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são recomendadas por haver um decréscimo de resistência. Vale ressaltar que o menor teor de
fosfogesso em misturas com solo estudado por Mesquita (2007) foi de o 20%, não sendo
estudada a mistura com 10% de fosfogesso.
Em relação à deformabilidade, a Figura 2.6 mostra as curvas de compressão obtidas por Matos
(2011) para o solo (Aparecida de Goiânia – GO), fosfogesso (Catalão – GO) e três misturas
contendo 10% (mistura A), 20% (mistura B) e 50% de fosfogesso (mistura C). As curvas são
apresentadas de forma normalizada em relação ao índice de vazios inicial, visando permitir uma
melhor visualização dos resultados. Os ensaios de adensamento foram realizados com períodos
de adensamento iguais a 48 horas entre cada aplicação de carga, porém na Figura 2.6 são
mostrados também ensaios realizados com o tempo de 24 horas, na mistura C e no solo.
Figura 2.6 - Curvas de compressão normalizadas das amostras estudadas (MATOS, 2011).
Pode-se verificar que as amostras com 20%, 50% e 100% de fosfogesso apresentam
praticamente a mesma deformabilidade, com valores de deformação próximos, o que pode ser
explicado pela maior influência que determinado teor de fosfogesso tem sobre o comportamento
mecânico das amostras. A mistura A (10% de fosfogesso) apresentou comportamento mais
próximo ao solo do que ao fosfogesso, já as misturas B (20% de fosfogesso) e C (50% de
fosfogesso) apresentaram comportamento contrário (curvas mais próximas à do fosfogesso). A
partir do teor de 20% o comportamento da mistura se mostra mais influenciado pela presença
do fosfogesso do que pelo solo.
respostas dos materiais, sendo que a deformação é maior quando o corpo de prova é submetido
a uma carga durante 48 horas em comparação ao período de 24 horas.
Matos (2011) verificou ainda que a mistura com 10% de fosfogesso apresentou comportamento
muito semelhante ao do solo (Aparecida de Goiânia – GO), com uma ligeira formação de pico
na tensão de 100 kPa, seguido por uma diminuição gradual da resistência até um valor
constante. Porém, ao contrário do solo, essa mistura não apresentou dilatância. Segundo Matos
(2011), a adição de fosfogesso ao solo neutralizou o seu comportamento frágil apresentado sob
baixas tensões normais atuantes. A mistura com 20% de fosfogesso apresentou comportamento
semelhante à de solos granulares fofos, com surgimento de resistência residual e ausência de
dilatância. O aumento de fosfogesso no solo gerou diminuição do intercepto de coesão efetiva,
sendo que um pequeno acréscimo de fosfogesso foi capaz de diminuir significativamente a
coesão do solo. Esse é um fato importante a ser considerado nos projetos de geotecnia que
envolvem estabilidades de massas solo-fosfogesso. Por outro lado, os valores de ângulo de
atrito não seguiram um padrão de variação proporcional ao incremento de fosfogesso, sofrendo
pouca influência do teor desse material nas amostras (MATOS, 2011).
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Figura 2.7 - Resultados do cisalhamento direto do fosfogesso: (a) trajetórias de resistência; (b) deformação
volumétrica versus deslocamento horizontal (MATOS, 2011).
Matos (2011) realizou ensaios de permeabilidade no fosfogesso para dois níveis de carga
hidráulica. Os valores obtidos podem ser vistos na Tabela 2.4. O valor encontrado com
gradiente de 10 foi igual ao obtido por Rufo (2009), que também obteve o valor de 2,4 x 10-6
m/s (2,4 x 10-4 cm/s). O aumento do teor de fosfogesso no solo de Aparecida de Goiânia (GO),
estudado por Matos (2011), gerou aumento do coeficiente de permeabilidade.
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Tabela 2.3 - Parâmetros de resistência obtidos no ensaio de cisalhamento direto (MATOS, 2011).
Tabela 2.4 – Valores de permeabilidade a 20ºC do fosfogesso em dois gradientes (MATOS, 2011).
k20ºC (m/s)
Amostra
Gradiente = 2 Gradiente = 10
Fosfogesso 7,5 x 10-7 2,4 x 10-6
Matos (2011) obteve a curva de retenção do fosfogesso utilizando o método do papel filtro,
medindo-se a sucção total. Os dados experimentais podem ser vistos na Figura 2.8, que foram
representados apenas por pontos devido à existência de pequenas dispersões dos resultados e
para melhor compreensão das trajetórias de umedecimento. Matos (2011) observou que houve
dificuldade na obtenção dos valores de sucção do fosfogesso para graus de saturação
compreendidos entre 5% e 35%.
Figura 2.8 - Curva de retenção de água do fosfogesso: (a) em função do grau de saturação; (b) em função do
teor de umidade (MATOS, 2011).
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Borges et al. (2011) tiveram dificuldades em se obter pontos com elevada saturação na curva
de retenção do fosfogesso, não obtendo uma curva bem definida. Esses autores também
verificaram que com o acréscimo de fosfogesso no solo, os valores de sucção diminuem. Porém,
a curva característica da mistura com 10% de fosfogesso foi bastante próxima a do solo.
Figura 2.9 - Ensaio de inundação do fosfogesso: (a) corpo de prova antes da inundação; (b) corpo de prova
imerso por 6 minutos; (c) corpo de prova ao final da inundação, após uma hora (MATOS, 2011).
Para a mistura de solo com 10% de fosfogesso, que ficou imersa durante um período de 24
horas, não foi observado nenhum efeito desagregador devido à ação da água, não apresentando
nenhum desprendimento de suas faces. Além disso, não foi notada grande absorção de água por
essa mistura. Segundo Matos (2011), a maior estabilização dessa mistura em relação às outras
amostras se deve ao maior entrosamento entre os grãos do solo e do fosfogesso. Pode-se
verificar na Figura 2.10 o processo de inundação da mistura com 10% de fosfogesso, sendo a
Figura 2.10(a), antes da inundação, a Figura 2.10(b), após 6 minutos de imersão e a Figura
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2.10(c), ao final do ensaio, após 24 horas de imersão. Vale ressaltar que os resultados podem
ser diferentes, dependendo do tipo de solo estudado.
Figura 2.10 - Ensaio de inundação da mistura com 10% de fosfogesso: (a) corpo de prova antes da inundação;
(b) corpo de prova imerso por 6 minutos; (c) corpo de prova ao final da inundação, após 24 horas (MATOS,
2011).
A grande maioria das análises dos problemas geotécnicos utilizam os conceitos da Mecânica
dos Solos Clássica, que considera o solo totalmente seco ou saturado (todos os vazios do solo
preenchidos com líquido).
Barbour (1998) destaca três razões para esse fato: (1) as regiões nas quais a Mecânica dos Solos
foi inicialmente desenvolvida eram regiões úmidas, onde o lençol freático se encontrava
próximo a superfície, atribuindo aos solos a condição de saturação; (2) o sistema de solos
saturados é uma maneira simplificada e mais fácil de se estudar do que o sistema multifásico
dos solos não saturados e (3) a suposição de que os solos são saturados, por estarem sob
poropressões positivas, encontrando-se na situação mais crítica, é em muitos casos,
conservadora.
