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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • FEVEREIRO DE 2003

A Liahona
O Desabrochar da
Riqueza do Espírito,
página 2.
A caravana de
dezessete dias para
o Templo de São Paulo
Brasil, página 8.
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • FEVEREIRO DE 2003

A Liahona
SUMÁRIO
2 Mensagem da Primeira Presidência: Fortalecendo o Nosso
Interior Presidente James E. Faust
12 O Amor Divino Élder Russell M. Nelson
25 Mensagem das Professoras Visitantes: Preparai Todas as Coisas
Necessárias
26 Palavras de Jesus: Perdão Élder Cecil O. Samuelson Jr.
NA CAPA 30 A Parábola da Semente que Cresce em Segredo
Fotografias por Craig
Dimond, Steve Bunderson e
Élder Wilfredo R. López
Brian K. Kelly; modelos foto- 36 Clássicos do Evangelho—Três Parábolas: A Abelha Insensata;
gráficos. Ver “Fortalecendo o
Nosso Interior”, página 2.
O Expresso Corujão; As Duas Lâmpadas Élder James E. Talmage
42 Vozes da Igreja
Uma Testemunha Especial de Jesus Cristo
Irene Coimbra de Oliveira Cláudio
Não Havia Dúvida Giuseppe Martinengo
Uma Toalha de Mesa Muito Especial
Juan Aldo Leone
48 Como Utilizar A Liahona de Fevereiro de 2003

E S P E C I A L M E N T E PA R A O S J O V E N S
8 Viagem ao Templo no Aniversário
Kristen Winmill Southwick
18 Conte com Maurice Laury Livsey
CAPA DE O AMIGO 22 Perguntas e Respostas: Como Posso Ajudar Meus Amigos
Fotografia por Steve a Entender a Lei da Castidade?
Bunderson; posado por VER PÁGINA 18
modelos. Ver “Testificamos 33 Pôster: Mantenha-se Livre
sobre Ele”, página 2.
34 Hora de Despertar Isaac Kofi Morrison
47 Você Sabia?

O AMIGO
2 Vinde ao Profeta Escutar: Testificamos sobre Ele
Presidente Gordon B. Hinckley
4 Tempo de Compartilhar: O Evangelho É Restaurado
Vicki F. Matsumori
6 A Pedra do Perdão Jane McBride Choate
9 Cartões do Templo
10 Tentar Ser Como Jesus: Ajudando a Minha Mãe
Vinny Ken Muramatsu de Oliveira
11 Histórias do Novo Testamento: O Primeiro Sacramento;
Outros Ensinamentos Dados na Última Ceia
16 Música: Com Fé O Seguirei Janice Kapp Perry
VER PÁGINA 8
Fevereiro de 2003, Vol. 56, Nº 2 COMENTÁRIOS
A LIAHONA, 23982-059
Publicação oficial em português de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley,
Thomas S. Monson, James E. Faust
Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry,
David B. Haight, Neal A. Maxwell, Russell M. Nelson,
Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin,
Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland,
Henry B. Eyring
Editor: Dennis B. Neuenschwander
Consultores: J. Kent Jolley, W. Rolfe Kerr,
Stephen A. West
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Diretor Editorial: Richard M. Romney
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Editora Administrativa Assistente: Jenifer L. Greenwood
Editor Associado: Roger Terry
Editora Assistente: Lisa Ann Jackson
Editor Associado: Susan Barrett
Assistente de Publicações: Collette Nebeker Aune A DEDICAÇÃO DO TEMPLO DE PALMYRA “PRIMEIRO, O MAIS IMPORTANTE”
Equipe de Diagramação: Sou leitor d’A Liahona (português) Sempre que leio a edição da confe-
Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki
Diretor de Arte: Scott Van Kampen há algum tempo. Aprecio especialmente rência da Liahona (espanhol), encontro
Diagramador Sênior: Sharri Cook
Diagramadores: Thomas S. Child, Randall J. Pixton as mensagens do Presidente Gordon B. discursos que me fortalecem para supe-
Gerente de Produção: Jane Ann Peters
Produção: Reginald J. Christensen, Denise Kirby, Hinckley. rar minhas dificuldades. Gostei muito do
Kelli L. Pratt, Rolland F. Sparks, Kari A. Todd,
Claudia E. Warner Na edição de setembro de 2001 d’A discurso “Primeiro o Mais Importante”,
Pré-Impressão Digital: Jeff Martin
Equipe de Impressão e Distribuição: Liahona, li um artigo sobre a família do do Élder Richard G. Scott, do Quórum
Diretor: Kay W. Briggs
Gerente de Distribuição (Assinaturas): Kris T Christensen Profeta Joseph Smith intitulado “Berço dos Doze Apóstolos, na Liahona de julho
A Liahona:
Diretor Responsável e Produção Gráfica: da Restauração”, uma história muito de 2001. Tenho-me esforçado para aplicar
Dario Mingorance
Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605) bonita. O que me tocou mais profunda- em minha vida suas palavras: “Empenhe-
Tradução e Notícias Locais: Wilson Roberto Gomes
Assinaturas: Cezare Malaspina Jr. mente foi a inserção da oração dedicató- se ao máximo, aqui na Terra, para ter
REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE ria do Templo de Palmyra Nova York. uma família ideal”.
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alemão, armênio, búlgaro, cambojano, cebuano, chinês,
coreano, croata, dinamarquês, esloveno, espanhol, FONTE DE ALEGRIA E PAZ PARABÉNS PELO TEMPLO DE NAUVOO
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quiribati, romeno, russo, samoano, sinhala, sueco, tagalo,
tailandês, taitiano, tâmil, tcheco, télugo, tonganês, radas de nosso querido profeta e dos membro de sua Igreja. Sou sacerdote
ucraniano, vietnamita e waray. (A periodicidade varia de
uma língua para outra.) apóstolos, recebo instrução, consolo, na Comunidade de Cristo (ex-Igreja
© 2003 por Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos
reservados. Impressa nos Estados Unidos da América. direção, esperança e muito amor. Às Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos
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February 2003 Vol. 56 No. 2. A LIAHONA (USPS
vezes, parece que as mensagens foram dos Últimos Dias). Fiquei sabendo a res-
311-480) Portuguese (ISSN 1044-3347) is published escritas especialmente para mim, e peito do templo pela Liahona (alemão),
monthly by The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints,
50 East North Temple, Salt Lake City, UT 84150. USA outras, para meus familiares e outros. que leio há muitos anos. Envio a todos
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MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA

Fortalecendo o
Nosso Interior
P R E S I D E N T E J A M E S E . FA U S T espírito desabroche e frutifique, o que repre-
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência senta, afinal, a missão e o propósito da Igreja

O
desejo do Apóstolo Paulo em relação e a razão pela qual estamos nela”.2
aos santos efésios era de que o
À ESQUERDA: FOTOGRAFIAS DE CRAIG DIMOND E MICHAEL SCHOENFELD; POSADAS POR MODELOS; À DIREITA: FOTOGRAFIA DE DON BUSATH

Senhor lhes concedesse “[que fos- Nossas Prioridades


sem] corroborados com poder pelo seu A fim de edificar essa força interior, deve
Espírito no homem interior”. (Efésios 3:16) haver uma reorganização de prioridades no
De maneira semelhante, o programa básico planejamento e nas atividades dos programas
da Igreja hoje é fortalecer o homem interior. locais da Igreja. Realizaremos melhor a obra
Nosso objetivo é que todos tenham a segu- do Senhor se nossas estrelas guia forem os
rança, o amor e a recepção calorosa do evan- princípios revelados em vez de executarmos O programa básico
gelho. O divino Redentor deu-nos o padrão atividades específicas. da Igreja é fazer
para alcançarmos isso ao ordenar: “Amarás o Quando planejamos tocar, envolver e servir com que “a riqueza
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de as pessoas, os princípios que devemos ter à latente do espírito
toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. nossa frente, mostrados em tela panorâmica, desabroche e
(. . .) Amarás o teu próximo como a ti são os dois grandes mandamentos do Salvador frutifique”, fortalecendo
mesmo”. (Mateus 22:37, 39) para todos os Seus filhos: amar e servir a Deus o nosso interior.
Procuramos edificar a força moral interior e amar e servir ao nosso próximo. Devemos
e o caráter dos membros da Igreja em harmo- iniciar o planejamento relacionando as ativida-
nia com as declarações dos profetas e apósto- des às necessidades espirituais dos membros,
los modernos: “Nosso propósito primordial inclusive fornecendo oportunidades para que
[é desenvolver] (. . .) a independência, a in- os membros sejam envolvidos num serviço
dustriosidade, a frugalidade e o respeito pró- relevante e, por escolha própria, em atividades
prio”.1 Nosso “objetivo a longo prazo (. . .) é culturais, educacionais, recreativas e sociais
edificar o caráter dos membros da Igreja, (. . .) adequadas aprovadas pelos líderes do sacer-
buscando tudo o que há de melhor dentro dócio. Temos que ter em mente que o sucesso
deles e fazendo com que a riqueza latente do de determinada atividade nem sempre pode

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 3


ser julgado pelo número de pessoas ou pelo tamanho da Uma parte importante do ser espiritual dentro de todos
atividade. Em vez disso, deve ser julgada pelos seus efeitos nós é aquela parte silenciosa e sagrada a partir da qual
sobre a vida dos que dela participaram. Deve haver uma sentimos a santificação da nossa vida. É a parte de nós
compreensão inequívoca de que os princípios são mais im- onde ninguém pode penetrar. É a parte que nos permite
portantes do que os programas e que as pessoas são mais aproximarmo-nos do divino.
importantes que as organizações. Estamos tentando ensinar
princípios e diretrizes mais do que promover programas, à maneira contínua para melhorar interiormente e não
medida que buscamos fortalecer o interior de uma pessoa apenas manter as aparências”.4
com o Espírito de Deus. Reconhecemos que muitos membros da Igreja adul-
tos solteiros talvez não tenham todas as bênçãos que de-
Nossas Ações sejam nesta vida. Entretanto, eles são iguais a todos os

À ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE CRAIG DIMOND; POSADA POR MODELO


Nossa eficácia pode ser melhor julgada pelo modo santos com relação a sua capacidade de guardar os dois
como transformamos a força interior em ação. Nossa vida grandes mandamentos e ser abençoados com abundân-
é a melhor maneira de julgar o que realmente é nossa reli- cia e fortalecidos como resultado disso. A qualidade da
gião. Thomas Carlyle lembrou-nos que “a convicção (. . .) sua espiritualidade e devoção ao Mestre pode ser tão
não é útil a menos que se converta em conduta”.3 Para satisfatória para eles como o é para qualquer pessoa. A
que possamos ser fortalecidos por Deus, pelo Seu Espírito, qualidade da sua bondade para com os outros pode, da
o Presidente Harold B. Lee (1899–1973) aconselhou que mesma maneira, ser tão significativa e recompensadora
ser membro da Igreja “significa mais do que apenas figurar como o serviço prestado por qualquer outra pessoa.
nos registros da Igreja ou ter um recibo de dízimo, uma Seguramente, a compreensão espiritual e o testemunho
ficha de membro ou uma recomendação para o templo. estão disponíveis para todos que sinceramente os
Significa sobrepujar a tendência às críticas e esforçar-se de buscarem.

4
Todas as Coisas São Espirituais várias maneiras. Eles são plenos e abundantes
O fortalecimento dos santos no que tange na Igreja hoje. Eles fluem por meio do teste-

O
ao seu interior se dará quando eles se fortale- munho humilde e apropriado. Cristo é aquele Espírito Santo
cerem espiritualmente. A admoestação aos que cura, Ele ressurgiu dentre os mortos sussurra paz
Gálatas foi: “Porque o que semeia na sua “com poder de cura em suas asas” (2 Néfi à alma, e esse
carne, da carne ceifará a corrupção; mas o 25:13), e o Consolador é o agente da cura. conforto espiritual
que semeia no Espírito, do Espírito ceifará Para conseguirmos fortalecer mais nosso advém quando invo-
a vida eterna”. (Gálatas 6:8) Os problemas interior, devemos purgá-lo, purificá-lo da camos dons espiri-
serão resolvidos se confiarmos nas soluções transgressão. Participar do mal faz com que tuais. Cristo é aquele
espirituais, pois as leis mais elevadas envol- todo o nosso ser morra espiritualmente. que cura, Ele ressur-
vem o aspecto espiritual. O Senhor disse: A fonte de espiritualidade em nossa vida giu dentre os mortos
“Todas as coisas são espirituais para mim e não poderá ser utilizada até que todas as “com poder de cura
em tempo algum vos dei uma lei que fosse transgressões, principalmente as que em suas asas”, e
terrena”. (D&C 29:34) Contudo, invocar essas envolvem torpeza moral, sejam purgadas. o Consolador é o
leis mais elevadas e colocá-las em prática não Refiro-me não apenas ao pecado sexual, mas agente da cura.
significa garantir direitos mais elevados, mas também a todas as formas de mal, incluindo
ter que desempenhar deveres mais elevados. mentir, trapacear, roubar e propositadamente
Com freqüência sentimos que precisamos ou não causar danos a outros.
de uma ajuda que exceda nossos próprios
dons e habilidades naturais para encontrarmos Nossos Sentimentos Espirituais
nosso rumo em um mundo complexo e desa- Uma parte importante do ser espiritual
fiador. O profeta Alma esclareceu a fonte da dentro de todos nós é aquela parte silenciosa
sua compreensão para muitas questões: “Elas e sagrada a partir da qual sentimos a santifica-
me foram mostradas pelo Santo Espírito de ção da nossa vida. É a parte de nós onde
Deus”. (Alma 5:46) Muitos neste mundo vivem ninguém pode penetrar. É a parte que nos
o seu cotidiano temendo por sua vida, mas se permite aproximarmo-nos do divino, tanto
tivessem força interior e segurança, não have- neste mundo como fora dele. Esta parte do
ria necessidade de preocupar-se. O Salvador nosso ser é reservada apenas para nós mes-
disse: “E não temais os que matam o corpo e mos e nosso Criador. Abrimos os portais dela
não podem matar a alma”. (Mateus 10: 28) ao orarmos. É para ali que podemos nos reti-
rar e meditar. É possível ao Espírito Santo ha-
Curando Nosso Interior bitar nessa parte especial em nós. Este é um
A cura de que todos nós precisamos é sem- lugar de comunhão especial. É a célula mes-
pre a cura da nossa alma e do nosso espírito. tra da nossa bateria espiritual. Contudo, essa
Isso pode ocorrer por meio de uma transfu- grande fonte de poder torna-se nula quando
são do que é espiritual para a nossa vida. A permitimos que o pecado se esgueire sorra-
sétima regra de fé declara que, entre outros teiramente para a nossa vida. Os romanos fo-
dons espirituais, acreditamos no dom da cura. ram lembrados: “Porque a inclinação da carne
Para mim, esse dom estende-se tanto à cura é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e
do corpo quanto a do espírito. O Espírito paz”. (Romanos 8:6)
Santo sussurra paz à alma, e esse conforto es- À medida que nos comprometemos a for-
piritual advém quando invocamos dons espiri- talecer o nosso interior, temos menos preo-
tuais, que são pedidos e manifestados de cupação com as coisas que podemos alcançar

