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Fonte: BNDES
Desde o início da história da prestação de serviços de infraestrutura em
saneamento no Brasil, os serviços de canalização, esgoto, tratamento; os mais básicos
na indústria do saneamento, eram fornecidos num cenário onde os municípios
contratavam concessionárias públicas sem licitação, firmando convênios diretamente
com as empresas estaduais. Por ser um serviço de utilidade pública, o governo institui
que as tarifas cobradas no fornecimento desses serviços devem ser suficientes para
cobrir os custos da empresa, garantir novos investimentos e manutenção adequada,
além de assegurar que toda a população seja atendida, inclusive as famílias de baixa
renda que, porventura, não tenham condição de pagar o serviço.
Graças às suas características apontadas no parágrafo anterior, no setor de
saneamento a existência de concorrência é considerada inviável. Órgãos reguladores
estatais julgam ineficaz no sentido econômico nem no sentido espacial a existência de
duas empresas atuando no setor de água e esgoto, com uma duplicação das redes de
abastecimento e esgotamento.
Devido impossibilidade de competição em qualquer estágio do processo de
produção, a concorrência no setor de saneamento pode ocorrer apenas no ato de
concessão de prestação em determinada região ou em um determinado serviço
específico. Esse tipo de concorrência direta, que consiste quando um prestador de
serviço oferece um produto igual ao de um player do segmento, com o objetivo de
alcançar o mesmo nicho de mercado do mesmo ramo, só passou a ser aprovado no
setor de saneamento básico em maio de 2019, quando foi a aprovada a MP 868, mais
conhecida como Marco do Saneamento Básico. De forma resumida, ela dita que os
municípios ficam agora obrigados a abrir uma concorrência para permitir a entrada de
empresas privadas, quando antes o município podia apenas contratar concessionárias
públicas sem licitação. A medida provisória determina a “livre concorrência” entre as
empresas que prestam serviço de saneamento. Na prática, se antes as cidades
firmavam convênio diretamente com as empresas estaduais, sem precisar de licitação,
agora a MP exige a abertura de consulta pública toda vez que a prefeitura de uma
cidade decidir fazer obras de água e esgoto. O artigo abre caminho para as companhias
privadas ampliarem sua fatia no mercado, hoje com participação equivalente a 7% do
total de municípios brasileiros. Abaixo, o atual cenário das empresas que dominam o
setor.
Fonte: SNIS
4 Ps do Marketing
Uma vez sendo item primordial a vida, o cliente deseja que a empresa de
saneamento forneça a ele serviços da melhor qualidade possível. Por exemplo, a
Produto empresa não pode conceder água suja nas torneiras das casas.
Fornecedores em números
A empresa não detalha publicamente os seus fornecedores por questões de
compliance, mas sabe-se que atualmente, aproximadamente 7.840 fornecedores
ativos fazem parte da cadeia em todo o Estado de São Paulo. O valor contratado em
2019 foi de R$ 3,4 bilhões referentes a investimentos e despesas. A contratação de
fornecedores respeita as exigências Trabalhistas, de Segurança do Trabalho e de Meio
Ambiente, estendendo o compromisso à empresa contratada, que fica responsável por
eventuais atos ou fatos irregulares praticados pela subcontratada e/ou terceirizada em
nome próprio, de seus empregados e prepostos.
A empresa possui processo de qualificação próprio de fornecedores e seus
respectivos produtos, para compra de materiais estratégicos. A qualificação de
fornecedores abrange vários requisitos, dentre os quais o processo produtivo, desde a
matéria prima até o produto, verificando-se inclusive aspectos relacionados à
responsabilidade ambiental, tal como riscos toxicológicos do produto, e
responsabilidade social, como o combate ao trabalho forçado e o emprego de mão de
obra infantil. Além disso, busca dar a maior publicidade possível ao mercado sobre seu
processo de compras e contratações, utilizando procedimentos licitatórios eletrônicos,
pautados em condições prévias para participação, estabelecendo requisitos para
contratações e diretrizes que combatem o conluio entre concorrentes.
