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ao arco-íris
trilhar psicodélico 

 
   
que  ouvimos  por  aí  ou  por  aqui.  Os  sons  saem  certos, 
fechados,  sem  possibilidade  de  serem  revertidos.  Os  sons 
saem,  portanto,  burros,  ignorantes  e  cheios  de  sentimentos 
densos.  Quando  o  segundo  instrumento  chega,  a  visão,  ainda 
que  de  forma  turva  percebemos que falamos de forma pesada 
e  nos  calamos.  É  hora  então  do  terceiro  instrumento,  a 
audição. 
 
Pouco a pouco estou me transformando em 
melodia, música vivida 
Trilha sonora dos meus erros e acertos e das 
minhas ideologias 
Uso com humildade minha audição para ouvir 
múltiplas canções 
E equilibro minha voz e corpo para vibrar no 
ritmo da minha alma 
   
  Com  o  quarto  instrumento,  o  tato,  a  bruxa  percebe os limites 
Se ando distante e diferente é porque transito entre  do  corpo.  Com  o  tempo  descobre  que  não  é  um  limite 
momentos  fechado  e  sim  aberto,  mais  como  um  filtro  que  permite  a 
O hoje é sempre um presente divino que nos  troca  entre  os  dois  lados  do  filtrar,  o  daqui  e  o  de  lá.  Com  o 
permite mudarmos!  paladar,  quinto  instrumento,  o  fora  pode  se  fazer  presente 
Ontem eu era um som ambiente que poderia passar  dentro  e  assim  se  descobre  sobre  o  que  o  mundo  pode  gerar 
despercebido  dentro de si. Alguns sabores fazem mal ao dentro, obrigando a 
Hoje eu imponho ordem e ritmo no meu caminho,  expurgos  desagradáveis.  Outros  geram  boas  sensações,  nos 
deixo de ser ruído  inspirando  a  trazer  mais  do  fora  para  o  dentro.  E  assim  a 
  bruxa  descobre  que  às  vezes  o  bom  pode  fazer  muito  mal e o 
O  primeiro  instrumento  da  bruxa  é  a  voz,  a  comunicação.  ruim pode fazer muito bem. 
Nascemos  sem  enxergar  e  por  isto o utilizamos para repetir o   
O  dentro  com  fora  gera  a  questionamentos.  A  visão  não  está  nada  propor,  sendo  portanto  um  evidenciar  sem  sentido,  a 
muito melhor e ainda turva todos parecem iguais. Frente a um  primeira  observa  o  errado  com  base  no  seu  juízo  de  valores 
espelho  a  surpresa  de  que  é  diferente  do  externo...  E  num  (deixando  este  ponto  destacado)  e  com  base  numa 
primeiro  momento  isto  é  visto  como  ruim.  Você  tenta  se  investigação  profunda  se propõe maneiras de alterar este fato 
padronizar  em  corpo  e  alma,  mas  quando  um  cabe  o  outro  errôneo.  A  bruxa  utiliza  destas  críticas  como  direcionamento 
escapa.  E  aí  que  os  5  instrumentos  precisam  ser  utilizados  de suas ações. 
com  mais  inteligência  para  que  não  leve  a  bruxa  a  seguir   
dogmas  que  não  te  pertencem,  roubando  assim  seu  sagrado  Espero que minha música faça o mundo rebolar, o 
poder.  caldeirão vibrar 
  A cobra corporal trabalhar e o que ruim ainda tiver 
Não pretendo me encaixar em estilos musicais,  transmutar 
caixas não me servem mais  Para uma vibração mais leve e etérea e assim se 
Por que eu me enfiaria em uma? Não sou algo para  elevar 
ser guardado, fixado  Uma batida psicodélica que permita o todo sua alma 
Hoje pagamos para visitar ruínas das civilizações  reencontrar 
que quiseram ser eternas   
E por mais que sejam imagens belas, eu não desejo   
me arruinar     
 
Um  tal  de  Maquiavel  falou  sobre  a  ruína  ser  um  destino 
inescapável  de  quem  tenta  ser  bom  em  meio  a  pessoas  que 
não  o  são,  mas  um  olhar  sobre  a  evolução  histórica  e 
geográfica  do  mundo  mostra  o  arruinar  dos  mais  cruéis 
àqueles  que  decidiram  seus  sentidos  pelo  que  observa  do 
externo.  A  bruxa  foge  dessa  autodestruição  ao  se  exercitar  o 
senso crítico. 
 
