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Sara Medeiros | 71

6.7

Soledade: quando a periferia vira centro

Sara Medeirosa

Resumo Abstract

A produção de habitação popular em áreas The production of popular housing in peripheral


periféricas é um tema recorrente nos estudos areas is a recurring theme in urban studies, being
urbanos, sendo o cenário geralmente explorado o the scenario generally explored the one of its
do seu abandono. Este artigo centra-se no cenário abandonment. This article focuses on the subse-
subsequente, em que novos investimentos tornam quent scenario, in which new investments make
estas áreas, antes abandonadas e periféricas, em these areas, before abandoned and peripheral, in
centrais, gerando processos de segregação e de central areas, generating segregation and gen-
gentrificação. Estes processos são destacados com trification processes. These processes are high-
um estudo de caso no conjunto habitacional Sole- lighted with a case study in the Soledade housing
dade, na Região Administrativa Norte da cidade complex, in the Northern Administrative Region
de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. O recorte of the city of Natal, Rio Grande do Norte, Brazil.
temporal contempla a origem, a ocupação e a The temporal clipping contemplates the origin,
atualidade, perpassando mais de 38 anos, permi- the occupation and the actuality, spanning more
tindo compreender o contexto atual de valoriza- than 38 years, allowing to understand the current
ção imobiliária, de uso e ocupação da área. context of real estate valuation, use and occupa-
tion of the area.

Palavra-Chave Keywords
Habitação, Periferia, Segregação, Gentrificação. Housing, Periphery, Segregation, Gentrification.

Introdução racterizado nos primeiros anos das ocupações


pelo “abandono” dessa população por parte do
No Brasil, a produção de habitação em áreas pe- poder público e pela ausência de grandes inves-
riféricas é uma constante da política habitacio- timentos privados. Esse é o quadro que caracte-
nal, com foco na provisão de casa própria dire- riza o processo de segregação, que vai para além
cionada à população de menor poder aquisitivo. da divisão da cidade entre grupos sociais. Pesa,
A localização inicial – geograficamente periféri- sobretudo, o acesso desigual à cidade e às suas
ca – dos grandes conjuntos habitacionais cons- benfeitorias. A segregação é o reflexo de uma ci-
truídos deu-se com a anexação de áreas habi- dade desigual (Harvey, 1980; Lefebvre, [1974]
tadas originalmente por população de menores 2006; Marcuse, 2004).
recursos (em relação à área consolidada). Como A luta dos moradores por melhores condições
sublinha Smith ([1996] 2011, p.21), a “disponibi- de habitação, acesso ao transporte e provisão de
lidade de terras mais baratas na periferia (menor equipamentos tem sido constante ao longo dos
renda da terra) foi primordial para o processo anos. Algumas áreas permanecem abandonadas
de expansão urbana das cidades”. Bolaffi (1992, e esquecidas, outras passam, por motivos diver-
p.58) destaca que quando “a periferia surge se sos, a atrair investimentos públicos e privados.
amplia a baixa utilização dos serviços instalados Dentro dos diversos motivos que exercem essa
e condena o poder público à incapacidade per- atração, destaca-se a inserção no eixo de desen-
manente de resolver um problema que, parado- volvimento urbano, assumindo-se como uma
xalmente, o crescimento económico e demográ- área de expansão do capital. Quando uma área
fico somente contribuíram para agravar”. periférica assume uma certa centralidade, em re-
O cenário que se estabelece, com a inserção lação aos investimentos públicos e/ou privados,
da população beneficiada nas áreas periféricas, há uma transformação com vista ao enobreci-
tem altos custos sociais e económicos, sendo ca- mento e à gentrificação.