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Os solos não saturados são caracterizados por três fases (sólido, água e ar) estruturadas de forma
que os vazios do solo possam armazenar líquidos e gases. Fredlund e Rahardjo (1993) destacam
uma quarta fase como sendo a membrana contráctil, encontrada na interface ar-água. Quando a
fase ar é contínua, a membrana contráctil interage com as partículas de solo e influencia no seu
comportamento mecânico. A membrana contráctil exerce uma tensão de tração, conhecida
como tensão superficial.
A quantidade água presente no solo pode ser descrita por três variáveis: a umidade gravimétrica
(w), a umidade volumétrica (θ) e o grau de saturação (S). A sucção é a energia livre de água no
solo e corresponde a sua capacidade de reter água. Quando o solo está saturado (saturação igual
a 100%) a sucção é igual à zero. A sucção é composta de duas parcelas: sucção matricial e
sucção osmótica. A sucção matricial é definida como a diferença de poropressão de ar e
poropressão de água nos vazios do solo (ua - uw) e está associada ao fenômeno da capilaridade.
Vários fatores influenciam a sucção matricial, dentre eles a profundidade do lençol freático, as
condições climáticas, as condições da superfície do solo e a presença de vegetação no solo. A
sucção osmótica está relacionada à concentração de sais no solo, variando com a sua
composição química. A sucção total é a soma da sucção matricial e osmótica (FREDLUND;
RAHARDJO, 1993). Krahn e Fredlund (1972) verificaram que os valores de sucção osmótica
diminuem para valores de umidade altos pois, a concentração salina se torna menor quando a
quantidade de água no solo aumenta. Fredlund e Xing (1994) atentam que, para valores de
sucção altos (maiores do que 1.500 kPa), a sucção matricial e a sucção total podem ser
geralmente assumidas como equivalentes.
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Vários métodos foram desenvolvidos para medir a sucção. As técnicas mais comumente
utilizadas, o tipo de sucção medida e o intervalo de medição podem ser vistos na Tabela 2.5.
Tabela 2.5 - Técnicas de medição da sucção do solo (modificado de FREDLUND; RAHARDJO, 1993).
Um dos métodos mais utilizados é o do papel filtro, que se baseia no princípio de que quando
o solo, com alguma umidade, entra em contato com um papel filtro com uma umidade menor,
o papel filtro irá absorver certa quantidade de água do solo até que o sistema entre em equilíbrio
de pressão. A sucção do solo pode ser obtida tendo como referência a relação entre a umidade
do papel filtro e a sucção, que é a curva de calibração, específica para cada tipo de papel filtro.
Na situação de equilíbrio, o solo e o papel filtro possuem a mesma sucção, porém com umidades
diferentes.
O método permite medir tanto sucção matricial ou total, dependendo se o papel filtro está em
contato direto com o solo ou não. A sucção matricial é medida através do fluxo de água por
capilaridade, pelo contato direto do papel filtro com a amostra. Já a sucção total é medida
através do fluxo de vapor, quando o papel filtro está separado da amostra por um anel espaçador.
A sucção osmótica também pode ser obtida se forem feitas as medições de sucção total e
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matricial (MARINHO, 1994). É um método que requer bastante cuidado na execução, devido
à sensibilidade do papel filtro a interferências externas (MASCARENHA, 2008).
Outra maneira de se obter a curva de retenção do solo, porém de forma bem mais rápida é
utilizando o equipamento WP4C (Dewpoint PotentiaMeter), que é um psicrômetro, ou seja, é
um dispositivo de medição de sucção baseado no princípio da umidade relativa. Esse
equipamento fornece valores de sucção total de forma bastante rápida. O dispositivo consiste
em uma câmara selada constituída de um espelho, um sensor fotoelétrico, um par termoelétrico,
um termômetro infravermelho e um ventilador. Uma amostra de solo é colocada dentro da
câmara e o equipamento detecta a presença de água através do sensor fotoelétrico, devido à
redução de reflexão do espelho. O par termoelétrico determina a temperatura em que ocorreu a
condensação e o termômetro infravermelho determina a temperatura da amostra. A diferença
entre essas duas temperaturas fornece a umidade relativa da amostra de solo e o valor de sucção.
O equipamento deve estar localizado em um local com condições ambientais controladas,
devido à grande sensibilidade a variações de temperatura (DECAGON DEVICES, 2010)
A curva de retenção de água de um solo pode ser representada de várias maneiras como, por
exemplo, a representação utilizando o teor de umidade volumétrico (θ), em escala aritmética, e
a sucção matricial, utilizando escala logarítmica. A energia livre de água no solo, ou seja, a
sucção pode ser representada na curva de retenção pela sucção matricial (ua – uw) ou pela sucção
total (soma da sucção matricial e osmótica).
Na Figura 2.12 é possível observar curvas características típicas para alguns solos. O teor de
umidade residual e o valor de entrada de ar geralmente crescem com a plasticidade e quantidade
de finos do solo. Dessa forma, a curva de retenção pode ser um indicativo da fração argila
presente na amostra, sendo que, geralmente, quanto mais argila tem um determinado material
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maior será a quantidade de água retida sob um mesmo valor de sucção (FREDLUND; XING,
1994).
Figura 2.11 - Curva característica de sucção típica de um solo siltoso (modificado de FREDLUND; XING,
1994).
Valor de entrada de ar
Teor de umidade volumétrica (%)
Teor de ar residual
Curva de secagem
Curva de
molhagem
Figura 2.12 - Curvas características de sucção para um solo arenoso, um siltoso e um argiloso (modificado
de FREDLUND; XING, 1994).
Teor de umidade volumétrica (%)
Solo Argiloso
Solo Siltoso
Solo Arenoso
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A Figura 2.13 mostra curvas características de sucção em solos com diferentes texturas e/ou
distribuição dos poros. Solos arenosos (curva 1a) se mantêm saturados até o valor de entrada
de ar, ψb. Após esse ponto, a curva apresenta um declive acentuado, o que indica uma limitada
amplitude de tamanho dos poros. Pode-se notar que uma pequena variação da sucção
corresponde por uma maior variação de umidade no solo arenoso. O segundo ponto de
curvatura, correspondente ao grau de saturação residual (Sres) e a sucção residual (ψres), é
alcançado rapidamente e maiores aumentos no valor de sucção tem pouco efeito no grau de
saturação (GITIRANA Jr; FREDLUND, 2004).
Figura 2.13 - Curvas características de sucção para várias texturas de solo (modificado de GITIRANA, Jr.;
FREDLUND, 2004).