Críticas  não  podem  ser  confundida  com  reclamações. 
Enquanto  a  última  apenas  aponta  o  que  há  de  errado  sem 
  Quando  mais  nova,  não  lembro  com  que  idade,  recordo-me 
  de  implantarem  na  minha  nuca  um  aparelho  que  mudou 
  minha  vida.  Fazia  parte  da  convenção  social,  todos  os  mais 
  velhos  tinham  e  cada  um  recebeu  em  idades  próximas  a 
  minha, por isto não resisti. Era necessário para crescer. 
 
Foi  um  marco.  Havia  quem  eu  era  antes  da prótese, quem me 
tornei  depois,  a  força  e  a  coragem  sendo  duas  das  mais 
importantes  coisas que eu perdi com tal prótese. Sua ação era 
sutil,  mas  tão  suave  e  imperceptível  que  só  hoje  me  recordei 
que  ele  estava  aqui.  Hoje  que  novamente  agi  pensando  pela 
decadência, pela economia de energias, pela segurança. 
 
Perdoe-me, criança do meu interior 
Eu deixei que te roubassem o ímpeto 
Que lhe tirassem sua capacidade de se valorar 
Perdoe-me, cândida criança, por permitirem te 
 
matar 
 
 

Sol  
A  confusão  mental  que  domina  a  minha  mente  e  a  de  muitos 
outros  viventes  vem  desta  prótese  implantada  com  tamanha 
    propriedade.  Sua  presença  é  constante  em  cada  movimento 
dos  viventes,  especialmente  nas  suas  sádicas,  porém 
ignorantes,  escolhas.  Sua  capacidade  de  alienar  é  tamanha 
que  levou  à  ascensão  de  senhores  da  violência —  logo  na 
época que todos pedem por paz. 
 
O  primeiro  passo para arrancar tão nociva prótese é dizer seu 
nome:  medo.  Pavor  e  pânico,  sinônimos.  O  medo  injeta  em 
nossos  corpos  um  veneno  paralisante;  uma  dose  de   
adrenalina  que  silencia  nossa  capacidade  crítica  e  nos  torna  Enquanto  Sol  eu  não  te  destruirei,  pode  acreditar.  Meu  calor 
reativos;  uma  necessidade  de  violentar  pela  ausência  de  te  dará  vida  e  te  guiará  no  processo de Sol também se tornar. 
controle.  O  medo  nos  faz  esquecer  que  ele  não  faz  parte  de  Sem  o  medo,  o  próximo  passo  será  com  equilíbrio  manter-se 
nós: é, afinal, uma prótese.  em chamas. 
   
E o inverno chega para nos lembrar   
Que o futuro é incerto, o calor pode não voltar     
Mas isto não deve lhe gerar medo, não 
O inverno pede por inteligência e atenção 
 
Comecei  a  puxar  a  prótese.  Parecia  agarrada  por  uma  cola, 
costurado  com  linhas  de  prata,  não  sabia  o  que  a  grudava, 
mas  era doloroso e cansativo lhe retirar. Desisti mais vezes do 
que  desejo  assumir,  escrevo  isto  enquanto respiro fundo para 
a  próxima  tentativa.  Meus  músculos  se  fortalecem  a  cada 
tentativa, mas meu corpo parece sem energia. 
 
O  segundo  passo  para  retirar  a  prótese  não  é  puxa-la,  como 
fiz:  é  tornar-se  Sol.  Entrar  em  combustão,  implodir  o apego e 
permitir-se  brilhar  sem  restrições.  O  calor  e  vitalidade  irão 
fazer  a  prótese  naturalmente  sair  e  você  não  precisar  se 
esforçar.  A  coragem  é  uma  consequência  da  combustão,  não 
um presente lhe dado. 
 
