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PEDRO HENRIQUE MENDES GOUVEIA DOS SANTOS

YAGO VIANA LESSA MOURA

PROJETO DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA


UTILIZANDO O CICLO BRAYTON REGENERATIVO PARA
ATENDER A DEMANDA ENERGÉTICA DE SÃO TIAGO-MG

LAVRAS-MG
2019
PEDRO HENRIQUE MENDES GOUVEIA DOS SANTOS
YAGO VIANA LESSA MOURA

PROJETO DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA UTILIZANDO O CICLO


BRAYTON REGENERATIVO PARA ATENDER A DEMANDA ENERGÉTICA DE
SÃO TIAGO-MG

Projeto Final apresentado como parte do sistema de


avaliação da disciplina de graduação do curso de
Engenharia Mecânica GNE400 – Sistemas Térmicos.

Prof. Dr. Adriano Viana Ensinas

LAVRAS-MG
2019
RESUMO

Neste projeto será realizada a modelagem completa de uma termelétrica utilizando um


sistema operando com o ciclo Brayton Regenerativo e alimentado com o gás liquefeito de
petróleo (GLP), com intuito de atender a demanda de energia elétrica da cidade de São Tiago-
MG. Deste modo, será utilizada uma turbina real de acordo com a potência requerida pelo
município. Além disso, para modelagem do ciclo, serão consideradas todas as informações
relevantes disponibilizadas pelo fabricante no catálogo do produto. Finalmente, serão
comparados os resultados obtidos via modelagem com aqueles presentes no catálogo, com o
intuito de validar o projeto proposto.
Palavras-chave: Brayton Regenerativo. São Tiago. Turbina a gás.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Turbina a gás Capstone C800S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Figura 2 – Representação em corte da turbina Capstone evidenciando a presença do. . . . . . . . .


regenerador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Figura 3 - Ciclo Brayton regenerativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Informações do catálogo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6

Tabela 2 – Coeficientes estequiométricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8

Tabela 3 – Eficiências do ciclo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

Tabela 4 – Trabalhos do ciclo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

Tabela 5 – Tabela paramétrica dos resultados obtidos via software EES. . . . . . . . . . . . . . . . .12

Tabela 6 – Tabela paramétrica testando valores para pressão 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12

Tabela 7 – Demais valores encontrados via EES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13


LISTA DE SIGLAS

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

UFPR Universidade Federal do Paraná

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

EES Engineering Equation Solver

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

EPE Empresa de Pesquisa Energética

MG Minas Gerais
LISTA DE SÍMBOLOS

T[6] Temperatura de exaustão


𝑊𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 Potência líquida do ciclo
𝜂𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 Eficiência do ciclo
𝑃𝑐𝑜𝑚𝑏 Pressão de entrada do combustível na câmara de combustão
m[6] Vazão mássica de exaustão dos gases
𝑃0 Pressão atmosférica ao nível do mar
Z Altitude de operação da turbina
H Constante de proporcionalidade ou escala de altura
P[1] Pressão teórica da cidade de São Tiago
P[2] Pressão na saída do compressor
P[3] Pressão na entrada da câmara de combustão
P[4] Pressão na saída da câmara de combustão
P[5] Pressão na saída da turbina
P[6] Pressão na saída do regenerador
𝜂𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 Eficiência do compressor
𝜂𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 Eficiência da turbina
m[1] Vazão mássica na entrada do compressor
m[2] Vazão mássica na saída do compressor
m[3] Vazão mássica na entrada da câmara de combustão
m[4] Vazão mássica na saída da câmara de combustão
m[5] Vazão mássica na saída da turbina
𝒎comb Vazão mássica de combustível
T[3] Temperatura na entrada da câmara de combustão
Entalpia dos reagentes
Entalpia dos produtos
T[4] Temperatura na saída da câmara de combustão
AC Relação ar-combustível
T[1] Temperatura ambiente
h[1] Entalpia na entrada do compressor
s[1] Entropia na entrada do compressor
hs[2] Entalpia ideal na saída do compressor
h[2] Entalpia real na saída do compressor
T[2] Temperatura na saída do compressor
𝑊 Trabalho do compressor
s[3] Entropia na entrada da câmara de combustão
h[3] Entalpia na entrada da câmara de combustão
T[3] Temperatura na entrada da câmara de combustão
h[5] Entalpia na saída da turbina
s[5] Entropia na saída da turbina
T[5] Temperatura na saída da turbina
Ta[5] Temperatura ideal na saída da turbina
hs[5] Entalpia ideal na saída da turbina
M Massa molar dos produtos
Fração mássica
h[4] Entalpia na entrada da turbina
s[4] Entropia na entrada da turbina
𝑊 Trabalho na turbina
h[6] Entalpia na saída do regenerador
s[6] Entropia na saída do regenerador
𝑊 Trabalho líquido calculado
PCI Poder Calorífico Inferior
𝑛 Eficiência da Primeira Lei
𝑛 Eficiência de Carnot
𝑛 Eficiência exergética
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 2

