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2020
ANATOMIA CARDÍACA
Localização O coração está localizado no mediastino médio, deslocado levemente para
a esquerda, com eixo que aponta para baixo e para a esquerda, e tem o
tamanho de um punho cerrado.
Localizado no mediastino (mais precisamente no compartimento médio do
mediastino inferior), juntamente com o pericárdio e as raízes dos grandes
vasos.
Base do coração: é a sua face posterior, formada por AE + parte do AD
Ápice do coração: parte ínfero-lateral de VE, ictus.
Pericárdio
Membrana que reveste o coração e as raízes dos grandes vasos, formado
pelo pericárdio fibroso e pelo pericárdio seroso (que se divide em lâmina
parietal e lâmina visceral). Na cavidade pericárdica há uma fina camada de
líquido (cujas alterações de volume podem afetar o bombeamento
cardíaco).
Constituição
Epicárdio: Lâmina externa fina formada pela lâmina visceral do pericárdio
seroso
Miocárdio: Lâmina média espessa, composta por fibras musculares
cardíacas e por tecido conectivo de sustentação
Endocárdio: Lâmina interna fina, constitui o revestimento endotelial
liso do interior do coração, e também recobre suas válvulas.
Atrio direito
Estruturas importantes: Óstios das veias cavas, seio coronário, óstio
AV (válvula tricúspide), septo interatrial, fossa oval, aurícula direita
Sua parede posterior é lisa, e a anterior é rugosa.
Ventrículo direito
Forma a maior parte da face anterior do coração
Estruturas importantes: trabéculas cárneas, válvula tricúspide, cone arterial
da artéria pulmonar
As cúspides se ligam a cordas tendíneas que se inserem em músculos
Ventrículo esquerdo
Forma o ápice do coração
Estruturas importantes: Valva mitral/bicúspide, trabéculas cárneas, músculos papilares, septo
interventricular, óstio da aorta (semilunares).
Anatomia externa
O sulco coronariano (ou sulco AV) separa os átrios dos ventrículos, e contém a A. Coronária direita,
o seio coronário, e os ramos terminais da A. Coronária esquerda.
Septo interventricular.
Valva mitral
Bicúspide
É a valva AV esquerda
Valva tricúspide
Tem 3 cúspides: anterior, posterior, e septal/medial
É a valva AV direita
Pode ser bicúspide em 30% dos casos
Valva pulmonar
Valva semilunar que se liga a artéria pulmonar, sai de VD
Valva aórtica
Valva semilunar que se liga a artéria aorta, sai de VE.
Se tiver alterações (como ter só duas válvulas em vez de 3) o paciente provavelmente terá
estenose.
IRRIGAÇÃO
Aorta → tronco da coronária esquerda e coronária direita
Tronco da coronária esquerda → descendente anterior/interventricular anterior (que se divide em septais e
diagonais) e circunflexa (que se ramifica nas marginais)
Coronária direita → descendente posterior (geralmente) e ramo marginal direito
Em algumas pessoas a Coronária esquerda dá mais de 2 ramos, originando as artérias diagonais
(diagonalis).
Sistema de condução
MUSCULO CARDÍACO
FISIOLOGIA DO CORAÇÃO
Miofibrilas: constituídas por sarcômeros – unidade funcional contrátil da fibra muscular, constituídos por
proteínas específicas que se agrupam e formam os filamentos protéicos actina (filamento fino) e miosina
(filamento espesso), distribuídos de forma simétrica
ATP e Ca+ são indispensáveis para a contração cardíaca.
Propriedades do coração
Cronotropismo ou automaticidade – automatismo; capacidade de gerar estímulos espontâneos
Batmotropismo ou excitabilidade – automatismo; capacidade da célula de desencadear o potencial
de ação que vai terminar na contração
Dromotropismo ou condutibilidade – condução
Inotropismo ou contratilidade – contração capacidade de transformar o estimulo elétrico em
mecânico.
Sincício
O músculo cardíaco pode ser visto como um sincício, isso significa que no coração é possível propagar um
estímulo de uma célula a outra quase sem resistência. Isso é permitido pela presença de discos
intercalares, junções entre membranas celulares que permitem a difusão quase livre de íons, propagando
potenciais de ação de uma célula para a outra.
3. Período de ejeção: Esvaziamento dos ventrículos – aumento de pressão sem alteração de volume
(sangue fluindo do ventrículo para a aorta) e abertura das valvas semilunares
Abertura das valvas semilunares, com ejeção do sangue ventricular pela contração. Ocorre em
dois períodos:
Fase de ejeção rápida: primeiro terço da fase de ejeção, que esvazia 70% do ventrículo
Fase de ejeção lenta: dois terços restante do tempo, em que 30% do ventrículo se esvazia.