a
Geógrafa, doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Professora do Departamento de Políticas Públicas da Univer-
sidade Federal do Rio Grande do Norte. Email: x.saramedeiros@gmail.com.
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O processo de gentrificação ganhou ampli- O conjunto Soledade1 foi um projeto execu-


tude como objeto de estudo ao ser contemplado tado pela Companhia Habitacional do Estado
como um fenómeno relacionado às novas dinâ- do Rio Grande do Norte (COHAB/RN), um dos
micas económicas e sociais que se instauraram órgãos executores do BNH. A localização dos
nas cidades, em espaços anteriormente abando- conjuntos habitacionais da COHAB, em Natal,
nados (não necessariamente desabitados, mas assim como na maioria das cidades brasileiras,
fora dos interesses dos grandes capitais imobi- deu-se predominantemente na periferia geográ-
liários) ou em declínio, e que passaram a ser do fica da cidade. O conjunto Soledade está locali-
interesse de uma nova população (Smith, 2006, zado no Bairro Potengi2, Região Norte da cidade
Davidson; Lees, 2005; Lees; Slater; Wyly, 2007). de Natal, e teve seu projeto assinado por Celma
Este processo de centralização é destacado Queiroz.3
neste artigo, que utiliza, como estudo de caso, A ocupação da Região Norte, no início do
o conjunto habitacional Soledade, produzido na século XX, deu-se com o povoamento na Redi-
Região Administrativa Norte da cidade de Natal, nha. Mas, só no final da década de 1950, a área
no Rio Grande do Norte, Brasil. O conjunto em foi alvo de loteamentos, criando-se, assim, novos
questão foi construído em 1977, dentro das ações espaços para serem urbanizados. Harvey (2011,
da Companhia Estadual de Habitação (COHAB/ p.77) destaca que essa estratégia (dos loteamen-
RN), instituição vinculada ao Banco Nacional da tos) é uma forma clássica usada para absorver
Habitação, para a população com rendimentos grandes excedentes de capital. Segundo o mes-
de até cinco salários mínimos. A região onde se mo autor, “novas paisagens e novas geografias
localiza o conjunto foi urbanizada tardiamente e, foram criadas dentro das quais o capital circula
historicamente, assumiu o estigma de área peri- em formas que são frequentemente assombra-
férica associada à pobreza urbana. das por profundas contradições” (Ibidem). No
Os dados apresentados ao longo do artigo caso desses empreendimentos na Região Norte,
compõem o acervo de informações acumuladas Silva (2003, p.122) frisa que:
pelas pesquisas desenvolvidas por Medeiros
(2010; 2013; 2015), advindo de levantamentos “O traçado destes empreendimentos esta-
bibliográficos, documentais e pesquisa empírica va também adaptado ao ritmo lento de ocu-
(entrevistas por questionário, monitoramento pação do solo: os grandes lotes, mesmo que
do uso e ocupação do solo e registro fotográfico). ditos serem habitacionais, estavam inseri-
O texto segue a lógica cronológica dos factos, dos a um traçado impossível de ser ocupado,
apresentando o conjunto Soledade desde o seu pois não havia os serviços básicos necessá-
projeto urbanístico, passando pelos primeiros rios que atraíssem uma população mora-
anos de ocupação e, por último, descrevendo a dora. De 1957 a 1978, a Zona Norte foi um
inserção do conjunto na área de expansão urba- espaço não de moradores, mas sim de pro-
na dos investimentos públicos e privados, com prietários, com exceção, é claro, dos núcleos
a valorização da área e consequente processo de originais de Igapó e Redinha.”
gentrificação – ainda em curso.

A construção de uma Colónia Penal na Re-


O Soledade: do projeto à inserção gião Norte, na década de 1960, fez com que para
periférica lá convergissem alguns serviços, beneficiando
“o trecho compreendido entre a Ponte de Igapó,
A cidade de Natal foi recetora de um grande vo- sobre o Rio Potengi, e a citada Colônia Penal”
lume de investimento e produção de unidades (Selva, 1988, p.163). A instalação do Distrito
habitacionais decorrentes das ações do Banco Industrial na Região Norte e a construção dos
Nacional da Habitação (BNH) (1964-1986). Essa grandes conjuntos pelo BNH, na década de 1970,
produção chegou, em 1990, a contemplar mais fomentaram o mercado de terras, pressionando,
de 45% das unidades habitacionais da cidade também, a transição do uso de terras, de rural
(Medeiros, 2015). Passados, praticamente, 30 para urbano. Analisando a dinâmica imobiliária
anos de extinção do BNH, os produtos oriundos decorrente dos investimentos realizados pelo
da sua política continuam sendo objetos impor- BNH em Natal, Cunha (1991, p.50) ressalta que
tantes para análise dos processos atuais de pro- “as transformações na estrutura fundiária em
dução e reprodução do espaço residencial. função de tais processos deram margem à proli-

