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CARDIOLOGIA

2020
ANATOMIA CARDÍACA
Localização O coração está localizado no mediastino médio, deslocado levemente para
a esquerda, com eixo que aponta para baixo e para a esquerda, e tem o
tamanho de um punho cerrado.
Localizado no mediastino (mais precisamente no compartimento médio do
mediastino inferior), juntamente com o pericárdio e as raízes dos grandes
vasos.
 Base do coração: é a sua face posterior, formada por AE + parte do AD
 Ápice do coração: parte ínfero-lateral de VE, ictus.

Pericárdio
Membrana que reveste o coração e as raízes dos grandes vasos, formado
pelo pericárdio fibroso e pelo pericárdio seroso (que se divide em lâmina
parietal e lâmina visceral). Na cavidade pericárdica há uma fina camada de
líquido (cujas alterações de volume podem afetar o bombeamento
cardíaco).

Constituição
 Epicárdio: Lâmina externa fina formada pela lâmina visceral do pericárdio
seroso
 Miocárdio: Lâmina média espessa, composta por fibras musculares
cardíacas e por tecido conectivo de sustentação
 Endocárdio: Lâmina interna fina, constitui o revestimento endotelial
liso do interior do coração, e também recobre suas válvulas.

Atrio direito
 Estruturas importantes: Óstios das veias cavas, seio coronário, óstio
AV (válvula tricúspide), septo interatrial, fossa oval, aurícula direita
 Sua parede posterior é lisa, e a anterior é rugosa.

Ventrículo direito
 Forma a maior parte da face anterior do coração
 Estruturas importantes: trabéculas cárneas, válvula tricúspide, cone arterial
da artéria pulmonar
 As cúspides se ligam a cordas tendíneas que se inserem em músculos

PROF. CAIO FIGUEIREDO Página 2


papilares
.

PROF. CAIO FIGUEIREDO Página 3


Átrio esquerdo
 Menor parte da base do coração
 Sua superfície é lisa, exceto na aurícula esquerda
 Estruturas importantes: 4 veias pulmonares, óstio AV (bicúspide/mitral).

Ventrículo esquerdo
 Forma o ápice do coração
 Estruturas importantes: Valva mitral/bicúspide, trabéculas cárneas, músculos papilares, septo
 interventricular, óstio da aorta (semilunares).

Anatomia externa
 O sulco coronariano (ou sulco AV) separa os átrios dos ventrículos, e contém a A. Coronária direita,
o seio coronário, e os ramos terminais da A. Coronária esquerda.
 Septo interventricular.

Valva mitral
 Bicúspide
 É a valva AV esquerda

Valva tricúspide
 Tem 3 cúspides: anterior, posterior, e septal/medial
 É a valva AV direita
 Pode ser bicúspide em 30% dos casos

Valva pulmonar
 Valva semilunar que se liga a artéria pulmonar, sai de VD

Valva aórtica
 Valva semilunar que se liga a artéria aorta, sai de VE.
 Se tiver alterações (como ter só duas válvulas em vez de 3) o paciente provavelmente terá
estenose.
IRRIGAÇÃO
Aorta → tronco da coronária esquerda e coronária direita
Tronco da coronária esquerda → descendente anterior/interventricular anterior (que se divide em septais e
diagonais) e circunflexa (que se ramifica nas marginais)
Coronária direita → descendente posterior (geralmente) e ramo marginal direito
Em algumas pessoas a Coronária esquerda dá mais de 2 ramos, originando as artérias diagonais
(diagonalis).

Sistema de condução

MUSCULO CARDÍACO
FISIOLOGIA DO CORAÇÃO
Miofibrilas: constituídas por sarcômeros – unidade funcional contrátil da fibra muscular, constituídos por
proteínas específicas que se agrupam e formam os filamentos protéicos actina (filamento fino) e miosina
(filamento espesso), distribuídos de forma simétrica
ATP e Ca+ são indispensáveis para a contração cardíaca.