Os processos eletrônicos, além de reduzirem custos, oferecem aos
fornecedores e à população maior transparência, eficiência e agilidade. Comprometida
em conduzir seus negócios de maneira legal, ética, transparente e profissional, em
conformidade com os requisitos gerais das leis anticorrupção, a Sabesp estende aos
seus fornecedores, que a representam, a obrigação de assimilar, aceitar e executar
esses requisitos por meio de declaração em que o fornecedor registra que conduz seus
negócios de forma lícita. Além disso, a participação e a contratação de fornecedores
locais em suas regiões de atuação são incentivadas pela Sabesp, assim como é
assegurado, conforme a legislação vigente, tratamento diferenciado a microempresas
e empresas de pequeno porte, microempreendedores individuais – MEI, empresas
individuais de responsabilidade limitada – EIRELI e sociedades cooperativas.
A relação com os fornecedores se pauta pela ética, transparência e critérios
socioambientais, motivo pelo qual as empresas com a quais são mantidas relações
comerciais, são incentivadas a aderir a práticas de gestão e redução de emissões de
gases de efeito estufa. A Sabesp foi a primeira empresa pública a implantar processo
de compras eletrônicas no país. Além de reduzir custos, o sistema oferece a seus
fornecedores e à população maior transparência, eficiência e agilidade. O sistema
online de compras eletrônicas da Sabesp segue oferecendo aos fornecedores a mesma
condição, independentemente do local onde estejam instalados, além de significativa
redução de custos, desperdício e obsolescência.
Como parte do atendimento à ampla legislação periférica sobre contratações,
também é assegurado tratamento diferenciado a microempresas e empresas de
pequeno porte e às sociedades cooperativas, incentivando também, desta forma, a
participação e a contratação de fornecedores locais. As compras regionais, o estímulo
à micro e pequena empresa, a responsabilidade social e a adoção de critérios
socioambientais compõem o conjunto de ações que a Sabesp realiza em busca da
sustentabilidade nas suas contratações.
Fonte: Sabesp
Riscos de desabastecimento
Quando uma empresa como a Sabesp sente a falta de fornecimento de
determinado produto, o efeito pode ser imediato, visto que muitas vezes a população
é a primeira a sentir. Não há caso recente que deixe isso mais explícito do que a
escassez de água nas represas pelas quais a Sabesp garante o seu abastecimento para
milhões de pessoas em 2014. Apesar do seu estrito controle, os níveis de seca e
redução de oferta de água atingiram níveis preocupantes e poucas vezes vistos na
história do local.
Fonte: Sabesp
Um dos símbolos da crise hídrica foi a diminuição drástica do Sistema
Cantareira, imenso reservatório administrado pela Sabesp e responsável pelo
abastecimento de água de cerca de 8,8 milhões de pessoas. A seca na Região Sudeste,
em associação a fatores ligados à infraestrutura e planejamento, é a responsável pela
pior crise hídrica enfrentada pela região. A atuação da Sabesp na crise foi criticada pela
mídia internacional. A partir de dados da própria empresa foi constatado que a gestão
dos recursos hídricos pela Sabesp foi uma das principais responsáveis pela crise.
O cenário de crise gerou sérios problemas principalmente à Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP), que tem cerca de 20 milhões de pessoas, é a
sétima área urbana mais populosa do mundo e o centro econômico, financeiro e
técnico do Brasil. Em virtude de seu imenso tamanho e valor industrial, a RMSP
enfrentou diversos desafios quando se trata de gerir seus recursos hídricos. De acordo
com um grupo de especialistas, as causas da crise vão desde a diminuição das chuvas
no Estado até o desmatamento, à ocupação desenfreada dos mananciais e à falta de
planejamento do governo de São Paulo.
Há outras correntes de entendidos no assunto que acusam ainda o governo
federal, por meio da Agência Nacional de Águas (ANA), que é o órgão responsável pela
implementação e gerenciamento de todos os recursos hídricos do Brasil. Para este
grupo, a agência não recomendou de forma adequada e clara que São Paulo e outros
estados diminuíssem o consumo de água e tampouco exigiu da Sabesp uma postura
mais firme contra a crise hídrica. Em 2014 a ONU criticou o governo de São Paulo por
não realizar os investimentos necessários para que todos os habitantes do estado
tenham água. Também fez críticas ao governo federal brasileiro por não estar
cumprindo com o seu dever de fornecer água e saneamento básico para toda a
população do Brasil.
Segundo dados do IBOPE Inteligência, o público paulistano percebeu, na época,
que a responsabilidade pela crise hídrica recaía principalmente no governo estadual
(45% dos respondentes), da Sabesp (19%) da falta de chuvas (18%) e da própria
população (10%).