1
Toponímia desconhecida.
2
O Bairro Potengi recebe o nome do Rio que divide a cidade.
3
Diferente de outros conjuntos do mesmo porte, construídos na mesma época, o partido urbanístico do conjunto não é assinado por um arquiteto renomado no
âmbito local.
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feração de loteamentos nas diversas direções da detalhe do conjunto, conforme enfatizou o


cidade, valorizadas pela política do BNH”. A pró- diretor da Cohab, é o de que a vegetação em
pria COHAB, prevendo essa dinâmica e possível sua maior parte foi preservada, assim como
especulação imobiliária, providenciou um banco mangueiras e outras árvores. Além disso,
de terra para a construção de vários conjuntos a Cohab distribuirá a cada morador uma
(Silva, 2003). muda para ser plantada, além de plantar
Os conjuntos da Região Norte promovem outras 600 árvores, até o final deste mês"
uma diferenciação na ocupação da área, em pro- (Conjunto..., 1977, p. 8).
porções diversas. Na época da construção do
Soledade, não havia a divisão administrativa do
bairro, constando na certidão de registro que o
conjunto foi construído “no lugar denominado
Igapó” (Registro de Imóvel, 1ª Zona, f. 1), uma
área suburbana da cidade com aproximadamen-
te 1.102.583,63 m² (6º Ofício de notas, 1984),
em duas glebas de formato irregular, divididas
pela linha do comboio.
O Soledade foi construído em duas etapas:
primeiro o Soledade I (1977), com 540 unidades,
e em seguida o Soledade II (1982), com 1.945
unidades. No total, foram erigidas 2.485 unida-
des, com uma capacidade para abrigar, inicial-
mente, 12.425 habitantes, o que corresponde
a metade da população da área em que foi de-
limitado o Bairro Potengi, que, em 1980, tinha
20.600 habitantes (para além de Soledade, ou-
tros três conjuntos foram construídos até 1980
– referidos mais à frente). O traçado das ruas
internas foi disposto de modo a facilitar a circu-
lação dentro do conjunto, com destaque para a
Avenida Pico do Cabugi, que funcionaria como
uma via coletora do fluxo, unindo, também, as
duas etapas.
No Soledade I foi proposta uma dinâmica de
ocupação a partir de sorteios, nos quais os mo-
radores, ao serem selecionados para ocupar os
tipos de casas para as quais se inscreveram, po-
deriam escolher a sua localização. A COHAB jus-
tificava essa iniciativa afirmando que ela garan-
tiria uma maior relação de vizinhança, por meio
do agrupamento dos familiares e amigos (HOJE
inauguração do conjunto Soledade, 1977, p.8).
Essa prática reforça uma perspetiva positiva da
segregação residencial, defendida por Sabatini e
Sierralta (2006), de que as pessoas vivem bem
entre os iguais e que, sempre que possível, bus- Legenda:
cam essas proximidades. 1. Área Verde; 2. Escola; 3. Jardim de Infância; 4. Praça;
Para a inauguração da primeira etapa, a 5. Conselho Comunitário; 6. Igreja; 7. Quadra de esporte
COHAB/RN divulgou, no dia 10 de agosto de e Conselho; 8. Equipamentos e Igreja; 9. Fundação Est. do
1977, que o conjunto seria entregue com toda a Bem Estar do Menor; 10. Clube de Mãe e Praça;
infraestrutura básica, contando: 11. Caern; 12. Equipamentos não definidos

