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Rui Ferreira ( *)
Prof. Adjunto
ABSTRACT
*
Professor das cadeiras de Física (Armas) e Física (Vestibular) na Academia Militar.
RESUMO
2 = − + −g
dt m dt dt 2 dt 2
1
Na verdade, recentemente, Yabushita, et al., 2007 obtiveram uma solução analítica expressa como uma
série de potências. Contudo, a solução é tão intrincada, que para a determinação dos parâmetros de
interesse, teremos sempre que recorrer a uma aproximação numérica.
se transforma no sistema equivalente de n equações diferenciais ordinárias de primeira
ordem
z1′ = z2
z2′ = z3
(1.7)
zn′ = f (t , z1 , z2, , zn )
Então se em relação às variáveis do problema (1.2), fizermos as substituições
=z1 x= ′, z3 y=
, z 2 x= , z4 y ′ (1.8)
com as condições iniciais
= z2 (0) v0 cos α=
z1 (0) 0,= z4 (0) v0 sin α
, z3 (0) 0,= (1.9)
obtemos o sistema equivalente
dz1
dt = z2
dz2 =
k
− z2 z22 + z42
dt m
(1.10)
dz3 = z4
dt
dz k
4 =
− z4 z22 + z42 − g
dt m
que está finalmente de forma a podermos aplicar o método de Runge-Kutta.
2
Escreveremos as equações na ausência de forças exteriores (usualmente a força gravítica).
onde p é a pressão (tensão normal média), I o tensor identidade e σ' o chamado tensor
das tensões desviador.
Todas as equações (não relativísticas) relacionadas com a conservação da
quantidade de movimento podem ser derivadas partindo da equação de momento de
Cauchy, e especificando uma relação constitutiva para o tensor das tensões, ou seja
estabelecendo um conjunto de hipóteses que nos permita caracterizar a forma do tensor
das tensões.
Interessa-nos aqui, em particular, a equação que rege o movimento de um fluido,
a chamada equação de Navier-Stokes. Repare-se que os termos p e σ' em (1.12) são por
enquanto desconhecidos. Precisamos então um modelo que relacione as tensões com o
movimento do fluido. Isto é feito formulando certas hipóteses, baseadas na observação,
que permitem especificar as tensões em termos de outras variáveis do escoamento,
como a viscosidade e a velocidade.
Com base nessas hipóteses suficientemente gerais (Landau & Lifshitz, 1959, p.
48), da equação de momento de Cauchy resulta, para um fluido com viscosidade 3:
∂v
ρ + v ⋅∇v = −∇p + η∇ 2 v + (ζ + 13 η ) ∇ ( ∇ ⋅ v ) (1.13)
∂t
onde η é a viscosidade dinâmica e ζ é a viscosidade volúmica.
A esta equação devemos acrescentar uma relação que expresse a conservação da
massa, dada pela equação de continuidade:
∂ρ
+ ∇ ⋅( ρv) =0 (1.14)
∂t
Se podermos considerar o fluido como incompressível, a densidade ρ é constante
e da equação de continuidade (1.14) vem ∇ ⋅ v = 0 . Logo, o último termo em (1.13) é
zero, e obtemos a equação do movimento de um fluido viscoso incompressível. É a esta
equação em particular que normalmente chamamos a equação de Navier-Stokes:
∂v 1 η
+ v ⋅∇v = − ∇p + ∇ 2 v (1.15)
∂t ρ ρ
Vemos pois que, no caso de um fluido incompressível, a viscosidade é
determinada por um único parâmetro, η, a viscosidade dinâmica. Ao quociente
3
As quantidades η e ζ são funções da pressão e da temperatura. Em geral p e T e portanto η e ζ não são
constantes em todo o fluido. Mas como em muitos casos os coeficientes de viscosidade não variam
apreciavelmente de ponto para ponto, podemos considerá-los constantes e passá-los para fora do operador
de gradiente.
η
ν= (1.16)
ρ
chamamos viscosidade cinemática. Como a maior parte dos fluidos podem ser
considerados praticamente incompressíveis, são estes os coeficientes de viscosidade que
geralmente nos interessam. Para o ar, a 20° C, temos=η 1.837 ×10−5 kg m -1s -1 e
4
http://www.claymath.org/millennium/Navier-Stokes_Equations/navierstokes.pdf
das condições fronteira, da forma e dimensões do corpo que se desloca pelo fluido e da
sua velocidade. Sendo a forma do corpo conhecida, as suas propriedades geométricas
serão determinadas por uma única dimensão linear, que designaremos por l. Então o
escoamento fica especificado por três parâmetros: ν, u e l. Onde u e l são
respectivamente uma velocidade e uma dimensão típicas do corpo. (Landau & Lifshitz,
1959, p. 61).
A partir destas três quantidades, podemos construir uma única quantidade
adimensional, a saber ul ν . Esta quantidade, que tem um papel importante na
caracterização do tipo de escoamento, é chamada número de Reynolds:
ρ ul ul
=
R = (1.17)
η ν
Olhando novamente para a equação (1.15), vemos que o termo inercial v ⋅∇v , é da
ordem de grandeza de u 2 l , enquanto o termo viscoso (η ρ ) ∇ 2 v é da ordem de
5
Para uma dedução moderna ver, por exemplo: Lamb, 1932, §337, pp. 597-602.
