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Reprodução

As sufragistas e a Primeira Onda do feminismo


Sobre a Primeira Onda do feminismo e algumas algumas re exões a respeito das características, os desa os e
métodos do movimento feminista hoje.
GIOVANNA MARCELINO
9 FEV 2018, 15:39

O lme As Sufragistas (2015) resgata uma luta fundamental do movimento de mulheres e tem gerado
importantes debates entre as feministas de todo o mundo. Através da história de uma trabalhadora de uma
lavanderia que se envolve com o movimento sufragista, o lme retrata a luta das mulheres inglesas pelo
direito ao voto no início do século XX. Neste texto, pretendemos abordar alguns aspectos da chamada
Primeira Onda do feminismo, contexto que emergiu a luta sufragista e uma série de outras lutas pelos
direitos jurídicos, políticos e sociais, e fazer algumas re exões sobre as características, os desa os e métodos
do movimento feminista frente à atual conjuntura política e econômica.

O que foi a primeira onda do feminismo? Contexto histórico, econômico e


social.
Iniciada no nal do século XIX, a primeira onda do feminismo foi um conjunto de
movimentações protagonizado por mulheres em torno da luta por igualdade política e
jurídica entre os sexos. O eixo que marcou esse primeiro período de atividade feminista foi a
reivindicação por direitos iguais de cidadania (direito à educação, propriedades e posses de
bens, divórcio, etc.), tendo como auge a luta sufragista pelo direito ao voto feminino, que
aconteceu em diversos países no mundo.

Seu surgimento pode ser lido como um sintoma de um cenário histórico especí co. Enquanto
movimento social é um fenômeno essencialmente moderno, relacionado ao contexto de
profundas transformações no campo do trabalho, da cultura, do Estado e da vida nas cidades,
que surgiram de forma efervescente na Europa após a Revolução Francesa e a Revolução
Industrial.

O pano de fundo das mobilizações da primeira onda do feminismo foi, portanto, o resultado
dos desdobramentos produzidos por essa “dupla revolução” (econômica e política) nas
sociedades europeias: o surgimento de um novo tipo de con guração social, a sociedade
moderna. Ou ainda, a ascensão de um novo estágio do capitalismo – estágio que, como diz
Marx no Manifesto Comunista, representa uma etapa do desenvolvimento histórico ao
mesmo tempo progressista e contraditória em relação aos períodos anteriores, tendo em
vista a combinação de aspectos positivos (urbanização, democratização, industrialização),
com negativos (exploração, rei cação, dominação).

Em termos econômicos, o nascimento dessa nova sociedade con gurou um sistema que
passava a concentrar a produção coletiva em fábricas, que se baseava pelo con ito entre
classes (com a distinção entre trabalhadores destituídos de meios de produção e
empregadores capitalistas) e que passava a incorporar mulheres e crianças como mão-de-
obra barata. No âmbito político, houve a instituição democrática de uma comunidade de
“cidadãos” livres possuidores de direitos sob a forma de Estados-Nação, bem como a
consolidação de três correntes intelectuais e políticas, com visões de mundo divergentes
sobre os rumos da sociedade emergente: o conservadorismo, o liberalismo e o socialismo.

A princípio, as bandeiras levantadas pela primeira onda do feminismo foram


convencionalmente identi cadas com a luta das chamadas “feministas liberais”, mulheres de
classe média e alta, na época inspiradas pelas noções de Estado e Democracia fomentadas
pela Revolução Francesa e pela ideia de ampliação dos direitos presentes na “Carta de
Declaração dos Direitos do Homem” às Mulheres.

Entretanto, como bem mostra o próprio lme As Sufragistas, recém lançado no Brasil, elas
não foram as únicas protagonistas; foram parte da primeira onda, mas não representam seu
todo. No cenário de profundas transformações econômicas e políticas que marcaram a época
moderna, com o avanço da indústria e da exploração do trabalho, as mulheres trabalhadoras
cumpriram um papel histórico importantíssimo. Este é, inclusive, um grande acerto do lme,
pois ele retrata este importante marco da história de luta das mulheres através da narrativa
das experiências de uma jovem trabalhadora, protagonista do lme, ao invés de seguir a
perspectiva comumente difundida, de que o movimento sufragista foi feito pelas liberais
burguesas.
Mulheres trabalhadoras: luta contra a exploração e opressão.
A história do 8 de Março, conhecido como o Dia Internacional de Luta das Mulheres, por
exemplo, demonstra o peso que as mulheres trabalhadoras tiveram: concebido pela primeira
vez em 1910, durante o II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas (que reuniu
mulheres de mais de 17 países na Dinamarca com o objetivo de canalizar internacionalmente
os esforços da luta pela obtenção do direito feminino ao voto), a data ganhou repercussão em
1911, após o profundo sentimento de revolta gerado pelo trágico incêndio de uma fábrica de
camisas em Nova York, quando mais de cento e trinta trabalhadoras morreram carborizadas,
vítimas da falta de condições de segurança de trabalho. A data consagrou-se de nitivamente
com o 8 de Março de 1917 na ússia, quando aproximadamente 90 mil trabalhadoras
manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, contra as más condições de trabalho, contra a
fome e a participação russa na 1ª Guerra Mundial (protesto conhecido como “Pão e Paz”).

