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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Química
Curso: Engenharia Química

Transferência De Calor

Tema: Condução de Calor

Discente:
PARRUQUE, Douglas Dato Armando

Docentes:
Prof. Dr. Eng.º Alberto Tsamba
Eng.º Miguel Uamusse

Maputo, Abril de 2018


Índice
1. Introdução...............................................................................................................1
2. Objectivos...............................................................................................................3
3. Resultados experimentais e observações................................................................4
4. Conclusão.............................................................................................................10
5. Referência bibliográfica.......................................................................................11
1. Introdução

A transferência de calor é um processo através do qual o calor se propaga num


determinado meio, devido a um gradiente de temperaturas, que pode ser gerado por uma
diferença de temperaturas entre dois pontos desse meio; fluxo de calor; e/ou devido ao
movimento de um fluído.

Na Natureza, a constante transformação da energia e a consequente troca de calor entre


os elementos lá presentes, é responsável pela ocorrência de diversos fenómenos
essências para a manutenção e desenvolvimento da vida no Planeta. Essa troca de calor
pode ocorrer de três formas diferentes, por condução, convecção e/ou radiação.

A condução de calor é um mecanismo de transferência de calor que é governado pela lei


Fourier, que estabelece que a taxa de fluxo de calor por condução, em uma dada direção
é proporcional área normal direção do fluxo e ao gradiente de temperatura naquela
direção. Sendo que a taxa de fluxo de calor unidimensional, na direção, por exemplo é
dada por:
dt
Q z=−kA
dz
E o fluxo de calor por:

Qz dt
qz= =−k
A dz

Onde Q z é a taxa de fluxo de calor através da área A no sentido positivo dos z e q z é o


fluxo de calor no sentido positivo dos z. O coeficiente de proporcionalidade denomina
se conductividade térmica, e tem como unidades W /(m. ° C )ou J /(m. s .° C).

Em casos onde tem-se uma parede composta pode se aplicar o conceito de resistência
térmica, que é análogo ao conceito de resistência elétrica.

1
Figura 1: Esquema da resistência térmica em um uma parede simples.

Então pode-se dizer que a taxa de fluxo ao longo da parede é dada por:

T 1−T 2
Q=
R

Onde

L
R=
Ak

Sendo;

R — a resistência térmica da parede;

L — a espessura da parede;

A — a área normal ao fluxo; e

k — a conductividade térmica do material.

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2. Objectivos

 Verificar a Lei de Fourier para condução de calor unidimensional ao longo de uma


barra simples;
 Analisar a condução de calor ao longo de paredes compostas e avaliar a coeficiente
medio de transferência de calor por condução;
 Analisar o efeito da variação da secção transversal no perfil de temperaturas ao longo
de um condutor;
 Demonstrar o efeito do contacto entre superfícies na condução de calor entre
elementos adjacentes;
 Analisar a influência dos isolamentos térmicos na condução de calor entre elementos
metálicos adjacentes.

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3. Resultados experimentais e observações

 Experiencia 1: Verificação da Lei de Fourier


Selecionou-se uma potência baixa no potenciómetro, sendo que para este caso escolheu-
se 2.5 W para o primeiro ensaio desta experiência. Em seguida aguardou-se até as
condições estacionárias fossem atingidas. Depois de atingidas as condições
estacionárias anotou-se os valores de temperatura em cada ponto da barra. Aumentando-
se uma unidade no valor da potência repetiu-se o mesmo procedimento por 3 vezes (A,
B e C) tendo sido obtidos os seguintes valores:

Teste Q (W) T1 (oC) T2 (oC) T3 (oC) T4 (oC) T5 (oC) T6 (oC) T7 (oC) T8 (oC) T9 (oC)
A 2.5 32.5 29.3 30.4 28.9 -13.6 28.9 28.6 26.8 26.9
B 3.5 34.5 32.7 33.7 30.6 -13.5 30.6 27.1 27.0 27.1
C 4.5 37.8 35.7 35.2 31.9 -13.5 32.1 27.2 27.1 26.9
Tabela 1: Temperaturas da amostra em função do comprimento e da taxa de fluxo de calor

Em seguida, com os dados obtidos, exceptuando a temperatura do ponto 5, desenhou-se


o perfil de temperatura ao longo do comprimento e por fim determinou-se a
conductividade térmica da barra aplicando a lei de Fourier.