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 5


e possuir. Um homem sábio disse: “A riqueza outras Autoridades Gerais, e de uma hoste de
da alma é medida por quão grandes podem outros bons homens e mulheres desta Igreja

Q
ue sejamos ser seus sentimentos; a pobreza, por quão em todo o mundo, que permanecem firmes
fortalecidos pequenos”.5 diante das tempestades que sopram contra
no nosso inte- eles e diante da insegurança, dúvida e des-
rior com o poder do Nosso Interior Eterno truição que pairam sobre nós. Essas pessoas,
Seu Espírito, pois a O interior da alma, com tudo o que tem por meio do Espírito de Deus, reconhecem a
espiritualidade é armazenado dentro dela, é o que permanece falsidade das vozes sedutoras e dos cânticos
como a luz do sol, depois da morte. A reflexão de um autor lem- atraentes que tentam nos enganar, cujos sons
que passa pelo que bra-nos: “Tudo nesta vida, exceto a alma do nos levam a buscar a satisfação ou a recom-
é imundo e não se homem, é uma sombra passageira. A única pensa imediata, oferecendo relacionamentos
contamina. substância permanente é aquela que está em não duradouros para nossa vida e ensinando
nossa alma”.6 que não somos responsáveis pelos nossos
Somos confortados com o conhecimento pecados. Com pensamentos e obras justos,
de que aqueles que fortalecem o seu interior essas resolutas almas são como atalaias sobre
verão a face de Deus. O próprio Senhor as torres da retidão, esperança e paz interior.
disse: “Acontecerá que toda alma que abando- A densa névoa que obscurece as trilhas e
nar seus pecados e vier a mim e invocar meu passagens tortuosas da nossa vida será dissi-
nome e obedecer a minha voz e guardar pada com a luz espiritual que advém somente
meus mandamentos verá minha face e saberá de Deus. Essa luz espiritual não brilhará a me-
que eu sou”. (D&C 93:1) Edna St. Vincent nos que busquemos o Seu Espírito com dili-
Millay declarou: gência e humildade, pois “o Senhor requer o
coração e uma mente solícita”. (D&C 64:34)
A alma divide o firmamento,
O Espírito do Senhor pode estar sempre
E faz revelar-se a face de Deus.7
conosco, mesmo diante das fornalhas de fogo
Para que uma pessoa seja fortalecida inte- ardente nas quais podemos ser lançados,
riormente, é necessário que haja grande humil- para que todos os que nos observam vejam
dade no seu íntimo. Gideão disse de si mesmo: que temos sempre um companheiro sagrado.
“Minha família é a mais pobre em Manassés, e Nabucodonosor teve essa experiência ao
eu o menor na casa de meu pai”. (Juízes 6:15) olhar para a fornalha ardente e declarou:
Gideão acabou tornando-se o herói que liber- “Não lançamos nós, dentro do fogo, três
tou Israel da opressão dos midianitas. homens atados? (. . .) Eu, porém, vejo quatro
Diz o Velho Testamento: “E era o homem homens soltos, que andam passeando dentro
Moisés mui manso, mais do que todos os do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o
homens que havia sobre a terra”. (Números aspecto do quarto é semelhante ao Filho
12:3) Moisés foi um dos grandes profetas de Deus”. (Daniel 3:24–25)
que já viveram na Terra e foi o autor de cinco Que exista em nossos pensamentos e atos
livros do Velho Testamento. uma manifestação de força e paz espiritual in-
terior. Que tenhamos uma fé absoluta de que
Luz Espiritual todas as coisas são possíveis a Deus e que nos
Em minha busca pessoal por força interior, lembremos de que por meio da nossa obe-
expresso meu respeito, apreciação e gratidão diência podemos passar a conhecer todas as
pelo exemplo da Primeira Presidência, de coisas por intermédio do Seu Santo Espírito.