Discos intercalares: junções intimas de membranas celulares com resistência


muito baixa, permitindo a difusão quase livre de íons e assim, a propagação do
potencial de ação de uma célula para a outra com restrição muito pequena
caracterizando um grande sincício

Propriedades do coração
 Cronotropismo ou automaticidade – automatismo; capacidade de gerar estímulos espontâneos
 Batmotropismo ou excitabilidade – automatismo; capacidade da célula de desencadear o potencial
de ação que vai terminar na contração
 Dromotropismo ou condutibilidade – condução
 Inotropismo ou contratilidade – contração capacidade de transformar o estimulo elétrico em
mecânico.

Sincício
O músculo cardíaco pode ser visto como um sincício, isso significa que no coração é possível propagar um
estímulo de uma célula a outra quase sem resistência. Isso é permitido pela presença de discos
intercalares, junções entre membranas celulares que permitem a difusão quase livre de íons, propagando
potenciais de ação de uma célula para a outra.

Circulação sistêmica x pulmonar


Ventrículo esquerdo  válvula aórtica  A. aorta  órgãos e tecidos  veia cava  átrio direito
Tricuspide  ventrículo direito  artéria pulmonar  pulmão  artéria pulmonar  átrio esquerdo 
bicúspide...

Fases do ciclo cardíaco


1. Diástole ventricular: É o relaxamento do ventrículo, permitindo que o sangue o preencha. No
início da diástole ventricular, o ventrículo já contém uma pequena quantidade de sangue que restou
da última sístole, chamado de volume sistólico final.
Essa primeira fase pode ser dividida cronologicamente em 3 períodos:
 Terço inicial: ocorre a abertura das valvas atrioventriculares – mitral e tricúspide – permitindo o
enchimento rápido do ventrículo
 Terço médio: uma pequena quantidade de sangue flui para o ventrículo por continuidade
 Terço final: ocorre a sístole – contração – atrial, mandando o que restou de sangue no átrio para o
ventrículo, o que equivale a cerca de 25% do enchimento ventricular.

2. Contração isovolumétrica: O ventrículo entra em contração enquanto as válvulas


atrioventriculares foram fechadas e as semilunares ainda não se abriram, impedindo a saída de
sangue. Isso causa um aumento da pressão intraventricular, sem que haja alteração de seu
volume. É o início da sístole ventricular.
A pressão ventricular é próxima da pressão da aorta

3. Período de ejeção: Esvaziamento dos ventrículos – aumento de pressão sem alteração de volume
(sangue fluindo do ventrículo para a aorta) e abertura das valvas semilunares
Abertura das valvas semilunares, com ejeção do sangue ventricular pela contração. Ocorre em
dois períodos:
 Fase de ejeção rápida: primeiro terço da fase de ejeção, que esvazia 70% do ventrículo
 Fase de ejeção lenta: dois terços restante do tempo, em que 30% do ventrículo se esvazia.

Ao contrário do atrial, o sangue ventricular precisa da contração para sair, pois a diferença de pressão
entre o ventrículo e a aorta é baixa. A ocorrência de fibrilação ventricular leva a morte e é equivalente a
uma parada cardíaca, pois o sangue não é bombeado. Apesar do esvaziamento, no começo dessa fase
(fase de ejeção rápida) a pressão ventricular aumenta, pois o ventrículo contrai ainda mais para ejetar o
sangue. Nesse período ocorre a B2 (segunda bulha), pela abertura/fechamento das válvulas semilunares.

4. Período de relaxamento isovolumétrico: As valvas estão fechadas e o ventrículo começa a


relaxar, o que diminui a pressão ventricular. As valvas se fecham pelo refluxo de sangue da aorta
para o coração. Como ele não consegue voltar, ele é empurrado para o primeiro ramo da aorta, as
coronárias. Portanto, o enchimento das coronárias se dá na diástole ventricular. Em casos de
angina, se usa remédios que diminuam a frequência cardíaca (aumentando o tempo de diástole,
portanto), permitindo que a coronária tenha maior tempo para se encher, aumentando seu fluxo.

