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Cadernos da
Espécies
exóticas
i n va s o r a s
1
Cad. Mata Ciliar, São Paulo, no 3, 2010 ISSN 1981-6235 • No 3 • 2010
Cadernos da Mata Ciliar
No 3 2010
Editores
Daniela Petenon Kuntschik
Marina Eduarte
Revisão
Denise Sasaki
Marina Eduarte
Stela A. E. P. Bertoletti
Fotos da Capa C129 Cadernos da Mata Ciliar [recurso eletrônico] / Secretaria de Estado do
Michele S. Dechoum Meio Ambiente, Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais,
Unidade de Coordenação do Projeto de Recuperação das Matas Ciliares.
Diagramação - N. 1 (2009)- . - - São Paulo : SMA, 2009- .
Fernanda Buccelli ... v. : il. col.
Irregular.
N. 3 Conteúdo: Espécies exóticas invasoras / Redação Cristina Azeve-
do... [et al.].
Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/mataciliar/>.
ISSN 1981-6235.
SUMÁRIO
Apresentação 3
1. Espécies exóticas invasoras: o contexto internacional e a construção
de políticas públicas e de estratégias nacionais 4
2. Como estabelecer prioridades para ações de controle de espécies exó-
ticas invasoras em escala estadual 12
3. Manejo de plantas exóticas invasoras em planos de restauração de
ambientes naturais 17
4. Controle de espécies exóticas invasoras em áreas protegidas naturais:
aprender fazendo 23
5. A proposta da estratégia paulista para o controle de espécies exóticas
invasoras 28
Resumo 1. Introdução
Espécies exóticas invasoras são atualmente consideradas a A introdução de plantas e animais além de sua área de
segunda principal causa de perda de diversidade biológica. A distribuição natural tem sido cada vez maior como resul-
Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica (CDB), tado de oportunidades de transporte, comércio, viagens
hoje assinada por cerca de 190 países, estabelece em seu e turismo entre diferentes países e continentes. Métodos
artigo 8, item h, que é “fundamental prevenir introduções, de transporte cada vez mais novos, rápidos e seguros for-
controlar e erradicar espécies exóticas que ameaçam ecos- necem vetores para que plantas, animais e outros grupos
sistemas, habitats ou espécies”. Como cada país enfrenta de organismos vivos atravessem barreiras biogeográfi-
desafios únicos e muitas vezes exclusivos, o desenvolvi- cas, as quais naturalmente seriam impeditivas para seu
mento de estratégias também deve ser único, baseado nos deslocamento natural (Shine et al., 2005).
contextos específicos. Dessa forma, o objetivo das diretrizes Uma pequena porcentagem das espécies introduzi-
estabelecidas pela Decisão VI/23 da Convenção é fornecer das torna-se invasora (de Klemm, 1996), formando po-
aos governos uma direção clara e um conjunto de objetivos a pulações autorregenerantes e que se dispersam pelo am-
serem alcançados para combater espécies exóticas invasoras biente, não considerando divisas ou fronteiras políticas
como um componente integral de conservação e desenvol- ou administrativas. Dessa forma, pode-se entender que,
vimento econômico. Sendo assim, como a disseminação e os por definição, as causas e impactos de invasões bioló-
impactos provocados por essas espécies vão além de frontei- gicas são internacionais. Globalmente, espécies exóticas
ras políticas ou administrativas, políticas e acordos interna- invasoras são consideradas a segunda principal causa
cionais são fundamentais para o enfrentamento do proble- de perda de diversidade biológica, perdendo para a con-
ma1em escala mundial. Muitos países signatários da CDB versão direta de habitats. Estima-se que a introdução de
têm também trabalhado na construção e no desenvolvimen- espécies a novos ambientes possa levar à extinção da
to de estratégias nacionais sobre espécies exóticas invasoras. metade dos mamíferos que hoje habitam o planeta, pro-
No Brasil, uma estratégia nacional foi construída no âmbito movendo a homogeneização e a simplificação da biota
da Comissão Nacional de Biodiversidade, por uma Câmara global (Wittenberg & Cock, 2001).