Não há leões de estimação, já domesticados 
Leões só podem ser domados, conquistados 
Se quiser um leão ao seu lado deve então vencer 
A fera que te encara em cada espelho que ver 
A  noite  me  abraça  e  eu  não  sei  o  que  fazer.  Perdida,  afogada 
nos  meus  sentimentos,  eu  busco  por  você,  sensação  de  lar, 
sensação  de que não irei me sufocar com tantas águas ao meu 
redor,  no  meu  interior,  na  minha  mente…  Pareço  uma 
serpente, sempre a mudar. 
 
 
No começo eu era silêncio, escondia-me nas sombras 
Depois fui crescendo, aparecendo aos poucos 
Hoje estou exposta, coração aberto e amostra 
Amanhã hei de começar a me esconder. 
 
A  noite  sou  eu,  nasci  em  sua  plenitude,  abracei  a  ausência do 
rei  e  senti-me  em  casa.  A  noite  me  vicia,  me  seduz  como 
ninguém  mais  faz,  eu  a  revejo  todos  os  dias  e  me  pergunto 
com  medo  como  irei  dizer  adeus.  Meus  olhos  emudecem  ao 
perceber  que  o  adeus  sempre  vem,  mais  cedo  ou  mais  tarde, 
mas vem. Ó, noite, porque não te tenho para sempre? 
   
  É o vazio que deseja o eterno, é o vazio que deseja o imutável 
Mas você é respiração, você é contração e expansão 
Lua   E a mudança faz parte do seu ser, você há de querer 
Dizer adeus, porque querida, é assim que se chega a deus. 
 
 
   
Na  noite  eu  não  me  reconheci,  eu  era  a  única  ligada  ao  dia,  e 
minha  ligação  crescia  cada  vez  mais,  o  que  me  afastava  dos 
demais.  Tive  medo  da  solidão,  quis  me  aproximar  dos que me 
cercavam,  mas  a noite não mais me abraçava com carinho, ela 
me expulsava como se eu fosse um inimigo.  
 
Eles tinham medo da flecha que eu poderia atirar   
E meu arco vibrava toda vez que eu ia encontra-los     
Como se minha mira fosse esses a mim exteriores 
Sendo que outro dia eles eram meus amores 
 
Foi  quando  a  ligação  com  o  Sol  tornou-se  completa  que  eu vi 
que  afogava.  Era  demais  para  mim,  era  muita  energia,  eu 
queria  me  sentir  de  novo  parte  da  noite.  Por  que  você  não 
mais  me  seduzia?  Porque  eu  de  novo  me  encontrava  contigo, 
mesmo  que  assim  não  desejasse?  Eu  via  agora  o  quanto o seu 
conforto  me  intoxicava,  o  veneno  tinha  gosto  de  comida 
caseira.  
 
E o dia que você desejar partir tudo vai te pedir para ficar 
O dia que nada mais fizer sentido no aqui a noite vai chegar 
Para te perguntar se realmente deseja isto ou foi mandado 
Até estar convencido tudo era te prender, mover-se será 
pesado. 
 
Tive  que  enfraquecer  para  ir.  Tive  que  envelhecer  para  fugir. 
Tive  que  me  encurvar  para  não  mais  estar  aqui.  Tantas  ações 
para  não  mais  estar  ali,  na  noite,  bela  noite,  que  um  dia tanto 
amei,  que  um  dia  tanto  desejei  que  a  eternidade  fosse  nosso 
destino,  mas  hoje  eu  parto,  e  entre  minhas  pernas  eu  nasço, 
livre  das  amarras  do  confortável,  livre  do  que  me  mata  com 
carinho.  
 
 
   
  Serei  breve,  mas  não  menos  eficiente.  Minha  comunicação  é 
  ágil,  meus  movimentos  acontecem  de  repente,  porém 
  convincente,  com  minha  lábia  você  acreditará  que  tenho  um 
  plano e que ele dará certo pelos seguintes motivos: invento na 
  hora,  ou  digo  a  verdade:  sou  o  engenheiro  do  futuro,  a 
  arquiteta do porvir. 
 