6
I D É I A S PA R A O S
MESTRES FAMILIARES
Após preparar esta mensagem em espírito de oração,
compartilhe-a usando um método que incentive a participa-
A densa névoa que obscurece as trilhas e passagens tortuosas ção daqueles a quem ensina. Seguem-se alguns exemplos:
da nossa vida será dissipada com a luz espiritual que advém 1. Pergunte aos membros da família o que uma pessoa
somente de Deus. Essa luz espiritual não brilhará a menos que pode fazer para fortalecer seu corpo físico, alguns exem-
busquemos diligente e humildemente o Seu Espírito. plos podem incluir exercitar-se, ter uma dieta adequada e
descansar o suficiente. Peça-lhes que identifiquem idéias
“O que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida na mensagem do Presidente Faust sobre coisas que edifi-
eterna.” (Gálatas 6:8) cam a força moral interior. Preste testemunho de como
Ao semearmos em nosso espírito, que sejamos fortale- algumas dessas idéias o ajudaram a sobrepujar a insegu-
cidos no nosso interior com o poder do Seu Espírito, pois rança, a dúvida e a tentação.
a espiritualidade é como a luz do sol, que passa pelo que 2. Mostre aos membros da família uma bateria e lembre
é imundo e não se contamina. Que nossa vida possa ser como ela funciona. Como nossa espiritualidade se compara
À DIREITA: FOTOGRAFIA DE CRAIG DIMOND; POSADA POR MODELOS

de tal forma que nossa natureza espiritual possa brilhar a uma bateria? Leia a seção “Nossos Sentimentos
em meio ao que é ordinário, sórdido e mau e santificar Espirituais” e debata maneiras pelas quais podemos recar-
nossa alma. ■ regar nossa bateria espiritual.
3. Convide os membros da família a discutirem os bene-
NOTAS fícios que recebemos da luz do sol. Leia com eles a seção
1.Heber J. Grant, em Conference Report, outubro de 1936, p. 3. “Luz Espiritual”. Discuta as maneiras pelas quais a espiri-
2.Albert E. Bowen, The Church Welfare Plan (Curso Doutrina do
Evangelho, 1946), p. 44. tualidade pode ser comparada à luz do sol e o pecado a um
3.Em Martin H. Manser, comp., The Westminster Collection of
Christian Quotations (2001), p. 2.
denso nevoeiro. Quais são algumas maneiras citadas pelo
4. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Harold B. Lee (2000), p. 41. Presidente Faust para aumentarmos a luz espiritual em
5.William Rounseville Alger.
6.W. E. Channing. nossa vida?
7.“Renascence”, Renascence and Other Poems (1917), p. 14.