Ao contrário do atrial, o sangue ventricular precisa da contração para sair, pois a diferença de pressão
entre o ventrículo e a aorta é baixa. A ocorrência de fibrilação ventricular leva a morte e é equivalente a
uma parada cardíaca, pois o sangue não é bombeado. Apesar do esvaziamento, no começo dessa fase
(fase de ejeção rápida) a pressão ventricular aumenta, pois o ventrículo contrai ainda mais para ejetar o
sangue. Nesse período ocorre a B2 (segunda bulha), pela abertura/fechamento das válvulas semilunares.
Aumento da frequência cardíaca: Quando o volume cardíaco aumenta, a distensão da parede atrial
ocasiona aumento de 10 a 20% na frequência cardíaca (isso porque o nó sinusal se localiza na
parede atrial direita). Pequenas variações são aceitas (quanto mais condicionado fisicamente é a
pessoa, menor o aumento da frequencia).
Temperatura
O aumento de temperatura causa aumento da frequência cardíaca, e a diminuição a reduz. Isso corre
porque o calor aumenta a permeabilidade da membrana a íons, acelerando o processo de auto excitação
Exemplo: Pacientes com febre têm taquicardia normalmente, e pacientes em hipotermia têm bradicardia.
CONCEITOS
A fração de ejeção sofre influência das chamadas pré-carga e pós-carga. Como pré e pós-carga entende-
se como a dificuldade de ejeção do sangue enfrentada pelo ventrículo, sendo que a pré-carga está
relacionada ao momento antes da ejeção, e a pós-carga ao momento durante a ejeção .
Pré-carga: Volume diastólico final. É a força ou carga exercida no miocárdio no final da diástole
(estiramento das fibras). Pode dizer que se refere a quantidade de volume sanguíneo no ventrículo
no final da diástole. Portanto, o aumento do retorno venoso aumenta a pré carga e vice versa. Isso
quer dizer que qualquer alteração que modifique o retorno venoso (postura, pressão intratorácica,
pressão intrapericárdica, tônus venoso, atividade física/contração das veias periféricas pelos
músculos esqueléticos) altera a pré carga.
Pós-carga: É a pressão na artéria após o início da contração, que se opõe a ejeção de sangue do
ventrículo, ou seja, é a resistência vascular. Ela é determinada por vários fatores:
o Volume e massa do sangue ejetado.
o Tamanho e espessura das paredes dos ventrículos.
o Impedância dos vasos
Basicamente, a lei de Laplace afirma que quanto maior a pressão no ventrículo, maior sua tensão
miocárdica (ou seja, sua força de contração, como na lei de Frank Starling).
Débito cardiaco (DC): É a quantidade de sangue bombeada para a aorta por minuto, e é variável
(atividade física, metabolismo, idade, tamanho do corpo)
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑎𝑟𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙
𝐷𝐶 =
𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Índice cardíaco: debito cardíaco por metro quadrado de área de superfície corporal.
Edema
É o aumento do líquido no espaço intersticial proveniente do plasma sanguíneo.
Edemas recentes: pele lisa e brilhante
Edemas crônicos: têm pele em “casca de laranja” Tem maior intensidade a tarde, geralmente em
membros inferiores. De manhã ou em pacientes acamados, há maior acúmulo de edema em região
sacral.
Comprimir a pele que recobre região óssea; quando temos permanência da forma do dedo na pele, temos
cacifo positivo (deve ser graduado de uma a 4 cruzes, de discreto a grave). Para que haja cacifo positivo,
é preciso que pelo menos 4,5L se acumulem no interstício.
Pulso arterial
Percepção da expansão da parede arterial originada pela ejeção ventricular e sua transmissão aos vasos
periféricos.Ao palpar pulso, avaliamos se ele é cheio ou vazio, a simetria do pulso, o ritmo, etc.
Pulsos centrais: Carotídeo e femoral
Pulsos periféricos: Axilar, braquial, radial, poplíteo, pedioso, e tibial posterior.
Palpar o pulso com 2º e 3º dedos, nunca com o polegar (pois podemos palpar nosso próprio pulso).
Pressão arterial
É a força exercida pelo sangue sobre as paredes dos vasos, e ela varia dependendo da posição do
paciente, da sua atividade e da situação em que se encontra.
Sons de
Korotkoff
Fase Primeira aparição dos ruídos rítmicos, coincidindo aproximadamente com o pulso palpável.
1
Corresponde ao valor da pressão sistólica.
