Você está na página 1de 180

Informatização

de Bibliotecas e
Recuperação da
Informação
Prof.ª Patricia Simone Broch
Profª Raffaela Dayane Afonso

Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020

Elaboração:
Prof.ª Patricia Simone Broch
Profª Raffaela Dayane Afonso

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

B863i

Broch, Patricia Simone

Informatização de bibliotecas e recuperação da informação. /


Patricia Simone Broch; Raffaela Dayane Afonso. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.

170 p.; il.

ISBN 978-65-5663-051-9
ISBN Digital 978-65-5663-052-6

1. Informatização. - Brasil. I. Afonso, Raffaela Dayane. II. Centro


Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 020

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao livro Informatização de Bibliotecas
e Recuperação da Informação. Neste livro, serão abordados temas como a
história da informatização das bibliotecas no Brasil e no mundo, planejamento
e informatização de bibliotecas e a recuperação da informação.

Na primeira unidade, abordaremos alguns conceitos de


informatização, aspectos históricos da informatização e formação dos
acervos das bibliotecas no Brasil e no mundo. Será possível conhecer a
importância do formato Marc dentro da informatização. Contemplaremos
o processo de formação das bibliotecas universitárias no Brasil e alguns
fatores ligados aos processos de informatização de seus acervos, além
da importância da informatização das bibliotecas dentro dos processos
avaliativos das instituições de ensino superior.

Na segunda unidade, abordaremos a importância do planejamento


no processo de informatização de uma biblioteca, os aspectos a serem
considerados em um projeto e a preparação do acervo da biblioteca para que
o projeto seja implementado. Veremos na sequência o processo de avaliação
de softwares, metodologias de avaliação e os critérios a serem considerados
e avaliados na construção de uma metodologia própria. Para finalizar,
abordaremos alguns aspectos de arquitetura da informação em softwares,
para que adquiram maior conhecimento no processo de avaliação e aquisição
de um software para bibliotecas.

Na terceira unidade, apresentaremos alguns conceitos de


Recuperação da Informação, os sistemas de recuperação da informação e
estratégias de buscas. Conheceremos alguns modelos de recuperação da
informação e suas aplicabilidades, além de indicadores de avaliação na
recuperação da informação, a importância dos motores de busca atualmente
e a folksonomia no âmbito da recuperação da informação.

Esperamos que os conteúdos abordados, juntamente às leituras e às


atividades extras sugeridas, estimulem sua leitura e que o livro de estudos
seja relevante em sua aprendizagem e formação profissional, incentivando a
sua constante atualização nesse universo da informação.

Bons estudos!

Profª Patricia Simone Broch


Profª Raffaela Dayane Afonso
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS............................................................. 1

TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA................................................. 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS............................................................... 4
3 ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS....................... 6
4 FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL: SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO
DE INFORMATIZAÇÃO....................................................................................................................... 9
4.1 BIBLIOTECAS RELIGIOSAS E PARTICULARES..................................................................... 10
4.2 BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA.......................................................................................... 11
4.3 BIBLIOTECA NACIONAL........................................................................................................... 12
5 INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS NO BRASIL.............................................................. 15
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 20

TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL................................................... 21


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 21
2 FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL.................................... 22
3 INFORMATIZAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL...................... 25
4 FORMATO MARC E SUA IMPORTÂNCIA NOS PROCESSOS DE INFORMATIZAÇÃO.......29
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 32
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 33

TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO...................................................... 35


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 35
2 BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NAS AVALIAÇÕES INSTITUCIONAIS DO INEP........ 36
3 BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NAS AVALIÇÕES DOS CURSOS DE
GRADUAÇÃO....................................................................................................................................... 41
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 49
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 56

UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE


BIBLIOTECAS........................................................................................................................................ 57

TÓPICO 1 — PLANEJAR PARA INFORMATIZAR....................................................................... 59


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 59
2 PLANEJAMENTO PARA INFORMATIZAÇÃO.......................................................................... 59
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 67
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 68

TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO DE


BIBLIOTECAS........................................................................................................................................ 69
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 69
2 SOFTWARES....................................................................................................................................... 69
2.1 SOFTWARES E SUAS LICENÇAS.............................................................................................. 70
3 METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE SOFTWARES POR CRITÉRIOS....................... 72
3.1 REQUISITOS ESPECÍFICOS ....................................................................................................... 73
3.2 REQUISITOS GERAIS................................................................................................................... 77
4 PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DE SOFTWARE BASEADA EM NOTAS............................... 78
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 85
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 86

TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE


BIBLIOTECAS........................................................................................................................................ 87
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 87
2 ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO............................................................................................ 89
2.1 ELEMENTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO....................................................... 92
2.2 A ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO....................................................................... 95
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 99
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 108
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 109

UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO............................................................... 111

TÓPICO 1 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO................................................................... 113


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 113
2 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO......................................................................................... 114
2.1 SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO.......................................................... 116
2.2 ESTRATÉGIA DE BUSCAS........................................................................................................ 118
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 121
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 122

TÓPICO 2 — MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO...................................... 123


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 123
2 MODELOS CLÁSSICOS OU QUANTITATIVOS..................................................................... 124
2.1 MODELO BOOLEANO.............................................................................................................. 124
2.1.1 Operadores booleanos....................................................................................................... 125
2.1.2 Operadores de proximidade............................................................................................. 127
2.2 MODELO VETORIAL................................................................................................................. 127
2.2.1 Sistema SMART.................................................................................................................. 129
2.3 MODELO PROBABILÍSTICO.................................................................................................... 130
2.4 MODELO FUZZI......................................................................................................................... 131
3 MODELOS DINÂMICOS............................................................................................................... 132
3.1 SISTEMAS ESPECIALISTAS...................................................................................................... 133
3.2 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS................................................................................................ 134
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 136
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 137

TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO................................. 139


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 139
2 ASPECTOS DA AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO.......................... 140
2.1 RELEVÂNCIA.............................................................................................................................. 140
3 PRECISÃO E REVOCAÇÃO.......................................................................................................... 142
4 EXAUSTIVIDADE E SELETIVIDADE ....................................................................................... 143
5 SILÊNCIO E RUÍDO ....................................................................................................................... 144
6 MOTORES DE BUSCAS................................................................................................................. 145
7 FOLKSONOMIA NA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO................................................ 149
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 153
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 159
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 160
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 161
UNIDADE 1 —

INFORMATIZAÇÃO DE
BIBLIOTECAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conceituar a automação e a informatização de bibliotecas;


• compreender a importância do processo de informatização;
• compreender como a informatização das bibliotecas contribuiu para a
disseminação do conhecimento;
• conhecer a história da informatização das bibliotecas no mundo;
• conhecer a história da informatização das bibliotecas no Brasil;
• entender a importância da informatização nas bibliotecas universitárias;

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA


TÓPICO 2 – FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL
TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA

1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos séculos, bibliotecas passaram por grandes transformações,
e cada uma, ao seu tempo, transformou o modo como a humanidade teve acesso
às informações. Na antiguidade, o armazenamento das informações se dava por
meio de papiros e pergaminhos. Na Idade Média, as bibliotecas dos mosteiros
e das instituições religiosas contribuíram como depositárias do conhecimento e
disseminadoras de obras, mesmo que um único livro levasse anos para ser copiado.
A igreja católica, na pessoa do Papa Nicolau V, criou, no Renascimento, a Biblioteca
do Vaticano, que sobreviveu, ao longo dos tempos, a inúmeras guerras e conflitos
mundiais. Pouco antes do período, originaram-se as bibliotecas universitárias na
Europa, derivadas, em sua maioria, de ordens eclesiásticas, que, em seus moldes,
é o que mais se assemelha às bibliotecas atuais, como espaço dedicado ao saber,
disseminação do conhecimento e acesso democrático (BATTLES, 2003).

As bibliotecas nacionais de diversos países que, em sua maioria, tiveram


coleções oriundas das famílias reais, com seus vastos catálogos, reúnem a
produção intelectual do seu país (BATTLES, 2003). Para o autor, cada biblioteca,
dentro do seu período histórico, contribuiu com suas particularidades e inovações,
como a maneira como preparar o pergaminho para receber as escritas, a invenção
da prensa por Gutemberg, os catálogos das bibliotecas nacionais e como as
informações eram armazenadas, distribuídas e preservadas, acompanhando as
inovações tecnológicas da época.

As bibliotecas universitárias, muitas vezes, foram formadas a partir das


escolas religiosas, que se transformaram em universidades. As bibliotecas, no
século XX, passaram por transformações ainda mais significantes. Com a chegada
dos computadores nas bibliotecas, novas possibilidades foram descobertas ou
inventadas.

Nesta unidade, será apresentada uma parte dessa transformação, a história


da formação das bibliotecas no Brasil e a história da automação e informatização
das bibliotecas no Brasil e no mundo. Esse contexto histórico se faz necessário
para compreender como a evolução histórica das bibliotecas está interligada com
a evolução tecnológica empregada ao longo dos séculos.

Para começar, apresentaremos conceitos de informatização de bibliotecas,


para que você, aluno, comece a se familiarizar com o tema.

3
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

2 AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS


Para iniciar, é importante ressaltar que automação e informatização de
bibliotecas são processos que, para alguns autores, são sinônimos, estão interligados
e, para outros, são processos que se distinguem, mas se complementam. O objetivo
deste capítulo não é aprofundar essa diferença de opiniões, e sim contribuir para
que você entenda os conceitos envolvidos no processo.

Importante perceber que os conceitos se complementam, segundo Cunha


e Cavalcanti (2008). O Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia apresenta os
conceitos:

• Automação: método de comando automático; método que analisa, organiza ou


dirige os meios de produção, visando à utilização máxima de todos os recursos
produtivos, mecânicos, materiais e humanos.
• Automatização: introdução, numa máquina, de um método ou sistema que
lhe permita ser autocontrolável e autocomandável, sem a interação humana.
Transformação de um método, de um processo ou de uma instalação com o
objetivo de torná-lo automático.
• Automação de bibliotecas: utilização da informática, visando modernizar e
aperfeiçoar as rotinas, produtos e serviços de uma biblioteca.
• Automação integrada de bibliotecas: automação de bibliotecas num único
sistema, com integração das atividades relacionadas com aquisição,
processamento técnico e referência.
• Programa de automação de bibliotecas: termo genérico relativo a um programa
de computador que realiza a automação de um setor ou vários setores de uma
biblioteca.
• Mecanização: utilização de máquinas para controle de um processamento.

Para Barssotti (1990), automação de biblioteca se refere aos processos


técnicos da biblioteca, como aquisição, catálogos e índices, e a circulação de acervo.
Na mesma época, Rowley (2002) justificava a importância da informatização,
ressaltando:

• Importância da adoção de computadores para diminuição de tarefas repetitivas,


possibilitando o uso desses dados repetidamente, sem a necessidade de uma
nova inclusão a cada registro.
• Diminuição de custos na operacionalização de tarefas
• Possibilidade de fornecer novos serviços aos usuários.
• Controle dos processos gerenciais para rápida tomada de decisão.

A automação de bibliotecas deve ser pensada sempre da forma mais


ampla possível, usar as novas ferramentas para que máquinas (equipamentos ou
softwares) realizem as tarefas de seres humanos. Usar a tecnologia para realizar
serviços básicos de catalogação, atendimento remoto, recuperação de dados em

4
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA

bases remotas por meio de metabuscas, gestão de funcionários, controle de uso de


equipamentos e permissão de acessos físicos ou remotos, isto é, qualquer serviço
prestado pela biblioteca de maneira física ou remota (VIANA, 2016).

O termo automação é a soma de diferentes ferramentas e diferentes


utilizações de equipamentos de processamento eletrônico de dados em atividades
ligadas à administração de bibliotecas, centros de administração, serviços de
informação e órgãos similares (DUTRA; OHIRA, 2004).

Conforme Santos (2008, p. 13), o processo de automação representa


a escolha de uma ferramenta para implementar processos automáticos para
comandar e controlar as ações de bibliotecas; ações antes desenvolvidas por
humanos, que a partir da implantação, passam a serem controladas de maneira
mais eficaz. Assim, organizando as informações de modo que se tornem legíveis
ao homem.

Como consequência, para Ribeiro (2019), teoricamente, espera-se que os


profissionais da biblioteca poupem o seu tempo na realização de tarefas, otimizem
processos, atendam demandas de maneira ágil e em quantidade, e tornem o
processo de organização da informação mais interativo. Na outra ponta, estão os
usuários que, a partir da automação, almejam um atendimento eficaz e em um
curto espaço de tempo, que encontrem suas respostas no uso dos sistemas de
forma prática e realizem empréstimos e devoluções de maneira dinâmica.

Ao se falar em informatização de bibliotecas, é importante ressaltar que os


diferentes sistemas precisam se comunicar entre si, bibliotecas, arquivos, museus
precisam falar a mesma linguagem. Isso se define como interoperabilidade:

Pode-se compreender interoperabilidade como a propriedade de


sistemas diferentes (por exemplo: sistemas de gestão de bibliotecas
digitais, instrumentos de pesquisa arquivísticos automatizados,
sistemas de gestão de acervos museológicos), através de padrões
tecnológicos, acordos ou propostas, capazes de operar em conjunto,
visando à execução de uma tarefa (MARCONDES, 2016, p. 68).

Nas bibliotecas, a automação surgiu para facilitar, uniformizar e reduzir


o tempo de trabalho, atender melhor às necessidades de seus usuários, gerando
um grande avanço no campo. Os processos de automação (ou mecanização) das
bibliotecas foram diretamente influenciados pelas inovações surgidas ao longo
da história.

5
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

3 ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE INFORMATIZAÇÃO DE


BIBLIOTECAS
A informatização nas bibliotecas teve duas fases bem distintas: automação
mecânica e automação da informação. A primeira se referia à organização física,
à mecanização das operações, e em como disponibilizar os dados dos catálogos.
Podemos citar o catálogo de fichas datilografadas, os arquivos automatizados,
fitas e cartões perfurados.

Os catálogos de fichas, uma evolução no século XIX, eram de fácil


manuseio e muito mais práticos do que os feitos em livros, permitiam rápida
inclusão ou retirada de uma ficha catalográfica, com a vantagem de serem
facilmente duplicáveis. Uma invenção do século XVII, de Jean-Baptise Falcon
e Basile Bouchon, os cartões perfurados eram utilizados para controlar teares
têxteis na França do século XVIII, foram repensados por Herman Hollerith como
mecanismo para processar dados para o censo populacional de 1890 americano.

FIGURA 1 – CARTÃO PERFURADO IBM

FONTE: <https://www.ativasoft.com.br/blog/historia-do-armazenamento/>. Acesso em: 26 jun.


2020.

Em 1928, a International Business Machines adotou o cartão retangular


de 80 colunas para armazenamento de dados, mas, somente em 1950, com a
expansão dos computadores eletrônicos, foram aperfeiçoados e desenvolvidos
para armazenar dados. São cartões que, pela presença, ou pela falta de furos em
uma sequência lógica, representam informações diagramadas e eram perfurados
a mão ou por máquinas (VIANA, 2016).

6
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA

FIGURA 2 – SALA PARA PERFURAÇÃO DE CARTÕES

FONTE: <https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?id=435228&view=deta-
lhes>. Acesso em: 26 jun. 2020.

Um dos grandes responsáveis por pensar a informação nos moldes de hoje


foi Vannevar Bush, engenheiro, matemático, consultor do governo, que alertou
para a importância do acesso à informação e, no seu relatório intitulado Ciência,
A Fronteira Sem Fim, de 1945, que ainda hoje tem influência nos modos como a
informação é pensada e disponibilizada, relatava que o foco escolhido foi como
os avanços da pesquisa poderiam vir a modificar a forma de se pensar e organizar
o conhecimento (CRUZ, 2011).

É importante salientar que as preocupações de Bush ocorreram no período


durante o pós-Segunda Guerra Mundial. Ter acesso rápido às informações e
interligá-las eram fatores decisivos nos cenários político e econômico da época.

A máquina Memex (MeMory EXTenden) era composta por um sistema


hipertextual multimídia que armazenava grandes volumes de documentos
textuais, imagens, fotos e gráficos microfilmados. O mecanismo permitia a
visualização simultânea de documentos em duas telas, ainda, permitia a opção
de modificá-los ou inserir informações e, principalmente, a possibilidade de criar
“links” entre os documentos (CRUZ, 2011).

Bush analisava como o modo de pensar seria alterado se o homem pudesse


ter acesso rápido às informações criadas pela humanidade e, acima de tudo,
interligá-las. Essas ligações foram definidas, por ele, como “Memex”. Seria um
sistema que permitiria, a um indivíduo, armazenar livros, registros, comunicações,
resultado de suas pesquisas, permitindo a indexação pelos assuntos de forma a
serem recuperados para futuras consultas de maneira automatizada, podendo
fazer conexões entre os termos consultados.

Para Bush, a maior parte dos sistemas de indexação e organização de


informações em uso na comunidade científica é artificial. Cada item é
classificado apenas sob uma única rubrica, e a ordenação é puramente
hierárquica (classes, subclasses etc.). A mente humana não funciona
dessa forma, mas sim através de associações. Ela pula de uma
representação para outra ao longo de uma rede intrincada, desenha
trilhas que se bifurcam, tece uma trama infinitamente mais complicada
do que os bancos de dados de hoje ou os sistemas de informação de
fichas perfuradas existentes em 1945 (LÉVY, 2011, p. 28).

7
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

As ideias de Bush encontraram simpatia em Douglas Engelbart. Além


de criar o mouse, possibilitando comandos por meio de cliques, participou da
idealização e construção da Arpanet, rede de computadores que precedeu a
Internet, nos moldes como conhecemos hoje. Seu projeto foi apoiado pelo governo
americano por volta de 1960, e tinha, como objetivo, desenvolver bases de dados
para uma inteligência aumentada, que permitisse a interação entre o homem e
computador.

Segundo Rodrigues (2009), nos Estados Unidos, a automação da Biblioteca


do Congresso Americano (Library of Congress) foi iniciada como solução para
problemas de procedimentos técnicos, como o controle de empréstimos de acervo.
O uso dos cartões perfurados manualmente, além da grande possibilidade de
erro, também era um processo moroso e pouco eficiente, pois não oferecia, de
maneira rápida, um relatório de empréstimo de acervo, assim, o primeiro setor a
ser automatizado foi o de empréstimos.

A automação não resolveu todos os problemas, pois o processamento era,


de início, off-line:

Os primeiros serviços eram off-line, isto é, o processamento não era


feito através de conexão direta como computador. As fichas perfuradas
eram guardadas e, a certas horas, geralmente em horas disponíveis no
centro de computação, era feito o processamento “batch processing”.
Cedo, entretanto, começaram os serviços "on-line", como os da West
Sussex County, Library, na Inglaterra, que iniciou, há muitos anos, o
uso de um terminal ligado diretamente ao centro de processamento
(LIMA, 1981, p. 54).

É importante ressaltar, seja em que tempo for, que a automação de


serviços permite que o bibliotecário priorize o usuário, dedicando seu tempo
a outras atividades, como o serviço de referência ou ações culturais e sociais.
Se, no início desse processo, a informatização foi imposta por circunstâncias
institucionais, hoje, não se concebe mais uma biblioteca de grande porte sem um
sistema atualizado e corretamente alimentado:

Em 1966, na " Conference on Computer Applications for Public


Libraries", Mr. Leslíe Wilson, diretor da Aslib, declarou que,
frequentemente, o bibliotecário recebia, de seus superiores
hierárquicos, a seguinte sugestão: “Temos, agora, um computador;
é preciso usá-Io de qualquer maneira”, levando essa determinação
à ideia da automação como solução única de todos os problemas
biblioteconômicos (LIMA, 1981, p. 53).

Ideias como a citada se permearam ao longo das décadas, construindo uma


falsa ilusão de que a automatização, informatização de sistemas e o aprimoramento
de softwares são suficientes para substituir o profissional qualificado e a interação
humana. Ao analisarmos as expectativas dos usuários, percebemos que, na sua
essência, não mudaram, se comparadas às exigências atuais:

8
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA

Os leitores esperam, hoje, muito mais da biblioteca. Os serviços de


circulação consideravam, inicialmente, como objetivo principal, a
segurança do material emprestado. Depois, a ênfase passou à rapidez
do atendimento e ao acesso livre às coleções. Hoje, os usuários pedem
mais: eles esperam que a biblioteca lhes proporcione, com rapidez e
eficiência, material útil as suas pesquisas e projetos em estudo, mesmo
que esses documentos ainda não estejam incorporados ao seu acervo
(LIMA, 1981, p. 54).

As mudanças ocorridas na maneira como a informação foi pensada, após


1950, culminam na construção de sistemas de informações que, posteriormente,
foram aprimorados ou serviram de base para softwares que permitiram a
informatização de bibliotecas e centros de pesquisa em todo mundo.

4 FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL: SUA


IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE INFORMATIZAÇÃO
Registros sobre bibliotecas e acervos literários no Brasil, anteriores à
metade do século XVI, são raros, são escassos e pesquisas científicas publicadas
também. Presume-se que a presença de livros estava restrita aos religiosos,
magistrados e profissionais alfabetizados, como os advogados, para exercício dos
seus ofícios.

Ao analisarmos alguns aspectos da história das bibliotecas no Brasil, da


Colônia à República, fica claro o atraso se comparado a outros países. Evidente
que a tardia colonização e a política de exploração portuguesa foram fatores
preponderantes do processo, e as bibliotecas ficaram à margem de todo e qualquer
desenvolvimento cultural e tecnológico.

A proibição, pela coroa portuguesa, da criação de uma gráfica no Brasil,


contribuiu para o atraso da chegada dos livros.

As bibliotecas, no Brasil, começaram a ser criadas com a chegada das ordens


religiosas, no período colonial, com a instalação dos mosteiros e conventos, isso a
partir de 1549, com a instalação do Governo Geral em Salvador. Assim, houve a
implantação oficial do sistema de ensino no Brasil, além da necessidade de livros
para instrução de alunos e mestres, que levou ao surgimento das bibliotecas nas
ordens religiosas.

Para Nunes (2016), a história das bibliotecas no Brasil passa por três fases:
a implantação das bibliotecas religiosas e particulares, fundação da Biblioteca
Nacional, e a criação da Biblioteca Pública da Bahia

9
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

4.1 BIBLIOTECAS RELIGIOSAS E PARTICULARES


Devido à proibição da coroa portuguesa de instalar uma tipografia no
Brasil e à censura da Inquisição Católica, os livros eram escassos. Os primeiros
acervos pertenciam e ficavam restritos aos religiosos.

As bibliotecas religiosas e particulares foram a base das bibliotecas


brasileiras, começaram a ser criadas com a chegada das ordens religiosas, no
período colonial, com a instalação dos mosteiros e conventos, a partir de 1549,
com a instalação do Governo Geral em Salvador. Então, houve a implantação
do sistema de ensino no Brasil, além da necessidade de livros para instrução de
alunos e mestres (SANTOS, 2010).

Em 1598, foi fundado, em São Paulo, o Mosteiro de São Bento, e, na mesma


data, a Biblioteca do Mosteiro. Seu acervo é composto por obras do século XIV
em diante, e atende, além dos monges, alunos e funcionários do Mosteiro e da
Faculdade São Bento, num espaço de 666m². Ainda, conta com mais de 115.000
volumes. Seu catálogo ainda se encontra em fichas feitas à mão, datilografadas,
armazenadas num móvel de madeira.

A Biblioteca do Mosteiro permaneceu à margem das inovações desde


a sua criação. Seu catálogo inicial era feito nos tradicionais livros, anotados
na sequência que chegavam à biblioteca. Não há informações de quando essa
transferência de catálogo foi realizada.

A única inovação que o acervo recebeu foi o catálogo ter migrado para
o sistema de fichas. Cada ficha foi redigida manualmente, com as remissivas
necessárias, arquivadas em um móvel com inúmeras gavetas. Não há informações
exatas de quando esse processo ocorreu. No entanto, deve-se observar que o
acervo é fechado, de acesso restrito, somente os integrantes da ordem religiosa
têm acesso, além de poucas pessoas autorizadas. A falta de qualquer tipo de
informatização do acervo o torna de difícil consulta para seus usuários, e sendo
o acesso restrito aos membros, impossibilita que suas obras, de conteúdo raro,
sejam disseminadas e compartilhadas mesmo dentro da ordem religiosa.

Segundo Santos (2010), na Bahia, instalaram-se as principais ordens


religiosas, todas possuíam bibliotecas e importantes acervos para a época:

• Companhia de Jesus (1549);


• Convento de São Bento (1575);
• Convento do Carmo (1586);
• Convento das Mercês (1654);
• Convento de Santa Clara do Desterro (1667);
• Convento do São Francisco (1686);
• Convento da Soledade (1735);
• Convento da Conceição da Lapa (1744).

10
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA

FIGURA 3 – BIBLIOTECA DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO

FONTE: https://www.revistaprosaversoearte.com/biblioteca-mais-antiga-de-sao-paulo-no-mos-
teiro-de-sao-bento/. Acesso em: 2 jul. 2020.

4.2 BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA


Foi fundada em 13 maio de 1811, aniversário de D. João VI, pela iniciativa
de um grupo de homens cultos, ligados a grupos maçônicos. Seu acervo inicial
foi composto pelo empréstimo de quatro mil obras pertencentes ao Conde dos
Arcos, sendo que este retirou o seu acervo na mudança da biblioteca para o novo
prédio. Foi a primeira biblioteca pública do Brasil e da América Latina, sendo
grande fonte de pesquisa de documentos históricos.

FIGURA 4 – BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA - PRÉDIO PARCIALMENTE DESTRUÍDO PELO


BOMBARDEIO SOFRIDO EM 1912

FONTE: http://www.salvador-antiga.com/centro-historico/biblioteca.htm. Acesso em: 2 jul.


2020.

11
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

No ano de 1925, o acervo passa por sua primeira mecanização:

Catalogam-se 14.642 obras conforme os moldes da Biblioteca Nacional,


utilizando-se fichas organizadas alfabeticamente por autor e por
assunto, destinadas ao manuseio do próprio usuário. A catalogação
adotada dá bons resultados, possibilitando, ao leitor, acesso às obras
desejadas [...] (BAHIA, 2011, p. 101).

Em 1931, a direção estabelece que a “organização dos catálogos


deveria observar as regras universais de bibliografia, e que deveria haver uma
uniformidade dos serviços entre as bibliotecas. Ainda, os catálogos sistemáticos
deveriam abranger todo o acervo, estar atualizados com as aquisições recentes, e
disponíveis ao público” (BAHIA, 2011, p. 101).

Em 1943, o diretor nomeado Oswaldo Imbassahy da Silva, bacharel em


Direito, para a direção da Biblioteca Pública, após um breve curso na Biblioteca
Nacional, estabelece que a partir daquele ano seria adotada a Classificação
Decimal de Dewey (CDD). Ressalta-se que a biblioteca passa a se espelhar nas
normas da Biblioteca Nacional, o que reflete na padronização de assuntos e
entradas no acervo. Essa padronização é um dos requisitos fundamentais para
que o catálogo de acervo passe pelo processo de informatização.

Atualmente, a Biblioteca Pública da Bahia disponibiliza a consulta de


seu acervo por meio do software Pergamum. Seu site está hospedado na página
oficial do governo do estado da Bahia.

DICAS

A Biblioteca Central do Estado da Bahia é a mais antiga da América Latina


e primeira biblioteca pública do Brasil. Sua história é marcada por bombardeios em 1912
e perda de livros raros. Descubra um pouco mais dessa história no link https://albenisio.
wordpress.com/2018/05/13/bibliotecapublica/.

4.3 BIBLIOTECA NACIONAL


A chegada da família real portuguesa em 1808, ao Rio de Janeiro, marca
um período importante, no entanto, o acervo da Real Biblioteca, que continha mais
de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, estampas, mapas, moedas e medalhas,
não chegou na sua totalidade ao Brasil com a família imperial no momento do seu
desembarque. Apenas em 1811, parte do acervo dessa biblioteca e da Biblioteca
d’Ajuda desembarcou em nossas terras, em dois lotes diferentes. De sua fundação
até 1814, o acesso era restrito aos membros da família real, e estudiosos, sob

12
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA

restrito consentimento real. Somente a partir de 1814, foi permitido o acesso ao


público, quando a biblioteca ocupava o prédio do hospital da Ordem Terceira do
Carmo (NUNES; CARVALHO, 2016).

No ano de 1822, passa a ser denominada Biblioteca Imperial e Pública e, em


1825, é formalizada a aquisição dos exemplares trazidos pela coroa portuguesa.
Em 1858, é transferida para o prédio na Rua do Passeio e, somente após a
Proclamação da República, em 1889, passa a ser denominada Biblioteca Nacional
(BN). É transferida para seu prédio definitivo em 1910 (CUNHA; CAVALCANTI,
2008).

FIGURA 5 – BIBLIOTECA NACIONAL - PRÉDIO CONSTRUÍDO ENTRE 1905 A 1910, NO RIO DE


JANEIRO

FONTE: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/icon1231184/icon1231184.jpg.
Acesso em: 2 jul. 2020.

A Biblioteca Nacional está entre as dez maiores bibliotecas nacionais


do mundo. Seu acervo atual é estimado em 10 milhões de obras. Considerada
referência no país na preservação de acervos, possui laboratórios de restauração
e conservação de papel, oficina de encadernação, centro de microfilmagem,
fotografia e digitalização.

A Biblioteca Nacional, ao longo da sua história, disponibilizou inúmeros


catálogos de suas coleções, contudo, uma vez impressos, não permitiam alterações
ou inclusões. Em curto prazo, tornava-se clara a necessidade de reescrever os
catálogos, devido a novas aquisições no acervo. Assim, em meados do século XIX,
foi estabelecido o uso de fichas catalográficas. O diretor na época enfatiza que:

13
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

[...] O catálogo por cartões pode e será alterado e aumentado


indefinidamente todos os dias com os cartões referentes às aquisições
diárias, mas como fazer esses acréscimos em um catálogo impresso,
sem torná-lo imprestável ao fim de um ou dois anos? Ademais, essas
emendas se fariam no exemplar da Biblioteca, mas como passá-las aos
que fossem fornecidos aos particulares? (BETTENCOURT, 2014, p. 97).

A data exata do início desse processo não é conhecida, contudo, no


relatório da Biblioteca Nacional de 1898, é relatado que a encadernação mecânica
dos cartões do catálogo alfabético vinha sendo feita há 23 anos.

Assim, considerando o ano de 1876 como o início da adoção dos


catálogos em fichas como instrumento para a representação da
informação na Biblioteca Nacional, sua utilização certamente perdurou
por mais de 120 anos. Inicialmente manuscritas, as fichas passaram a
ser datilografadas, em seguida, impressas e, por último, eletrônicas
(BETTENCOURT, 2014, p. 97).

Em 1945, a Biblioteca Nacional, em parceria com a ALA (American Library


Association), recebe um consultor da Library Congress. A partir desse momento,
adota novos padrões de catalogação. Baseado na Classificação de Dewey, grande
parte da coleção foi catalogada novamente e se iniciou o registro patrimonial
do acervo, adotando-se, a partir desse momento, normas e princípios adotados
internacionalmente.

É importante destacar que esse processo se tornou fundamental para a


informatização dos catálogos, pois possibilitou a padronização no registro de
autores, títulos, cidades e demais dados das obras catalogadas, além da futura
utilização do código MARC.

Apesar das inúmeras reorganizações e reformas impetradas na Biblioteca


Nacional, tornava-se evidente que os esforços eram insuficientes para atingir o
objetivo, que era levar, ao público, um catálogo com a totalidade das obras da
instituição. No fim da década de 1960, encontravam-se, aproximadamente, 500
mil obras inseridas no catálogo. Esse fato tornava a necessidade de informatizar a
Biblioteca Nacional cada vez mais evidente e necessária (BETTENCOURT, 2014).

Com a implantação de grupos de estudos para discutir a informatização


da instituição, a história da informatização da Biblioteca Nacional passa a ser a
base da história da informatização das bibliotecas brasileiras.

A informatização da Biblioteca Nacional começou a ser discutida, de


fato, na década de 1970, quando começaram os primeiros debates de qual seria
o modelo adotado pela instituição. O pioneirismo da Biblioteca Nacional foi
fundamental para a informatização das bibliotecas no Brasil, e sua trajetória se
funde à história da informatização no país, não sendo possível essa separação,
tamanha foi a importância, além influência nas demais bibliotecas, pois tornou-
se um modelo a ser seguido, principalmente, pelas bibliotecas universitárias
brasileiras.

14
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA

FIGURA 6 – BIBLIOTECA NACIONAL - ARMAZÉNS PRINCIPAIS

FONTE: <https://www.bn.gov.br/visite/espacos/armazens>. Acesso em: 26 jun. 2020.

5 INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS NO BRASIL


A informatização das bibliotecas no Brasil começou a tomar forma a
partir da década de 1980. Contudo, no artigo de Manoel A. Wanderley, de
1973, ele expressava sua preocupação de adaptar as opções que as empresas
de computadores ofereciam para atender às futuras demandas da Biblioteca
Nacional. Foram relacionadas cinco opções disponíveis à época, apresentado
os prós e contras de cada opção, concluindo que a escolha de uma das opções
ocasionaria um trabalho conjunto de analistas e bibliotecários.

Fixadas, destarte, a largos traços, algumas das opções obrigatórias


no projeto de reforma dos serviços da instituição, e de sua eventual
automação, tendo em vista que a escolha de uma resultará do estudo
detido de cada qual, a implicar o trabalho conjunto de analistas e
bibliotecários, e a ser encetado como o primeiro passo da sequência
clássica de eventos que demarcam o desenvolvimento de qualquer
sistema (WANDERLEY, 1973, p. 3).

Apesar das preocupações expostas, e ressaltada a importância de uma


equipe multidisciplinar como fonte para uma construção que partilhe vários
pontos de vista, na prática, artigos da época relatam as dificuldades de integração
de profissionais com diferentes formações.

No início do processo de informatização das bibliotecas brasileiras, havia a


preocupação quanto à ausência de integração dos profissionais de biblioteconomia
e da computação. Cada área atuava de forma isolada, não ocorrendo, salvo raras
exceções, a troca de conhecimento, gerando a ausência de projetos integrados.

15
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Um outro problema que sentimos quanto a essas experiências é o


isolamento em que se realizam e se desenvolvem. Isso parece ser
devido, principalmente, a certa timidez do profissional de informação
quanto ao seu papel no processo. Ele parece subestimar esse papel,
ou por desinformação ou por falta de treinamento, julgando ser o
trabalho do profissional de computação o mais importante, no caso.
A computação, repito, é apenas um instrumento, embora poderoso
e temido. Na automação dos sistemas de informação, o papel do
profissional de informação é, evidentemente, o mais importante,
porque dele depende a parte substantiva desses sistemas (DIAS, 1980,
p. 94).

Em 1972, a Biblioteca Nacional começou a planejar sua adesão ao formato
CALCO (Catalogação Legível por Computadores), por meio de um convênio
MEC/CNPQ, passou a desenvolver e aprimorar esse sistema no Brasil. No ano de
1977, lançou o Manual de Preenchimento, em 1978, promoveu a adaptação para
se tornar compatível com o formato UNIMARC (MARC universal) e atualizou
os manuais já lançados. A partir de então, a Fundação Getúlio Vargas assumiu o
desenvolvimento e a operacionalização do programa. Assim, desenvolveu-se o
BIBLIODATA/CALCO (ARONOVICH; ALVES; DIAS, 1985).

Segundo Aronovich, Alves e Dias (1985), somente em 1982, a


Biblioteca Nacional deixou de usar o sistema de cartões perfurados e passou a
integrar o sistema BIBLIODATA. Funcionários foram contratados e treinados
para fazer o preenchimento de planilhas e catalogação pelo AACR2. Em 1984,
a instituição já era a primeira em títulos catalogados, com 28.845 registros até
agosto daquele ano.

Ainda, a adoção do sistema BIBLIODATA/CALCO gerou novos produtos


e benefícios imediatos à instituição, como:

• fichas catalográficas e desdobramentos;


• fichas topográficas;
• etiquetas de identificação de obras;
• cabeçalhos de assunto (disponíveis em fichas e microfichas);
• microfichas das obras cadastradas no sistema (ordenação alfabética de entrada,
de periodicidade mensal);
• relatório semanal das obras cadastradas (complementando a emissão mensal
das microfichas);
• conversão, para o formato CALCO, das fitas magnéticas recebidas da Biblioteca
do Congresso dos EUA;
• relatório semanal das obras em processamento técnico;
• emissão da Bibliografia Brasileira: ordenada pela CDD, inclusão de índices de
autor, título e assunto, divulgação de material recebido por depósito legal e
obras de autores nacionais editadas no exterior.

Com a transformação sofrida pelo processo de informatização,


implementado entre os anos de 1970 e 1985, a Biblioteca Nacional passa a conduzir
e a orientar as demais instituições no Brasil.

16
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA

A Biblioteca Nacional vem utilizando as perspectivas abertas pela


automação [...], a fim de permitir um diálogo entre todas as seções
da biblioteca e um fluxo racional dos serviços capazes de evitar
duplicação de esforços. A principal instituição bibliográfica do país,
a despeito de ser a mais antiga, quer ser também a mais atualizada e
sensível a tudo que, de positivo, a moderna tecnologia vem passando
a oferecer-lhe para o aprimoramento dos serviços à coletividade
brasileira (ARONOVICH; ALVES; DIAS, 1985, p. 203).

A falta de opções tecnológicas no mercado brasileiro, devido à reserva de


mercado que vigorou até 1992, levou à estagnação do projeto Bibliodata/Calco.
Os avanços que, num primeiro momento, supriram as demandas das instituições,
passaram a ser mais morosos, se comparados às inovações das bibliotecas do
exterior.

Em 1987, foi criada a Comissão Consultiva da Rede Bibliodata/Calco.


Suas análises levaram à criação, em 1994, de um Plano de Modernização e
Desenvolvimento da Rede Bibliodata/Calco. Ao longo do trabalho executado,
chegou-se à conclusão de que o mercado externo oferecia opções bem construídas
e que serviam as necessidades da rede, não sendo viáveis investimentos para a
modernização e migração do Calco para uma nova plataforma. Após um longo
processo, em 1996, foi realizada a migração dos dados para o formato USMARC
(VASCONCELLOS, 1996).

Diante do relatado, é importante ressaltar a cronologia a seguir:

• 1970 – Introdução do MARC no Brasil através de projetos de formatos MARC


compatíveis, como o formato CALCO da Fundação Getúlio Vargas, Formato
IBICT, e o Mini CALCO da Universidade Federal de Minas Gerais.
• 1972 – Alice Príncipe Barbosa desenvolveu o projeto CALCO (Catalogação
Legível por Computador), baseado no projeto MARC da Library of Congress.
Biblioteca Nacional começa o planejamento para implementar o formato
MARC.
• 1975  –  IBBD decidiu que o formato adotado como padrão para entrada de
dados em nível nacional seria o CALCO.
• 1981 – IBICT criou grupo de trabalho para definir um formato padrão, legível
por computador, para intercâmbio de registros bibliográficos
• 1986  –  IBICT divulga o resultado do grupo de trabalho - Formato IBICT -
formato de Intercâmbio Bibliográfico, totalmente compatível com o formato
CALCO. O Projeto CALCO (Catalogação Legível por Computador) deu origem
à Rede Bibliodata/Calco, que reunia catálogos de bibliotecas do Brasil.

17
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

DICAS

O artigo Iniciando a Automação de uma Biblioteca, de Cavan Michael


McCarthy, publicado em 1988, traz uma avaliação de qual serviço deve ser o primeiro a
ser automatizado, analisando os setores da biblioteca, os problemas e vantagens do uso
de computadores. Relata aspectos que, até os dias atuais, devem ser considerados ao se
pensar na informatização de uma biblioteca.
FONTE: MCCARTHY, C. M. Iniciando a automação de uma biblioteca brasileira: uma
comparação de estratégias alternativas. Ciência da Informação, v. 17, n. 1, p. 27-32, 1988.

