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Os Carmelitas e a Conquista do Maranhão (1614-1622)

Luís Filipe Marques de Sousa1

RESUMO

A 3 de Novembro de 1615, o capitão-mor Alexandre de Moura concluía a rendição dos fran-


ceses que ocupavam desde 1612 a região da ilha do Maranhão e forte de S. Luís. A partir daqui estava
aberta a fixação dos portugueses no Nordeste e norte do Brasil até à bacia do Amazonas.
O papel do capitão-mor, dos soldados portugueses foi secundado e acompanhado pelos religio-
sos de diferentes ordens, a saber franciscanos capuchos, jesuítas e carmelitas. Todos, a principio, re-
giam-se pelo caracter missionário e de evangelização e do auxilio junto dos portugueses enquanto
capelães.
O caso dos carmelitas, pelo que a escassa documentação, nos parece, não deixará antever uma
participação de pouco significado, não é exemplo disso. Os carmelitas desempenharam a mesma fun-
ção que as restantes ordens. Estes estabeleceram-se em finais de Janeiro de 1580 na Paraíba, Olinda,
e daí prosperaram fundando conventos, recebendo terras em sesmarias e ganhando para si novos re-
ligiosos da terra e outros vindos de Portugal.
Com a progressão da conquista e afirmação portuguesa sobre os territórios do nordeste e norte
do Brasil, estes passaram a acompanhar as expedições e campanhas como capelães, confessores e até
interlocutores entre os diferentes beligerantes (índios e europeus). Os carmelitas granjearam o apreço
dos capitães-mores que os fizeram mencionar em seus regimentos.
A conquista do Maranhão e Pará (1612-1618) enquadra-se neste movimento de ocupação por-
tuguesa do espaço mais a norte do Brasil. Os carmelitas estabeleciam-se no Maranhão criando o vica-
riato com o convento em S. Luís, abrangendo Tapuitapera (Alcântara) e Belém. Nesta conquista sa-
lientaram-se as figuras de Frei Honorato (de origem francesa), de Frei Cosme da Anunciação, que
acompanharam Alexandre de Moura, e de Frei André da Natividade.

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Os Carmelitas e a Conquista do Maranhão (1614-1622)

1. A Ordem do Carmo em Portugal dos sécs. XII a XVI

As origens da Ordem do Carmo prendem-se com o fenómeno das cruzadas, das pere-
grinações à Terra Santa e da vida eremítica da Palestina dos sécs. XI e XII. Deve-se a Sto.
Alberto, Patriarca de Jerusalém a sua organização canónica. Sto. Alberto, a pedido dos ere-
mitas2 do Monte Carmelo (Galileia), iria definir a regra, de 1205 a 1214 (Regra de Sto. Al-
berto, normas de vida em comum) reunindo os costumes da vivência eremítica dos que ali
viviam “estabelecendo” um estilo de vida solitário e de penitência, dedicado à oração, con-
templação e ao trabalho, dando enlevo ao culto Mariano (da Virgem Maria).
Esta proposta de vida religiosa rompia com a tradição beneditina de então, sobretudo
no âmbito da vida comunitária. A regra após alguns percalços foi aprovada pelo Papa Ho-
nório III, pela bula Ut Vivendi Norman (1226) e que foi confirmada por Gregório IX (1229).
No entanto com o agravamento e avanço do domínio muçulmano na região estes pri-
meiros frades tiveram de abandonar aqueles territórios, espalhando-se por toda a Europa.
Em 1247 tendo-se já implantado na Europa aproximam-se da reforma mendicante inici-
ada por franciscanos e dominicanos, entre outros. Tal imporia uma modificação ligeira da
regra inicial. Esta exigência acabaria por levar os carmelitas pedirem ao Papa Inocêncio IV,
um novo texto da Regra de Sto. Alberto, onde se propunha a não obrigatoriedade de se
fixarem em lugares ermos para as novas fundações e dessa forma assumirem uma presença
mais activa junto das populações, abandonava-se a exigência eremítica e acentuava-se a ten-
dência cenobítica.
É nesta altura que a aproximação às ordens mendicantes se torna mais presente. Os car-
melitas passam a ter uma presença mais activa na pastoral, catequese, ensino, pregação e ao
serviço das paróquias.3
Em 1431 a regra inicial sofreria alterações no sentido de abrandar a sua exigência, a qual
os carmelitas calçados iriam perpetuar após a separação entre eles e os descalços. Esta
separação deveu-se à retoma no sentido da fidelidade aos primeiros tempos, por Sta. Teresa
de Ávila ou de Jesus, voltando-se ao rigor da Regra de 1247.

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A presença feminina na Ordem do Carmo data-se de 1452 (fundação da Segunda Or-
dem), altura em que se dá por João Soreth a regularização das professas que viviam junto
dos conventos masculinos e que desejavam ingressar na regra carmelita. Assim, por toda a
Europa surgiram conventos de freiras carmelitas que adoptavam um estilo de vida contem-
plativo e de clausura. Em 1537, Teresa de Ahumada (Teresa de Jesus, 1562) entrava no mos-
teiro de Ávila e sentindo o apelo ao regresso a uma vida de maior recolhimento e contem-
plação iniciava a sua reforma. No campo masculino contou com a pronta colaboração de
São João da Cruz que rompia com as práticas então vigentes4.
A reforma de Sta. Teresa de Jesus tentava repor a regra inicial de 1247, com isso levou a
reforma e separação da Ordem em Carmelitas Descalços (1580).5
Em Portugal a presença carmelita, da primeira ordem, aparece-nos datada para 1251,
altura que em Moura se fixaram os cavaleiros hospitalários, que tomaram consigo frades
carmelitas por conselheiros. No entanto esta fixação não é consensual havendo quem aponte
para a altura da fundação no sécºXIV do primeiro convento, em Moura, durante o seu pri-
meiro terço, por D. Afonso de La Cerda (1354). Seguir-se-lhe-ia a fundação do Convento do
Carmo6, em 1386, ficando sempre associado à figura do Santo Condestável, D. Nuno Álvares
Pereira7.
A principio os carmelitas portugueses pertenciam à Província Carmelita de Castela, ha-
vendo por alturas da fundação do Convento do Carmo já Vigário Geral em Portugal (Pe.
Afonso de Alfama). Mas seria no rescaldo do reinado de D. João I, em 14238, e por sua inter-
venção que se proporia a constituição de uma província independente da de Castela.9
O Carmelo Lusitano durante grande parte do sécº XV viveria uma situação agitada e
indefinida. Seria com Fr. Baltazar Limpo (1523), próximo das ideias do Geral Nicolau Au-
deth, que se iniciaria uma reforma da província portuguesa reintroduzindo-se a vida religi-
osa comum e a pobreza evangélica. Dessa forma recuperava-se a vida carmelita em Portu-
gal.
A presença da reforma da Ordem do Carmo levada a cabo por Sta. Teresa de Jesus em
meados da centúria de quinhentos (Breve Pia Consideratione de Gregório XIII), no território
nacional teve a sua origem na fundação do convento de S. Filipe, em Lisboa (1583); divi-