Técnica Permanente sobre espécies exóticas invasoras. O problema parece ser particularmente complexo,
uma vez que muitas atividades com objetivos econômi-
Palavras-chave cos e sociais levam à introdução de espécies exóticas in-
Espécies exóticas invasoras. Contexto internacional. vasoras. Essas atividades incluem:
Estratégias nacionais. Políticas públicas. • introduções intencionais de espécies para uso em
sistemas produtivos (agricultura, atividade florestal,
*Bióloga, Mestre em Biologia Vegetal. Instituto Hórus de Desenvolvimento e pesca) e com fins ornamentais e recreativos, em con-
Conservação Ambiental. Servidão Cobra Coral 111 – Campeche – Florianópo-
lis (SC) – CEP: 88063-513. e-mail: mdechoum@institutohorus.org.br tato direto com ambientes naturais;
Michele de Sá Dechoum
por sua coordenação, pelo Ibama, Ministério da Saúde,
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mi-
nistério dos Transportes e pelo Ministério de Aquicultura
e Pesca. As instituições que representam o segmento de Regeneração de Hovenia dulcis (uva japonesa) no Parque
Estadual Fritz Plaumann, em Concórdia (SC)
pesquisa são a Sociedade Botânica do Brasil e a Socie-
dade Brasileira de Zoologia. Compõem ainda a Câmara os impactos provocados por essas espécies vão além de
Técnica a Associação Brasileira de Entidades Estaduais fronteiras políticas ou administrativas, políticas e acor-
de Meio Ambiente – Abema; o Movimento Nacional dos dos internacionais são fundamentais para o enfrenta-
Pescadores – Monape; o Instituto Hórus de Desenvolvi- mento do problema em escala mundial.
mento e Conservação Ambiental; e a Confederação Na- Muitos países signatários da CDB têm também tra-
cional de Agricultura – CNA. balhado na construção e no desenvolvimento de estra-
Em de 21 de outubro de 2009, foi publicada a Reso- tégias nacionais sobre espécies exóticas invasoras, com
lução Conabio nº 5, que dispõe sobre a Estratégia Na- base nas diretrizes estabelecidas na Decisão VI/23. No
cional sobre Espécies Exóticas Invasoras. A Estratégia mesmo sentido, há ainda em desenvolvimento iniciati-
Nacional é o primeiro documento aprovado no âmbi- vas de estratégias e políticas públicas regionais, como
to do Governo Federal que pode orientar as diferen- as redes de informação das ilhas do Pacífico (HEAR) e
tes esferas do governo no trato das questões relativas a estratégia europeia sobre espécies exóticas invasoras
às espécies exóticas invasoras. Representa, ainda, um (Shine & Genovesi, 2003), dentre outras.
importante instrumento para a internalização e imple- A implementação dessas estratégias tem ocorrido
mentação no país do artigo 8(h) da Convenção sobre por meio da construção de arcabouços legais que ser-
Diversidade Biológica. vem de sustentação para a implementação de mecanis-
mos focados na prevenção contra a entrada de espécies,
na detecção precoce e na resposta rápida de controle
6. Conclusão para invasões iniciais e na erradicação e controle de es-
pécies já estabelecidas.
Conforme disposto na Convenção da Diversidade Bio- Alguns países têm também trabalhado no reconheci-
lógica (CDB), espécies exóticas invasoras são hoje um mento e instituição, por meio de instrumentos legais, de
dos mais importantes temas mundiais relacionados à listas oficiais de espécies exóticas invasoras, com o esta-
conservação da diversidade biológica, ao uso sustentá- belecimento de categorias de proibição ou ordenamento
vel de seus componentes e à distribuição equitativa dos de uso de espécies já presentes, e com restrições e ava-
benefícios derivados do seu uso. Como a disseminação e liações técnicas para a introdução de espécies exóticas.
