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Aspectos Econômicos da

Usinagem
Engenharia Mecânica
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)
10 pag.

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DEMEC/UFRGS
ENG03343 – PROCESSOS DE FABRICAÇÃO POR USINAGEM

ASPECTOS ECONÔMICOS DA USINAGEM

Heraldo Amorim
Porto Alegre, agosto de 2003

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Condições de Máxima Produção em Usinagem

Ciclo de Usinagem (para um lote de Z peças) :

1- Colocação e fixação da peça


Participação 2- Aproximação e posicionamento da ferramenta
direta 3- Corte
4- Afastamento da ferramenta
5- Inspeção e retirada da peça

Participação 6- Preparo da máquina


indireta 7- Remoção para troca de ferramenta
8- Ajuste e colocação da nova ferramenta

Denominação:
tt – tempo de usinagem (para uma peça)
tc – fase 3 (tempo de corte)
ts – tempo secundário (inclui as etapas 1 e 5)
ta – tempo de aproximação e afastamento (inclui as etapas 2 e 4)
tp – tempo de preparo da máquina (6)
tft – tempo de troca de ferramenta (7 e 8)

Para um lote de Z peças, o tempo de usinagem de uma peça será:


tp Nt
tt = tc + ts + ta + + .t ft (1)
Z Z
onde Nt é o nº de trocas de ferramenta na produção do lote.

Seja T a vida de uma ferramenta, e Zt o nº de peças usinadas


durante a vida de 1 ferramenta,
Z = ( Nt + 1)Z t = ( N t + 1)
T
(2)
tc
e
tc
Nt = Z . −1 (3)
T

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Substituindo (3) em (1):

 tp   t 1
t t = t c +  t s + t a + +  c −  t ft =
 Z  T Z
 tp 1  t
= t c +  t s + t a + − t ft  + c ⋅ t ft (4)
 Z Z  T

Podemos simplificar esta equação dividindo-a em três parcelas,


cada qual com uma relação diferente com a velocidade de corte:

t t = t c + t1 + t 2 , (5)

onde:
tc é o tempo de corte à diminuiu com o aumento da Vc
t1 é o tempo improdutivo (colocação, retirada e inspeção da peça,
substituição da ferramenta e preparo da máquina) à CONSTANTE em
relação a Vc
t2 é o tempo relacionado à troca de ferramenta à aumenta com Vc

Velocidade de Corte de Máxima Produção:

Figura 1 - Tempo de produção por peça x velocidade de corte

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Seja, no torneamento cilíndrico de uma peça:
lf o percurso de avanço (mm)
d o diâmetro da peça (mm)
f o avanço (mm/volta)
Vc a velocidade de corte (m/min)
n a rotação da peça (RPM)
Vf a velocidade de avanço (m/min),

l f = V f .t c = f .n.tc (6)

1000 .Vc
n= (7)
π .d

assim:

lf π .d .l f
tc = = (8)
f .n 1000 . f .Vc

que, substituindo em (5), resulta:

π .d.l f tp t ft π .d .l f .t ft
tt = + ts + ta + − + (9)
1000 . f .Vc Z Z 1000 . f .Vc .T

Segundo a equação de Taylor,


−x
T = K .Vc (10)

que, substituída em (9), resulta em:


x −1
π .d .l f tp t ft π .d .l f .Vc
tt = + ts + ta + − + .t ft (11)
1000 . f .Vc Z Z 1000 . f .K

Temos então, relativas à equação 5:

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x −1
π .d .l f tp t ft π .d .l f .Vc
tc = ; t1 = ts + ta + − e t2 = .t ft
1000 . f .Vc Z Z 1000 . f .K

que geram as curvas mostradas na figura 1.

O valor da Vcmxp (velocidade de corte de máxima produção) é,


como se observa na figura 1, o ponto de mínimo da curva tt x Vc, dada
pela equação (9). Admitindo-se que não haja pontos de máximo ou de
inflexão (o que é verdade), e que só haja um único ponto de mínimo,
basta igualar a derivada dtc/dVc a zero, para encontrar o valor de Vc
que nos leve ao mínimo (o procedimento matemático correto seria,
após identificar o – ou os – pontos da curva onde a derivada primeira
se iguala a zero, fazer o teste da derivada segunda, cujo valor, caso
seja positivo, nos indica que o ponto é de mínimo – se negativo, o
ponto é de máximo e se igual a zero de inflexão).

dt c π .d .l f ( x − 1).π .d .l f .Vc x −2

=− 2
+ .t ft (12)
dVc 1000 . f .Vc 1000 . f .K

igualando (12) a zero temos:

π.d .l f (x −1).π.d.l f .Vcmxpx−2


− 2
+ .t ft = 0
1000. f .Vcmxp 1000. f .K
x −2
1 ( x − 1).Vcmxp
⇒ 2
+ .t ft = 0 (13)
Vcmxp K

e, solucionando (13) para Vcmxp, temos:

K
Vcmxp = x (14)
(x − 1).t ft

Substituindo Vcmxp na equação de Taylor (10), temos Tmxp, que é


a vida da ferramenta para a máxima produção.

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Tmxp = ( x − 1).t ft (15)

Pode-se, então, obter a Vcmxp para um processo sabendo-se


apenas o tempo de troca de ferramenta e os coeficientes x e K da
fórmula de Taylor è Mais fácil do que parece...
Obs: Tanto as equações (14) e (15) quanto seus respectivos
desenvolvimentos são aplicáveis no torneamento cilíndrico com o uso
de pastilhas intercambiáveis. Havendo a necessidade de reafiação da
ferramenta, e no caso desta não ser realizada na própria fábrica, o
termo tft é substituído pela expressão (tft+taf ), onde taf é o tempo
necessário para a reafiação da ferramenta.