45
40
35
Temeperatura(°C)

30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Comprimento (mm)

Gráfico 1: Perfil de temperatura da amostra

Sabe-se que D=0.025 m, então A=4.9 ×10−4 m2, daí

Q dT
k= , então
A dx

2.5 ( 0.01−0.001 )
k A= × ⟹ k A =8.2 W /(m. K)
4.9 ×10 −4
( 32.5−26.9 )

4
3.5 ( 0.01−0.001 )
k B= × ⟹ k B=8.62 W /(m. K )
4.9 × 10−4
( 34.5−27.1 )

4.5 ( 0.01−0.001 )
k c= −4
× ⟹ k c =11.16 W /(m. K )
4.9× 10 ( 37.8−26.9 )

A partir destes resultados nota-se que a condutividade térmica é função da temperatura e


a medida que esta aumenta o seu valor também aumenta.

 Experiência 2: Condução de calor em paredes compostas


Em primeiro montou-se um meio composto constituído por um elemento de bronze e
aço, depois selecionou-se uma potência inicial no potenciómetro, sendo que para este
caso escolheu-se 5.5 W para o primeiro ensaio desta experiência. Em seguida aguardou-
se até as condições estacionárias fossem atingidas. Depois de atingidas as condições
estacionárias anotou-se os valores de temperatura em cada ponto da barra. Aumentando-
se uma unidade no valor da potência repetiu-se o mesmo procedimento por 3 vezes (A,
B e C) tendo sido obtidos os seguintes valores:

Teste Q (W) T1 (oC) T2 (oC) T3 (oC) T7 (oC) T8 (oC) T9 (oC)


A 5.5 44.1 41.3 37.9 25.6 26.9 27.0
B 6.5 48.7 45.3 45.3 26.9 27.0 27.1
C 7.5 55.8 49.4 52.1 27.4 27.2 27.1
Tabela 2: Temperaturas da amostra (bronze e aço) em função do comprimento e da taxa de
fluxo de calor.

Em seguida, com os dados obtidos, traçou-se o perfil de temperatura ao longo do


comprimento e por fim determinou-se a conductividade térmica média do conjunto, para
cada ensaio, com base no conceito de resistência térmica.

70

60

50
Temperatura(°C)

40

30

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Comprimento(mm)

Gráfico 2: Perfil de temperatura da amostra composta (bronze e aço).

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A conductividade térmica media da amostra em questão determinou-se aplicando a
seguinte a relação:

Q
U=
A ( T 1−T 9 )

Então,
5.5
U A= −4
=656.4 W /( m. K )
4.9 ×10 ( 44.1−27 )

6.5
U B= −4
=614.13 W /(m . K )
4.9 ×10 ( 48.7−27.1 )

7.5
U c= −4
=533.3 W /(m. K )
4.9 × 10 ( 55.8−27.1 )

Com os resultados acima notou-se que a condutividade térmica média depende do


material no qual ocorre a condução de calor, e que o seu valor médio diminui com o
aumento da taxa de fluxo de calor ao longo do meio composto.

 Experiência 3: Efeito da secção transversal na condução de calor


Em primeiro montou-se uma amostra de diâmetro menor, selecionou-se uma potência
inicial no potenciómetro, sendo que para este caso escolheu-se 8.5 W para o primeiro
ensaio desta experiência. Em seguida aguardou-se até as condições estacionarias fossem
atingidas. Depois de atingidas as condições estacionárias anotou-se os valores de
temperatura em cada ponto da barra. Aumentando-se uma unidade no valor da potência
repetiu-se o mesmo procedimento por 3 vezes (A, B e C) tendo sido obtidos os
seguintes valores:

Teste Q (W) T1 (oC) T2 (oC) T3 (oC) T7 (oC) T8 (oC) T9 (oC)


A 8.5 65.4 59.5 60.1 27.2 27.1 27.2
B 9.5 70.7 62.9 62.5 25.7 27.2 27.2
C 10.5 77.4 65.8 70.7 26.9 26.7 25.6
Tabela 3: Temperaturas da amostra (secção reduzida)) em função do comprimento e da taxa
de fluxo de calor.

Em seguida, com os dados obtidos, traçou-se o perfil de temperatura ao longo do


comprimento.

6
100
90
80
70

Temperatura(°C)
60
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Comprimento (mm)

Gráfico 3: Perfil de temperatura da amostra secção transversal reduzida.

A partir do perfil de temperatura observou-se que a redução da secção transversal afecta


directamente ao perfil de temperatura ao longo da amostra, sendo que a sua diminuição
gerou uma queda brusca no perfil de temperatura.

 Experiência 4: Efeito da superfície de contacto na condução de calor


Selecionou-se uma potência baixa no potenciómetro, sendo que para este caso escolheu-
se 11.5 W para esta experiência. Em seguida aguardou-se até as condições estacionarias
fossem atingidas. Depois de atingidas as condições estacionárias anotou-se os valores de
temperatura em cada ponto da barra, tendo sido obtidos os seguintes valores:

Q (W) T1 (oC) T2 (oC) T3 (oC) T4 (oC) T5 (oC) T6 (oC) T7 (oC) T8 (oC) T9 (oC)
11.5 87.9 71.7 78.1 32.8 -13.4 30.6 25.9 25.8 25.9
Tabela 4: Temperaturas da amostra (superfícies sem perfeito contacto de térmico) em função
do comprimento e da taxa de fluxo de calor.