Assim, um importante fator que certamente provocou forte in uência para o fortalecimento
do movimento de mulheres na primeira onda do feminismo foi o fato da classe trabalhadora,
que estava concentrada em grandes centros fabris, ter se tornado ao longo do tempo
numerosa e homogênea, não tardando de se rebelar contra as péssimas condições de vida em
que estava submetida. Formas primeiras de reação, como as insurreições por meio de quebra
de máquinas (movimento ludista) no começo do século XIX, logo se desenvolveram e foram
suplantadas pela organização de trabalhadores/as como sindicatos e partidos, em torno de
objetivos comuns da classe: redução da jornada de trabalho, assistência social pública,
reforma do sistema eleitoral e do parlamento, etc..

E do ponto de vista das mulheres, motivos não faltavam para a revolta: se as condições de
trabalho nas fábricas eram extremamente di íceis para o homem trabalhador da época, elas
eram ainda piores para as mulheres. Devido ao estabelecimento de uma divisão do trabalho
no interior do processo produtivo, à constante vigilância feita pela supervisão do capitalista
nas fábricas e ao entendimento de que eram intelectualmente inferiores aos homens, as
mulheres, junto às crianças, tinham longos dias de trabalho duro, recebendo menores
salários comparado ao dos homens, com postos mais precarizados, obrigadas a lidar com
todo tipo de assédio moral e sexual, além de receber um tratamento conservador dos maridos
em casa, desempenhando ainda as tarefas domésticas, como cuidado dos lhos. Ou seja, as
mulheres trabalhadoras viviam uma vida miserável, não possuíam praticamente nenhum
direito civil e político garantido perante o Estado.

Se não faltavam motivos, entretanto, a escolha pela revolta também não era nada fácil, diante
da vulnerabilidade material da maioria das mulheres, assim como pelo receio e medo de
fazer frente à perseguição e repressão que eram destinadas àquelas que “subvertiam” a ordem
social e os papeis estabelecidos de mãe, esposa, empregada, “ser inferior”. Por isso são tão
louváveis as histórias registradas de mulheres que, por conta do caminho irreversível da
conscientização da própria condição de exploração e opressão, doaram literalmente suas
vidas pela causa, enfrentando repressão da polícia e da justiça, por não enxergarem outra
saída senão lutar, assim como a protagonista Maud Watts em As Sufragistas.

Nesse sentido, não se pode deixar de destacar a dedicação e contribuição do feminismo da


tradição socialista para a o encorajamento da militância de mulheres trabalhadoras da
primeira onda.

A contribuição das socialistas.


A primeira contribuição das feministas socialistas está relacionada ao método, bem como aos
estudos sobre as origens sociais da opressão à mulher. Como diz Clara Zetkin, gura
histórica do feminismo na Alemanha, apesar da visão materialista da história não ter dado
respostas prontas à questão das mulheres, ela “nos deu algo melhor: o método correto e
preciso de estudo e compreensão da questão”. Desse modo, A origem da família, da
propriedade privada e do Estado (1844) de Engels é considerado um livro que exerceu
in uência no embasamento teórico dessa vertente do feminismo, para compreender a raiz da
atual condição das mulheres sob a ótica do desenvolvimento dos modos de produção.

Em seu estudo, Engels identi ca que há uma mudança do papel da mulher na sociedade
historicamente. A origem da opressão à mulher coincidiria com a criação da propriedade
privada, isto é, com o momento em que o sistema comunitário vigente em sociedades tribais
(sistema pré-capitalista, baseado em lares comunais, no matriarcalismo e no “direito
materno”) é transformado pela perda do caráter público dos lares e pela exclusão da esposa
na participação da produção social. Tal seria uma das formas mais antigas de exploração: a
dependência econômica e a ilegalidade social do sexo feminino, em que o homem era
proprietário e a mulher era propriedade.