Outro capítulo importante da informatização das bibliotecas ocorreu no


âmbito universitário, com o surgimento das universidades em todo o mundo, e
esse processo historicamente ocorreu em paralelo com as bibliotecas nacionais e
órgãos oficiais, sendo que muitas universidades tiveram suas origens ligadas a
instituições religiosas. Veremos, no tópico seguinte, alguns aspectos dessa parte
da história da informatização.

18
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O início da automação das bibliotecas ocorreu com o uso dos cartões perfurados
e computadores eletrônicos a partir de 1950.

• A informatização das bibliotecas tem grande importância.

• As fases da informatização são: automação mecânica e automação da


informação.

• A padronização dos dados inseridos nos catálogos para a informatização do


acervo tem grande destaque.

• No Brasil, a Biblioteca Nacional começou seu processo de informatização na


década de 1970.

• A informatização da Biblioteca Nacional serviu como referência para as demais


bibliotecas brasileiras iniciarem seus processos de informatização.

• O projeto BIBLIODATA e o formato CALCO foram adotados na Biblioteca


Nacional.

• A reserva de mercado para computadores e softwares, que vigorou até 1992,


atrasou a informatização das bibliotecas do país em relação aos outros países.

• Várias instituições no Brasil foram informatizadas a partir da expansão da rede


BIBLIODATA/CALCO.

19
AUTOATIVIDADE

1 Com o advento dos computadores e sua inserção nas bibliotecas a partir de


1950, a informatização começou a influenciar diretamente a biblioteconomia
e seus processos técnicos. Sobre quais fatores são principais benefícios da
automação de bibliotecas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:

( ) As tarefas executadas nas bibliotecas não sofreram interferência da


computação
( ) Possibilitou que um registro já inserido fosse utilizado repetidamente.
( ) Ampliou o controle dos processos gerenciais, não interferindo na tomada
de decisão.
( ) Possibilitou o oferecimento de novos serviços aos usuários.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) F – F – V – V.

2 Em 1985, a Biblioteca Nacional adota o sistema Bibliodata, o que gerou


diversas inovações e benefícios para a instituição. A adoção de novos
parâmetros refletiu diretamente no catálogo da instituição. Sobre essas
inovações, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Etiquetas de identificação de obras, microfichas cadastradas no sistema


e cabeçalhos de assuntos.
b) ( ) Ausência de relatórios, fichas manuais, catálogos flexíveis.
c) ( ) Cabeçalhos em fichas, fichas datilografadas, leitura das fitas magnéticas.
d) ( ) Relatório do processamento técnico, ausência de cabeçalhos-padrão,
fichas topográficas únicas.

20
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL

1 INTRODUÇÃO

A educação formal no mundo sempre esteve diretamente ligada à religião.
As ordens religiosas eram responsáveis pela formação cultural e de caráter dos
indivíduos sob sua guarda e detinham o controle da maioria das bibliotecas.

Na Idade Média, surgem as corporações de ofício e as primeiras


experiências no sentido de originar as universidades. Dentre as corporações,
surgiu a Universitas Studdi, que tinha o objetivo da transmissão de conhecimento
e aprendizagem, sem aplicação imediata, por meio de associação entre mestres e
alunos (NUNES; CARVALHO, 2016).

Diversos conflitos surgiram entre as Universitas e a Igreja Católica, que,


até então, tinha o monopólio dos métodos, das práticas e dos conteúdos.

Assim, as Universitas crescem em consonância com o aumento da


quantidade de alunos e demandam autorização, por parte da Igreja, da
criação de escolas fora do seu espaço original, concedendo concessões,
a clérigos e leigos, para a criação das escolas. Daí ressaltar, em seus
estatutos, várias de suas regras relacionadas aos procedimentos e
profissionais, e às práticas comuns a qualquer associação profissional,
como a realização de assembleias e os rituais de avaliação, que
conferem o grau aos concluintes dos cursos. Dessa forma, há garantia
da autonomia com relação à Igreja (NUNES; CARVALHO, 2016, p.176).

Com o surgimento das universidades, em sua maioria, na Europa,


surgiram também suas bibliotecas, categorizadas conforme a origem de suas
criações. Apresentam-se, no quadro a seguir:

21
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

QUADRO 1 – TIPOLOGIA E ANO DE CRIAÇÃO DAS PRIMEIRAS UNIVERSIDADES


Ano de
Tipo de formação Universidade
criação
Oxford (Inglaterra) 1214
Montepellier (França) 1220
Espontânea
Bolonha (Itália) 1230
Paris (França) 1250

Formadas por Pádua (Itália) 1222


Migração Cambridge (Inglaterra) 1318
Nápoles (Itália) 1224
Instituídas por
autoridades Salamanca (Espanha) 1218
religiosas ou de Valladolid (Espanha) 1250
nobreza
Lisboa (Portugal) 1290
São Domingos (América Espanhola) 1538
Criadas por decreto
Lima (América Espanhola) 1551
real
México (América Espanhola) 1551
FONTE: Nunes e Carvalho (2016, p. 3)

Ao analisar, fica claro o abismo temporal entre a criação das primeiras


bibliotecas da Europa e da América Latina colonizada. Enquanto na Europa as
bibliotecas já eram estruturadas e reconhecidas pela sua importância como fonte
de guarda do saber e preservação da história, na América, então descoberta e
parcialmente colonizada, as primeiras bibliotecas surgiram apenas a partir de
1538. Enquanto, na Europa, já se produziam catálogos dos acervos, no Brasil, o
acesso aos livros foi restrito por muitos anos.

2 FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO


BRASIL
Em 1889, a Nova República inicia reformas educacionais. Em 1901, foi
aprovado o código dos Institutos Oficiais do Ensino Superior e Secundário, que
detalhava o funcionamento das bibliotecas, o uso do corpo docente, dos alunos e
demais pessoas.

Existiram, no Brasil, períodos bem demarcados da educação, conforme


informa Viana (2016, p. 51):

22
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL

A expansão do ensino superior no Brasil foi iniciada em 1808, com


os cursos superiores criados por Dom João VI, Rei de Portugal. Por
iniciativa oficial, esses cursos tiveram continuidade no Império
Português, com a criação das faculdades de Direito. Durante a primeira
república, entre 1889 e 1930, começaram a ser criadas as “instituições
livres”, de iniciativa particular. Após 1930, houve uma retomada da
participação pública, acentuada nas décadas de 1940, 1950 e início
dos anos 1960, através da federalização de instituições estaduais e
privadas, e com a criação de novas universidades federais.

Durante o processo de federalização do ensino, ocorreu a junção entre


diferentes faculdades e escolas, muitas foram transformadas em universidades
federais. A reunião de seus diversos acervos resultou na criação de grandes
bibliotecas centrais, com acervos diversos e numerosos. Contudo, no transcorrer
do tempo, foram identificados vários problemas, como infraestrutura física
inadequada, insuficiência de quadro administrativo e técnico, que afetavam
diretamente a qualidade dos serviços prestados, como a seleção de acervo e o
serviço de referência (MIRANDA, 2006).

A criação das bibliotecas centrais, com seus acervos formados por


catálogos variados, com diferentes níveis e padrões de tratamento técnico das
informações, originou novos obstáculos: gerenciar esses acervos, integrar os
catálogos com diferentes níveis de detalhamento e executar um serviço de
referência de qualidade sem ter acesso a um catálogo indexado corretamente.
Muitos catálogos precisaram ser novamente refeitos e passaram por um processo
de padronização de seus termos e entradas (MIRANDA, 2006).

Relatos de Miranda (2006), Nunes e Carvalho (2016) e Viana (2016)


possibilitam criar uma linha cronológica de fatos importantes na história das
universidades brasileiras e suas bibliotecas:

• 1909: criação da Universidade de Manaus;


• 1920: criação da Universidade do Rio de Janeiro;
• 1931: foi instituído o Regime Universitário do Brasil;
• 1934: fundação da Universidade de São Paulo (USP). As bibliotecas das
faculdades de Direito, Medicina, Farmácia e Odontologia e da Escola Politécnica
Direito já existiam;
• 1937: Getúlio Vargas institui a universidade do Brasil como uma comunidade
de professores e alunos consagrados ao estudo. Em um dos vetos, o presidente
assegura que: somente poderão ser nomeados bibliotecários, os diplomados
pelos cursos de biblioteconomia;
• 1945: criação de bibliotecas universitárias, denominadas bibliotecas centrais,
acervos de diferentes faculdades reunidos em um único local;
• 1945: criação da Biblioteca Central da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ);
• 1946: criação da Universidade da Bahia;
• 1947: criação da Biblioteca Central da Universidade de São Paulo (USP);
• 1949: A Universidade de Minas Gerais foi federalizada e passou a unir diversas
escolas e faculdade de Belo Horizonte, agora denominada de Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), unindo, também, as bibliotecas e acervos;

23
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

• 1957: Criação da Biblioteca Universitária do Ceará (UFC), vinculada à reitoria,


foi extinta em 1969. Seu acervo foi redistribuído nas diversas bibliotecas
setoriais, e substituída pelo Serviço de Bibliografia e Documentação;
• 1959: com um acordo assinado entre o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPQ)
e a Universidade do Estado do Rio Grande do Sul (UFRGS), originou o Serviço
Central de Informações Bibliográficas (SCIB). Em 1971, passou a ser Biblioteca
Central, órgão suplementar vinculado à reitoria, com funções de coordenar e
supervisionar o sistema de bibliotecas da UFRGS.
• 1959: a Universidade do Rio Grande do Norte (UFRN) autoriza, por meio
do Conselho Universitário, que a biblioteca passe a funcionar como Serviço
Central de Bibliotecas, com a missão de servir de apoio às atividades de ensino
e pesquisa da universidade. Em 1974, passou a ser denominada de Biblioteca
Central;
• 1961: por força de lei, é criada a Fundação da Universidade de Brasília, que
seria responsável por criar e manter a Universidade de Brasília (UNB), primeira
universidade criada sem a união de outras faculdades, e a primeira em que o
departamento substitui a cátedra como unidade de ensino e pesquisa.
• 1962: foi criada a Biblioteca Central da UNB, para reunir os diversos acervos
espalhados por várias unidades, com o objetivo de desonerar o sistema com
duplicação de acervos, processos técnicos e administrativos;
• 1968: criada a Biblioteca Central da Universidade do Estado de Santa Catarina
(UFSC). Em 1976, foi entregue o prédio da nova Biblioteca Universitária e, no
ano seguinte, começou a unificação dos acervos. A UFSC, ainda hoje, conta
com biblioteca setorial.

Em 1968, durante o regime militar, foi implementada, no país, a Reforma


Universitária, que tinha, por objetivo, corrigir as distorções no sistema de ensino,
centrado nas faculdades isoladas, unindo-as como um sistema de ensino coeso,
com atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão. Orientava:

Sob a orientação, a biblioteca deveria: planejar seus serviços em


relação aos objetivos da universidade; ver as bibliotecas como um
sistema, opondo-se à biblioteca isolada; reestruturar as atividades
da biblioteca em relação às atividades da universidade; introduzir
princípios de centralização, coordenação e cooperação para evitar
duplicação de atividades e assegurar a racionalidade administrativa
(TARAPANOFF, 1981 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 103).

Durante a década de 1990, várias mudanças ocorreram na Lei de Diretrizes


e Bases da Educação Nacional (LDB). Foram criados mecanismos de expansão
universitária, consolidou a educação a distância e definiu novas matrizes de
distribuição orçamentárias. Essas mudanças levaram a exigir, das bibliotecas
universitárias, novo posicionamento e planejamento, pois seria necessário
atender às novas demandas da educação a distância, além de dar suporte às novas
matrizes curriculares surgidas e incorporar novas tecnologias (VIANA, 2016).

24
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL

A partir de 2004, as bibliotecas universitárias passaram a ser consideradas


como parte integrante da estrutura das instituições de ensino que passariam a ser
avaliadas pelo MEC/INEP para as avaliações de autorização e reconhecimento
dos cursos superiores. Veremos como a informatização está inserida no processo
no Tópico 3 desta unidade.

3 INFORMATIZAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO


BRASIL
As primeiras iniciativas de informatização na área das instituições de
ensino superior ocorreram a partir de 1980. Muitas universidades desenvolveram
softwares próprios, devido ao alto custo de aquisição e à política de reserva de
mercado de computadores e softwares, que vigorou de 1976 a 1992. Todavia,
logo se depararam com as dificuldades de desenvolver sistemas eficientes, que
estivessem sempre atualizados, além dos altos custos para manter uma equipe
especializada para o gerenciamento e atualizações desses softwares.

Segundo Viana (2016), apenas uma pequena parte das universidades


federais possuía condições técnicas e financeiras para adquirir computadores
americanos. A promulgação da Lei n° 7232, a chamada Lei da Política Nacional
de Informática (PNI), determinou a reserva de mercado para algumas categorias,
como os softwares. Essas questões provocaram o atraso da implantação de
sistemas de informatização no Brasil em comparação com os demais países da
América.

Segundo Lancaster (2004), ao pensar na automação e informatização de


bibliotecas, algumas vantagens devem serem consideradas no processo:

• aumento da produtividade;
• redução de pessoal para execução de uma mesma tarefa;
• aumento do controle dos processos;
• redução dos erros;
• aumento da velocidade;
• aumento no escopo e profundidade do serviço;
• facilidade de cooperação;
• produtos paralelos;
• aumento de disseminação;
• redução do custo unitário da operação.

Vários são os fatores apresentados por autores que contribuíram para


alavancar a informatização das bibliotecas entre 1980 e 1990. Os principais fatores
são:

• Criação de redes de computadores, Bibliodata/Calco da Fundação Getúlio


Vargas, Remido do Ministério do Interior, Codemoc do Ministério do
Transportes e a Rede Embratel e Prodasen.
25
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

• A telecomunicação e o processamento de dados confluíram para a Tecnologia


da Informação, o que levou ao tratamento eletrônico integrado da informação,
armazenamento e transmissão das informações armazenadas a distância.
• Introdução do uso dos computadores nos cursos de Biblioteconomia e Ciência
da Informação, com a criação de disciplinas na área da documentação e
fundamentos de aplicação de computadores.
• Criação de grupos de trabalhos nas áreas jurídica, tecnológica e agrícola,
em vários estados do Brasil, ligados a associações para oferecer formação
continuada aos profissionais de biblioteconomia, por meio de cursos, seminários
e conferências.
• Realização do I Encontro Nacional de Usuários do MicroISIS, em Brasília.
Assim, demais estados criaram seus grupos de trabalho, o que foi de suma
importância para o desenvolvimento do programa e correta utilização do
software.

Para Viana (2006), o início desse movimento teve, por base:

• Graduação de bibliotecários com conhecimento em informática. Passam a atuar


como professores.
• A abertura do mercado nacional de software e hardware a partir de 1992,
que possibilita a aquisição de equipamentos e sistemas mais modernos, como
também incentiva as empresas nacionais na criação de novos softwares.
• Aumento da bibliografia sobre o tema. Obras estrangeiras são traduzidas e
publicadas no Brasil, autores brasileiros relatam suas pesquisas e projetos em
eventos nacionais e publicam nas revistas científicas da área.
• A disponibilização, pela UNESCO, do software CDS/ISIS, em 1985, de forma
gratuita.
• A publicação, pelo Ministério da Educação, da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, Lei n° 9394/1996, que determina padrões e critérios para avaliações
do ensino superior, como a obrigatoriedade de informatizar os acervos e
serviços nas bibliotecas universitárias.

Ainda, no período, ocorreram os Seminários Sobre Automação de


Bibliotecas, promovidos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a
primeira instituição brasileira a promover a informatização dos serviços de uma
biblioteca no Brasil. “A automação de procedimentos técnicos da biblioteca do
INPE contribui para seu reconhecimento e remonta às décadas de 1976 a 1980,
com a utilização de grandes computadores” (MARCELINO, 2009, p. 89).

Dos fatores apresentados, o fato da UNESCO disponibilizar o programa


MicroISIS gratuitamente, sem dúvidas, foi o que gerou mais impacto. As
instituições de ensino e pesquisas, que antes se deparavam com a barreira
financeira, agora, poderiam utilizar um programa já desenvolvido, que teria
o suporte de uma grande organização e sem dispender de valores para sua
aquisição.

26
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL

Diversos foram os órgãos que optaram pelo ISIS ao implementarem a


informatização de seus acervos:

• Departamento Nacional do Senac (1988).


• SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
• LILACS – Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde: desenvolveu o
projeto Lilacs/CD-ROM em 1988, e iniciou o trabalho para desenvolver uma
interface de sistema de recuperação da informação. Optou pelo ISIS pela sua
velocidade de recuperação e por ser compatível com a rede Bireme (Centro
Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciência da Saúde).
• FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (RJ): utilizou
o software para desenvolver a base LEG de legislação ambiental em níveis
federal, estadual e municipal do estado.
• Sistema Petrobrás: em 1990, existiam mais de sessenta unidades de informação
utilizando o ISIS, que utilizavam para controle de bibliografia especializada,
arquivos setoriais, catálogos industriais, documentos administrativos,
cadastro de bibliotecas, núcleos de documentação, controle de coleções e lista
de duplicatas etc.
• Museu Paranaense Emílio Goeldi: estabeleceu um formato padrão para o
registro de dados de pesquisas e coleções científicas em zoologia.
• CNEN – Comissão Nacional Energia Nuclear: gerou uma base bibliográfica
automatizada para reunir os documentos produzidos pela instituição, para a
construção da memória técnico-científica da comissão.

Ressalta-se que a informatização nas universidades passa a ganhar força


a partir desse período, pois, até o ano de 1981, segundo Robredo (1981), das
quinhentas e setenta e oito bibliotecas universitárias pesquisadas, cadastradas
na CAPES, somente dez possuíam sistemas de automação em operação, treze
em fase de implantação e vinte e uma em fase de projetos. Na maioria, essas
universidades desenvolveram seus próprios softwares, no total, de 08 entre 10
universidades.

Segundo Robredo (1981), as universidades pioneiras na informatização


no Brasil foram:

• Universidade do Amazonas.
• Universidade Federal da Paraíba.
• Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
• Universidade Federal de Juiz de Fora.
• Universidade de Brasília.
• Universidade Federal do Rio de Janeiro.
• Fundação Getúlio Vargas.
• Universidade de São Paulo.
• Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

27
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Com equipes de trabalho criadas em diversos lugares no país, foi possível


construir uma rede de colaboração e grupos que se empenharam a resolver as
barreiras iniciais na informatização das unidades de informação no país. As
várias frentes de trabalho e as publicações dos casos de sucesso contribuíram
para o avanço da informatização no Brasil.

A evolução da informatização das bibliotecas universitárias no Brasil


ocorreu cronologicamente, em paralelo com a evolução dos softwares de
bibliotecas. Como vimos anteriormente, o programa ISIS proporcionou a
democratização do acesso à informatização para diversas bibliotecas no país.

Ao longo dos anos, os softwares de bibliotecas, antes limitados com


suas funções voltadas para catalogação e circulação, evoluíram para softwares
de múltiplas plataformas. A maioria dos softwares utiliza, como linguagem, o
formato MARC21, que possibilita a interoperabilidade e comunicação entre
diferentes softwares. A evolução dos softwares de bibliotecas passou pelas
seguintes gerações:

• Primeira geração: nesta geração, os sistemas se voltavam para o desenvolvimento


do controle de circulação ou a catalogação, utilizavam linguagem de
programação (máquina), isto é, eram projetados para serem acessados por
pessoal técnico da área de programação.
• Segunda geração: funcionava em maior variedade de plataformas. Tornaram-
se mais portáteis com o aparecimento de sistemas baseados em UNIX e DOS.
A comunicação entre sistemas se tornou uma realidade, sendo, então, possível
importar ou exportar dados entre sistemas de segunda geração.
• Terceira geração: já oferece ampla disponibilidade de relatórios padronizados,
ocorre o desenvolvimento mais proveitoso e direto da interação com o usuário,
com o surgimento da interface gráfica, com recursos, como janelas, ícones e
menus.
• Quarta geração: geração atual baseada em UNIX e Windows. O acesso é
realizado através de múltiplas fontes, a partir de uma interface multimídia.
Aqui, importação e exportação de dados estão plenamente integradas, sendo
possível o registro com um simples toque. O acesso a outros servidores na
internet agora é possível, possibilitando, ao usuário, a conectividade.

Na próxima unidade, trataremos do planejamento de informatização de


uma unidade de informação e conheceremos alguns softwares disponíveis no
mercado e suas características.

28
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL

4 FORMATO MARC E SUA IMPORTÂNCIA NOS


PROCESSOS DE INFORMATIZAÇÃO
Conforme citado, o formato MARC foi desenvolvido pela Biblioteca
do Congresso Americano (Library of Congress). Ao pensar no processo de
automação e uso de computadores, na Library of Congress, no final da década
de 1950, um dos primeiros pontos de preocupação foi a definição de um padrão
catalográfico que, futuramente, proporcionasse a leitura das informações por
qualquer máquina.

Conforme relata Furrie (2000), com o uso dos computadores no começo da


década de 1960, a Library of Congress necessitava de um formato, para registro de
dados nas fichas catalográficas, que fosse legível por máquinas. Projetou, assim, o
que futuramente se chamaria MARC. Um dos serviços oferecidos pela Library of
Congress era o compartilhamento das fichas catalográficas. Oferecido até os dias
atuais, esse formato, além de tornar o registro de dados mais rápido e eficiente,
deveria ser normalizado, legível por máquina, permitir que qualquer biblioteca
no mundo pudesse acessar as informações e incorporá-las ao seu catálogo.

Para atender a essas demandas, foi desenvolvido o L.C. MARC, código


com um formato de letras, símbolos e números, diagramados de forma a registrar
diferentes tipos de informações. Evoluiu e se tornou o USMARC, formato
utilizado pela maioria dos softwares utilizados para informatização de bibliotecas
do mundo (FURRIE, 2000).

No ano de 1965, ocorreu a primeira Conferência sobre Catálogos


Mecanizados, entre a LC, o Counsil on Library Resources e a Comissão de
Automação da Research Libraries Association. O principal objetivo era estabelecer
um formato que permitiria o registro de dados bibliográficos em computadores
(FURRIE, 2000).

Naquele mesmo ano, ocorreu a segunda conferência. A LC apresentou


sugestões de quais dados e critérios gostaria que o novo formato contemplasse.
Em 1966, na terceira conferência, ficou estabelecido o início das experiências, o
MARC Projeto Piloto.

Com o início dos testes, em 1967, na quarta conferência, com os demais


membros, discutiu-se o formato MARCII, caracteres gráficos e estrutura de
sistema. Todo esse processo levou à publicação, em 1968, de um relatório com
os caracteres gráficos, a estrutura de sistemas necessária, e seus relatos de
experiências ocorridos no processo. Em 1969, o MARCII entrou em operação.

A criação de um formato bibliográfico legível por máquinas tinha o intuito


de solucionar problemas muito específicos, como a gestão da elevada quantidade
da produção científica no pós-guerra e a lentidão de comunicação entre diferentes
bibliotecas e centro de pesquisas. Assim, os principais objetivos eram:

29
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

• oferecer um registro bibliográfico central para o uso da LC, que permitisse ágil
recuperação das informações cadastradas;
• proporcionar uma base de dados para os serviços bibliográficos norte-
americanos, ampla e integrada, em que as informações cadastradas pudessem
ser recuperadas pelas bibliotecas do país;
• fornecer, à comunidade internacional, informações bibliográficas padronizadas,
e receber informações no mesmo formato, permitindo a rápida inclusão na sua
base.

Ao pensar no processo de automação com o uso de computadores, na


Library of Congress, no final da década de 1950, um dos primeiros pontos de
preocupação foi a definição de um padrão catalográfico que, futuramente,
proporcionasse a leitura das informações por qualquer máquina.

No ano de 1965, ocorreu a primeira Conferência sobre Catálogos


Mecanizados, entre a Library of Congress, o Counsil on Library Resources e a
Comissão de Automação da Research Libraries Association. Seu principal objetivo
era estabelecer um formato que permitisse o registro de dados bibliográficos em
computadores (FURRIE, 2000).

Naquele mesmo ano, ocorreu a segunda conferência, a Library of Congress


apresentou sugestões de quais dados e critérios gostaria que o novo formato
contemplasse. Em 1966, na terceira conferência, ficou estabelecido o início das
experiências, o MARC Projeto Piloto.

Com o início dos testes, em 1967, na quarta conferência, com os demais


membros, foram discutidos o formato MARCII, caracteres gráficos e estrutura
de sistema. Todo esse processo levou à publicação, em 1968, de um relatório
com os caracteres gráficos, a estrutura de sistemas necessária, e seus relatos de
experiências ocorridos no processo. Em 1969, o MARCII entrou em operação.

MARC significa Machine Readable Cataloging Record, é uma linguagem


padrão internacional, que permite transformar os dados da ficha catalográfica em
um registro legível por computadores, permitindo a interpretação dos dados e o
intercâmbio de informações bibliográficas. Outros formatos baseados no MARC
surgiram pelo mundo:

• Canadá: CAN/MARC;
• França: MONOCLE;
• Finlândia: FINMARC;
• Espanha: IBERMARC;
• Itália: ANNARMARC;
• América Latina: MARCAL;
• Brasil: Bibliodata/Calco.

30
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL

Conforme explica Furrie (2000), cada registro bibliográfico é composto por


campos. Os principais campos de um registro bibliográfico, mas não os únicos,
são:

• Descrição: normalmente, segue as regras do AACR2, incluindo título,


responsabilidade de autoria, edição, dados de publicação, descrição física,
série, notas sobre o material ou seu conteúdo e números padronizados.
• Entrada principal e entradas secundárias: pontos de acesso conforme AACR2,
e a forma como esses pontos de acesso serão descritos.
• Cabeçalho de assuntos: o uso de uma listagem previamente construída é
importante para assegurar que todas as obras de um determinado assunto
serão encontradas sob o mesmo cabeçalho, como as listas padronizadas de
assunto da LC e da BN.
• Número de chamada: cada biblioteca define o padrão que irá adotar, que pode
ser a CDD (Classificação Decimal de Dewey), a CDU (Código de Classificação
Universal) ou a tabela de classificação da LC. O objetivo da adoção da
numeração é agregar itens de mesmo assunto sob a mesma numeração e suas
subdivisões.

A padronização dos registros catalográficos possibilitou, com o passar dos


anos, o avanço das tecnologias, em que bibliotecas compartilhassem registros entre
si, utilizando um sistema em que o principal propósito é promover a disseminação
da informação. O processo de comprar lotes das fichas catalográficas das grandes
instituições catalogadoras foi substituído pela rápida importação do arquivo em
formato MARC, o que permitiu que bibliotecas de diferentes instituições e países
promovessem a interoperabilidade.

O uso do MARC permitiu que as bibliotecas executassem a substituição de


softwares de automação com total segurança, fazendo a migração dos dados para
o novo software, sem perda dos dados armazenados na conversão retrospectiva
(VIANA, 2016).

A criação do código MARC mudou a maneira como as bibliotecas


passaram a compartilhar as informações entre si e se tornou um marco histórico
no processo de informatização das bibliotecas em todo o mundo, sendo utilizado
ainda hoje.

TUROS
ESTUDOS FU

O Código de Catalogação MARC21 será abordado, com detalhes, na disciplina


de Representação Descritiva.

31
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• O surgimento das universidades no mundo e no Brasil gerou a criação das


bibliotecas universitárias. Vários acervos foram oriundos de instituições
religiosas.

• Várias bibliotecas universitárias criaram bibliotecas centrais. Essa criação se


deu de forma espontânea, para melhor centralizar acervos e diminuir custos
administrativos; ou ocorreu por meio da unificação de diferentes instituições
de ensino.

• Com a criação das bibliotecas universitárias centrais, o volumoso acervo


recebido precisava ser padronizado e tratado tecnicamente. Com a mecanização
e informatização dos acervos, todo o processo se tornou mais eficiente.

• As bibliotecas universitárias buscaram orientação na Biblioteca Nacional para


informatizar seus acervos.

• As universidades brasileiras passaram a informatizar seus acervos a partir de


1980.

• A reserva de mercado para computadores e softwares, que vigorou até


1992, atrasou a informatização das bibliotecas do país em relação aos outros
países. Muitas universidades optaram por criar seus próprios softwares de
gerenciamento de acervo.

• A UNESCO, em 1985, disponibilizou o software CDS/ISIS, de forma gratuita, o


que gerou um crescimento de instituições que informatizaram seus acervos no
Brasil.

• A partir de 2004, as bibliotecas passaram a ser avaliadas pelo MEC/INEP para


as avaliações de autorização e reconhecimento dos cursos superiores.

• O formato MARC se tornou o principal formato para registro de dados


catalográficos em todo mundo, permitindo a interoperabilidade dos sistemas.

32
AUTOATIVIDADE

1 A informatização das bibliotecas acompanhou a evolução tecnológica


ao longo das décadas, mas, desde o início, as vantagens da automação e
informatização já eram possíveis de se prever. Identifique a opção em que
todas as vantagens citadas estão corretas:

a) ( ) Aumento da produtividade, redução de pessoal para execução de uma


mesma tarefa, aumento do controle do processo.
b) ( ) Ausência de pessoas treinadas, redução de custos operacionais,
processos bem definidos.
c) ( ) Redução de pessoal para execução, disseminação de informação,
aumento de custos.
d) ( ) Oferecimento de novos produtos, facilidade de acesso à informação,
aumento de pessoal contratado.

2 O formato MARC viabilizou um registro bibliográfico legível por


máquinas para o uso da LC, desenvolvido para proporcionar a integração
de dados bibliográficos entre os catálogos. Foi fundamental para viabilizar
a informatização das bibliotecas no mundo, proporcionando agilidade e
troca de informações. Vários países desenvolveram sistemas compatíveis
com o formato MARC. Assinale a opção que aponta, corretamente, o país e
o formato produzido:

( 1 ) Canadá ( ) FINMARC
( 2 ) França ( ) BIBLIODATA/CALCO
( 3 ) Finlândia ( ) CAN/MARC
( 4 ) Brasil ( ) IBERMARC
( 5 ) Espanha ( ) MONOCLE

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) 5, 1, 4, 2, 3.
b) ( ) 3, 1, 4, 5, 2.
c) ( ) 3, 4, 1, 5, 2.
d) ( ) 2, 1, 4, 2, 5.
e) ( ) 4, 2, 3, 1, 5.

33
34
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
No terceiro tópico desta unidade, conheceremos a legislação que permeia
as bibliotecas universitárias, os requisitos a serem cumpridos dessa legislação,
e compreenderemos que a informatização das bibliotecas universitárias é parte
fundamental do processo avaliativo.

Para compreender o contexto histórico da informatização das bibliotecas


no Brasil, é importante apresentar algumas datas e os fatos ocorridos, assim, você
poderá perceber como esses fatos repercutiram na educação, nas instituições de
ensino superior e, principalmente, na informatização das bibliotecas.

Em 1963, o Conselho Nacional de Educação (CFE) determinou a


obrigatoriedade da existência de uma biblioteca como requisito para um curso
superior a ser reconhecido, porém, não citava a exigência de um bibliotecário.
Contudo, a Lei n° 4084, de 30 de junho de 1962, regulamenta a profissão e designa
que o exercício da profissão de bibliotecário, em qualquer de seus ramos, só será
permitido aos bacharéis em Biblioteconomia.

Em 1937, é criado o INEP (Instituto Nacional de Pedagogia). Dentre outras


atribuições, seus principais objetivos são:

[...] organizar a documentação relativa à história e ao estado atual das


doutrinas e técnicas pedagógicas; manter intercâmbio com instituições
do país e do estrangeiro; promover inquéritos e pesquisas; prestar
assistência técnica aos serviços estaduais, municipais e particulares de
educação, ministrando-lhes, mediante consulta ou independentemente
dela, esclarecimentos e soluções sobre problemas pedagógicos;
divulgar os seus trabalhos (BRASIL, 2019, s.p.).

A partir dos anos 2000, o INEP reorganizou o sistema de levantamentos


estatísticos da educação no país, que teve, como eixo central de atividades, as
avaliações em praticamente todos os níveis educacionais.

Atualmente, dentre suas várias atribuições, planejar, coordenar e subsidiar


o desenvolvimento de estudos e pesquisas educacionais, em articulação com
o MEC, em todos os níveis da educação. Na educação básica, um dos sistemas
avaliativos para os alunos é o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); no
ensino superior, os alunos prestam o Exame Nacional de Desempenho de
Estudantes (ENADE).

35
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Dentre as atribuições do INEP, é possível citar planejar e operacionalizar


as ações e os procedimentos referentes à avaliação da educação superior. Para
coordenar essas avaliações, foi criado o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior (SINAES), que divide suas ações em três frentes: a avaliação
das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes.

As instituições são avaliadas pelo SINAES. A biblioteca universitária está


incluída no processo de avaliação.

Para garantir a qualidade da educação, o Ministério da Educação baseia


suas ações através de três funções: a avaliação, regulação e supervisão, tanto da
IES quanto dos seus cursos. Esse tripé de qualidade somente funciona a partir da
avaliação, pois, a partir dos resultados da avaliação de uma IES e de seus cursos,
é possível encontrar um referencial para a supervisão e regulação.

Veremos, a seguir, onde as bibliotecas universitárias estão inseridas nessas


avaliações e por que a informatização dos serviços em bibliotecas passou a ser
considerada essencial.

2 BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NAS AVALIAÇÕES


INSTITUCIONAIS DO INEP

Como citamos anteriormente, as avalições institucionais fazem parte do
SINAES, é o processo que credencia uma instituição a oferecer cursos de formação
em nível superior. Essa avaliação está relacionada com:

• a melhoria da qualidade da educação superior;


• a orientação da expansão e sua oferta;
• ao aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e
social;
• o aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das
instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão
pública, da promoção dos valores democráticos, do respeito à diferença e à
diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institucional;
• o aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das
instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão
pública, da promoção dos valores democráticos, do respeito à diferença e à
diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institucional.

O processo de avaliação de instituições se divide em modalidades, sendo


que a biblioteca e seus serviços são itens avaliados:

• Autoavaliação: coordenada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de


cada instituição e orientada pelas diretrizes e pelo roteiro da autoavaliação
institucional da CONAES.

36
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

• Avaliação externa: Realizada por comissões designadas pelo Inep, a avaliação


externa tem, como referência, os padrões de qualidade para a educação superior
expressos nos instrumentos de avaliação e nos relatórios das autoavaliações. O
processo de avaliação externa independe da sua abordagem, e se orienta por
uma visão multidimensional, que busca integrar suas naturezas formativas
e de regulação numa perspectiva de globalidade. Em seu conjunto, os
processos avaliativos devem constituir um sistema que permita a integração
das diversas dimensões da realidade avaliada, assegurando as coerências
conceitual, epistemológica e prática, além do alcance dos objetivos dos diversos
instrumentos e modalidades.
• Censo: um instrumento independente que carrega um grande potencial
informativo, podendo trazer importantes elementos de reflexão para a
unidade acadêmica, o Estado e a população em geral. Assim, os instrumentos
de coleta de informações censitárias devem integrar os processos de avaliação
institucional, oferecendo elementos úteis à compreensão da instituição e do
sistema. Os dados do Censo também fazem parte do conjunto de análises e
estudos da avaliação institucional interna e externa, contribuindo para a
construção de dossiês institucionais e de cursos a serem publicados no Cadastro
das Instituições de Educação Superior.
• Cadastro: Conforme o INEP CONAES, também são levantadas e
disponibilizadas, para acesso público, as informações do Cadastro das IES,
além dos respectivos cursos. Essas informações, que também são matéria de
análise por parte das comissões de avaliação, nos processos internos e externos
de avaliação institucional, formam a base para a orientação permanente de pais,
alunos e da sociedade em geral sobre o desempenho de cursos e instituições.

DICAS

Você pode obter informações detalhadas dos processos avaliativos do MEC/


INEP no seguinte site: http://www.inep.gov.br/.

É importante destacar que as IES, que oferecem ensino nas modalidades


presencial e a distância, passam por avaliações em cada modalidade. A mesma
IES precisa solicitar, com o INEP, duas avaliações, uma como IES para cursos
presenciais, e outra avaliação para cursos a distância, nos graus de tecnólogo, de
licenciatura e de bacharelado.

Para perceber onde a informatização das bibliotecas universitárias se


encaixa no processo, é preciso entender os diferentes instrumentos e etapas do
processo avaliativo.

37
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Os Instrumentos de Avaliação emitidos pelo INEP/SINAES subsidiam os


atos de credenciamento e recredenciamento das IES:

Para ofertar educação superior, as faculdades privadas devem


solicitar, ao Ministério da Educação (MEC), o credenciamento –
entrada da IES no Sistema Federal de Ensino. Posteriormente, de
acordo com a legislação pertinente, as instituições se submetem ao
processo avaliativo para obter o recredenciamento, necessário para
a continuidade da oferta. As instituições podem, ainda, solicitar
a transformação de organização acadêmica, tornando-se Centro
Universitário ou Universidade (BRASIL, 2019, p.5).

Os instrumentos de avalições sofreram mudanças ao longo dos anos


e foram se adaptando às novas tecnologias oferecidas no meio educacional.
A última atualização apresentada pelo INEP tem data de 2017, que emitiu
dois instrumentos diferentes, um para o credenciamento e, o outro, para o
recredenciamento institucional.

O instrumento contempla as 10 dimensões determinadas pelo Art. 3º


da Lei do SINAES: a missão e o plano de desenvolvimento institucional
(PDI); a política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação e a
extensão; a responsabilidade social da instituição; a comunicação
com a sociedade; as políticas de pessoal; a organização e gestão da
instituição; a infraestrutura física; o planejamento e a avaliação; as
políticas de atendimento aos estudantes; e a sustentabilidade financeira.
São agrupadas por afinidade em cinco eixos, com indicadores que
apresentam elementos de avaliação e os respectivos critérios para sua
análise e verificação (BRASIL, 2019, s.p.).

Os critérios de avaliação ficaram distribuídos dentro dos seguintes eixos


avaliativos:

• Eixo 1: Planejamento e Avaliação Institucional: considera a dimensão 8


(Planejamento e Avaliação) do Sinaes.
• Eixo 2: Desenvolvimento Institucional: contempla as dimensões 1 (Missão e
Plano de Desenvolvimento Institucional) e 3 (Responsabilidade Social da
Instituição) do Sinaes.
• Eixo 3: Políticas Acadêmicas: abrange as dimensões 2 (Políticas para o Ensino,
a Pesquisa e a Extensão), 4 (Comunicação com a Sociedade) e 9 (Políticas de
Atendimento aos Discentes) do Sinaes.
• Eixo 4: Políticas de Gestão: compreende as dimensões 5 (Políticas de Pessoal),
6 (Organização e Gestão da Instituição) e 10 (Sustentabilidade Financeira) do
Sinaes.
• Eixo 5: Infraestrutura Física: corresponde à dimensão 7 (Infraestrutura Física)
do Sinaes.