“[...] inclusive as obras de infraestrutura,


como pavimentação asfáltica, água e ener- Mapa 1 - Equipamentos previstos: Soledade
gia elétrica, além do escritório de orientação Fonte: elaboração própria, com base em dados
da Cohab, duas escolas e uma Igreja. Um da COHAB (1975) e pesquisa documental
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A preservação da vegetação foi estabelecida p.5) defende que “não é em qualquer localização
como meta na construção do Soledade II. A pos- que a invasão de terras urbanas é tolerada. Nas
sível sensibilidade ambiental, com preservação áreas valorizadas pelo mercado, a lei se aplica”.
das árvores e presença de praças e áreas verdes, Em Natal, a mesma lógica da irregularidade ou
corresponde à orientação apontada pelo Plano informalidade dos loteamentos propaga-se em
Diretor da cidade (Natal, 1974), que especificava áreas de risco (córregos, áreas propensas a desli-
que “em todo o loteamento, deverão ser reserva- zamento e áreas de proteção ambiental). Essa to-
das, além das vias e logradouros públicos, áreas lerância é, portanto, uma prática permissiva para
livres para espaços verdes e equipamentos urba- áreas desvalorizadas ou inviáveis para o mercado,
nos, com um mínimo de 15 por cento da área to- onde a lei pode ser transgredida. Não se garante o
tal” (Art. 22). A previsão dessas áreas e de outros direito à cidade, mas permite-se o direito à inva-
equipamentos é visualizada no Mapa 1. É interes- são (Maricato, 1999).
sante observar que as áreas para a localização dos Os primeiros anos de ocupação do conjunto
equipamentos estão, em sua maioria, dispostas Soledade foram marcados pelo "abandono" do
na proximidade da linha do comboio, no interior poder público, no que tange à provisão de equi-
do conjunto, viabilizando o seu uso prioritaria- pamentos e serviços. O conjunto em questão fez
mente para os moradores dos conjuntos. parte dos "esquecidos da Zona Norte" (RN-Eco-
Não apenas o Soledade, mas os outros con- nômico, 1989). A ausência, ou precariedade, de
juntos dessa região, também foram dispostos de serviços como educação, coleta de lixo, linha te-
forma fragmentada, pois as suas implantações lefónica e transporte coletivo aparecem como os
regeram-se pela oferta de terras mais baratas mais citados nas reclamações dos moradores.
e disponíveis na época de construção das ha- Conjuntos como o Soledade atraíram uma po-
bitações, “sendo o acesso viário aos conjuntos pulação mais vulnerável e os problemas vivenciados
realizado por eixos perpendiculares à Avenida nos primeiros anos dificultaram a vida dos morado-
Dr. João Medeiros Filho, que força um fluxo do res que dependiam dos serviços públicos e privados,
transporte coletivo tipo ‘serpentina’, gerando um como transporte, saúde, educação e comércio. Não
aumento no tempo da viagem e maior consumo por acaso, esse conjunto perdeu um número signifi-
de combustível” (Silva, 2003, p. 116). O contato cativo da sua população original nos primeiros cinco
do Conjunto Soledade com a Avenida Dr. João anos de ocupação. No entanto, dados do censo de
Medeiros, porém, é mínimo, estando a dinâmica 2010 demonstram que o conjunto Soledade, bem
do conjunto mais relacionada aos logradouros como outros conjuntos do Bairro Potengi, funciona
internos, destacando-se as vias coletoras – as como uma ilha de maiores rendimentos no meio de
avenidas Rio Doce, Serra Negra, Senhor do Bon- uma vasta área com baixo poder aquisitivo. Essa re-
fim, Serra de Araguaia, Feira de Santana, Pico do lação do conjunto com o seu entorno pode ser com-
Cabugi e Atol das Rocas. É interessante observar preendida pela sua origem e história de ocupação, aí
que as toponímias das avenidas e ruas homena- incluída a área adjacente aos conjuntos, por lotea-
geiam em geral formações geomorfológicas: pi- mentos irregulares, com várias ocupações em área
cos, montanhas e praias. de risco. Os dados revelam que os conjuntos pos-
Em termos da sequência cronológica de ocu- suem um rendimento per capita superior, tanto ao
pação da área, o conjunto Soledade foi construí- bairro onde estão inseridos, quanto à média da cida-
do depois do conjunto Igapó (19764) e no mesmo de. Enquanto o rendimento médio per capita de Na-
período que o Panorama I e II (1977 e 1978). Em tal em 2010 foi 510,00 reais, o do Bairro Potengi foi
seguida, foram construídos os conjuntos Panatis 544,00 reais, e o do conjunto Soledade foi 868,00
(1979 a 1981), Santa Catarina (1980) e Santarém reais. É evidente que, em Natal, a não estigmatiza-
(1983). Deles, apenas Igapó não se situa nos limi- ção dos conjuntos como área de pobreza – diferente
tes administrativos do Bairro de Potengi. Na ocu- do que é comum em outras cidades brasileiras – e as
pação da área, destaca-se ainda a presença dos melhorias que neles ocorreram contribuíram para a
loteamentos, a maioria deles sem registro formal, permeabilidade das transformações estruturais e
considerados irregulares e reloteamentos, como socioeconómicas.
refere Silva (2003). O autor foca a sua análise na
irregularidade fundiária nos limites da Avenida
das Fronteiras (ou Avenida Rio Doce – nomen- O Soledade como área central
clatura recebida à altura do conjunto Soledade).
A ocupação das áreas adjacentes aos conjun- Os investimentos públicos, com o provimento
tos por loteamentos irregulares denuncia a di- dos equipamentos coletivos previstos nos Planos
ferença de valorização da terra. Maricato (1999, de Pormenor (Partidos Urbanísticos – no Brasil)