Regulação intrínseca do bombeamento cardíaco


A regulação do bombeamento cardíaco se dá pelo mecanismo de Frank Starling e pelo aumento da
frequência cardíaca
 Mecanismo de Frank Starling: Dentro de limites fisiológicos, o coração bombeia todo o sangue que
nele chega, sem permitir acumulo de sangue excessivo nas veias. Se houver maior influxo de
sangue, a musculatura se distende mais, permitindo que ele contraia com mais força para mandar
todo o sangue para fora. (Se o coração não for capaz de fazer isso, ao longo do tempo se
desenvolve uma insuficiência cardíaca).

 Aumento da frequência cardíaca: Quando o volume cardíaco aumenta, a distensão da parede atrial
ocasiona aumento de 10 a 20% na frequência cardíaca (isso porque o nó sinusal se localiza na
parede atrial direita). Pequenas variações são aceitas (quanto mais condicionado fisicamente é a
pessoa, menor o aumento da frequencia).

Regulação nervosa do bombeamento cardíaco


A inervação cardíaca é predominante parassimpática controlada pelo Nervo Vago.
 Simpático: Aumenta FC e a força de contração, aumentando o DC e a pressão de ejeção.
 Parassimpático: Diminui FC e força de contração.

Temperatura
O aumento de temperatura causa aumento da frequência cardíaca, e a diminuição a reduz. Isso corre
porque o calor aumenta a permeabilidade da membrana a íons, acelerando o processo de auto excitação
Exemplo: Pacientes com febre têm taquicardia normalmente, e pacientes em hipotermia têm bradicardia.

Sistema especializado de excitação e condução do coração


Nó sinusal  fibras internodais  nodo AV  feixe de His  Fibras de Purkinje
O nodo AV retarda o estímulo, permitindo que o ventrículo contraia depois do
átrio. Qualquer parte do coração tem capacidade de auto excitação, tomando o
lugar do nó sinusal se ele tiver problemas. Geralmente quem assume sua função
é o nodo AV, mas pode ser qualquer um (nesse caso o ritmo é não sinusal).

CONCEITOS
A fração de ejeção sofre influência das chamadas pré-carga e pós-carga. Como pré e pós-carga entende-
se como a dificuldade de ejeção do sangue enfrentada pelo ventrículo, sendo que a pré-carga está
relacionada ao momento antes da ejeção, e a pós-carga ao momento durante a ejeção .

 Pré-carga: Volume diastólico final. É a força ou carga exercida no miocárdio no final da diástole
(estiramento das fibras). Pode dizer que se refere a quantidade de volume sanguíneo no ventrículo
no final da diástole. Portanto, o aumento do retorno venoso aumenta a pré carga e vice versa. Isso
quer dizer que qualquer alteração que modifique o retorno venoso (postura, pressão intratorácica,
pressão intrapericárdica, tônus venoso, atividade física/contração das veias periféricas pelos
músculos esqueléticos) altera a pré carga.
 Pós-carga: É a pressão na artéria após o início da contração, que se opõe a ejeção de sangue do
ventrículo, ou seja, é a resistência vascular. Ela é determinada por vários fatores:
o Volume e massa do sangue ejetado.
o Tamanho e espessura das paredes dos ventrículos.
o Impedância dos vasos

Lei de Laplace: 𝑻𝒆𝒏𝒔ã𝒐 𝒎𝒊𝒐𝒄á𝒓𝒅𝒊𝒄𝒂 = 𝑷𝒓𝒆𝒔𝒔ã𝒐 𝒗𝒆𝒏𝒕𝒓𝒊𝒄𝒖𝒍𝒂𝒓 𝒄𝒂𝒗𝒊𝒕á𝒓𝒊𝒂 𝒙 𝑹𝒂𝒊𝒐 𝒗𝒆𝒏𝒕𝒓𝒊𝒄𝒖𝒍𝒂𝒓


𝑬𝒔𝒑𝒆𝒔𝒔𝒖𝒓𝒂 𝒅𝒂 𝒑𝒂𝒓𝒆𝒅𝒆

Basicamente, a lei de Laplace afirma que quanto maior a pressão no ventrículo, maior sua tensão
miocárdica (ou seja, sua força de contração, como na lei de Frank Starling).