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 7


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KRISTEN WINMILL SOUTHWICK

A o longo dos anos, o Brasil tornou-se


famoso por seus excelentes times de fu-
tebol, suas praias de areia muito branca
e seu clima tropical. Mas a força que impulsiona
essa vibrante e palpitante cultura provavelmente
iria comemorar seu aniversário de quinze anos. Na data do
aniversário de Priscila, a mãe, Francilene, estaria partici-
pando de uma caravana da estaca de17 dias, no templo de
São Paulo Brasil. Francilene tinha economizado por três
anos para ir ao templo pela primeira vez e conseguira jun-
está em sua maior riqueza: seu povo caloroso que tar o suficiente para levar Priscila na viagem ou para reali-
gosta muito de se divertir. A diversão e a compa- zar uma festa tradicional de quinze anos para ela quando
nhia dos amigos e da família são elementos es- voltasse. A decisão de Priscila foi ainda mais difícil por ela
senciais na maior parte de suas atividades. E ter uma família muito unida cujos parentes, em sua maio-
uma das datas mais importantes e esperadas ria, eram membros de outras igrejas e estavam esperando
para qualquer jovem brasileira é a comemora- ansiosamente há vários anos a comemoração de seu ani-
ção de seu aniversário de quinze anos. versário. Eles não compreendiam a importância de ir ao
Algumas famílias economizam por vários templo.
anos para poderem realizar uma festa lu- “Todas as minhas tias e tios queriam que eu ficasse e fi-
xuosa, com jantar, baile e muitos presentes, zesse uma festa de aniversário, principalmente porque eu
a fim de comemorar essa data marcante na era a única menina da minha família”, disse Priscila.
vida da jovem. “Quando decidi ir ao templo, foi uma boa oportunidade de
Priscila Vital, membro da Estaca Rio Negro de Manaus, mostrar a todos eles como isso era importante para mim.”
Brasil, teve que fazer uma escolha difícil ao decidir como A família de Priscila filiou-se à Igreja em 1991, mas
FOTOGRAFIAS CORTESIA DA FAMÍLIA VITAL, EXCETO QUANDO INDICADO
A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 9
tornou-se menos Como testemunho da crescente fé dos
ativa pouco depois membros de Manaus, a cada ano cerca de 150
do batismo. No iní- a 200 membros de Manaus participam de
cio de 1998, uma uma caravana multi-estacas ao Templo de São
amiga de Priscila co- Paulo, que é o templo de mais fácil acesso
Os membros fiéis da meçou a pesquisar a Igreja e pediu que para eles no Brasil. Devido à densa floresta
Igreja de Manaus Priscila a acompanhasse ao seminário. que cerca a cidade, o único meio de trans-
(acima, extrema “Eu tinha freqüentado outra igreja, mas não porte de Manaus para São Paulo é por barco
direita) fazem uma conseguia compreender o que eles ensinavam. ou avião. As passagens aéreas são muito ca-
longa viagem de barco No seminário, tudo começou a fazer sentido ras, portanto, há oito anos, as presidências de
e ônibus até São Paulo para mim, e eu comecei a entender o evange- estaca da cidade organizaram uma caravana
(acima) a cada ano. lho. Por fim, o Espírito testificou para mim anual ao templo, fretando um barco e diver-
Priscila pôde fazer que Joseph Smith era um profeta de Deus. sos ônibus para os membros que desejam ir
batismos pelos mortos Quando soube que ele era um profeta, senti- ao templo. Dividindo os gastos, os membros
no templo e espera me tão bem e feliz que chorei”, disse Priscila. conseguem juntar dinheiro suficiente para
voltar um dia com toda A mãe de Priscila, Francilene, gostava viajar até o templo com a família.
a família (à direita). muito de receber as moças da ala em sua A caravana começa com uma viagem de
casa. Ela incentivou Priscila a freqüentar as barco de quatro dias até Porto Velho, uma ci-
atividades da Igreja, e logo começou também dade brasileira próxima da fronteira com o
a freqüentar regularmente a Igreja. Hoje, Peru e a Bolívia. Dali, os membros seguem de
Francilene está servindo como presidente ônibus fretado por mais três dias e noites até
da Sociedade de Socorro da ala. São Paulo, onde se hospedam no alojamento
de propriedade da Igreja, junto ao Templo de
FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE SÃO PAULO DE LAURENI FOCHETO
Testemunho de Fé Crescente São Paulo Brasil. Eles realizam o trabalho do
A conversão de Priscila ao evangelho é um templo por quatro dias e depois fazem a via-
dos muitos milagres que estão acontecendo gem de volta para casa.
em Manaus. A movimentada cidade portuária Priscila preparou-se para a viagem ao tem-
de 1,5 milhão de pessoas é o centro comer- plo estudando com a mãe os discursos da
cial e industrial da Bacia Amazônica. Os pri- conferência geral sobre o templo, lendo as re-
meiros missionários SUD chegaram à cidade vistas da Igreja e estudando as escrituras. Ela
há 23 anos. Desde aquela época, a Igreja em também reuniu os nomes de quatro gerações
Manaus cresceu muito, tendo hoje cinco de seus antepassados do lado paterno para
estacas, uma missão e 14.000 membros. poder realizar batismos vicários por eles.

10
A mãe de Priscila compilou os dados de história da família era meu aniversário, disse que tinha um presente para
de quatro gerações de seu lado da família. mim”, explicou Priscila. “Muitas pessoas vão ao templo, de
Depois que os 185 membros partiram de barco de modo que a maioria dos usuários só pode fazer o batismo
Manaus, Priscila e as cinco outras jovens que participavam por apenas cinco pessoas. Ele deu-me uma grande lista de
da caravana ajudaram a cuidar das crianças em idade da nomes de pessoas que precisavam receber o batismo vicá-
Primária e a preparar as refeições. À noite, elas dormiam rio. Não poderia ter-me dado um presente melhor.”
em redes penduradas no convés do barco por causa do A mãe de Priscila mencionou outras mudanças que
calor que fazia na floresta. ocorreram na vida de Priscila. “A caravana influenciou-a es-
“Foi tão espiritual participar da caravana porque todos piritualmente. Ela foi uma luz para todos os outros mem-
estavam muito entusiasmados e ansiosos para ir ao tem- bros. Todos voltaram diferentes. No ônibus de volta para
plo”, comentou Priscila. “A maioria das pessoas nunca ti- casa, sentimos que nossa aparência e nosso rosto tinham
nha ido ao templo, por isso ninguém sabia exatamente o mudado; estávamos muito felizes.”
que esperar. Todos cantavam hinos e liam as escrituras jun- O exemplo e a disposição de Priscila de compartilhar o
tos. Éramos muito unidos.”
O trecho de ônibus foi a parte
mais difícil da viagem porque os
ônibus seguiram ininterrupta- evangelho ajudou muitos de seus familia-
mente, dia e noite, por três dias res e amigos a filiarem-se à Igreja. Uma
consecutivos, e os membros não dessas pessoas, sua tia, retornou recente-
podiam se movimentar muito. mente após servir na Missão Brasil Recife.
Em conseqüência disso, muitos Atualmente, Priscila está incentivando seu
ficaram com as pernas inchadas e pai e seus dois irmãos a prepararem-se
doloridas. para ir ao templo, para que possam ser
selados como família: algo que ela espera
Finalmente Lá que aconteça muito em breve.
Quando chegaram ao templo, Priscila foi imediata- Para Priscila, desistir da comemoração de seu aniversá-
mente para o batistério realizar batismos pelos mortos, rio de 15 anos não foi sacrifício algum. “Quando chegou a
enquanto sua mãe ia para outra parte do templo a fim de hora de voltar para casa, eu não queria ir embora”, comen-
receber sua investidura. Priscila passou todos os dias que tou Priscila. “Tudo que eu queria fazer era economizar
esteve em São Paulo no templo, embora fosse a primeira dinheiro suficiente para voltar ao templo tão logo quanto
vez que visitava aquela grande metrópole. fosse possível.” ■
“Passei meu aniversário de quinze anos no templo.
Kristen Winmill Southwick é membro da ala Weston II, Estaca
Quando o coordenador da pia batismal ficou sabendo que Boston Massachusetts.