3.DESENVOLVIMENTO........................................................................................................ 3

3.1 Potência Demandada ...................................................................................................... 3

3.2 Escolha da Turbina ......................................................................................................... 3

3.3 Escolha do Combustível ................................................................................................. 4

3.4 Análises do Ciclo ............................................................................................................. 5

3.4 Análises do Catálogo ....................................................................................................... 6

3.5 Hipóteses .......................................................................................................................... 6

3.5.1 Pressões do Sistema .................................................................................................. 6

3.5.2 Eficiência dos Componentes .................................................................................... 7

3.5.3 Vazões Mássicas........................................................................................................ 7

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................................... 7

4.1 Análise da modelagem .................................................................................................... 7

4.1.1 Reação de combustão do GLP ................................................................................ 8

4.1.2 Entrada do compressor ............................................................................................ 9

4.1.3 Entrada do regenerador .......................................................................................... 9

4.1.4 Entrada da câmara de combustão .......................................................................... 9

4.1.5 Entrada da turbina ................................................................................................ 10

4.1.6 Saída da turbina ..................................................................................................... 10

4.1.7 Saída do regenerador ............................................................................................. 10

4.1.8 Cálculo do trabalho líquido e comparação com catálogo ................................... 11

4.1.9 Cálculo do Poder Calorífico Inferior (PCI) e eficiências .................................... 11

4.2 Análise dos resultados e comparações ........................................................................ 11

4.3 Viabilidade do projeto .................................................................................................. 13


5. CONCLUSÃO..................................................................................................................... 13

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 15

ANEXOS ................................................................................................................................. 16
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1. INTRODUÇÃO