Débito cardiaco (DC): É a quantidade de sangue bombeada para a aorta por minuto, e é variável
(atividade física, metabolismo, idade, tamanho do corpo)

𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑎𝑟𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙
𝐷𝐶 =
𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Índice cardíaco: debito cardíaco por metro quadrado de área de superfície corporal.

Mudanças no débito cardíaco


1. Aumento no debito cardíaco
Beriberi (deficiência de tiamina), fistula arterio-venosa, hipertireoidismo, anemia

2. Diminuição do debito cardíaco


Diminuição da eficácia de bombeamento do coração: infartos graves do miocárdio, valvopatias cardíacas
graves, miocardites, tamponamentos cardíacos.
Diminuição do retorno venoso , hemorragia (diminui volume), dilatação venosa aguda, obstrução de
grandes veias.

Controle do fluxo coronariano


 Metabolismo local – principal regulador de fluxo coronário. Quanto maior a demanda de O2, maior
o fluxo coronariano.
 Estimulação parassimpática escassa – efeito discreto de dilatação coronariana
 Estimulação simpática – receptores alfa (vasoconstrictores – epicárdicos) e beta (vasodilatadores –
artérias intramusculares)
Cianose
SEM IOLOGIA
Coloração azulada de pele e mucosas, pode ser avaliada nos leitos ungueais, nos lábios, no nariz, nas
orelhas. Ocorrem por redução de hemoglobina abaixo de 5mg/dl.

Edema
É o aumento do líquido no espaço intersticial proveniente do plasma sanguíneo.
 Edemas recentes: pele lisa e brilhante
 Edemas crônicos: têm pele em “casca de laranja” Tem maior intensidade a tarde, geralmente em
membros inferiores. De manhã ou em pacientes acamados, há maior acúmulo de edema em região
sacral.

Comprimir a pele que recobre região óssea; quando temos permanência da forma do dedo na pele, temos
cacifo positivo (deve ser graduado de uma a 4 cruzes, de discreto a grave). Para que haja cacifo positivo,
é preciso que pelo menos 4,5L se acumulem no interstício.

Pulso arterial
Percepção da expansão da parede arterial originada pela ejeção ventricular e sua transmissão aos vasos
periféricos.Ao palpar pulso, avaliamos se ele é cheio ou vazio, a simetria do pulso, o ritmo, etc.
 Pulsos centrais: Carotídeo e femoral
 Pulsos periféricos: Axilar, braquial, radial, poplíteo, pedioso, e tibial posterior.
Palpar o pulso com 2º e 3º dedos, nunca com o polegar (pois podemos palpar nosso próprio pulso).

Pulso venoso jugular


Há continuidade anatômica entre o AD, a VCS e as veias jugulares, isso permite que alterações
pressóricas do átrio sejam transmitidas até as jugulares. O pulso venoso expressa a dinâmica do
enchimento ventricular direito, portanto.

Pressão venosa central (PVC)


Reflete a pressão sanguínea no átrio direito, estimando o status volêmico. Se for baixa, indica hipovolemia,
se for alta indica hipervolemia. É possível medir diretamente a PVC se colocando um cateter no átrio
direito.
 Estase jugular: Ingurgitamento da jugular observado principalmente na jugular externa.
 Método de Lewis: Estima a PVC em pacientes com estase jugular. Avaliar o ponto mais alto da
ingurgitação venosa da jugular externa (com o paciente em leito elevado em 45º), no qual se traça
uma linha imaginária paralela ao solo. Mede-se desse ponto ao ângulo de Louis (junção entre
manúbrio e esterno), e se soma 5cm (que é a distância do esterno até AD). Seu valor normal é de 8
a 10. (https://www.youtube.com/watch?v=MZKSkVSbH8k)

Pressão arterial
É a força exercida pelo sangue sobre as paredes dos vasos, e ela varia dependendo da posição do
paciente, da sua atividade e da situação em que se encontra.

Sons de
Korotkoff
Fase Primeira aparição dos ruídos rítmicos, coincidindo aproximadamente com o pulso palpável.
1
Corresponde ao valor da pressão sistólica.