4
O conjunto Igapó foi o primeiro a ser conjunto construído nessa região.
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(Mapa 2) dos conjuntos habitacionais e de in-


fraestrutura destinada ao turismo e à construção
de centros comerciais, hipermercados e institui-
ções de ensino, ciência e tecnologia5, inserem a
Região Norte no eixo de valorização da cidade,
funcionando como um pacote de incentivo à va-
lorização da área onde está localizado o conjunto
Soledade.
Especificamente em relação ao turismo, Sole-
dade, assim como os demais espaços da Região
Norte, acabou intensificando a sua influência no
turismo para as praias do litoral norte, com a ur-
banização da Redinha, a revitalização da Avenida
Itapetinga e, principalmente6, com a construção
da Ponte Newton Navarro. 7
Outros equipamentos, não necessariamente
ligados ao turismo, merecem destaque, tais como
a construção do Terminal de Integração Severino
Ramos Monteiro (2008) – na área do conjunto –
e do Ginásio Nélio Dias (2008), no bairro de La-
goa Azul, a 1,5 km do Soledade. Tanto essas obras,
quanto as financeiramente ligadas ao PRONOR-
TE8, entram no rol de mudanças estruturais na Legenda:
região, que beneficiam diretamente a atividade 1. Educação; 2. Desporto; 3. Praças;
turística. Araújo (2004) associa essas obras à ne- 4. Saúde; 5. Seguranças
cessidade de mudar a morfologia da Região Nor-
te. Para a autora, a urbanização da Avenida Itape- Mapa 2 - Equipamentos coletivos
tinga permitiu uma nova via de acesso às praias Fonte: elaboração própria,
ao norte de Natal, principalmente a Genipabu. com base de dados da SEMURB (2009)
A Região Norte também começou a participar
mais ativamente no comércio com a presença de
centros comerciais. O Norte Shopping está locali- denomina de sinergia urbana. O conceito de si-
zado na proximidade do Conjunto Soledade, num nergia afasta a falsa ilusão de que o aumento das
terreno que pertencia à Emissora Cabugi (onde rendas advém exclusivamente das habilidades de
estava localizada uma antena de transmissão). exploração dos proprietários de terras.
Deve-se ainda destacar a presença de institui-
ções de ensino, ciência e tecnologia, com destaque “As rendas das terras urbanas não sobem
para o Instituto Federal de Ciências e Tecnologia porque os proprietários das terras urbanas
(2007) e a Universidade Estadual do Rio Gran- dispõem de uma fórmula avançada para ex-
de do Norte (2010), que permitem, à população ploração do trabalho. Elas sobem porque a
estudantil, o acesso ao ensino técnico e superior terra urbana torna-se mais produtiva. Este
gratuito sem a necessidade de deslocar-se para prémio de produtividade é uma espécie de
outras Regiões Administrativas da cidade. “almoço grátis” gerado pelo progresso social
No Mapa 3 estão localizados alguns dos gran- e económico, e os bons benefícios indiretos
des investimentos públicos e privados no Bairro de acesso mútuo” (Gaffney, 1977, p.39 – tra-
Potengi, demonstrando o Conjunto Soledade dução nossa).
como área central em relação a esses investimen-
tos.
Essa dinâmica de valorização ocorre pela soma Para além disso, Singer (1979) também desta-
de vários fatores, criando o que Gaffney (1977) ca a importância de incluir a imobilização do capi-