Análise de Custos de Produção:

Dois tipos de custos, em uma primeira análise:

Kp – custo de produção por peça


Kus – custo da mão de obra de usinagem
- Diretamente Kuf – custo das ferramentas (depreciação, troca,
envolvidos afiação,etc...)
Kum– custo da máquina (manutenção, espaço
ocupado, consumo, depreciação, etc...)

Não são consideradas


- Indiretamente Matéria prima;
para a obtenção da
envolvidos mão de obra indireta;
velocidade econômica
controle de qualidade;
de corte
etc...

assim,

K p = k us + k uf + k um (1)

Sh
Kus = t t (R$/peça), (2)
60

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onde:
tt – tempo total (em min) de confecção por peça;
Sh – salário (e encargos) do operador (por hora).

tt  m V 
K um =  Vmi − Vmi ⋅  ⋅ j + mi + K mc + E m ⋅ K e ⋅ j  (R$/Peça)(3)
H .60  M M 

onde:
Vmi – valor inicial da máquina (R$)
m – idade da máquina (anos)
M – vida útil da máquina (anos)
j – Taxa de juros por ano
Kmc – custo de manutenção da máquina (R$/ano)
Em – área ocupada pela máquina (m2)
Ke – custo da área ocupada (R$/m2.ano)
Sm – custo total da máquina [tudo entre colchetes/H] (R$/hora)
H – número de horas de trabalho por ano

E assim:
tt
K um = ⋅ Sm (4)
60
Usinando com pastilhas intercambiáveis, temos o custo da
ferramenta por vida como:

Vsi K
K ft = + pi (R$/vida da ferramenta) (5)
N fp N s

onde:
Nfp – vida média do porta-ferramenta, em quantidade de arestas de
corte;
Vsi – custo de aquisição do porta-ferramenta;
Ns – número de arestas de corte da pastilha;
Kpi – custo de aquisição da pastilha.

O custo da ferramenta por peça é, então:

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K ft
K uf = (R$/peça), (6)
Zt

onde Zt é o nº de peças usinadas por vida T de ferramenta.

Vida Econômica da Ferramenta:

Substituindo (2), (4) e (6) em (1), temos:

K ft
= t ⋅ (Sh + S m ) + c ⋅ K ft
Sh S t t
K p = tt ⋅ + tt ⋅ m + (7)
60 60 Z t 60 T

Substituindo a equação para determinação de tt em (7), e


manipulando a equação, têm-se:

t 1  t 
K p =  1 −  ⋅ (Sh + S m ) + c ⋅ ( Sh + Sm ) + c  K ft + ft ( Sh + S m ) , (8)
t t
 60 Z  60 T  60 

que pode ser reduzido para:

tc t
K p = C1 + ⋅ C2 + C3 ⋅ c , (9)
60 T

onde C1, C2 e C3 são termos que:


C1 (R$/peça) à independe da Vc;
C2 (R$/hora) à é a soma das despesas com mão-de-obra e máquina,
diminui com Vc;
C3 à constante de custo relativo à ferramenta, aumenta com Vc.

Substituindo tc em (9), temos, para o torneamento cilíndrico:

π .d.l f π .d .l f
K p = C1 + ⋅ C2 + ⋅ C3 (10)
60.1000 . f .Vc 1000 . f .Vc .T

Substituindo T ( equação de Taylor) em (10),

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x −1
π .d.l f π .d .l f .Vc
K p = C1 + ⋅ C2 + ⋅ C3 (11)
60.1000 . f .Vc 1000 . f .K

Temos, então, graficamente:

Figura 2 - custo por peça x velocidade de corte


O ponto de mínimo da curva KpxVc pode ser encontrada de
forma análoga ao da curva ttxVc, através da derivação de Kp. Então:

dK p π .d .l f ( x − 1)π .d .l f .Vc x − 2
=− 2
⋅C2 + ⋅ C3 = 0 (12)
dVc 60.1000 . f .Vc 1000 . f .K

Resolvendo para Vco, temos:

C 2 .K
Vco = x (13)
60.( x −1).C3

que, diferente da Vcmxp, depende de parâmetros de obtenção mais


difícil, como C2 e C3 (dependentes de variáveis de difícil obtenção,
como Sm).

Substituindo (13) na equação de Taylor, temos a vida da


ferramenta para o mínimo custo, que é:

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60.( x − 1).C3 60.( x −1).K ft
T0 = = + ( x + 1) ⋅ t ft (14)
C2 Sh + S m

Intervalo de Máxima Eficiência (IME):

É o intervalo compreendido entre as velocidades de mínimo


custo (Vco) e de máxima produção (Vcmxp), conforme representado na
figura 2.

Escolha da Vc Dentro do IME


à Vc próxima de Vcmxp (nunca acima): usada quando tem prazos
de entrega críticos, alta produção.
à Vc próxima de Vco (nunca abaixo): períodos de baixa
demanda, prazos de entrega “folgados”.
à Uma boa forma de trabalhar no IME é usar Vc’s próximos de
Vcmxp, pois, como Vco (que é de difícil determinação) é sempre menor
que Vcmxp, que é de fácil determinação, esta Vc estará dentro do IME.
à Segundo autores (Vilela, 1989), o custo de trabalhar na Vcmxp
só é alto demais quando a ferramenta é muito cara. Em todos os outros
casos, o custo por peça na Vcmxp não difere muito do custo na Vco,
bastando, então, a determinação da Vcmxp.

Figura 3 - Intervalo de máxima eficiência

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