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dindo-se desta forma a Ordem em duas congregações, a dos carmelitas antigos ou obser-
vantes e a dos carmelitas descalços, separação que ficou firmada pela bula de Clemente VII
Pastoralis offici, de 20 de Dezembro de 159310.
A 1 de Outubro de 1581 Fr. Ambrósio Mariano de S. Bento (italiano), entrou em Portugal
com alguns companheiros introduzindo a reforma de Sta. Teresa de Jesus em Portugal. Esta
reforma contava no inicio do período filipino, com 9 casas masculinas, 3 femininas e 1 colé-
gio para estudos em Coimbra. Em 19 de Junho de 1588, pela celebração do capítulo em
Madrid era criada a Província de S. Filipe de Portugal. 11
A sua acção missionária, ao que nos parece pouco significativa, fez-se ao sabor dos des-
cobrimentos e da expansão ultramarina e alargar-se-ia aos novos territórios de Angola,
Congo, Guiné, Moçambique, Índia e Brasil, onde com o apoio do Padroado se foram im-
plantando.12

2. A Ordem do Carmo no Brasil de 1584 a 1622

Decorria o ano de 1583, em tempo do novo governador geral, Manuel Teles Barreto13,
quando os carmelitas, seguindo o exemplo de capuchos de Sto. António e beneditinos, fun-
davam os seus conventos em Olinda (Pernambuco) e Santos, chegando a ter neste território
duas Províncias.14 Para tal contaram com o auxílio do capitão-mor Jerónimo de Albuquer-
que Coelho.
Os primeiros quatro carmelitas que ali se dirigiam, chefiados por Fr. Domingos Freyre,
destinavam-se à missionação do gentio da Paraíba, projecto iniciado por Frutuoso Barbosa,
por iniciativa do Cardeal-Rei D. Henrique15. Citando Fr. Vicente do Salvador, sobre a jor-
nada deste ao Pernambuco, afirma que chegando aí em 1579 16 se fazia acompanhar de um
“vigário a quem el-rei dava quatrocentos cruzados de ordenado, e religiosos da nossa será-
fica ordem franciscana e de São Bento ”.17 Segundo afirma Balbino V. Bayon, Frutuoso Bar-
bosa havia obtido do Padre Vigário Provincial, Fr. João Cayado, autorização para que o
acompanhasse na jornada os padres Bernardo Pimentel, António Pinheiro, Alberto de Sta.
Maria e Domingos Freyre, este último homem de letras, pregador e que ostentando o cargo
de superior ia com a missão de erigir convento18.

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A carta de 26 de Janeiro de 1580 acrescenta-nos alguns dados sobre a missão destes fra-
des. O Brasil encontrava-se necessitado de religiosos e sacerdotes e estes iam para assegurar
a instrução nos preceitos cristãos, administrar a penitência e fundar mosteiro na Paraíba sob
a intitulação de Nsa. Sra. da Vitória, em Pernambuco, e demais lugares. Fr. Domingos Freyre
teria como missão pregar o Evangelho e ouvir em confissão, os colonos e conversos, tarefa
que se estendia a todos.19
Além deste trabalho apostólico, o estabelecimento dos carmelitas tinha como fim a for-
mação de novos religiosos. Assim junto do convento e Igreja de Nsa. Sra. do Carmo, em
Olinda (1583), criaram o curso de Teologia (1596). A par deste labor continuou a progressão
e instalação de novos conventos: S. Salvador da Bahia (1586), Santos (1589, onde participara
o então Comissário dos Carmelitas do Brasil, Fr. Pedro Viana20), S. Paulo (1589) e Rio de
Janeiro (1590-96, cit. Caio Boschi). A 15 de Janeiro de 1595, por decisão do capítulo provincial
de Lisboa, formava-se a vice-província ou Vicariato dos carmelitas descalços do Brasil.
Ao Vigário Provincial do Brasil estavam atribuídas as funções de reger todos os conven-
tos do Brasil. Este seria eleito pelo Capítulo Provincial e teria precedência nos capítulos pro-
vinciais aos definidores e permissão para a absolvição de certos desregramentos. Em caso
de morte o prior de Olinda o substituiria21. Foi seu primeiro provincial Fr. João Seixas.
Sobre a forma de administrar o vicariato do Brasil descreve-nos Balbino V. Bayon que
aos priores dos conventos era admitido absolver súbditos nos casos reservados ao Padre
Geral, por se encontrarem distantes, e que lhes era permitido, de acordo com a comunidade,
admitir candidatos ao hábito desde que asseverassem ter qualidades. Quanto ao Provincial
deveria defender os interesses da província na Metrópole, não podia mandar religiosos para
o Brasil por um período superior a um triénio, procedimento idêntico para a mudança de
convento, definir o depositário das esmolas de cada convento e confirmar os priores de cada
comunidade, de preferência os que ali havia recebido a ordenação sacerdotal. Excepção a
ser observada era a de que a ordenação sacerdotal e admissão à Ordem estava interdita a
índios e mouros22.
Durante o inicio de seiscentos esta progressão seguiu o caminho da conquista do Nor-
deste e norte do Brasil, criando-se conventos na Paraíba, Sergipe, S. Luís do Maranhão e
Pará. No entanto a falta de religiosos mostrava a dificuldade em suprir em número as outras