A biblioteca universitária se encontra inserida nos itens a serem


avaliados no eixo 5, na dimensão de número 7, que abrange a infraestrutura
física, que analisa, além das demais dependências físicas, também a biblioteca, a
infraestrutura voltada para o ensino e a pesquisa, e os recursos informacionais e
de comunicação oferecidos pela IES.
38
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

Os critérios de avaliação dentro do eixo 5, que citam a biblioteca,


são apresentados nos indicadores 5.9 e 5.10 do instrumento de avalição de
credenciamento.
INdICAdor 5.9 Bibliotecas: infraestrutura
NSA para a modalidade a distância quando não houver previsão de atividades
presenciais.
FIGURA 7 – INDICADOR 5.9 INFRAESTRUTURA BIBLIOTECA

Conceito Critério de Análise

1 A infraestrutura para bibliotecas não atende às necessidades institucionais.

A infraestrutura para bibliotecas atende às necessidades institucionais, mas


não apresenta acessibilidade, ou não possui estações individuais e coletivas
2
para estudos ou recursos tecnológicos para consulta, guarda, empréstimo e
organização do acervo.

A infraestrutura para bibliotecas atende às necessidades institucionais, apresenta


3 acessibilidade, e possui estações individuais e coletivas para estudos e recursos
tecnológicos para consulta, guarda, empréstimo e organização do acervo.

A infraestrutura para bibliotecas atende às necessidades institucionais, apresenta


acessibilidade, possui estações individuais e coletivas para estudos e recursos
4
tecnológicos para consulta, guarda, empréstimo e organização do acervo e
fornece condições para atendimento educacional especializado.

A infraestrutura para bibliotecas atende às necessidades institucionais, apresenta


acessibilidade, possui estações individuais e coletivas para estudos e recursos
5 tecnológicos para consulta, guarda, empréstimo e organização do acervo, fornece
condições para atendimento educacional especializado e disponibiliza recursos
inovadores.

FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/avaliacao_institucional/instrumen-
tos/2017/IES_credenciamento.pdf>. Acesso em: 3 jul. 2020.
INdICAdor 5.10 Bibliotecas: plano de atualização do acervo

Como podemos observar, a biblioteca


Conceito Critério deestá inserida no item que contempla
Análise
requisitos de infraestrutura física, analisando se a acústica, iluminação, ventilação,
mobiliário, 1limpeza,
Não hásegurança e acessibilidade
plano de atualização do acervo descrito noenglobam,
PDi. satisfatoriamente,
usuários, e se contribuem para adoboa
Há plano de atualização conservação
acervo do não
descrito no PDi, mas acervo. As questões
há viabilidade para de
2
acessibilidade, salas de estudo, recursos tecnológicos, que permitem a ampla
sua execução.
utilização do acervo por toda a comunidade acadêmica, também são avaliadas.
Há plano de atualização do acervo descrito no PDi, e viabilidade para sua execução,
3
considerando a alocação de recursos.
Conforme podemos visualizar a seguir, no indicador 5.10, o instrumento
leva em conta se o setor
Há plano da biblioteca
de atualização se encontra
do acervo descrito no PDi, e descrito no sua
viabilidade para Plano de
4 execução, considerando a alocação de recursos e ações corretivas associadas ao
Desenvolvimentoacompanhamento
Institucional (PDI), prevendo ações que permitam, à
e à avaliação do acervo pela comunidade acadêmica.
biblioteca, executar seus serviços, contemplar demandas da instituição e suprir
Há plano de atualização do acervo descrito no PDi, e viabilidade para sua
as necessidades da comunidade acadêmica e dos futuros cursos que venham a ser
execução, considerando a alocação de recursos, ações corretivas associadas
disponibilizados.
5
ao acompanhamento e à avaliação do acervo pela comunidade acadêmica e a
previsão de dispositivos inovadores.

39
inovadores.

UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

INdICAdor 5.10 Bibliotecas: plano de atualização do acervo


FIGURA 8 – INDICADOR 5.10 BIBLIOTECAS - PLANO DE ATUALIZAÇÃO DE ACERVO

Conceito Critério de Análise

1 Não há plano de atualização do acervo descrito no PDi.

Há plano de atualização do acervo descrito no PDi, mas não há viabilidade para


2
sua execução.

Há plano de atualização do acervo descrito no PDi, e viabilidade para sua execução,


3
considerando a alocação de recursos.

Há plano de atualização do acervo descrito no PDi, e viabilidade para sua


4 execução, considerando a alocação de recursos e ações corretivas associadas ao
acompanhamento e à avaliação do acervo pela comunidade acadêmica.

Há plano de atualização do acervo descrito no PDi, e viabilidade para sua


execução, considerando a alocação de recursos, ações corretivas associadas
5
ao acompanhamento e à avaliação do acervo pela comunidade acadêmica e a
previsão de dispositivos inovadores.

FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/avaliacao_institucional/instrumen-
tos/2017/IES_credenciamento.pdf>. Acesso em: 3 jul. 2020.

A principal função da avaliação de um processo avaliativo é produzir


conhecimentos referentes à unidade de informação, organização e seu ambiente,
servindo de subsídio ao planejamento estratégico, tanto na fase de elaboração do
plano, programa ou projeto, quanto na fase de implementação das ações. Direciona
as ações, define os principais objetivos a serem alcançados na elaboração de um
instrumento de avaliação institucional externa | presencial e a distância
plano de ação, produz informações que contribuem para a maior produtividade e
credenciamento
para a melhoria da qualidade. No fim do processo, permite comparar resultados
esperados e conseguidos, além de conhecer o nível de satisfação do público-alvo
e os efeitos do planejamento na unidade de informação, na organização e no
ambiente (ALMEIDA, 2000).

O MEC utiliza conceitos para avaliar as instituições de ensino superior,


sejam públicas ou privadas. Na avalição, as notas são atribuídas em uma escada
de 1 a 5: 5 é a nota máxima, 3 é positiva e, as notas 1 e 2, são consideradas
insatisfatórias. A avaliação institucional de credenciamento ou recredenciamento
da IES é um processo de extrema importância, que impacta diretamente a gestão
de toda a instituição, pois, de maneira organizacional, todos os setores estão
interligados. Trata-se de uma questão estratégica, pois os resultados permitem
que os gestores embasem a tomada de decisão a longo prazo:

Credenciamento da instituição: instituições privadas de ensino


superior devem solicitar o credenciamento, ao MEC, para começar
suas atividades. A análise documental e a visitação a IES fazem parte
do processo de credenciamento. Recredenciamento da instituição: as
IES privadas e federais devem solicitar, ao MEC, o recredenciamento
da instituição ao fim de cada ciclo avaliativo do SINAES. O processo de
recredenciamento considera a avaliação documental e os indicadores
de qualidade resultantes do SINAES. Caso a instituição tenha resultado
insatisfatório, o MEC poderá supervisioná-la, tendo o seu pedido de
recredenciamento suspenso (EYANG, 2016, s.p.).

40
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

Importante ressaltar que é, de responsabilidade do INEP e do SINAES,


assegurar a transparência desses processos avaliativos, sendo deveres:

• Avaliação institucional, interna e externa, contemplando a análise global e


integrada das dimensões, estruturas, relações, compromisso social, atividades,
finalidades e responsabilidades sociais das instituições de educação superior e
de seus cursos.
• O caráter público de todos os procedimentos, dados e resultados dos processos
avaliativos.
• O respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos.
• A participação dos corpos discente, docente e técnico-administrativo das
instituições de educação superior e da sociedade civil, por meio das suas
representações.

Através dos processos avaliativos do SINAES que se dão os processos de


regulação e supervisão da educação superior. Seus resultados se tornam referência
para o credenciamento, sua renovação e eventual descredenciamento das
instituições de educação superior e, como consequência, os cursos de graduação.

A supervisão tem, como objetivo, garantir que as IES ofertem um ensino de


qualidade e, caso necessário, adotem medidas de enfoque corretivo e preventivo,
ou até mesmo sofram as penalidades previstas.

Ao receberem o licenciamento do INEP e SINAES, as IES adquirem


o direito de protocolarem, com o órgão, a solicitação para abertura de cursos
superiores. A partir deste momento, há o início de um outro processo avaliativo,
com novos parâmetros e novo instrumento de avaliação.

DICAS

No site do INEP, você pode conhecer os instrumentos de avaliação de


credenciamento e recredenciamento das instituições de ensino na integra. Acesse e
conheça: http://portal.inep.gov.br/web/guest/avaliacao-institucional.

3 BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NAS AVALIÇÕES DOS


CURSOS DE GRADUAÇÃO

As IES, devidamente regulamentadas com o INEP e SINAES, adquirem o
direito de solicitar abertura de cursos com o órgão.

41
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

O Inep conduz todo o sistema de avaliação de cursos superiores no país,


produzindo indicadores e um sistema de informações que subsidia o processo
de regulamentação, exercido pelo MEC, e garante transparência dos dados
sobre qualidade da educação superior a toda sociedade. Os instrumentos que
subsidiam a produção de indicadores de qualidade e os processos de avaliação de
cursos desenvolvidos pelo Inep são o ENADE e as avaliações in loco realizadas
pelas comissões de especialistas.

As IES protocolam as solicitações de visita in loco no sistema


disponibilizado pelo INEP, seguindo calendário previamente divulgado e
aguardando a comunicação da data a ser realizada a visita avaliativa. Esse
protocolo é acompanhado de toda a documentação referente ao curso a ser
solicitado.

Ocorrem três tipos de avaliações in loco referentes aos cursos de graduação


(BRASIL, 2019):

• Autorização de curso: a autorização do MEC é necessária quando a IES deseja


abrir um novo curso. É analisada a organização didático-pedagógica, além do
corpo docente e técnico-administrativo e as instalações físicas.
• Reconhecimento de curso: para um novo curso ser reconhecido, é necessário
que ele passe por uma segunda avaliação, no momento em que a primeira turma
atinja entre 50% e 75% da carga horária. Somente com o curso reconhecido é
que os diplomas são validados.
• Renovação de reconhecimento de curso: a cada três anos, com o ciclo do
SINAES, o processo deve ser realizado. Considera-se o resultado obtido na
avaliação do SINAES, porém, se o resultado for insatisfatório, o curso deve ser
avaliado in loco, e se preciso for, o MEC inicia o processo de supervisão.

Além das possibilidades apresentadas, as visitas aos cursos de graduação


podem ser realizadas por iniciativa do INEP/SINAES, tendo, como origem,
denúncias ou representações (de alunos, pais, professores, imprensa ou órgãos
públicos), encontrando indícios de irregularidades ou deficiências de qualidade.

O INEP disponibiliza, em seu endereço eletrônico, com data de 2017,


sendo a última atualização, os seguintes instrumentos, quando nos referíamos a
cursos:

• Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação Presencial e a Distância –


Autorização.
• Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação Presencial e a Distância –
Reconhecimento e Renovação de Reconhecimento.

O processo de autorização abrange instituições diversas: faculdades,


centros universitários e universidades privadas, ofertantes da modalidade
presencial ou a distância. Assim, o presente instrumento é a ferramenta dos
avaliadores na verificação das três dimensões previstas no Sinaes, constantes no

42
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

Projeto Pedagógico do Curso (PPC): Organização Didático-Pedagógica, Corpo


Docente e Tutorial e Infraestrutura. É importante ressaltar que os conceitos obtidos
nas avaliações não garantem o deferimento do ato autorizativo, mas subsidiam as
secretarias competentes do MEC em suas decisões regulatórias (BRASIL, 2019).

Para o bibliotecário, é de suma importância conhecer os processos


avaliativos, pois possibilita contribuir com o bom desempenho dos cursos da
instituição. Ainda, há suporte, para uma educação de qualidade, à comunidade
acadêmica.

A BU está inserida em diferentes momentos no processo de avaliação


dos cursos de graduação, sendo item avaliativo ou suporte, para atender às
necessidades dos alunos. Ainda, auxilia na orientação aos professores na escolha
das bibliografias e periódicos disponíveis na instituição ou para compra no
mercado editorial.

Durante o processo avaliativo de autorização, é necessário que a biblioteca


apresente, no seu acervo, a bibliografia do curso a ser ofertado, conforme o Plano
Pedagógico Curricular. No processo de reconhecimento do curso, a bibliografia
deve estar totalmente já disponível no acervo da biblioteca.

Como veremos a seguir, um dos itens de avaliação é o tombamento e a


informatização do acervo. Todo o acervo deve estar em um sistema que possibilite
seu acesso e uso, de forma adequada, pela comunidade acadêmica.

O setor Biblioteca está citado no Eixo 3 (infraestrutura), e é avaliado


conforme os indicadores:

• Indicador 3.6: bibliografia básica por Unidade Curricular (UC).


• Indicador 3.7: bibliografia complementar por Unidade Curricular (UC).

43
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

QUADRO 2 – INDICADOR 3.6 - BIBLIOGRAFIA BÁSICA POR UNIDADE CURRICULAR (UC)


Conceitos Critérios de análise
1 O acervo físico não está tombado e informatizado, ou o virtual não possui
contrato que garante o acesso ininterrupto pelos usuários ou, pelo menos,
um deles não está registrado em nome da IES.
O acervo da bibliografia básica não é adequado em relação às unidades
curriculares e aos conteúdos descritos no PPC ou não está atualizado,
considerando a natureza das UC.
Ainda, não está referendado por relatório de adequação, ou não está assinado
pelo NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia básica da
UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio curso e de outros que
utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por título (ou assinatura de
acesso) disponível no acervo.
2 O acervo físico está tombado e informatizado, o virtual possui contrato que
garante o acesso ininterrupto pelos usuários e ambos estão registrados em
nome da IES.
O acervo da bibliografia básica é adequado em relação às unidades
curriculares e aos conteúdos descritos no PPC e está atualizado, considerando
a natureza das UC.
Porém, não está referendado por relatório de adequação, ou não está
assinado pelo NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia
básica da UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio curso e de
outros que utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por título (ou
assinatura de acesso) disponível no acervo.
Ou, nos casos dos títulos virtuais, não há garantia de acesso físico na IES,
com instalações e recursos tecnológicos que atendem à demanda e à oferta
ininterrupta via internet, ou ferramentas de acessibilidade ou soluções de
apoio à leitura, estudo e aprendizagem.
3 O acervo físico está tombado e informatizado, o virtual possui contrato que
garante o acesso ininterrupto pelos usuários e ambos estão registrados em
nome da IES.
O acervo da bibliografia básica é adequado em relação às unidades curriculares
e aos conteúdos descritos no PPC, e está atualizado, considerando a natureza
das UC.
Da mesma forma, está referendado por relatório de adequação, assinado
pelo NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia básica da
UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio curso e de outros que
utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por título (ou assinatura de
acesso) disponível no acervo.
Nos casos dos títulos virtuais, há garantia de acesso físico na IES, com
instalações e recursos tecnológicos que atendem à demanda e à oferta
ininterrupta via internet, ferramentas de acessibilidade e soluções de apoio à
leitura, estudo e aprendizagem.

44
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

4 O acervo físico está tombado e informatizado, o virtual possui contrato que


garante o acesso ininterrupto pelos usuários e ambos estão registrados em
nome da IES.
O acervo da bibliografia básica é adequado em relação às unidades
curriculares e aos conteúdos descritos no PPC e está atualizado, considerando
a natureza das UC.
Da mesma forma, está referendado por relatório de adequação, assinado
pelo NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia básica da
UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio curso e de outros que
utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por título (ou assinatura de
acesso) disponível no acervo.
Nos casos dos títulos virtuais, há garantia de acesso físico na IES, com
instalações e recursos tecnológicos que atendem à demanda e à oferta
ininterrupta via internet, ferramentas de acessibilidade e soluções de apoio à
leitura, estudo e aprendizagem.
O acervo possui exemplares, ou assinaturas de acesso virtual, de periódicos
especializados que suplementam o conteúdo administrado nas UC.
5 O acervo físico está tombado e informatizado, o virtual possui contrato que
garante o acesso ininterrupto pelos usuários e ambos estão registrados em
nome da IES.
O acervo da bibliografia básica é adequado em relação às unidades
curriculares e aos conteúdos descritos no PPC e está atualizado, considerando
a natureza das UC.
Da mesma forma, está referendado por relatório de adequação, assinado
pelo NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia básica da
UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio curso e de outros que
utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por título (ou assinatura de
acesso) disponível no acervo.
Nos casos dos títulos virtuais, há garantia de acesso físico na IES, com
instalações e recursos tecnológicos que atendem à demanda e à oferta
ininterrupta via internet, ferramentas de acessibilidade e soluções de apoio à
leitura, estudo e aprendizagem.
O acervo possui exemplares, ou assinaturas de acesso virtual, de periódicos
especializados que suplementam o conteúdo administrado nas UC.
O acervo é gerenciado de modo a atualizar a quantidade de exemplares
e/ou assinaturas de acesso mais demandadas, sendo adotado plano de
contingência para a garantia do acesso e do serviço.
FONTE: <http://portal.inep.gov.br/instrumentos>. Acesso em: 29 jun. 2020.

45
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

QUADRO 3 – INDICADOR 3.7 - BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR POR UNIDADE CURRICULAR (UC)

Conceito Conceitos
1 O acervo físico não está tombado e informatizado, ou o virtual não possui
contrato que garante o acesso ininterrupto pelos usuários ou, pelo menos,
um deles não está registrado em nome da IES.
O acervo da bibliografia complementar não é adequado em relação às
unidades curriculares e aos conteúdos descritos no PPC ou não está
atualizado, considerando a natureza das UC.
Ou, ainda, não está referendado por relatório de adequação, ou não está
assinado pelo NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia
básica da UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio curso e de
outros que utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por título (ou
assinatura de acesso) disponível no acervo.
2 O acervo físico está tombado e informatizado, o virtual possui contrato que
garante o acesso ininterrupto pelos usuários e ambos estão registrados em
nome da IES.
O acervo da bibliografia complementar é adequado em relação às unidades
curriculares e aos conteúdos descritos no PPC e está atualizado, considerando
a natureza das UC.
Porém, não está referendado por relatório de adequação, ou não está
assinado pelo NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia
complementar da UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio
curso e de outros que utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por
título (ou assinatura de acesso) disponível no acervo.
Ou, nos casos dos títulos virtuais, não há garantia de acesso físico na IES,
com instalações e recursos tecnológicos que atendem à demanda e à oferta
ininterrupta via internet, ou ferramentas de acessibilidade ou soluções de
apoio à leitura, estudo e aprendizagem.
3 O acervo físico está tombado e informatizado, o virtual possui contrato que
garante o acesso ininterrupto pelos usuários e ambos estão registrados em
nome da IES.
O acervo da bibliografia complementar é adequado em relação às unidades
curriculares e aos conteúdos descritos no PPC e está atualizado, considerando
a natureza das UC.
Da mesma forma, está referendado por relatório de adequação, assinado pelo
NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia complementar
da UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio curso e de outros
que utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por título (ou assinatura
de acesso) disponível no acervo.
Nos casos dos títulos virtuais, há garantia de acesso físico na IES, com
instalações e recursos tecnológicos que atendem à demanda e à oferta
ininterrupta via internet, ferramentas de acessibilidade e soluções de apoio à
leitura, estudo e aprendizagem.

46
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

4 O acervo físico está tombado e informatizado, o virtual possui contrato que


garante o acesso ininterrupto pelos usuários e ambos estão registrados em
nome da IES.
O acervo da bibliografia complementar é adequado em relação às unidades
curriculares e aos conteúdos descritos no PPC e está atualizado, considerando
a natureza das UC.
Da mesma forma, está referendado por relatório de adequação, assinado pelo
NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia complementar
da UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio curso e de outros
que utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por título (ou assinatura
de acesso) disponível no acervo.
Nos casos dos títulos virtuais, há garantia de acesso físico na IES, com
instalações e recursos tecnológicos que atendem à demanda e à oferta
ininterrupta via internet, ferramentas de acessibilidade e soluções de apoio à
leitura, estudo e aprendizagem.
O acervo possui exemplares, ou assinaturas de acesso virtual, de periódicos
especializados que complementam o conteúdo administrado nas UC.
5 O acervo físico está tombado e informatizado, o virtual possui contrato que
garante o acesso ininterrupto pelos usuários e ambos estão registrados em
nome da IES.
O acervo da bibliografia complementar é adequado em relação às unidades
curriculares e aos conteúdos descritos no PPC e está atualizado, considerando
a natureza das UC.
Da mesma forma, está referendado por relatório de adequação, assinado pelo
NDE, comprovando a compatibilidade, em cada bibliografia complementar
da UC, entre o número de vagas autorizadas (do próprio curso e de outros
que utilizem os títulos) e a quantidade de exemplares por título (ou assinatura
de acesso) disponível no acervo.
Nos casos dos títulos virtuais, há garantia de acesso físico na IES, com
instalações e recursos tecnológicos que atendem à demanda e à oferta
ininterrupta via internet, ferramentas de acessibilidade e soluções de apoio à
leitura, estudo e aprendizagem.
O acervo possui exemplares, ou assinaturas de acesso virtual, de periódicos
especializados que complementam o conteúdo administrado nas UC.
O acervo é gerenciado de modo a atualizar a quantidade de exemplares e/ou
assinaturas de acesso, sendo adotado plano de contingência para a garantia
do acesso e do serviço.
FONTE: <http://portal.inep.gov.br/instrumentos>. Acesso em: 29 jun. 2020.

Como podemos verificar, algumas exigências são específicas ao setor da


biblioteca, e são obrigatórias na visita in loco:

• Tombamento: para efeito de avaliação, significa que o acervo físico deve estar
catalogado e possuir um número único de registro no sistema da biblioteca
para cada exemplar. Esse registro é chamado de tombo. Nesse registro, deve
conter a procedência do livro, doação, permuta ou compra. No último caso,
é necessário ser registrado o número da nota fiscal. Na grande maioria das
instituições, o tombo também é usado como número de registro de patrimônio
da instituição.

47
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

• Informatização: a biblioteca deve possuir um sistema de gestão que permita


a catalogação dos livros, a circulação do acervo, renovação, tanto presencial
quanto online, consulta ao catálogo de modo remoto. Um dos requisitos é que
esse sistema emita relatórios do acervo e de circulação por períodos.

Outro novo requisito de avaliação citado é o plano de contingência, que


deve ser elaborado pelo bibliotecário, no que se refere ao acervo e à biblioteca, e
deve estar em consonância com as normas e alinhado com o plano dos demais
setores da IES.

O plano de contingência são procedimentos e medidas preventivas


que garantem o acesso dos usuários às bibliografias básicas e complementares
dos cursos ofertados pela Instituição de Ensino Superior (IES) e os serviços
prestados pela biblioteca em caso de ocorrências que provoquem algum evento
que impossibilitem seu normal funcionamento. Deve mapear os possíveis riscos
operacionais e atenuar o impacto gerado, prevendo ações, responsabilidades e
medidas preventivas.

Como vimos, a avaliação da biblioteca é de suma importância para a


IES, principalmente, na formação do aluno, pois propicia o acesso à informação
e conteúdos na sua formação. É importante firmar as bibliotecas como peça
fundamental dentro das IES, participativa e atuante nos processos de avaliação,
mas, acima de tudo, no processo de formação de futuros profissionais e cidadãos.

Na próxima unidade, veremos o planejamento e o processo de


informatização de uma biblioteca, e as várias opções de softwares oferecidas no
mercado.

48
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

O impacto da automação nas bibliotecas - uma revisão

John J. Eyre

1 INTRODUÇÃO

A introdução dos computadores nas bibliotecas representa uma


revolução que ainda não atingiu seu clímax. Seria tarefa ingente detalhar todas as
implicações da automação nas bibliotecas, já que os efeitos colaterais são cada vez
mais acentuados. Para facilitar a análise, o assunto será tratado sob dois aspectos:
pessoal e sistemas.

2 HISTÓRICO

Até a década de 1960, os equipamentos mecânicos eram usados nas


bibliotecas para controlar a circulação, na listagem de periódicos, e em coisas
semelhantes. A principal contribuição desses equipamentos, entretanto, parece ter
sido, simplesmente, a de diversificar os tipos de problemas. Sendo equipamentos
eletromecânicos, estavam sujeitos a quebras constantes e, geralmente, transferiam
o esforço manual para outra parte do sistema. Todavia, sua introdução mostrou,
pelo menos, que os bibliotecários estavam preparados para usar máquinas na
manutenção ou aprimoramento dos serviços. De modo geral, entretanto, os
sistemas continuavam a ser altamente manuais.

Acidentalmente ou não, o fato de que a crise que atingiu as bibliotecas, em


decorrência, principalmente, da redução do número de funcionários, de coleções
e usuários cada vez maiores, ocorria ao mesmo tempo em que se desenvolviam
os computadores. Por volta da década de 1960, os computadores já estavam em
sua 3ª geração, e entrariam na 4ª antes do fim da década. Circuitos integrados
(Cl) possibilitaram o desenvolvimento dos minicomputadores e, logo depois,
os microcomputadores. Esse desenvolvimento tão rápido provocou, por si só,
muitos problemas para os bibliotecários, em termos de escolha do equipamento
apropriado.

3 SISTEMAS

O planejamento, operação e controle do sistema estão sendo radicalmente


alterados, à medida que a automação é implantada em mais bibliotecas. Parece
evidente, também, que o acúmulo de experiência está afetando a visão tanto dos
bibliotecários quanto de seus superiores, no que diz respeito à forma como o
serviço deve ser organizado.

49
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

3.1 ATITUDES EM RELAÇÃO AO INVESTIMENTO

Tradicionalmente, sendo a biblioteca um sistema de trabalho essencialmente


humano, não era de se esperar que gastasse muito com equipamentos. Os custos
principais eram com pessoal e com o acervo. Por volta do final da década de 1960,
os administradores já aceitavam a ideia de que os bibliotecários pedissem verbas
de até 50.000 libras para a instalação de sistemas baseados em minis. Embora
restrições econômicas tenham cercado seu desenvolvimento, tais propostas são
reconhecidas como um bom método de realizar serviços de biblioteca eficientes e
eficazes. Essa dependência à máquina trouxe uma série de novos problemas para
a administração da biblioteca.

Esses sistemas requeriam manutenção regular e adequada e necessitavam


ter, sempre à disposição, alguém capaz de identificar, rapidamente, os defeitos
surgidos. Não obstante, e não havendo cuidados com as máquinas, tinham
elas que ser substituídas e, hoje em dia, é, obviamente, uma parte necessária
dos procedimentos orçamentários, a aceitação de períodos de corte de verbas
para amortizar o custo dessas substituições. Como acontece com os próprios
computadores, essas substituições podem também implicar em alterações no
planejamento do sistema, como despesas extras. Infelizmente, as verbas envolvidas
estão na casa das milhares de libras. Uma coisa parece certa, para aqueles
que têm estado envolvidos em projetos de automação: uma vez implantado o
sistema, é inadmissível um retorno ao sistema manual. Assim, o capital inicial de
investimento é o começo de despesas continuadas.

Poucos bibliotecários esperam restringir a automação a uma ou duas


operações. A maioria tenciona e espera automatizar, eventualmente, todas as
operações de processamento técnico. Com o crescimento do tamanho desses
sistemas, é de se esperar que a equipe de automação venha a contar com técnicos
capazes de proporcionar um serviço permanente de manutenção e testes. É
interessante notar, a propósito, que o OCLC (Ohio College Library Center), assim
como o BALLOTS, usa terminais planejados pelos próprios sistemas e organizam,
eles mesmos, seus próprios seminários de manutenção, teste e desenvolvimento.
Todas as implicações financeiras de sistemas totalmente automatizados ainda
não foram exploradas publicamente.

3.2 CUSTOS

Um aspecto novo do debate em torno da automação de bibliotecas é a


demanda contínua por análises detalhadas de custo para cada operação. Por
exemplo: custo por entrada catalográfica, por cada item acrescentado à arquivo,
custo de manutenção dos arquivos etc. Entretanto, quando esses dados são
fornecidos, fica evidente que existem poucos números semelhantes referentes aos
sistemas manuais. Assim, o valor da informação é mais para ajudar na escolha do
sistema mais barato. Inexoravelmente, os bibliotecários começaram a examinar
cada processo do sistema, com o objetivo de conhecer mais suas características e
custo.

50
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

A automação implica em custos calculados para cada fase, e é impiedosa


com os projetos extravagantes ou mal feitos. Por exemplo: estruturas de dados,
tempo de processamento, vida e dimensão de arquivos, frequência, formato e
volume de saída, tudo isso tem um preço. Como resultado da automação, os
bibliotecários estão se tornando muito conscientes do problema do custo. A partir
de agora, eles esperam demonstrar os benefícios resultantes da automação, em
termos de economia de pessoal, aumento da produtividade e melhoria do serviço.

3.3 PRECISÃO

Se os erros não são rapidamente corrigidos através do sistema, devem


existir procedimentos de verificação em todo o âmbito. A centralização de
arquivos, com dados gerados em diferentes pontos ligados ao sistema, exige que
os procedimentos de validação, baseados no software, para todos esses dados,
tenham que ser ativados na fase de entrada do sistema. Isso pode ser feito linha a
linha ou para o registro. Entretanto, se as verificações de software forem muitas,
isso pode significar um alto preço e envolver a produtividade. Não podem existir,
realmente, quaisquer verificações satisfatórias no que diz respeito à ortografia e a
elementos, como datas, paginação etc. Infelizmente, os efeitos de dados errados
podem ameaçar seriamente o sistema. No caso do OCLC, que não verifica as
entradas, os erros nos arquivos têm causado problemas, como a multiplicação de
entradas para uma mesma obra.

Enquanto o treinamento e a consultoria permanente podem diminuir a


ocorrência de imprecisões, a administração tem que implantar procedimentos
gerais de verificação a todos os níveis. Essas preocupações salientam a intolerância
dos sistemas automatizados frente à absorção de altos índices de erros, em
marcante contraste com a flexibilidade e hospitalidade dos sistemas manuais. É o
caso dos registros de recebimento de periódicos, que, frequentemente, têm que ser
editados e atualizados, antes de darem entrada num sistema computadorizado.

3.4 FLUXO DE TRABALHO

Uma consequência especial da automação foi a de mudar as divisões


do sistema da biblioteca. Antes, o pessoal podia ser designado para tarefas
de aquisição, catalogação, empréstimo etc. Com o uso do MARC, na fase de
encomenda, a divisão entre essa atividade e a de catalogação se torna imprecisa.
De forma semelhante, a produção automática de avisos de cobrança e de reserva
tem eliminado algumas das tarefas dos auxiliares do setor de empréstimo. Com o
sistema em linha da Ohio State University, por exemplo, os leitores podem usar
os terminais de vídeo para se informar do status de qualquer livro da biblioteca.

Se o livro desejado está emprestado, o leitor faz reserva sem precisar de


qualquer ajuda dos funcionários. É obvio que, com a implantação por etapas, o
padrão de trabalho muda várias vezes. Um aspecto dessas mudanças é a crescente
mobilidade do pessoal. Aqueles que antes estavam envolvidos, exclusivamente,
com uma atividade, passam a poder ser aproveitados em outras atividades.

51
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Espera-se que, eventualmente, os funcionários da biblioteca possam passar


a maior parte do tempo dando assistência aos leitores, ao invés de gastar esse
tempo no trabalho técnico desenvolvido internamente. A razão para existir grupo
era, principalmente, devido à necessidade de consultar arquivos que estavam
relacionados com determinada tarefa.

3.5 CONTROLE

Embora seja um assunto ainda não devidamente explorado, não há dúvida


de que o computador deu, à biblioteca, uma capacidade, sem precedentes, de
controlar suas operações.

Todos os dados processados podem ser identificados, acumulados e


analisados, a fim de proporcionar estatísticas regulares sobre a economia, volume,
tipo e frequência do uso. Menos comum é o controle do pessoal, que é também
viável através da utilização do sistema. Assim, é possível controlar o trabalho dos
que dão entrada aos dados, em termos de índice de erros, rapidez de operação e
produtividade.

Pode-se controlar o sistema de empréstimo, em termos de excesso de


trabalho e, em consequência, um provável pagamento de hora extra. Todas essas
informações significam que o bibliotecário, pela primeira vez, é capaz de reagir
rapidamente às mudanças no sistema. Foi mencionada, antes, a necessidade de
determinar níveis de acesso ao sistema. Controles permitem a discriminação entre
os funcionários, de forma que, ao funcionário antigo, é permitido alterar os dados,
além de interromper transações e anular dados ou rotinas normalmente protegidas.

À medida que os sistemas em linha forem crescendo, mais funcionários


têm acesso aos arquivos não confidenciais, o que significa que, em contraste com
os sistemas antigos, aqueles normalmente responsáveis por cada parte não têm
que assumir essa responsabilidade. Assim, todos os que trabalham no sistema
têm que estar informados e, dessa forma, tornam-se mais independentes.

4 ASPECTOS TÉCNICOS

Quando um investimento envolve dezenas de milhares de libras, é de


se esperar que as bibliotecas usem os equipamentos durante a maior parte da
vida útil. Assim, como na indústria gráfica e na de engarrafamento, à biblioteca, é
inerente a capacidade de tirar vantagem rápida dos avanços tecnológicos.

No campo da eletrônica, no qual o desenvolvimento é tão rápido, as


barreiras à realização de certas operações de forma econômica ou com suficiente
rapidez estão constantemente mudando. A utilização de serviços baseados
em estruturas principais, conforme mostra a experiência de tantas bibliotecas
públicas, pode, muitas vezes, ser insatisfatória. Sistemas pequenos, entretanto,
parecem ser muito caros e muito limitados em termos de trabalho com arquivos
muito grandes.

52
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO

A experiência inicial com sistemas de controle de circulação tem sido


promissora. Mesmo assim, os minis utilizados foram rapidamente superados, no
entanto, não puderam ser mudados. Numa área onde os avanços são tão rápidos,
qualquer aquisição se torna desatualizada dentro de 18 meses. É essencial,
portanto, que os bibliotecários encarem o problema de se manterem atualizados
quanto aos progressos que possam alterar a configuração e a capacidade dos
futuros sistemas. Mini e microcomputadores estão se tornando rapidamente
indistinguíveis, enquanto configurações ainda menores são anunciadas, mas as
coisas estão mudando o tempo todo.

É certo que os avanços tecnológicos obrigarão as bibliotecas a


estabelecerem normas de decisão quanto às fontes de informação a serem
oferecidas gratuitamente, no caso de consultas dos usuários. Por exemplo: à
medida que as redes de informação forem se expandindo, chegará o tempo em
que os usuários se verão tentados a fazer as pesquisas mais longas através das
bibliotecas, reservando o terminal doméstico para pesquisas mais rápidas e menos
onerosas. É óbvio que, uma vez terminada a pesquisa, as bibliotecas poderão
transmitir o resultado para o terminal da casa do usuário. Embora, inicialmente,
seja possível pensar em somente permitir essas consultas em linha a indivíduos,
isso deverá dar lugar, eventualmente, a formas convencionais de fornecimento
da informação. Essa será mais outra incerteza, relacionada com o seu papel, a ser
enfrentada pelo bibliotecário no futuro.

5 COOPERAÇÃO E NORMAS

Desde o relatório da Inforonics, de 1965, sobre um possível formato para


dados bibliográficos, que se tem trabalhado no sentido de uma cooperação que
leve a um acordo quanto às estruturas de dados que permitem intercâmbio. É
interessante notar que, assim como o OTI (Office for Scientific and Technical
Information), na Inglaterra, que patrocinou grandes projetos na área de automação,
nos Estados Unidos, foi o Council on Library Resources que contribuiu com
a maior parte dos recursos para o Projeto MARC. Durante 1967, trabalhou-se
muito no sentido de estabelecer o formato MARC usando indicadores (tags) para
identificar os elementos. Entretanto, o fato de uma biblioteca nacional como a
Library of Congress, com um volume tão grande de aquisição, ter estabelecido tal
tipo de formato, despertou o interesse de órgãos normalizadores, assim como de
outros órgãos que pudessem vir a ser afetados de alguma forma. Por essa época,
a BNB também se envolvia na questão e, em 1968, era lançado o formato MARC
para comunicação de dados bibliográficos.

O impacto real dessa "norma" tem sido demonstrado pela sua adoção,
com variações, por outros países, de forma que, hoje em dia, temos serviços
baseados no MARC em número cada vez maior de países: Israel (MARCIS),
Austrália (AUSMARC), Canadá (CANMARC), Alemanha Ocidental (MAB 1),
França (MONOCLE) etc. Em 1973, o formato obteve respaldo ainda maior, com a
publicação da ISO 2709 (Formato para intercâmbio de informações bibliográficas

53
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

em fita magnética). Com a adoção cada vez mais generalizada do formato


MARC, muitos países têm criado seus próprios serviços de distribuição de dados
bibliográficos em fita magnética, tanto a nível nacional quanto internacional.

Entretanto, os serviços bibliográficos nacionais terão que verificar se as


diferenças locais não serão causa de sérias dificuldades. As normas da ISBD,
por exemplo, embora proporcionem certo grau de conformidade na descrição
bibliográfica, por outro lado, permitem diferenças que são suficientes para
criar problemas com o intercâmbio de dados. É certo que as repercussões do
intercâmbio ainda estão por ser devidamente avaliadas. Conforme documento
recente do setor da lFLA, responsável pelo Controle Bibliográfico Universal,
torna-se, agora, um assunto de preocupação universal. Embora haja o temor de
que países mais importantes possam impor sua vontade nas negociações, haverá
sempre um enfoque nacional para as bases de dados bibliográficos.

O desenvolvimento de redes, como a EURONET, que será ligada a outras,


como a SCANNET, a TRANSPAC e a TYMNET, que oferecem acesso em linha,
tornará necessário o estabelecimento de protocolos de acordo com as linguagens
de comando. Uma rede MARC requer um conjunto de caracteres, incluindo
romanos, cirílicos, hebraicos, gregos e arábicos, e símbolos com um sistema
totalmente reversível. O acesso internacional a esses bancos de dados pode muito
bem levar ao estabelecimento de arquivos regionais ou centralizados, quando
não para oferecer controle satisfatório em aspectos, como a entrada, o acesso ou
a transferência de informação local. Problemas similares surgem com a decisão
de armazenar uma obra num banco de dados que serve a várias bibliotecas.
Decisões têm que ser tomadas com relação à autoridade, alterando registros, mas
isso pressupõe uma catalogação centralizada, que tem desvantagens em relação
à catalogação cooperativa.

Esta última proporciona uma cobertura mais ampla e, geralmente, os


pequenos contribuintes processam seu material mais rapidamente, dessa forma,
aprimorando a atualização do banco de dados. Há, também, a necessidade de
controlar a duplicação de registros, uma praga que infesta o OCLC e a fusão
dos registros BNB/LC. Todas essas atividades decorrentes da introdução dos
computadores no ambiente da biblioteca tornam inevitável que os nossos
profissionais devam conhecer o computador, sua capacidade e suas limitações.
Ainda, as escolas de biblioteconomia devem preparar especialistas que, tendo
interesse e aptidão, tenham formação, a nível avançado, em aspectos apropriados.
As diversas tarefas e as mudanças rápidas que estão envolvidas representam, para
a escola de biblioteconomia, o desafio de oferecer, aos estudantes, a oportunidade
de participarem integralmente de um futuro excitante.

FONTE: EYRE, J. J. O impacto da automação nas bibliotecas - uma revisão. 1979. Disponível
em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/138. Acesso em: 18 jan. 2020.

54
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A biblioteca é requisito obrigatório dentro de uma instituição.

• A informatização do acervo e dos serviços é requisito obrigatório na avaliação


das bibliotecas universitárias.

• As bibliotecas universitárias são avaliadas pelo INEP/SINAES nos processos


de credenciamento e recredenciamento das instituições de ensino superior.

• As bibliotecas universitárias são avaliadas pelo INEP/SINAES nos processos de


autorização, reconhecimento dos cursos de graduação, nos cursos presenciais
ou a distância.