Com o capitalismo, condições favoráveis à libertação das mulheres teriam surgido, ao haver
novamente seu envolvimento na produção como força de trabalho, dando-lhes a
possibilidade de independência econômica. Como aponta Engels, entretanto, o
desenvolvimento capitalista gerou novas contradições, como a organização familiar
capitalista, que colocava novamente a mulher em situação de subordinação em relação ao
homem por meio do trabalho doméstico. Por isso, somente o socialismo poderia criar as
condições plenas para tal libertação, ao apostar numa organização familiar que
correspondesse ao papel das mulheres, tornando o cuidado da casa, o cuidado e a educação
das crianças em assuntos de ordem pública.

Essas formulações sobre maneiras de acabar com a opressão à mulher – entre elas, o
entendimento de que era necessário socializar o trabalho doméstico realizado pela mulher
(alimentação, limpeza, a criação e educação dos lhos, etc.) por meio de serviços públicos
garantidos pelo Estado (refeitórios, lavanderias, creches públicas, etc.) – serviram de base
para importantes avanços acumulados durante a experiência soviética na Revolução ussa,
um dos primeiros países em que as mulheres conquistaram o direito ao voto, ao aborto, ao
divórcio e onde avançou-se bastante nos debates sobre libertação sexual e relacionamentos
livres.

Movimento sufragista: diferentes sentidos para as diferentes classes.


Outra importante contribuição do debate socialista para a primeira onda do feminismo foi a
compreensão de que a opressão feminina guarda íntima relação com a reprodução do
capitalismo e assume formas diferentes, de acordo com a situação de classe de cada mulher.
Dessa forma, a opressão sentida pela mulher trabalhadora é diferente da mulher burguesa,
pois o espaço que cada mulher ocupa na sociedade faz com que existam diferentes graus de
opressão. Isso explica, por sua vez, como mulheres de diferentes classes se engajaram nas
lutas da primeira onda do feminismo por motivos ao mesmo tempo comuns e diversos.

De acordo com Clara Zetkin, as mulheres de alta classe dessa época (como a personagem
coadjuvante Alice Haughton, no lme As Sufragistas) tinham propriedades e, assim, a
possibilidade de desenvolver sua individualidade e viver como desejassem. Ao não se
sentirem forçadas a realizar o trabalho doméstico, por exemplo, elas tinham condições de
transferir seus deveres como mãe e dona de casa, pagando outra mulher para fazê-los. Sua
contradição vem, entretanto, do fato de que essa condição não as tornavam isentas de serem
oprimidas e subjugadas pelos maridos. E este seria o centro das demandas apresentadas pelo
movimento feminista desse estrato social: lutar contra o mundo masculino de sua classe,
numa batalha semelhante à que a burguesia travou contra a nobreza (ou seja, a batalha para
remover as diferenças baseadas nas posses das propriedades).

Nos círculos da classe média e da burguesia intelectual, o problema não seria a propriedade,
mas os sintomas da produção capitalista, relacionado à necessidade do sistema de possuir
força de trabalho quali cada e cienti camente treinada, trabalho que foi designado aos
homens dessa classe. Assim, as mulheres de classe média, ao não serem donas de
propriedades como as de classe alta, precisariam garantir sua igualdade econômica perante
os homens de sua classe por meio da reivindicação de: treinamento pro ssional igualitário e
oportunidades iguais de trabalho. Enfrentavam, portanto, as razões masculinas listadas
contra o trabalho feminino quali cado: “inferioridade do cérebro feminino” e “tendência
natural” a serem mães, colocando-as também diante da necessidade de exigir direitos
políticos e derrubar as barreiras que foram criadas contra a sua atividade econômica (como
simbolizado pela personagem Edith Ellyn no lme).

Já no que diz respeito ao proletariado feminino, a reivindicação por direitos estava


relacionada com a necessidade do capitalismo de explorar e buscar incessantemente por uma
força de trabalho barata. Esta foi a razão pela qual as mulheres se tornaram parte da vida
econômica naquele período, indo para as o cinas e para as máquinas em condições precárias.
E elas iam pois acreditavam que assim poderiam construir uma vida melhor para seus lhos,
mas a verdade é que elas caram totalmente separadas deles pela jornada de trabalho e
passaram a estar submetidas à dupla opressão, a do âmbito privado e do público, da família e
do trabalho. Assim, sua condição é bastante pior se comparada às mulheres das outras
classes: não tinham propriedade, nem a chance de desenvolverem sua individualidade e
intelectualidade. Com a quantidade cada vez maior de mulheres proletárias no mundo fabril,
possuíam a contradição de serem produtoras como os homens, porém sem direitos políticos e
sociais (condição expressada pela personagem protagonista do lme, Maud Watts).