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ordens religiosas que desde quinhentos já pululavam os sertões e rincões brasileiros, nome-
adamente jesuítas e franciscanos, ordens estas entregues principalmente ao labor missioná-
rio.
O frade carmelita sentia dificuldade em administrar o seu património, o que fazia des-
regrar o zelo apostólico e a disciplina conventual, acabando este por se dedicar à adminis-
tração dos sacramentos aos colonos e a cuidar das suas fazendas dadas em sesmarias. Daqui
se concluindo que fora pouco significativo, nestes primeiros tempos, o seu trabalho missio-
nário junto dos gentios.23
No esforço de conhecimento do outro, salientemos que o discurso do colono apresenta
comumente o índio como ser bestial difícil de uma missionação efectiva e valorizando-o
apenas como força de trabalho, que só a sua arregimentação e escravização (cativeiro) per-
mitia aproveitar. Gabriel Soares de Sousa24, autor da obra Noticias do Brasil (1592, inédita até
1825), que se fizera acompanhar na sua jornada (bandeira) ao Brasil, 7 de Abril de 1591, por
quatro frades carmelitas, entre eles Fr. Jerónimo de Canavases, que viria a ser provincial da
ordem25, refere-se aos íncolas de modo a sugerir temor e ódio em relação aos que permane-
ciam livres, evidenciando a descrença e desvalorização dos índios dependentes dos missio-
nários e mostrando o apreço pelos índios escravizados.
No contexto da colonização dos primeiros tempos do Brasil todas as ordens depararam-
se com esta dificuldade, quer do colono cristão que depreciava o indígena, quer das parti-
cularidades da cultura ameríndia, e até mesmo das limitações dos padres e irmãos. Lem-
bremo-nos que nas aldeias de índios sob administração dos religiosos acabavam por coabi-
tar as práticas autóctones com as práticas cristãs. O índio acabava por ir perdendo identi-
dade, sendo em muitos casos olhado como criatura infantil, não se lhe reconhecendo o di-
reito a uma plena liberdade.
Por esta altura assistimos aos esforços dos missionários em atrair, converter os índios,
fosse para garantir a mão-de-obra para a sua fazenda ou engenho, fosse para através de
política de alianças garantir pazes entre os colonos portugueses e os índios, arregimentando
efectivos às bandeiras contra ocupantes (franceses, ingleses e holandeses) ou contra tribos
hostis, tarefa do capelão que acompanhava as entradas. Quanto ao discurso pedagógico, os
missionários socorreram-se para atrair os índios à conversão, da música e da representação,
abrindo o caminho à “instrução” do índio.26

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No inicio da centúria de seiscentos o número de professos carmelitas no Brasil atingia
quase uma centena e haviam já fundado seis conventos. A Ordem parecia crescer nestas
paragens27. Assim vemos durante a primeira metade de seiscentos aumentar o número de
fundações, quer para sul quer para norte (do Rio de Janeiro até a Belém do Pará).
Em 1635, Fr. Sebastião dos Anjos, procurador dos carmelitas do Brasil, vendo o número
crescente de conventos e religiosos, cerca de 200 irmãos, propõe a constituição de uma Pro-
víncia autónoma28. Tal desiderato só teria eco no ano de 1640 quando o Geral da Ordem,
Teodoro Stracio, propõe a criação da Província sob o título de Nsa. Sra. do Rosário. A Pro-
víncia portuguesa reagiu de forma contrária ao projecto, sendo abandonado, em favor da
criação de dois vicariatos, Bahia, com nove conventos, e Maranhão com três conventos.
O Brasil só viria a conhecer Províncias Carmelitas por volta de 1720, altura em que as
vice-províncias de Rio de Janeiro e a de Bahia (1685), passaram definitivamente a estar se-
paradas da Província portuguesa. Os territórios do Maranhão continuariam ligados a Por-
tugal, até 182229.

3. Os Carmelitas e o inicio da sua fixação no Maranhão e Pará

A integração do espaço nordeste e norte do Brasil na esfera de actuação carmelita acom-


panhará a conquista e fixação dos portugueses nestas paragens, desde 1612, altura em que
se leva a efeito os primeiros recontros com o fim de desalojar os franceses e de afirmar a
posse da terra pela Coroa Portuguesa. A empresa militar necessitava de religiosos que ac-
tuassem como capelães e como intermediários entre as tribos indígenas procurando o apoio
delas para a fixação do colono e presença portuguesa. Não é, pois, de estranhar que em
alguma historiografia brasileira se mencione o exército luso-brasileiro, para designar a cola-
boração entre as bandeiras de colonos e as tribos de locais, muitas vezes explorando as di-
vergências entre tribos a favor dos portugueses.
Os missionários desempenhariam um papel importante na reclamação do território do
Nordeste e da Amazónia para a Coroa portuguesa. A contenda entre colonos e indígenas
era desigual e difícil. O colono tinha ao seu dispor armas de fogo, que eram superiores ao
simples arco e flecha. A principal preocupação foi após a conquista, reduzir o índio à causa
portuguesa. A acção militar era complementada pela acção missionária que acompanhava