• A informatização das bibliotecas é requisito fundamental em todos os processos


avaliativos das instituições de ensino superior.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

55
AUTOATIVIDADE

1 Nos processos avaliativos do INEP/SINAES, a biblioteca é parte integrante.


Na autorização de cursos de graduação, são analisados diversos indicadores.
Sobre as bibliografias, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Para os cursos de bacharelado e licenciatura, são avaliadas as


bibliografias básica e complementar dos quatro primeiros semestres e,
para tecnólogo, dos dois primeiros semestres.
b) ( ) Para os cursos de tecnólogo e bacharelado, é avaliada a bibliografia
básica do primeiro ano.
c) ( ) Para os cursos de bacharelado e licenciatura, são avaliadas as
bibliografias básica e complementar de todo o curso.
d) ( ) Para os cursos de licenciatura, é necessária, somente, a bibliografia
complementar e, para tecnólogos e bacharéis, bibliografias básica e
complementar.

2 Nos processos avaliativos do INEP/MEC, as bibliotecas universitárias


assumiram papel de destaque nos itens avaliativos. A informatização do
acervo e os serviços das bibliotecas passaram a ser obrigatórios em todos
os tipos de avaliação. Assinale os itens obrigatórios na informatização de
acervo:

a) ( ) Entrega de materiais, visualização de obras, circulação de relatórios.


b) ( ) Relatórios diários, consulta ao acervo, circulação de reservas.
c) ( ) Catalogação de acervo, reserva de materiais, renovações de exemplares,
empréstimos e devoluções de obras.
d) ( ) Empréstimos de obras, relatórios de retiradas, entrega de materiais.

56
UNIDADE 2 —

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO
PARA INFORMATIZAÇÃO DE
BIBLIOTECAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender que planejar é o primeiro passo para informatizar uma uni-


dade de informação;
• entender as etapas de construção de um planejamento de informatização;
• aprender quais os requisitos mínimos para a escolha de um software no
processo de informatização de bibliotecas;
• entender a importância da arquitetura da informação em um software de
informatização de acervo.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – PLANEJAR PARA INFORMATIZAR


TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO
DE BIBLIOTECAS
TÓPICO 3 – ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM
SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

57
58
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

PLANEJAR PARA INFORMATIZAR

1 INTRODUÇÃO
Na unidade anterior, foram apresentados alguns aspectos da formação
das bibliotecas pelo mundo e da história da informatização das bibliotecas. Agora,
conhecendo o contexto histórico, é hora de conhecer os principais fundamentos
para o planejamento da informatização de uma biblioteca.

Várias são as etapas necessárias até se chagar à informatização de uma


unidade de informação. A única maneira de fazer a implantação de um sistema
de informatização ou a transição de um sistema já existente para outro, de forma
segura e eficaz, é planejar esse processo.

O planejamento requer que o bibliotecário conheça a sua unidade, os


seus aspectos fortes e fracos, e, para chegar a esses fatores, é recomendado que
seja realizada uma avaliação qualitativa e quantitativa da biblioteca, para obter
dados relevantes e precisos para embasar o projeto de informatização da unidade
de informação. Abordaremos alguns aspectos essenciais para uma avaliação de
unidades de informação.

2 PLANEJAMENTO PARA INFORMATIZAÇÃO


A informatização de uma unidade de informação demanda planejamento.
É fundamental que esteja contemplada dentro do planejamento da unidade e
seja de conhecimento de toda a equipe. Como já vimos na unidade anterior, as
bibliotecas, em sua maioria, foram criadas a partir de acervos pessoais e religiosos
e, as bibliotecas universitárias, por meio da fusão de diferentes instituições. Esses
fatores fizeram com que as bibliotecas quase nunca fossem planejadas.

O planejamento de Unidades de Informação (UI) pode ocorrer


na etapa de sua implantação (o que dificilmente ocorre) ou em seu
curso de atuação (casos mais frequentes), e deve se fundamentar,
essencialmente, no desejo de organização, no desenvolvimento e,
principalmente, diante de falhas identificadas. Baixa frequência
de usuários e pouca utilização do acervo, dos serviços e produtos
oferecidos são alguns sintomas do planejamento, e indicam que a
instituição precisa mudar e se reorganizar para atingir seus objetivos
(COELHO, 2012, p. 4).

59
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

A falta de planejamento, principalmente, na área da informatização, reflete


perda para a instituição, como a ocorrência de erros no sistema, interrupção de
serviços por falta de manutenção no software e, até mesmo, a suspensão definitiva
de serviços no caso de interrupção de contratos. Essas são apenas algumas das
consequências da falta de planejamento em uma biblioteca.

O planejamento surgiu na área da administração, mas é uma ferramenta


essencial em qualquer segmento. A biblioteca, ou a unidade de informação, deve
ser encarada como uma empresa, assim, planejar a execução das tarefas e avaliar
os resultados são tarefas essenciais para a condução dos serviços prestados. O
ato de planejar diminui os riscos e aumenta a regularidade para a execução dos
serviços, e as tomadas de decisão são embasadas em informações precisas.

Conforme Barbalho e Beraquet (1995), planejar pressupõe a execução das


seguintes etapas:

• diagnóstico: realizar um levantamento da situação da unidade de informação,


visando conhecer sua realidade para subsidiar as demais etapas;
• objeto do planejamento: o que se vai planejar diante do constatado no
diagnóstico, definindo objetivos, metas e prioridades;
• formulação do planejamento: adotar processos e técnicas em função dos
objetivos estabelecidos;
• implementação: processo de execução das ações formuladas;
• controle: monitoramento das atividades das ações propostas;
• avaliação: processo que acompanha todas as fases do planejamento,
possibilitando fazer mudanças e adaptações.

Segundo Cortê et al. (2005), o planejamento, do ponto de vista de


abrangência ou atividade, pode se encaixar nas seguintes categorias:

• De espaço físico: planejamento do espaço, como o programa das necessidades


físicas para a unidade.
• Organizacional: esboço da estrutura que permita que os objetivos sejam
alcançados.
• De produtos: produtos e serviços oferecidos aos usuários.
• De recursos: recursos humanos, materiais e financeiros necessários.
• De operações: processos de produção e distribuição de produtos e serviços.
• Das formas de acompanhamento e avaliação.
• Global: combinação de todos os planos internos, que se integram ao
planejamento estratégico.

Quanto ao tempo, o planejamento pode ser (CORTÊ et al., 2005):

• Longo prazo: por ser mais amplo, é mais qualitativo e quantitativo,


normalmente, é estratégico.
• Médio prazo: faz a ligação entre os objetivos futuros e as diretrizes e
procedimentos do curto prazo.

60
TÓPICO 1 — PLANEJAR PARA INFORMATIZAR

• Curto prazo: mais preciso e detalhado, ligado às atividades imediatas, com


previsão de orçamentos e metas.

O processo de construção de um planejamento, dentro de uma unidade


de informação, é construído com a colaboração conjunta da equipe, de forma
interativa. A informatização de uma unidade deve ser enquadrada como um
projeto a longo prazo, contínuo, que precisa de melhorias, customização e
atualizações constantes. Podemos salientar três níveis principais de planejamento
(OLIVEIRA, 2015):

FIGURA 1 – TIPOS DE PLANEJAMENTOS

FONTE: Oliveira (2005, p. 16)

• Planejamento Operacional: é a formalização, principalmente, por meio de


documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implementação
de resultados a serem implantados.
• Planejamento Tácito: tem foco específico em uma determinada área de
resultado, nível organizacional intermediário, tem a finalidade de utilizar os
recursos de forma eficiente, com objetivos e políticas orientadas ao processo
decisório.
• Planejamento Estratégico: de responsabilidade dos níveis mais altos da empresa,
ligado à formulação de objetivos, ações e estratégias a serem adotados. Leva,
como considerações, fatores internos e externos.

É importante salientar que um planejamento estratégico pode se desdobrar


em diferentes níveis e orientar a execução de cada plano individualmente.

61
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

FIGURA 2 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

FONTE: Adaptado de Oliveira (2005, p. 16)

O processo de construção de um planejamento, dentro de uma unidade


de informação, é construído com a colaboração conjunta da equipe, de forma
interativa. A informatização de uma unidade deve ser enquadrada como um
projeto a longo prazo, contínuo, que precisa de melhorias, customização e
atualizações constantes.

Um projeto de informatização deve ser pensado a longo prazo. Além dos


investimentos iniciais de implantação, deverão ser previstos os investimentos
constantes, para manutenção de hardware, customização de sistemas e
treinamento contínuo da equipe. É, de suma importância, que o projeto de
informatização da biblioteca esteja alinhado aos objetivos da instituição e que
os projetos apresentados estejam contemplados no planejamento estratégico,
diretamente ligado à biblioteca ou à hierarquia de que essa faça parte.

O planejamento de uma biblioteca, e aqui também se aplica o planejamento


da informatização, segundo Cortê et al. (2005), é constituído por diferentes
instrumentos, onde cada instrumento apresenta sua função específica dentro do
planejamento, e quando integrados, garantem a eficácia do processo. Vejamos
quais são esses instrumentos:

• Plano: linha de ação estabelecida, que orienta a ação na direção da missão, dos
objetivos, institucionais ou da solução de determinados problemas; permite o
controle da mudança, para que ela ocorra de modo ordenado e com eficácia.
• Objetivos: o ponto final do planejamento e o plano básico da organização são
amplos e alinhados com a organização. Podem ser gerais e específicos.
• Metas: São planos expressos por meio de resultados a serem alcançados, a
quantificação dos objetivos.
• Política ou diretrizes: planos gerais de ação, guias genéricos que definem linhas
de conduta e orientam a tomada de decisão.
• Regras: relacionadas aos procedimentos, orientam a ação, sem marcação
cronológica.

62
TÓPICO 1 — PLANEJAR PARA INFORMATIZAR

• Programas: são complexos de metas, políticas, procedimentos, regras, passos


e recursos. Podem se subdividir, mas, mesmo assim, cada programa deve ser
dotado de metas, recursos e prazos próprios.
• Projetos: são parte de um programa. São as menores unidades de um
planejamento, operativas e contêm um conjunto de ações e atividades inter-
relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos e prazos específicos.

Diversos autores, como Maciel (1993), Almeida (2005), Oliveira (2015)


e Cortê et al. (2002), têm, em consenso, que dentro do planejamento, as etapas
são fundamentais. Realizar essas etapas adequadamente é um passo importante
dentro do planejamento da informatização: análise ou diagnóstico, decisão,
execução e acompanhamento, e avaliação.

Na análise, ou diagnóstico, é necessário reconhecer a situação atual da


unidade, em que posição se encontra na organização. Analisar os pontos fortes e
fracos, que devem ser levados em conta no processo de informatização. Fazer o
diagnóstico do catálogo, da classificação, da lista de autoridades e do vocabulário
controlado é um passo essencial nessa etapa.

A decisão, nesta etapa, traça planos para solucionar os obstáculos


encontrados na análise. Define quais os passos são necessários para a correção
dos erros diagnosticados, como as divergências nas entradas de autores ou termos
errôneos cadastrados de forma equivocada no vocabulário.

A fase de execução e acompanhamento nada mais é que colocar em


prática as decisões e estratégias traçadas na decisão, como implementar ações
de correções, com tempo e método estabelecidos, para promover os ajustes na
lista de autoridade ou do vocabulário, com o objetivo de minimizar os erros
na migração e validação dos dados na nova base gerada. Durante a execução
das ações traçadas, é fundamental acompanhar todo o processo para verificar a
efetividade das ações, e promover as eventuais correções.

Avaliação não é a etapa final da implementação da informatização. Essa


etapa deve acompanhar e estar inserida em todas as fases. Questionamentos são
fundamentais. A avaliação dos resultados, ao longo do projeto, gera a correção
das ações para o alcance dos objetivos finais.

Cortê et al. (2005) ressalta a importância da avaliação durante todo o


desenvolvimento do trabalho, que erros acontecerão, e inúmeras vezes não
serão previstos, e isso é normal. Todavia, observar, avaliar e corrigir são partes
fundamentais da execução. A avaliação deve acompanhar todas as etapas e, com
base em parâmetros predefinidos, aferir o alcance das metas traçadas, fazer as
correções das condutas, se necessário, dentro do plano, e traçar novos planos e
objetivos para que sejam alcançados os objetivos elencados no planejamento.

63
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

A principal função da avaliação é produzir conhecimentos relativos


à unidade de informação, à organização em que esta se situa e seu
ambiente, para servir de subsídio ao planejamento tanto na fase
de elaboração do plano, programa ou projeto, quanto na fase de
implementação das ações. A avaliação possibilita a escolha certa,
ou seja, a correta definição dos objetivos no momento da concepção
do plano. Na implementação do plano, devem surgir informações
que contribuam para a maior produtividade e para a melhoria da
qualidade (CORTÊ et al., 2005, p. 11).

As organizações precisam avaliar os serviços prestados, sua eficácia e


eficiência, os recursos humanos, patrimoniais e financeiros empregados. Não há
como executar um planejamento eficiente sem que se conheça, a fundo, todos os
processos desenvolvidos nas unidades de informação.

Alguns requisitos básicos, para a automação da biblioteca, devem ser


considerados. Cortê et al. (2002) dividem os requisitos básicos em sete áreas:
tecnologia, processamento técnico de seleção e aquisição, de documentos,
processo de empréstimos de documentos, de recuperação da informação, de
divulgação da informação e o processo gerencial.

Para Rowley (2002), há funções básicas em uma biblioteca: aquisição,


catalogação, controle de circulação, de publicações seriadas, informações
gerenciais, empréstimos entre bibliotecas etc. Pode ser notada a semelhança de
funções básicas para o funcionamento de uma biblioteca entre as autoras.

Para Café, Santos e Macedo (2001), o software de biblioteca perfeito é


pouco provável de ser encontrado, devido às necessidades específicas de cada
unidade, mas a contratação de sistemas comerciais é o que oferece a possibilidade
de customização. No entanto, a autora enumera as etapas que julga fundamentais
para a construção de um projeto de informatização, que se funde, em parte, com
a avaliação de software. São as seguintes etapas citadas:

• Definição dos objetivos de automação.


• Diagnóstico da biblioteca, que inclui a identificação das diretrizes
organizacionais, o levantamento dos dados bibliográficos e da infraestrutura, a
média do crescimento do acervo, dos produtos e serviços oferecidos etc.
• Elaboração de fluxograma das rotinas para análise dos procedimentos atuais.
• Identificação das necessidades da biblioteca a partir das informações coletadas.
• Levantamento de informações dos softwares disponíveis e agendamento das
demonstrações com as empresas.
• Análise das demonstrações e instalação das versões de teste dos produtos
selecionados para avaliação.

Em um processo de informatização de unidades de informação, a tomada


de decisão da escolha de selecionar ou trocar um software é uma tarefa complexa.
Como veremos adiante, existem várias opções no mercado, tanto financeiras
quanto tecnológicas, e a construção do planejamento sólido será a base para
escolher o melhor produto oferecido pelo vasto mercado.

64
TÓPICO 1 — PLANEJAR PARA INFORMATIZAR

DICAS

Assista ao vídeo a seguir para adquirir mais conhecimento: Integração entre o


Pergamum e outros sistemas: https://www.youtube.com/watch?v=QYfkXa6OVPo.

3 preparação do acervo

Atualmente, a maioria das bibliotecas já possui seu acervo, de alguma


maneira, informatizado. O cenário mais comumente encontrado é a aquisição de
um novo software de gerenciamento de acervo, e, com isso, os bibliotecários se
encontram entre uma série de dúvidas e requisitos a serem analisados. Um dos
primeiros questionamentos é se o catálogo atual da biblioteca será migrado para o
novo sistema adquirido ou se será reconstruído. Contudo, as pequenas bibliotecas,
que não possuem base de dados construída, ao iniciarem o planejamento do
projeto de informatização dos seus acervos, encontrarão inúmeros fatores que
devem ser considerados no planejamento, no caso da elaboração de um catálogo
manual:

• Definir um padrão para a catalogação, que será feita manualmente.


• Se a biblioteca dispõe de equipe treinada para suprir a demanda da catalogação
manual. Caso não, quem irá fazer a catalogação ou o treinamento da equipe.
• Elaboração de um cronograma de trabalho, com definição de funções e
responsabilidades.
• Os altos custos, com profissionais para a catalogação e carga horária
desprendida, devem estar inclusos no planejamento.

Segundo Serra (2013), a decisão de se descartar um catálogo ocorre quando


os erros encontrados gerarão um grande esforço para serem corrigidos, além de:

• Os dados não apresentarem nenhum tipo de padrão que permita mapeamento


para campos e subcampos de formato de metadados.
• Apesar de existir certo padrão, a quantidade de registros errados será tão
expressiva que é preferível criar registros novos.
• A inconstância dos marcadores utilizados gerará novos erros durante o
processo migratório.

Para Watson (2001) e Serra (2013), existem razões importantes para que o
bibliotecário reutilize o catálogo já construído ou opte pela importação de dados,
por meio da catalogação colaborativa, para correção do catálogo existente, num
processo de substituição de software:

65
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

• Alto custo envolvido na construção de um novo catálogo.


• Altamente trabalhoso, muito tempo e mão de obra envolvidos.
• Custos desnecessários agregados.
• Recatalogar um acervo é desanimador aos bibliotecários.
• O histórico da biblioteca não pode ser descartado: ao abrir mão do registro,
são excluídas informações de uso do acervo, frequência de usuários, obras
consultadas ou extraviadas e demais estatísticas de utilização do acervo.
• Estipular um período de trabalho e método para correções, priorizando o
tratamento das autoridades, normalmente, armazenadas em tabelas controladas,
que permitem a correção em lote de diversos registros bibliográficos.
• O trabalho feito não pode ser descartado: por maior que seja a quantidade
de equívocos realizados na descrição de metadados (forma e conteúdo),
as informações devem ser preservadas, porque foram investidos tempo e
dinheiro na elaboração desses registros, e deve-se maximizar as possibilidades
de reaproveitamento do legado.

Ao optar pela migração de registros, alguns cuidados devem ser


observados antes de validar essa migração (SERRA, 2013):

• Opte por realizar a importação de registros. Deve se certificar que está


utilizando fontes idôneas para não gerar novos erros na base.
• Utilizar fontes que possuam controle bibliográfico, padrão mínimo para
descrição de registros e nível bibliográfico compatível com a política descritiva
já estabelecida como padrão da instituição.
• A qualidade dos metadados deve ser considerada antes de realizar uma
importação. Se o dado é incompleto ou incorreto, sua importação gera tantas
correções que poderia ser mais prático realizar a catalogação sem importação.

Em um cenário em que cada dia mais se valoriza o usuário, além da


informação, a perda de todo o histórico gerado durante anos pelo uso do acervo
é algo impensável. O uso correto das estatísticas fornece, ao bibliotecário, vasto
material de análise, servindo de base pra ações nos mais variados ambientes de
atuação, como aquisição de novas bibliografias, aprimoramento do serviço de
referência, adequação do espaço físico etc.

DICAS

Para conhecer melhor o processo de migração de acervo, indicamos o


artigo a seguir, para complementar seu aprendizado: https://doi.org/10.1590/S0100-
19652005000200011.

66
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O planejamento é fundamental para o processo da informatização.

• Planejar a execução das tarefas e avaliar os resultados são essenciais na


condução dos serviços prestados.

• O planejamento requer a execução de etapas.

• O processo de um planejamento dentro de uma unidade de informação é


construído com a colaboração conjunta da equipe.

• No planejamento, as organizações precisam avaliar os serviços prestados,


sua eficácia e eficiência, os recursos humanos, patrimoniais e financeiros
empregados.

• É importante lembrar de que o acervo da unidade de informação deve ser


preparado para o processo de informatização.

• A escolha de um software para unidades de informação requer a percepção das


necessidades da instituição.

• Avaliar é um processo contínuo e está presente em todas as fases do planejamento


da informatização de uma unidade de informação.

67
AUTOATIVIDADE

1 Para a informatização de uma unidade de informação, vimos que planejar o


processo é fundamental. Construir um planejamento embasado em dados
técnicos, entender que a unidade de informação faz parte de um todo, que
o planejamento da informatização deve estar alinhado com o planejamento
estratégico da organização são fatores fundamentais para a implantação do
planejamento. Assim, qual etapa é a base do planejamento, que permite,
à equipe, conhecer a realidade das bibliotecas/unidades, e servirá de base
para as demais etapas do planejamento? Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Diagnóstico.
b) ( ) Levantamento de erros.
c) ( ) Diagnóstico tácito.
d) ( ) Levantamento dos fatores fracos e fortes.

2 Refazer um trabalho nunca é fácil, imagine se for um catálogo de biblioteca.


Existem razões importantes para que o bibliotecário reutilize o catálogo já
construído. Sobre essas razões, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Rapidez e convergência.
b) ( ) Alto custo de construção e perda do histórico.
c) ( ) Trabalho preciso e migração desnecessária.
d) ( ) Baixo custo de execução e incompatibilidade de sistemas.
e) ( ) Correção de erros e curto prazo de tempo.

68
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO


DE BIBLIOTECAS

1 INTRODUÇÃO
A escolha de um software para informatização de biblioteca deve atender
a critérios técnicos e estar alinhada com as necessidades da organização em que
está inserida, necessidades estas que foram elencadas durante a elaboração do
planejamento para a informatização da biblioteca.

Entretanto, conhecendo os fatores que devem ser considerados na escolha


e as diversas opções de softwares disponíveis, é impossível realizar uma tomada
de decisão, de maneira técnica, sem que sejam estabelecidos os critérios que serão
usados para a avaliação do software.

Segundo Café, Santos e Macedo (2001), é importante tomar cuidado


com as decisões baseadas em ideologias, modismos e expectativas pessoais ou,
ainda, em argumentos feitos de acordo com situações específicas, sem observar a
unidade de informação como um todo.

Apresentaremos, nesta unidade, alguns fatores que devem ser levados em


consideração para a avaliação de um software. A avaliação é um processo que
deve estar sempre em evolução, com os objetivos de corrigir falhas e direcionar
as ações para que os objetivos estabelecidos no planejamento sejam alcançados.

2 SOFTWARES
Os softwares, para informatização de bibliotecas, tiveram início com
a inserção da informática na sociedade, acompanhando seu desenvolvimento
e as novas tecnologias da informatização. Como já vimos na unidade anterior,
inicialmente, cada instituição ‘fabricou’ seu próprio software e, ao longo do
tempo, e com a abertura do mercado, outras opções surgiram.

Conforme a tecnologia foi avançando, novos recursos tecnológicos foram


sendo inseridos, adaptando o produto às novas necessidades das bibliotecas.
Assim, desenvolvedores de sistemas buscam agregar inovações e técnicas para
acompanhar as exigências de hardwares e periféricos (RIBEIRO; DAMASIO,
2006).

69
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Com o avanço rápido da tecnologia, preocupações constantes eram


que, ao decorrer do tempo, os diferentes sistemas criados fossem capazes de se
comunicar entre si, trocar informações, e que tivessem linguagens compatíveis na
organização da informação armazenada.

Surgiram, ao longo do tempo, padrões de formatação, como o protocolo


Z39.5, o formato MARC e a ISO 2709, que estão presentes nos softwares e são
de suma importância para a automação, auxiliando o processo de padronização
dos dados catalogados. O formato MARC já foi apresentado, com detalhes,
anteriormente:

[...] um termo para rotular cada parte de um registro no catálogo de


forma que possa ser manipulada pelo computador. O registro MARC
significa computador. É formado por campos, parágrafos, indicadores,
subcampos e código de subcampos. Tem o propósito de desenhar a
representação física de documento, meio legível por computadores,
contendo informações bibliográficas de todo tipo de material (FURRIE,
2000, p.13).

Cortê et al. (2002, p. 37) cita que a ISO 2709 é uma

[...] norma que especifica os requisitos para o formato de intercâmbio


de registros bibliográficos que descrevem todas as formas de
documentos sujeitos à descrição bibliográfica. Os dados, em meio
magnético, estão estruturados de forma a possibilitarem o intercâmbio
de registros bibliográficos, porém, não eliminam a característica da
incompatibilidade, que utiliza diferentes formatos de entrada.

Segundo Rosetto (1997, p. 3), o Protocolo Z39.50 é:

[...] um protocolo de comunicação entre computadores desenhados


para permitir pesquisa e recuperação de informação-documento com
textos completos, dados bibliográficos, imagens, multimeios e em
redes de computadores distribuídos. Baseado em arquitetura cliente/
servidor e operando sobre a rede Internet, o protocolo permite um
número crescente de aplicações.

2.1 SOFTWARES E SUAS LICENÇAS


Como em todo mercado de comercialização de produtos, existem
diferentes licenciamentos, assim, no mercado de softwares, não é diferente.
Conhecer os tipos de softwares disponíveis no mercado é uma tarefa simples,
pois os catálogos de empresas podem ser acessados facilmente via web ou
apresentados diretamente nas instituições. Contudo, decidir qual será adquirido
requer um trabalho de análise minucioso e detalhista pela equipe responsável
pelo projeto.

70
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

É importante entender em qual categoria o software analisado se encontra,


pois isso refletirá nos desafios a serem enfrentados, como a customização, suporte
técnico e treinamento de funcionários, tipo de contrato a ser elaborado e, claro, no
âmbito financeiro.

Segundo Damásio e Ribeiro (2006), são quatro tipos de softwares:

• Freeware: programas que, geralmente, são distribuídos gratuitamente. Alguns


exigem cadastro para disponibilização, seu código-fonte não é disponível, o
que leva o software a não ser livre. Poderá usar sem fazer alterações.
• Shareware: possuem distribuição em caráter experimental e são protegidos por
direitos autorais. Depois do período de experimento, normalmente, o usuário
deve adquirir licença para dar continuidade à utilização.
• Software Fechado: são softwares que possuem código-fonte fechado. Esses
softwares podem ser distribuídos gratuitamente, com autorização de quem
mantém o Copyright com propriedade privada.
• Software Livre: é o software que pode ser utilizado, copiado, distribuído,
aperfeiçoado, ou seja, modificado por qualquer pessoa, mesmo não sendo
proprietária.

Normalmente, a forma de um software ser distribuído livremente


é acompanhada por uma licença de software livre, oferecendo suporte às
bibliotecas para a sua implementação e utilização em estações monousuárias, com
distribuição com os códigos-fontes abertos. Assim, pode-se dizer, na maioria dos
casos, que se um determinado software é livre, ele também é de código aberto, e
vice-versa (CAMPOS, 2006).

O software comercial é o software desenvolvido por uma empresa com o


objetivo de lucrar com sua utilização. O software comercial e proprietário não são
os mesmos. A maior parte do software comercial é proprietário, porém, existem
softwares livres que são comerciais e existem softwares que não são livres e nem
comerciais. Já o software proprietário é aquele que a cópia, redistribuição ou
modificação é proibida pelo proprietário. Para usar, copiar ou redistribuir, deve-
se solicitar permissão ao proprietário ou pagar para poder fazê-lo (CAMPOS,
2006)

Na aquisição de um software proprietário, entre outras modalidades, há


opções de aquisição do software e de assinatura.

No modelo de aquisição, a IES paga, à proprietária do software, pela


aquisição do sistema, com código-fonte fechado. Existe a opção de customização,
contudo, não é permitido o acesso ao código e a alterações significativas. O
suporte e a manutenção devem constar no contrato e, normalmente, são serviços
oferecidos e remunerados à parte. Ao término do contrato, a IES fica com o direito
de uso do programa, mas sem as atualizações e manutenções.

71
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

No sistema de assinatura, a IES paga um valor mensal ao proprietário


do software, que engloba diversos serviços, e tem o direito de uso do programa
pelo período de vigência do contrato. Ao final, a empresa perde total acesso ao
software e ao conteúdo depositado.

DICAS

Conheça um pouco da história dos softwares de informatização de


acervo no Brasil, lendo o artigo a seguir: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
19651999000300009&script=sci_arttext&tlng=es.

3 METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE SOFTWARES POR


CRITÉRIOS
Para melhor avaliar o software que atenderá às especificações já
estabelecidas, será necessário definir uma metodologia para analisar, tecnicamente,
cada opção encontrada. Dentre as várias metodologias que a literatura apresenta,
uma das amplamente conhecidas é a de Cortê et al. (2002), que serviu de base para
as demais metodologias apresentadas por outros autores.

Considerando os fatores internos e externos da organização, a metodologia


deve seguir um cronograma, o que facilitará a realização de cada etapa. Cortê
et al. (2002) elencou algumas dessas etapas, que agora relacionaremos a seguir,
adaptando-as para a realidade atual:

• Revisão de literatura, relatos de experiências, artigos científicos sobre a


implantação do software em outras instituições.
• Definição técnica das necessidades da instituição.
• Apresentação da plataforma do software pela empresa, análise de catálogos,
manuais técnicos do sistema e documentação.
• Troca de informações e experiências com bibliotecários de outras instituições:
conhecer os problemas detectados na implantação, acompanhamento e serviços
oferecidos.
• Análise da capacidade tecnológica da instituição: estabelecer quem será a
pessoa/setor responsável pela troca de informações na área de tecnologia da
informação e programação.
• Análise da idoneidade das instituições detentoras dos produtos, priorizando
a contratação de uma empresa que terá plenas condições de atender às
necessidades de sua unidade de informação.

72
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Para Cortê et al. (1999), não há como proceder sem estipular os requisitos:

• Específicos: a serem considerados: tecnologia, seleção e aquisição, processamento


técnico de documentos, processo de empréstimo de documentos, recuperação
da informação, divulgação da informação e processos gerenciais.
• Gerais: treinamento, instalação, testes e garantias, suporte técnico e manutenção,
documentação e condições institucionais.

3.1 REQUISITOS ESPECÍFICOS


Requisitos relacionados à tecnologia:

• Imprescindíveis:

ᵒ acesso simultâneo de usuários às bases de dados;


ᵒ armazenamento, recuperação e classificação correta dos caracteres da língua
portuguesa (Português-Brasil): maiúsculas, minúsculas, cedilha e caracteres
especiais;
ᵒ arquitetura de rede cliente/servidor;
ᵒ auditoria no sistema;
ᵒ capacidade de atualização dos dados em tempo real;
ᵒ capacidade de elaboração de estatística com geração automática de gráficos;
ᵒ capacidade de suportar acima de 16 (dezesseis) milhões de registros
bibliográficos;
ᵒ compatibilidade com os softwares de rede Novell Netware, Microsoft
Windows NT ou OS/400;
ᵒ compatibilidade com software de banco de dados relacional e/ou textual;
ᵒ disponibilidade de help on-line sensível ao conteúdo em língua portuguesa;
ᵒ garantia de manutenção e disponibilização de novas versões;
ᵒ gestão de bases de dados com diferentes tipos de documentos;
ᵒ interface gráfica;
ᵒ leitura de código de barras;
ᵒ níveis diferenciados de acesso aos documentos;
ᵒ padrão ISO.2709;
ᵒ protocolo de comunicação Z39.50;
ᵒ recuperação de base de dados textuais;
ᵒ segurança na forma de registro e de gerenciamento dos dados;
ᵒ senha para as funções que atualizam dados;
ᵒ software cliente: sistema operacional Windows 95 ou superior;
ᵒ tabela de parâmetros para personalizar o funcionamento do tratamento de
textos e imagens;
ᵒ uso de data no formato dia/mês/ano, sendo, o ano, com quatro dígitos de uso
corrente, na língua portuguesa.

• Desejáveis: o acesso à base de dados via browser Internet/Intranet.

73
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Requisitos relacionados aos processos de seleção e aquisição do módulo


gerenciador do processo de aquisição, seja por doações, permutas ou compras.

• Imprescindíveis:

ᵒ controle de todo o processo de aquisição;


ᵒ controle de listas de sugestão, seleção, aquisição, reclamações e recebimento;
ᵒ controle de assinatura de periódicos:
ᵒ início, vencimento, renovação e datas previstas para recebimento dos
fascículos; controle de recebimento de fascículos de periódicos e seriados;
ᵒ identificação de dados do processo de aquisição (número de processo,
número de empenho, preço, número da nota fiscal ou fatura);
ᵒ identificação da modalidade de aquisição (doação, compra, permuta,
depósito legal).

• Desejáveis:

ᵒ controle de datas de recebimento do material adquirido;


ᵒ controle contábil e financeiro dos recursos orçamentários para aquisição de
material bibliográfico;
ᵒ elaboração de lista de duplicatas;
ᵒ controle de fornecedores por compra, doação e permuta; emissão de cartas
de cobrança, reclamações e agradecimento de doações;
ᵒ elaboração de lista de desideratas;
ᵒ estatística mensal e acumulada de documentos recebidos;
ᵒ cadastro de entidades com as quais mantém intercâmbio de publicações;
ᵒ controle da situação (status) do documento bibliográfico (encomendado,
aguardando autorização, aguardando nota fiscal, encaminhado para
pagamento);
ᵒ identificação do usuário que sugeriu o título para aquisição.

Requisitos relacionados ao processamento técnico dos documentos:

• Imprescindíveis:

ᵒ Atualização, em tempo real, do banco de dados, nos registros de autoridade


e demais índices, após o envio;
ᵒ de novo registro ao servidor;
ᵒ campos e códigos de catalogação de qualquer tipo de documento, inclusive
artigos de periódicos;
ᵒ capacidade de armazenar informação legislativa;
ᵒ código de barras para cada documento;
ᵒ construção automática de lista de autoridades a partir dos registros incluídos;
construção de remissivas para autores/assuntos;
ᵒ consulta ao tesauro, lista de autoridades e lista de editoras, durante o
cadastramento de um registro;

74
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

ᵒ correção de todos os registros associados a um autor ou assunto mediante


alteração na lista de autoridade ou tesauro;
ᵒ exportação de dados para alimentação de bases de dados de catalogação
cooperativa;
ᵒ formato MARC dos registros bibliográficos;
ᵒ geração de etiquetas para bolso e lombada dos documentos;
ᵒ importação de dados de centros de catalogação cooperativa on-line e CD-
ROM;
ᵒ inclusão de referências, de alterações, revogações e republicações para atos
normativos/legislação;
ᵒ incorporação de textos digitados – sistema de gerenciamento de texto,
imagem e som para inclusão de inteiro teor de atos normativos e resumos de
periódicos;
ᵒ possibilidade de duplicação de um registro para inclusão de novas edições;
ᵒ possibilidade de validação de registros e campo;
ᵒ processamento de materiais especiais, obras raras e outros.
ᵒ sistema de gerenciamento para construção de tesaurus.

Requisitos relacionados ao processo de empréstimo de documentos:

• Imprescindíveis:

ᵒ aplicação de multas e suspensões;


ᵒ bloqueios automáticos de empréstimos sempre que o usuário estiver em
atraso ou com dados cadastrais desatualizados;
ᵒ categorização de empréstimos: empréstimo domiciliar, especial e empréstimo
entre bibliotecas;
ᵒ categorização de usuários e de materiais para fins de definição automática
de prazos e condições de empréstimos e uso;
ᵒ cobrança personalizada, com prazos diferenciados por tipos de materiais e
usuários,
ᵒ código de barras para cada leitor;
ᵒ controle de devoluções, renovações e atrasos;
ᵒ controle de usuários pessoais e institucionais;
ᵒ controle de leitores em atraso;
ᵒ definição de parâmetro para a reserva de livros, com senhas de segurança;
ᵒ emissão de cartas de cobrança automáticas para usuários em atraso;
ᵒ emissão de relação de obras que estão em poder de leitores;
ᵒ emissão de relatórios referentes ao processo de empréstimos: assuntos mais
consultados no período, usuário que teve maior número de empréstimos;
ᵒ incidência de atrasos em relação aos períodos anteriores, unidade
organizacional que mais consultou;
ᵒ emissão de senhas para os empréstimos;
ᵒ possibilidade de pesquisar a situação em que se encontra o exemplar
disponível, emprestado, encadernado etc.
ᵒ realização de empréstimo, devolução, renovação e reserva, on-line.
ᵒ registro de solicitação de fotocópias;

75
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

ᵒ relatórios do cadastro de usuários, por ordem alfabética, formação, unidade


de trabalho;
ᵒ reserva de documentos, com prazos diferenciados por tipos de materiais e
usuários;
ᵒ rotina completa de empréstimos para qualquer tipo de documento;
ᵒ senha para empréstimos.

Requisitos relacionados ao processo de recuperação da informação:

• Imprescindíveis:

ᵒ capacidades de ordenar e classificar os documentos pesquisados;


ᵒ capacidade de permitir que os resultados de pesquisas sejam gravados em
disquete de arquivos;
ᵒ consulta à internet; elaboração de estatísticas;
ᵒ estratégia de pesquisa on-line nas bases de dados por qualquer palavra,
campo ou subcampo;
ᵒ indicação do status do documento pesquisado, se emprestado, em
encadernação ou disponível; possibilidade de envio do resultado da pesquisa
por e-mail, ao usuário;
ᵒ possibilidade de salvar estratégias de buscas para utilização posterior;
ᵒ recuperação do resultado da pesquisa em forma de referência bibliográfica
breve e completa, de acordo com a ABNT.

Requisitos relacionados ao processo de divulgação da informação:

• Imprescindíveis:

ᵒ emissão de listas de publicações por assuntos e autores;


ᵒ geração de catálogo coletivo;
ᵒ diferentes formatos de visualização de registros on-line e em relatórios tipo
ABNT e AACR2;
ᵒ elaboração e impressão de bibliotecas em formato ABNT;
ᵒ definição de instrumentos de alerta e disseminação seletiva de informações,
conforme perfil de usuários;
ᵒ pesquisa por conceitos com utilização de tesauro ativo.

Requisitos relacionados ao processo gerencial:

• Imprescindíveis:

ᵒ gerenciamento integrado dos dados e funções da biblioteca;


ᵒ gerenciamento dos tipos de material bibliográfico e informacionais utilizados
em bibliotecas;
ᵒ contabiliza estatísticas de circulação, processamento técnico, seleção,
aquisição, intercâmbio, atualizações de tesauro e listas de autoridades, por
período;

76
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

ᵒ emite relatórios de circulação por tipo de documento, por período e


acumulado;
ᵒ emite relatórios de empréstimos, por período;
ᵒ emite relatórios de entrada e recebimento de documentos, por período;
ᵒ inventário com utilização do coletor de dados inteligente;
ᵒ listas de usuários, por categoria.

3.2 REQUISITOS GERAIS


São requisitos gerais o treinamento, instalação, testes e garantias, suporte
técnico e manutenção, documentação e condições institucionais.

• Treinamento

Possibilitará, ao usuário, utilizar todas as funções do sistema. Utilizar os


materiais didáticos e manuais fornecidos pelo software deve abranger os níveis:

ᵒ nível técnico: possibilitar, aos analistas de sistemas, a perfeita compreensão


da filosofia de funcionamento do produto, capacitando-os a efetuarem a
parametrização e disponibilização do sistema para o usuário final;
ᵒ nível gerencial: possibilitar, à gerência da biblioteca, a perfeita compreensão
dos procedimentos gerenciais oferecidos pelo sistema;
ᵒ nível operacional: possibilitar, aos bibliotecários, a perfeita compreensão dos
procedimentos e rotinas específicas de cada módulo do sistema, inclusive,
capacitando-os a realizarem o treinamento aos usuários nos módulos
pertinentes.

• Instalação, testes e garantias

Esta etapa garantirá a agilidade na implementação das rotinas,


assessoramento para transmissão do conhecimento para uso adequado do
sistema. O acompanhamento na instalação e teste deve ser feito por um técnico.
Em caso de repetição dos erros, solicitar que ocorra nova instalação do software.

• Suporte técnico e manutenção

É imprescindível que conste no contrato a manutenção preventiva e


corretiva: correção e erros de software licenciado, fornecimento e implantação de
versões atualizadas com os manuais e literatura técnica pertinente em português
e apoio técnico na implantação das versões.

• Documentação

A documentação referente à contratação do software deve ser impressa


com os manuais e catálogos.

