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Síndrome de

Estocolmo

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Kreditbanken em Norrmalmstorg, Estocolmo


Síndrome de Estocolmo ou síndroma de
Estocolomo (Stockholmssyndromet em
sueco) é o nome normalmente dado a
um estado psicológico particular em que
uma pessoa, submetida a um tempo
prolongado de intimidação, passa a ter
simpatia e até mesmo amor ou amizade
perante o seu agressor.[1] De um ponto
de vista psicanalítico, pessoas que
possam ter desenvolvido ao longo de
experiências na infância com seus
familiares ou cuidadores, algum traço de
caráter sádico ou masoquista implícito
em sua personalidade, podem em certas
circunstâncias de abuso desenvolver
sentimentos de afeto e apego, dirigidos a
agressores, sequestradores, ou qualquer
perfil que se encaixe no quadro geral
correspondente a síndrome de
Estocolmo. Há também a possibilidade,
amplamente considerada, de que para
algumas pessoas vítimas de assédio
semelhante, possam desenvolver algum
mecanismo inconsciente irracional de
defesa, na tentativa de projetar
sentimentos afetivos na figura do
sequestrador ou abusador que possam
"amenizar" ou tentar "negociar" algum
tipo de acordo entre a relação
vítima/agressor na tentativa de reduzir a
tensão entre os entes envolvidos.
De uma forma geral, estes processos
psíquicos inconscientes e sua relação
entre vítima/agressor, podem
perfeitamente ser entendidos em uma
ampla gama de contextos onde a
situação de agressor e abusado se
repete. Inclusive no caso de mulheres
que sofrem agressão por parte dos
cônjuges e mesmo muitas vezes tendo
recursos legais e apoio familiar para
abandonar o agressor, ainda persistem
em conviver sob a atmosfera de medo.

Nome
Essa síndrome recebe seu nome em
referência ao famoso assalto de
Norrmalmstorg[2] do Kreditbanken em
Norrmalmstorg, Estocolmo que durou de
23 a 28 de agosto de 1973. Nesse
acontecimento, as vítimas continuavam
a defender seus raptores mesmo depois
dos seis dias de prisão física terem
terminado e mostraram um
comportamento reticente nos processos
judiciais que se seguiram. O termo foi
cunhado pelo criminólogo e psicólogo
Nils Bejerot, que ajudou a polícia durante
o assalto, e se referiu à síndrome durante
uma reportagem. Ele foi então adotado
por muitos psicólogos no mundo todo.
Explicação
A síndrome é relacionada à captura da
noiva e tópicos semelhantes na
antropologia cultural.

A princípio, as vítimas passam a se


identificar emocionalmente com os
sequestradores por meio de retaliação
e/ou violência. Pequenos gestos gentis
por parte dos raptores são
frequentemente amplificados porque o
refém não consegue ter uma visão clara
da realidade e do perigo em tais
circunstâncias. Por esse motivo, as
tentativas de libertação são tidas como
ameaça. É importante notar que os
sintomas são consequência de um
stress físico e emocional extremo. O
complexo e dúbio comportamento de
afetividade e ódio simultâneo junto aos
raptores é considerado uma estratégia
de sobrevivência por parte das vítimas.

É importante observar que o processo da


síndrome ocorre sem que a vítima tenha
consciência disso. A mente fabrica uma
estratégia ilusória para proteger a psique
da vítima. A identificação afetiva e
emocional com o sequestrador acontece
para proporcionar afastamento
emocional da realidade perigosa e
violenta a qual a pessoa está sendo
submetida. Entretanto, a vítima não se
torna totalmente alheia à sua própria
situação, parte de sua mente conserva-
se alerta ao perigo e é isso que faz com
que a maioria das vítimas tente escapar
do sequestrador em algum momento,
mesmo em casos de cativeiro
prolongado.

Não são todas as vítimas que


desenvolvem traumas após o fim da
situação.

História
O caso mais famoso e mais
característico do quadro da doença é o
de Patty Hearst, que desenvolveu a
síndrome em 1974, após ser sequestrada
durante um assalto a banco realizado
pelo grupo de extrema-esquerda (o
Exército Simbionês de Libertação).
Depois de libertada do cativeiro, Patty
juntou-se aos seus raptores, indo viver
com eles e sendo cúmplice em assalto a
bancos.

A síndrome pode se desenvolver em


vítimas de sequestro, em cenários de
guerra, sobreviventes de campos de
concentração, pessoas que são
submetidas a prisão domiciliar por
familiares e também em vítimas de
abusos pessoais, como pessoas
submetidas a violência doméstica e
familiar. É comum também no caso de
violência doméstica e familiar em que a
vítima é agredida pelo cônjuge e
continua a amá-lo e defendê-lo como se
as agressões fossem normais.