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as entradas e bandeiras. Era então necessário catequizar os gentios, incorporá-los e subor-
dina-los aos ditames da soberania portuguesa30.
A presença dos carmelitas no Maranhão e norte do Brasil está intimamente ligada à Jor-
nada de Alexandre de Moura para por fim à conquista do Maranhão31. Iniciada a conquista
a 19 de Novembro de 1614, com a batalha de Guaxemduba, punha fim a presença dos fran-
ceses nestas regiões onde haviam fixado e fundado a vila de S. Luís, em 161232.
A armada do capitão-mor e general da guerra, Alexandre de Moura33, organizada para
por fim às tréguas entre portugueses e franceses, entre Jerónimo de Albuquerque e La Ra-
vardière, dado que as forças portuguesas se encontravam em desvantagem34. Devendo-se
isso à aliança do índio do Maranhão com os franceses.
Alexandre de Moura saiu de Pernambuco a 5 de Outubro de 1615, chegando cerca de 23
de Outubro de 1615 ao Maranhão, fundeando em frente à fortaleza de S. Luís. Este capitão
fazia-se acompanhar por dois carmelitas, que iam como capelães: Fr. Cosme da Anunciação
e Fr. André da Natividade35.
A 2 de Novembro de 1615 Alexandre de Moura entra em negociações para a rendição
dos franceses, com La Ravardière. No entanto tais negociações malograram-se e Alexandre
de Moura toma posse da fortaleza a 4 de Novembro de 1615, mudando de imediato o nome
para S. Filipe. La Ravardière seria levado preso pelo capitão-mor Alexandre de Moura, para
Pernambuco, a 9 de Janeiro de 1616, seguindo depois para Portugal36.
No relato da conquista e feitos de Alexandre de Moura, de 24 de Setembro de 1616 (Lis-
boa)37, este refere a urgência em que se encontra aquela conquista e necessidade de a povoar
de gente, quer do reino quer das restantes capitanias, de reduzir e pacificar o índio, e sobre-
tudo que é importante irem religiosos. Deixa a Martim Soares Moreno, homem grande lingoa e
muito experimentado em seus tratos, a tarefa de passar, povoar e reduzir o índio que se havia
refugiado na região de Tapuitapera, junto ao rio Cumá.
Segundo Capistrano de Abreu, Fr. Cosme da Anunciação acompanharia Martim Soares
Moreno às terras de Cumá e Caeté (Tapuitapera e actual Alcântara), facto documentado pelo
regimento dado por Alexandre Moura, a 2 de Janeiro de 1616.38
Atentemos, no entanto, aos trabalhos destes primeiros carmelitas no Maranhão e Pará,
recorrendo-nos às consultas do Conselho da Fazenda sobre as petições do Provincial de Por-
tugal de 21 de Março de 1618 e de 23 de Novembro de 1622, a fim de apercebermos nos da

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intenção destes primeiros religiosos e de se fixarem e continuarem suas residências naquela
conquista.
A primeira questão levantada é da primazia ou presença dos missionários naquela con-
quista, referem-nos os documentos em anexo que haviam sido os carmelitas os primeiros ali
terem convento, por iniciativa de Alexandre de Moura, uma vez que como a consulta de
1622 nos afirma que tanto beneditinos, franciscanos e jesuítas 39, da vila de Marim, se mos-
traram indisponíveis para prosseguir na jornada que se preparara em 1614. Contando Ale-
xandre de Moura com a ajuda de Fr. Cosme da Anunciação, que ia por capelão, e de Fr.
Honorato, carmelita de origem francesa para negociar a rendição de La Ravardière. Antes
disso ordenara o dito capitão aos referidos frades que fizessem o reconhecimento da forta-
leza de S. Luís a fim de a tomar.
Foram eles os primeiros naquelas partes a ter convento naquelas partes, por mercê do
Regimento do referido capitão-mor, dando-se-lhes terras e a Ilha pequena em sesmarias. Ai
fizeram grande fructo das almas asy dos Conquistadores como dos Conquistados pregando e ensi-
nando a fe catholica.
A segunda questão era a do sustento e suprimento dos carmelitas no Maranhão. A refe-
rida mercê de Alexandre de Moura, apresentada pelos carmelitas assegura que a “doação”
em regime de sesmaria, das terras e Ilha pequena (Ilha do Medo40 ou Boqueirão41, em frente
à vila de S. Luís), se destinava a erigir igreja, convento e mosteiro, tendo nos seus limites
terras para cultivar e assim prover o sustento.
Indica-nos Balbino V. Bayon, segundando Berredo, que os carmelitas tomaram posse
destas mercês a 12 de Dezembro de 1615. E na cidade de S. Luís veio Jerónimo de Albuquer-
que doar-lhes terras para erigir convento (20 de Fevereiro de 161642), conhecido por “Carmo
Velho”. Este recebeu, do rei Filipe II, alvará de fundação a 7 de Abril de 1618, do qual foi
seu primeiro prior Fr. André da Natividade43.
Na verdade, a primeira preocupação foi ter o edifício físico de onde se poderia então
fazer e exercer todo o múnus apostólico, quer para com o colono quer para com o índio. Tal
facto nos adianta a consulta de 21 de Março de 1618, que aos carmelitas que ali ficaram
fossem eles capelães e confessores dos presídios daquela Conquista, dando-lhes mercê de
ordinárias e côngrua para a sustentação dos conventos que ali fundassem.

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Terceira questão, a missão entre os colonos e gentios; era necessário religiosos que asse-
gurassem os ofícios divinos e sacramentos, que confessassem os colonos e sobretudo se de-
dicassem à conversão dos Infieis daquellas partes que pella Informação que tem he infinito o gentio
que há nellas. Assim havia de erguer casa no Maranhão e no Pará para se ensinar os noviços
e convertidos à fé católica. Ainda se trata mais especificamente do ensino dos religiosos que
para lá fossem nos ditos mosteiros hem seminarios aprendão a língoa e possão doctrinar he ensinar
a dita gente he que nas Residencias se ponhão Religiosos de provada vida e costumes he que saibão
bem a lingoa das naçoins a que ouverem de doctrinar repartindosse as residências por estes e pellos
mais Religiosos que vierão do Maranhão he que do Brasil mande o provincial Religiosos a dita Con-
quista que saibão bem a lingoa pera logo poderem assistir nas residências (Consulta/Petição de 21 de
Março de 1618) .