E quando você menos perceber o presente já será passado 
Não mais embrulhado das incertezas e temores de ontem 
E eu serei o culpado de como o outrora se moldou 
Mas buscarei aprender com este para ter novos formatos 
 
É  o  seguinte:  nem  sempre  serei  certo,  mas  sempre  seguirei 
minhas  intuições.  Muitos  me  querem  reto,  mas  às  vezes  faço 
curvas,  mandalas,  crochês,  tricôs,  nós  de  marinheiros…  O 
caminho  que  der  para  chegar  onde  a  minha  curiosidade 
intuitiva  me  levar.  Faço  alguns  encontrarem  sua  mais 
proeminente  genialidade,  propósito  de  sua  alma.  Faço  outros 
desistirem  dessa  rica  jornada  e  ficar  no  caminho  breve  e  a 
  cavalo. 
 
Não tenho tempo para aqueles que não se questionam 

Mercúrio   
Eu não saio de casa sem uma interrogação na bolsa 
Então como ousa vir a mim com suas afirmações? 
Suas certezas são belas máscaras que escondem ignorâncias 
 
Vou  me  indo,  não  me  siga  se  desejar  ao  todo  e  ao  nada 
ignorar. 
   
  Meus  pés  movem-se  por  sobre  o  gramado  deste  belo  jardim. 
  As  folhas  da  grama alisam minha pele, retirando o que não me 
  pertence  ao  mesmo  tempo  que  me  aliviam  das  tensões  que 
  me  endurecem.  Minhas  mãos  buscam  a  mais  bela  flor  e 
  gentilmente  a  puxam  para  próximo  de  meu  rosto  onde  posso 
  inalar  o  odor  de  tão  delicada  parte  do  reino  vegetal. Fecho os 
olhos,  me  concentro  no  cheiro  e  percebo  que  é  como  as 
plantas  dizem  que  amam  e  são  amadas,  e  esta  parece  amar 
intensamente. 
 
Suavemente  soltou  a  planta  e  ela  volta  a  sua  posição  original 
enquanto  eu  torno  para  outro  lado  e  busco  apreciar  ainda 
mais  a  beleza  que  me  rodeia.  Perco  o ar por alguns segundos, 
extasiada  pela  orquestra  de  cores  das  flores,  agradecida 
subitamente  e  visceralmente  que  eu  estou  viva  e  posso 
apreender  com  tantos  sentidos  as  beldades  do  mundo.  As 
cores  se  contrastam  e  se  equilibram,  a  desordem  sendo  a 
beleza  deste  jardim,  e  meu  coração  parece inspirar-se nisto e 
  perder  por  alguns  segundos  o  ritmo.  Recomponho-me,  no 
entanto, pois sei que preciso continuar a viver. 
 

Vênus  
Poética é a brisa do mar, tantos cantadores já se inspiraram 
Todavia hoje sou seduzida pelo vento inocente dos jardins 
  Que fazem as árvores cantarem as mais belas canções 
  As folhas sussurram como se suavemente a natureza gozasse. 
     
É  por mim que você descobre a atração, descobre, portanto, o 
que  te  atrai  e  o  que  isto  conta  sobre  você.  Cada  prazer  que 
você  sente  conta  um  segredo  da  sua  alma,  algo  que  talvez 
você  nem  mesmo  perceba  enquanto  se  regozija  com  cada   
detalhe  que  lhe  atrai.  Aquela  cor  que  pesca  seu  olhar  conta     
sobre  seu  estado  de  espírito  antes  mesmo  de  você  se 
pronunciar.  Aquele  som  que  lhe faz sorrir ou mesmo se irritar 
conta  sobre  o  que  tem  passado,  que  tipo  de aprendizado está 
aberto,  que  tipo  de  troca  poderá  ser  feita  contigo.  Aquele 
sabor  que  tanto  busca  conta  sobre  suas  emoções,  o  que  lhe 
falta e por isto você deseja devorar.  
 