As turbinas a gás têm sido utilizadas na área industrial e aeronáutica, como


acionadores primários para geração de energia elétrica, acionamento mecânico ou como
propulsores de aeronaves. Por definição, a turbina a gás é definida como sendo uma máquina
térmica, onde a energia potencial termodinâmica contida nos gases quentes provenientes de
uma combustão é convertida em trabalho mecânico (Alan Sulato, 2018). O constante estudo
de ciclos termodinâmicos apresenta alternativas de configurações que podem ser utilizadas
para aumentar a potência útil e a eficiência térmica do sistema como um todo. Tendo isso em
mente, para se obter um ciclo com tais melhorias, dependendo da aplicação podem ser
encontrados ciclos com adição de compressores e turbinas, intercooler entre os compressores,
trocadores de calor que são utilizados para aquecer o ar na entrada da câmara de combustão e
outras mais específicas para cada situação analisada. O domínio da tecnologia e conhecimento
do comportamento térmico das turbinas a gás é de fundamental importância para a redução
dos custos de projeto, desenvolvimento, modificações, adaptações e manutenção da mesma.
Historicamente, o ciclo a vapor e as máquinas a pistão eram mais fáceis de projetar e
fazer funcionar, já que o trabalho e a sofisticação da compressão são relativamente menores
quando comparados ao trabalho e a sofisticação da compressão da turbina a gás. As perdas na
compressão eram maiores, fazendo com que não houvesse muita utilização da mesma. Em
contra partida após o final da Segunda Guerra Mundial, o estudo e aplicação de turbina a gás
aumentou consideravelmente, devido ao aumento da temperatura máxima do ciclo e a
melhoria na aerodinâmica dos compressores (Lora e Nascimento, 2004).
O projeto em vigor visa gerar energia elétrica para a cidade de São Tiago-MG,
atendendo a demanda necessária do município, através de uma termelétrica que utiliza o Ciclo
Brayton Regenerativo, alimentado pelo GLP. A turbina a gás para produção dessa energia
elétrica possui um eixo acoplado em um gerador de eletricidade. O princípio de
funcionamento da mesma consiste em um fluido de trabalho que é comprimido pelo
compressor passando para a câmara de combustão onde recebe a energia do combustível, no
caso do projeto, o GLP. Ao receber essa energia, o fluido tem um aumento significativo na
sua temperatura e ao sair da câmara de combustão, o fluido é direcionado para a turbina onde
é expandido fornecendo potência para o compressor e potência útil. Essa potência útil tem seu
valor máximo limitado pela temperatura que o material da turbina pode suportar, pela
tecnologia de resfriamento e pela vida útil da mesma. Os principais fatores que afetam o
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desempenho das turbinas a gás são a eficiência dos componentes, a temperatura de entrada na
turbina e a razão de pressão.
No Ciclo Brayton Regenerativo, há um pré-aquecimento do ar antes da sua entrada à
câmara de combustão. Esse ciclo se diferencia do simples pelo fato da inclusão de mais um
equipamento, o trocador de calor e é utilizado para produzir trabalho útil através da queima do
combustível.
Fazendo uma análise da utilização das termelétricas no Brasil, cerca de 65% da
energia elétrica consumida no país é gerada de usinas hidrelétricas e apenas 28% das usinas
termelétricas, sendo o restante oriundo de energia eólica, nuclear ou solar (ANEEL, 2019).
Sobre essa disparidade há alguns pontos que influenciam essa porcentagem, sendo eles o
impacto ambiental gerado pelas duas usinas, longo período de tempo para implantação no
caso das hidrelétricas, risco de desabastecimento de água ou disponibilidade de combustível,
entre outros motivos que favorecem ou não a implantação de cada tipo de usina (Alexandre
Beluco, 2015).

2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA

O principal objetivo desse trabalho proposto é atender a demanda de energia elétrica


para a cidade de São Tiago-MG, através da aplicação de uma turbina real junto aos métodos
lecionados durante o decorrer do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de
Lavras nas disciplinas ministradas pelo Professor Doutor Adriano Viana Ensinas, sendo elas,
Termodinâmica Aplicada e Sistemas Térmicos respectivamente. Para a modelagem do ciclo e
cálculos necessários será utilizado o software EES.
Para atingir o objetivo de atender a demanda de energia elétrica será proposto à
implementação de uma turbina real que atenda essa demanda para a cidade escolhida. De
acordo com os cálculos, que serão apresentados ao decorrer do projeto, a melhor escolha foi à
a turbina C800S (Figura 1) da empresa Capstone Turbine Corporation. É importante ressaltar
que todas as informações da turbina escolhida foram respeitadas e as mesmas encontram-se
no catálogo original do produto, em anexo.
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Figura 1 - Turbina a gás capstone C800S.

Fonte: Capstone Turbine Corporation.

3.DESENVOLVIMENTO

3.1 Potência Demandada


São Tiago possuí aproximadamente 10922 habitantes (IBGE, 2018) e o número de
pessoas que moram no mesmo domicílio no Brasil é de 3,34 (IBGE, 2010). Considerando
estes dados há um total de aproximadamente 3270 residências no município. O consumo
médio das residências mineiras é de 123,8 KWh/mês (EPE, 2016). Então, o consumo total de
energia da cidade de São Tiago é de 404834 KWh/mês, logo, a potência requerida pela
turbina é aproximadamente 562 KW (Equação 1). Como critério de segurança, a potência
teórica demandada para a cidade, será 10% superior ao valor calculado, devido a possíveis
variações no clima que influenciam diretamente no consumo de energia ao longo do ano,
assim tem-se que a potência demandada é 618 KW.