A questão da missionação levantava o problema da língua, era necessário para os traba-


lhos apostólicos e de fixação dos domínios da Coroa o conhecimento da língua e bom rela-
cionamento com os íncolas locais (aprendão a língoa e possão doctrinar he ensinar a dita gente).
Desde cedo se olhou estes como mão-de-obra, auxilio nas entradas e bandeiras e sobretudo
o ganhar almas para a fé católica. Mandava-se então que todos os carmelitas que ali estavam
terem obrigação de pregar e doutrinar as Almas de todos as Aldeas. E que para tal era obrigação
do rei e da Coroa (Padroado) enviar obreiros necessários pera a conversão dos Infieis he pera
adeministrarem os sacramentos aos convertidos.
E por último, é levantada a questão da entrega dos carmelitas aos trabalhos apostólicos
nos seus conventos ou da sua dedicação à missionação. Parece-nos terem optado por uma
posição intermédia. O carmelita vivia no espaço do seu convento e ou mosteiro realizando
os serviços apostólicos e praticaria a missionação e pacificação do índio que lhe estaria mais
próximo ou entregue.
A discussão ainda não obteve a consenso, havendo a interpretação de que a acção destes
se subordinou à sua acomodação nos conventos e mosteiros, ocupando-se das tarefas “cul-
turais” (ensino e administração dos sacramentos) ao invés da acção missionária junto dos
índios, acompanhando-os pelos sertões44. Tal questão é bem explicitada através da afirma-
ção de que os carmelitas no seu principio, no Maranhão e Pará, foram homens de muita
virtude e religião, não tendo, no entanto, por instituto a missionação45.

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Na verdade, a presença carmelita foi a primeira ali edificada, enquanto franciscanos e
jesuítas só mais tarde se fixaram com seus conventos, colégios e missões. Estes últimos, na
altura ocupavam-se de missões volantes, onde o missionário se internava nos sertões à pro-
cura do gentio e obrigando-o a se arregimentar, reduzir, junto das aldeias dos colonos. Ma-
téria esta que irá levar à celebre questiúncula entre colonos, capuchos de Sto. António e
Jesuítas, da liberdade e cativeiro do Índio.
Em 1624 os carmelitas do Maranhão viam ser nomeado para seu primeiro comissário no
Maranhão, Fr. Francisco da Purificação46.
Os trabalhos, propiamente ditos, de missionação dos índios só começariam em 1695 com
o estabelecimento das missões nos rios Solimões e Negro47. Esta definição e repartição de
áreas de missionação, pelas quatro ordens presentes naquele Estado, mercedários, carmeli-
tas, franciscanos-capuchos e jesuítas, ficou então estabelecida pela criação da Junta das Mis-
sões no Estado do Maranhão e Grão-Pará a 14 de Outubro de 1683, dando o governador
Francisco de Sá de Menezes provimento à Ordem Régia de que era portador e posterior-
mente confirmada por carta régia de D. Pedro II, em Março de 169348.

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- Documentos -

Documento 1

1618, Março, 21, Lisboa,


Consulta do Conselho da Fazenda sobre a petição do Provincial dos carmelitas para que se
lhe desse ordinárias para os conventos e residências do Maranhão e Grão-Pará, AHU, Lis-
boa, Capitania do Maranhão, Cx.1, doc.11.

O Provincial da ordem de nossa Senhora do Carmo da Provincia deste Reino e Brasil fez petições
a Vossa Majestade neste Conselho em que alega irem a conquista do Maranhão dous Religiosos da
sua ordem na armada com que la passou por ordem de Vossa Majestade Alexandre de Moura e seus
frades da mesma provincia he assy na dita armada como na dita conquista fizerão muitos serviços a
Vossa Majestade confessando e pregando he dizendo missas he admenistrando os mais sacramentos
indo muitos neles pela terra adentro por mandado do capitão não so a converter daquelles gentios mas
com elle a fazer pazes levantando muitas vezes e Igrejas ao qual despos ambos os ditos Religiosos
haver mandado o Capitão mor reconhecer a fortaleza dos inimigos antes de tomada foy despois ga-
nhada emcomendada a elles a missa e pregação he dar graças a Deus da Victoria a quem também o
dito Capitão mor encomendou tivessem a seu cargo a Capelania dos presídios o que fizeram com muita
pontualidade e zelo de serviço de Vossa Majestade não so a suas custas, mas a de seus ornamentos
(sic.) que da ordem tevera pellos não haver nos presídios como tude |fl.1vconstava das certidões dos
Capitões mores Alexandre de Moura e Jerónimo de Albuquerque he sirvão da fazenda da dita Con-
quista que presentavão depos os Religiosos de sua ordem desjarem de servir a Vossa Majestade nella
posserem os primeiros que pera esse effeito la forão he fundarão já a primeira Igreja que com muita
devoção he vesitada he frequentada de todos os Catholicos houvir os officios devinos he receber os
sacramentos.
Pedem a Vossa Majestade que tendo consideração ao referido haja por bem mandar que pellos ditos
Religiosos haverem sido os primeiros Capelães e confessores49 dos presídios daquella Conquista o sejão
sempre de todos os que ouverem naquellas partes do Maranhão, nas quais alem delles terem obrigação
de pregar e doutrinar as Almas de todas as Aldeas lhe seja pera esse effeito a cada convento que pello
tempo em diante fundarem dada e encomendada hũa particular que os ditos Religiosos nomearem pera