Simberloff, D. & Von Holle, B. 1999. Positive interac- http://i3n.iabin.net/ – Rede Temática sobre Espécies
tions of nonindigenous species: invasional meltdown? Exóticas Invasoras da Rede Interamericana de Informação
Biological Invasions, 1, 21–32. sobre Biodiversidade (Iabin)
BAIXA MÉDIA
A falta de certeza científica (sobre a capacidade de
invasão biológica da espécie) não deve ser usada como
argumento para postergar ações de controle (Convenção
sobre Diversidade Biológica, Decisão VI/23). O princípio PRIORIDADE PRIORIDADE
MÉDIA ALTA
da precaução precisa ser utilizado. Espécies exóticas que
têm histórico de invasão em outros locais, seja no Brasil
ou em outros países, têm grande chance de reproduzir o
processo aqui e requerem ação de controle, ainda que IMPACTO POTENCIAL
FUTURO
seja preventiva.
À medida que as espécies em consideração são ava- Figura 1. Esquema para estabelecimento de prioridades na fase
inicial do processo de invasão, quando o impacto ainda é
liadas e plotadas no quadro da Figura 1, fica claro quais
potencial e reconhecido em função do histórico de invasão ou
apresentam maior risco e que, portanto, devem ser prio- de características biológicas da espécie em análise.
MÉDIA ALTA
cies exóticas invasoras. Mesmo que as unidades não te-
nham plano de manejo, ou que o plano de manejo não
contemple a temática de espécies exóticas invasoras,
deve ser estimulada a elaboração urgente de planos de
PRIORIDADE PRIORIDADE
BAIXA MÉDIA ação para essa finalidade a fim de atacar os problemas o
mais cedo possível. A pior decisão é não tomar nenhuma
atitude prática e deixar o tempo passar sem ao menos
Resumo Palavras-chave
Plantas exóticas invasoras. Restauração ecológica.
A degradação ambiental compromete a biodiversidade e Áreas degradadas. Manejo.
afeta a dinâmica dos ecossistemas, abrindo oportunidades
para o estabelecimento de espécies exóticas invasoras.
Uma vez presentes no ambiente natural, as espécies inva- 1. Introdução
soras se tornam agentes de transformação e dificilmente
serão erradicadas se não forem controladas precocemente. Diversos ecossistemas existentes no Brasil possuem ex-
Neste sentido, planos de restauração de ambientes natu- tensas áreas degradadas com remanescentes de vegeta-
rais precisam incorporar estratégias referentes ao manejo ção natural fragmentados e de distribuição descontínua
de invasões biológicas, sejam elas as causas ou as conse- (Machado et al., 2004; Tabarelli et al., 2005). Esta
quências da degradação. O plano de restauração de um situação tem levado a inúmeros esforços de restauração
ambiente natural deve ter ser iniciado com um diagnós- de áreas degradadas e, com isso, à necessidade de ma-
tico preciso do meio. Os recursos humanos, financeiros e nejar espécies exóticas invasoras.
o tempo disponível para a ação também devem ser cla- A degradação ambiental facilita o estabelecimento
ramente definidos. Este diagnóstico subsidiará a definição de espécies exóticas invasoras, pois diminui a competição
de uma meta e a elaboração de uma estratégia de manejo e aumenta a disponibilidade de recursos (Davis, 2009).
que pode envolver ações de manejo do ambiente, ações de Contudo, nem sempre a invasão de espécies exóticas é a
manejo das espécies exóticas invasoras ou ambas. O plano própria causa da degradação (Cuddington & Hastin-
de restauração deve ser acompanhado de um programa de gs, 2004), em muitos casos elas são uma das consequên-
monitoramento que permita verificar o progresso da ação cias de outras formas de degradação (Fine, 2002). Esta
e o alcance da meta proposta. A avaliação constante das diferença, embora pouco significativa quanto à invasão
ações executadas e o monitoramento vão subsidiar o apri- biológica em si, representa dois caminhos diferentes a
moramento da estratégia inicialmente proposta, utilizan- serem seguidos quando se trata de restauração de am-
do-se o manejo adaptativo. Desta forma, e visando apoiar bientes naturais (D’Antonio & Meyerson, 2003).