𝑊 (1)

3.2 Escolha da Turbina


A partir da determinação da potência demandada para a cidade de São Tiago,
procurou-se uma turbina de acordo com a necessidade da cidade. Analisando os produtos
fornecidos pela empresa Capstone, no próprio site do fornecedor, foi escolhida a turbina
modelo C800S, na versão com potência (trabalho líquido) de 800 KW.
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Através do catálogo, que segue em anexo no final deste relatório, e pelas descrições do
fabricante, observou-se que a turbina C800S utiliza um ciclo Brayton Regenerativo. Além
disso, o regenerador é esquematicamente representado na Figura 2.
Figura 2 - Representação em corte da turbina capstone evidenciando a presença do
regenerador.

Fonte: Capstone Turbine Corporation.

3.3 Escolha do Combustível


Segundo a Petrobras, o gás liquefeito de petróleo, popularmente conhecido como GLP
é definido como a mistura formada, em sua quase totalidade, por moléculas de carbono e
hidrogênio (hidrocarbonetos). O GLP é formado por vários hidrocarbonetos sendo os
principais o propano e o butano, vamos adotar então a hipostése de que o GLP . Uma
molécula de propano é caracterizada pela presença de três átomos de carbono e oito átomos
de hidrogênio (C3H8). Já o butano, pela presença de quatro átomos de carbono e dez átomos
de hidrogênio (C4H10). Para a geração de energia elétrica com a turbina proposta, segundo a
própria fabricante, Capstone Turbine Corporation, um combustível compatível seria o GLP e
visando a atual situação ambiental em que vivemos, optamos pelo gás liquefeito de petróleo,
já que segundo a Petrobras, a queima desse combustível é limpa quando comparada a
combustíveis mais pesados e com reduzidos níveis de emissão de particulados (NOx e SOx) e
de CO2 devido a sua alta proporção de hidrogênio/carbono. Uma característica particular
desse combustível é a facilidade de mudança de estado (líquido para gasoso e vice-versa). A
aplicação desse gás no Brasil de acordo com a PETROBRAS é de 80% para fins domésticos,
porém também pode ser utilizado como matéria-prima nas áreas comerciais, siderúrgicas,
petroquímica, como combustível industrial e na agropecuária.
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3.4 Análises do Ciclo


Para um ciclo simples e aberto de turbinas a gás, a transferência de calor dos gases dos
produtos da combustão ou de um trocador de calor geralmente ocorre simplesmente com uma
transferência direta (calor de rejeito) com o meio ao redor. Uma maneira de melhorar o
rendimento deste ciclo é a utilização desta energia térmica, desde que a temperatura do fluxo
que sai na turbina seja bem maior do que a temperatura do fluxo que entra no compressor.
Com a introdução de um regenerador, trocador de calor de contracorrente, o calor pode ser
transferido dos gases de descarga da turbina para os gases a alta pressão que deixam o
compressor (Maxwell, 2007).

O ciclo Brayton Regenerativo é esquematicamente representado na Figura 3. Deste


modo, a modelagem via software EES será desenvolvida utilizando o esquema representado
nessa mesma figura.
Figura 3 – Ciclo brayton regenerativo

Fonte: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10387/10387_3.PDF
Como podem ser observados na Figura 3, os pontos são sistematicamente numerados,
de tal maneira que podem ser identificados do seguinte modo:
1 - Entrada do compressor.
2 - Saída do compressor ou entrada do regenerador.
3 - Saída do regenerador ou entrada da câmara de combustão.
4 - Saída da câmara de combustão ou entrada da turbina.
5 - Saída da turbina.
6 - Saída para a atmosfera/ambiente.
Página |6

3.4 Análises do Catálogo


As variáveis obtidas no catálogo são: temperatura de exaustão (T[6]), potência líquida
do ciclo (𝑊 ), eficiência (𝜂 ) pressão de entrada do combustível na câmara de
combustão (𝑃 ) e vazão mássica dos gases de exaustão (m[6]). Esses dados seguem
apresentados na Tabela 1 e serão utilizados na modelagem do ciclo para representar a turbina
da forma mais adequada possível, de acordo com as especificações do fabricante. No caso da
pressão de entrada do combustível (𝑃 ), além do dado fornecido pelo fabricante, julgou-se
necessário acrescentar a pressão atuante na cidade de São Tiago (apresentada no item 3.5.1)
para que os cálculos fossem mais precisos.
Tabela 1 – Informações do catálogo
VALOR
DESCRIÇÃO UNIDADE
NÚMERICO
T[6] 280 ºC
𝜂 0,33 -
𝑊 800 KW
𝑃 622,3 Kpa
m[6] 5,3 kg/s
Fonte: Dos autores

3.5 Hipóteses

3.5.1 Pressões do Sistema


A altitude de operação da turbina será 1100 metros, portanto, segundo (WALLACE e
HOBBS, 2006) a pressão correspondente pode ser encontrada utilizando a Equação (2).