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 11


O Amor
ÉLDER RUSSELL M. NELSON
Do Quórum dos Doze Apóstolos

N
o mundo de hoje, repleto de terror e para todas as coisas.11 “[Ele] convida todos a vi-
ódio, nosso conhecimento do amor rem a ele (. . .); e não repudia quem quer que o
divino é de suma importância. Temos procure, negro e branco, escravo e livre, ho-
a responsabilidade de entender e testificar que mem e mulher.”12 E todos são convidados a
o Pai Celestial e Jesus Cristo são personagens orar ao Pai nos céus.13
vivos, glorificados, e cheios de amor. “Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu O Amor Divino Também
o seu Filho unigênito, para que todo aquele É Condicional
que nele crê não pereça, mas tenha a vida Embora o amor divino
eterna.”1 Jesus “amou o mundo de tal maneira possa ser considerado
que deu a própria vida para que todos os perfeito, duradouro,
que cressem pudessem tornar-se os filhos infinito
de Deus”.2 Na verdade, o Pai e o Filho são
um em propósito e amor.3

O Amor Divino É Perfeito e Infinito


O amor do Pai e do Filho são divinos por
definição. As escrituras também descrevem
esse amor como sendo perfeito.4 É infinito
porque a Expiação foi um ato de amor para to-
PESCADORES DE HOMENS, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH.

Q
dos os que já viveram, para os que vivem hoje uando o
e um dia viverão.5 Também é infinito porque Salvador
transcende o tempo. convidou
Pedro e André para
O Amor Divino É Duradouro segui-Lo, eles obedi-
O amor divino é duradouro:6 “O Senhor (. . .) entemente deixaram
guarda a aliança e a misericórdia até mil gera- suas redes, recebendo,
ções aos que o amam e guardam os seus por isso, grandes
mandamentos”.7
bênçãos. Do mesmo
modo, quando
O Amor Divino É Universal
respondemos com
O amor divino é universal.8 Deus “faz que
o seu sol se levante sobre maus e bons, e a humilde obediência
chuva desça sobre justos e injustos”.9 Jesus é aos Seus manda-
a luz do mundo10, dando vida e trazendo a lei mentos, somos
abençoados.
12
Divino
Embora o amor divino possa ser
considerado perfeito, infinito,
duradouro e universal, não se
pode caracterizá-lo correta-
mente como incondicional.

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 13


e universal, não se pode caracterizá-lo corretamente como para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus
incondicional. A palavra não aparece nas escrituras. Por lhes ordenar”.16 A vida aqui é um período de provação.
outro lado, muitos versículos afirmam que os mais altos Nossos pensamentos e ações determinam se nossa
níveis de amor que o Pai e o Filho sentem por todos nós provação mortal pode merecer a aprovação celestial.17
— e certas bênçãos divinas resultantes desse amor — são
condicionais. Antes de citar exemplos, seria bom identifi- A Natureza Condicional do Amor Divino
carmos várias formas de expressões condicionais nas Tendo em mente o padrão de declarações condicionais
escrituras. das escrituras, notamos que muitos versículos atestam a
natureza condicional do amor divino a nós. Seguem-se
Formas Condicionais alguns exemplos:
Podemos encontrar várias formas de expressões condi- • “Se guardardes os meus mandamentos, [então] perma-
cionais nas escrituras: necereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho
• “Se... [existem certas condições], então... [seguem-se guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço
certas conseqüências].” (Os indicadores se e então no seu amor.”18
podem estar escritos ou apenas implícitos.) • “Se não guardardes meus mandamentos, [então]
• Pois [existem certas condi- o amor do Pai não continuará convosco.”19
o julgamento