Fase Ruídos mais leves e longos, como murmúrios intermitentes


2

Fase Os ruídos tornam-se novamente altos e firmes


3

Fase Ruídos abafados, pouco distintos e leves. Corresponde a pressão diastólica (principalmente
4 em
pacientes que não têm fase 5, ou seja, os sons não desaparecem)
Fase O som desaparece completamente.
5

Medida da pressão arterial


Na primeira avaliação, medir a pressão arterial dos dois braços, e considerar a mais alta. Diferença de PA
em membros superiores pode indicar coarctação de aorta. Realizar pelo menos 3 medidas com intervalos
de 1 minuto entre elas, e considerar a média delas a PA real.

A posição recomendada é a sentada, mas é importante medir a PA em posição ortostática e supina na


primeira consulta de pacientes idosos, diabéticos, portadores de disautonomias, alcoólatras, e com uso de
medicamento anti-hipertensivo.

1. Explicar o procedimento ao paciente, deixa-lo em repouso por 5 minutos, perguntar se o paciente


não está com a bexiga cheia, se praticou exercícios na última hora, se bebeu, se tomou café ou
comeu, se fumou na última meia hora.
2. O paciente deve estar sentado, com pernas descruzadas, com o braço na altura do coração (ponto
médio do esterno ou 4º EIC), com o braço apoiado com a palma da mão pra cima
3. Medir a circunferência do braço do paciente e usar o esfigmo adequado (se o esfigmo for muito
pequeno num paciente obeso, por exemplo, se pode medir no antebraço, mas o mais correto é
usar um esfigmo maior).
4. Colocar o manguito sem folga, 2 a 3 cm acima da fossa cubital, centralizando o meio da parte
compressiva sobre a artéria braquial
5. Estimar a pressão sistólica no pulso radial (seu reaparecimento indica a PA sistólica).
6. Colocar a campânula do esteto sobre artéria braquial na fossa cubital, sem comprimir demais
7. Inflar o manguito 20 a 30mmHg acima da sistólica estimada, e desinflar lentamente (2mmhg por
segundo). A PA sistólica é a fase 1 de Korotkoff, quando achá-la, desinflar um pouco mais rápido o
manguito.
8. A PA diastólica é na fase 5 de Korotkoff ou na fase 4 em pacientes sem fase 5.
9. Não arredondar os valores obtidos.

Exame físico do tórax


1. Inspeção
 Tipo de tórax: Pode ser normal, em tonel, cifótico, escavado ou carinado. É importante observar
que um tórax com maior diâmetro anteroposterior pode ter ausculta diminuída.

 Ictus cordis: É o choque do ápice do coração na parede torácica que ocorre na contração do VE.
Pode ser visto na inspeção ou na palpação. Se posicionarmos o paciente em decúbito lateral
esquerdo em 45º a avaliação é mais fácil. A retração do ictus (ictus não visível ou palpável) pode
indicar pericardite constritiva, infecção do trato respiratório inferior, ou cardiomiopatia restritiva, mas
também pode ser porque o paciente tem tórax grande.

2. Palpação
 Ictus cordis: investiga-se a localização, extensão, mobilidade, intensidade e força da impulsão,
ritmo, frequência
 Frêmito cardiovascular: É a sensação tátil de um sopro cardíaco.

3. Percussão
A percussão não é muito usada no dia a dia
 Sinal de Lewis: se houver grande derrame pericárdico, há macicez na percussão (2º e 3º EIC), e
quando o paciente deita a macicez some.
4. Ausculta
Fazer a ausculta em ambiente silencioso, com o paciente em decúbito dorsale torax descoberto (mas pode
ser sentado ou em decúbito lateral esquerdo), com o médico do lado direito do paciente.
 Focos apicais: Mitral e tricúspide
 Focos de base: Aórtico e pulmonar

Bulhas  São os sons produzidos pela vibração da coluna de sangue e das estruturas cardiovasculares
(válvulas e músculo cardíaco).