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della terem particular cuidado he assy mesmo ordinárias pera ajuda da côngrua sustentava seus con-
ventos como Vossa Majestade faz esmola aos Religiosos do Brasil mandando outrosy ao Governador
ou a quem pertenser a repartição das terras reparta com elles ditos religiosos he com todos os conventos
que naquellas partes ouverem de ficar. He como em vertude dos breves Appostolicos concedidos aos
Senhores Reis antecessores de Vossa Majestade lhe foy dada a Conquista da India he partes ultrama-
rinas hos dízimos delles como obrigação de enviarem a elles todos os obreiros necessários pera conver-
são dos Infieis he pera adeministrarem os sacramentos aos convertidos signalando lhe dos ditos dízi-
mos |fl.2 o Rendimento das ditas Conquistas o que lhe fosse necessario por sua côngrua sustentação
he conforme a dita obrigação se prosedeu sempre na India he conquistas como ditos obreiros hem
particular no Estado do Brasil he porque na nova conquista do Maranhão he Grão Para he necessário
haver ministros que tratem da conversão dos Infieis daquellas partes que pella Informação que tem he
infinito o gentio que há nellas he todo muy dispostos pera Receber a santa fee catholica. Pareceo que
Vossa Majestade deve dar licença aos ditos Religiosos pera poderem fazer hũa casa no Maranhão he
outra no Grão Para he que se lhe dem as ordinarias que se costumão dar aos conventos que tem no
dito Estado pera que nos ditos mosteiros hem seminarios aprendão a língua e possão doctrinarhe en-
sinar a dita gente he que nas Residencias se ponhão Religiosos de provada vida e costumes he que
saibão bem a lingoa das naçoins a que ouverem de doctrinar repartindosse as residências por estes e
pellos mais Religiosos que vierão do Maranhão he que do Brasil mande o provincial Religiosos a dita
Conquista que saibão bem a lingoa pera logo poderem assistir nas residências he que se lhe de gasa-
lhado no navio ho necessário pera sua embarcação Vossa Majestade mandara o que for servido, em
Lisboa a 21 de março de 618.
He por a Consulta Relatada senão achar tendosse sobre isto feito muitas deligencias se manda
Reformar a petição do suplicante por ser materia que requer brevidade Vossa Majestade manda o que
for servido em Lisboa a 8 de abril de 618. Manuel Luis da Silva// Luis Pereira// Simão Soares// Manuel
Caldeira de Brito

13
Documento 2

1622, Novembro, 23, Lisboa,


Consulta do Conselho da Fazenda sobre a petição dos religiosos carmelitas do Maranhão
acerca da confirmação das terras que recebera do Capitão-mor Alexandre de Moura, AHU,
Lisboa, Consultas do Conselho da Fazenda, Cod. 34, fls.126v-128.

fl.126vSobre a comfirmação que pedem os Relegiozos


do convento de Nossa Senhora do Carmo da Conquista
do Maranhão das terras que ahy lhe deu o capitam mor Alexandre de Moura

Os Governadores remeterão a este conselho hũa petição do provincial da ordem de Nossa Se-
nhora do Carmo e Vigario do com |fl.127 comvento da cidade de são Luis e os mais Religiozos delle
com ordem pera consultar sobre a materia o que paresesse na qual petição alegão que quoando Vossa
Majestade mandou conquistar o Maranhão forão chamados pera se acharem na empreza os Religiozos
da ordem de sam Bento, são Francisco e da Companhia50 que rezidem na villa de Marim do estado do
Brasil os quais vendo a dificuldade daquella empreza (ou por outros respeitos) não quizeram aseitar
pello que somente os religiozos da dita ordem de Nossa Senhora do Carmo por servirem Vossa Ma-
jestade aseitarão e porseguirão a dita empreza; outro sy pella boa industria do Padre Frei Honorato
religioso francês da mesma ordem se renderão os franceses largando a terra de que estavão de posse he
depois da terra sogeita a esta Coroa elles ditos religiozos da ordem de Nossa Senhora do Carmo pre-
serverarão edificando Igreja e Mosteiro onde oje actualmente rezidem com grande fructo das almas
asy dos Conquistadores como dos Conquistados pregando e ensinando a fe catholica e ministrando os
sacramentos e fazendas o mais que toca ao serviço de Deus e de Vossa Majestade he por estes serviços
e outros mais que com favor devino esperão fazer pelo tempo adiante O capitão mor da empreza Ale-
xandre de Moura em nome de Vossa Majestade repartindo as sesmarias daquela larga Conquista lhe
fez mercê de duas legoas de terra e da ilha pequena que esta defronte da barra como constava da
certidão que oferesião. Pedem a Vossa Majestade seja servido de lhe confirmar a dita data visto estarem
confirmadas outras muitas.
Da materia se deu vista ao Procurador da fazenda de Vossa Majestade o qual respondeo que
se devia ajuntar a carta que |fl.127v foi passada aos suplicantes da terra que se lhe deu de sesmaria e da

