto A, para o novo equilíbrio, ponto B. surpreendente implicação da
Figura 3-11 é que a quantidade de equilíbrio para o investimento permanece inalterada.
Segundo as nossas premissas, o nível fixo de poupança determina o montante do
investimento; em outras palavras, existe uma oferta fixa para os fundos de empréstimos. O
aumento da demanda por investimentos simplesmente ocasiona o aumento da taxa de juros
de equilíbrio.
No entanto, chegaríamos a uma conclusão diferente se modificássemos nossa função
consumo simples e permitíssemos que o consumo (e seu lado inverso, a poupança)
dependesse da taxa de juros. Como a taxa de juros representa o retorno da poupança
(assim como o custo inerente a tomar emprestado), uma taxa de juros mais elevada
poderia reduzir o consumo e aumentar a poupança. Sendo assim, a curva da poupança
seria ascendente, e não vertical.
Com uma curva de poupança ascendente, um crescimento na demanda por
investimentos faria crescer tanto a taxa de juros de equilíbrio quanto a quantidade de
equilíbrio em relação ao investimento. A figura 4 ilustra esse tipo de alteração. O
aumento da taxa de juros faz com que as famílias consumam menos e poupem mais. A
diminuição do consumo libera recursos para investimentos.
Figura 3: Variação do Investimento e oferta de fundos fixa (poupança fixa)

Figura 4: Variação do Investimento e oferta de fundos variavel (poupança variavel)

Um Aumento na Demanda de Investimentos Quando a Poupança Depende da Taxa de Juros Quando a


poupança está relacionada positivamente com a taxa de juros, um deslocamento para a direita na curva
do investimento faz com que a taxa de juros e o montante de investimento aumentem. A taxa de juros
mais alta induz as pessoas a aumentar a poupança, o que, por sua vez, permite que o investimento
aumente.

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