B  Ocorre no fechamento das valvas AV (mitral e tricúspide) pela vibração causada pela
1
movimentação do sangue nos ventrículos. Fisiológico.
B  Ocorre no fechamento das valvas semilunares (aórtica e pulmonar) pela desaceleração da coluna
2
líquida sobre as válvulas. Fisiológico.
B  Causado pela brusca desaceleração da coluna de sangue contra as paredes ventriculares no final
3
da fase de enchimento rápido (entre a proto e a mesodiástole). Costuma ser patológico (diminuição
da complacência ventricular ou IC) mas pode ocorrer por hiperfluxo (febre, exercício,
hipotireoidismo).
B  Causado pela desaceleração da coluna sanguínea impulsionada pelos átrios contra o sangue no
4
VE (naelediástole). Ocorre por ventrículo pouco complacente, doença isquêmica do coração,
hipertrofia de VE, HAS, ou estenose aórtica (EAo)

Sopros  Ocorrem quando o fluxo cardíaco deixa de ser laminar (normal) e se torna turbulento.
 Sopros sistólicos coincidem com o pulso carotídeo, sopros diastólicos ocorrem entre pulsos
 Sopros sistólicos têm formato regurgitativo ou ejetivo, sopros diastólicos são em ruflar ou
aspirativos
Manobras para avaliação de sopros
 Pachon: Para melhor percepção de sopros de baixa frequência no foco mitral, pede-se para o
paciente adotar o decúbito lateral esquerdo com a mão esquerda na cabeça.
 Sentado e tórax para frente: Bom para pacientes obesos e para avaliar sons de base do coração
 Rivero-Carvallo: Inspiração profunda, intensifica o sopro decorrente da insuficiência tricúspide,
diferenciando-a da mitral. Pode intensificar o sopro da estenose pulmonar.

Sopros inocentes
Sem frêmito, nunca são diastólicos ou holossistólicos, suaves (ejetivo, timbre musical), sem alteração de
bulhas e com irradiação restrita, em borda esternal esquerda.
Em pacientes com aumento de DC: gestantes, anêmicos, septicos, hipertireoidismo.
EXAMES COMPLEMENTARES EM CARDIOLOGIA
RADIOGRAFIA DE TÓRAX
Sempre pedir RX de tórax e ECG em pacientes com dor torácica (ex.: Se o paciente tiver aorta
aumentada, temos aneurisma de aorta, que pode causar dor torácica, e isso aparece no RX de tórax).
Incidências: O RX de tórax ideal é postero anterior (PA), mas também pode ser em perfil. A incidência em
PA é boa para avaliar o AD e o mediastino, já a em perfil é melhor para AE. A incidência em AP não é tão
usada porque tem magnificação da área cardíaca, mas se a incidência em PA não for possível, pode ser
usada.O primeiro arco do Rx é a aorta, o segundo é a artéria pulmonar (que aparece aumentada em
hipertensão pulmonar)
Sempre pedir RX de tórax em PA e perfil na primeira avaliação do paciente
 Diagnósticos que podem ser realizados com RX de tórax: edema cardiogênico, derrame
pericárdico, pneumomediastino, aneurismas aórticos, patologias pulmonares associadas.

Índice cardiotorácico: Avalia se o tamanho da área cardíaca (pode ocorrer por aumento do coração, por
derrame pericárdico, etc.) está adequado. O maior diâmetro do coração tem que ser menor que metade do
tórax, senão temos área cardíaca aumentada.

TESTE ERGOMÉTRICO
Colocar o paciente numa esteira numa velocidade e inclinação pré definidas, de acordo com sua idade,
condição física, etc., de modo a elevar sua frequência cardíaca a pelo menos 85% da FC máxima, de
modo a levar o paciente a usar a reserva coronariana
 FCmáx: 220-idade do paciente.

Indicações: Detectar isquemias, arritmias, distúrbios hemodinâmicos, avaliar capacidade funcional,


condição aeróbica, diagnosticar e estabelecer prognósticos de determinadas DCV, prescrever exercícios
(pode-se usar para descobrir até qual frequência cardíaca um cardiopata pode se exercitar sem que haja
alterações, por exemplo), avaliar intervenções terapêuticas, demonstrar para pacientes e familiares suas
reais condições físicas, ou fornecer dados para perícia médica.
 Reserva coronariana: Diferença entre a dilatação da coronária em repouso e em esforço. O
exame avalia a presença de obstrução coronariana, que só é considerada importante se for
maior que 70% ou 50% em tronco de coronária E.