5
Estão sendo considerados apenas os empreendimentos com maior impacto na reestruturação do ambiente construído e com possibilidade de atribuir novas
dinâmicas sócio-espaciais à área.
6
Não foram abordadas as obras da Copa do Mundo FIFA, como o novo Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, localizado na cidade de São Gonçalo
do Amarante, cujo acesso se dá pela Região Norte.
7
A Ponte Newton Navarro figura como um dos principais ícones do planeamento estratégico da cidade de Natal (Silva, 2013).
8
O PRONORTE, segundo relatório de Gestão da Secretaria de Planejamento de Natal (2004), foi elaborado para a Região Norte de Natal a partir da concepção de
Projetos Multissetoriais Integrados, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. De acordo com o documento, ele “objetiva a melhoria
das condições de vida da população excluída dos serviços e equipamentos sociais, envolvendo ações de infraestrutura, como obras de saneamento e pavimentação,
e ações voltadas para a geração de trabalho e renda”.
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Gráfico 1 – Relação entre a média


dos rendimentos familiares e o tempo de residência
Fonte: Elaboração própria com dados
de levantamento de campo em 2013

habitação no Soledade, com 169 entrevistas rea-


lizadas por meio de questionários, numa amos-
tra com um desvio padrão proporcional de 0.12
e uma margem de erro de 5%. A distribuição da
amostra por conjunto foi realizada por sorteio.
Tendo a planta do conjunto em DWG (extensão
Legenda: do software AutoCad) sido disponibilizada pela
1. Complexo Viário Avenida das Fronteiras; 2. Ginásio SEMURB, demarcaram-se os números aleatórios
Nélio Dias; 3. IFRN Zona Norte; 4. Iluminação e asfalta- a partir da sequência da numeração das residên-
mento da estrada da Redinha; 5. Partage Norte Shopping; cias. Destacam-se, aqui, os dados referentes aos
6. Shopping Estação; 7. Terminal de Integração Severiano anos de residência e rendimento médio familiar
Ramos; 8. Universidade Estadual do Rio Grande do Norte; (em salário mínimo), no gráfico 1.
9. Urbanização da Avenida Itapetinga; Verifica-se que o conjunto tende, a partir dos
anos 1990, a tornar-se atraente para uma popula-
ção de rendimentos médios superiores aos dos que
Mapa 3 – Grandes lá moravam desde o início da entrega das residên-
investimentos no Bairro Potengi até 2016 cias, entre 1977 e 1982. No entanto, verificam-se,
Fonte: elaboração própria, com base também, oscilações, com alguns períodos a apre-
em pesquisa documental e bibliográfica sentarem rendimentos médios baixos. É importan-
te frisar, ainda, que a proposta original da política
das COHABs, órgão responsável pela promoção do
conjunto Soledade, era atender uma população de
tal – na forma de benfeitorias – na análise sobre a rendimento familiar de até três salários mínimos,
valorização imobiliária, destacando, ainda, que se tendo esse teto sido expandido, posteriormente,
trata de uma valorização do terreno. A retomada para cinco salários mínimos.
das ideias de Gaffney (1977) e Singer (1979) ajuda Para compreender os resultados dessa dinâ-
a compreender a dinâmica dos conjuntos que fo- mica de valorização, foi realizado um levanta-
ram construídos próximos a acessos que já eram mento nos classificados de jornais. A metodologia
ou vieram a se estabelecer como vias estruturais estabelecida definiu como recorte o primeiro do-
da cidade. Esses conjuntos tornaram-se herdeiros mingo de dezembro, do Jornal Tribuna do Norte,
de muitas políticas de desenvolvimento urbano e no período de 1975 a 1986 (correspondendo ao
da dinamização do turismo. acervo digitalizado do Jornal Tribuna do Norte,
A fim de compreender se houve mesmo uma disponível no Laboratório de Imagens do Depar-
mudança do perfil dos moradores, com atração, tamento de História - UFRN) e no período de
para o Soledade, de uma população de maior po- 2002 a 2013 – com a compra dos exemplares.
der aquisitivo, utilizamos dados de uma pesquisa Em relação ao primeiro período, não há nenhu-
realizada em 2014 sobre as condições de vida e ma ocorrência, entre os 227 anúncios, de casas à