(1) Unimodal
(1a) Areia
(1b) Silte
Grau de saturação (%)
(1c) Argila 1
(1d) Argila 2
(2) Bimodal
Solos siltosos (curva 1b) possuem curvas características de sucção semelhantes aos solos
arenosos, porém ψb e ψres são geralmente mais elevados devido ao fato de que nos solos siltosos
os poros possuem dimensões menores. Solos argilosos (curvas 1c e 1d) possuem geralmente
valores de entrada de ar superiores aos de solos arenosos e siltosos, e o ponto correspondente
ao grau de saturação residual nem sempre pode ser identificado graficamente (GITIRANA Jr;
FREDLUND, 2004). A diminuição do tamanho dos grãos leva a valores de entrada de ar mais
altos e a inclinações mais suaves da curva (BARBOUR, 1998). Os solos argilosos necessitam
de amplas variações de sucção para modificar o valor da umidade. A curva (2) de
comportamento bimodal é típica de solos tropicais, apresentando dois valores de entrada de ar,
correspondentes a macroestrutura e microestrutura, devido ao fato desses solos possuírem
distribuição de poros descontínua.
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A curva de retenção pode ser influenciada, principalmente, pelas propriedades químicas, pela
estrutura (arranjo das partículas e distribuição dos poros) e pela composição mineralógica do
solo. O teor de umidade inicial também influencia no formato da curva de retenção. Em solos
mais secos, o processo de drenagem é controlado pela macroestrutura, enquanto que em solos
mais úmidos, a microestrutura é responsável pela drenagem. A microestrutura é mais resistente
a drenagem do que a macroestrutura, exigindo assim sucções mais altas. Dessa forma, a curva
de retenção de amostra com teores mais altos de umidade inicialmente terá inclinações
relativamente mais suaves do que amostras mais secas (VANAPALLI; FREDLUND;
PUFHAL, 1999).
A Figura 2.14 ilustra esse comportamento para um solo argiloso. É possível perceber que até
certo valor de sucção (próximo ao valor de entrada de ar) a posição das curvas se inverte.
Segundo Miller et al. (2002), isso ocorre porque o solo compactado na menor energia (maior
porosidade) terá maiores valores de umidade inicial. No entanto, com o aumento da sucção, o
teor de umidade nos solos menos compactados em qualquer valor de sucção, é menor do que
nos solos mais compactados.
Figura 2.14 - Variação da curva característica de sucção de um solo argiloso devido a diferentes energias de
compactação (modificado de MILLER et al., 2002).
Modificada
Teor de umidade volumétrica
Normal
Reduzida
-2
Sucção (kPa x 10 )
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A curva de retenção pode ser utilizada na obtenção de muitos parâmetros para descrever o
comportamento dos solos não saturados (FREDLUND; XING, 1994). Diversas técnicas têm
sido desenvolvidas de forma a prever o comportamento volumétrico, a resistência ao
cisalhamento, a permeabilidade, a adsorção, a difusão de vapor e a condutividade térmica de
um solo não saturado com base da curva característica de sucção (BARBOUR, 1998).
Os dados experimentais obtidos nos ensaios laboratoriais para obtenção da curva característica
de sucção são uma série de pontos desconectados. Diante disso, são necessárias equações de
ajuste para a apresentação gráfica e modelagem numérica dos resultados. As equações de ajuste
extrapolam e interpolam os dados onde estes não existem experimentalmente.
Durner (1994) propôs uma equação para a representação matemática dos dados experimentais
da curva de retenção. Esse autor modificou a expressão para a curva característica de Van
Genuchten (1980), de forma a estender sua aplicação às curvas bimodais, típicas de solos
tropicais. A equação proposta por Durner (1994) é mostrada na Equação (2.2):
𝑚𝐿 𝑚𝑆
100𝑒𝑤𝐿 1 100 𝑒𝑤𝑆 1
𝑤= [ 𝑛 ] + [ 𝑛 ] (2.2)
𝐺 1+(𝛼𝐿 ∗(𝑢𝑎− 𝑢𝑤 )) 𝐿 𝐺 1+(𝛼𝑆 ∗(𝑢𝑎− 𝑢𝑤 )) 𝑆
Onde G é a densidade do solo, ewL é o índice de vazios dos macroporos; L está relacionado ao
valor de entrada de ar dos macroporos, nL é a inclinação da reta que relaciona umidade e sucção
nos macroporos, mL é a inclinação da reta que relaciona umidade e sucção na transição, ewS é o
índice de vazios dos microporos; S está relacionado ao valor de entrada de ar dos microporos,
nS é a inclinação da reta que relaciona umidade e sucção nos microporos e mS é a inclinação da
reta que relaciona umidade e sucção após o valor de umidade higroscópica do solo. É importante
ressaltar que m pode ser obtido a partir de n, pela relação mostrada na Equação 2.3:
𝑚 = 1 − 1/𝑛 (2.3)
Solos tropicais são aqueles que estão presentes em regiões entre os trópicos, apresentando
comportamento particular, diferente dos solos de regiões temperadas. São característicos de
regiões de clima quente e com regime de chuvas moderadas ou intensas. No Brasil, é grande a
ocorrência dos solos tropicais, abrangendo cerca de 60% do território, como mostra a Figura
2.15.
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No entanto, segundo Nogami e Villibor (1995), o solo não pode ser considerado como tropical
apenas por se encontrar em regiões de clima tropical úmido, devendo apresentar aspectos
geotécnicos que o caracterizam como solo tropical ou não. Dentre os solos tropicais destacam-
se duas classes principais: solos de comportamento laterítico e não laterítico.
Figura 2.15 – Ocorrência de solos tropicais no território brasileiro (NOGAMI; VILLIBOR, 1995).
Os solos lateríticos são solos maduros que sofreram fortemente o efeito do intemperismo e que
ocupam as camadas mais superficiais do perfil de subsolo. São formados em regiões de clima
quente e úmido em que há grande infiltração de água no solo. A grande presença de água em
conjunto com as altas temperaturas, cria-se um ambiente ácido, em que o intemperismo químico
prevalece sobre o físico.
O quartzo é o mineral presente com maior frequência na fração areia, imprimindo ao solo
propriedades como: elevada resistência a compressão, elevado módulo de elasticidade, elevada
dureza e massa específica absoluta em torno de 2,65 g/cm3 (NOGAMI; VILLIBOR, 1995). Já
a fração argilosa caracteriza-se pela presença de argilominerais como a caulinita, além de
elevada concentração de óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, como a hematita (Fe2O3) e a
gibbsita (Al (OH)3), que levam a formação das chamadas concreções lateríticas, devido as suas
propriedades cimentantes. A presença desses materiais leva a baixa capacidade de troca
catiônica (CTC) dos solos lateríticos e a sua baixa expansividade. Quanto mais intemperizado
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é o solo, maior a quantidade de óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, que dão a coloração
avermelhada característica dos solos lateríticos.
Os solos lateríticos em seu estado natural geralmente estão não saturados com índice de vazios
elevado. Devido a isso, a baixa resistência e a baixa capacidade de suporte são características
desses solos. No entanto, quando compactados podem adquirir grande capacidade de suporte e
baixa permeabilidade (NOGAMI; VILLIBOR, 1995), sendo assim muito empregados em obras
de pavimentação e aterros.