(2)

Sendo 𝑃 a pressão atmosférica ao nível do mar, Z a altitude de operação da turbina e


H a escala de altura. Para aplicações da Equação 2, considera-se H igual a 8000 m sempre que
o ponto estiver próximo à superfície da Terra. Portanto, a pressão teórica em São Tiago (P[1])
é 88,31 KPa.
A partir da pressão de entrada do combustível (𝑃 ), determinaram-se as pressões
dos pontos 2, 3 e 4 (P[2], P[3] e P[4]) do ciclo, através da hipótese de que a pressão nesses
pontos é 10% inferior em relação à pressão de entrada do combustível, logo, (P[2] = P[3] =
P[4] = 560,1 KPa).
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Na saída da turbina (ponto 5), estabeleceu-se a hipótese de que a pressão neste ponto é
20% superior à pressão da cidade (P[1]), calculada pela Equação 1. De maneira análoga, a
pressão do ponto 6 é relativamente inferior quando comparada com o ponto 5, logo, foi
considerado que a pressão de exaustão dos gases é 10% superior em relação à pressão
atmosférica. Deste modo, tem-se que P[5] = 105,972 KPa e P[6] = 97,141 KPa. Por fim,
obteve-se a razão de pressão, R, dividindo P[2] por P[1], R = 6,342.

3.5.2 Eficiência dos Componentes


Para o desenvolvimento da modelagem do ciclo Brayton Regenerativo, foi
considerado que as eficiências do compressor e da turbina são respectivamente 0,90 e 0,85.
𝜂
𝜂
Essas considerações, obviamente, são fontes de erro na modelagem do problema e
devem ser solicitadas ao fabricante para uma modelagem com maior precisão. Esses dados
não foram encontrados na literatura ou no catálogo do fabricante.

3.5.3 Vazões Mássicas


O ciclo Brayton Regenerativo opera com duas vazões mássicas: a vazão dos pontos 1,
2 e 3 e a vazão dos pontos 4, 5 e 6. A vazão mássica de exaustão dos gases de 5,3 Kg/s (m[6])
é fornecida pelo fabricante e através da Equação 2 é possível encontrar a vazão mássica de
entrada do ciclo (massa de ar) correspondente à vazão mássica do ponto 1, por exemplo.

[ ] [ ] (2)

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Análise da modelagem


Será descrito a partir de agora toda a análise modelada no software EES a partir das
considerações, hipóteses e dados obtidos através do catálogo da turbina C800S. O primeiro
passo da modelagem foi descrever os dados descritos acima para melhor visualização do
problema em geral.
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4.1.1 Reação de combustão do GLP


A primeira etapa do processo para analisar a reação de combustão é a verificação da
reação sem excesso de ar (equação 3) e a segunda etapa para achar os coeficientes
estequiométricos é a análise da reação com excesso de ar (equação 4):

𝑏 𝑐 𝑑 (3)

𝑒 𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑏 𝑐
𝑑 𝑒 (4)

Através destas duas equações ainda não é possível determinar todos os coeficientes
estequiométricos da equação de combustão do GLP, sendo necessário encontrar o excesso
para determinar o coeficiente restante “e”. Para a conclusão dessa etapa, calculou-se a entalpia
dos reagentes (equação 4) na temperatura T[3] = 480ºC, anterior a câmara de combustão, que
foi determinada após algumas a confecção de uma tabela paramétrica com várias tentativas de
chute a fim de se obter os melhores resultados possíveis (tabela 6).