77
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

• Condições institucionais

O software de ser compatível com a cultura da organização, ser


proporcional às necessidades estipuladas, pois um software muito superior pode
onerar o custo de aquisição. Verificar a idoneidade da empresa e a sua carteira de
clientes, como foram atendidos em caso de problemas e se eles foram resolvidos.
Uma cláusula de proteção pode ser colocada em contrato, em que caso a empresa
interrompa suas atividades ou venha a decretar falência, deverá fornecer o
código-fonte do programa.

4 PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DE SOFTWARE BASEADA EM


NOTAS
Diante da diversidade dos serviços prestados e da realidade de cada
biblioteca ser única, uma avaliação baseada em critérios, como propôs Cortê et al.
(1999), pode não atender plenamente às necessidades levantadas no diagnóstico
realizado no planejamento de informatização. Assim, Café, Santos e Macedo
(2001, p. 71) propõem:

Na medida em que cada biblioteca tem suas próprias necessidades


em relação ao tipo de automação que deseja implementar, a simples
consulta a lista de critérios pode não ser suficiente. Tendo em vista
esta problemática, a equipe decidiu reunir os critérios levantados
na literatura e elaborar um método estatístico de avaliação baseado
em pesos e notas para cada critério. O modelo proposto traz como
inovação a possibilidade de ser adaptado à realidade de diversos tipos
de bibliotecas.

Na construção desse do modelo foi realizada uma revisão de literaturas


sobre automação de bibliotecas e elaborado um sistema de notação com atribuição
de pesos e notas aos critérios. Na revisão de literatura, as autoras informaram
que a principal bibliografia consultada foi o artigo Avaliação de software para
bibliotecas, e a este foram acrescentados outros critérios pertinentes, que ao longo
das discussões foram alterados quando necessário.

Ao fim, esse levantamento possuía 181 critérios, que foram agrupados,


originalmente, para contemplar bibliotecas, mas que podem contemplar qualquer
unidade de informação, devido a seus aspectos serem gerais. A construção desse
modelo teve por objetivo foi elaborar um instrumento simples, que pudesse
nortear de maneira simples, mas completa a avaliação de um software.

78
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

TABELA 1 – NÚMERO DE CRITÉRIOS POR CATEGORIA DE AVALIAÇÃO


Número de
Características de avaliação
critérios inseridos
Características gerais do software 7
Ergonomia 3
Tecnologia (hardware, compatibilidade e rede) 25
Seleção e aquisição 22
Processamento técnico 20
Circulação 10
Recuperação da informação 57
Disseminação da Informação 2
Processo gerencial 19
Características da empresa fornecedora 16
FONTE: Café, Santos e Macedo (2001, p. 72)

Na elaboração do sistema de notas, após a validação da listagem, foram


atribuídos pesos diferentes para os critérios, conforme a sua relevância:

• Indispensável: Coeficiente 3. Critérios com a maior importância, não podem


ser desconsiderados.
• Importante: Coeficiente 2. Critério importante, que deve ser considerado, pode
agregar valor na escolha do software.
• Dispensável: Coeficiente 1. Critério que a biblioteca não utilizará na execução
de suas atividades.
• Baseada nos coeficientes citados, a lista de critérios foi preenchida e os pesos
foram dadas a cada critério:

Quando todos os formulários foram devolvidos devidamente


preenchidos, foi calculado para cada critério um peso médio P. Foi
determinado também o desvio padrão (ss), o que confirmou a validade
de 176 pesos atribuídos aos 181 critérios. Na verdade, sobre 181 pesos
médios, cinco possuíam um desvio padrão acima de 0.8. Este valor
indica significativa divergência de opinião na atribuição de pesos (ou
seja, para um mesmo peso uma pessoa atribuiu um peso máximo e
outra um peso mínimo). No entanto, esta divergência foi verificada
em apenas 2.8% das respostas [...]. Observando os 171 critérios cujo
desvio padrão foi menor que 0.8, foi possível concluir que houve
grande homogeneidade no total de atribuições de pesos. Isto é, 7.2
% das respostas apresentaram pouca divergência de opinião (CAFÉ,
SANTOS E MACEDO, 2001, p. 73).

Finalizada a etapa de atribuição de pesos, a sequência seria a determinação


de notas, a ser realizada no momento da avaliação do software, conforme a
seguinte escala:

• Inexistente: Nota 0 – critério não existe.


• Muito Ruim: Nota 1 – critério com uma série de problemas.

79
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

• Ruim: Nota 2 – critério possui pequenos problemas.


• Regular: Nota 3 – critério funciona.
• Bom: Nota 4 – critério funciona e oferece algumas facilidades.
• Excelente: Nota 5 – critério funciona perfeitamente e oferece opções adicionais
importantes.

Baseado nos pesos estabelecidos e nas notas atribuídas de cada critério,


foi gerada uma fórmula:

QUADRO 1 – FÓRMULA PARA CÁLCULO DE NOTA

F=NxP
F = nota final do critério avaliado
N = média da nota atribuída a um critério
P = média do peso atribuído a um critério
FONTE: Café, Santos e Macedo (2001, p. 73)

DICAS

A seguir, você terá acesso à metodologia criada pelas seguintes autoras na


íntegra: https://doi.org/10.1590/S0100-19652001000200009.

Para finalizar, apresentamos a seguir as tabelas desenvolvidas pelas


autoras, na íntegra, e a partir desse modelo, o bibliotecário poderá desenvolver
sua avaliação de software:

80
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

QUADRO 2 – REQUISITOS PARA A AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE SOFTWARES PARA AUTOMAÇÃO


   ­€‚ƒ„ …­†
DE BIBLIOTECAS
    

        

 
 

  
 
          
              
    
       
  
 

   
 

          


   

   


    
   
          
          
­    
€               
          
 
      
 
  

€          ‚  ƒ     


        
„    
              
€        …€
     †‡ˆ‰Š‹
 „Œ Ž‘‹ˆ
       Œ€
                  
       
    ’  
      
“”    
“
         ƒ
                
•           –       ƒ – 

€          


    —˜          —  
€    ™

 

  

  
  
€    
€   
€       —   ’     
    š            —   ’ 
€      
€         €€“
        
       š  š  š    
€           
›     š         
›       
       
   
€           š  š       ‰
€    
          

76 Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 2, p. 70-79, maio/ago. 2001

81
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
Proposta de um método para escolha de  de automação de bibliotecas

       

                 
           
                
        
           
 
   
PROCESSAMENTO TÉCNICO

   


    
                        
              
      
   
   ­ 
  
           
            €‚
ƒ      
ƒ        „   
ƒ         
…  
… 

           ­


 …   ­  ­  †    ­    
       
‹ŒŽ‘’‚

€  …  ­     


         
€    ‡         
ˆ            ‰        
           ­
          †  †     Š

…   ­†       

Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 2, p. 70-79, maio/ago. 2001 77

82
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
Lígia Café / Christophe Dos Santos / Flávia Macedo

            



   
   
   
     
 


 
 

     

  
              
­­ 
­€ 
 
     

      
            
                ‚  
               ƒ
„••„…–—† •  ˜†„”…–™•­

„      



   … 
    †
     †„
   ‡ 
   ‡ 
     
 ‚     
ˆ    
         
    ‰
    ƒ    
€     
€            
             
 


ˆ
     
      Š
 
…   ‹       Š
  
             
Œƒ      ‹
     Ž   …€ 
Œƒ               
        ……„‘  ‘
Œƒ       
   
        
     ‚     

Œƒ        
   
Œƒ    
     ‚ ’“‘Ž ‘“‘
    
           
    
          
Œƒ                       ‹   
 
 
               Ž        
       Š     Ž  Ž 
        ‰      
       Š         †”

78 Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 2, p. 70-79, maio/ago. 2001

83
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS




  


  


    




  

     


     


 


 

  


  
    
  
  
  
  
   
    
  
  
        ­€‚ƒ
    

„     


    

    

… † ‚ €‚

 


‡  
  

ƒ

ˆ  
  
    ‰      Š
‹ŒŠ    Ž
   
­     
­     

FONTE: Café, Santos e Macedo (2001, p. 73)

Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 2, p. 70-79, maio/ago. 2001 79

84
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Existem diferentes tipos de licenças para softwares, com permissões e limitações


pré-estabelecidas.

• Para uma correta avaliação para aquisição de um software para biblioteca é


necessário estabelecer uma metodologia com critérios.

• Na metodologia de avaliação existem diferentes tipos de critérios para aquisição


de softwares.

• A metodologia para avaliação do software deve ser flexível e os critérios


utilizados podem ser adicionados ou excluídos conforme as necessidades da
unidade de informação.

85
AUTOATIVIDADE

1 Em uma metodologia de avaliação de softwares, vários são os requisitos a


serem levados em consideração. Na metodologia de avaliação baseada em
critérios, desenvolvida por Cortê et al. (1999), os autores deixam claro que
não há como proceder com a avaliação para estipular os requisitos. Sobre a
que tipos de requisitos os autores se referem?

a) ( ) Obrigatórios e não essenciais.


b) ( ) Importantes e descartáveis.
c) ( ) Quantitativos e tecnológicos.
d) ( ) Imprescindíveis e desejáveis.
e) ( ) Fundamentais e eliminatórios

2 Considerando os fatores internos e externos da organização, são elencados


alguns requisitos de diferentes áreas a serem considerados. Sobre os
requisitos imprescindíveis, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Tecnologia
II- Processo de empréstimos
III- Recuperação da Informação
IV- Processo de seleção
V- Processamento técnico

( ) Controle de assinatura de periódicos


( ) Código de barras para cada documento
( ) Categorização de usuários
( ) Consulta a internet, elaboração de estatísticas
( ) Arquitetura rede/servidor

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) II - I - IV – V - III.
b) ( ) IV - V - II - III - I.
c) ( ) I - V - III - IV - II.
d) ( ) V - III - II - I - IV.
e) ( ) III - V - IV - I - II.

86
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM


SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

1 INTRODUÇÃO
Sempre que falamos em informatização de bibliotecas, pensamos nos
softwares utilizados para automatizar o acervo, possibilitando a recuperação da
informação de forma eficaz e eficiente. Um sistema de automação de bibliotecas
tem algumas funções básicas pré-estabelecidas, entre elas estão: tecnologia,
seleção e aquisição, processamento técnico, circulação e empréstimo, recuperação
da informação, acesso e disseminação da informação, informações gerenciais;
padrões e formatos e arquitetura da informação (DIAS, 2016).

FIGURA 3 – REQUISITOS MÍNIMOS PARA AVALIAÇÃO DE SOFTWARE NA ARQUITETURA DA


INFORMAÇÃO

FONTE: Blattmann (2010, p. 61)

87
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

No item anterior, vimos alguns requisitos para selecionar um bom software


de bibliotecas, mas além desses requisitos, nós bibliotecários precisamos estar
atentos a outras formas de analisar esses softwares, e, além disso, as bibliotecas
utilizam vários ambientes digitais para disseminar a informação, como websites,
repositórios, bibliotecas digitais etc.

DICAS

Eficiência significa alcançar um resultado específico com o mínimo de


recursos ou obter o máximo benefício com recursos limitados. Ficou interessado? Leia
mais a respeito desse assunto acessando: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=s0864-02892008000200009.

Todas essas formas de disponibilizar a informação, seja do acervo, de


cursos que a unidade de informação oferece, precisa passar por uma avalição
da arquitetura da informação, usabilidade e acessibilidade. Neste tópico vamos
pontuar a utilização dessas técnicas de arquitetura de informação em ambientes
digitais.

NOTA

Requisitos são atributos técnicos e operacionais do software a serem atendidos


para que ele funcione adequadamente, entre os quais estão aspectos de conformidade,
custos, funcionalidade, confiabilidade, usabilidade, eficiência e portabilidade.

Quando oferecemos um serviço de informação, a avalição desse serviço,


segundo Almeida (2005, p. 12), deve “consistir na identificação e coleta de dados
sobre os serviços e/ou produtos, estabelecendo critérios de mensuração do
desempenho dos mesmos e determinando sua qualidade e o grau de obtenção das
metas e objetivos”. Nesse sentido, a avalição vai além de atribuir valores e graus
de eficiência e eficácia, a avalição permite obter dados e verificar o desempenho
dos serviços oferecidos pela unidade de informação.

Quando as unidades de informação começaram o processo de automação,


a tecnologia passou a ser inserida nos processos técnicos da biblioteca e na busca
e recuperação da informação por meio de consulta on-line às bases de dados,
banco de dados, as páginas web. Para Morigi e Pavan (2004, p. 120):

88
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

a automação das bibliotecas e, consequentemente, dos serviços


prestados aos usuários, que implicam o uso cada vez mais envolvidos
se modificasse substancialmente. A máquina passou a realizar o
processo de mediação entre os agentes profissionais, responsáveis
pelos serviços de organização, busca e recuperação da informação, e
os seus usuários, tornando tais processos mais dinâmicos.

As tecnologias aplicadas em bibliotecas ou outras unidades de informação


possibilitam o aperfeiçoamento dos serviços oferecidos à comunidade, e
contribuem para a facilidade e flexibilização do trabalho, além de “modernizar
o tratamento técnico e o acesso às coleções e informações; agilizar a recuperação
da informação e o empréstimo; estreitar os laços de cooperação com outras
instituições são alguns dos objetivos expressos pelas bibliotecas” (MANGUE,
2007, p. 12), quando adaptam as tecnologias em favor dos serviços e dos usuários.

2 ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO
A arquitetura da informação (AI) pode ser compreendida como o mapa
de um ambiente digital, software, website, biblioteca digital, repositórios etc.
Esse mapa possibilita que o profissional da informação visualize a estrutura do
ambiente antes se disponibilizado para o usuário.

FIGURA 4 – PROTÓTIPO ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO

FONTE: <http://www.estaciocursoslivres.com.br/shopping/produto/ARQUITETURA_DA_INFOR-
MACAO/3665>. Acesso em: 30 jul. 2020.

Você pode se perguntar o porquê de utilizarmos a AI nesses ambientes,


principalmente nos softwares de automação, ela se faz presente, pois nesses
sistemas nós precisamos organizar os dados e criar um ambiente navegável
tanto para o usuário e para o bibliotecário que irá disponibilizar a informação.
Segundo Agner (2009, p. 89), “a arquitetura de informação tem surgido como
uma importante metadisciplina, preocupada com o projeto, a implementação
e a manutenção de espaços informacionais digitais para o acesso humano, a
navegação e o uso”.
89
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

A arquitetura da informação, quando planejada e executa corretamente,


pode antecipar o caminho que usuário irá fazer e assim encaminhá-lo para dentro
do sistema por meio das suas estruturas informacionais. Os sistemas utilizam o as
interfaces gráficas para interseção com os usuários (BLATTAMANN, 2010).

A arquitetura da informação, de modo geral, unifica os métodos de


organização, classificação e recuperação de informação advindos da
área de Biblioteconomia, com a exibição espacial da área da arquitetura,
utilizando-se de tecnologias de informação e comunicação, em
espacial, da Internet (CAMARGO, 2004, p. 29).

A AI tem foco no usuário, sempre no sentido de melhorar a sua experiência,


em relação ao sistema ou ambiente digital de informação, de maneira intuitiva e
de fácil compreensão.

NOTA

A interface do navegador para a World Wide Web, conhecido como browser, é


a interface mais usada para os sistemas de bases de dados.

O projeto de AI de uma interface ou sistema precisa ser baseado em pesquisa


e a partir dos objetivos e das necessidades informacionais dos usuários desse
sistema é que será projetado o ambiente. Rosenfeld e Morville (2006) apresentam
a ideia do projeto de AI nos três círculos da Arquitetura da Informação.

90
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

FIGURA 5 – CÍRCULOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO

FONTE: Rosenfeld e Morville (2006, p. 24)

Dessa forma, Morville e Rosenfeld (2006, p. 4) definem a arquitetura da


informação como:

O projeto estrutural de ambientes de informações compartilhadas;


a combinação de sistemas de organização, rotulagens, buscas e
navegação dentro de sites e intranets; a arte e a ciência de moldar
produtos de informação e experiências para apoiar usabilidade e
encontrabilidade.

Pode-se compreender a AI como a ciência que organiza e cataloga


websites, intranets, comunidades on-line e softwares de modo que a usabilidade
seja garantida. Straioto (2002, p. 20) argumenta que a AI está voltada ao

[...] desenho das informações: como textos, imagens e sons são


apresentados na tela do computador, a classificação dessas
informações em agrupamentos de acordo com os objetivos do site e
das necessidades do usuário, bem como a construção de estrutura
de navegação e de busca de informações, isto é, os caminhos que o
usuário poderá percorrer para chegar até a informação.

Para Paiva (2014), a AI procura construir espaços informacionais


customizados, para contemplar os anseios dos usuários na Internet, levando em
conta: as necessidades de informação, o contexto e os conteúdos.

91
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Então, percebe-se que a AI é apresentada como o mapa para a organização


das informações dispostas nos sites e sistemas, incluindo também o modo como
o usuário navega e realiza as buscas por informações, permitindo-lhe que saiba
em que local elas estão dentro dos sites e para onde ele quer ir (STRAIOTO, 2002).
Essa estrutura ou mapa é projetado por meio dos elementos que compõem a AI:
Sistema de organização; sistema de rotulagem, sistema de navegação e sistema
de busca.

2.1 ELEMENTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO


O Sistema de Organização indica como o conteúdo é categorizado e como
a informação está organizada nos websites. A organização da informação, quando
bem estruturada, está atrelada a um dos fatores de sucesso desses ambientes
(ROSENFELD; MORVILLE, 2006).

O Sistema de Navegação determina a movimentação do usuário no


ambiente digital. Para Reis (2007), o sistema de navegação precisa ter orientações
claras para que os usuários possam se movimentar. Já para Silva (2007), quando
bem projetado, o sistema torna-se um instrumento facilitador à navegação na
web, proporcionando a localização do usuário no website; cita-se, como exemplo,
a ‘trilha de migalhas’, que mostra ao usuário em que parte ele está e para onde ir
dentro do website.

Já o Sistema de Rotulagem atribui rótulos aos elementos informativos e


dá suporte ao usuário na navegação. Segundo Rosenfeld e Morville (2006, p. 92),
“os rótulos devem informar aos usuários onde começar, para onde ir, e qual ação
será envolvida em cada passo ao longo do caminho”.

Os rótulos são utilizados para representar conceitos, sendo um símbolo


linguístico com a finalidade de comunicar um conceito sem ocupar muito espaço
“na página e sem demandar muito esforço cognitivo do usuário para compreendê-
lo” (REIS, 2007, p. 99).

O último sistema é o de Busca, que diz respeito às perguntas que o usuário


fará e as respostas obtidas. Este sistema possibilita localizar a informação dentro
do website pelos usuários. Vidotti e Sanches (2004) apontam que esse sistema deve
ser utilizado em ambientes digitais com grandes volumes informacionais ou com
muitos patamares de navegação a fim de facilitar a localização das informações.

92
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

QUADRO 3 – RESUMO DOS ELEMENTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO

Sistema
Elementos Definição
DA AI
Indicado para grandes
conjuntos de informação e
Alfabético
público diversificado; ex.:
em lista telefônicas, índices.
Usado para organizar a
Exato
Cronológico informação por data. Ex.:
clippings de notícias.
Organiza a informação
Geográfico regiões. Ex.: pesquisa
política; previsão do tempo.
Organiza a informação de
Orientados
acordo com ações. Ex.: word
por tarefas
(inserir; referência; revisão).
Organiza a informação
por assunto. Ex.: listas
Tópicos
amarelas; jornais, sites de
Sistema de Organização

Esquema de
venda de produtos.
organização
Utilizado para orientar
o usuário em algo novo
Dirigido por
baseado em algo familiar.
metáforas
Ex.: área de trabalho do
Ambíguo
computador;
Usado quando há usuário
definido; aberto quando
não precisa de senha;
fechado, necessidade de
Específicos
identificação. Ex.: sites de
a um público
lojas de departamento –
(aberto/fechado)
aberto, consulta ao catálogo
(feminino e masculino) –
fechado- acesso ao perfil do
usuário.
Híbrido Reunião de dois ou mais esquemas apresentados;
Hierárquica Apresenta estrutura do geral para o específico
Não são lineares, utilizam link para fazer o elo
Estrutura da Hipertexto entre informações, imagens, vídeos dentro do
organização mesmo ambiente ou para outro.
Base A organização da informação se dá a partir de
relacional registro dos metadados pré-definidos.

93
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

A página principal possui ramificações, apresenta


Hierárquico
opções secundárias de navegação.
Complementa a navegação hierárquica por meio
Navegação
Global de menus, links, estando presentes em todas as
embutida
páginas do website.
Específica de um conteúdo ou página, fica exposta
Local
somente quando o assunto está sendo abordado.
Sistema de Navegação

Podem ser: Visitas guiadas,


Guias tutoriais e entrevistas focadas
em torno do tipo de usuários.
Index-índices Lista dos elementos do
conteúdo do website,
organizada em ordem
Ad Hoc –
Navegação alfabética para facilitar a
elementos
Suplementar busca por informações.
remotos
Mapa do site Aprestama todos os
itens contidos no website,
apresentando uma visão
geral do para o usuário.
Trilha de migalhas Apresenta a posição do
usuário dentro do website.
Utilizado para remeter a ligações entre
Navegação
informações disponibilizadas dentro do próprio
por links
Sistema de Rotulagem

website ou para outros websites.


Textual Termos de Referente a palavras-chave, etiquetas e títulos de
indexação assunto que representem o conteúdo.
São considerados títulos que descrevem o
Cabeçalhos
conteúdo que lhe seguem.
Navegação por Utilização de símbolos em forma de links para
links representar o conteúdo.
Iconográficos
Utilização de símbolos para representar o
Cabeçalhos
conteúdo que lhes seguem.
Lógica Booleana/ Utilização dos operadores
proximidade booleanos ou proximidade;
Ex.: and; or; not; same; near/x
Linguagem natural
Recursos da
Busca Permite que o usuário
faça pesquisa por um
Tipos específicos
determinado tipo de
de itens
documentos. Ex.: PDF,
Sistema de Busca

DOC, vídeo etc.


Apresenta os resultados
em lista, podendo ser em
Listagens
ordem de data, alfabética,
popular, por preço.
Ordena os resultados da
Recursos de busca por documentos que
Relevância
visualização têm mais proximidade com
o assunto pesquisado.
Permite refinar a busca
Refinamentos de por ano, idioma, a fim de
buscas melhorar os resultados da
recuperação para o usuário.
FONTE: Adaptado de Straioto (2002), Rosenfeld e Morville (2006), Reis (2007) e Afonso (2017)

94
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

2.2 A ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO


A encontrabilidade da informação é um termo sugerido por Vechiato
(2013) no desenvolvimento da sua tese de doutorado. Seus estudos vêm sob a
ótica do Findability, apresentado por Morville (2005). Em seu livro intitulado
Ambiente Findability, Morville (2005) define o findability como a qualidade de
ser localizável ou navegável. O grau em que um determinado objeto é fácil de
descobrir ou localizar. O grau em que um sistema ou ambiente suporta navegação
e recuperação.

Ao analisarmos a definição de Morville (2005), percebe-se que para o bom


funcionamento de um ambiente informacional digital, é necessário verificar se as
informações estão alcançando seu público alvo, se o ambiente é de fácil navegação
e compreensão pelo usuário. Nesse sentido, “percebemos que a encontrabilidade
ocorre a partir da busca de informação por meio da navegação em um website
ou por meio das estratégias de pesquisa lançadas em um mecanismo de busca
(search engine)” (VECHIATO; VIDOTTI, 2014, p. 44).

Morville (2005) ressalta que a encontrabilidade pode ser um dos maiores


problemas dos websites, devido ao fato de a equipe de projetista serem composta
por diferentes profissionais e com divergências de pensamento e ações. A
arquitetura da informação pode ser considerada como uma forma de solucionar
esses problemas.

Para Vechiato e Vidotti (2014, p. 164), a encontrabilidade da informação


“[...] sustenta-se fundamentalmente na interseção entre as funcionalidades de um
ambiente informacional e as características dos sujeitos informacionais”. Ainda,
os autores discorrem que a encontrabilidade da informação “está relacionada
aos processos que compõem o fluxo infocomunicacional, desde a produção até a
apropriação dela” (VECHIATO; VIDOTTI, 2014, p. 167).

Da mesma forma que a Arquitetura da informação é composta por


sistemas e elementos, a encontrabilidade detém elementos que vão facilitar a
recuperação das informações, bem como navegação e compreensão do ambiente,
transcorrendo a “produção; seleção; organização; representação; armazenamento;
busca; recuperação acesso e uso e apropriação” da informação” (VECHIATO;
VIDOTTI, 2014, p. 167). A seguir, apresentaremos os elementos que compõem o
modelo de encontrabilidade da informação, elaborado por Vechiato, Oliveira e
Vidotti (2016).

95
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

QUADRO 4 – ATRIBUTOS DE ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO


Atributos Descrição
Utilizadas em estruturas de organização top-down, referem-
se à organização das categorias informacionais com vistas
a facilitar a navegação e a descoberta de informações. Essas
categorias, por exemplo, são organizadas geralmente em
menus ou no corpo das páginas Web, nas comunidades
e coleções de repositórios ou nas legendas utilizadas
para descrição dos assuntos nas estantes das bibliotecas,
Taxonomias
organizadas previamente a partir de um sistema de
navegacionais
classificação. Conforme Aquino, Carlan e Brascher (2009), as
taxonomias navegacionais devem ser apoiadas nos seguintes
aspectos: categorização coerente dos assuntos em relação
ao entendimento dos sujeitos; controle terminológico para
redução de ambiguidade; relacionamento hierárquico entre
os termos e multidimensionalidade, possibilitando que um
termo possa ser associado a mais de uma categoria de acordo
com o contexto de uso.
Instrumentos Compreendem os vocabulários controlados, como os
de controle tesauros e as ontologias, para apoiar a representação dos
terminológico recursos informacionais.
Estão relacionadas à organização social da informação
e propiciam ao sujeito a classificação de recursos
informacionais, bem como encontrar a informação por
meio da navegação (uma nuvem de tags, por exemplo) ou
Folksonomias dos mecanismos de busca, ampliando as possibilidades de
acesso. São utilizadas em estruturas de organização bottom-
up. Quando associadas aos vocabulários controlados e às
tecnologias semânticas, intensificam as possibilidades de
encontrabilidade da informação.
Compreendem a representação dos recursos informacionais
Metadados e são armazenados em banco de dados para fins de
recuperação da informação.
Está associada ao desenvolvimento de sistemas, dispositivos,
Mediação dos bancos de dados e interfaces com utilização de linguagens
informáticos computacionais, com vistas à gestão e à recuperação da
informação.
Mediações dos Ocorre em ambientes informacionais em que há sujeitos
profissionais da institucionais envolvidos na seleção, estruturação e
informação disseminação da informação.
Está relacionada às ações infocomunicacionais que os
sujeitos informacionais empreendem em quaisquer sistemas
Mediação e ambientes informacionais, por exemplo no que diz
dos sujeitos respeito à produção e à organização da informação e do
informacionais conhecimento em ambientes colaborativos, gerados a partir
de seus conhecimentos, comportamento e competências que
caracterizam sua Intencionalidade.

96
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

Funcionam como incentivos e pistas que os objetos possuem e


proporcionam aos sujeitos a realização de determinadas ações
Affordances na interface do ambiente. Essas ações estão relacionadas à
orientação, localização, encontrabilidade, acesso, descoberta
de informações entre outras.
Associado a orientação espacial, utilizando-se de aspectos
que facilitem a localização, a encontrabilidade e a descoberta
Wayfinding
de informações por meio da navegação na interface do
ambiente.
Está condicionada aos demais atributos de encontrabilidade
da informação no que diz respeito às facilidades que a
Descoberta de interface (navegação e/ou mecanismos de busca) oferece
informações para encontrar a informação adequada às necessidades
informacionais do sujeito, bem como a possíveis necessidades
informacionais de segundo plano.
Relacionados à capacidade de o sistema permitir o acesso
Acessibilidade e equitativo à informação (acessibilidade) no âmbito do
Usabilidade público-alvo estabelecido em um projeto com facilidades
inerentes ao uso da interface (usabilidade).
A teoria da Intencionalidade fundamenta a importância
em se enfatizar as experiências e habilidades dos sujeitos
Intencionalidade
informacionais no projeto de ambientes e sistemas de
informação.
Estão associados ao meio ambiente, externo aos sistemas
Mobilidade, e ambientes informacionais, mas que os incluem,
Convergência e dinamizando-os e potencializando as possibilidades dos
Ubiquidade sujeitos em encontrar a informação por meio de diferentes
dispositivos e em diferentes contextos e situações.
FONTE: Vechiato, Oliveira e Vidotti (2016, p. 7)

Os atributos da encontrabilidade, elencados pelos autores, são necessários


para que o ambiente informacional e os usuários possam interagir, assim
atingindo o objetivo do ambiente, visto que ao se projetar um ambiente digital é
preciso identificar seu público-alvo no início do seu planejamento (CAMARGO;
VIDOTTI, 2011).

Entende-se que a arquitetura da informação é ponto de início da


encontrabilidade, já que ela vai além dos projetos dos ambientes informacionais,
estando relacionada à “capacidade que esses sistemas conferem em prover a
informação adequada aos sujeitos, considerando as características, as limitações
e as competências que eles trazem consigo no processo de busca de informação”
(VECHIATO; VIDOTTI, 2014, p. 45).

97
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

DICAS

Ficou interessado? Leia mais a respeito desse assunto, acessando: https://


www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-37862016000300275.

98
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

LEITURA COMPLEMENTAR

ESTRUTURAS DE REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO E SEU APOIO


À ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO NA WEB: UM OLHAR SOBRE
VOCABULÁRIOS CONTROLADOS, TESAUROS E METADADOS

Luciana Dumer
Marckson Roberto Ferreira de Sousa
Maria Elizabeth Baltar Carneiro de Albuquerque

A partir de meados do Século XX, com o fim da Segunda Guerra (1939-1945),


o advento tecnológico deu início a uma explosão informacional que, com o passar
dos anos, tomou grandes proporções e continua fortemente presente na sociedade
contemporânea. Com a chegada da era digital e da web, uma grande mudança
ocorreu no que tange aos processos de produção, armazenamento, recuperação
e disseminação de informações em âmbito mundial. Nesse contexto, a Ciência
da Informação (CI) vem atuando como uma área do conhecimento marcada
pela interdisciplinaridade com diversas áreas, tais como: a Biblioteconomia, a
Comunicação, a Ciência da Computação e muitas outras.

A presente pesquisa, através de uma revisão bibliográfica, objetivou


identificar características destas três estruturas de representação da informação e
por meio de alguns exemplos, entender de que forma elas estão sendo aplicadas
em websites hoje, na internet. Os autores Rosenfeld, Morville e Arango (2015)
apontaram que tais estruturas de representação da informação – vocabulários
controlados, tesauros e metadados – servem de apoio para os sistemas que
compõem a Arquitetura da Informação (AI), que são: sistema de organização,
sistema de navegação, sistema de rotulação e sistema de busca. Sistemas estes
que, segundo os mesmos autores, permeiam os princípios fundamentais para a
Arquitetura da Informação em websites.

SOBRE ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO E SEUS SISTEMAS

A Arquitetura da Informação (AI) em ambientes digitais foi abordada


pela primeira vez na década de 1990, com a chegada da Web. Neste momento,
despontava no cenário mundial o comércio eletrônico e as empresas passaram a
adotar a internet como principal meio para a divulgação de seus negócios com
o uso dos websites. No ano de 1994, Peter Morville e Louis Rosenfeld foram
os primeiros a aplicar a Arquitetura da Informação no design de websites, e,
posteriormente, lançaram o livro Information Architecture for the World Wide Web,
considerado best seller da área (SILVA; DIAS; SOUSA, 2014, p. 232), que chegou
em sua 4ª edição no ano de 2015.

Para Rosenfeld, Morville e Arango (2015, p. 24) existem várias definições


para explicar o que é a Arquitetura da Informação: a) O design estrutural
de ambientes de informação compartilhados; b) A síntese dos sistemas de

99
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

organização, rotulagem, pesquisa e navegação dentro dos ecossistemas digitais,


físicos e de canais cruzados; c) A arte e a ciência de moldar produtos e experiências
de informação para suportar a usabilidade, a capacidade de encontrar e a
compreensão; d) Uma disciplina emergente e uma comunidade de práticas focada
em trazer princípios de design e arquitetura para a paisagem digital.

Os autores apresentam os componentes da Arquitetura da Informação em


quatro categorias de sistemas, sendo:

• Sistema de Organização: podem ser exatos quando incluem


agrupamentos alfabéticos, cronológicos e geográficos; ou ambíguos
quando incluem grupos tópicos, baseados em tarefas, baseados em
público, metafóricos e híbridos.
i. Sistema de Rotulação: os rótulos podem ser textuais ou icônicos.
ii. Sistema de Navegação: podem ser de vários tipos, mas os três
mais comuns são os Globais, que são destinados a estar presentes
em todas as páginas ou telas no ambiente de informações; os
Locais, que complementam os globais e permitem que os usuários
explorem a área imediata onde estão; e os Contextuais que ocorrem
no contexto do conteúdo que está sendo apresentado no ambiente
e apoiam a aprendizagem associativa ao permitir que os usuários
explorem as relações entre os itens.
iii. Sistema de Busca: embora pareça ser simples, envolve vários fatores
importantes tais como: o que procurar, o que recuperar e como
apresentar os resultados, sendo que estes fatores precisam se juntar
na interface de busca (ROSENFELD; MORVILLE; ARANGO, 2015).

A aplicação dos princípios da Arquitetura da Informação com o apoio


das Estruturas de Representação da Informação visa trazer facilidades para os
usuários, de modo que estes possam encontrar as informações que desejam com
maior rapidez.

SOBRE A REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Nos dias atuais, a informação está sendo produzida em escalas sem


precedentes e de diversas formas. Temos presenciado, muitas vezes, o mesmo
conteúdo informacional aparecendo em diferentes tipos de formatos e suportes,
que vão desde o impresso ou físico, até o digital ou eletrônico, isto é o que vem
acontecendo, por exemplo, no caso dos jornais e livros. No entanto, até mesmo a
informação que insiste em manter o seu conteúdo completo apenas em suportes
físicos ou apenas em formato impresso, necessita ser representada em sistemas
de informação digitais disponíveis em websites. Tal representação na web pode
ter como objetivo tanto a recuperação da informação em si, como também a sua
divulgação, tendo sempre como foco principal a satisfação das necessidades dos
usuários daquela informação. Desta forma, é possível afirmar que a representação
da informação na web está alcançando um grau de importância, na sociedade
contemporânea, como nunca alcançou em nenhuma outra época.

100
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

Sobre a preocupação e a importância da construção e disseminação


da informação, Ferreira e Albuquerque (2013, p. 18) argumentam que tais
preocupações resultam da “importância atribuída ao conhecimento como uma
forma de vantagem competitiva” nos dias atuais.

As grandes quantidades de informações lançadas em sistemas de


recuperação, dificilmente contribuirão para gerar novos conhecimentos se
estiverem desorganizadas ou sem nenhum tipo de tratamento ou cuidado com
sua representação. Sousa (2012), explica que essa infinidade de informações
disponíveis em ambientes digitais, que deveria ser um fator positivo na sociedade,
pode, na verdade, causar “barreiras” no acesso, uma vez que, nem sempre a
informação é disponibilizada de forma apropriada nos websites e assim, muitas
vezes, não se alcança o objetivo principal, já mencionado, que é atender às
necessidades dos usuários. Sousa (2012, p. 68) acrescenta que “[…] os usuários
nem sempre conseguem encontrar o que desejam, seja pelo fato de os sistemas de
busca não realizarem uma recuperação de forma satisfatória, seja porque ela não
foi concebida para o usuário através de uma representação adequada”.

Na atividade de representação realizada pelos profissionais da informação,


são apresentadas aos usuários duas possibilidades de acesso à informação
nos sistemas, conforme mencionado por Gomes e Santos (2013): a) através da
representação descritiva, onde ocorre a descrição dos dados físicos do material,
permitindo a realização de buscas por autor, por título, por tipo de material etc.
e b) através da representação temática, onde ocorre a descrição do conteúdo, ou
seja, dos assuntos contidos no material, o que permitirá ao usuário realizar buscas
por assuntos de interesse. Catarino e Souza (2012, p. 84) também distinguiram a
representação descritiva e a representação temática ao afirmarem que,

[...] A descritiva representa as características específicas do documento


que permitem sua individualização e também define e padroniza os
pontos de acesso responsáveis pela busca e recuperação da informação
e pela reunião de documentos semelhantes. A temática detém-se
na atribuição de assuntos aos documentos a partir da classificação
bibliográfica, da indexação e da elaboração de resumos, facilitando
a recuperação de materiais relevantes que dizem respeito a temas
semelhantes.

Apesar de terem sido originalmente pensadas para a organização de


coleções em bibliotecas físicas, as representações temática e descritiva são
totalmente aplicáveis ao ambiente digital. (SILVA; NEVES, 2013; CATARINO;
CERVANTES; ANDRADE, 2015). Nesse sentido, Maia (2015, p. 84) afirma que
“um árduo processo de representação, de descrição física e temática, de escolha
de termos, de controle de vocabulário, de construção de índice e de arranjo da
categorização terminológica (classificação), envolve a precisão da informação.”
Convém destacar, portanto, que existe um importante trabalho de organização
e representação da informação que é feito nos bastidores dos sistemas digitais e
que passa muitas vezes despercebido pelos usuários que utilizam a interface dos
sistemas de busca.

101
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

PERCURSO METODOLÓGICO

Quanto às fontes, o presente estudo revela-se um estudo bibliográfico


partindo da visão de Rosenfeld, Morville e Arango (2015) acerca das características
de três estruturas de representação da informação e sua utilização em websites,
sendo: a) os vocabulários controlados; b) os tesauros, criados a partir dos esquemas
de classificação hierárquicos e facetados; e c) os metadados, utilizados tanto para
representação temática como também para a descritiva.

As preocupações com as estruturas de representação para a organização


da informação visando facilitar o seu acesso, uso e disseminação, já vinham
sendo uma preocupação de profissionais da informação, principalmente dos
bibliotecários, muito antes de existir a internet e a web. Com isso, considera-se que
o presente estudo possui natureza descritiva e abordagem qualitativa porque
não pretende quantificar dados, mas sim, verificar características das estruturas
de representação da informação, há muito já conhecidas pelos bibliotecários, e
identificar como elas se aplicam hoje, em websites no ambiente digital. De acordo
com Sampieri, Collado e Lucio (2006, p. 112), “os estudos descritivos servem para
analisar como é e como se manifesta um fenômeno e seus componentes”.

Assim, o estudo foi desenvolvido em duas etapas principais, sendo: 1.


Revisão bibliográfica sobre as características das estruturas de representação da
informação mencionadas por Rosenfeld, Morville e Arango (2015): vocabulários
controlados, tesauros e metadados; e 2. Identificação da aplicação dessas
estruturas de representação da informação em alguns websites escolhidos de
forma aleatória, na internet.

ESTRUTURAS DE REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO: OS


VOCABULÁRIOS CONTROLADOS E OS TESAUROS

Os vocabulários controlados são instrumentos fundamentais para


a organização e representação temática de conteúdos em diversas áreas do
conhecimento, esse controle contribui de forma efetiva para o armazenamento
e a recuperação das informações em sistemas de recuperação digitais. Garret
(2011) destaca os vocabulários controlados como sendo a ferramenta que impõe
consistência aos conteúdos digitais. Na construção de um site, é preciso falar
a linguagem do usuário, definindo os conceitos e as terminologias que serão
utilizadas, de modo a facilitar a compreensão da estrutura do ambiente bem
como a recuperação eficiente de informações. Os vocabulários controlados são de
diferentes tipos, desde os mais simples até os mais complexos, conforme retratado
na Figura 1, a seguir:

102
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

Figura 1 – Tipos de vocabulários controlados

FONTE: Rosenfeld, Morville e Arango (2015, p. 271).

