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PROJUDI - Processo: 0037307-76.2010.8.16.0014 - Ref. mov. 120.

1 - Assinado digitalmente por Marcio Luis Bergantini:73068616972


27/01/2020: JUNTADA DE MANIFESTAÇÃO. Arq: Manifestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
MINISTÉRIO PÚBLICO
do Estado do Paraná

15ª Promotoria de Justiça da Comarca de Londrina

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXMD KRRDY 9JMPZ G2Q9A


Autos nº 0037307-76.2010

MM. JUIZ:

Em análise aos autos, verifica-se que o réu


NÍLTON ROBERTO DA SILVA SIMÃO foi denunciado, como incurso nas
disposições do art. 138, caput, c/c artigo 141, inciso II e artigo 140, caput,
c/c o artigo 141, inciso II, todos do Código Penal, em concurso material,
conforme exordial acusatória de sequência 1.2.

A denúncia foi recebida, em 25.06.2010,


conforme decisão de sequência 1.35.

Foi apresentada Exceção da Verdade pelo


acusado NÍLTON, em 16.11.2010, sendo recebida por este r. juízo em
22.09.2012, conforme sequência 1.4 (autos n° 0076037-
59.2010.8.16.0014), operando-se o artigo 116, inciso I, do Código Penal,
com a suspensão do prazo prescricional acerca dos delitos a ele
imputados.

Nesse sentido, segue a jurisprudência:

PENAL E PROCESSO PENAL - RECURSO EM


SENTIDO ESTRITO - SENTENÇA QUE DECRETOU EXTINTA A PUNIBILIDADE
DO QUERELADO - RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA - ARTS. 138, 139 E 140, TODOS DO CP, C.C ARTS. 71 E 141, INC. II,
DO CP - OPOSIÇÃO DE EXCEÇÃO DA VERDADE - QUESTÃO PREJUDICIAL
EM RELAÇÃO AO CRIME DE CALÚNIA - SUSPENSÃO DO PRAZO
PRESCRICIONAL - NECESSIDADE - REFORMA DA R. SENTENÇA NO PONTO -
PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL QUANTO AO DELITO PREVISTO PELO
ART. 138 DO CP - RECURSO PROVIDO. 1. A exceção da verdade figura como
questão prejudicial em relação ao crime de calúnia, visto que do resultado de
seu julgamento depende a própria existência do delito. Uma vez julgada como
verdadeira a imputação feita a alguém de fato definido como crime, não há
que se falar em ilícito penal, por falta de elemento essencial do tipo, qual seja,
a falsidade do fato criminoso imputado à vítima. 2. A questão prejudicial
(exceção da verdade) se relaciona ao mérito da questão principal (crime de
calúnia), existindo dependência lógica entre ambas, figurando a primeira
como verdadeira condição ao regular desenvolvimento da ação penal que
apura a ocorrência do crime contra a honra. Necessidade de aplicação da
regra prevista pelo art. 116, inc. I, do CP. Precedentes. 3. Em se entendendo
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PROJUDI - Processo: 0037307-76.2010.8.16.0014 - Ref. mov. 120.1 - Assinado digitalmente por Marcio Luis Bergantini:73068616972
27/01/2020: JUNTADA DE MANIFESTAÇÃO. Arq: Manifestação

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contrariamente, a exceção da verdade acabaria sendo utilizada de modo irrestrito
pelos querelados em geral, numa tentativa de provocar a prescrição da pretensão
punitiva e, consequentemente, se transformaria em porta aberta à impunidade, o
que, certamente, não foi o intuito do legislador penal. 4. R. sentença que deve ser
mantida em relação à extinção da punibilidade do querelado quanto aos delitos de
difamação (art. 139 do CP) e de injúria (art. 140 do CP), visto que a suspensão do
prazo prescricional ocorrida entre a data de protocolo da exceção da verdade
(23/11/2005) e a data de publicação do v. acórdão que a julgou improcedente
(04/07/2008) refere-se, apenas, ao crime de calúnia (art. 138 do CP), nos termos do
quanto decidido pelo Órgão Especial desta E. Corte. 5. Determinação de remessa
do presente feito ao MM. Juízo a quo, para que dê regular andamento à ação penal,
unicamente no tocante ao crime previsto pelo art. 138 do CP. 6. Recurso provido.
(TRF-3 - RSE: 1070 SP 0001070-84.2005.4.03.6102, Relator: DESEMBARGADOR
FEDERAL LUIZ STEFANINI, Data de Julgamento: 23/09/2014, PRIMEIRA
TURMA).

Deste modo, em relação ao delito de calúnia


descrito na exordial acusatória, o prazo prescricional restou suspenso
entre as datas de 22.09.2012 a 15.04.2019, para julgamento da exceção
da verdade, sendo ao fim julgado improcedente o pedido, conforme
acórdão de sequência 108.2.

Cumpre salientar que, de acordo com o artigo


138, caput, c/c artigo 141, inciso II, ambos do Código Penal, a sua pena
máxima abstratamente cominada é de 02 (dois) anos e 07 (sete) meses,
sendo que, de acordo com o artigo 109, inciso IV, do Código Penal, seu
prazo prescricional regula-se em oito anos.

Sendo assim, em consideração ao lapso


temporal em que o prazo prescricional restou suspenso para o julgamento
da Exceção de Verdade, não há que se falar em prescrição para o delito
de calúnia, imputado ao acusado.

Já no tocante ao delito de injúria, do artigo 140,


caput, c/c inciso 141, inciso II, ambos do Código Penal, afere-se que o
mesmo não admite Exceção da Verdade, não se operando, portanto, a
suspensão do prazo prescricional do artigo 116, inciso I, do Código Penal
em relação ao mesmo.

Assim, considerando a data do recebimento da


denúncia (25.06.2010) e a presente data (27.01.2020), transcorreram 09
(nove) anos e 07 (sete) meses, superando o prazo previsto no artigo 109,
2
PROJUDI - Processo: 0037307-76.2010.8.16.0014 - Ref. mov. 120.1 - Assinado digitalmente por Marcio Luis Bergantini:73068616972
27/01/2020: JUNTADA DE MANIFESTAÇÃO. Arq: Manifestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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inciso VI, do Código Penal (três anos), ocorrendo a prescrição da
pretensão punitiva pela pena em abstrato a determinado delito,
considerando que no caso de concurso de crimes, a extinção da
punibilidade será analisada em relação a cada um deles, de forma
isolada.

Cumpre salientar que, mesmo que restasse


suspenso o prazo prescricional para o delito de injúria para julgamento da
Exceção da Verdade, o mesmo se encontraria prescrito, tendo em vista o
lapso temporal de 02 (dois) anos e 03 (três) meses, entre a data do
recebimento da denúncia (25.06.2010) e do recebimento da Exceção da
Verdade (22.09.2012), bem como pelo lapso decorrido entre a data do
acórdão (15.04.2019) até a presente data, totalizando 03 (três) anos e 02
(dois) meses, sendo superior ao previsto no artigo 109, inciso VI, do
Código Penal.
.
Logo, primando por celeridade, e segurança
processual, requer o Ministério Público, seja declarada extinta
punibilidade de NÍLTON ROBERTO DA SILVA SIMÃO pelo
reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva, pela pena em
abstrato, em relação ao delito do artigo 140, caput, c/c artigo 141, inciso
II, conforme artigo 107, IV, todos do Código Penal, prosseguindo o feito,
em relação ao delito remanescente.

Londrina, 27 de janeiro de 2020.

Márcio Luis Bergantini


PROMOTOR DE JUSTIÇA

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