∑ 𝑛 (4)

Os coeficientes estequiométricos calculados encontram-se na tabela abaixo:

Tabela 2 – Coeficientes estequiométricos


COEFICIENTES ESTEQUIOMÉTRICOS
ELEMENTOS QUÍMICOS INCÓGNITAS VALORES
Carbono (C) b 3
Hidrogênio (H2) c 4,5
Oxigênio sem excesso (O2) α 5,25
Oxigênio com excesso (O2) e 33,95
Nitrogênio (N2) d 147,4
Fonte: Dos Autores

Além da entalpia dos reagentes, calculou-se também a entalpia dos produtos (equação
5) e igualou-a com a entalpia dos reagentes a fim de encontrar a temperatura T[4], na saída da
câmara de combustão.

∑ 𝑛 (5)
Página |9

= (5)

Em seguida determinou-se a massa de combustível relacionando as equações (2) e (6),


e com o resultado obtido, substituindo novamente na equação (2) determinou-se a vazão
mássica m[1] que é igual a m[2] e m[3].

(6)

4.1.2 Entrada do compressor


Através da temperatura ambiente de 25ºC, T[1], e da pressão da cidade de São Tiago,
P[1], encontrou-se a entalpia e a entropia de entrada do compressor, h[1] e s[1]
respectivamente, utilizando as funções “enthalpy” e “entropy” presentes no software EES.

4.1.3 Entrada do regenerador


Considerando que se trata de um processo de compressão isentrópica (não há variação
de entropia no compressor), calculou-se a entalpia ideal, hs[2]. Através da hipótese adotada
no projeto de que a eficiência do compressor é 85%, foi possível encontrar a entalpia real,
h[2], relacionando a eficiência do compressor e a entalpia ideal antes encontrada (equação 7).

[ ] [ ]
𝑛 [ ]
(7)
[ ]

A partir de h[2], calculou-se a temperatura T[2] através da função “temperature”.


Utilizando a equação (8), obtivemos o trabalho do mesmo, 𝑊 .

[ ]
𝑊 [ ]
(8)
[ ]

4.1.4 Entrada da câmara de combustão


Realizou-se um balanço de energia (equação 9) relacionando a entrada e a saída do
regenerador para encontrar a entalpia na entrada da câmara de combustão, h[3], e a partir
deste, obteve-se a entropia s[3] e a temperatura T[3] através das funções respectivas.
P á g i n a | 10

𝑚[ ] [ ] [ ] 𝑚[ ] [ ] [ ] (9)

4.1.5 Entrada da turbina


Neste ponto necessitou-se calcular a massa molar dos produtos e suas respectivas
frações mássicas através das equações (10) e (11), respectivamente.

∑ (10)

(11)

Nesse ponto, calculou-se a entalpia h[4] através da somatória da multiplicação das


frações mássicas dos produtos da combustão pelas suas respectivas entalpias na temperatura
T[4]. A entropia s[4] é calculada analogamente, porém multiplica-se pelas respectivas
entropias que dependem além de T[4], também de P[4].

4.1.6 Saída da turbina


Sabendo que na turbina ocorre um processo de expansão e que tal processo também é
isentrópico, pode-se considerar a entropia ideal sa[5] igual a s[4] e através disso calculou-se a
temperatura ideal, Ta[5], para que em seguida pudesse calcular a entalpia ideal, hs[5]. A
temperatura da entropia ideal foi calculada de maneira análoga a etapa anterior. Uma vez que
a entalpia ideal, hs[5], foi encontrada utilizando a temperatura Ta[5], e sabendo a eficiência da
turbina (90%), foi possível encontrar a entalpia real, h[5]. A partir de h[5] e das frações
mássicas dos produtos de combustão foi possível encontrar a temperatura T[5],
consequentemente a entropia s[5]. Aplicando a 1ª Lei da termodinâmica (equação 12),
determinou-se o trabalho da turbina, 𝑊 .

𝑊 𝑚[ ] [ ] [ ] (12)

4.1.7 Saída do regenerador


Através das frações mássica dos produtos de combustão, da pressão P[6] e da
temperatura T[6], fornecida pelo catálogo da turbina C800S, encontrou-se a entalpia e
entropia, h[6] e s[6], respectivamente.
P á g i n a | 11

4.1.8 Cálculo do trabalho líquido e comparação com catálogo


Encontrou-se o trabalho líquido calculado do ciclo através da soma dos trabalhos da
turbina e do compressor (13).

