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4. Distensão abdominal:
4.1. Definição: Define-se como sendo o aumento repentino ou gradual do
perímetro abdominal. A distensão abdominal pode ser causada pelo crescimento de
órgãos, massas, distensão por gases dos intestinos ou acúmulo de líquidos na cavidade
peritoneal (ascite).
Nas pessoas normais, o volume de gases presentes nos intestinos oscila entre 30 a
200 ml em qualquer momento. Estes gases são produzidos no cólon pela fermentação
bacteriana de nutrientes não absorvidos (principalmente dietas ricas em carboidratos),
ou substâncias orgânicas secretadas na luz intestinal. Os gases do estômago têm a
mesma composição que o ar deglutido. O aumento da quantidade de gases intestinais
pode ser motivado por aerofagia, pela elevada produção intestinal após a ingestão de
alimentos que contenham hidratos de carbono não absorvíveis ou no curso de processos
associados à colonização bacteriana anômala no intestino delgado.
Na obstrução intestinal aguda, a distensão dos intestinos ocorre pelo acúmulo de
líquidos na região proximal ou no segmento obstruído. A sensação de distensão
abdominal, quando não é acompanhada de sinais físicos objetivos de aumento do
perímetro abdominal ou tumefação local, é habitualmente transitória e está relacionada
muitas vezes com algum problema gastrointestinal.
4.2. Etiologia:
4.2.1. Localização: Hepatomegalia, esplenomegalia, tumor ou cisto
renal, tumor ou cisto pancreático, crescimento uterino, massa ovariana, distensão da
bexiga urinária, hérnia de parede abdominal e massa inflamatória.
4.2.2. Distensão abdominal generalizada sem ascite (aumento da
quantidade de gases no trato gastrointestinal):
Síndrome do intestino irritável
Pseudo obstrução intestinal
Íleo paralítico, obstrução intestinal mecânica
Aerofagia
Mal-absorção, insuficiência pancreática crônica
Decorrente de procedimentos cirúrgicos
4.2.3. Ascite:
➢ Transudato: Cirrose, valvulopatia cardíaca direita, síndrome
nefrótica (causas frequentes de ascite), pericardite obstrutiva, hipoalbuminemia,
enteropatia perdedora de proteínas, trombose das veias hepáticas (síndrome de Budd-
Chiari), obstrução da veia cava inferior, obstrução da veia porta, síndrome de Meigs
(fibroma ovariano com ascite e hidrotórax).
➢ Exsudato: Peritonite (bacteriana, tuberculosa), rotura visceral,
pancreatite, perda de líquido de pseudocisto, peritonite biliar, tumores, metástases
hepáticas e peritoneais, carcinomatose generalizada e mixedema.
➢ Quilosa (obstrução linfática): Neoplasias abdominais,
linfomas, tumores mediastínicos, traumatismo do conduto torácico no tórax, filariose,
linfangectasia congênita e ocasionalmente tuberculose, cirrose e síndrome nefrótica.
5. Obstipação:
5.1. Conceito: Retardo na evacuação de fezes com passagem irregular de
material fecal, duras e secas; menos de três evacuação por semana.
5.2. Fisiologia: O quimo passa rapidamente através do intestino delgado; cinco
a seis horas após a alimentação a maior parte dos alimentos está no ceco. No intestino
grosso a massa fecal progride mais lentamente; em geral, são necessárias doze horas
aproximadamente para que passe do ceco ao cólon descendente e sigmoide. São
necessárias mais seis a oito horas para que ocorra a evacuação dos resíduos
alimentícios. Normalmente, a massa fecal penetra no reto quando inicia o mecanismo de
evacuação. O movimento peristáltico que impulsiona a matéria fecal até o reto inicia-se
habitualmente com a ingestão do desjejum. O desejo de defecar começa quando a massa
fecal distende o reto devidos aos movimentos peristálticos.
A obstipação ou constipação intestinal é um problema crônico que acomete
muitos pacientes no mundo. Em alguns grupos de pacientes, como os idosos, a
obstipação constitui um problema sanitário importante; no entanto, na maioria dos casos
a constipação crônica é um motivo para consulta que provoca moléstia, mas não ameaça
a vida nem debilita o indivíduo. Habitualmente, pode ser manejada em nível de atenção
primária com controle custo-efetivo dos sintomas.
A terminologia relacionada à constipação é problemática. Existem duas
fisiopatologias que, em princípio, diferem, mas que se superpõem: os transtornos do
trânsito e os transtornos da evacuação. Os primeiros podem surgir secundariamente aos
segundos, e os segundos em ocasiões podem apresentar-se após os primeiros.
5.3. Definição: A palavra “constipação” tem vários significados e a maneira
como é utilizada pode diferir não só entre os pacientes, mas também entre as diferentes
culturas e religiões.
Em estudo populacional sueco, encontrou-se que o conceito mais comum de
constipação era a necessidade de ingerir laxantes (para 57% dos que responderam). No
mesmo estudo, as mulheres (41%) tiveram duas vezes de probabilidades que os homens
(21%) de considerar os movimentos intestinais infrequentes como representativos de
constipação, enquanto igual proporção de homens e mulheres entendiam por
constipação às fezes endurecidas (43%), o esforço ao evacuar (24%), e a dor ao evacuar
(23%).
Dependendo de diversos fatores - a definição diagnóstica, fatores demográficos, e
a amostragem dos grupos - as pesquisas sobre constipação mostram uma prevalência
que vai de 1% até mais de 20% nas populações ocidentais. Em estudos de populações
idosas, até 20% dos indivíduos que habitam uma comunidade e 50% das pessoas idosas
institucionalizadas relataram sintomas.
Habitualmente, define-se a constipação funcional como um transtorno
caracterizado por uma dificuldade persistente para evacuar ou uma sensação de
evacuação incompleta e/ou movimentos intestinais infrequentes (a cada 3 ou 4 dias ou
com menor frequência), em ausência de sintomas de alarme ou causas secundárias. As
diferenças na definição médica e as variações entre os sintomas relatados dificultam a
obtenção de dados epidemiológicos confiáveis.
5.3.1. Patogênese e fatores de risco: A obstipação funcional pode ter
diferentes causas, que vão desde mudanças na dieta, atividade física ou estilo de vida,
até disfunções motoras primárias produzidas por miopatia ou neuropatia colônica. A
constipação também pode ser secundária a um transtorno de evacuação. O transtorno de
evacuação pode estar associado a uma contração paradoxal ou espasmo involuntário do
esfíncter anal, que pode resultar de um transtorno adquirido do comportamento
defecatório que ocorre em dois terços dos pacientes.
Embora o exercício físico e a dieta rica em fibras tenham um efeito protetor, os
seguintes fatores aumentam o risco de obstipação (a associação pode não ser causal):
Envelhecimento (mas a constipação não é consequência fisiológica do
envelhecimento normal
Depressão
Inatividade
Baixa ingestão calórica
Baixa renda e baixo nível educativo
Quantidade de medicação recebida (independentemente dos perfis de efeitos
colaterais)
Abuso físico e sexual
Sexo feminino: As mulheres relatam uma maior incidência de obstipação do
que os homens