Durante o teste ergométrico tanto a FC quanto a PA tem que subir (pode subir até 90mmhg de sistólica em
homens, 70 em mulheres). Após o esforço, o período de recuperação tem que ser de 6 minutos, para
avaliar se as condições hemodinâmicas voltam ao normal do repouso. Se a PA não subir com o teste
ergométrico, há uma má adpatação cardíaca, e o teste tem que ser interrompido senão o paciente
desmaia.
Temos teste ergométrico positivo se sugerir uma coronariopatia. Isso é representado pela presença de
variáveis clínicas (dor precordial, sudorese, palidez, cianose, estertores pulmonares, novos sopros,
agravamento de sopros pré existentes, queda da PA durante o esforço) e infradesnivelamento de ponto J
de pelo menos 2mm (ponto J: primeiro ponto do segmento ST), ou supradesnivelamento de ST na
ausência de onda Q (exceto em V1 e aVR).
O exame sempre é inconclusivo em pacientes com bloqueio de ramo esquerdo (BRE) e síndrome de Wolff
Parkinson White (WPW), pois eles alteram o ECG de tal maneira que impedem a avaliação do teste
ergométrico. Também é inconclusivo se o paciente não atingir a FC submáxima (85% da Fcmáx),
qualquer que seja o motivo.

CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA
Estudo fisiológico que retrata o aspecto funcional e metabólico da função cardíaca. Quando a resistência
não é critica o fluxo é regulado pelas arteríolas, que são vasos de reserva primária da circulação
coronariana.
A cardiologia nuclear utiliza estresse físico ou medicamentoso para diagnosticar regiões onde há menor
reserva miocárdica disponível, comparando essas imagens com as de repouso e traçando um perfil de
gravidade e extensão da área acometida, permitindo diagnóstico e prognóstico desses pacientes.
Avalia o fluxo sanguíneo pelas artérias que nutrem o coração (coronárias) e sua distribuição no músculo
cardíaco. O procedimento é capaz de identificar eventos cardíacos graves, como o infarto, e é dividido em
duas etapas: uma em repouso e a outra de esforço, físico ou farmacológico, a critério do médico.

Radiofarmacos
99m
Tc – Sestamibi – traçador e marcador com tecnécio utilizado em pesquisa de isquemia miocárdica
Tálio 201 – pesquisa de viabilidade miocárdica
Gálio 67 – processos inflamatórios

CINECORONARIOGRAFIA
A cinecoronariografia é uma modalidade de cateterismo cardíaco no qual irá avaliar o estado das
coronárias e a eventual presença de obstrução/estreitamento, ocasionado pelas placas de gordura. Dura
cerca de 30 minutos, é praticamente indolor e após o exame recomenda-se repouso no hospital por 1 a 4
horas, podendo o paciente ser liberado no mesmo dia, sem necessidade de internação.
ECOCARDIOGRAMA
é um exame de ultrassonografia do coração que fornece imagens obtidas através dos diferentes graus de
refração de ondas sonoras de alta frequência
Ecocardiograma com doppler.
Ampla disponibilidade, ótima relação, custo benefício. Excelente técnica para análise estrutural e funcional
do coração. São obtidos de forma rápida e fácil as dimensões cabitárias, espessuras das paredes,
anatomia, mobilidade e competência das valvas, características do pericárdio e dados para a avaliação
das funções sistólicas e diastólicas do ventrículos.
A fração de ejeção

ANGIOTOMOGRAFIA
A Angiotomografia Coronariana é um estudo avançado e não invasivo que permite a visualização
tridimensional do coração, das suas estruturas e das artérias coronárias. O exame é realizado através de
tomógrafos de última geração (também chamados de multi-slices ou multi-detectores) que emitem feixes
de raio-x, captados pelos detectores, reproduzindo imagens tridimensionais do órgão. Durante o exame é
injetada uma pequena quantidade de contraste iodado (70 a 90 ml) para realçar o interior das artérias,
permitindo ao médico caracterizar a presença de placas de gordura ou cálcio e o grau de
comprometimento do lúmen.
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