𝑊 𝑊 𝑊 (13)

4.1.9 Cálculo do Poder Calorífico Inferior (PCI) e eficiências


Através da entalpia dos reagentes e dos produtos na temperatura de referência, 25º C, e
da massa molar do combustível, pode-se calcular o PCI (equação 14).

𝑃 (14)

Sabendo o poder calorífico inferior, pode-se calcular a eficiência da 1ª lei (equação


15), a eficiência de Carnot (equação 16) e a eficiência exergética (equação 17).

𝑛 (15)

[ ]
𝑛 (16)
[ ]

𝑛 (17)

4.2 Análise dos resultados e comparações


Desenvolvida a modelagem completa no software EES, os resultados obtidos são:

Tabela 3 - Eficiências do ciclo


EFICIÊNCIAS
VARIÁVEIS VALOR NUMÉRICO
𝜂 0,3709
𝜂 0,9697
𝜂 0,3824
𝜂 0,9694
Fonte: Dos autores
P á g i n a | 12

Tabela 4 – Trabalhos do ciclo


TRABALHOS DO CICLO (KW)
VARIÁVEL VALOR NUMÉRICO
𝑊 -1285
𝑊 2064
𝑊 778,9
Fonte: Dos autores

Tabela 5 – Tabela paramétrica dos resultados obtidos via software EES


RESULTADOS DO CICLO
VÁRIAVEIS
PONTOS
m (Kg/s) P (KPa) T (ºC) h (KJ/Kg) hs (KJ/Kg) s (KJ/Kg.K) Ta (ºC) as (KJ/Kg.K)
[1] 5,25 88,1 25 298,6 - 5,735 - -
[2] 5,25 560,1 265,6 543,4 506,7 5,805 - -
[3] 5,25 560,1 480 771 - 6,16 - -
[4] 5,3 560,1 825,1 462,4 - 7,672 - -
[5] 5,3 106 486,8 72,87 29,6 7,731 447,8 7,672
[6] 5,3 97,14 280 -152,6 - 7,41 - -
Fonte: Dos autores

Através da modelagem via EES, observa-se que o trabalho líquido obtido foi de 778,9
KW, portanto, comparado com o valor fornecido no catálogo da turbina, 800KW, há uma
semelhança relativamente alta quanto aos valores. Há menos de 3% de discrepância entre os
valores, isso devido a valores estipulados para a temperatura T[3] como podemos observar na
tabela paramétrica abaixo.
Tabela 6 – Tabela paramétrica testando valores para pressão 3
VARIÁVEIS RELACIONADAS

T[3] (ºc) (KW)


400 0,9653 0,2994 0,9321 0,3102 573,3
416,7 0,9663 0,3154 0,9427 0,3264 616,3
433,3 0,9673 0,3308 0,9515 0,342 659,1
450 0,9682 0,3456 0,9588 0,357 701,9
466,7 0,969 0,3598 0,965 0,3713 744,7
483,3 0,9699 0,3736 0,9704 0,3852 787,4
500 0,9706 0,3868 0,9751 0,3985 830,1
516,7 0,9714 0,3996 0,9793 0,4114 872,7
533,3 0,972 0,4119 0,983 0,4238 915,3
550 0,9727 0,4239 0,9863 0,4358 957,8
Fonte: Dos autores.
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Tabela 7 – Demais valores encontrados via EES


OUTROS DADOS OBTIDOS NO EES
SIGLA VALOR NUMÉRICO UNIDADE
𝑚 0,04985 kg/s
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 5428 kg/kmol
105,3 -
0,01494 %
0,07606 %
0,02432 %
0,02001 %
HP 2510000 KJ/Kg
𝑃 -2269000 KJ/Kg
2510000 KJ/Kg
-115228 KJ/Kg
PCI 42132 kmol/Kg
Fonte: Dos autores
A eficiência do ciclo como um todo também foi obtida através da modelagem como já
era previsto. Encontrou-se um valor de 37,09%. Há uma discrepância de 12,4%, o que não é
visto como problema no projeto, uma vez que uma eficiência encontrada se mostrou maior do
que a esperada, o que pode ter ocorrido devido as hipóteses que foram propostas, uma vez que
não se tinha conhecimento sobre todos os dados necessários para completa análise do ciclo.