14
Ilha pequena e o Regimento ou ordem de Vossa Majestade que tinha Alexandre de Moura para dar
sesmaria aos suplicantes a dita terra e Ilha.
Os suplicantes aprezentarão hũa certidão de Antonio Simões Garrafa escrivão das datas e
demarcaçoins da conquista do Maranhão feita a 25 de Junho do anno passado de 621. perque se ve
estar em seu poder hum livro dos Registos das terras que se tem dado sesmaria naquella Conquista
no qual se contem hũa data de sesmaria que se deu ao Padre frei Cosme da Anunciação da ordem do
carmo para o dito mosteiro e irmãodade aquoal data he de duas legoas em quadra e assy a Ilha pequena
que esta defronte da barra.
E assy o capítulo do Regimento que o Governador Gaspar de Souza deu em vertude de hũa
provisão de Vossa Majestade a Alexandre de Moura que foi por capitão mor da dita Conquista porque
consta aver de assentar povoacoins e repartindo as terras de sesmaria aos moradores que nella ouve-
sem de asestir para que as ditas povoacoins com o favor das fortalezas ficassem mais seguras. E que
as cartas que o dito capitão mor passase das sesmarias serião na forma de ordenaçoins como mais
largamente era declarado no dito capítulo.
Do que mais acreçeo aserca da matéria se tornou a dar vista ao dito procurador da fazenda de
Vossa Majestade o quoal deu Reposta que os suplicantes nam aprezentarão carta das terras de que
tratão em sua petição e que para as poderem ter lhe era tambem necessário suprimento e licença de
Vossa Majestade e de mais disto passa de sinco anos que lhe forão dadas as ditas terras, e não tinhão
tirado carta nem |fl.128Constava que as cultivassem como se requeria pelo que não tinha lugar a con-
firmação que pedem pedindosse as ditas terras a Vossa Majestade novamente E avendo Vossa Majes-
tade por bem de lhe mandar deferir fazendo lhe mercê dellas aos suplicantes sem embargo da ordenação
que o proíbe nam teria duvida.
Os suplicantes replicarão dizendo que pela certidão que se Aponta do escrivão das datas das
terras daquella conquista constava das terras que lhe forão dadas, e suposta a provisão e a licença e
capítulo do Regimento referidos, tem plenariamente satisfeito desse Vossa Majestade fazer mercê de
mandar passar Carta de comfirmação das ditas terras. Visto estarem autualmente beneficiando culti-
vando e administrando as mesmas terras e ao comodo que de sua asistencia resulta a dita conquista
assy no aumento de nossa santa fe católica, como no serviço de Vossa Majestade sem embargo de
serem passados os seis mezes.
E vista a dita petição e rezoins que os suplicantes por sua parte alegarão e capítulo do Regi-
mento e sertidão do escrivão das datas da conquista do Maranhão e do dito Alexandre de Moura por
que consta acompanharem no a ella dous religiosos da dita ordem de Nossa Senhora do Carmo frei

15
Cosmo da Anunciação que o ajudou com muito coudado no em que o emcarregou, E na admenestração
dos officios devinos e doutrina, E naquela conquista serem de muita utilidade pera este efeito e como
pelos dittos papeis se ve que o dito Alexandre de Moura em vertude do dito Regimento deu as ditas
terras e Ilha aos ditos religiozos em nome de Vossa Majestade e Reposta que sobre a materia deu o
procurador da fazenda.
Pareçeeo que Vossa Majestade devia ser servido fazer mercê aos ditos religiosos de lhe confirmar
as ditas terras e Ilha assy e da maneira que lhes concedeo o dito Alexandre de Moura Vossa Majestade
mandara o que for servido. Lisboa, 23 de Novembro de 622. O Conde de Faro// Luis da Silva // Ruy
da Silva// Luis Pereira// Simão Soares

16
1
Mestre em História e Cultura do Brasil (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa).
2
Alguns deles cruzados e peregrinos, de origem ocidental, que ali se fixaram após a terceira cruzada.
3
Bernardo Vasconcelos e Sousa (Dir.), Ordens Religiosas em Portugal: Das Origens a Trento – Guia Histórico, Lisboa,
Livros Horizonte, 2005, p.406.
4
Fr. João de São Matias. Marcelle Auclair, Santa Teresa de Ávila: A Dama Errante de Deus, 4ºed., Braga, Liv. Aposto-
lado da Imprensa, 2001, p.197.
5
Bernardo Vasconcelos e Sousa (Dir.),ibidem, p.405.
6
Convento de Nsa. Sra. do Vencimento do Monte do Carmo.
7
Miguel de Oliveira, História Eclesiástica de Portugal, Lisboa, Europa-América, 1994, p.108;
8
Idem, ibidem, p.160.
9
Bernardo Vasconcelos e Sousa (Dir.), ibidem, p.407.
10
Fernando Larcher, “Episcológico Carmelita”, (Comunicação ao Congresso Internacional sobre A Ordens Religiosas no
Mundo Luso-Hispânico: Os Carmelitas no Mundo Luso-Hispânico, 2017)
11
Miguel de Oliveira, ibidem, p.160.
12
José Mattoso e Maria do Carmo Jasmina Dias Farinha (Coord.), Inventário: Ordens Monástico/Conventuais, Lisboa,
ANTT, 2002, p.157.
13
Filipe Nunes de Carvalho, “Do Descobrimento à União Ibérica”, in Nova História da Expansão Portuguesa: O Império
Luso-Brasileiro: 1500-1620, Coord. Harold Johnson e Maria Beatriz Nizza da Silva, Lisboa, Ed. Estampa, 1992, p.175.
14
Miguel de Oliveira, ibidem, p.152.
15
Fr. André Prat (O.Carm.), Notas Históricas sobre as Missões Carmelitanas no Extremo Norte do Brasil (Séculos XVII
e XVIII), Recife, s.n.,1941, p.25.
16
Informação de Fr. Vicente do Salvador. No entanto a data estará incorrecta conforme carta, de 26 de Janeiro de 1580,
transcrita por Manuel de Sá, em sua crónica. Balbino Velasco Bayon, História da Ordem do Carmo em Portugal, Lis-
boa, Paulinas, 2001, pp.179-180.
17
Fr. Vicente do Salvador, História do Brasil, 1500-1627, 7ª ed. Belo Horizonte, Itatiaia, 1982, p.220.
18
Balbino Velasco Bayon, ibidem, p.178.
19
Balbino Velasco Bayon, ibidem, pp.179-180.
20
Balbino Velasco Bayon, ibidem, p.182.
21
É o caso da nomeação de Fr. Cirilo da Ressurreição, que a 2 de Dezembro de 1619 pede para que seja confirmado pela
comunidade, entenda-se todos os maiores, civis e religiosos, da capitania de Pernambuco, no cargo de vigário provincial
da Ordem do Carmo. Livro 1º do Governo do Brasil, Lisboa, CNCDP, 2001, pp.347 e ss.
22
Balbino Velasco Bayon, ibidem, p.185.
23
Caio Boschi, “As Missões no Brasil”, in História da Expansão Portuguesa, vol.2, Dir. Francisco Bethencourt e Kirti
Chaudhuri, Lisboa, Circulo dos Leitores, 1998, p.400.
24
n.1540-f.1592. Jorge Couto, “SOUSA, Gabriel Soares de”, in Dicionário da Expansão Portuguesa: 1415-1600, vol.II,
Dir. Francisco Contente Domingues, Lisboa, Circulo dos Leitores, 2016, pp.963-964.
25
Fr. Vicente do Salvador, História do Brasil, 1500-1627, 7ª ed. Belo Horizonte, Itatiaia, 1982, p.262.
26
Filipe Nunes de Carvalho, “Aculturação e Resistência nos Primórdios do Brasil-Uma Breve Sintese”, in D. João III e
a Formação do Brasil, Lisboa, Universidade Católica Portuguesa, 2004, pp.40-41.
27
Balbino Velasco Bayon, ibidem, p.185.
28
Riolando Azzi, “A Instituição Eclesiástica durante a Primeira Época Colonial”, in História da Igreja no Brasil, t.II,
vol.1, Dir. Enrique Dussel, Coord. Eduardo Hoornaert, 4ªed., Petrópolis, Vozes-Paulinas, 1992, p.218.
29
Balbino Velasco Bayon, ibidem, pp.189-190.
30
Lucinda Saragoça, Da Feliz Lusitânia aos confins da Amazónia (1615-62), Lisboa, Cosmos, 2000, pp.45-46.
31
Livro 1º do Governo do Brasil, Lisboa, CNCDP, 2001, p.115; menciona que entraram na armada dois capuchos, dois
jesuítas e dois carmelitas.
32
Joaquim Veríssimo Serrão, Do Brasil Filipino ao Brasil de 1640, São Paulo, Brasiliana, 1968, pp.157 e ss.
33
Alexandre de Moura, natural de Pernambuco (?, Francisco de Assis Carvalho Franco, Dicionário de Bandeirantes e
Sertanistas do Brasil, Belo Horizonte, Itatiaia, 1989, p.268.), em 1598 é registada a sua presença na capitania de Per-
nambuco, para participar na etapa final da conquista da Paraíba em 1599. Entre 1603 e 1615, foi governador da capita-
nia e teve um papel preponderante na ocupação do Nordeste e do Norte do Brasil. Em 1615, venceu os franceses no Ma-
ranhão e aprisionou o seu líder, La Ravardière, regressando à Europa no ano seguinte. O capitão Alexandre de Moura,
depois de vencer os franceses determinou que a conquista continuasse para norte em direcção ao Amazonas, incumbindo
para o capitão-mor Francisco Caldeira Castelo Branco (25 de Dezembro de 1615). Este chegaria a 12 de Janeiro de 1616
ao local da futura cidade de Belém. Em Portugal, serviu na Armada (1617), sabendo-se que em 1620 vivia em Setúbal.
Em 1621 o rei Filipe II confirma-o no cargo de capitão-mor da Armada da Carreira da Índia.