Fase Ruídos abafados, pouco distintos e leves. Corresponde a pressão diastólica (principalmente
4 em
pacientes que não têm fase 5, ou seja, os sons não desaparecem)
Fase O som desaparece completamente.
5
Ictus cordis: É o choque do ápice do coração na parede torácica que ocorre na contração do VE.
Pode ser visto na inspeção ou na palpação. Se posicionarmos o paciente em decúbito lateral
esquerdo em 45º a avaliação é mais fácil. A retração do ictus (ictus não visível ou palpável) pode
indicar pericardite constritiva, infecção do trato respiratório inferior, ou cardiomiopatia restritiva, mas
também pode ser porque o paciente tem tórax grande.
2. Palpação
Ictus cordis: investiga-se a localização, extensão, mobilidade, intensidade e força da impulsão,
ritmo, frequência
Frêmito cardiovascular: É a sensação tátil de um sopro cardíaco.
3. Percussão
A percussão não é muito usada no dia a dia
Sinal de Lewis: se houver grande derrame pericárdico, há macicez na percussão (2º e 3º EIC), e
quando o paciente deita a macicez some.
4. Ausculta
Fazer a ausculta em ambiente silencioso, com o paciente em decúbito dorsale torax descoberto (mas pode
ser sentado ou em decúbito lateral esquerdo), com o médico do lado direito do paciente.
Focos apicais: Mitral e tricúspide
Focos de base: Aórtico e pulmonar
Bulhas São os sons produzidos pela vibração da coluna de sangue e das estruturas cardiovasculares
(válvulas e músculo cardíaco).
B Ocorre no fechamento das valvas AV (mitral e tricúspide) pela vibração causada pela
1
movimentação do sangue nos ventrículos. Fisiológico.
B Ocorre no fechamento das valvas semilunares (aórtica e pulmonar) pela desaceleração da coluna
2
líquida sobre as válvulas. Fisiológico.
B Causado pela brusca desaceleração da coluna de sangue contra as paredes ventriculares no final
3
da fase de enchimento rápido (entre a proto e a mesodiástole). Costuma ser patológico (diminuição
da complacência ventricular ou IC) mas pode ocorrer por hiperfluxo (febre, exercício,
hipotireoidismo).
B Causado pela desaceleração da coluna sanguínea impulsionada pelos átrios contra o sangue no
4
VE (naelediástole). Ocorre por ventrículo pouco complacente, doença isquêmica do coração,
hipertrofia de VE, HAS, ou estenose aórtica (EAo)
Sopros Ocorrem quando o fluxo cardíaco deixa de ser laminar (normal) e se torna turbulento.
Sopros sistólicos coincidem com o pulso carotídeo, sopros diastólicos ocorrem entre pulsos
Sopros sistólicos têm formato regurgitativo ou ejetivo, sopros diastólicos são em ruflar ou
aspirativos
Manobras para avaliação de sopros
Pachon: Para melhor percepção de sopros de baixa frequência no foco mitral, pede-se para o
paciente adotar o decúbito lateral esquerdo com a mão esquerda na cabeça.
Sentado e tórax para frente: Bom para pacientes obesos e para avaliar sons de base do coração
Rivero-Carvallo: Inspiração profunda, intensifica o sopro decorrente da insuficiência tricúspide,
diferenciando-a da mitral. Pode intensificar o sopro da estenose pulmonar.
Sopros inocentes
Sem frêmito, nunca são diastólicos ou holossistólicos, suaves (ejetivo, timbre musical), sem alteração de
bulhas e com irradiação restrita, em borda esternal esquerda.
Em pacientes com aumento de DC: gestantes, anêmicos, septicos, hipertireoidismo.
EXAMES COMPLEMENTARES EM CARDIOLOGIA
RADIOGRAFIA DE TÓRAX
Sempre pedir RX de tórax e ECG em pacientes com dor torácica (ex.: Se o paciente tiver aorta
aumentada, temos aneurisma de aorta, que pode causar dor torácica, e isso aparece no RX de tórax).
Incidências: O RX de tórax ideal é postero anterior (PA), mas também pode ser em perfil. A incidência em
PA é boa para avaliar o AD e o mediastino, já a em perfil é melhor para AE. A incidência em AP não é tão
usada porque tem magnificação da área cardíaca, mas se a incidência em PA não for possível, pode ser
usada.O primeiro arco do Rx é a aorta, o segundo é a artéria pulmonar (que aparece aumentada em
hipertensão pulmonar)
Sempre pedir RX de tórax em PA e perfil na primeira avaliação do paciente
Diagnósticos que podem ser realizados com RX de tórax: edema cardiogênico, derrame
pericárdico, pneumomediastino, aneurismas aórticos, patologias pulmonares associadas.