9
Recorte utilizado por uma pesquisa mais abrangente que inclui o conjunto Soledade.
10
A plotagem dos dados do mapa de uso do solo contou com a colaboração da equipe do Grupo de Estudos Sócio-territoriais Urbanos e de Acção Local (Gestual) da
Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, nomeadamente na transposição da planta dos conjuntos do Autocad para o Arcgis e nas sugestões de inserção
dos dados.
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venda ou para alugar no Conjunto Soledade. No


período de 2002 a 2012, utilizando-se a mesma
metodologia, foram monitorados quatro conjun-
tos: Cidade da Esperança, Cidade Satélite, Pon-
ta Negra e Soledade9. Observa-se que os quatro
conjuntos correspondem a 12,8% dos anúncios
referentes a todos os conjuntos da cidade, sendo
que o conjunto Soledade é o que apresenta maior
participação nos dados (44%).
Em pesquisa recente, de Maio de 2017, num
portal de classificados online (olx.com.br), veri-
ficou-se que os anúncios de venda e aluguel no
Conjunto Soledade são recorrentes, apresentando
tipologias diferentes, como apartamentos, quiti-
nete (apartamento de tamanho reduzido) e áreas
comercias. No mapa 4 verificam-se as mudanças
de uso e ocupação do solo no Conjunto, não só
associadas a essa dinâmica de valorização, mas
também decorrentes das estratégias de aproveita-
mento e melhoramento das unidades residenciais
por parte dos seus moradores.
Como visualizado na Imagem 1, as transfor-
mações dos padrões das habitações são visi-
velmente significativas. As mudanças não se
limitam, apenas, às alterações na fachada e na
altura do muro. Verificam-se mudanças no pa-
drão e tipologia da habitação que divergem das
unidades habitacionais
Em pesquisa recente, deoriginais. Esse
Maio de 2017, numnão é um
portal de classificados online (olx.com.br), Mapa 4 - Uso e ocupação
processo que ocorre simultaneamente em todas do solo no conjunto Soledade
verificou-se que os anúncios de venda e aluguel no Conjunto Soledade são recorrentes,
as residências, o que significa que a dinâmica de Fonte: elaboração da autora, com base
apresentando
substituição tipologias diferentes,
da população como apartamentos,
e da mudança do pa- quitinete (apartamento emde pesquisa de campo, em janeiro de 2014
drãotamanho
habitacional
reduzido)convive com a resistência
e áreas comercias. No mapa 0411e verificam-se
a as mudanças de uso e
permanência
ocupação do dos
solomais antigos.não só associadas a essa dinâmica de valorização, mas
no Conjunto,
É importante fazer uma ressalva em relação
também decorrentes das estratégias de aproveitamento e melhoramento das unidades
ao facto de que, mesmo havendo uma valoriza-
residenciais
ção visível da por parte
área, dos seus
ainda moradores.
existe uma conotação
negativa. A localização do Soledade, na Região
Mapa 04: Uso e ocupação do solo no conjunto Soledade

Uso %
Residencial simples 74,0%
Residencial duplex 3,5%
Misto simples 12,0%
Misto duplex 1,1%
Comercial 1,8%
Quitinete horizontal 6,0%
Quitinete vertical 0,8%
Edifício residencial 0,03%

Fonte: elaboração da autora, com base em pesquisa de campo, em janeiro de 2014.


Tabela 1 - Uso e ocupação do solo no conjunto Soledade Imagem 1 - Casa reformada e casa padrão,
Fonte: elaboração da autora, com base em pesquisa Conjunto Soledade
Como visualizado na Imagem 1, asem
de campo, transformações
janeiro de 2014dos padrões das habitações são Fonte: autora, 2017

visivelmente significativas. As mudanças não se limitam, apenas, às alterações na fachada