F = 6π rη u (1.20)
onde r é o raio da esfera e u a velocidade em relação ao fluido. Repare-se que, à parte da
constante de proporcionalidade, podemos chegar à forma da força de arrasto por simples
análise dimensional. Com efeito, tendo em conta (1.19) vemos que, neste caso, o
escoamento fica determinado por três parâmetros, η, u e l. A partir deles podemos
construir apenas uma quantidade com dimensões de força: η l u . Então, para R << 1,
teremos
F η l u ou F ν ρ l u (1.21)
Ou seja, para um fluido incompressível, escoamento estacionário e número de Reynolds
pequeno, a força de arrasto que se exerce sobre um corpo é linear na velocidade.
Contudo, no caso de um projéctil típico não é esta lei para a força de arrasto que
prevalece. Se considerarmos, por exemplo, uma esfera com a densidade da água,
movimentando-se no ar, para que o número de Reynolds seja inferior a 1 para
velocidades até à velocidade terminal, a esfera teria de ter um raio r < 4 ×10−5 m . Ora
projécteis deste tamanho não terão grande interesse prático. Na verdade, nem mesmo
para a famosa experiência da gota de óleo de Millikan a lei de Stokes é válida (Parker,
1977). Por outro lado, sabe-se que uma pedra com 1 cm de raio tem uma velocidade
terminal no ar de cerca de 30 m/s (Present, 1985, p. 162). Sendo 2r a dimensão típica
para a esfera, isto conduz a um número de Reynolds da ordem de 4 ×104 . Ora isto quer
dizer que, nos casos típicos de projécteis estamos, ao invés, no domínio dos números de
Reynolds grandes.
6
http://en.wikipedia.org/wiki/7.62x51mm_NATO [15/03/2010].
http://en.wikipedia.org/wiki/H%26K_G3 [15/03/2010].
7
http://www.slinging.org/wiki/index.php?title=Form_Drag [15/03/2010].
http://www.grc.nasa.gov/WWW/K-12/airplane/shaped.html [15/03/2010].
A Fig. 1 mostra a trajectória do projéctil para três diferentes valores do
coeficiente de arrasto, sempre com um ângulo de disparo α = 45°. Podemos observar,
desde logo, que a trajectória deixa de ser parabólica (como seria na ausência de
resistência do ar), tornando-se assimétrica – digamos, achatada na parte frontal. Ou seja,
o espaço percorrido pelo projéctil na horizontal até ao pico é maior que aquele que
percorrerá daí até atingir o solo. Esta assimetria será tanto maior, para um dado ângulo
de disparo, quanto maior for a velocidade inicial. Vemos também, que para o caso do
nosso projéctil (i.e. C = 0.295) obtemos uma altura máxima que é cerca de 1/10 do que
seria sem considerar a resistência do ar e um alcance horizontal de menos de 1/20. Mais
exactamente, para um lançamento a 45°, obtemos os seguintes valores para o tempo de
voo, altura máxima e alcance horizontal: t voo = 33.8 s, h Max = 1469 m e x Max = 2740 m.
1600
C = 0.295
1400
1200
1000
y (m)
C = 0.5
800
600
C = 1.0
400
200
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
x (m)
Por outro lado, o alcance horizontal máximo, para uma dada velocidade inicial,
ocorrerá para um valor inferior a 45°, e quanto maior a velocidade inicial, menor será o
ângulo de disparo necessário. A Fig. 2 representa o alcance horizontal em função do
ângulo de disparo para o projéctil de G3. Vemos que o crescimento do alcance é muito
rápido para, digamos os primeiros 10°, cresce depois lentamente até ao seu máximo, e
depois decresce mais ou menos lentamente até aos 90°.
3500
3000
2500
Alcance (m) 2000
1500
1000
500
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Ângulo (graus)
1000
800
600
y (m)
400
200
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
x (m)
100
50
0
Vy (m/s)
-50
-100
-150
0 20 40 60 80
t (s)
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http://www.aerospaceweb.org/question/aerodynamics/q0074.shtml [15/03/2010]
Neste regime, a força de arrasto dependerá também do número de Mach, a razão
entre a velocidade do projéctil e a velocidade do som no fluido. Contudo, e como já
sugerimos atrás, os resultados a que chegámos não deverão ser grandemente alterados.
Isto será tanto mais verdade quanto o projéctil não permaneça a velocidades
supersónicas em parte apreciável do seu trajecto. Ora, é isso que se passa. Olhando para
o gráfico da velocidade em função do tempo (Fig. 6), vemos que o nosso projéctil passa
rapidamente (após t ~ 1.9 s) a subsónico.
800
700
600
500
v (m/s)
400
300
200
100
0
0 10 20 30 40 50 60
t (s)
BIBLIOGRAFIA