4.3 Viabilidade do projeto


A instalação da turbina Capstone C800s de acordo com os resultados obtidos, pode ser
viável para a cidade de São Tiago, em Minas Gerais. O município pode se tornar
independente energeticamente com a implementação deste projeto, abdicando-se da
dependência de uma empresa fornecedora de energia, pois toda a potência demandada pela
cidade será produzida por ela mesma.

5. CONCLUSÃO

Os resultados encontrados através da modelagem do Ciclo Brayton Regenerativo


realizada no software EES foram satisfatórios. A eficiência do ciclo como foi visto na análise
dos resultados apresentou um valor bem próximo do real. A escolha da turbina C800S então
se mostrou viável para a aplicação e implantação na cidade de São Tiago, Minas Gerais, já
que atende a demanda prevista e opera com uma margem de segurança de aproximadamente
26% em relação a essa demanda.
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A capacidade de produção de uma turbina C800S como mostrado ao decorrer do


relatório é de 800KW, restando em relação à demanda do município um total de 182KW que
não serão consumidos pela cidade e podem ser acrescentados na rede elétrica, evitando perdas
do processo de geração de potência. É válido ressaltar que esse excesso de energia gerado
pode ser vendido para empresas fornecedoras de energia do país de acordo com algumas
normas previstas por lei. Logo, além da independência energética do município, o mesmo
poderá obter lucros com a venda do excesso produzido no projeto.
De uma forma geral, os ciclos de potência a gás são mecanismos bastante viáveis na
produção de trabalho útil nas mais diversas áreas, entretanto o avanço da tecnologia traz
consigo possibilidades de otimização do processo como um todo, tanto na questão do
aumento da eficiência dos ciclos quanto a redução dos custos associados ao mesmo.
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REFERÊNCIAS

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http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm. Acesso em: 13
jun. 2019.

BELUCO, Alexandre. É melhor depender de hidrelétricas ou termelétricas?. Obvious


Magazine, Brasil, p. -, 15 dez. 2015. Disponível em:
http://obviousmag.org/horizonte_de_eventos/2015/hidreletricas-ou-termeletricas.html. Acesso
em: 13 jun. 2019.

CAPSTONE TURBINE CORPORATION. C800S. Califórnia: [s. n.], 2009. Disponível em:
https://www.capstoneturbine.com/products/c800s. Acesso em: 13 jun. 2019.

DE ANDRADE, Alan Sulato. Máquinas Térmicas - Turbina a gás. Paraná, 2018.


Disponível em: http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasalan/AT101-Aula10.pdf. Acesso em:
13 jun. 2019.

FOGAS. Propriedades do GLP. [S. l.], [21-]. Disponível em:


https://www.fogas.com.br/residencia/propriedade-glp/. Acesso em: 13 jun. 2019.

GOVERNO DO BRASIL. IBGE diz que número de pessoas que moram no mesmo
domicílio caiu. Brasil, 22 dez. 2017. Disponível em:
http://www.brasil.gov.br/governo/2010/09/ibge-diz-que-numero-de-pessoas-que-moram-no-
mesmo-domicilio-caiu. Acesso em: 13 jun. 2019

IBGE. População por municípios. [S. l.], 2018. Disponível em:


https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/sao-tiago/panorama. Acesso em: 13 jun. 2019.

Lora, E.E.D.S.; Nascimento M.A.R.D. Geração Termelétrica – Planejamento, Projeto e


Operação, 2 ed., EDITORA, CIDADE, 2004.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2017:


Ano base 2016. [S. l.: s. n.], 2017. Disponível em: http://epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-
dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-160/topico-
168/Anuario2017vf.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.

PETROBRAS. Gás liquefeito de petróleo: Informações técnicas. [S. l.: s. n.], 2016.
Disponível em:
http://sites.petrobras.com.br/minisite/assistenciatecnica/public/downloads/manual-tecnico-
gas-liquefeito-petrobras-assistencia-tecnica-petrobras.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.
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ANEXOS
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