Meu  conhecimento  é  sutil,  captado  por  olhos  atentos  e 
desejosos  disto,  mas  é  tão  necessário  quanto  outros  mais 
abstratos.  Eu  aprendo  sensorialmente,  eu  aprendo  com  o 
encontro  de  corpos  e  alma,  com  os  fluidos  trocados,  com  o 
jogo  de  sedução.  É  assim  que  eu  percebo  o  ordenamento 
estético  do  mundo,  da  minha  própria  psique,  mas  também  é 
assim  que  percebo  quais  direções  você  e  o  mundo  irão  com 
mais facilidade ou não.  
 
Atente-se a mim e descubra que isca te arrisca 
Seja seduzido por mim e eu te sussurrarei sobre suas quedas 
No fundo entender-me é uma questão de vida e morte 
É descobrir quem come e é comido no jogo dos seres. 
 
Se  ainda  assim  quiser  entrar  nos  meus  jardins,  saiba  que  a 
tinta  das  flores é feita de sangue. Pois mesmo para gozar você 
tem  que  suar,  se  esforçar,  gastar  vida  para  assim  ter 
momentos  de  alegria.  Melancolia,  sentimento  permanente  de 
que  o  sofrimento  é  inevitável,  mas  assim  também  é  o  prazer. 
Venha me ter, venha meter.  
  Um,  dois,  três.  Prontas  ou  não,  vamos  para  a  ação.  É  preciso 
  uma  erupção  para  liberar  a  energia  do  mundo,  é  destrutivo 
  apenas  para  os  que  são  um  vagabundo,  pois  agir  é  estar 
  sempre  de  frente  com  a  destruição  criativa  e  a  criação 
  destrutiva,  a  ambiguidade  da  vida  o  trabalho  ser  feito  de 
perda de energia.  
 
O  que  me  cansa  é  estar  cansado,  é  não  ter  energia  para  me 
mover.  Eu  preciso  agir,  prosseguir,  me  expandir,  fugir  da 
mesmice  da  paralisia,  da  falta  de  potência  para  ser  mais  que 
resistência,  ser  agência.  Eu  te  ensino  sobre  onde  você  me 
alegra  e  me  permite  agir,  eu  te ensino onde eu te destruo por 
dentro  por  não  me  deixar  prosseguir,  eu  te  ensino  sobre  a 
ação, cara, mais do que qualquer outro. 
 
Se tens um corpo é porque nasceu para liderar 
Esta tropa de membros e sentimentos que te permitem navegar 
  Nessas águas perigosas e seguras, sem precisar como está 
Se desejas viver com equilíbrio há de se ter estratégias 
 

Marte  
Chamam-me  de  ímpeto,  mas  apenas  de  dia  sou  tão 
imprudente.  Ao  anoitecer  o  soldado  torna-se  general,  olha 
  para  o  céu  e  observa  o panorama completo, olha para o mar e 
  observa  o  panorama  específico,  olha  para  dentro  e  considera 
    como  chegará  no  seu  alvo,  para  onde  as  setas  que  saem  do 
seu  coração  miram  com  certeza.  O  que  faço  é  arte,  mas  não 
sou  suave,  sou  furioso,  grosso,  valente.  Sou  inconsequente 
apenas  quando  não  há  uma  mente  por  trás  da  minha  ação. 
Sou paixão, sou como você age com tesão... de viver.  
  Eu  reconheço  minha  pequenez  frente  ao  universo  e  isto  me 
  faz  gigante.  Abasteço-me  com  saberes  diversos  e  com  isto 
  minha  mente  torna-se  abundante.  Embebedo-me  de prazer e 
  sabedoria,  sinto  prazer  com  entorpecentes  e  boas  conversas, 
  antes  que  eu  me  despeça alguma coisa você terá aprendido, o 
  seu mundo eu terei expandido. 
  Se  busco  gozo  ao  invés  do  desgosto  não  é  porque  eu  não 
  reconheça  a  vida como ela é. Minha ideologia é com otimismo 
e  fé  seguir  adiante,  buscar  as  ferramentas  que  me  permitam 
olhar  para  frente  e  manter-se  com  alerta  mente.  Meu  corpo 
muitas  vezes  me  engana  e  acabo  por  esquecer  de  minhas 
proporções!  Acerto  coisas  que  não  mirei  no  caminho  de 
minhas realizações! 
 