Por isso, o movimento sufragista teve um signi cado tão importante na luta feminista, ao
mesmo tempo em que possui diferentes sentidos para cada classe. O direito ao voto era uma
reinvindicação comum a todas as mulheres. Mas ele possuía um signi cado mais amplo para
as mulheres trabalhadoras. Enquanto para as burguesas a luta pelo direito de cidadania fazia
parte da possibilidade delas exercerem sua condição de proprietárias e de pertencimento às
classes altas, para as proletárias, essa luta por direitos se combinava e à luta mais ampla
contra as suas condições sociais de vida e trabalho.

Assim, a conquista do direito ao voto foi um passo importante para a transformação da


condição de vida dessas mulheres. Poder votar e ser votada, somada às outras conquistas
democráticas da primeira onda, impôs uma derrota aos conservadores, aos assediadores, aos
exploradores que se utilizavam do machismo para garantir seus espaços de privilégios
econômicos e políticos. E o mais importante: ela foi fruto de um processo intenso de
mobilização e entrega das mulheres pela causa, iniciando uma tradição de luta das mulheres
pelos seus direitos. Por volta dos anos 1930 e 1940, o movimento sufragista foi vitorioso em
diversos países. A conquista do voto na ússia em 1917 serviu de exemplo para muitos deles.
No Brasil, as mulheres conquistaram o direito de voto há 82 anos, em 1933, durante o governo
de Getúlio Vargas.

Mulheres negras: protagonistas.


É imprescindível também destacar o papel histórico cumprido pelas mulheres negras nesses
processos, pois seu protagonismo também não é comumente visibilizado nas histórias
“o ciais” da primeira onda do feminismo.

Países como a Inglaterra, como é retratado pelo lme As Sufragistas, possuíam na época uma
classe trabalhadora majoritariamente branca. Mas esse não era o caso dos Estados Unidos,
por exemplo, em que a luta sufragista estava combinada com a luta contra da escravidão.

Histórias como a de Harriet Tubman, também conhecida por Black Moses, são muito
importantes de serem destacadas nesse sentido. Tumbman foi um afro-americana
abolicionista, que lutou pela liberdade, contra a escravidão e guiou dezenas de outros
escravos para a liberdade. No pós-guerra, foi protagonista do movimento sufragista norte-
americano, tornando-se uma de suas principais oradoras.

Reivindicar sua trajetória é importante pois a representatividade das mulheres negras é sem
dúvida uma das principais marcas do atual momento do feminismo, responsável por
evidenciar como a interseccionalidade, ou seja, a forma como o sexismo, a identidade de
gênero e o racismo estão inextrincavelmente ligados na sociedade de classes.

Uma das grandes contribuições das redes sociais para o movimento feminista atual é a
possibilidade apontar fatos e de difundir debates que a cultura racista insiste em esconder.
Além disso, é fundamental para revelar que as mulheres negras possuem sua especi cidade,
como o fato de hoje no Brasil, o índice de mortes de mulheres negras ser 66,7% superior a
morte de mulheres brancas de acordo com o Mapa da Violência .

E a nal, por que é importante retomarmos a história de luta dessas mulheres


hoje?
Desde o nal da primeira onda, o movimento feminista teve um primeiro período de re uxo
(devido à Guerra Mundial) e ressurgiu em diferentes contextos, ampliando seus leques e
pautas. Na verdade, esse tipo de “metamorfose” é constitutivo da história do feminismo:
desde seu surgimento no século XIX, o movimento passou por diferentes momentos –
ampliou-se e retraiu-se, mudou de cara, utilizou-se de diferentes métodos de mobilização,
agregou novas demandas, en m, atuou de acordo com a especi cidade do contexto social,
econômico e político em que se insere. Sua essência, entretanto, permanece: da reivindicação
pelo voto ao direito ao corpo, à sexualidade, à voz e espaço das mulheres na sociedade e na
política. A luta sempre foi pelo direito das mulheres, pela urgente transformação da
sociedade e de seus valores.