e na altura do muro. Verificam-se mudanças no padrão e tipologia da habitação que
divergem das unidades habitacionais originais. Esse não é um processo que ocorre
simultaneamente em todas as residências, o que significa que a dinâmica de substituição
da população e da mudança do padrão habitacional convive com a resistência e a
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Norte, é uma das barreiras impostas à valoriza- as marcas da segregação impostas nos primeiros
ção do conjunto, dentro do mercado imobiliário anos de ocupação.
natalense. As transformações de uso e ocupação A importância de trabalhar com um recorte
do solo nas casas em Soledade ainda ocorrem temporal que contemple a origem, a ocupação e
associadas a pequenas estratégias familiares, a atualidade de um conjunto habitacional com
principalmente no uso misto da residência, com mais de 38 anos é evidenciada na análise his-
a inclusão de pequenos comércios. A sua exter- tórica e geográfica, que permite compreender o
nalidade é, de início, mais neutra, por ser locali- contexto atual de valorização imobiliária, de uso
zado num bairro com predominância de conjun- e ocupação da área. Essa análise revela, ainda,
tos habitacionais e pelo fato de que, nos últimos o desafio que o poder público enfrenta na quali-
anos, sobretudo a partir de 2000, o conjunto ficação das áreas urbanas (com infraestrutura e
começou a receber maiores incentivos e investi- serviços públicos coletivos, e na atração da inicia-
mentos públicos e privados. Esses investimentos tiva privada), quando, ao atender a demanda da
têm a capacidade de atrair novas dinâmicas para população residente, viabiliza, ao mesmo tempo,
o conjunto e interferem na competição e hierar- formas de valorização e apropriação capitalista –
quização do solo, refletindo-se nos processos de fenómeno promovido pelos próprios moradores,
segregação e gentrificação. que vendem as suas casas para uma população
com maior poder aquisitivo. A periferização e a
segregação são fruto da diferenciação de áreas,
Considerações finais que cria uma contraposição entre as áreas resi-
denciais de pobres e ricos. A gentrificação, por
A lógica capitalista de gestão do espaço cria os sua vez, ocorre, em grande medida, quando uma
ciclos de valorização e desvalorização. São cons- área da cidade é eleita por uma população que
tantes as denúncias em torno do papel do Esta- deseja e pode pagar para usufruir de melhorias
do, cujas ações tácitas, para além de não comba- decorrentes das ações da inciativa pública e/ou
terem esses processos, alimentam-nos, criando privada.
sinergias urbanas em torno das localizações, que
ampliam as divisões e desigualdades e que se
refletem até visualmente no espaço urbano. Por Referências bibliográficas
vezes, os investimentos do Estado numa área
passam a ser apropriados por grupos de maior • Alves, Sónia C. Nunes (2010), O social, o espa-
estatuto social e poder económico. O desenvolvi- cial e o político na pobreza e na exclusão: avaliação
mento geográfico desigual ocorre em diferentes de iniciativas de regeneração de áreas urbanas “em
escalas e está relacionado a diversos processos, risco" na cidade do Porto (Tese de Doutoramento
tais como a segregação e a gentrificação residen- em Sociologia), Lisboa: Universidade de Lisboa.
cial. Essas diferenciações refletem-se em divi- • Araújo, Josélia Carvalho de (2004), Ou-
sões de ordem social e económica. tra Leitura do “Outro Lado”: o espaço da Zona
O caso do conjunto Soledade é ilustrativo Norte em questão (Dissertação de Mestrado em
para demonstrar o processo desigual de produ- Geografia), Natal: Universidade Federal do Rio
ção e apropriação do espaço, assim como das Grande do Norte.
suas benfeitorias. A produção pública de habi- • Bolaffi, Gabriel (1992), “O problema e o fal-
tação para as famílias de menores rendimentos, so problema”, em Ermínia Maricato, A produção
no Brasil, perpetua a prática da periferização. capitalista da casa e da cidade no Brasil, São
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os construídos longe das áreas urbanas consoli- • Companhia de Habitação Popular do Rio
dadas, tomaram parte no processo de valoriza- Grande do Norte (COHAB/RN) (1980), Partido
ção imobiliária da cidade. A provisão de equi- Urbanístico do Conjunto Soledade.
pamentos públicos e privados reservaram para • Cunha, Gersonete Sotero (1991), Natal e a
esses espaços residenciais novas dinâmicas de expansão territorial urbana, Natal: EDUFRN.
valorização, atraindo uma população com maio- • Davidson, Mark; Lees, Loretta (2005),
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passaram a assumir uma centralidade em rela- de renaissance”. Environment and planning A,
ção ao seu entorno. Áreas antes segregadas pas- Vol. 37, n.º 7, pp. 1165-1190.
sam a conviver com o processo de gentrificação. • Gaffney, Mason (1977), “The Synergistic
No entanto, a gentrificação em vigor não ocorre City: Its Potentials, Hindrances and Fulfillment”,
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Sara Medeiros | 79

6.7

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