17
O seu filho mais velho era, na altura nomeado capitão-mor da Armada da Carreira da Índia e senhor de várias proprie-
dades em Estremoz e Portalegre.
34
Bernardo Pereira de Berredo, Annaes Historicos do Estado do Maranhão, Lisboa, of. Francisco Luiz Ameno, 1749,
p.171.
35
Balbino Velasco Bayon, ibidem, p.216.
36
Capistrano de Abreu, “Prolegómenos”, in História do Brasil, 1500-1627, Fr. Vicente do Salvador, 7ª ed. Belo Hori-
zonte, Itatiaia, 1982, p.314 e ss.
37
1616, Setembro, 24, Lisboa, Relato de Alexandre de Moura sobre a Conquista do Maranhão e seus feitos enviada ao
Conselho da Fazenda, AHU, Capitania do Maranhão, Cx. 1, Doc. 3-A, 3fls.
38
Capistrano de Abreu, “Prolegómenos”, in Fr. Vicente do Salvador, ibidem, p.316.
39
Lembre-se que tanto historiadores e cronistas destas duas ordens mencionam a presença de religiosos na conquista do
Maranhão, são os casos de Fr. Cosme de São Damião e Fr. Manuel da Piedade, capuchos de Sto. António, e dos Pe.
Manuel Gomes e Pe. Diogo Nunes, jesuítas.
40
Fr. Francisco de Nsa. Sra. dos Prazeres, Puranduba Maranhaense ou Relação Histórica da Província do Maranhão,
Rio de Janeiro, Inst. Histórico e Geográfico Brasileiro, 1891, p.42.
41
Bernardo Pereira de Berredo, ibidem, p.179.
42
Bernardo Pereira de Berredo, ibidem, p.179.
43
Balbino Velasco Bayon, ibidem, p.216.
44
Jordan Lima Perdigão, Os Carmelitas na Amazônia Ocidental, Missões Carmelitas na Colonização da Amazônia Por-
tugesa Ocidental (séculos XVII e XVIII), Manaus, Univ. Federal do Amazonas, 2013, p.50 (Dissertação de Mestrado).
45
Christian Purpura, Formas de Existência em Áreas de Fronteira, São Paulo, Universidade de São Paulo, 2006, p.91
(Dissertação de Mestrado). Posição segunda por Manuel Maria Wermers, nos seus estudos A Ordem Carmelita e o
Carmo em Portugal (1963) e “O estabelecimento das missões carmelitanas no rio Negro e nos Solimões” (1965, p.531)
46
Balbino Velasco Bayon, ibidem, p.217.
47
Wilmar Santin (O.Carm), “O Breve Exponi Nobis Nuper de Bento XIII, que concedia ao Vigário Provincial carmelita
do Maranhão a faculdade de dar o título de doutor aos frades de sua Ordem”, Revista de Estudos Amzônicos, vol. III,
nº1, 2008, p.151.
48
Fr. André Prat (O.Carm.), Notas Históricas sobre as Missões Carmelitanas no Extremo Norte do Brasil (Séculos XVII
e XVIII), Recife, s.n.,1941, p.32.
49
Levanta-se a questão da primazia na Conquista do Maranhão.

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