Conforme pode ser observado na Figura 1, Rosenfeld, Morville e Arango


(2015) abordaram a importância dos vocabulários controlados desde os mais
simples, como um agrupamento de sinônimos que abrange os relacionamentos
de termos equivalentes, passando pelos arquivos de autoridade e esquemas
de classificação, onde os relacionamentos avançam para níveis hierárquicos e
chegando ao mais complexo que é o tesauro. Um tesauro compreende todas as
formas de relacionamentos entre os termos, incluindo os associativos.

Conforme pode ser observado na Figura 1, Rosenfeld, Morville e Arango


(2015) abordaram a importância dos vocabulários controlados desde os mais
simples, como um agrupamento de sinônimos que abrange os relacionamentos
de termos equivalentes, passando pelos arquivos de autoridade e esquemas
de classificação, onde os relacionamentos avançam para níveis hierárquicos e
chegando ao mais complexo que é o tesauro. Um tesauro compreende todas as
formas de relacionamentos entre os termos, incluindo os associativos.

OS ANÉIS SINÔNIMOS

Mesmo sendo considerado um controle simples, os anéis sinônimos fazem


grande diferença para os resultados de busca e podem ajudar muito os usuários.
Comumente, pode-se observar que usuários diferentes buscam o mesmo produto
ou assunto digitando termos diferentes na pesquisa, por exemplo, enquanto
uma pessoa busca na internet por geladeira uma outra pode estar buscando por
refrigerador, podendo assim ocasionar ambiguidades e diferentes resultados na
recuperação de informações. O estabelecimento de termos equivalentes com o
uso dos anéis sinônimos pode solucionar esse problema. Além disso, também
podem direcionar o usuário quando este digita o termo errado (ROSENFELD;
MORVILLE; ARANGO, 2015).

Atualmente, é possível notar que muitos ambientes digitais e websites estão


se atentando para o uso destes controles de vocabulário, um exemplo pode ser
observado na Figura 2, onde lançou-se, no site de busca Google, o nome pessoal
errado Melville Dewei e o site direcionou os resultados da pesquisa para o nome
correto que é Melvil Dewey.

103
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

Figura 2 – Resultados de busca com relações de equivalência entre termos

FONTE: <http://google.com.br>. Acesso em: 3 ago. 2017.

Outro exemplo pode ser observado no catálogo on-line da Biblioteca


Nacional do Brasil (BN) em sua página na web, onde é possível notar o
estabelecimento da relação de equivalência entre termos pelos idiomas inglês/
português, conforme demonstrado na Figura 3, a seguir.

Figura 3 - Busca pelo assunto em inglês personal finance na página da Biblioteca Nacional

FONTE: <http://acervo.bn.br/sophia_web>. Acesso em: 3 ago. 2017.

Conforme mostra a Figura 3, ao realizar a pesquisa por assunto digitando


o termo em inglês personal finance, o sistema da BN recuperou os registros de
materiais cuja descrição temática possui o termo Finanças pessoais em português.
Para tornar isso possível, as bibliotecas lançam mão dos arquivos para controle de
autoridade, onde são estabelecidos os relacionamentos entre os termos.

OS ARQUIVOS DE AUTORIDADE

Na prática, os arquivos de autoridade geralmente incluem termos


preferenciais e variantes. Em outras palavras, os arquivos de autoridade são anéis
sinônimos em que um termo foi definido como o termo preferido ou valor aceitável
(ROSENFELD; MORVILLE; ARANGO, 2015). Os registros de autoridades
frequentemente são utilizados em catálogos de bibliotecas para a padronização
de cabeçalhos de assuntos, de nomes geográficos, de nomes pessoais, nomes de
entidades coletivas, títulos de eventos e títulos uniformes.

104
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

Diante da diversidade de pontos de acesso para uma entidade, um


usuário do catálogo com o conhecimento de apenas um dos nomes
pode não encontrar todos os recursos informacionais associados
à entidade por ele desejada, por exemplo, todos os livros de um
determinado autor. Desse modo, faz-se necessário reunir e controlar
os pontos de acesso, assegurando que tal usuário encontre todos
os recursos associados à entidade desejada ao realizar uma única
busca. Dessa necessidade surge o conceito de controle de autoridade
(ASSUMPÇÃO; SANTOS, 2013, p. 109).

Assim, com os registros de autoridades, a biblioteca escolhe um termo


preferido para representar os termos tópicos/assuntos, nomes pessoais, eventos,
nomes geográficos e outros. Junto ao termo preferencial, são atreladas as demais
variações do nome, através da inclusão de remissivas. Com isso, o usuário poderá
realizar a pesquisa digitando diferentes formas de nome e o sistema responderá
recuperando todas as variações em uma só busca. Algumas instituições como
a Biblioteca Nacional do Brasil e a Library of Congress dos Estados Unidos
disponibilizam, para consulta, os seus registros de autoridades em catálogos on-
line. A Figura 4, a seguir, mostra como a Library of Congress cadastrou o nome
pessoal do músico brasileiro Luiz Gonzaga e as suas variações.

OS ESQUEMAS DE CLASSIFICAÇÃO

A organização da informação por meio de esquemas de classificação


foi pensada e adotada por profissionais da informação antes da era digital.
Voltando um pouco na história, pode-se observar, por exemplo, o trabalho do
bibliotecário norte-americano Melvil Dewey (1851-1931), criador do Sistema de
Classificação Decimal de Dewey (CDD) que teve sua primeira edição no ano
de 1876 e vem sendo amplamente utilizada até os dias atuais. A CDD já passou
por várias atualizações, estando hoje em sua 23ª edição, trata-se de um sistema
estruturado hierarquicamente com o uso de números, na ordem decimal, com dez
classes principais de assuntos (com notações que vão de 000 a 999). Cada classe
principal possui subclasses de assuntos em hierarquia, abrangendo as áreas do
conhecimento. O sistema de Classificação de Dewey serviu de base para os belgas
Henri La Fontaine (1854-1943) e Paul Otlet (1868-1944) na criação da Classificação
Decimal Universal, (CDU) que teve sua primeira edição em 1905. A CDD e a
CDU são esquemas de classificação hierárquicos de assuntos que, desde sua
criação, foram e continuam sendo amplamente usados na organização de acervos
e catálogos de bibliotecas ao redor do mundo, tanto os físicos como digitais.

OS TESAUROS

No âmbito da CI, o Tesauro pode ser definido como um conjunto


de termos ou um vocabulário controlado de uma determinada área do
conhecimento, “formalmente organizado para explicitar as relações a priori
entre conceitos (por exemplo, como genéricas e específicas)” (UNESCO, 1993,
p. 14). Os primeiros tesauros “foram desenvolvidos para bibliotecas, museus
e agências governamentais muito antes da invenção da World Wide Web”
(ROSENFELD; MORVILLE; ARANGO, 2015, p. 270, tradução nossa). O termo

105
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS

tesauro começou a ser utilizado na esfera da CI a partir da década de 1940 “como


sendo um instrumento capaz de transportar conceitos e suas relações mútuas
[...]” (DODEBEI, 2002, p. 66).

O tesauro é considerado um tipo mais sofisticado de controle de


vocabulário e se diferencia dos demais, tais como os anéis sinônimos e os
registros de autoridades, pelo seu nível de complexidade e por abranger uma
maior variedade de relacionamentos semânticos entre os termos que representam
os assuntos (ROSENFELD; MORVILLE; ARANGO, 2015). A construção de um
tesauro não é uma tarefa simples, envolve uma série de estudos aprofundados
sobre áreas do conhecimento e a observação de normas e diretrizes reconhecidas
internacionalmente.

Ao contrário de uma lista simples de termos aprovados, um tesauro


também documentará termos alternativos que são comumente usados, mas não
aprovados para uso no site. [...] Um tesauro também pode incluir outros tipos de
relações entre os termos, fornecendo recomendações para termos mais amplos,
mais específicos ou relacionados. Documentar esses relacionamentos pode dar-
lhe uma imagem mais completa de toda a gama de conceitos encontrados em seu
conteúdo, o que, por sua vez, pode sugerir abordagens arquitetônicas adicionais
(GARRET, 2011, p. 99).

ESTRUTURAS DE REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO: OS


METADADOS

Os metadados, muitas vezes são definidos, na literatura, como sendo


dados sobre dados, em outros casos o termo pode ser usado para designar
informação legível por máquina, entretanto, essas definições mostram-se muito
vagas diante da importância de tais recursos, hoje, na web. Para Lima, Santos e
Santarém Segundo (2016, p. 52), “metadados é um termo genérico que abrange
uma ampla variedade de tipos específicos de informações, as quais são criadas
ou capturadas sob vários tipos de recursos informacionais” e podem conter
informações que mostram como, quando e por quem o recurso foi armazenado.

Muitas empresas hoje estão usando metadados de maneiras mais


sofisticadas. Aproveitando o software de gerenciamento de conteúdo e
os vocabulários controlados, eles criam sistemas dinâmicos orientados
a metadados que suportam a criação distribuída e a navegação
poderosa (ROSENFELD; MORVILLE; ARANGO, 2015, p. 271).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Arquitetura da Informação compreende os sistemas de Organização,


Rotulação, Navegação e Busca. Para que um website tenha usabilidade,
esses sistemas precisam interagir e devem estar apoiados pelas Estruturas
de Representação da Informação, que são: os vocabulários controlados, os
tesauros e os metadados (ROSENFELD; MORVILLE; ARANGO, 2015). Com a
presente pesquisa, foi possível identificar características desses instrumentos

106
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS

de representação da informação originalmente e comumente utilizados nos


trabalhos dos profissionais da informação e que agora, na era digital, se fazem
muito presentes também na arquitetura dos websites.

Dentre as características observadas nos sites consultados, destacaram-se


nesta pesquisa: a) os controles simples de termos e vocabulários por meio de
mapeamento de sinônimos ou termos equivalentes; b) as categorias de temas/
assuntos em hierarquia única, do maior para o menor, princípio advindo dos
Esquemas de Classificação, originalmente utilizados na organização de bibliotecas
e arquivos; c) a representação de conteúdos em facetas ou categorias múltiplas
de assuntos/temas que guiam o usuário na pesquisa; d) o uso de registros de
autoridade com o emprego de hiperlinks para promover mobilidade na pesquisa,
em diferentes tipos de categorias (por assunto, por nome etc.); e) os tesauros em
ambientes digitais permitindo a organização e a busca de materiais bibliográficos
por assunto/tema, em áreas do conhecimento específicas. Além disso, nos
bastidores da organização da informação, estão os padrões de metadados como
peças importantes para tornar todo esse controle possível. Diante da enormidade
de conteúdos informacionais criados e disponibilizados na internet diariamente,
a tendência aponta para um avanço nos tipos, nos formatos e no uso dessas
importantes estruturas de representação da informação. Jpa que a daf asbbnnd
jffff afasdc

FONTE: DUMER, Luciana; SOUSA, Marckson Roberto Ferreira de; ALBUQUERQUE, Maria
Elizabeth Baltar Carneiro de. Estruturas de Representação da Informação e seu apoio à Arquite-
tura da Informação na web: um olhar sobre vocabulários controlados, tesauros e metadados.
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação. Florianópolis,
v. 24, n. 54, p. 38-51, jan. 2019. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/
view/1518-2924.2019v24n54p38. Acesso em: 13 ago. 2020.

107
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• São requisitos mínimos para avaliação de software: confiabilidade, usabilidade,


eficiência, manutenibilidade e portabilidade.

• A arquitetura da informação (AI) pode ser compreendida como o mapa de um


ambiente digital.

• A qualidade da arquitetura da informação em um software é essencial para a


recuperação da informação pelo usuário.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

108
AUTOATIVIDADE

1 Os bibliotecários precisamos estar atentos a outras formas de analisar esses


softwares, e, além disso, as bibliotecas utilizam vários ambientes digitais
para disseminar a informação. Na arquitetura da informação, Blattman
(2010) cita alguns desses requisitos. Sobre esses requisitos, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Confiabilidade e Eficiência.
b) ( ) Estabilidade e Portabilidade.
c) ( ) Verificação e Credibilidade.
d) ( ) Competência e Eficiência.
e) ( ) Usabilidade e Manutenção.

2 A arquitetura da informação é usada para analisar e reorganizar estruturas


de ambientes digitais. Sobre a arquitetura da informação, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Possui 4 sistemas interdependentes: organização, rotulagem, navegação


e busca.
b) ( ) A Arquitetura da informação é utilizada para promover um ambiente
digital.
c) ( ) O sistema de busca é utilizado para a navegação do ambiente digital.
d) ( ) O sistema de rotulagem é utilizado para a navegação do ambiente.

109
110
UNIDADE 3 —

RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a importância da recuperação da informação;


• perceber a importância de uma estratégia de busca bem elaborada para a
recuperação da informação;
• entender os sistemas de recuperação da informação;
• conhecer os modelos de recuperação da informação;
• entender as diferenças entre os modelos de recuperação da informação;
• avaliar um sistema de recuperação da informação;
• entender a importância da arquitetura da informação em um software de
informatização de acervo.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO


TÓPICO 2 – MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

111
112
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Nas unidades anteriores, foram apresentados alguns aspectos históricos
do planejamento de informatização de bibliotecas. Com o grande volume de
informação agora acessível e disponível para consulta e para transferência de
conteúdo na internet, a informação, que antes levava muito tempo para ser
encontrada e disponibilizada, passou a ser consultada diretamente pelo usuário,
sem a intermediação de terceiros, a um clique na internet.

A informatização dos acervos, a rápida expansão da internet e a criação


do documento eletrônico possibilitaram, ao homem contemporâneo, ter agilidade
na busca e na transmissão da informação. Ele deixa de ser apenas consumidor da
informação e passa a ser agente produtor, que compartilha e disponibiliza sua
produção por meio da rede.

A internet possibilitou um mundo de facilidades, em que a informação


está disponível em várias fontes diferentes, proporcionando, ao usuário, filtrar e
tomar para si a responsabilidade de analisar a confiabilidade da fonte consultada.
Com o enorme fluxo de informações no ambiente virtual, o usuário nem sempre
consegue acessar a informação mais apropriada. Isso se deve, além da quantidade
de documentos disponibilizados, à falta de conhecimento dos mecanismos,
métodos de busca e linguagem apropriada.

Ao bibliotecário, cabe fazer a ponte entre o conteúdo disponibilizado e o


usuário, organizando a informação sob a lógica do usuário e utilizando as técnicas
da biblioteconomia. No início da informatização dos acervos, o maior desafio era
disponibilizar o catálogo e os documentos na rede. Atualmente, o maior desafio
do bibliotecário é possibilitar a localização e a recuperação da informação.

Segundo Lacerda e Valente (2007), o usuário deixou de ser apenas


consumidor de informação e passou a ser produtor de páginas e links. Ainda,
começou a participar, efetivamente e de forma interativa, da classificação das
informações, possuindo o poder de influenciar o que apresenta como o mais
importante para si e para outros usuários que possuem interesses em comum.

Os mais variados conteúdos agora são produzidos e oferecidos sem passar


por qualquer indexação, vocabulário controlado ou profissional da informação.
Diante dessa abrangência de possibilidades de recuperação de um mesmo
assunto, a indexação, antes feita somente por meio de linguagem controlada e

113
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

estruturada, agora, está nas mãos do usuário, que indexa o conteúdo, tomando,
como ponto de partida, suas experiências e conhecimentos adquiridos, listando
os termos que julgar mais apropriados. Essa indexação coletiva gera relações
entre pessoas ou grupo de pessoas e um conteúdo específico, ou entre pessoas e
grupos de interesses comuns etc.

Na área da ciência da informação, o bibliotecário deve estar atento às


oportunidades que surgem, uma vez que, independentemente da maneira como
essa informação está sendo indexada, cabe, ao profissional, organizar e processar
para que seja possível sua recuperação.

2 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
O termo Recuperação da Informação (RI), do inglês Information Retrieval,
foi criado no ano de 1950, por Calvin Moores. Tem, por finalidade, ocupar-se dos
aspectos intelectuais e descritivos das informações, além de qualquer sistema ou
equipamento utilizado para realização da recuperação da informação.

Para Mooers (1951), a recuperação da informação é o nome dado ao processo


ou método pelo qual um potencial usuário de informação é capaz de converter a
sua necessidade de informação e uma lista real de citações de documentos em um
acervo contendo informações úteis para ele. Engloba os aspectos intelectuais da
descrição de informações e suas especificidades para a busca, além de quaisquer
sistemas, técnicas ou máquinas empregados para o desempenho da operação. O
assunto de cada documento, ou de uma unidade de informação, é caracterizado
ou descrito por meio de um conjunto de descritores, tirado de um vocabulário
formal.

Ainda, segundo o autor, a RI se estabeleceu como um campo do


conhecimento científico que objetivou equacionar três problemas enunciados pela
explosão da informação: representação da informação, especificação da busca da
informação e criação de mecanismo para recuperação.

Todavia, desde a sua criação, a expressão recuperação da informação


tem gerado muita polêmica. Atualmente, essa expressão é amplamente aceita e
utilizada pela comunidade científica, ainda que existam divergentes pontos de
vista sobre o que realmente seja recuperação da informação (GONZALEZ; LIMA,
2003).

A indexação tem, como propósito principal, como explica Lancaster


(1999), representar documentos publicados para que possam ser incluídos numa
base de dados. Essa base de dados de representações pode ser impressa, em
formato eletrônico, ou em fichas.

114
TÓPICO 1 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

A RI é considerada uma subárea da ciência da computação, e visa estudar


como recuperar dados, informações ou documentos de uma fonte de dados. Para
Martha (2005, p. 10):

[...] é uma ciência que estuda a criação de algoritmos para recuperar


informações, principalmente, provenientes de textos livres, que
constituem a maior parte da informação em forma digital disponível
nos dias atuais, sobretudo, após a internet e a WWW (World Wide
Web).

Segundo Saracevic (1992, p. 2), a RI é expressa "como aquilo que abrange os


aspectos intelectuais da descrição da informação, suas especificações para busca
e, também, quaisquer sistemas, técnicas ou máquinas que são utilizados para
realizar a operação". Relaciona-se com campos do conhecimento, como psicologia,
arquitetura da informação, linguística, semiótica, ciência da informação, ciência
da computação, biblioteconomia e estatística.

Para Cardoso (2004, p. 1), a “recuperação da informação é uma subárea da


ciência da computação que estuda o armazenamento e recuperação automática
de documentos, que são objetos de dados, geralmente, textos”.

FIGURA 1 – SISTEMA DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

FONTE: Gey (1992 apud CARDODO, 2004, p. 1)

115
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

A RI se inicia com a representação e armazenamento dos dados, e,


conforme Baeza-Yates e Ribeiro-Neto (1999), estende-se até a organização e
acesso à informação. Encontrar a informação relevante é uma tarefa complexa,
evidenciando a necessidade de técnicas e algoritmos de busca específicos para
recuperar informações seletivas. Fundamenta-se na busca de documentos
significativos a uma dada consulta, a qual expressa a necessidade informacional
do usuário.

Para atender às demandas crescentes de RI, tanto no meio acadêmico,


quanto no meio comercial, ocorreu o desenvolvimento dos Sistemas de
Recuperação da Informação (SRI).

2.1 SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO


A evolução histórica dos Sistemas de Recuperação da Informação (SRI),
segundo Lancaster (1999), apresenta duas linhas principais de desenvolvimento: a
primeira teve suas origens nos grandes sistemas de bases de dados desenvolvidas
pelas instituições americanas, que indexavam suas bases de dados referenciais
utilizando os thesauri específicos das suas áreas temáticas; e a segunda linha
teve desenvolvimento no campo do Direito e envolvia a geração da base de
dados com o texto completo das leis. As bases de dados referenciais e as textuais
passaram a exigir um planejamento preciso da estratégia de busca, promovendo
o desenvolvimento das estratégias de busca na recuperação da informação de
acordo com as necessidades dos usuários.

Segundo relata Macedo (2005), grande parte da literatura define os


Sistemas de Recuperação da Informação como qualquer sistema automatizado
que visa à recuperação da informação, sejam catálogos de bibliotecas ou as bases
de dados. Portanto, um subconjunto dos Sistemas de Informação.

A necessidade de encontrar as informações armazenadas impulsionou o


aperfeiçoamento dos mecanismos de RI:

Bastante significativa, também, foi a emergência do pragmatismo


na aplicação empresarial da recuperação da informação: a indústria
informacional ou, para ser mais preciso, o setor que lida com a criação
e distribuição de bases de dados e de serviços on-line decorrentes,
além do acesso à informação e sua disseminação. Essa indústria da
informação tem suas raízes diretamente relacionadas com os trabalhos
de recuperação da informação dos anos 1950 e 1960, que culminaram
com a emergência de serviços on-line nos 1970 e com a viabilização
internacional da indústria da informação nos anos 1980 (SARACEVIC,
1992, p. 5).

Os SRI, conforme Araújo (2012), devem representar, armazenar, organizar


e localizar os itens de informação, sendo que a indexação é a principal função
de um SRI, e seus componentes devem incluir: documentos; necessidades do
usuário; consulta formulada; e o processo de recuperação propriamente dito.

116
TÓPICO 1 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

No exame aos modelos de SRI, Cardoso (2004) salienta que o usuário de


um sistema de RI tem, por objetivo, localizar a informação sobre um determinado
assunto da maneira mais precisa possível, não apenas buscar documentos de um
termo abrangente.

Essas consultas, ou buscas, podem ser ampliadas, associando novos


termos aos inseridos. Isso tem o objetivo de obter uma classificação mais apurada
quanto à relevância para os documentos recuperados. Buckland (1997, p. 5) define
documento como:

Qualquer expressão do pensamento humano. Qualquer base material


capaz de estender nosso conhecimento, que seja disponível para
estudo ou comparação, pode ser um documento. Qualquer fonte de
informação, em formato material, capaz de ser utilizada para referência
ou estudo ou como uma autoridade, conforme o International Institute
for Intelectual Cooperation (uma agência da Liga das Nações). Um
documento é uma evidência que suporta um fato, qualquer signo físico
ou simbólico, preservado ou registrado, com a intuição de representar,
reconstruir ou demonstrar um fenômeno físico ou conceitual.

Essas definições generalizam, ainda mais, o conceito de documento a


qualquer tipo de suporte, seja ele físico ou digital. Independentemente do tipo
de suporte em que a informacão está, e no caso da web, o formato do arquivo
disponível e a maneira como é indexado devem estar acessíveis ao usuário, para
efetuar a sua busca.

Para Rowley (2002), os sistemas de recuperação da informação e


computadores quase foram usados como sinônimos, porém, antes do surgimento
de qualquer computador e da própria informática, os sistemas de fichas e
arquivos baseados em papel já existiam. Para a autora, os sistemas podem ser
compreendidos como se fossem formados por três etapas:

• Indexação: definida por Robredo (2005), consiste em indicar o conteúdo


temático de uma unidade de informação, mediante a atribuição de um ou mais
termos (ou código) ao documento, de forma a caracterizá-lo de forma unívoca.
• Armazenamento: processo geralmente feito por meio de computadores que
guardam arquivos de documentos, índices e as base de dados que contêm os
registros dos documentos representados.
• Recuperação da informação: consiste em identificar, no conjunto de documentos
(corpus), quais informações atendem à necessidade de informação do usuário.

Com o surgimento do formato eletrônico, Cendón (2005) cita as vantagens


desse SRI, como o maior número de pontos de acesso dos não automatizados
e a possibilidade de realizar pesquisas complexas, possibilitando inúmeras
combinações, em que vários conceitos necessitam ser relacionados, pois pode-se
combinar um grande número de termos de busca, de maneiras que não seriam
possíveis nos SRI impressos.

117
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Diante do surgimento de inúmeras facilidades tecnológicas, não devemos


nos esquecer da peça fundamental desse contexto: o usuário. Para ele, todas as
facilidades são pensadas e formuladas. Atender às demandas informacionais
deve ser requisito, sempre presente, no processo de recuperação da informação.
Assim, Ortega e Lara (2010, p. 9) enfatizam que:

O usuário é o ator que dispara uma situação de comunicação, pois


é o ato da recepção que determina o estabelecimento ou não de
uma comunicação [...]. Para que a comunicação documentária
ocorra, é necessário que a informação documentária - produto que
é transmitido nesse processo - seja portadora de um significado, tal
que o usuário possa ser capaz de processá-la mentalmente, a fim de
obter a informação desejada. A comunicação documentária é, então,
um processo que exige, de um lado, a informação documentária e,
de outro, o usuário que se apropria dessa informação. Os sistemas
documentários lidam com atos de comunicação materialmente
explícitos, isto é, o documento, sua representação, a pergunta do
usuário, a ação comunicativa do profissional de informação etc.

Quanto a possíveis insatisfações dos usuários com o SRI, Araujo (2012, p.


139) relata que:

Em resposta à pergunta por que vêm falhando os sistemas de


informação e a consequente insatisfação do usuário, Biscalchin e
Boccato (2011), em um estudo sobre o uso de linguagem documentária
em catálogos coletivos de bibliotecas universitárias, apontaram três
aspectos principais: 1) a incompatibilidade existente entre a linguagem
de busca e a adotada pelo sistema; 2) a ausência de remissivas; e 3)
as inconsistências sintático-semânticas verificadas na linguagem. A
pesquisa revelou que a grande maioria dos usuários desconhece a
linguagem usada pelo sistema. Acrescenta-se, a isso, o desconhecimento
dos recursos de pesquisa que o catálogo eletrônico oferece. Lima (1998)
observa, ainda, que a presença de várias linguagens documentárias em
um único SRI prejudica a transferência da informação e, desse modo, a
comunicação entre o sistema e o usuário.

Sendo, o bibliotecário, o profissional da informação responsável


pelo gerenciamento dos SRI, cabe, a ele, ficar atento à qualidade da informação
que está sendo recuperada.

2.2 ESTRATÉGIA DE BUSCAS


De acordo com Santos e Ribeiro (2003, p. 96), o termo estratégia de busca
compreende a “[...] construção da combinação de comandos e conceitos que
permitem a localização de informações relevantes (e exclusão de informações
irrelevantes) na busca automatizada”.

A estratégia de busca deverá ser bem elaborada, com o objetivo de


possibilitar uma RI adequada com a resposta pretendida pelo usuário ou
pesquisador, isto é, o resultado encontrado pelo sistema de informação deverá
refletir uma estratégia que retrate, fielmente, o anseio de busca desse usuário.
118
TÓPICO 1 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Na Ciência da Informação, sob a perspectiva da recuperação da informação,


a estratégia de busca pode ser definida como uma técnica ou conjunto de regras
para tornar possível o encontro entre uma pergunta formulada e a informação
armazenada em uma base de dados. Isso significa que, a partir de um arquivo,
um conjunto de itens que constituem a resposta de uma determinada pergunta
será selecionado (LOPES, 2002).

Para Lancaster (1999, p. 45), duas são as formas de realizar buscas na bases
de dados: “[...] a busca delegada, que é realizada pelo profissional da informação
mediante a formulação da pergunta pelo usuário, e a busca não delegada, em que
o próprio usuário realiza a sua busca”.

Assim, independentemente da forma de busca adotada pelo profissional


da informação na Unidade de Informação, como arquivos, discotecas, filmotecas,
hemerotecas, mapotecas, pinacotecas, os diversos tipos de centros de informação,
os museus e as bibliotecas que se dedicam às atividades de informação, “o usuário/
pesquisador deseja que a pesquisa lhe proporcione resultados satisfatórios”
(SANTOS; RIBEIRO, 2003, p. 243).

A maneira como a busca pela informação é direcionada pode contribuir


com seu êxito final, pois conhecer as técnicas e saber empregá-las influenciam
no resultado. Segundo Lopes (2002, p. 61), “[...] no âmbito da recuperação da
informação, a estratégia de busca pode ser definida como uma técnica ou conjunto
de regras para tornar possível o encontro entre uma pergunta formulada e a
informação armazenada em uma base de dados”.

A eficiência da busca efetuada pelo usuário está condicionada à capacidade


de descrever, para o banco de dados, seu problema de pesquisa, de maneira que
se restrinja a um conjunto de respostas pertinentes à questão abordada, enquanto
a eficiência do buscador utilizado se relaciona, diretamente, a oferecer, nas
primeiras linhas da pesquisa, a informação procurada.

Conforme Gonzalez e Lima (2003), para que haja uma estratégia de


busca adequada, torna-se necessário o Processamento da Linguagem Natural
(PLN), que trata dos diversos aspectos da comunicação humana, como sons,
palavras, sentenças e discursos, considerando formatos e referências, estruturas
e significados, contextos e usos. O objetivo é fazer com que o computador se
comunique com a utilização da linguagem humana.

É necessário que se compreenda que a linguagem dos sistemas de


recuperação da informação deve buscar os documentos que atendam às reais
necessidades do usuário, contudo, nem sempre a comunicação ocorre em todos
os níveis. Segundo Gonzalez e Lima (2003), esses níveis são:

• fonético e fonológico: do relacionamento das palavras com os sons que produzem;


• morfológico: da construção das palavras a partir das unidades de significado
primitivas e de como classificá-las em categorias morfológicas;

119
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

• sintático: do relacionamento das palavras entre si, cada uma assumindo seu
papel estrutural nas frases, e de como as frases podem ser partes de outras,
constituindo sentenças;
• semântico: do relacionamento das palavras com seus significados e de como
eles são combinados para formar os significados das sentenças;
• pragmático: do uso de frases e sentenças em diferentes contextos, afetando o
significado.

Para Gonzalez e Lima (2003), o PLN está presente em diversos níveis e


nas diferentes abordagens que os pesquisadores têm procurado para solucionar o
problema. Por meio dos processamentos morfossintático e semântico, o conhecimento
linguístico pode trazer estratégias inteligentes para a recuperação da informação.
Segundo os autores, tanto por meio de métodos estatísticos quanto pela aplicação
do conhecimento linguístico, o PLN tem, ainda, muitos desafios a vencer na área da
recuperação da informação (RI), mas, por certo, tem, também, muitos benefícios.

Segundo relata Cardoso (2004, p. 5), o processo de recuperação da


informação possui fases com características e funções próprias, bem definidas
e facilmente identificadas: “passagens, expansão de consultas, filtragem de
informação, categorização, extração da informação e sua visualização”.

Essas fases são identificadas conforme (CARDOSO, 2004):

• As passagens estão relacionadas com a dificuldade do usuário de interpretar,


com facilidade, a similaridade das informações relevante para a sua consulta.
• A expansão das consultas está relacionada com a fundamentação na localização
das informações, uso de palavras-chave na localização das informações.
• A filtragem de informação está ligada à análise do fluxo informacional e
comparação com o conteúdo das informações pertinentes.
• Categorização e extração da informação estão relacionadas com o processo
de classificação e definição informacional, seguindo critérios com categorias e
conceitos definidos.
• Visualização da relação da interação com o usuário em expressar sua
necessidade, ou seja, formulação da busca/consulta.

Para melhor compreender a RI, é preciso conhecer todas as partes desse


processo, que envolvem motores de buscas, modelos de recuperação e avaliação.

DICAS

Para conhecer melhor as estratégias de buscas, você pode acessar o conteúdo


da BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde):
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/22802/2/va_Danielli_Luciana_ICICT_Portal-
Bireme_2017.pdf.

120
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O surgimento da Recuperação da Informação ocorreu e se desenvolveu junto à


história da internet.

• Existem diferentes modelos de Sistemas de Recuperação da Informação.

• É importante conhecer cada Sistema de Recuperação da informação e


compreender em que ambiente pode ser utilizado.

• A estratégia de busca de informações interfere diretamente na qualidade e


quantidade das informações encontradas.

121
AUTOATIVIDADE

1 A recuperação da informação teve seu caminho traçado com a história dos


computadores, e, muitas vezes, os dois caminhos se cruzaram. Segundo
Rowley (2002), a RI, muito antes do surgimento dos computadores, era feita
por meio dos sistemas de fichas, e arquivos baseados em papel. Quais as
etapas da Recuperação da Informação?

a) ( ) Taxonomia, Armazenamento, Sistemas de Recuperação.


b) ( ) Recuperação da Informação, Armazenamento e Indexação.
c) ( ) Linguagem Documentária, Indexação, Repositório.
d) ( ) Operadores, Base de Dados, Recuperação da Informação.
e) ( ) Base de Dados, Indexadores, Taxonomia.

2 Com o grande volume de dados circulando livremente nos mais diferentes


ambientes virtuais, encontrar a informação com precisão e rapidez se tornou
um diferencial para o usuário. Conforme Macedo (2005), qual a definição
de Sistemas de Recuperação da Informação?

a) ( ) Orientar o usuário a proceder com a busca.


b) ( ) São sistemas de rankings de conteúdos.
c) ( ) Qualquer sistema automatizado que visa à recuperação da informação.
d) ( ) Sistema de cálculo e equações para encontrar a informação.
e) ( ) Base de dados que integra outras bases.

122
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3

MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Os modelos de RI começaram a ser criados a partir da década de 1960,
uma vez que, com o acúmulo das informações, era necessário criar um método
para localizá-las, de maneira rápida e precisa, e os fundamentos desenvolvidos
ao longo das décadas estão presentes nos principais sistemas desenvolvidos.

A linguagem natural é utilizada pelos usuários na RI para buscas na


internet. Por meio dos motores de busca, é possível recuperar um mesmo assunto
em diferentes bases de dados, repositórios ou páginas de sites. Ao introduzir
uma palavra ou um grupo delas sobre o assunto a ser pesquisado, os motores de
buscas fornecem o resultado encontrado na forma de links, estes que conduzem
o usuário às opções oferecidas.

Segundo Baeza-Yates e Ribeiro-Neto (1999), um modelo de recuperação


da informação pode ser formalmente caracterizado da forma a seguir:

FIGURA 2 – MODELO DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO GERAL

FONTE: Baeza-Yates e Ribeiro-Neto (1999, p.21)

123
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Conforme Branski (2000), os mecanismos de busca são sistemas


especializados utilizados na recuperação de informações na Internet. Eles coletam
informações dos conteúdos dos sites e armazenam em bancos de dados que estão
disponíveis para consulta.

Um dos problemas centrais da recuperação de informações em SRI é a


definição de quais são os documentos relevantes e quais devem ser descartados, e
essa tarefa de "escolha", em sistemas automatizados, é executada por algum tipo
de algoritmo que, baseado em heurísticas previamente definidas, decide quais
são os documentos relevantes a serem recuperados e ordena os itens a partir
dos critérios estabelecidos (BAEZA-YATES; RIBEIRO-NETO, 1999). Os modelos
de recuperação textual podem ser divididos em duas categorias: clássicos ou
quantitativos, dinâmicos. São modelos clássicos ou quantitativos:

• Modelo Booleano.
• Modelo Vetorial.
• Modelo Probabilístico.
• Modelo Booleano Estendido.
• Modelo de Fuzzi.

São modelos dinâmicos:

• Sistemas Especialistas.
• Redes Neurais.
• Algoritmos Genéticos.

A seguir, apresentaremos alguns dos modelos de recuperação da


informação e algumas características de cada modelo.

2 MODELOS CLÁSSICOS OU QUANTITATIVOS



Dos modelos de Recuperação da Informação apresentados na literatura, a
maioria deles é de natureza quantitativa, derivados da lógica, da estatística ou da
teoria dos conjuntos. Essa predominância é justificada pelo fato de que um modelo
matemático pressupõe, em teoria, ser formulado com maior critério e análise formal
do problema e de suas hipóteses, com geração de “uma formulação explícita da
forma como o modelo depende das hipóteses” (FERNEDA, 2003, p. 20).

2.1 MODELO BOOLEANO


Esse modelo surgiu no século XIX, criado por George Boole, baseado
em símbolos e regras, aplicáveis desde números a enunciados. Por meio desse
sistema, é possível codificar, além de manipular preposições, como os números.
A Álgebra Booleana é baseada em um sistema binário, que considera que um
termo pode ter dois valores 0 (zero) e 1 (um), verdadeiros ou falsos.
124
TÓPICO 2 — MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

No modelo booleano, os documentos recuperados são aqueles que


contêm os termos que satisfazem a expressão lógica da consulta. As vantagens
desse modelo são a facilidade de implementação e a expressividade completa
das expressões, os principais problemas são a ausência de ordem na resposta e as
respostas podem ser nulas ou muito grandes (CARDOSO, 2004).

2.1.1 Operadores booleanos


Conforme Ferneda (2003), no modelo booleano, o documento é
representado por um conjunto de termos de indexação, estes que podem
ser definidos, de forma intelectual, por profissionais especializados, ou
automaticamente, por meio de algoritmos. As buscas são construídas por meio
de uma expressão, composta por operadores lógicos AND, OR e NOT (E, OU e
NÃO). Como resultados dessa busca, documentos cuja representação satisfaz as
representações lógicas da expressão de busca.

O Modelo Booleano é baseado na teoria dos conjuntos, e utiliza uma


fórmula simples, mas não plenamente eficaz de recuperação de todos os
documentos, com os termos especificados pelo usuário na sua busca.

FIGURA 3 – OPERADORES BOOLEANOS

FONTE: Adaptado de Ferneda (2003)

Os operadores podem ser combinados para restringir os termos e o


resultado:

Termos e operadores booleanos podem ser combinados para


especificar buscas mais detalhadas ou restritivas. Como a ordem
de execução das operações lógicas de uma expressão influencia no
resultado da busca, muitas vezes, é necessário explicitar essa ordem
delimitando partes da expressão através de parênteses. Na ausência
de parênteses, a expressão booleana será interpretada de acordo com
o padrão utilizado pelo sistema, que pode ser a execução da expressão
da esquerda para a direita ou em uma ordem estabelecida, geralmente,
NOT-AND-OR (FERNEDA, 2003, p. 33).

125
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Ferneda (2003) enfatiza que, quanto mais complexa for a expressão de


busca, maior o conhecimento de lógica booleana necessário. Ainda, a importância
de se desenvolver uma estratégia de busca adequada para garantir a qualidade da
informação recuperada e, também, para fazer a avaliação do resultado da busca.

FIGURA 4 – COMBINAÇÃO DE DIFERENTES POSSIBILIDADES DE OPERADORES

FONTE: Adaptado de Ferneda (2003)

Mesmo sendo amplamente utilizado, o modelo de operadores booleanos


apresenta a desvantagem de trabalhar com o conceito de relevância de forma
binária, em que os documentos analisados sob critério de relevantes ou não
relevantes, não é criada uma ordenação que apresente os resultados que atendam
às condições da consulta de relevância (FERNEDA, 2003). Conforme Ferneda
(2003), as limitações do modelo booleano são:

• Apesar da facilidade de o usuário utilizar em buscas simples, para realizar


buscas mais complexas, é necessário conhecimento de álgebra e lógica booleana.
• Não há hierarquia de relevância na apresentação dos resultados de busca,
apresentando resultados numerosos, que requerem conhecimento do usuário
para realizar uma nova busca que restrinja o volume apresentado, presumindo
que todos documentos são de igual relevância.
• Não há como atribuir a importância, maior ou menor, aos diferentes termos da
expressão, assim, todos os termos são recuperados a partir do mesmo peso. O
resultado da busca booleana apenas apresenta como atende ou não atende à
expressão formulada.

DICAS

Para conhecer mais sobre operadores booleanos e suas diferentes combinações,


assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ixBxt6J4j8Y.

126
TÓPICO 2 — MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

2.1.2 Operadores de proximidade


É um sistema para recuperação de textos completos, sendo que o
documento, na sua íntegra, é representado pelo conjunto de todas suas
palavras. Possui recursos para recuperar documentos por meio da avaliação da
proximidade entre as palavras distribuídas ao longo do texto, num parágrafo ou
numa sentença. Permite especificar condições relacionadas à distância e à posição
dos termos dentro do texto (FERNEDA, 2003).