Já os solos não lateríticos ou também conhecidos como saprolíticos são solos residuais,
resultantes da desagregação ou decomposição in situ da rocha mãe, preservando a sua estrutura
original. Tem a presença de argilominerais ativos como a esmectita e a ilita, que leva esses solos
a apresentarem elevada expansividade quando imersos em água. As camadas de solos
saprolíticos localizam-se em maiores profundidades no perfil, abaixo dos solos lateríticos (mais
intemperizados) e sobre a rocha original. A sua fração areia pode ser constituída por uma grande
variedade de minerais diferentes do quartzo, embora este possa ser o predominante em alguns
casos. Alguns minerais que se pode destacar são o feldspato e a mica. Além disso, por
dependerem fortemente da rocha de origem podem ter características bem distintas (NOGAMI;
VILLIBOR, 1995).
Uma característica importante dos solos tropicais é que eles praticamente não contem húmus
mesmo sob densa cobertura vegetal. Isso ocorre porque as temperaturas elevadas das regiões
tropicais favorecem o desenvolvimento das bactérias que destroem o húmus rapidamente, não
permitindo o seu acúmulo. Nas regiões temperadas, as temperaturas relativamente baixas
fazem com as bactérias se desenvolvam mais lentamente, levando ao acúmulo de húmus
(BIGARELLA; BECKER; PASSOS, 1996).
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O ensaio de adsorção de azul de metileno é baseado no princípio que o corante possui afinidade
com os argilominerais, ou seja, com a fração argilosa do solo. O ensaio consiste em introduzir
quantidades crescentes de solução de azul de metileno, por doses sucessivas, até que a superfície
das partículas, que têm capacidade de adsorção, esteja coberta. Nesse momento, passa a existir
um excesso de azul de metileno na preparação, correspondendo ao ponto de viragem que marca
o fim do ensaio, e que pode ser detectado pelo teste da mancha. Esse teste consiste em colocar
uma gota da preparação em um papel filtro e verificar se existe uma auréola azul mais clara no
bordo da mancha. A presença de auréola traduz a existência de azul de metileno livre na
preparação, evidenciando que todas as partículas susceptíveis de adsorverem azul de metileno
estão cobertas por uma camada de moléculas dessa substância. Esse ensaio permite verificar o
grau de laterização do solo ensaiado.
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Outro ensaio bastante realizado em solos tropicais é a difração de raios-X, que permite a
caracterização mineralógica dos argilominerais e outros constituintes de granulação fina das
amostras, além da determinação da estrutura de compostos orgânicos e inorgânicos naturais e
sintetizados.
Quando a tensão sobre uma camada saturada de solo aumenta, devido a aplicação de um
carregamento na superfície, a poropressão irá aumentar. Com isso, será necessário um tempo
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para que o excesso de poropressão se dissipe e o aumento da tensão seja transferido para o
esqueleto sólido, o que vai depender da permeabilidade do solo. À medida que o excesso de
poropressão vai se dissipando, a tensão efetiva irá sofrer um aumento gradual, provocando
deformações no solo ao longo do tempo, que é o processo de adensamento (DAS, 2007).
O processo de adensamento pode ser dividido em duas fases (LAMBE; WHITMAN, 1978):
2. A compressão lenta e contínua que continua a ocorrer após o excesso de poropressão ter
substancialmente se dissipado, é chamada de adensamento secundário (creep), que será melhor
analisado na próxima seção (2.3.1).
No estudo do adensamento, vários parâmetros devem ser analisados para que o comportamento
do material em relação à deformabilidade do material seja compreendido. Entre esses
parâmetros, estão os que representam a compressibilidade, ou seja, a relação entre a magnitude
das deformações e a variação no estado de tensões imposto. Os parâmetros de
compressibilidade mais conhecidos são o coeficiente de variação volumétrica (mv), coeficiente
de compressilidade (av), índice de compressão (cc) e o índice de recompressão (cr).
Por meio das curvas resultantes dos ensaios de adensamento é possível obter o coeficiente de
adensamento (cv), que é o parâmetro que relaciona a variação do excesso de poropressão ao
longo do tempo com a quantidade de água drenada para fora dos vazios do solo ao longo desse
tempo, devido ao adensamento (HEAD, 1982). O coeficiente de adensamento depende de
propriedades do solo como a permeabilidade e a compressibilidade.
O coeficiente de adensamento (cv) pode ser obtido por meio gráfico, com base no formato da
curva de adensamento (altura do corpo de prova versus tempo) obtida em laboratório. Os
métodos para a determinação do cv são os métodos de Casagrande e de Taylor, detalhados na
NBR 12007 (ABNT, 1990). Porém, em alguns casos, pode ser difícil estimar o real cv das
amostras, como o fosfogesso e misturas solo e fosfogesso, pelo fato desse material não
apresentar estabilização de leituras dos deslocamentos verticais, o que leva a valores
incoerentes do coeficiente de adensamento (MATOS, 2011).
Uma alternativa utilizada por Matos (2011) para a obtenção do cv é baseada no coeficiente de
permeabilidade (k), no coeficiente de variação volumétrica (mv) e no índice de vazios. Esse
autor obteve o coeficiente de adensamento para o solo, fosfogesso e misturas solo e fosfogesso,
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Segundo Lambe e Whitman (1978), o creep ocorre quando o excesso de poropressão já foi
substancialmente dissipado, porém ainda deve existir um pequeno excesso de poropressão
durante o adensamento secundário que faz com que a água percole pelo solo. No entanto, esse
processo de desenvolve bem lentamente e a velocidade do fluxo é bastante baixa.
Analisando-se ensaios de creep em equipamentos triaxiais, duas definições de creep podem ser
encontradas na literatura. Em condições drenadas, as tensões efetivas, isto é, a tensão efetiva
principal, p’, e a tensão desviadora, q, são mantidas constantes e o creep é representado por um
único ponto no gráfico de trajetórias de tensões. Em condições não drenadas, ocorre o aumento
de poropressão e a diminuição da tensão efetiva principal p’, enquanto que a tensão desviadora
q, que é independente da poropressão, se mantém constante. De acordo com a definição de
creep (desenvolvimento de tensões ao longo do tempo em tensões efetivas constantes), pode-
se concluir que a situação não drenada não corresponde a um processo de creep puro. No
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entanto, é considerado muitas vezes na literatura que o creep ocorre nas duas situações, drenada
e não drenada (LIINGAARD; AUGUSTESEN; LADE, 2004a).
Nem sempre fica claro se as condições constantes durante um ensaio de creep se referem ao
parâmetro da tensão efetiva constante ou ao carregamento constante. Há uma diferença clara
entre esses dois lados. Quando o carregamento é constante, o creep ocorre sob tensões que
diminuem com o tempo. Isso ocorre porque quando o carregamento é constante, a área da
amostra aumenta, o que irá provocar uma contínua diminuição dos valores das tensões. Porém,
somente o creep que ocorre sob condições de tensão efetiva constante, e não carregamento
constante pode ser considerado como creep verdadeiro. Assim, é considerado como creep
verdadeiro aquele em que o estado de tensões efetivo é mantido constante ao longo do ensaio
(LIINGAARD; AUGUSTESEN; LADE, 2004a).
O fenômeno de creep ocorre tanto em argilas como em areias, sendo mais pronunciado nas
argilas. Porém, as areias sofrem deformações relativamente maiores devido à quebra dos grãos.