a estruturação de planos de restauração de ambientes na- Quando espécies exóticas invasoras não são a causa
turais eficazes e que possibilitem o aprendizado, este artigo da degradação, manejar invasões biológicas é o mesmo
apresenta uma proposta conceitual para a elaboração de que tentar curar os sintomas, em vez da doença (Ewel,
um plano de restauração e um fluxograma prático para au- 1986). Nestas circunstâncias, uma falha no diagnóstico
xiliar na definição das estratégias de ação. correto pode representar o comprometimento de recursos
financeiros e de tempo, frequentemente escassos e limi-
tados. Contudo, em situações nas quais espécies exóticas
*Engenheiro Florestal e Bacharel em Botânica. rafaeldz@gmail.com. Univer-
sidade do Tennessee. invasoras são as causas diretas da degradação, uma ação
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ria, BC. 22 pp. vação, 5: 78-85.
A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e rota de dispersão, os impactos potenciais e já identifi-
(SMA) tem recebido muitos pedidos de esclarecimento cados, o uso econômico da espécie no Estado, o seu his-
e solicitações de ajuda com relação a processos de in- tórico com relação a invasões em ambientes similares – e
vasão biológica. As espécies mais citadas nestes casos subsidiando as ações necessárias para controle.
têm sido: Assim, em 22 de maio de 2009 – dia internacio-
• a lebre europeia (Lepus europaeus), muito maior nal da biodiversidade – a Secretaria do Meio Ambien-
que a espécie nativa (Sylvilagus brasiliensis – tapiti) te instituiu um Grupo de Trabalho (GT) para elaborar
compete com esta e provoca danos à agricultura. uma proposta de estratégia sobre espécies exóticas
• caramujo africano (Achatina fulica), consome gran- invasoras no Estado de São Paulo. Os objetivos do GT
de quantidade de vegetação, diminuindo a sua dis- foram a elaboração de uma lista de espécies exóticas
ponibilidade para a fauna nativa e causando danos com potencial de invasão com ocorrência registrada em
à horticultura. ambientes naturais no Estado e a definição dos compo-
• javali (Sus scrofa) – populações desta espécie com- nentes da estratégia com detalhamento das atividades
petem com as dos porcos-do-mato nativos, alteram a que os comporão, incluindo a proposição de minutas de
constituição do solo, principalmente brejos e beira de instrumentos legais para a estratégia.
rios, provocam danos à agricultura e transmitem várias O GT foi coordenado pelo Departamento de Proteção
doenças, entre as quais, a febre aftosa e a leptospirose. da Biodiversidade, da Coordenadoria de Biodiversidade
• braquiária aquática (Urochloa subquadripara) – es- e Recursos Naturais, e foi constituído por representantes
pécie vegetal herbácea que foi introduzida como de diferentes órgãos: o Instituto Florestal, a Fundação
forrageira para áreas úmidas ou alagadas, porém para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de
não teve o sucesso esperado como espécie de valor São Paulo, o Instituto de Botânica, a Fundação Parque
econômico. Mas pela sua alta capacidade competiti- Zoológico de São Paulo, a Companhia Ambiental do Esta-
va com as gramíneas nativas, tem ocupado extensas do de São Paulo e a Polícia Ambiental. O GT contou com
áreas, apresentando prejuízo para reservatórios e a colaboração da Coordenadoria de Educação Ambiental
corpos hídricos. da SMA, e com a consultoria da pesquisadora Michele
Ciente da gravidade do impacto que invasões bio- Déchoum, do Instituto Hórus de Conservação e Desen-
lógicas provocam, ocupando o segundo lugar entre as volvimento, que administra a Base Brasileira de Dados
causas de perda de biodiversidade, a SMA identificou a sobre espécies exóticas invasoras.
necessidade de o Estado estabelecer uma estratégia para Para o desenvolvimento dos trabalhos, foi adotado o
tratar do assunto – identificando as espécies, sua origem termo “espécies exóticas invasoras” da Convenção sobre
Diversidade Biológica, conceituado como as espécies que
se encontram fora de sua área de distribuição natural
* Diretora do Departamento de Proteção da Biodiversidade da Coordenadoria
de Biodiversidade e Recursos Naturais – Secretaria do Meio Ambiente e que ameaçam ecossistemas, habitats e espécies. Ou-