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1.

Podem Alberto e Benilde submeter a registo o referido título de


constituição de propriedade horizontal? Em caso afirmativo, de que
forma aí será refletida esta nova realidade jurídica?

Trata-se de um facto sujeito a registo, previsto, portanto, no artigo 2º CRPredial, no


nº1, na alínea b) em que «Estão sujeitos a registo: (...) Os factos jurídicos que determinem a
constituição ou a modificação da propriedade horizontal e do direito de habitação periódica.».
Por outro lado, dita o 8-A que «É obrigatório submeter a registo: a) Os factos referidos no
artigo 2.º, exceto: i) Quando devam ingressar provisoriamente por natureza no registo, nos
termos do n.º 1 do artigo 92.º», sendo aqui enquadrado, por as obras ainda não estarem
concluídas, mais concretamente na alínea b). Assim, não é obrigatório o registo do título de
constituição da propriedade horizontal.

Assim, irá manter-se a descrição do prédio, e será oficiosamente aberta uma


descrição subordinada para cada uma das frações (81º CRPredial) com as devidas menções
do artigo 83º CRPredial, mencionando a descrição genérica as menções do 82º CRPredial.

2. Celebrados os contratos-promessa com David e Ernesto nos termos dos


quais os contratos definitivos deverão ser celebrados no prazo de dezoito
meses a contar da data da celebração do contrato-promessa, como
podem estes proteger o seu futuro direito de propriedade?

Eles poderiam desde logo acautelar o seu direito, recorrendo à figura da


provisoriedade por natureza, previsto no artigo 92º CRPredial, ou seja, ele pode fazer
o registo provisório da hipoteca, ao abrigo desta norma, nomeadamente do nº1, na
alínea g), em que «São pedidas como provisórias por natureza as seguintes
inscrições: (...) De aquisição, antes de titulado o contrato».

Por sua vez, o Capítulo III Secção I, relativa aos documentos para o registo,
tem como regra geral o artigo 43º CRPredial, porém no artigo 47º e ss estão
previstas situações especiais em que é dito pela lei quais os documentos necessários
específicos. O 47º CRPredial inicia logo com a «Aquisição e hipoteca antes de lavrado
o contrato», dando, como modalidades possíveis para o caso, no seu nº1 que «O
registo provisório de aquisição de um direito ou de constituição de hipoteca
voluntária, antes de titulado o negócio, é feito com base em declaração do
proprietário ou titular do direito.», e no nº 4 «O registo provisório de aquisição pode
também ser feito com base em contrato-promessa de alienação, salvo convenção em
contrário.». Portanto, numa situação destas, qualquer uma das duas era possível
realizar, porém a mais adequada seria a do nº4, uma vez que há um contrato
promessa de compra e venda que me permite não necessitar sequer da declaração
do promitente vendedor, mas mais importante que isso, se a fizesse com a
declaração do promitente vendedor (nº1), nos termos do artigo 11º/3 CRPredial, o
prazo de caducidade é de 6 meses, o que no caso concreto não serve, pois o
contrato só será celebrado daí a 18 meses. Como o promessa de compra e venda,
sendo a venda só para celebrar daí a 18 meses, se fundamentasse o pedido de
registo o pedido de registo com base no contrato promessa, nos termos do nº4 do
artigo 47º, esse contrato só caduca quando realizado o contrato definitivo, com a
possibilidade ainda de vir a ser renovado por 1 uma ou mais vezes, até mais 1 ano
(92º/4 CRPredial), ou seja, este registo poderia vigorar pelo menos, até 2 anos.

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