O creep em areias é mais difícil de ser previsto e as investigações realizadas nesse tipo de solo
são poucas comparadas com as investigações em argilas. Em solos granulares, o creep é
causado pelo rearranjo das partículas. Esse mecanismo se dá pelo preenchimento dos pequenos
vazios por partículas pequenas do solo, originadas pela fratura em massa de partículas um pouco
maiores. A fratura dessas partículas irá provocar o rearranjo, fazendo com que os pequenos
vazios se tornem preenchidos.
Um ensaio de creep é ilustrado na Figura 2.18. Considerando um solo cisalhado até o estado de
tensão e deformação do ponto A, o processo de creep é iniciado nesse ponto deixando que a
tensão seja constante ao longo do tempo (Figura 2.18(b)). À medida que o tempo avança, o
estado de deformação passa para o ponto B. Durante esse processo, a deformação aumenta de
forma gradual, ou seja, o solo está sofrendo creep (Figura 2.18(c)). Portanto, pode-se dizer que
durante um ensaio de creep, que é caracterizado pela tensão constante, a deformação aumenta
(LIINGAARD; AUGUSTESEN; LADE, 2004a).
O creep ou adensamento secundário pode ser descrito como uma relação aproximadamente
linear entre a deformação vertical εz ou índice de vazios e o logaritmo do tempo. Essa relação
é dada pelo coeficiente de adensamento secundário (Cα), ilustrado na Figura 2.19. Esse
coeficiente pode ser definido de diversas formas, sendo que as mais comuns são as mostradas
nas Equações 2.4 e 2.5 (LIINGAARD; AUGUSTESEN; LADE, 2004a):
J. V. R. Chagas Capítulo 2
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 62
∆𝑒
𝐶𝛼 = ∆ 𝑙𝑜𝑔(𝑡) (2.4)
∆𝜀
𝐶𝛼 = ∆𝑙𝑜𝑔𝑧(𝑡) (2.5)
Figura 2.18 - Ensaio de creep em um baixo nível de tensão: (a) Relação tensão-deformação; (b) Histórico de
tensões; (c) Histórico de deformações (modificado de LIINGAARD; AUGUSTESEN; LADE,
2004a).
B
A B
A B
A
Fim do
adensamento
Cα
log Δt
Tempo ao final do
εz
adensamento primário
J. V. R. Chagas Capítulo 2
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 63
drenagem e a espessura do solo. Quanto mais espessa é uma camada de solo, maior será o tempo
para que o adensamento primário aconteça;
Ainda não existe um acordo entre os pesquisadores a respeito de quando ocorre o creep e se
existe uma combinação de compressão primária e secundária durante o processo de dissipação
do poropressão (DUNCAN; RAJOT; PERRONE, 19964 apud LIINGAARD; AUGUSTESEN;
LADE, 2004a). É importante destacar também que não existe distinção das hipóteses A e B no
caso de solos permeáveis como as areias (LIINGAARD, AUGUSTESEN, LADE, 2004b). A
conclusão que se pode tirar é que o comportamento real do solo se encontra entre os dois casos
extremos que essas hipóteses representam.
3
LADD, C. C.; FOOTT, R.; ISHIHARA, K.; SCHLOSSER, F.; POULOS, H. J. Stress-deformation and strength
characteristics. In: 9th INTERNATIONAL CONFERENCE ON SOIL MECHANICS AND FOUNDATION
ENGINEERING (ICSMFE), 1977. Proceedings… Japan: 9th ICSMFE, 1977. v. 2, p. 421–494.
4
DUNCAN, J. M.; RAJOT, J. P.; PERRONE, V. J. Coupled analysis of consolidation and secondary compression.
In: 2nd INTERNATIONAL CONFERENCE ON SOFT SOIL ENGINEERING, 1996. Proceedings…Nanjing,
China: 2nd International conference on soft soil engineering, 1996. p. 3-27.
J. V. R. Chagas Capítulo 2
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 64
O comportamento hidro-mecânico dos solos não saturados é influenciado pelo seu arranjo
estrutural e a análise da macro e da microestrutura é bastante importante para verificar a
influência do arranjo nas propriedades dos materiais e no seu comportamento (DELAGE et
al.,1996).
Duas técnicas bastante utilizadas para a análise da microestrutura são a porosimetria por injeção
de mercúrio (MIP) e a microscopia eletrônica de varredura ambiental (ESEM).
O MIP é uma técnica utilizada para se obter uma representação quantitativa da microestrutura
dos materiais. Consiste em se aplicar uma pressão no mercúrio de forma que ele penetre os
poros do solo. Essa técnica é utilizada para se determinar a distribuição dos poros, relacionando
o volume de poros injetados e a pressão necessária de injeção. Os dados da microestrutura da
amostra obtidos com o MIP são ferramentas bastante úteis para que a deformabilidade do
material em escala macroscópica seja entendida. O MIP tem sido muito utilizado na
caracterização da porosidade de diferentes tipos de solo e no estudo na evolução dessa
porosidade ao longo de diferentes trajetórias de tensões. Uma importante informação que se
obtém do MIP é a densidade do tamanho dos poros (PSD), que é derivada da distribuição do
tamanho dos poros.
O ensaio de ESEM é uma técnica que permite a análise dos rearranjos das agregações, das
partículas e dos vazios dos solos. É um modelo de varredura especial que funciona sob
condições ambientais controladas e não requer nenhum revestimento condutivo na amostra.
Isso permite que seja possível examinar amostras úmidas e preservar suas características
naturais para ensaios posteriores, representando uma vantagem em relação à microscopia
eletrônica de varredura convencional (SEM).
Romero (1999) realizou ensaios de MIP em argilas compactadas em duas diferentes energias
de compactação com densidades secas de 13,7 e 16,7 kN/m³ (Figura 2.20). O autor verificou
que a amostra com maior densidade seca (16,7 kN/m³) apresentou menor densidade do tamanho
dos poros (PSD) e que pouca variação foi percebida na microestrutura das duas amostras. O
aumento da energia de compactação provoca mudanças no esqueleto sólido em nível da
J. V. R. Chagas Capítulo 2
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 65
Figura 2.20 - Distribuição de poros a partir do MIP para amostras compactadas em diferentes densidades
(modificado de ROMERO, 1999).
PSD
Buenfil (2007) também utilizou o MIP para verificar a influência da energia de compactação
em duas amostras de argila compactada de Barcelona (Espanha): amostra 1 (peso específico
aparente seco = 14,9 kN/m³ e índice de vazios =0,82) e amostra 2 (peso específico aparente
seco = 17 kN/m³ e índice de vazios = 0,55). A distribuição do tamanho de poros se mostrou
claramente bimodal (macroporos e microporos) em ambas as amostras como pode ser visto na
Figura 2.21. Esse autor observou, assim como Romero (1999), que a compactação afetou
somente a estrutura dos poros inter-agregados, sendo que os poros intra-agregados se
mantiveram relativamente constantes para as duas amostras.
Buenfil (2007) também realizou ensaios de ESEM nas duas amostras compactadas em
diferentes energias. A Figura 2.22 mostra as fotografias obtidas por essa técnica para as
amostras com índice de vazios de 0,82 e 0,55. Os resultados são razoavelmente consistentes
com as curvas de distribuição dos tamanhos dos poros obtidas com o MIP. Pode-se observar
claramente os diferentes tamanhos dos poros inter-agregados das amostras, sendo que o solo
com menor peso específico aparente seco apresenta os poros de maior dimensão. Já os poros
intra-agregados se mostram com tamanhos similares nas duas amostras analisadas.