Os operadores de proximidade definem a distância entre dois termos


no texto, ou podem determinar que os termos devem estar contidos na mesma
frase ou parágrafo, evitando que a distância entre os termos buscados retorne
informações irrelevantes. Os operadores booleanos podem ser combinados com
os operadores de proximidade, o que possibilita restringir ou ampliar a busca,
conforme a estratégia estabelecida.

Utilizando os operadores booleanos e os de proximidade, empresas


criaram sistemas de recuperação, como o STAIRS, de propriedade da IBM, que
permitia recuperar documentos cujos termos t1 e t2 aparecessem no mesmo
parágrafo, usando a expressão de busca t1 WHITH t2. Ainda, a expressão t1 SAME
t2, que recupera os termos que aparecem na mesma sentença (FERNEDA, 2003).

Operadores de proximidade, como as aspas duplas (“ “), podem ser


utilizados para buscar uma frase ou combinar termos e formar expressões. O
uso dos parênteses ( ) pode ser utilizado para agrupar termos dentro de uma
mesma expressão. Por fim, o termo NEAR/n, em que n é o número de intervalo
da distância entre os termos pesquisados.

2.2 MODELO VETORIAL


O modelo vetorial, genericamente conhecido como algébrico, propõe um
ambiente no qual é possível obter documentos que respondem, parcialmente, a
uma expressão de busca, isto é, por meio da associação de pesos ao termo de
indexação e ao termo de expressão de busca. Segundo Ferneda (2003), os pesos
são utilizados para calcular a similaridade de cada documento em relação à
expressão. Nesse modelo, cada documento é um vetor, e são atribuídos peso e
relevância ao respectivo termo de indexação. A representação vetorial é expressa:

Cada vetor descreve a posição do documento em um espaço


multidimensional, onde cada termo de indexação representa
dimensão ou eixo. Cada elemento do vetor (peso) é normalizado de
forma q assumir valores entre zero e um. Os pesos mais próximos de
um (1) indicam termos com maior importância para a descrição do
documento (FERNEDA, 2003, p. 38).

O exposto a seguir representará um documento Doc1 com os termos de


indexação t1 e t3, com pesos 0.3 e 0.5:
127
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO VETORIAL DE UM DOCUMENTO COM DOIS TERMOS

FONTE: Ferneda (2003, p. 38)

Conforme Cardoso (2004), a cada termo da busca, é atribuído um peso,


que especifica o tamanho e a direção do vetor de representação. Ao ângulo
formado por esses vetores, dá-se o nome de q, e o cos q determina a proximidade
da ocorrência. Esse cálculo é representado pela fórmula a seguir:

FIGURA 6 – CÁLCULO DA SIMILARIDADE BASEADO NO ÂNGULO ENTRE VETORES

FONTE: Cardoso (2004, p. 35)

Para Silva (2017), a expressão de busca é também representada por um


conjunto de termos e seus pesos, que representam a importância do termo na
expressão de busca. A homogeneidade das representações, tanto dos documentos
como das expressões de busca, permite criar um sistema no qual é possível
não só calcular o “grau de similaridade” entre uma expressão de busca e cada
um dos documentos do corpus, mas também verificar a semelhança entre dois
documentos. O resultado de uma busca é um conjunto de documentos ordenados
pelo grau de similaridade entre a expressão busca do usuário e cada um dos
documentos do corpus.

O modelo vetorial tem, por característica, a independência entre


os termos da indexação. Conforme Ferneda (2003), isso poderia ser uma
desvantagem. Contudo, Baeza-Yates e Ribeiro-Neto (1999) relatam que não há
evidências conclusivas que tal relação interfira no desemprenho de um sistema
de recuperação da informação.

128
TÓPICO 2 — MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

2.2.1 Sistema SMART



O projeto Sistem for Manipulatios and Retrivel of Text (SMART) foi
desenvolvido tendo, como base, as teorias do modelo conceitual estabelecido no
modelo vetorial. Esse projeto é o resultado dos estudos de Gerard Salton. No
sistema SMART, cada documento recebe um vetor numérico e a frequência do
termo é expressa por uma fórmula:

O valor de cada elemento desse vetor representa a importância do


respectivo termo na descrição do documento. Esses pesos podem ser
atribuídos manualmente, o que necessita de pessoal especializado
trabalhando um certo tempo. No entanto, o sistema SMART fornece
um método automático para o cálculo dos pesos não só dos vetores
que representam os documentos, mas também dos vetores das
expressões de busca. A forma de calcular esses pesos é descrita por
Salton e McGill (1983, p. 204-207). Inicialmente, define-se a frequência
de um termo (“term frequency” – tf) como sendo o número de vezes
que um determinado termo t aparece no texto de um documento d
(FERNEDA, 2003, p. 42).

FIGURA 7 – SISTEMA SMART - FÓRMULA FREQUÊNCIA DO TERMO

FONTE: Ferneda (2003, p. 42)

Sendo, esse termo, numeroso nos documentos, sua relevância deve ser
pequena. Para um cálculo preciso de um termo indexado, faz-se necessária uma
estatística global que caracterize o termo em relação a todo o corpus da pesquisa.
Isso se chama “inverse document frequency”, sendo N o número de documentos no
corpus e nt o número de documentos que contém o termo t (FERNEDA, 2003):

FIGURA 8 – SISTEMA SMART - FÓRMULA RELEVÂNCIA DO TERMO NO DOCUMENTO

FONTE: Ferneda (2003, p. 42)

O Sistema SMART, em sua construção, já possuía ferramentas de análise


linguística, para a extração automática de termos de indexação. Conforme relata
Ferneda (2003), o processo de indexação é realizado por meio das seguintes
etapas:

129
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

• Identificar e isolar cada palavra do texto do documento ou de sua representação.


• Eliminar palavras com grande frequência e pouco valor semântico.
• Remover afixos das palavras restantes, reduzindo ao radical.
• Incorporar os radicais (termos) aos vetores dos documentos e atribuir pesos,
calculados por meio da fórmula tf*idf.

O sistema ainda permite a reformulação da expressão de busca pelo


usuário. Assim, é possível obter melhores resultados na recuperação, processo
chamado de “Relevance Feedback”, com a construção de uma nova busca a partir
dos documentos identificados, de maneira automática ou por meio do usuário.
Ferneda (2003) lista que as expressões são reformuladas nas operações:

• Termos que ocorrem em documentos relevantes são adicionados à expressão


de busca.
• Termos que ocorrem em documentos identificados como não relevantes são
excluídos da expressão de busca original ou seus pesos são reduzidos.

2.3 MODELO PROBABILÍSTICO


O modelo probabilístico, segundo Cardoso (2004), é baseado no princípio
probabilístico de ordenação (Probability Ranking Principle), que estabelece
que esse modelo pode ser usado de forma ótima. Esse princípio é baseado na
hipótese de que a relevância de um documento, para uma determinada consulta,
é independente de outros documentos. O princípio é o seguinte:

Se a resposta de um sistema de recuperação de referência a cada


requisição é uma ordem de documentos classificada de forma
decrescente pela probabilidade de relevância para o usuário que
submeteu a requisição, em que as probabilidades são estimadas com a
melhor precisão com base nos dados disponíveis, então, a efetividade
geral do sistema para o seu usuário será a melhor que pode ser obtida
com base naqueles dados (CARDOSO, 2004, p. 6).

Surgiu por volta dos anos 1960, e é definitivamente introduzido em


1976, por Robertson e Spark Jones, conhecido, mais tarde, como Modelo de
Independência Binária (BIR). Segundo Baeza Yates e Ribeiro Neto (1999), o
modelo probabilístico recupera informações usando a teoria da probabilidade.

Dada uma query do usuário, há um conjunto de documentos que


contém, exatamente, os documentos relevantes, e nenhum outro. Dada
uma query, o retorno seria um conjunto de resposta ideal. Um grande
problema é saber as propriedades significativas dessa resposta ideal.
Essa suposição permite gerar uma descrição probabilística preliminar
do conjunto de resposta ideal, usada para recobrar o primeiro conjunto
de documentos (TAKAO, 2001, p. 35).

130
TÓPICO 2 — MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Os princípios da hipótese probabilística, segundo Baeza-Yates e Ribeiro-


Neto (1999), revelam que: dados, ao usuário, uma query (q) e um documento
(dj) na coleção, o modelo probabilístico estima a probabilidade de o usuário
achar o documento (dj) relevante. O modelo determina que essa probabilidade
de relevância depende somente da query e da representação do documento.
Conforme Takao (2001), o modelo determina que existe um subconjunto de todos
os documentos que o usuário pretende como resultado da busca para a query (q).

O resultado ideal, que é denominado por (R), deve maximizar toda


probabilidade relevante para o usuário. Documentos no conjunto (R) são previstos
ser relevantes para a query. Documentos fora desse conjunto são previstos ser
não relevantes.

Esse modelo apresenta, como vantagem, o princípio probabilístico


de ordenação, que resulta em um ótimo comportamento do método. Sua
desvantagem é que esse comportamento depende da precisão das estimativas
de probabilidade, além de não explorar a frequência do termo no documento
(CARDOSO, 2004).

Uma virtude relevante desse modelo é reconhecer que a atribuição de


relevância é tarefa do usuário. O modelo probabilístico incorpora o Relevance
Feedback em sua operação, além se ser facilmente implementado utilizando a
proposta do modelo vetorial (FERNEDA, 2003).

DICAS

Se você ficou interessado em conhecer mais sobre o modelo vetorial, acesse o


vídeo a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=gdiGTC7Fmz4&t=8s.

2.4 MODELO FUZZI


A lógica fuzzy foi apresentada nos meios científicos em 1965, por Lofti
Asker Zadeh, através da publicação do artigo Fuzzy Sets no Jornal Information and
Control. Hoje, é amplamente empregada em diversos sistemas, sendo considerada
uma técnica de excelência no universo computacional. Possui vasta aceitação na
área de controle de processos e saúde. O conceito fuzzy pode ser entendido como
uma situação em que não é possível responder, simplesmente, "sim" ou "não".
Mesmo conhecendo as informações necessárias sobre a situação, dizer algo entre
"sim" e "não", como "talvez" ou "quase", torna-se mais apropriado (SILVA, 2017).

131
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Diferente da Lógica Booleana, que admite apenas valores booleanos


verdadeiros ou falsos, a lógica difusa ou fuzzy trata de valores que variam entre 0
e 1. Assim, uma pertinência de 0.5 pode representar meio verdade, logo, 0.9 e 0.1
representam quase verdade e quase falso.

A lógica de fuzzi tem, por objetivos, capturar e operar com a diversidade,


incertezas e verdades parciais dos fenômenos da natureza de uma forma
sistemática e rigorosa. Baseado nessa lógica, Zadeh propôs, em 1965, uma nova
teoria, em que não há descontinuidades, não há distinção abrupta entre elementos
pertencentes e não pertencentes a um conjunto, os Conjuntos Nebulosos ou Fuzzy
Sets. Na lógica fuzzy, um elemento pode ser membro de um conjunto apenas
parcialmente, dentro da escala de valor de zero a um (FERNEDA, 2003).

Para obter a formalização matemática de um conjunto fuzzy, Zadeh se


baseou no fato de que qualquer conjunto clássico pode ser caracterizado por uma
função característica, cuja definição é dada a seguir.

Definição: U um universo de discurso e A um subconjunto de U.

A função característica de A é dada por:

FIGURA 9 – FUNÇÃO BIVALENTE DE FUZZY

FONTE: Ferneda (2003, p. 54)

Essa lógica permite que variáveis não admitam valores precisos, como zero
ou um, possibilitando que elas tenham graus de pertinência entre os elementos,
em relação ao seu conjunto. Possibilita, ainda, a construção de várias regras, que
facilitam a modelagem dos problemas, tornando-os menos complexos. Tal lógica
atrai pesquisadores da área e diversos profissionais de tecnologia da informação,
pelo fato dela tornar, geralmente, mais simples, as soluções dos diversos
problemas complexos existentes atualmente.

3 MODELOS DINÂMICOS

Os modelos dinâmicos têm, como principal característica, o reconhecimento
da importância do usuário na definição das representações dos documentos. Sob esse
ponto de vista, os usuários interagem e interferem na representação dos documentos
do corpus, favorecendo a evolução ou adaptação dos documentos disponibilizados
aos interesses do usuário do sistema, por meio da atribuição da relevância e da não
relevância aos documentos recuperados pelos SRI (FERNEDA, 2003).
132
TÓPICO 2 — MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

3.1 SISTEMAS ESPECIALISTAS


Sistema que utiliza técnicas apropriadas para a representação do
conhecimento. Segundo Ferneda (2003), é um sistema computacional que tem,
por objetivo, representar o conhecimento de um especialista humano em um
domínio, de forma que possa auxiliar o usuário na tomada de decisão e resolução
do problema pesquisado:

Os sistemas especialistas fazem parte de uma classe de sistemas


ditos baseados em conhecimento, desenvolvidos para servirem
como consultores na tomada de decisões em áreas restritas. Esses
sistemas são adequados para a solução de problemas de natureza
simbólica, que envolvem incertezas resolvíveis [...]. A construção de
um sistema especialista obedece ao princípio de que a simulação da
inteligência pode ser feita a partir do desenvolvimento de ferramentas
computacionais para fins específicos [...]. Um sistema especialista é
composto de: uma base de conhecimento na qual está representado
o conhecimento relevante sobre o problema e um conjunto de
métodos de manipulação desse conhecimento: motor de inferência [...]
(FERNEDA, 2003, p. 65).

FIGURA 10 – ESTRUTURA DE UM SISTEMA ESPECIALISTA

FONTE: Ferneda (2003, p. 66)

A seguir, veremos como Ferneda (2003) define cada parte desse sistema:

• Sistema de aquisição de conhecimento: é o conjunto de ferramentas que facilita


o trabalho do especialista. Pode ser formado apenas por um editor de texto
com verificador de sintaxe, ou mecanismos de visualização gráfica da estrutura
da informação e instrumentos de testes e validações semânticas.
• Base do conhecimento: o conhecimento especializado humano está representado
e armazenado. Chamado de sistema “baseado em regras”, é representado por
regras condição-ação, na forma: SE<condição> ENTÃO <ação>.

133
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

• Motor de inferência: é composto por instrumentos para selecionar e aplicar


conhecimento armazenado na base. A máquina de inferência busca as regras
necessárias, ordena-as, de maneira lógica, e direciona o processo de inferência
caseado nos dados simbólicos contidos na base de conhecimento.
• Interface: usada como comunicação entre o usuário e o sistema, podendo
apresentar menus, perguntas ou representações gráficas. O usuário pode ser
requisitado a interagir com o sistema, assim, a cada informação agregada,
diminui a distância entre o problema e a solução. Devido à estrutura modular,
a case pode crescer, conforme as novas regras inseridas pelo usuário.

3.2 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS


Embora existam muitos algoritmos de inteligência artificial nos dias de
hoje, as redes neurais são capazes de realizar o que foi chamado de aprendizagem
profunda. Uma rede neural é um tipo de aprendizado de máquina que se modela
segundo o cérebro humano. Isso cria uma rede neural artificial que, por meio de
um algoritmo, permite que o computador aprenda, incorporando novos dados.

Enquanto a unidade básica do cérebro é o neurônio, o bloco de construção


essencial de uma rede neural artificial é um perceptron, que realiza o processamento
de sinal simples. São, então, conectados a uma rede de malha grande.

Nesse modelo, utiliza-se o poder das redes neurais para realizar o


casamento de padrões entre as queries e os documentos do acervo do sistema.
Cada query "dispara" um sinal que ativa os termos, que, por sua vez, propagam
os sinais aos documentos relacionados. Estes retornam os sinais a novos termos,
em interações sucessivas. O conjunto-resposta é definido através desse processo e
pode conter documentos que não compartilhem nenhum termo com a query, mas
que tenham sido ativados durante o processo (SOUZA, 2006).

DICAS

Para conhecer um pouco mais sobre sistemas especialistas em bibliotecas,


acesse o artigo a seguir: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
19651997000100006&lng=en&nrm=iso.

134
TÓPICO 2 — MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

FIGURA 11 – MODELO DE REDE NEURAL ARTIFICIAL

FONTE: <http://dablium.tripod.com/artigo7.htm>. Acesso em: 3 jul. 2020.

As redes neurais, com sua aprendizagem profunda, não podem ser


programadas diretamente para a tarefa. Em vez disso, têm o requisito, assim
como o cérebro em desenvolvimento de uma criança, de que precisam aprender
as informações. As estratégias de aprendizagem seguem três métodos:

• Aprendizado supervisionado: Essa estratégia de aprendizado é a mais simples,


pois há um conjunto de dados rotulado pelo qual o computador passa, e o
algoritmo é modificado até que ele possa processar o conjunto de dados, para
obter o resultado desejado.
• Aprendizado não supervisionado: Essa estratégia é usada nos casos em que
não há um conjunto de dados rotulado disponível para aprender. A rede neural
analisa o conjunto de dados e, em seguida, uma função de custo informa, à
rede neural, a que distância estava do alvo. A rede neural, então, ajusta-se, para
aumentar a precisão do algoritmo.
• Aprendizado reforçado: Neste algoritmo, a rede neural é reforçada para
resultados positivos, e punida para resultados negativos, forçando a rede
neural a aprender ao longo do tempo.

135
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Os modelos de recuperação da informação se dividem em modelos


quantitativos ou clássicos e dinâmicos.

• O modelo booleano é o mais utilizado nos motores de busca.

• O modelo vetorial permite imputar pesos aos termos da expressão de busca.

• O sistema SMART se originou dos estudos do Modelo Vetorial.

• O modelo probabilístico reconhece que o critério de relevância é de


responsabilidade do usuário.

• As redes neurais são capazes de realizar o que foi chamado de aprendizagem


profunda.

136
AUTOATIVIDADE

1 Com o crescimento acelerado de novas páginas de internet, milhares de


novos documentos são disponibilizados na rede. A eficiência de um sistema
de recuperação da informação está diretamente ligada ao modelo que ele
utiliza, influenciando, diretamente, seu modo de operação. Identifique as
categorias de Modelos de Recuperação da Informação:

a) ( ) Qualitativos e Essenciais.
b) ( ) Clássicos e Estáticos.
c) ( ) Booleanos e Algébricos.
d) ( ) Qualitativos e Dinâmicos.
e) ( ) Dinâmicos e Textuais.

137
138
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a web apresenta várias opções de SRI, com inúmeros
motores de busca disponíveis gratuitamente. Cada um deles utiliza um modelo
de recuperação de informação diferente, ou uma combinação deles em suas
plataformas.

Kuramoto (2006, p. 119) analisa os Sistemas de Recuperação da Informação


e observa que as definições se concentram em dois sentidos, aquelas que dão
maior enfoque aos usuários e interfaces de buscas, e ao que os autores definem SRI
como “[...] um sistema que trata da representação, armazenamento, organização
e acesso aos itens de informação”.

Rowley (2002) aponta que os sistemas de recuperação de informação


podem ser entendidos a partir de três estágios: indexação, armazenamento e
recuperação. Segundo a autora:

• A indexação é voltada à atribuição de “termos ou códigos de indexação a um


registro ou documento”, objetivando a sua recuperação posterior, podendo ser
realizada de forma intelectual, por um indivíduo ou de forma automática pelo
computador.
• O armazenamento os sistemas de recuperação da informação fazem uso do
computador para armazenar “tanto os arquivos de documentos quanto os
arquivos de índices”.
• Na recuperação, a autora aponta que as duas etapas anteriores influenciam
no processo de busca da informação, determinando a estratégia de busca a ser
realizada no SRI, além de outro fator, que “permanece constante”, ou seja, o
usuário e sua necessidade informacional.

Quanto à recuperação, Rowley (2002, p. 163) cita:

• aceitação de uma consulta como insumo (como uma representação


da necessidade de informação) formulada pelo usuário;
• execução de uma comparação da consulta com cada um dos
registros (representações dos documentos) existentes na base de
dados;
• produção como resultado, a ser submetido ao usuário, de um
conjunto de registros recuperados e que foram identificados com
base nessa comparação.

139
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Conforme explica Rowley (2002), essas divisões propostas sistematizam


os processos desenvolvidos na recuperação, e auxiliam no estabelecimento de
critérios para analisar os SRI em cada um desses itens, por exemplo:

• Quais as possibilidades que o sistema oferece para inserção de estratégias de


busca? (apresenta campos, filtros, índices, caixa de busca?)
• Como o sistema compara as expressões de busca inseridas pelos usuários com
aquelas que se encontram armazenadas nele? (ele omite acentos gráficos, não
compara as expressões caso haja erros gramaticais?)
• Os resultados encontrados foram relevantes para o usuário?

Segundo Godinho (2014), avaliação é o estabelecimento de critérios


e comparação, um processo que se estabelece juízo de valores, sobre um
processo, atividades ou resultados, e se compara com critérios já estabelecidos
anteriormente. Nesse sentido, o autor cita alguns indicadores de avaliação de
bases de dados, encontrados na literatura, sugerindo três categorias principais:

• A base de dados (o conteúdo): inclui tudo o que se refere à qualidade da


informação contida na base de dados, sua análise e indexação, os documentos
escolhidos etc.
• O sistema de recuperação da informação): inclui tudo o que se refere ao
programa de recuperação e suas funcionalidades e à interface de consulta.
• A gestão e administração da base de dados: inclui tudo que se refere à
documentação sobre as bases de dados.

2 ASPECTOS DA AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA


INFORMAÇÃO
Apresentaremos a seguir os principais aspectos a serem considerados na
avaliação de qualidade das informações recuperadas num processo de busca:

• Relevância.
• Precisão e Revocação.
• Exaustividade e Seletividade
• Silencio e Ruído.

2.1 RELEVÂNCIA
Salvador Oliván (2008, p. 71) aponta que a relevância é um elemento
bastante discutido na literatura sobre recuperação da informação. Segundo
o autor, o objetivo da recuperação da informação e dos SRI é “proporcionar
informação relevante ao usuário”.

140
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Para Lancaster (1999, p. 154), um documento relevante “é o que contribui


para satisfazer as necessidades de informação do usuário (em algumas ocasiões
se aborda como documento pertinente) e um documento irrelevante e o que não
as satisfaz”.

FIGURA 12 – CONTEÚDO RELEVANTE RECUPERADO

FONTE: <http://twixar.me/ZyWm>. Acesso em: 3 jul. 2020.

141
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Lancaster (1999, p. 3) ressalta haver diferenças no entendimento entre


itens “relevantes‟ e “pertinentes‟, porém, para o livro Indexação e resumos, resolve
considerar sinônimas as expressões “útil‟, “pertinente‟ e “relevante para uma
necessidade de informação‟, assim, para ele, “[...] um documento pertinente (útil)
é aquele que contribui para satisfazer a uma necessidade de informação”.

Existem diferentes tipos de relevância. Neste sentido, Saracevic (1992, p.


47) busca agrupá-las em cinco manifestações diferentes:

• Relevância do sistema ou algorítmica: relação entre uma busca e os


objetos de informação (textos) de um sistema, recuperados ou não
recuperados por um determinado procedimento ou algoritmo.
• Relevância temática: relação entre o tema expresso em uma busca e a
cobertura do tema nos textos recuperados ou nos textos do sistema.
• Relevância cognitiva ou pertinência: relação entre o estado de
conhecimento e a necessidade de informação cognitiva do usuário e
os textos recuperados.
• Relevância situacional ou utilidade: relação entre a situação, tarefa
ou problema e os textos recuperados.
• Relevância afetiva ou motivacional: relação entre as intenções,
objetivos e motivações de um usuário e os textos recuperados.

As medidas de avaliação de SRI, como a revocação e a precisão, dependem


da relevância, ou seja, de um juízo de valor dado pelo usuário. Assim, torna-se
difícil medi-la, uma vez que o valor de uma informação pode variar entre diferentes
indivíduos, sofrer influência da interação do usuário com o sistema, depender da
necessidade de informação do usuário etc. (SALVADOR OLIVÁN, 2008).

Salvador Oliván (2008) cita que são identificados até 80 fatores que
podem afetar o julgamento da relevância - e ressalta que ao longo da história da
Recuperação da Informação esse critério vem sendo analisado se de fato é uma
medida adequada para a avaliação de SRI.

3 PRECISÃO E REVOCAÇÃO
Medir e avaliar a recuperação da informação em bases de dados baseadas
nos resultados obtidos em uma busca é importante para o usuário, para isso
são analisados os documentos recuperados e não recuperados, relevantes e não
relevantes ao usuário.

Segundo Fujita et al. (2009), a capacidade de revocação diz respeito ao


número de documentos recuperados e pode ser mensurada por meio da relação
entre o número de documentos relevantes sobre determinado tema, recuperados
pelo sistema de busca, e o número total de documentos sobre o tema, existentes
nos registros do mesmo sistema. A busca é ideal quando o usuário considera que
foram recuperados todos os documentos relevantes e foram ignorados ao que
considera não relevantes.

142
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

FIGURA 13 – PRECISÃO

FONTE: Adaptado de Fujita et al. (2009)

A recuperação da informação pode ser avaliada a partir de duas fórmulas:


a revocação que se refere ao número de documentos relevantes recuperados
divididos pelo número total de documentos relevantes do acervo e a precisão
que é o número de documentos relevantes recuperados divididos pelo número
total de documentos recuperados.

Observamos que a alta revocação, ou seja, a recuperação de um


grande volume de documentos, está ligada à baixa precisão dos
termos designados para representar seus assuntos. Isto é, durante
a catalogação, os assuntos dos documentos são representados de
maneira mais geral, muitas vezes não correspondendo à especificidade
que trata o documento (FUJITA, 2009 p. 8).

Ainda segundo a autora, a indexação realizada de maneira mais específica


refletirá diretamente na recuperação com níveis de revocação menor e com
um índice maior de precisão, ou seja, mesmo sendo um número reduzido de
documentos, são exatamente estes que correspondem às questões de busca do
usuário (FUJITA, 2009).

4 EXAUSTIVIDADE E SELETIVIDADE
Segundo Ferneda (2003), para se realizar uma busca exaustiva de uma
determinada informação, é necessária a utilização de vários mecanismos para se
garantir a cobertura de uma boa parte da web, pois os resultados são reflexos da
indexação da informação em cada motor de busca.

A exaustividade está relacionada à quantidade de termos atribuídos para


representar o documento, é a medida em que os assuntos contidos no documento
são representados no sistema de recuperação da informação. Para Fujita (2009,
p. 6), a exaustividade na busca é resultado direto de qualidade da indexação do
documento:

143
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

A exaustividade diz respeito ao número de termos atribuídos como


descritores do assunto do documento, ou seja, em que medida todos
os assuntos discutidos no documento são reconhecidos durante a
indexação e traduzidos na linguagem documentária da biblioteca.
Quanto mais exaustiva for a indexação, mais termos ela vai empregar.
É indicada, por exemplo, em bibliotecas de público variado e de
diferentes perfis, que podem buscar a mesma informação com termos
diferentes.

Dois fatores interferem no desempenho de um SRI, e estão relacionados


à indexação: a Exatidão da Indexação e a Política de Indexação. A exatidão da
indexação, constituída pela análise conceitual e a tradução, pode sofrer influência
do indexador, enquanto a política de indexação independe desse profissional,
pois é de competência do gestor do serviço de informação. Esta orienta ou
determina um número mínimo e máximo de termos que irão representar o
documento, assim a indexação exaustiva ocorre com o “emprego de termos em
número suficiente para abranger o conteúdo temático do documento de modo
bastante completo”. Já na indexação seletiva, ocorre o uso de “uma quantidade
muito menor de termos, a fim de abranger somente o conteúdo temático principal
do documento” (LANCASTER, 1999, p. 27).

DICAS

Os SRIs realizam buscas nos mais variados ambientes virtuais. Para conhecer
melhor o processo de avaliação na Recuperação da Informação, acesse o conteúdo a
seguir: SANTOS, L. C. de M. dos; VIERA, A. F. G. Avaliação da recuperação da informação em
acervos digitais de jornais. Em Questão, v. 21, n. 2, p. 49, 2015.

5 SILÊNCIO E RUÍDO
A linguagem natural apresenta fenômenos como a polissemia e a
ambiguidade, que podem interferir na qualidade dos resultados apresentados
por um sistema de recuperação da informação. Nesse sentido, Kuramoto (2006)
ressalta que esses fatores interferem negativamente na precisão dos resultados
em um procedimento de recuperação de informação, e aponta a polissemia e a
combinação de palavras como fatores que podem gerar aumento de ruído.

Nesse sentido, ruído pode ser entendido como a ocorrência de resultados


que não são relevantes para o usuário. Da mesma forma, o autor aponta a sinonímia
como elemento que poderá causar o silêncio, conceito relacionado à existência de
documentos relevantes na base e que não são recuperados (KURAMOTO, 2006).

144
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

6 MOTORES DE BUSCAS
O primeiro motor de busca a surgir foi o Archie, que tinha como intuito
apenas buscar programas em servidores FTP, e não pesquisa de páginas.

O  Archie foi criado em 1990, por Alan Emtage, estudante da McGill


University, em Montreal, Canadá. O primeiro motor de busca a conseguir indexar
documentos foi o Gopher, criado em 1991 por Mark McCahill da Universidade
de Minessota.

Os motores de busca web são programas que visam à recuperação da


informação contida na rede de forma rápida e eficiente. Basicamente, sua principal
tarefa é receber como entrada as palavras-chave específicas, indexadas ou não, e
gerar como saída uma lista de documentos nos quais as palavras-chaves foram
recuperadas.

FIGURA 14 – MOTORES DE BUSCA E A INFORMAÇÃO

FONTE: <https://portaldobibliotecario.com/ciencia-da-informacao/busca-de-informacao-recu-
peracao-de-informacao/>. Acesso em: 6 ago. 2020.

Conforme Branski (2000, p. 72):

[...] os mecanismos de busca são sistemas especializados utilizados


na recuperação de informações na Internet. Eles coletam informações
sobre os conteúdos dos sites e os armazenam em bancos de dados que
estão disponíveis para consulta.

Segundo Aquino (2009), são dois os principais mecanismos de recuperação


da informação na web: os diretórios e os motores de busca. Os diretórios são
sistemas que constroem hierarquicamente índices de sites, divididos em categorias

145
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

e subcategorias, diferente dos motores de busca que não organizam seus índices
de forma hierárquica, mas colecionam o maior número de informações por meio
da utilização de robôs que percorrem continuamente a web.

Os fundamentos do funcionamento dos motores de buscas baseiam-se em


Robredo (2005):

• Armazenam informações em grandes quantidades de páginas da web,


recuperadas e analisam o conteúdo, indexam as páginas e armazenam em
bancos de dados.
• As palavras-chaves utilizadas pelos usuários em suas buscas, são comparadas
com as entradas das bases de dados indexadas, para apresentar as páginas
mais pertinentes para a busca efetuada.
• Recuperam páginas segundo critérios de maior ou menor relevância, que
variam nos diferentes mecanismos de busca.

Os motores de busca recuperam as informações por meio de palavras-chave


utilizadas pelos usuários, que atualmente indexam os conteúdos encontrados
em seus bookmarks através da folksonomia. Recuperar uma informação perdida
entre milhões de links que a web dispõe seria impossível sem o surgimento dos
mecanismos de indexação. Sistemas especializados como Google, Altavista, Yahoo,
entre outros, indexam suas páginas automaticamente por meio de algoritmos,
considerados como motores de busca.

Os sites de busca são a evolução dos diretórios para um estágio em


que o usuário tem acesso simples e rápido à informação, uma tarefa exige um
processo automatizado e complexo de busca. Peter Norvig (2004), autor dos
livros acadêmicos sobre inteligência artificial mais conceituados do mundo e
atual diretor de pesquisa do Google, descreve esse processo em quatro passos:

1. Navegação automatizada na web (crawling).


2. Indexar as páginas para criar um índice de cada palavra e o local onde ela
ocorre.
3. Classificar as páginas (ranking) de forma que as melhores apareçam primeiro.
4. Apresentar os resultados de forma fácil ao entendimento do usuário
(internauta).

Segundo o site Duó (2020), uma das principais razões pelas quais as pessoas
optam por utilizar um motor de pesquisa alternativo é o aumento da privacidade.
O exposto a seguir apresentará os dez motores de busca de informação mais
utilizados no mundo no ano de 2018.

146
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

FIGURA 15 – GRÁFICO COM OS MOTORES DE BUSCA MAIS UTILIZADOS

FONTE: <https://kinsta.com/pt/blog/motores-de-busca-alternativos/>. Acesso em: 3 ago. 2020.

Alguns motores de busca são amplamente difundidos e dispensam


apresentações, outros são de uso empresariais e corporativos ou restritos ao
mundo acadêmico. A seguir apresentamos alguns motores de busca:

Google: é o mecanismo de busca mais conhecido e usado. Era originalmente


um projeto da universidade de Stanford, dos estudantes Larry e Sergey Brin,
chamado de BackRub. Por volta de 1998, o nome mudou para Google, e o projeto
saltou fora do campus e acabou ganhando o mundo. O Google fornece a opção
para encontrar mais do que Web pages. No alto da caixa da busca no Home Page
de Google, pode-se facilmente procurar imagens através da web. Igual a outros
mecanismos de busca, as temáticas aparecem na página principal. Apresenta a
maior base de dados existente e se atualiza com grande regularidade. A busca
no Google só devolve páginas que incluem os termos introduzidos pelo usuário.
Outra característica que o diferencia dos demais mecanismos de busca é que ele
analisa a proximidade das expressões empregadas para a busca nas páginas.
Essas páginas possuem prioridade no momento demostrar os resultados. No
lugar de resumo de páginas, este mecanismo de busca mostra o texto coincidente
do documento recuperado com as palavras chaves solicitadas nos termos de
busca em negrito e o total de páginas encontradas.

147
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

FIGURA 16 – MOTORES DE BUSCAS

FONTE: <https://www.portugalespanha.org/index.php/calendario-agenda/186-presenca-nos-
-motores-de-busca>. Acesso em: 3 ago. 2020.

Yahoo já existe há mais tempo do que o Google, e embora alguns o vejam


como desatualizado, ele ainda é o terceiro mecanismo de busca mais popular
do mundo. É até o motor de busca padrão do Firefox. Uma das grandes coisas
sobre o Yahoo é que ele é muito mais do que apenas um mecanismo de busca.
O portal do Yahoo oferece e-mail, notícias, compras on-line, jogos e muito mais,
oferecendo uma experiência de usuário completa em um só lugar. Sua integração
com Flickr, Yahoo Answers e Yahoo Finance significa que ele oferece melhores
resultados de imagem e enormes quantidades de informações sobre vários temas.

Bing da Microsoft é o segundo maior motor de busca. É fácil de utilizar e


proporciona uma experiência mais visual com belas fotografias de fundo diárias.
O Bing é ótimo para pesquisas de vídeo, pois exibe resultados como miniaturas
grandes que podem ser visualizadas com som pairando sobre elas. Assim como
o Google, o Bing está cheio de recursos internos como conversão de moeda,
tradução e rastreamento de voos, tornando-o uma ferramenta realmente versátil
que se mantém no mercado global. O Bing, você pode não saber que ele oferece
um esquema de recompensas. Quando você compra ou pesquisa através de Bing,
você ganha pontos que podem ser colocados para a compra de aplicativos e
filmes, que é muito útil.

DuckDuckGo é um motor de busca popular para aqueles que valorizam


a sua privacidade e são desanimados pelo pensamento de que cada consulta é
rastreada e registrada. Ele tem uma interface muito limpa, com anúncios mínimos
e rolagem infinita, então a experiência do usuário é agradável e simplificada.
Não há absolutamente nenhum rastreamento de usuário, e você pode até
mesmo adicionar a extensão do DuckDuckGo ao seu navegador para manter sua
atividade privada. O motor de busca tem um recurso muito útil chamado bangs,
que permite que você procure diretamente em outro site do DuckDuckGo

148
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

digitando um prefixo. Por exemplo, digitando “! ebay magic the gathering”, você
seria levado diretamente para os resultados de busca do eBay para a consulta
“magic the gathering” (DUÓ, 2020).

ASK, uma vez conhecido como Pergunte aos Jeeves. O formato simples
de perguntas e respostas do ASK permite pesquisas em linguagem natural.
Isso o torna muito fácil de usar, especialmente para aqueles que estão menos
familiarizados com os mecanismos de busca, como os usuários de computador
mais velhos. Os resultados da pesquisa também exibem as perguntas mais
frequentes relacionadas ao termo de pesquisa, que podem fornecer recursos úteis
e ajudá-lo a aprimorar a pesquisa (KINSTA, 2020).

Boardreader é um motor de busca para fóruns e quadros de mensagens.


Permite-lhe pesquisar em fóruns e depois filtrar os resultados por data e idioma.
É uma ferramenta útil para fazer pesquisa de conteúdo, pois torna muito fácil
encontrar conteúdo escrito por usuários reais dentro do tópico. Se você não está
familiarizado com o nicho, a fim de saber o melhor fórum para visitar, pode ser
um bom lugar para começar (KINSTA, 2020).

Na imensidão de informações disponíveis no mar da internet, localizar


um conteúdo se tornaria um trabalho árduo e dispendioso sem os Sistemas de
Recuperação da Informação, entre eles, os motores de busca. Cabe ao usuário
fazer as perguntas certas e analisar se as respostas encontradas satisfazem suas
expectativas.

7 FOLKSONOMIA NA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO


O termo ‘Folksonomia’ foi criado por Thomas Vander Wal, em 2004, da
junção das palavras Folk (povo em inglês) e taxonomia. É considerada como uma
nova maneira de indexar a informação no ambiente web, em que o usuário se
torna agente ativo do processo de organizar e estruturar a informação, interagindo
e construindo um saber coletivo (VANDER WAL, 2007).

Desse modo, ocorre uma maior interação entre o usuário e o conteúdo


que irá taguear, promovendo um sistema de organização descentralizado de
informação.

Nesse contexto, cada indivíduo reflete na sua etiquetagem características


pessoais, seus conhecimentos prévios, opiniões, interesses e atribui ao objeto à
etiqueta que for mais apropriada para si ou seu grupo.

O’Reilly (2005, p. 1) conceitua a folksonomia como sendo “um estilo de


classificação colaborativa de sites pelos usuários, usando livremente palavras-
chaves, referidas como tags. As tags são metadados, palavras-chave para se
classificar o conteúdo da informação, com o diferencial de serem incluídas pelo
usuário”.

149
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Na folksonomia, a classificação é informal, sem um conjunto de categorias


predefinidas, não há interferência de especialistas, as tags são criadas pelo
usuário sem o compromisso de refletirem qualquer padrão pré-estabelecido,
podendo assim fazer sentido apenas para o usuário que as criou. Atualmente, a
expressão #hashtag dispensa apresentações, pois é amplamente usada nas diversas
redes sociais, e funciona como um identificador para localizar uma informação
agrupada por uma pessoa ou um grupo específico delas.

Para Silva (2009), as tags são anotações ou palavras simples com o intuito
de descrever, organizar ou atribuir algum tipo de significado aos conteúdos
disponíveis na Web. Desse termo, surgiu a expressão taguear, que, para Pereira
(2006), “taguear é identificar, etiquetar alguma coisa”.

É preciso informar que entre as tags atribuídas a um documento não


há hierarquias como na taxonomia e nos sistemas de classificação, não há o
compromisso de classificar a informação conforme padrões técnicos, e sim,
organizar e categorizar conforme o interesse pessoal do usuário. Para cada pessoa
é um especialista em seu próprio vocabulário, e cita que entre os motivos está a
inclusão de seu próprio uso e valor, e não uma descrição genérica ou superficial.
Nesse contexto, para Vander Wal (2007), a folksonomias se baseia em três
elementos fundamentais: o usuário, as tags e o objeto.