Literatura
Na série de livros "As Crônicas de Gelo
e Fogo" escrita pelo norte-americano
George R. R. Martin, assim como na
sua adaptação para a TV, "Game of
Thrones", Theon Greyjoy desenvolve
um certo amor por seu raptor e
torturador, Ramsay Snow, que o
transformou em seu brinquedo após
castrá-lo e amputá-lo. Theon, agora
transformado em outra pessoa, vira
Reek (Fedor).

Cinema
Há correlação da síndrome com dois
dos personagens centrais de Jogos
Mortais. A jovem ex-drogada Amanda
(Shawnee Smith) após ter conseguido
concluir uma das provas do cientista e
escritor Jigsaw (John Kramer),
conquistou a admiração dele por lutar
por sua vida e passou a trabalhar para
ele, dando continuidade à sua série de
matanças.
No filme Paranoia, o personagem
Ronnie (Aaron Yoo) fala para Ashley
(Sarah Roemer) sobre a síndrome de
Estocolmo, após Ashley ter
conversado com o assassino da
vizinhança, e ter a convencido de que
não era um assassino, achando que
Ashley estava apaixonada pelo
assassino.
No filme espanhol Ata-me! de Pedro
Almodóvar, a protagonista Marina se
apaixona pelo raptor Ricky e volta a
procurá-lo depois de ser libertada para
casar-se com ele.
A síndrome também está presente no
filme The World Is Not Enough, da
franquia James Bond, a personagem
Elektra King (Sophie Marceau),
sequestrada por um terrorista
internacional de planos maquiavélicos.
Na série de TV Homeland, a
personagem de Damian Lewis,
Nicholas Brody, durante os 8 anos em
que ficou preso, desenvolve uma
relação afetiva com seu captor, Abu
Nazir, devido a pequenos gestos por
parte deste, em meio a torturas físicas
e psicológicas.
Na série de TV, Criminal Minds a
síndrome é várias vezes citada em
casos de sequestro, como no episódio
The Company (Ep. 20 Temporada 7),
onde a prima de Derek Morgan é
submetida à síndrome, devido a ter
passado 8 anos submissa ao seu
agressor.
Na Série de TV Supermax, a
personagem Sabrina, interpretada por
Cléo Pires, foi sequestrada e passou 4
meses em cativeiro. Acabou
desenvolvendo a Sindrome e se
apaixonando pelo seu sequestrador.
Na série de TV, Elementary a síndrome
é atestada no personagem Adam, no
episódio Predador de Criança, da
primeira temporada da série. Adam foi
sequestrado ainda criança e o
sequestrador não o matou, mas matou
outras 5 crianças, e por deixar balões
em todos os crimes, foi apelidado de
Homem Balão. Adam foi capturado
adolescente e achava que o seu raptor
o amava.
Na série de TV La Casa de Papel, a
personagem Mónica Gaztambide,
interpretada pela atriz Esther Acebo, se
apaixona pelo sequestrador Denver,
após o mesmo "salvar" sua vida, deixar
de executá-la mesmo a pedidos do
chefe do assalto "Berlim" ter o
ordenado e mantê-la escondida em
cativeiro ajudando-a a se recuperar de
uma bala na região da coxa.

Música
A banda de rock Muse tem uma canção
intitulada Stockholm Syndrome, ou
Síndrome de Estocolmo. Entre letras
opacas, é perceptível a influência real da
síndrome na discussão lírica proposta
pela música e mesmo pela interpretação
da mesma. A banda de punk rock Blink-
182 também tem uma música chamada
Stockholm Syndrome. Além destas, a
banda de rock The Who possui uma
música chamada "Black Widow's Eyes",
que tem a síndrome como tema
principal. A banda inglesa/irlandesa One
Direction, também tem uma música
chamada "Stockholm Syndrome", que faz
parte de seu álbum de estúdio intitulado
"FOUR" lançado em novembro de 2014,
na música percebe-se a descrição da
Síndrome de Estocolmo do ponto de
vista da vítima.

Ver também
Criminologia
Síndrome de Oslo
Vitimologia

Referências
1. «Crime que originou "Síndrome de
Estocolmo" completa 40 anos |
EXAME» . exame.abril.com.br.
Consultado em 7 de agosto de 2017
2. Sherwood, Jody (5 de maio de
2006). « 'Stockholm Syndrome'
robber turned away by police» . The
Local (em inglês). Consultado em 25
de abril de 2013. Arquivado do
original em 31 de julho de 2013

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title=Síndrome_de_Estocolmo&oldid=57350439"

Última modificação há 1 mês por Douglasboavista


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