J. V. R. Chagas Capítulo 2
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 66
Figura 2.21 - Função da densidade do tamanho dos poros (PSD) obtida com o MIP para amostras compactadas
em diferentes densidades (modificado de BUENFIL, 2007).
PSD
Figura 2.22 - Fotografias obtidas com a ESEM para a argila de Barcelona compactada em diferentes
densidades: a) amostra 1 (índice de vazios = 0,82); b) amostra 2 (índice de vazios = 0,55); (BUENFIL, 2007).
J. V. R. Chagas Capítulo 2
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 67
Mascarenha (2008) realizou ensaios de MIP e de ESEM em uma argila siltosa do canal Algerri-
Balaguer, na Catalunha, Espanha. O objetivo da análise foi compreender o comportamento
estrutural do solo e verificar as alterações estruturais que ocorrem devido a variações do índice
de vazios, por meio de trajetórias de umedecimento e carregamento. Os ensaios foram
realizados em amostras no estado natural, sem carregamento, e em amostras colapsadas.
A Figura 2.23 mostra a relação entre a PSD e o diâmetro dos poros para amostras no estado
natural (e = 0,71) e colapsadas (e = 0,53; e = 0,45) conforme obtido nos ensaios realizados por
Mascarenha (2008). Verificou-se que a estrutura do solo pouco se modificou após o colapso,
ocorrendo somente uma diminuição da densidade dos poros presentes na macroestrutura, com
pequena variação dos diâmetros dos poros dominantes. Pode-se observar também pela Figura
2.23 que a microestrutura do solo não sofreu alteração ao se analisar os três índices de vazios.
Figura 2.23 - Relação entre o PSD e os diâmetros dos poros das amostras no estado natural e colapsadas
(MASCARENHA, 2008).
J. V. R. Chagas Capítulo 2
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 68
Figura 2.24 - ESEM com aumento de 250 e 1000x para a amostra natural, e = 0,71 (MASCARENHA,
2008).
As Figuras 2.25 e 2.26 apresentam os resultados obtidos com o ESEM para as duas amostras
submetidas ao colapso (e= 0,53; e= 0,45) a partir de diferentes valores de sucção. Mascarenha
(2008) observou comparando-se as três amostras (natural e colapsadas) que elas apresentaram
poros com dimensões elevadas mesmo quando submetidas a processos de carregamento e
umedecimento, embora em quantidades menores do que a amostra que não sofreu
carregamentos, estando em acordo com o obtido os resultados obtidos com o MIP. Mascarenha
(2008) destaca que a redução do índice de vazios nas amostras, devido aos carregamentos
utilizados na pesquisa, ocorre exclusivamente devido ao rearranjo macroestrutural do solo, sem
alterações na microestrutura.
Figura 2.25 - ESEM com aumento de 250 e 1000x para a amostra com e = 0,53 (MASCARENHA, 2008).
J. V. R. Chagas Capítulo 2
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 69
Figura 2.26 - ESEM com aumento de 250 e 1000x para a amostra com e = 0,45 (MASCARENHA, 2008).
J. V. R. Chagas Capítulo 2
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
Neste capítulo será descrita a visita técnica na indústria de fertilizantes onde foi coletado o
fosfogesso, o procedimento de coleta dos materiais que foram estudados e os ensaios de
laboratório que foram realizados ao longo do desenvolvimento desta pesquisa.
Foi realizada uma visita técnica em uma empresa responsável pela produção de fertilizantes
fosfatados, localizada na cidade de Catalão, Goiás. A visita foi realizada no dia 28 de setembro
de 2012 com o objetivo de acompanhar o processo de formação e armazenamento do fosfogesso
e realizar a coleta do material a ser utilizado na pesquisa.
A indústria é uma das maiores fabricantes de fertilizantes fosfatados do Brasil e tem uma
capacidade de produção anual de 1,35 milhões de toneladas de concentrado de fosfato, sendo
produzido fertilizantes fosfatados de alta (40% de P2O5) e baixa concentração (20% de P2O5),
fosfato bicálcico (DCP) para alimentação animal, além de ácidos para uso industrial (fosfórico,
sulfúrico e fluossilícico). A empresa possui três unidades de operação, sendo a mina e a unidade
de beneficiamento situadas em Ouvidor (GO), e duas unidades de processamento situadas em
Catalão (GO) e Cubatão (SP).
A unidade de Catalão possui capacidade de produção de 150 mil toneladas por ano de ácido
fosfórico (MATOS, 2011). Em relação ao fosfogesso, são geradas cerca de 60 mil toneladas
por mês, que são estocadas em pilhas a céu aberto, como mostra a Figura 3.1.
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 71
Durante a visita (28/09/2012) em Catalão (GO) foi realizada a coleta do fosfogesso que foi
utilizado nesta pesquisa. A coleta foi feita nas pilhas de estocagem dentro da indústria, que são
controladas por uma empresa terceirizada. Foram coletados cerca de 150 kg de fosfogesso,
sendo colocados em sacos plásticos, como se pode observar na Figura 3.2. Após a coleta, o
material foi levado ao Laboratório de Mecânica dos Solos da Escola de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Goiás (UFG) em Goiânia (GO), onde foi armazenado para a realização
dos ensaios.
Figura 3.2 - Coleta do fosfogesso: (a) coleta na pilha de estocagem; (b) armazenamento do fosfogesso em
sacos plásticos (28/09/2012).
(a) (b)
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 72
O solo utilizado na pesquisa foi coletado no dia 06 de outubro de 2012, na mesma jazida
utilizada por Matos (2011), localizada no Setor Vila Brasília em Aparecida de Goiânia (GO),
no local de construção da pista experimental estudada por Metogo (2010). Foram coletados
aproximadamente 250 kg de solo, sendo colocado em sacos plásticos e transportado para o
Laboratório de Mecânica dos Solos da Escola de Engenharia Civil da UFG. A Figura 3.3 mostra
o local de coleta do solo e o armazenamento do mesmo em sacos plásticos.
Figura 3.3 - Coleta do solo: (a) local de escavação e coleta; (b) armazenamento do solo em sacos plásticos
(06/10/2012).
(a) (b)
Após a coleta dos materiais (fosfogesso e solo), uma parte continuou estocada em sacos e outra
parte foi distribuída em bandejas para secagem em temperatura ambiente. Após a secagem, o
material foi destorroado e misturado com o auxílio do quarteador para obtenção de uma amostra
representativa, conforme sugere a NBR 6457 (ABNT, 1986a), e em quantidade suficiente para
o início da realização dos ensaios laboratoriais.
No caso do fosfogesso, a temperatura da estufa na secagem é um fator que se deve estar atento
ao se determinar os teores de umidade. Altas temperaturas, como as sugeridas pela NBR 6457
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 73
Diante disso, as amostras para a medição de umidade do fosfogesso e da mistura foram levadas
em estufa a temperatura de aproximadamente 65ºC, de forma a garantir que o fosfogesso
mantivesse sua estrutura original. Além disso, o fosfogesso leva maior tempo para a
estabilização da umidade, por isso os resultados foram obtidos após 48 horas.