FIGURA 17 – ELEMENTOS DA FOLKSONOMIA

FONTE: <https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Os-tres-pivos-da-folksonomia_
fig1_224827650>. Acesso em: 3 ago. 2020.

150
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

A interação do usuário, etiquetando seu conteúdo promoveu a criação


das nuvens de tags, que segundo Rapetti (2007), em conjunto com as tags surgiu a
expressão ‘nuvem de tags’ que se trata da junção de várias tags; essas nuvens são
utilizadas como métodos de ‘taxonomização’ no ambiente web para hierarquizar
estes temas, organizando-os em ordem alfabética. Por exemplo, e-commerces a
utilizam para facilitar o acesso a um grupo de produtos relacionados por esta tag,
blogs, sites institucionais, portais e providenciar quais são os principais assuntos
tratados, ou os mais acessados pelos usuários.

Rapetti (2007 p. 27) define que “[...] uma nuvem de tags é a representação
gráfica das tags utilizadas para descrever o conteúdo das informações contidas
em determinado site”. As tags podem aparecer em ordem alfabética, pelas mais
utilizadas, destacadas pela frequência, ou tamanho e cor das fontes. As tags não
acrescentam qualidade ao conteúdo, mas representam desejos, informações
buscadas e metadados aplicados pela média dos usuários.

FIGURA 18 – NUVEM DE TAGS

FONTE: <https://nepo.com.br/wp-content/uploads/2014/08/nuvem-de-tag.png>. Acesso em: 3


ago. 2020.

DICAS

O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) utilizou as hashtags para se aproximar


de seu público. Conheça essa iniciativa a seguir: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/
noticia/2019-07/museu-usa-linguagem-de-redes-sociais-para-atrair-publico.

151
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

DICAS

Você pode conhecer melhor o processo das tags e seu comportamento na


web acessando o conteúdo a seguir: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/7255.

152
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

Modelos de busca, acesso, recuperação e apropriação da informação na web


de dados

RESUMO

Introdução: A era digital demanda por novas propostas e abordagens técnicas


associadas à utilização da Tecnologia da Informação na recuperação e apropriação
da informação no contexto da Web de Dados. O desenvolvimento dessa área
permitirá um maior entendimento dos recursos da tecnologia colaborativa
utilizados em ambientes informacionais digitais na organização da informação
e do conhecimento. A inserção dessas tecnologias consiste em inovações que
devem estar vinculadas à tradição e à missão das bibliotecas e dos repositórios
digitais. Objetivos: Este trabalho tem por objetivo discutir os resultados de
projeto de pesquisa conduzido no Departamento de Informação e Cultura da
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e está estruturado
em três fases: (i) Modelos de busca, acesso, e recuperação da informação; (ii)
Infraestrutura tecnológica em bibliotecas digitais; e (iii) Ferramentas de busca e
recuperação da informação na Web de Dados. Metodologia: Identificar e discutir
as tendências nos modelos de busca da informação, em especial interesse aqueles
que influenciam o contexto da organização e recuperação da informação, de
modo que o uso da tecnologia possa proporcionar a criação e agregação de valor
aos modelos de busca, acesso, recuperação e apropriação da informação na Web
de Dados. Conclusões: Atualmente, conhece-se muita coisa sobre planejamento,
aquisição, organização, controle e desenvolvimento de coleções, mas muito
pouco sobre como o usuário interage com os sistemas ou para que fins, e como
a informação, que é a matéria-prima do sistema, está sendo utilizada. Torna-
se evidente a necessidade de aprofundar os estudos e pesquisas que permitam
entender os modelos de busca e apropriação da informação em um cenário
dependente de recursos computacionais na Web inteligente.

Descritores: Modelos de Busca da Informação; Recuperação da Informação;


Organização da Informação; Usuário da Informação; Tecnologia da Informação;
Web de Dados.

1 INTRODUÇÃO

Os ambientes informacionais digitais, a partir dos quais estabelecemos


um processo de produção de conhecimento de forma colaborativa, têm ganhado
importância e relevância com a incorporação e o uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs), como no caso das bibliotecas e repositórios
digitais que armazena, preserva, dissemina e permite o acesso, a apropriação e o
uso da informação, gerando novos conhecimentos.

153
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

A Web é uma rede com conteúdo interligados através de documentos


de hipertexto. Seu mapeamento é possível por processos de análise e coleta
sucessiva de páginas de conteúdo a partir de um conjunto de localizações de
documentos previamente conhecidos. Tais buscas são feitas de forma automática
por programas de computador normalmente denominados crawlers - coletores
ou batedores. Mesmo neste mapeamento automático, o conjunto inicialmente
assumido de localizações a partir do qual a busca é feita influencia o resultado
obtido. Além disso, nem toda a Web está interligada: existem muitos subconjuntos
de documentos interligados entre si, de tamanhos variados, sem ligação com o
restante da rede (ou seja, “ilhas” de informação).

A era digital demanda por novas propostas e abordagens técnicas


associadas à utilização da Tecnologia da Informação na apropriação e geração de
conhecimento no contexto da Web de Dados.

Espera-se que o desenvolvimento dessa área leve a um maior entendimento


dos recursos da tecnologia colaborativa utilizados em ambientes informacionais
digitais na organização da informação e do conhecimento. Em qualquer caso,
a inserção dessas tecnologias consiste em inovação que deve estar vinculada à
tradição e à missão das bibliotecas e dos repositórios digitais.

Adaptamo-nos rapidamente às transformações tecnológicas que, sem


percebermos, são inseridas no nosso dia a dia. A nova era da informação, além
de mudar a vida particular de cada um, muda também os valores sociais e
econômicos da sociedade. Essa transformação tem origem em três fenômenos: a
convergência da base tecnológica (processamento digital), a dinâmica da indústria
(queda de preço, que populariza o uso das máquinas) e o crescimento da Internet
(que viabiliza o acesso à informação).

A sociedade da informação reestrutura e reorganiza a sociedade e a


economia, sendo um fenômeno global com poder de transformar a sociedade, a
economia e a política, pois o tipo de informação disponível interfere diretamente
em suas estruturas, tornando (ou não) as distâncias menores, a economia mais
atraente e a disparidade social menor (TAKAHASHI, 2000).

Inovação é uma vantagem competitiva nessa sociedade, cuja estrutura de


trabalho é alterada. A rapidez da difusão de informação traz consigo a constante
necessidade de modernização, logo, a aplicação de conhecimento e inteligência
nessa dinâmica.

A informação deve ser transformada em conhecimento, sendo a


educação continuada o elemento base para que isso ocorra. Portanto, a
capacitação pedagógica e tecnológica de educadores deve andar em paralelo ao
desenvolvimento de conteúdo local, assim como à preservação da identidade e
prioridades nacionais.

154
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Neste estudo, nossa proposta é identificar e discutir as tendências nesse


campo, em especial interesse aquelas que influenciam o contexto da organização
e recuperação da informação, de modo que, cada vez mais, a tecnologia possa
proporcionar a criação e obtenção de valor aos modelos de busca, acesso,
apropriação e uso da informação na Web de Dados.

O estudo tem por escopo confrontar a utilização os modelos de busca


da informação conhecidos com os resultados de pesquisas científicas de âmbito
mundial para melhor entender o usuário da informação na era digital, suas
competências informacionais e suas demandas por conhecimento.

2 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO E COMPETÊNCIA INFORMACIONAL

No contexto mundial definido pela globalização e pela constante


mudança tecnológica, o conhecimento tornou-se a principal riqueza das nações,
pode também constituir o principal fator de desigualdade nas sociedades atuais.
A Sociedade da Informação é a pedra angular das Sociedades do Conhecimento.
O conceito de “sociedade da informação”, relacionado à ideia da inovação
tecnológica, caracteriza-se pelo rápido crescimento da informação disponibilizada
e as mudanças ocasionadas pela tecnologia usada para gerar, disseminar, acessar
e usar a informação. Por outro lado, o conceito de “sociedade do conhecimento”
inclui uma dimensão de transformação social, cultural, econômica, política e
institucional, assim como uma perspectiva mais pluralista e de desenvolvimento,
expressando a complexidade e o dinamismo das mudanças que estão ocorrendo.
O conhecimento não só é importante para o crescimento econômico, mas também
para fortalecer e desenvolver todos os setores da sociedade.

A expressão Competência Informacional, ou Information Literacy, tem


suas origens no estudo da sociedade da informação, e está ligada à necessidade
de se desenvolver nos indivíduos aptidões sobre habilidades e competências
relacionadas ao acesso, uso e disseminação da informação, objetivando fazer uso
desta de forma ética e eficiente, para que o ser humano através de seu intelecto e
processo cognitivo possa produzir novo conhecimento (CAMPELLO, 2003).

[...]

3 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Segundo Lancaster (1993 apud LOPES, 2002), a evolução histórica dos


sistemas de recuperação da informação apresenta duas linhas de desenvolvimento:
a primeira tem base nos sistemas das instituições National Library of Medicine
(NLM), Department of Defense (DOD) e National Aeronautics and Space
Administration (Nasa), que utilizavam tesauros específicos de áreas temáticas
para indexação; e a segunda no campo do Direito, que envolvia a criação de bases
de dados com os textos completos das leis. Ambas exigiam planejamento acurado
da busca, respeitando os resultados esperados pelos usuários.
155
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

A Recuperação da Informação está no cerne da Ciência da Informação. Ela


objetiva, como o próprio nome sugere, entender os processos de recuperação da
informação para aprimorar e facilitar os sistemas de busca, promovendo melhores
resultados para os usuários.

Há duas linhas de pesquisa nessa área: uma focada na abordagem


computacional, baseada em softwares (com interface de busca, banco de dados
e mecanismos de busca); e outra, centrada no usuário e em seu comportamento
de busca, baseada na recuperação e na qualidade/confiabilidade da informação.
A diferença crucial entre ambas as perspectivas é que a primeira entende que
o sistema recupera a informação, enquanto plataforma de busca, e a segunda
entende que é o usuário quem a recupera, pois a informação consiste na relação
que ocorre entre sujeito de busca e objeto buscado. A segunda linha amplia os
limites da recuperação da informação, uma vez que incorpora o caráter humano
aos estudos.

Buscar informação compreende uma estratégia de busca com técnicas que


tornam possíveis a conexão entre uma pergunta formulada e uma base de dados,
ou num esquema simplificado:

O problema reside na localização da informação correta, pois no resultado


da busca são gerados documentos e partes de documentos com diferentes níveis
de relevância e significado referentes à informação buscada. Daí o papel crucial
do profissional da informação, como aquele que possui discernimento para
avaliar a pertinência do que é útil em determinado contexto, o que lhe exige
maior conhecimento da comunidade usuária com a qual trabalha.

No meio dos extremos usuário-sistema, a interface age como auxiliar ao


profissional da informação, intermediando os dois polos e propiciando a comunicação.
É nessa interação que a Recuperação e a Organização da Informação se intersectam,
pois a primeira contribui com subsídios para o estudo do usuário, indicando
seu comportamento no processo de busca; enquanto a segunda contribui com o
desenvolvimento de interfaces que reduzem a complexidade no processo de busca.

A constante evolução da tecnologia digital tem mudado o comportamento


da busca da informação, da postura do usuário frente aos novos sistemas e dos
canais de informação. Embora as ferramentas da web aumentem o aparato de
possibilidades de armazenamento, elas exigem que todos os envolvidos no
assunto tenham competência para operacionalizá-las, o que afeta diretamente
os processos de representação e organização, armazenamento e representação e
busca da informação.

156
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

As linguagens documentárias são as responsáveis pela construção das


interfaces (softwares) que conectam as informações dos documentos (inseridos
num sistema) e o usuário (em seu contexto) num sistema de hipertexto. Houve
um tempo em que se pensava que a informática era apenas uma ferramenta de
cálculo, sem potencialidades como tecnologia intelectual. O avanço tecnológico,
entretanto, mudou essa visão e permitiu que ela fosse muito, além disso.

O hipertexto tem similaridade com os processos do pensamento e da


memória humana, na medida em que funciona como uma contiguidade, embora
não sequencial, de associações que se ligam numa organização própria – ou não
organização, ou não linear – e que necessitam de armazenamento. Ele traz portas
que abrem caminhos dentro do documento. Paralelamente ao texto impresso, este
apresenta estrutura formal linear, com palavras que formam frases que formam
parágrafos e assim por diante, enquanto aquele traz informações armazenadas
em cada célula de sua composição, podendo levar a diferentes entradas, como
gráficos, imagens, sons e outras. Além disso, essa dinâmica ocorre por meio
eletrônico e pode sempre ser alterada, o que muda completamente a relação e a
interação que se tem com o texto.

É todo o contexto que define as necessidades de informação de um


indivíduo, pois este necessita executar determinadas tarefas nos diferentes
ambientes e momentos em que atua para atingir seus objetivos (GARCIA, 2007),
entretanto, a grande dificuldade está em como se fazer isso.

É imprescindível concentrar-se no usuário e seu contexto para o melhor


desenvolvimento do hipertexto, pois somente assim é possível reduzir seu esforço
no momento da busca e evitar que ele se perca numa infinidade de links e esteja
mais bem orientado na navegação, otimizando a utilização do conhecimento.

[...]

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com os modelos apresentados, concentrados no modo de busca e acesso à


informação e desenvolvidos a partir da mesma abordagem – o usuário –, percebe-
se que as representações a serem elaboradas pelos profissionais da informação
necessitam considerar o contexto específico do usuário, fazendo-se valer de
linguagens documentárias diversificadas e com maior qualidade, focando-se
no conceito de organização e recuperação da informação, pois somente assim
será possível mais precisão e competência nos resultados finais alcançados.
Embora Kuhlthau e Ellis direcionem seus estudos no comportamento de busca
e Wilson, Ingwersen e Dervin explorem mais o contexto, ambos os modelos
são complementares, uma vez que a observação dos comportamentos e suas
motivações tornam possível o desenvolvimento de sistemas de organização
e representação da informação, que promovam abordagens que facilitem o
comportamento humano de busca.

157
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Os atuais SRI ou máquinas de busca possuem sofisticados processos de


coleta, indexação, análise e interface de busca em que: linguagens e programas são
utilizados para representar e descrever semanticamente a informação; ontologias
para relações de domínio; bases de conhecimento (as chamadas bases secundárias
com entidades descritas semanticamente) que fornecem dados estruturados para
os agentes inteligentes; programas e tecnologias de visualização e apresentação
dessa informação em contextos (Knowledge Graph ou mapa do conhecimento)
nas interfaces de busca.

Um motor de busca faz parte de um sistema maior, que utiliza aplicativos


(crawler, spider ou robô) para capturar palavras-chave e frases que identifiquem o
conteúdo de uma página Web para indexá-la e armazená-la em sua base de dados
(MONTEIRO et al, 2017).

Torna-se evidente, na Sociedade da Informação, a crescente relevância


do investimento em pesquisas e abordagens que considerem o contexto
contemporâneo, pois é este que define as necessidades, as competências a
serem aprimoradas e as lacunas e falhas a serem modificadas. Nesse sentido, a
questão é colocada em outro patamar, uma vez que interfere e influencia social
e economicamente um país. A partir do momento em que a informação passa
a adquirir valor econômico, saber utilizá-la e transformá-la em conhecimento é
sinônimo de poder, pois somente o conhecimento aplicado pode desenvolver
novos recursos e alavancar a economia.

As mudanças ocasionadas pela tecnologia usada para gerar, distribuir,


acessar e usar a informação demanda por habilidades e competências relacionadas
ao acesso, uso e disseminação da informação. É neste ponto que surge um novo
usuário da informação com novas demandas por recursos computacionais e novas
capacidades em produzir novos conhecimentos. Resulta desse procedimento que
atualmente se conhece muita coisa sobre planejamento, aquisição, organização,
controle e desenvolvimento de coleções, mas muito pouco sobre como as
pessoas fazem uso dos sistemas ou para que fins, e como a informação, que é a
matéria-prima do sistema, está sendo utilizada. Torna-se evidente a necessidade
de aprofundar os estudos e pesquisas que permitam entender os modelos de
busca e apropriação da informação em um cenário dependente de recursos
computacionais na Web inteligente.

FONTE: PALETTA, F. C.; MOREIRO-GONZÁLEZ, J. A. Modelos de busca, acesso, recupera-


ção e apropriação da informação na web de dados. Informação & Informação, v. 24, n. 2, p.
182-210, 2019. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/
view/35261. Acesso em: 14 jul. 2020.

158
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• A relevância das informações recuperadas é resultado de uma estratégia de


busca eficiente.

• Precisão e revocação estão ligadas a qualidades dos documentos recuperados.

• Exaustividade e seletividade são reflexos dos processos de indexação.

• Motores de busca utilizam diferentes modelos de sistemas de recuperação da


informação.

• Existem vários motores de buscas na web.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

159
AUTOATIVIDADE

1 Os motores de busca recuperam as informações por meio de palavras-


chaves utilizadas pelos usuários, que atualmente indexam os conteúdos
encontrados em seus bookmarks através da folksonomia. Recuperar uma
informação perdida entre milhões de links que a web dispõe seria impossível
sem o surgimento dos mecanismos de indexação. Identifique quais são os
dois tipos de mecanismos de recuperação da informação na web:

a) ( ) Páginas Web e Arquivos.


b) ( ) Rotores de Busca e Sites.
c) ( ) Diretórios e Motores de Busca.
d) ( ) Web Sites e Diretórios.
e) ( ) Usabilidade e Manutenção.

160
REFERÊNCIAS
AFONSO, R. D. Arquitetura da informação e webometria em websites de
arquivos nacionais de países da América do Sul e do Norte. Florianópolis:
Universidade Federal de Santa Catarina, 2017.

AGNER, L. Ergodesign e arquitetura de informação: trabalhando com o


usuário. 2. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2009.

ALMEIDA, M. C. B. Planejamento de bibliotecas e serviços de informação.


Brasília: Briquet de Lemos Livros, 2000.

ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de. Planejamento de bibliotecas e serviços


de informação. 2. ed. Brasília, DF: Briquet de Lemos/ Livros, 2005. 144 p.

AQUINO, Maria Clara. O Hipertexto como potencializador da memória


coletiva: um estudo dos links na web 2.0. 2009. 175 f. Dissertação (Mestre) -
Curso de Comunicação e Informação, Departamento de Pós-graduação em
Comunicação e Informação, UFRGS, Porto Alegre, 2007.

ARAUJO, V. M. A. P. de. Sistemas de recuperação da informação: uma


discussão a partir de parâmetros enunciativos. Transinformação, Campinas,
v. 24, n. 2, p. 137-143, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103-37862012000200006&lng=en&nrm=iso. Acesso
em: 9 jun. 2020.

ARAÚJO JÚNIOR, Rogério Henrique; TARAPANOFF, Kira. Precisão no


processo de busca e recuperação da informação: uso da mineração de textos.
Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 3, p. 236-247, 2006. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/handle/10482/943. Acesso em: 14 jun. 2020.

ARONOVICH, G. B.; ALVES, M. A. M.; DIAS, S. Processos de automação na


biblioteca nacional. 1985. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/
brapci/75699. Acesso em: 26 set. 2019.

BAEZA-YATES, R.; RIBEIRO-NETO, B. Modeling. New York: Addison Wesley,


1999.

BAHIA. A biblioteca pública da Bahia: dois séculos de história. Salvador:


Centro de Memória da Bahia; Arquivo Público da Bahia, 2011.

BARBALHO, Célia Regina Simonetti. Planejamento estratégico: uma análise


metodológica. Informação & Informação, [S.l.], v. 2, n. 1, p. 29-44, jul. 1997.
Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/
view/1608. Acesso em: 11 jun. 2020.
161
BARSOTTI, Roberto. A informática na biblioteconomia e na documentação. São
Paulo: Polis, 1990.

BATTLES, M. A conturbada história das bibliotecas. São Paulo: Planeta, 2003.

BETTENCOURT, A. M. A representação da informação na Biblioteca Nacional:


do documento tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca
Nacional, 2014.

BIBLIOTECA DIGITAL BRASILEIRA DE TESES E DISSERTAÇÕES. Acesso e


visibilidade às teses e dissertações brasileiras. Brasília: IBICT, 2020. Disponível
em: http://bdtd.ibict.br/vufind/. Acesso em: 15 jul. 2020.

BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO


E GESTÃO DA INFORMAÇÃO, 14., 2011, São Luís. Anais [...] São Luís, 2011.
Disponível em: https://docplayer.com.br/3107310-Software-livre-liberdade-no-
compartilhamento-de-conhecimento-e-informacao-1.html. Acesso em: 17 jul.
2020.

BLATTMANN, Úrsula. Informatização de Bibliotecas. Florianópolis: CIN/CED/


UFSC. 2010.

BRANSKI, R. M. Localização de informações na internet: características e formas


de funcionamento dos mecanismos de busca. Transinformação, Campinas, v.
12, n. 1, p. 11-19, 2000.

BRASIL. INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio


Teixeira. Ministério da Educação. Instrumento de Avaliação Institucional
Externa: presencia e a distância. 2019. Disponível em: http://download.inep.
gov.br/educacao_superior/avaliacao_institucional/instrumentos/2017/IES_
credenciamento.pdf. Acesso em: 17 nov. 2019.

BRASIL. Decreto nº 5773, de 9 de maio de 2006. Dispõe sobre o exercício


das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação
superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal
de ensino. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2006/Decreto/D5773.htm. Acesso em: 19 set. 2019.

BRASIL. Lei nº 7.232, de 29 de outubro de 1984. Disponível em: http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7232.htm#:~:text=LEI%20
N%C2%BA%207.232%2C%20DE%2029%20DE%20OUTUBRO%20DE%20
1984.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20Pol%C3%ADtica%20Nacional,Art.
Acesso em: 15 jul. 2020.

BRASIL. Lei n° 4084, de 30 de junho de 1962. Disponível em: http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4084.htm. Acesso em: 15 jul. 2020.

162
BRASIL. Lei nº. 9.325 de 15 de dezembro de 2017. Dispõe sobre o exercício
das funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação
superior e dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação no sistema
federal de ensino. Diário Oficial da União. Brasília/ DF: 2017.

BUCKLAND, M. What is a "document"? 1997. Disponível em: http://people.


ischool.berkeley.edu/~buckland/whatdoc.html. Acesso em: 9 jun. 2020.

CAFÉ, L.; SANTOS, C. dos; MACEDO, F. Proposta de um método para a


escolha de software de automação de bibliotecas. Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 2, p.
70-79, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v30n2/6213.pdf. Acesso
em: 18 maio 2020.

CAMARGO, L. S. de A. Arquitetura da informação para biblioteca digital


personalizável. 2004. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/
Pos-Graduacao/CienciadaInformacao/Dissertacoes/camargo_lsa_me_mar.pdf.
Acesso em: 20 maio 2020.

CAMARGO, L. S. A.; VIDOTTI, S. A. B. G. Arquitetura da informação: uma


abordagem prática para o tratamento de conteúdos e interfaces em ambientes
informacionais digitais. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

CAMPOS, Augusto. O que é software livre. 2006. Disponível em: https://br-


linux.org/2008/01/faq-softwarelivre.html. Acesso em: 10 jun. 2009.

CARDOSO, O. N. P. Recuperação de informação. INFOCOMP Journal of


Computer Science, v. 2, n. 1, p. 1-6, 2004. Disponível em: http://infocomp.dcc.
ufla.br/index.php/INFOCOMP/article/view/46. Acesso em: 9 jun. 2020.

CENDÓN, B. V. Sistemas e redes de informação. In: OLIVEIRA, M. Ciência da


informação e biblioteconomia: novos conteúdos e espaços de atuação. Belo
Horizonte: UFMG, 2005.

CRUZ, C. H. B. Vannevar Bush: uma apresentação. Revista Latino-


Americana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 14, n. 1, p.
11-13, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1415-47142011000100001. Acesso em: 3 set. 2019.

COELHO, C. R. A. R.; SILVA, S. M.; RAMOS, L. F.; SILVA, A. P. L. Relatórios:


uma base para o bom planejamento de unidades de informação. Múltiplos
Olhares em Ciência da Informação, v. 3, n. 2, 2013. Disponível em: http://hdl.
handle.net/20.500.11959/brapci/61832. Acesso em: 11 jun. 2020.

CORTÊ, A. R. et al. Automação de bibliotecas e centros de documentação: o


processo de avaliação e seleção de softwares. Brasilia, v. 28, n. 3, p. 241-256. 1999.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
19651999000300002&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 20 maio 2020.

163
CORTÊ, A. R. et al. Avaliação de softwares para bibliotecas e arquivos: uma
visão do cenário nacional. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Plois, 2002. 219 p.

CUNHA, M. B. da; CAVALCANTI, C. R. O. de. Dicionário de biblioteconomia


e arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.

DAMASIO, E.; RIBEIRO, C. E. N. Software livre para bibliotecas, sua


importância e utilização: o caso GNUTECA. 2006. Disponível em: https://doi.
org/10.20396/rdbci.v4i1.2036. Acesso em: 29 jul. 2020.

DIAS, Luana Gomes. Estudo panorâmico sobre os sistemas de automação


de bibliotecas: realidades e tendências na perspectiva da Web 2.0. 2016. 80
f. Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade de Brasília,
Brasília, 2016.

DIAS, E. J. W. Perspectivas de automação dos serviços bibliotecários no


Brasil. 1980. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/77276.
Acesso em: 26 set. 2019.

DUÓ, M. 21 motores de busca alternativos para usar em 2020. 2020. Disponível


em: https://kinsta.com/pt/blog/motores-de-busca-alternativos/. Acesso em: 14
jun. 2020.

DUTRA, A. K. F.; OHIRA, M. L. B. Informatização e automação de bibliotecas:


análise das comunicações apresentadas nos seminários nacionais de bibliotecas
universitárias (2000, 2002 e 2004). 2004. Disponível em: http://www.uel.br/
revistas/uel/index.php/informacao/article/view/1725/1476. Acesso em: 19 set. 2018.

EYANG, A. M. A avaliação como estratégia na construção da identidade


institucional. Revista da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior
– RAIES, Campinas, v. 9, n. 3, p. 152, 2016, Disponível em: http://periodicos.
uniso.br/ojs/index.php/avaliacao/article/view/1276. Acesso em: 11 out. 2019.

FERNEDA, E. Recuperação de informação: análise sobre a contribuição da


ciência da computação para a ciência da informação. 2003. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27143/tde-15032004-130230/pt-br.
php. Acesso em: 9 jun. 2020.

FIGUEIREDO, D. E. A. Recuperação da informação: uma análise sobre os


sistemas de busca da Web. 2006. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/
bdsf/handle/id/70270. Acesso em: 29 jun. 2020.

FUJITA, M. S. L. et al. A indexação de livros: a percepção de catalogadores e


usuários de bibliotecas universitárias. Um estudo de observação do contexto
sociocognitivo com protocolos verbais [on-line]. 2009. Disponível em: https://
static.scielo.org/scielobooks/wcvbc/pdf/boccato-9788579830150.pdf. Acesso em:
3 jul. 2020.

164
FURRIE, B. O MARC Bibliográfico: um guia introdutório: catalogação legível
por computadores. Brasília: Thesaurus, 2000.

GODINHO, N. B. Avaliação da recuperação da informação no repositório


institucional da Universidade Federal do Rio Grande - FURG: discussão sobre
linguagem natural e controlada com ênfase na área de biblioteconomia. 2014.
Disponível em: http://repositorio.furg.br/handle/1/5941. Acesso em: 3 jul. 2020.

GONZALEZ, M.; LIMA, V. L. S. Recuperação de informação e processamento


da linguagem natural. 2003. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/
Home/Instituicao/Docentes/EdbertoFerneda/mri-06---gonzales-e-lima-2003.pdf.
Acesso em: 9 jun. 2020.

KURAMOTO, H. Sintagmas nominais: uma nova abordagem no processo de


indexação. In: NAVES, M. M. L.; KURAMOTO, H. Organização da informação:
princípios e tendências. Brasília: Briquet de Lemos, 2006.

LACERDA, J. A. C. de; VALENTE, P. G. A emergência em sistemas baseados


em folksonomias. 2007. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/
jornalismo/issue/view/336/showToc. Acesso em: 9 jul. 2020.

LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. Brasília: Briquet de


Lemos, 1999.

LANCASTER, F. L. Avaliação de serviços de bibliotecas. Brasilia, DF: Briquet de


Lemos, 2004.

LÉVY, P. As tecnologias da inteligência o futuro do pensamento na era da


informática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 2011.

LEAL. J. Reengenharia em bibliotecas. Revista Digital de Biblioteconomia


e Ciência da Informação, Campinas, v. 8, n. 1, p. 12-20, jul./dez 2010.
Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/
view/1944/2065. Acesso em: 16 jun. 2020.

LIMA, M. L. A. Circulação e automação. Cadernos de Biblioteconomia v. 4, n.


1, 1981. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/62147. Acesso
em: 24 set. 2019.

LOPES, I. L. Estratégia de busca na recuperação da informação: revisão da


literatura. Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 2, p. 60-71, 2002. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652002000200007&lng=en&
nrm=iso. Acesso em: 11 jul. 2020.

MACEDO, F. L. O. de. Arquitetura da informação: aspectos epistemológicos,


científicos e práticos. 2005. Disponível em: https://repositorio.unb.br/
handle/10482/35858. Acesso em: 29 jun. 2020

165
MANGUE, M. V. Consolidação do processo de informatização em sistemas
de bibliotecas universitárias da África do Sul, Brasil e Moçambique. Belo
Horizonte: UFMG, 2007.

MACIEL, Alba Costa; MENDONÇA, Marília Alvarenga Rocha. Bibliotecas


como organizações. Rio de janeiro: Interciência; Niterói: Intexto, 2000. 96 p.

MARTHA, A. S. Recuperação de informação em campos de texto livre de


prontuários eletrônicos do paciente: baseada em semelhança semântica e
ortográfica. 2005. Disponível em: http://repositorio.unifesp.br/bitstream/
handle/11600/21233/Publico-21233.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 9
jun. 2020.

MARCONDES, Carlos Henrique. Interoperabilidade entre acervos digitais


de arquivos, bibliotecas e museus: potencialidades das tecnologias de
dados abertos interligados. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte, v. 21, n. 2, p.
61-83, jun. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-99362016000200061&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 18 nov.
2019.

MARCELINO, S. C. A contribuição da biblioteca para a construção e difusão


do conhecimento no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 2009.
Disponível em: http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/1090. Acesso
em: 29 set. 2019.

MARTINS, C. B. A reforma universitária de 1968 e a abertura para o ensino


superior privado no Brasil. 2009. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/
S0101-73302009000100002. Acesso em: 25 out. 2019.

MIRANDA, A. L. C. de. Biblioteca universitária no Brasil: reflexões sobre a


problemática. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pci/v21n1/1413-
9936-pci-21-01-00173.pdf. Acesso em: 18 set. 2019.

MOOERS, C. Zatocoding applied to mechanical organization of knowledge.


American Documentation, v. 2, n. 1, p. 20-32, 1951.

MORIGI, V. J.; PAVAN, C. Tecnologias de informação e comunicação: novas


sociabilidades nas bibliotecas universitárias. Ciência da Informação, Brasília,
v. 33, n. 1, p. 117-125, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652004000100014&lng=en&nrm=iso. Acesso
em: 20 maio 2020.

MORVILLE, P. Libraries at the crossroads of ubiquitous computing and


the internet. 2005. Disponível em: http://www.infotoday.com/online/nov05/
morville.shtml. Acesso em: 16 jun. 2020.

NORVIG, P.; RUSSEL, S. Inteligência artificial. São Paulo: Elsevier, 2004.

166
NUNES, M. S. C.; CARVALHO, K. de. As bibliotecas universitárias em
perspectiva histórica: a caminho do desenvolvimento durável. Belo Horizonte,
v. 21, n. 1, p. 173-193, mar. 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1981-
5344/2572. Acesso em: 19 set. 2019.

O’REILLY, Tim. What Is Web 2.0?: design patterns and business models for
the next generation of software. 2005. Disponível em: http://oreilly.com/web2/
archive/what-is-web-20.html. Acesso em: 4 jun. 2020.

ORTEGA, Cristina Dotta; LARA, Marilda Lopes Ginez de. A noção de


estrutura e os registros de informação dos sistemas documentários.
Transinformação, Campinas, v. 22, n. 1, p. 07-17, Apr. 2010. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-37862010000100001. Acesso em: 19 jun. 2020.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico: conceitos,


metodologia e práticas. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 347p.

PEREIRA, Jonathan. Surge a folksonomia, uma nova forma de classificação


virtual. 2006. Disponível em: http://oserbibliotecario.blogspot.com/2006/05/
surge-folksonomia-uma-nova-forma-de.html. Acesso em: 6 jun. 2020.
PAIVA, Rodrigo Oliveira. Um olhar para a arquitetura da informação no
ciberespaço. Datagamazero: revista de Ciencia da Informação, v. 15, n. 5, art. 5,
out. 2014

PUCPR - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA PARANÁ. Pergamum.


2020. Disponível em: http://www.pergamum.pucpr.br/. Acesso em: 11 jun. 2020.

RAPETTI, L. Folksonomia: organização e uso da informação na web. 2007.


Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/18728. Acesso em: 20
maio 2020.

ROBREDO, J. Documentação de hoje e de amanhã: uma abordagem


revisitada e contemporânea da ciência da informação e de suas aplicações
biblioteconômicas, documentárias, arquivísticas e museológicas. Brasília:
Editora do Autor, 2005.

REIS, G. de A. dos. Centrando a arquitetura de informação no usuário. São


Paulo: Universidade de São Paulo, 2007.

RIBEIRO, C. E. N.; DAMASIO, E. Software livre para bibliotecas,


sua importância e utilização: o caso GNUTECA. Revista Digital de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 4, n. 1, p. 70-76, 2006.

ROSENFELD, L.; MORVILLE, P. Information architecture for the World Wide


Web. 3. ed. Sebastopol: O’Reilly, 2006.

167
ROSETTO, M. Uso do Protocolo Z39.50 para recuperação da informação
em redes eletrônicas. Ciência da Informação, Brasília, v. 26, n. 2, p. 136-
139, 1997. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
19651997000200004&script=sci_arttext. Acesso em: 20 maio 2020.

RIBEIRO, M. A.; SILVA, M. B. da. Sistemas de automação de bibliotecas: um


estudo investigativo-literário. Convergência em Ciência da Informação, n.
1, v. 2, p. 42-65, 2019. Disponível em: http://www.brapci.inf.br/index.php/
res/v/117764. Acesso em: 19 set. 2019.

ROBREDO, J. Panorama dos planos e projetos de automação das bibliotecas


universitárias brasileiras. 1981. Disponível em: https://www.bu.ufmg.br/
snbu2014/anais_anterior/II-SNBU.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.

ROWLEY, J. A biblioteca eletrônica. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2002.

ROWLEY, J. A biblioteca eletrônica. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos/Livros,


2002.

SALVADOR OLIVÁN, J. A. Recuperación de la información. Buenos Aires:


Alfagrama, 2008.

SANTOS, G. C.; RIBEIRO, C. M. Acrônimos, siglas e termos técnicos:


arquivística, biblioteconomia, documentação, informática. Campinas: Ed.
Átomo, 2003.

SANTOS, Natália Maria Leal. Automação de biblioteca universitária:


análise comparativa do software livre Gnuteca com o software proprietário
Pergamum. 70 f. Monografia (Bacharel em biblioteconomia), Centro
Universitário de Formiga, Formiga – MG, 2008. Disponível em: https://
bibliotecadigital.uniformg.edu.br:21015/xmlui/handle/123456789/61. Acesso em:
25 set. 2019.

SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. 2008.


Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/
view/235. Acesso em: 15 jun. 2020.

SARACEVIC, T. Information science: origin, evolution and relations. In:


VAKKARI, P.; CRONIN, B. Conceptions of library and information science.
Los Angeles: Taylor Grahan, 1992.

SERRA, L. G. Migração de registros bibliográficos, um breve panorama. 2013.


Disponível em: https://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=788.
Acesso em: 14 jun. 2020.

SILVA, J. F. M. da. Software livre: modelos de seleção como subsídio à gestão


bibliotecária. Brasília: FEBAB; ABDF, 2007.

168
STRAIOTO, F. A arquitetura da informação para a World Wide Web: um
estudo exploratório. Marília: Universidade Estadual Paulista, 2002.

SILVA, N. F. de C. da et al. Fuzzy Visa: um modelo de lógica fuzzy para


a avaliação de risco da vigilância sanitária para inspeção de resíduos de
serviços de saúde. Physis, Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 127-146, 2017.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
73312017000100127&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 9 jun. 2020. 

SILVA, José Vanderlei Da. Gerenciamento do Vocabulário em Sistemas


Baseados em Tagging. 2009. 116 f. Dissertação (Mestrado) Departamento
de Programa de Pós- Graduação em Ciência da Computação, Universidade
Estadual de Maringá, Maringá, 2009.

SOUZA, R. R. Sistemas de recuperação de informações e mecanismos de busca


na web: panorama atual e tendências. Perspect. Ciênc. Inf., Belo Horizonte, v.
11, n. 2, p. 161-173, 2006.

TAKAO, Eduardo Liquio. Análise comparativa dos modelos e sistemas


probabilísticos em recuperação de informação em bases textuais.
Florianópolis, 2001. 126 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal
de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em
Computação. Disponível em: http://www.tede.ufsc.br/teses/PGCC0157.pdf.
Acesso em: 11 ago. 2020.

VANDER WAL, T. Folksonomy coinage and definition. 2007. Disponível em:


http://vanderwal.net/folksonomy.html. Acesso em: 6 jun. 2020.

VASCONCELLOS, P. de A. de G. e. Bibliodata/CALCO: informação


bibliográfica para o desenvolvimento. 1996. Disponível em: https://www.brapci.
inf.br/index.php/article/view/0000000781/eb4482a2ff3c085e2789af3a12f6d37d.
Acesso em: 26 set. 2019.

VECHIATO, F. L. Encontrabilidade da informação: contributo para uma


conceituação no campo da ciência da informação. Marília: Universidade
Estadual Paulista, 2013.

VECHIATO, F. L.; OLIVEIRA, H. P. C.; VIDOTTI, S. A. B. G. Arquitetura da


informação pervasiva e encontrabilidade da informação: instrumentos para
avaliação de ambientes informacionais híbridos. Salvador: UFBA, 2016.

VECHIATO, F. L.; VIDOTTI, S. A. B. G. Encontrabilidade da informação. São


Paulo: Cultura Acadêmica, 2014.

VIDOTTI, S. A. B. G.; SANCHES, S. A. Arquitetura da informação em website.


Campinas: UNICAMP, 2004.

169
VIANA, M. Uma breve história da automação de bibliotecas universitárias no
Brasil e algumas perspectivas futuras. Revista Ibero-Americana de Ciência da
Informação, v. 9, n. 1, p. 43-86, 2016.

WANDERLEY, M. A. Utilização de processos de automação na Biblioteca


Nacional. 1973. Disponível em: http://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/05/
pdf_05c0213dc1_0009943.pdf. Acesso em: 29 set. 2019.

WATSON, M. Top five reasons why library administrators should support


participation in the Program for Cooperative Cataloging. 2001. Disponível
em: https://scholarsbank.uoregon.edu/xmlui/bitstream/handle/1794/2427/pcc_
topfive.pdf?sequence=1. Acesso em: 16 out. 2019.

ZANETTI, H. Tags e folksonomia: o usuário classifica a informação. Ano.


Disponível em: https://webinsider.com.br/tags-e-folksonomia-as-pessoas-
organizam-a-informacao/. Acesso em: 4 jun. 2020.

170

Você também pode gostar