Índice cardiotorácico: Avalia se o tamanho da área cardíaca (pode ocorrer por aumento do coração, por
derrame pericárdico, etc.) está adequado. O maior diâmetro do coração tem que ser menor que metade do
tórax, senão temos área cardíaca aumentada.
TESTE ERGOMÉTRICO
Colocar o paciente numa esteira numa velocidade e inclinação pré definidas, de acordo com sua idade,
condição física, etc., de modo a elevar sua frequência cardíaca a pelo menos 85% da FC máxima, de
modo a levar o paciente a usar a reserva coronariana
FCmáx: 220-idade do paciente.
Durante o teste ergométrico tanto a FC quanto a PA tem que subir (pode subir até 90mmhg de sistólica em
homens, 70 em mulheres). Após o esforço, o período de recuperação tem que ser de 6 minutos, para
avaliar se as condições hemodinâmicas voltam ao normal do repouso. Se a PA não subir com o teste
ergométrico, há uma má adpatação cardíaca, e o teste tem que ser interrompido senão o paciente
desmaia.
Temos teste ergométrico positivo se sugerir uma coronariopatia. Isso é representado pela presença de
variáveis clínicas (dor precordial, sudorese, palidez, cianose, estertores pulmonares, novos sopros,
agravamento de sopros pré existentes, queda da PA durante o esforço) e infradesnivelamento de ponto J
de pelo menos 2mm (ponto J: primeiro ponto do segmento ST), ou supradesnivelamento de ST na
ausência de onda Q (exceto em V1 e aVR).
O exame sempre é inconclusivo em pacientes com bloqueio de ramo esquerdo (BRE) e síndrome de Wolff
Parkinson White (WPW), pois eles alteram o ECG de tal maneira que impedem a avaliação do teste
ergométrico. Também é inconclusivo se o paciente não atingir a FC submáxima (85% da Fcmáx),
qualquer que seja o motivo.
CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA
Estudo fisiológico que retrata o aspecto funcional e metabólico da função cardíaca. Quando a resistência
não é critica o fluxo é regulado pelas arteríolas, que são vasos de reserva primária da circulação
coronariana.
A cardiologia nuclear utiliza estresse físico ou medicamentoso para diagnosticar regiões onde há menor
reserva miocárdica disponível, comparando essas imagens com as de repouso e traçando um perfil de
gravidade e extensão da área acometida, permitindo diagnóstico e prognóstico desses pacientes.
Avalia o fluxo sanguíneo pelas artérias que nutrem o coração (coronárias) e sua distribuição no músculo
cardíaco. O procedimento é capaz de identificar eventos cardíacos graves, como o infarto, e é dividido em
duas etapas: uma em repouso e a outra de esforço, físico ou farmacológico, a critério do médico.
Radiofarmacos
99m
Tc – Sestamibi – traçador e marcador com tecnécio utilizado em pesquisa de isquemia miocárdica
Tálio 201 – pesquisa de viabilidade miocárdica
Gálio 67 – processos inflamatórios
CINECORONARIOGRAFIA
A cinecoronariografia é uma modalidade de cateterismo cardíaco no qual irá avaliar o estado das
coronárias e a eventual presença de obstrução/estreitamento, ocasionado pelas placas de gordura. Dura
cerca de 30 minutos, é praticamente indolor e após o exame recomenda-se repouso no hospital por 1 a 4
horas, podendo o paciente ser liberado no mesmo dia, sem necessidade de internação.
ECOCARDIOGRAMA
é um exame de ultrassonografia do coração que fornece imagens obtidas através dos diferentes graus de
refração de ondas sonoras de alta frequência
Ecocardiograma com doppler.
Ampla disponibilidade, ótima relação, custo benefício. Excelente técnica para análise estrutural e funcional
do coração. São obtidos de forma rápida e fácil as dimensões cabitárias, espessuras das paredes,
anatomia, mobilidade e competência das valvas, características do pericárdio e dados para a avaliação
das funções sistólicas e diastólicas do ventrículos.
A fração de ejeção
ANGIOTOMOGRAFIA
A Angiotomografia Coronariana é um estudo avançado e não invasivo que permite a visualização
tridimensional do coração, das suas estruturas e das artérias coronárias. O exame é realizado através de
tomógrafos de última geração (também chamados de multi-slices ou multi-detectores) que emitem feixes
de raio-x, captados pelos detectores, reproduzindo imagens tridimensionais do órgão. Durante o exame é
injetada uma pequena quantidade de contraste iodado (70 a 90 ml) para realçar o interior das artérias,
permitindo ao médico caracterizar a presença de placas de gordura ou cálcio e o grau de
comprometimento do lúmen.
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