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 74
Para a realização dos ensaios de adensamento, as amostras devem ser previamente compactadas
na umidade ótima e massa específica seca máxima. Como foram feitos ensaios de adensamento
em três materiais diferentes (solo, fosfogesso e mistura A), foi necessário a obtenção de três
curvas de compactação para a determinação dos respectivos valores de umidade ótima e massa
específica seca máxima.
Para obter estas curvas de compactação e também para preparar os corpos de prova para os
ensaios de adensamento, foram seguidas as especificações da NBR 6457 (ABNT, 1986), sendo
as amostras umedecidas e armazenadas em sacos plásticos fechados por um período de 24
horas, para a homogeneização da umidade. Após esse período, as amostras foram compactadas
(sem reuso de material) de forma manual na energia Proctor Intermediária (Figura 3.4(a)),
utilizando o cilindro pequeno, de acordo com os procedimentos da NBR 7182 (ABNT, 1986b).
A energia Proctor Intermediária foi escolhida para que ficasse em concordância com a energia
utilizada em pesquisas anteriores realizadas com o fosfogesso, como a de Mesquita (2007),
Rufo (2009), Metogo (2010) e Matos (2011).
Depois de compactados, os corpos de prova foram rasados com o auxílio de régua biselada
(Figura 3.4(b)) e pesados. Para as amostras compactadas visando os ensaios de adensamento,
as mesmas foram extraídas dos cilindros de compactação (Figura 3.4(c)) e colocados em sacos
plásticos lacrados e identificados, sendo deixadas em cura por dois dias até o início dos ensaios.
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 75
Figura 3.4 - Processo de compactação do fosfogesso: (a) Compactação no cilindro pequeno e energia
Proctor Intermediária; (b) Corpo de prova rasado após a compactação; (c) Extração do corpo de prova.
Para que o tempo de cura da mistura solo e fosfogesso não influencie na execução dos ensaios,
todos os corpos de prova tiveram um período de cura úmida de dois dias, entre a compactação
e o início do ensaio de adensamento. A partir das amostras compactadas na umidade ótima e
massa especifica seca máxima (definidos a partir da curva de compactação), os corpos de prova
foram moldados para o ensaio de adensamento utilizando-se os anéis de moldagem metálicos
possuindo aproximadamente 20 mm de altura e 75 mm de diâmetro (Figura 3.5(a)). Após serem
moldadas, as amostras foram colocadas nas células de adensamento (Figura 3.5(b)) e levadas
para a prensa de aplicação de carga para serem saturadas.
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 76
Figura 3.5 - Preparação da amostra para o ensaio de adensamento: (a) Processo de moldagem do corpo de
prova; (b) amostra colocada dentro da célula de adensamento.
(a) (b)
Os ensaios de adensamento (Figura 3.6) foram realizados de acordo com a NBR 12007 (ABNT,
1990) em amostras adensadas com carga de 800 kPa. Essa tensão elevada foi escolhida para
que o efeito do carregamento nos corpos de prova fosse evidenciado, permitindo, dessa forma,
uma melhor avaliação do comportamento dos materiais em relação à evolução das deformações
ao longo do tempo. Além disso, a tensão de 800 kPa era a máxima tensão que o equipamento
permitia aplicar. No início do ensaio, foi aplicada uma tensão de contato de 5 kPa até a
estabilização, e em seguida, foi feita a inundação por um período de 24 horas. Após esse
período, seguiu-se o carregamento.
Figura 3.6 - Prensa do Laboratório de Geotecnia da UFG para a realização dos ensaios
de adensamento.
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 77
Os ensaios com tempo de 48 horas foram realizados em sete estágios de carregamento até a
tensão de 800 kPa, sendo as cargas aplicadas na seguinte sequência: 12,5; 25; 50; 100; 200; 400
e 800 kPa, com o intervalo entre cada tensão de 48 horas. Em cada um dos estágios, foram feitas
leituras de até 48 horas, sendo que as leituras até 24 horas foram feitas conforme a NBR 12007
(ABNT,1990) e depois foram feitas leituras correspondentes aos tempos de 36 horas e 48 horas
após a aplicação da carga. Já nos ensaios com tempos de carregamento de 7 e 15 dias, as
amostras foram submetidas a tensão de 800 kPa, aplicada de forma direta, ou seja, em somente
um estágio. Nesse caso, a tensão de 800 kPa foi mantida constante pelo tempo correspondente
ao ensaio (7 ou 15 dias). As leituras foram feitas até 24 horas conforme a NBR 12007 (ABNT,
1990) sugere e depois foram feitas duas leituras por dia (36 horas, 48 horas, 60 horas, 72 horas
e assim sucessivamente) até completar os 7 ou 15 dias.
Ao final dos ensaios, após a carga de 800 kPa ter sido mantida durante o tempo correspondente
ao ensaio (48 horas, 7 ou 15 dias), foi feito o descarregamento em estágios (no caso do ensaio
de 48 horas) ou direto (7 e 15 dias) com leituras até 30 minutos após a retirada da carga. Após
o descarregamento, as amostras foram retiradas das células de adensamento, pesadas e divididas
em três partes para diferentes finalidades: determinação do teor de umidade, realização do
ensaio de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), descrito na seção 3.3.3.1, e
determinação da curva de retenção de água pelo WP4C (seção 3.3.3.2).
captar imagens de alta resolução da superfície de uma amostra (Figura 3.7). Além disso, o
equipamento é equipado com EDS Thermo scientific NSS Spectral Imaging que permite obter
dados semi-quantitativos da composição química dos materiais.
O objetivo da realização desse ensaio é analisar a microestrutura das amostras após os ensaios
de adensamento, verificando a alteração que o tempo de carregamento provoca no arranjo
estrutural dos materiais. Além disso, esse ensaio também foi realizado antes da amostra ser
submetida ao ensaio de adensamento, permitindo uma comparação entre o antes e depois do
carregamento.
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 79
Figura 3.8 – Preparação das amostras para o MEV: (a) amostras de fosfogesso, mistura A e solo; (b) sílica
azul.
(a) (b)
Mascarenha (2008) observou que a curva característica é uma ferramenta eficaz e de grande
utilidade para a determinação da distribuição de poros do solo quando houver a impossibilidade
de se realizar ensaios específicos para esse fim, como o MIP.
Essa técnica parte da Equação de Kelvin, que permite relacionar a sucção (ua – uw), a tensão
superficial do líquido (Ts) e o raio de curvatura do menisco (Rs). Sabendo-se que o raio de
curvatura do menisco é função do tamanho do poro existente no interior da amostra e da
quantidade de água armazenada no interior desse poro, é possível obter uma relação entre o
diâmetro do poro e a sucção.