Não há dúvida de que, desde 2011, há um crescimento do feminismo pelo mundo, e de que
estamos passando por um desses novos momentos de ascensão. Após a primavera feminista
de 2015 no Brasil, cou claro que a luta das mulheres se encontra num novo patamar de
mobilização, vivo e pulsante. Além de estar se revigorando, o feminismo também vem
mudando e adquirindo uma nova cara: talvez o símbolo hoje não seja mais a queima de sutiã
da geração dos anos 1960, mas as práticas de uma nova juventude, urbana, conectada na
internet e nas redes sociais, que está forjando novos comportamentos, atitudes e gostos, se
expressando e se relacionando por meio da valorização das diferenças e identidades, não
aceitando mais nenhum dedo na cara, nenhum tipo de assédio e violência na escola,
universidade, no meio de trabalho e na política.

E isso está diretamente relacionado com o nosso contexto social e político: é manifesto como
o fortalecimento do feminismo te a ver, por um lado, com o fato de que vivemos, desde 2008,
uma novo cenário de crise econômica e política; por outro, por estarmos presenciando
importantes tentativas de construção de alternativas políticas frente a essa crise,
protagonizadas em sua maioria por uma nova geração de ativistas – a geração das redes
sociais, da informação, das identidades, dos novos comportamentos; a geração de jovens e
trabalhadores que, no Brasil, vem despertando seu potencial transformador nas ruas em
Junho de 2013.
Diante desse contexto, pode-se dizer que uma especi cidade de nosso momento é de que as
pautas democráticas vêm adquirindo novo peso, sobretudo nos meios mais jovens, o que tem
colocado na ordem-do-dia o amadurecimento do per l do movimento feminista, por meio da
uni cação da diversidade, processo que foi aberto sobretudo pela segunda onda nos anos
1960, com as reivindicações e protagonismo das mulheres negras, LBTs e de terceiro mundo.

Assim, mais do que nunca, o feminismo tornou-se uma poderosa ferramenta que alia os
princípios de igualdade e de diferença entre as mulheres, reconhecendo a diversidade de
classe, etnia, sexualidade e nacionalidade, e que as conquistas são sempre mais dolorosas
quanto necessárias às mulheres mais pobres, periféricas, negras, com orientações sexuais ou
identidades de gênero rechaçadas pela sociedade.

Entretanto, apesar do contexto ser diferente e de hoje termos novos elementos, é inegável que
muitas das demandas das trabalhadoras da primeira onda seguem atuais. O capitalismo
aprofundou suas contradições e crises, de forma que continua mostrando sua face mais cruel
justamente para a vida das mulheres, sobretudo as mais jovens, pobres e negras, que ainda
hoje ocupam os postos e cargos mais precarizados, sofrem com a desigualdade de renda entre
homens e mulheres no mercado de trabalho, enfrentam o assédio na rua, o estupro, a
violência doméstica e a morte por aborto clandestino.

Com efeito, retomar a primeira onda do feminismo, conhecer a história de lutas e vitórias
que são hoje imprescindíveis à nós, deve nos servir de inspiração. Para entendermos melhor
o momento em que estamos, para avançarmos e aprofundamos as lutas presentes e futuras,
nada mais sábio que retomarmos as trajetórias, os motivos e a forma com que milhares de
mulheres se movimentarem e romperam suas amarras por um outro tipo de sociedade ao
longo da história. Através dessas histórias, adquirimos uma posição privilegiada para rever
acertos e erros, sobretudo para lembramos que o protagonismo das mulheres está
relacionado a um processo histórico e de que antes de nós, outras mulheres (mulheres de seu
tempo, ou melhor, à frente de seu próprio tempo), provaram que a organização coletiva é o
método fundamental para a conquista direitos.

Nosso desa o agora, diante do atual momento histórico e conjuntural, é, en m,


aprofundarmos nossas conquistas, não deixarmos que Eduardos Cunhas tentem impor
retrocessos a elas. E parece que a saída é estarmos sensíveis e apostarmos na aliança entre
novos métodos e práticas e o exemplo das experiências históricas anteriores; unirmos a
diversidade das lutas, sem silenciamento; combinarmos as preocupações econômicas que
atingem a classe trabalhadora e as mulheres trabalhadoras com o aspecto cultural da
juventude, atualizando essa relação para as características políticas e sociais do capitalismo
globalizado de nosso tempo.

Artigo originalmente publicado em juntos.org.br


Giovanna Marcelino é doutoranda em Sociologia pela USP e membra da equipe editorial da Revista Movimento.

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