Há de entender que se sou um gigante é porque nada recuso 
Limitações não me cabem, as que aparecem eu implodo 
Como o tempo que buscou por-me finitude e eu recusei 
Descobri como ser imortal: eterno no que produzirei! 
 
Sem  enganar-me  com  fronteiras  impostas  eu  me  conecto 
  com o que é transcendente. Dizem ser Deus, outros dizem ser 
um  meme.  Não  me  importa  os  termos,  tudo  que  verifico  é  se 
meu  eixo  condiz  com  o  que  é  dito  e  feito.  Caso  isto  não 

Júpiter 
ocorra  eu  busco  formas  de  seguir  o  que  acredito,  meus 
princípios estão presentes até nos meus mitos! 
  Meus  olhos  estão  sempre  no  amanhã,  flecha  apontada  e 
    preparada.  Crio  o  futuro  com  minha  imaginação,  moldo  a 
realidade  com  as  coisa  que  foram  pensadas.  Às  vezes  pareço 
sem  estratégia,  desperdiçando  energia  onde  não  se  deveria, 
mas  muitos  se  esquecem  que  é  necessário  se  perder  para   
descobrir onde eu posso me achar.     
 
A realidade me entorpece, percebo o mundo através de delírios 
E enquanto eu não piro eu queimo só de pensar no devir 
Devo prosseguir, afirmo certeira sem essa besteira de duvidar 
Loucura para os temerosos, determinação para os loucos 
 
Abro  a  minha  mente  e  comemoro  com  os  convidados  ao  som 
da  sinfonia  da vida. Sem dó, sem ré, muito sol, pouco si, muito 
fá!  Esporádicos  mi,  encontre-me  lá  onde  tudo  há  de 
harmonizar!  E  nessa  justa  orquestra  o  todo  celebra  a  beleza 
de  com  o  outro  poder  trocar!  Este  texto  não  tem  fim,  vai  por 
mim,  logo  outro  irá  de  começar,  por  isto  este  termina  com 
uma vírgula, 
 
 
 
   
  Não  serei  agradável.  Não  há  motivo  para  eu  ser,  eu  surjo 
  sempre  que  alguém  deve  aprender,  criando  assim  a 
  maturidade  necessária  para  encarar  esta  vida  ordinária.  Sou 
  odiado  e  isto  é  um  fardo  que  carrego  sem  pestanejar,  não 
pararei  meu  trabalho  por  desgostos  de  terceiros,  tão 
pequenos frente ao meu desígnio. 
Em  minhas  mãos  há  sempre  uma  foice  e  um  cajado.  A  foice 
limpa  o  caminho  das  mazelas,  ervas  daninhas  que se alastram 
para  todo  lado.  O  cajado  me  sustenta  e  me  dá  firmeza  para 
cada  passo  que  é  dado.  Convicto  e  objetivo,  eu  sigo 
frutificando este universo, trazendo fartura e para os que com 
suor pagam. 
 
Para alto devem olhar para me enxergar, almejo e conquisto 
Mas isto só acontece porque com cautela e disciplina insisto 
Olhe-me com desejo e eu lhe farei sentir muito medo 
  Para que assim endureça e perceba a pequenez do que te guia 
 
Encerro  a  sinfonia  dos  setes  impondo  o  tom  da  canção.  O 

Saturno 
ritmo pouco a pouco se adapta ao que foi ordenado, a melodia 
assim  expressa  o  que  é  o  seu  certo.  Lugares  são  assim  feitos, 
  ocupa-los  é  às  limitações  se  conformar.  E  se  ocupa  o  lugar 
    errado  eu  estarei  lá  para  com  a  foice  te  expulsar.  Sou  lento, 
mas  preciso.  Sou  crítico ferraz, mas também um mestre justo. 
Se  me  olhas  com  humildade  percebe  como  sou  maravilhoso. 
Se  me  olhas  com  ego  a  possibilidade  de  minha  aparição  te 
deixa  temeroso.  Há  pânico  ou  ânsia  em  seu  olhar?  Saberá 
quando a sinfonia escutar. 
 

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