Nos ensaios de MIP, os valores dos índices de vazios são calculados a partir do volume de
mercúrio que penetra na amostra e os diâmetros das partículas são definidos por meio da
Equação 3.1 (WASHBURN, 1921):
De acordo com Romero (1999), a injeção de mercúrio na amostra com um ângulo de 140º (φhg)
equivale à expulsão de água com um ângulo de 180º (φw) em poros de mesmo diâmetro. Assim,
a Equação 3.1 é extrapolada para sucção e se obtém a Equação 3.2:
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 80
1
𝐷 = −𝑢 4γw cosφw (3.2)
𝑎 −𝑢𝑤
Ao substituir os valores de γhg, φhg, γw e φw, é possível calcular a pressão de injeção de mercúrio
em função da sucção, obtida pela curva característica, conforme a Equação 3.3 (ROMERO,
1999):
𝑢𝑎 −𝑢𝑤
𝑃= (3.3)
0,196
Segundo Romero (1999) a injeção de mercúrio é equivalente à saída de água de uma amostra,
inicialmente saturada, submetida à um processo de secagem, para poros de mesmo diâmetros.
Assim, os valores dos índices de vazios preenchidos por mercúrio (enw) podem ser obtidos a
partir dos valores de saturação (Sr) da curva característica, relacionando esses vazios com os
vazios preenchidos por ar em processo de secagem, conforme a Equação 3.4:
Assim, com os valores do diâmetro do poro (D) e índices de vazios preenchidos por mercúrio
(enw) conhecidos, a PSD (densidade de tamanho dos poros) pode ser estimada através da
Equação 3.5, definindo assim o diâmetro dos poros dominantes na amostra (JUANG; HOLTZ,
1986).
∆𝑒
𝑃𝑆𝐷 = ∆log(𝐷𝑛𝑤/𝐷 (3.5)
1 2)
Para a obtenção da curva de retenção de água foram feitos ensaios no equipamento WP4C
Dewpoint PotentiaMeter (medidor do ponto de orvalho) do fabricante Decagon Devices, em
amostras de solo, fosfogesso e mistura A compactadas em umidade ótima e massa específica
seca máxima. Além disso, o ensaio foi realizado também nas amostras após os ensaios de
adensamento saturados (48 horas, 7 dias e 15 dias) para cada um dos materiais (solo, fosfogesso
e mistura A). Os ensaios foram realizados no Laboratório de Geotecnia da UFG.
O WP4C (Figura 3.9) é um equipamento utilizado para medir o potencial de água de forma
rápida e precisa. São medidos valores de poropressão de água entre 0 e -300 MPa. A técnica do
WP4C se baseia no ponto de orvalho, ou seja, a temperatura à qual o vapor de água presente no
ar passa ao estado líquido através da condensação, permitindo medir a sucção total a partir da
pressão de vapor de ar em equilíbrio com a amostra dentro de uma câmara selada de medição.
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 81
O WP4C detecta o ponto de orvalho das amostras através de um espelho, cuja temperatura é
controlada por um refrigerador termoelétrico. Ao ocorrer a condensação pela primeira vez no
espelho, o feixe de luz na reflexão irá sofrer uma mudança, e esse fato é detectado e registrado
por uma célula fotoelétrica. A temperatura que ocorreu a condensação é registrada por um
termoelétrico conectado ao espelho. Ao serem feitas as primeiras medidas, os valores começam
a ser exibidos no painel do equipamento. Quando os valores finais de medição são atingidos, o
WP4C sinaliza através de som e de um LED verde e o painel registra o potencial de água final
e a temperatura da amostra (DECAGON DEVICES, 2010).
Para a execução do ensaio nesta pesquisa, foram moldadas pequenas quantidades das amostras
(na umidade higroscópica) em cápsulas específicas para o WP4C, de forma que material
encubra o fundo da cápsula (Figura 3.10).
3.3.3.3 Permeabilidade
Depois de compactado, o corpo de prova foi pesado e extraído do cilindro e suas dimensões
foram anotadas. Em seguida, foi colocado no permeâmetro para o processo de montagem. O
espaço entre as paredes do permeâmetro e corpo de prova foi preenchido com argila bentonítica
(Figura 3.11(a)), material de baixa permeabilidade, com o objetivo de garantir estanqueidade
e fazendo com que a água percole somente pelo corpo de prova. Sobre o corpo-de-prova
foi colocado um papel-filtro e sobre a bentonita foram colocados o anel plástico e o anel
de borracha, sendo o espaço restante do permeâmetro preenchido com seixos rolados,
material de alta permeabilidade (Figura 3.11(b)). Vale ressaltar que o corpo de prova não
foi parafinado antes de ser colocado no permeâmetro. Após a montagem do permeâmetro,
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 83
foi iniciada a saturação ascendente em coluna d’água. Sendo verificada a saturação do corpo de
prova, foi definido um gradiente de 10 para a medição da permeabilidade.
Figura 3.11 - Processo de montagem do permeâmetro: (a) Preenchimento com argila bentonítica da base até a
altura do corpo de prova; (b) Preenchimento com seixos rolados na parte superior.
(a) (b)
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 84
100% de material passante na peneira 325 mesh Tyler (0,043 mm). Em seguida, o material foi
analisada no difratômetro de raios X pelo Método do Pó Não-Orientado (Análise Integral).
Figura 3.12 - Difratômetro de FURNAS Centrais Elétricas S. A., utilizado nas análises.
Para a análise da deformabilidade não saturada foram realizados ensaios de adensamento com
controle de umidade (não saturados) e ensaios de controle de umidade, explicados a seguir.
Para a análise da deformabilidade não saturada foram executados ensaios de adensamento com
umidade inicial conhecida no solo, no fosfogesso e na mistura de solo com 10% de fosfogesso
(mistura A) compactados na umidade ótima. Os ensaios foram realizados no Laboratório de
Geotecnia da UFG.
Os materiais foram compactados segundo a NBR 7182 (ABNT, 1986b) e após a compactação,
os corpos de prova foram então moldados com os anéis metálicos e transferidos para a célula
de adensamento para o início do ensaio.
J. V. R. Chagas Capítulo 3
D0089G14: Análise da deformabilidade do fosfogesso 85
Os ensaios de adensamento foram realizados de acordo com a NBR 12007 (ABNT, 1990) com
carregamentos em estágios até a tensão de 800 kPa (12,5; 25; 50; 100; 200; 400; 800 kPa). O
intervalo entre um carregamento e outro foi de 48 horas, de acordo com o realizado por Matos
(2011). Inicialmente, foi aplicada uma tensão de contato de 5 kPa até a estabilização, de
aproximadamente 5 minutos, e logo em seguida foi aplicado o carregamento de 12,5 kPa. Ao
final do ensaio, ao ser atingida a tensão de 800 kPa (mantida por 48 horas), foi feito o
descarregamento em estágios com leituras até 30 minutos após a retirada de cada carga. Após
o descarregamento, as amostras foram pesadas e colocadas para a determinação do teor de
umidade.
Apesar de se realizar os ensaios de adensamento não saturados com umidade inicial conhecida,
existe uma perda de água que ocorre devido às condições ambientais do laboratório onde serão
realizados os ensaios. Diante disso, para que se tenha controle do teor de água retirado das
amostras no decorrer do ensaio de adensamento, foram executados ensaios de controle de
umidade de acordo com o sugerido por Silva (2009).
J. V. R. Chagas Capítulo 3