Em seguida, com os dados obtidos, traçou-se o perfil de temperatura ao longo do


comprimento.
120

100
Temperatura(°C)

80

60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Comprimento (mm)

Gráfico 4: Perfil de temperatura da amostra com um lado sem perfeito contacto térmico.

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Após traçar-se o perfil de temperatura, observou-se que no ponto onde os elementos não
estão em perfeito contacto térmico, ocorre uma queda brusca no perfil de temperatura
devido ao facto de a transferência de calor passar a dar-se por convecção naquele
espaço.

 Experiência 5: Efeito do isolamento na condução de calor


Selecionou-se uma potência inicial no potenciómetro, sendo que para este caso
escolheu-se 12.5 W para o primeiro ensaio e 9.2W para o segundo Em seguida
aguardou-se até as condições estacionarias fossem atingidas. Depois de atingidas as
condições estacionárias anotou-se os valores de temperatura em cada ponto da barra.
Aumentando-se uma unidade no valor da potência repetiu-se o mesmo procedimento
por 2 vezes, usando papel e cortiça tendo sido obtidos os seguintes valores:

Teste Q (W) T1 (oC) T2 (oC) T3 (oC) T7 (oC) T8 (oC) T9 (oC)


Papel 12.5 92.7 82.6 85.4 27.7 27.1 26.9
Tabela 5: Temperaturas da amostra (isolada com papel) em função do comprimento e da
taxa de fluxo de calor.

120

100

80
Temperatura(°C)

60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Comprimento (mm)

Gráfico 5: Perfil de temperatura da amostra com isolamento de papel.

Depois de traçar-se o perfil de temperatura determinou-se a constante de conductividade


térmica do isolamento, usando a seguinte relação:

Q espessura
k= ×( ) , então
A ∆T
12.5 0.0002
k papel= × 104 × =0.0088 W /(m. K )
4.9 85.4−27.7

8
Teste Q (W) T1 (oC) T2 (oC) T3 (oC) T7 (oC) T8 (oC) T9 (oC)
Cortiça 9.2 78.7 70.7 71.7 27.9 27.4 27.1
Tabela 6: Temperaturas da amostra (isolada com cortiça) em função do comprimento e da
taxa de fluxo de calor.

100
90
80
70
Temperatura(°C)

60
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Comprimento (mm)

Gráfico 6: Perfil de temperatura da amostra com isolamento de cortiça.

O mesmo tratamento que se deu ao papel, deu-se a cortiça, portanto a constante de


conductividade térmica é:

9.2 0.0014
k cortiça= × =0.06 W /(m . K )
4.9 ×10 −4
71.7−27.9

Com os resultados obtidos observa-se que a conductividade térmica do papel é muito


menor que a cortiça, e que esta depende também da espessura do material.

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4. Conclusão

Por ocasião da realização do trabalho laboratorial sobre a condução de calor, foi


possível observar-se diversos fenómenos que até então apenas eram analisados e
interpretados de forma abstracta, e a partir daí concluiu-se que:

 A taxa de fluxo de calor por condução, em uma dada direção é proporcional à área
normal e ao gradiente de temperatura na direção, sendo a constante de
proporcionalidade chamada de condutividade térmica do material, varia com a
temperatura e é sempre positiva;
 Quando a transferência de calor ocorre através de um meio composto, em perfeito
contacto térmico, sem que haja geração interna de calor, o conceito de resistência
permite determinar a taxa de fluxo de forma muito simples;
 A redução ou aumento da secção transversal exerce grande influência na taxa de
fluxo de calor pelo meio;
 A taxa de fluxo de calor num dado meio é consideravelmente afetada pelo contacto
térmico entre as diferentes partes por onde ocorre a transferência de calor;
 Os isolamentos térmicos têm a função de aumentar a resistência térmica do corpo e
consequentemente reduzir o fluxo de calor efluente.

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5. Referência bibliográfica

1. HOLMAN, J.P.: “Heat Transfer”, 10th Edition, McGraw-Hill, New York, 2010.

2. KREITH, F. et al: “Principles Of Heat Transfer”,7th Edition, Cengage Learning,


Stamford, 2011.

3. OZISIK, M. N.: “Transferência De Calor: Um Texto Básico”, Editora Guanabara


Koogan, Rio de Janeiro 1990.

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