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O 'sentido' da Educação
A participação militar nas escolas avança: modelo cívico-militar será
fomentado por subsecretaria criada no Ministério da Educação e já está
presente em 120 escolas no Brasil
Ana Paula Evangelista - EPSJV/Fiocruz | 07/05/2019 10h58 - Atualizado em 10/05/2019
14h55
No primeiro dia útil de 2019, foi publicado o decreto 9.465, que propôs uma
alteração na estrutura organizacional do Ministério da Educação (MEC). Entre
as modificações, foi criada a Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-
Militares (Secim), vinculada à Secretaria de Educação Básica. Como diz o
texto, essa subsecretaria assume a função de “promover, fomentar,
acompanhar e avaliar, por meio de parcerias, a adoção por adesão do modelo
de escolas cívico-militares nos sistemas de ensino municipais, estaduais e
distrital, tendo como base a gestão administrativa, educacional e didático-
pedagógica adotada por colégios militares do Exército, Polícias e Bombeiros
Militares”.
Nesse modelo, a gestão é compartilhada entre militares e professores e,
mesmo antes da criação da subsecretaria, já foi iniciado em quatro escolas no
Distrito Federal (DF) com cerca de sete mil alunos no total. Até o final do ano, a
experiência estará em 40 escolas (de um total de 693) do DF.
Diferenças
Disciplina X Investimento
Além disso, a escala é muito maior: somente a Rede EPCT, de acordo com o
Conif, possui o total de 647 campi que, somados aos chamados polos de
inovação, resultam em 656 unidades em todo o Brasil, que atenderam em 2018
mais de 340 mil alunos da educação básica.
Assim como os Colégios Militares, a Rede Federal tem professores com títulos
de mestre, doutor e pós-doutor (81% dos professores possuem mestrado ou
doutorado) – e um plano de carreira que prevê melhorias salariais de acordo
com a formação. Isso garante salários mais altos que possibilitam dedicação
integral.
A partir dessas comparações, Maria Margarida ressalta que cabe observar que
boa estrutura, boa carreira docente e ambiente escolar disciplinado não devem
ser confundidos com militarização, mas sim, com investimentos públicos,
administração profissional e comprometida. “Por que não multiplicar o que é
feito hoje com qualidade nas escolas públicas que não têm gestão militar, a
exemplo da Rede Federal?”, questiona.
O projeto-piloto (oficial)
Claudio conta: “O menino [quando se atrasa] tem que pagar dez abdominais,
tem que fazer algum tipo de exercício físico antes de ser encaminhado de novo
para a sala de aula. Dependendo do horário [que chega] não entra mais na
escola”. A Secretaria de Segurança Pública do DF nega. “Todos os alunos
destas escolas estarão sujeitos também a um regulamento disciplinar
padronizado, que ainda está na fase de produção. Não existem ‘castigos
físicos’”.
Controvérsias
Rumos e riscos
No entanto, Maria Margarida afirma que essa é uma experiência falida, porque
não é possível “isolar a escola” da sociedade. “A escola é um reflexo do que
vivemos em sociedade. Ela não é uma ilha”, contesta.