N final, o
Salvador
irá julgar-nos de
ções], ... [seguem-se certas
conseqüências].”14
• “Aquele que não... não
pode...”15
• “Se alguém me ama, [então] guardará a minha palavra,
e meu Pai o amará.”20
• “Eu amo aos que me amam; e os que (. . .) me busca-
rem, me acharão.”21
acordo com nossa • “Fazei prova... se eu não...” Por • “Deus não faz acepção de pessoas. Mas [agrada a Deus]
obediência durante exemplo, um versículo que diz aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é
a mortalidade. respeito à nossa exaltação re- justo.”22
Nossos pensamentos vela o propósito principal de • O Senhor “ama os que o tomam por seu Deus”.23
e ações irão deter- nossa jornada aqui na mortali- • “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda
minar se seremos dade: “E assim os provaremos esse é o que me ama; e aquele que me ama será
merecedores da
aprovação celestial.
O QUE SIGNIFICA
CONDICIONAL?
O termo condicional
vem de raizes latinas —
con significa “com” e
dicere significa “dizer”,
amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei Estas são as condições dessa portanto, condicional
a ele.”24 lei: Todos os convênios, contra- significa que “limites ou
condições foram comu-
tos, vínculos, compromissos, ju-
nicados verbalmente”.
A Natureza Condicional das Bênçãos Divinas ramentos, votos, práticas,
O termo incondicional
É igualmente notório que recebemos certas bênçãos de ligações, associações ou expecta-
dições ou limitações;
um Deus amoroso apenas se forem cumpridas as condi- tivas que não forem feitos nem absoluto.”
ções requeridas. A seguir, alguns exemplos: acertados nem selados (. . .) por
• “Se andares nos meus caminhos, guardando os meus meio daquele que foi ungido,
estatutos, (. . .) então, prolongarei os teus dias.”25 (. . .) não terão eficácia, virtude
• “Se andares nos meus estatutos, e fizeres os meus juízos ou vigor algum na ressurreição
e guardares todos os meus mandamentos; (. . .) [então] dos mortos”.30
confirmarei para contigo a minha palavra.”26 Outras leis foram designadas
• “Eu, o Senhor, estou obrigado quando fazei o que eu para nos abençoar aqui na morta-
digo; mas quando não o fazeis, não tendes promessa lidade. Uma delas é o dízimo: “Trazei todos dízimos à casa
alguma.”27 do tesouro, (. . .) e depois fazei prova de mim nisto, diz o
• “Quando recebemos uma bênção de Deus, é por Senhor (. . .), se eu não vos abrir as janelas do céu, e não
obediência à lei na qual ela se baseia.”28 derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar
• “A todo reino é dada uma lei; e toda lei também tem suficiente para a recolherdes.”31 Uma bênção como essa é
certos limites e condições.”29 condicional. Os que falham em pagar o dízimo não têm
O Senhor declara: “Todos os que receberem uma bên- promessa alguma.32
ção de minhas mãos obedecerão à lei que foi designada Mais uma vez, “Tudo que ele requer de vós é que guar-
para essa bênção e suas condições. (. . .) deis seus mandamentos; e ele prometeu-vos que, se guar-
E quanto ao novo e eterno convênio, foi instituído para dásseis seus mandamentos, prosperaríeis na terra; e ele
a plenitude de minha glória; e aquele que recebe sua ple- nunca se desvia do que disse; portanto, se guardardes seus
nitude deve cumprir a lei e cumpri-la-á; caso contrário, mandamentos, ele vos abençoará e far-vos-á prosperar”.33
será condenado, diz o Senhor Deus. (. . .) Por que o amor divino é condicional? Porque Deus nos
ama e quer que sejamos felizes. “A felicidade é o objetivo e
o propósito da nossa existência; e também será o fim,
caso sigamos o caminho que nos leva até ela; e esse rumo
é virtude, retidão, fidelidade, santidade e obediência a
todos os mandamentos de Deus.”34

Nossa Defesa contra as Falsas Ideologias


A compreensão de que as bênçãos e o amor divino não
são realmente “incondicionais” pode proteger-nos das falá-
cias mais comuns tais como: “Já que o amor de Deus é in-
condicional, Ele me amará de qualquer maneira”, ou “já
que ‘Deus é amor’35, Ele me amará incondicionalmente
O JUÍZO FINAL, DE JOHN SCOTT

não importa o que eu faça”.


Esses argumentos são utilizados pelos anti-Cristos para
enganar as pessoas com mentiras. Neor, por exemplo, pro-
moveu-se ensinando falsidades. Ele “testificou ao povo
que toda a humanidade seria salva no último dia, (. . .)

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 15


Imortalidade e Vida Eterna
Deus declarou que Sua obra e Sua glória é
“levar a efeito a imortalidade e vida eterna do
homem”.42 Graças à Expiação, o dom da imor-
talidade é incondicional.43 O dom maior,
que é o da vida eterna, contudo, é condicio-
nal.44 Para merecer esse dom, a pessoa deve
negar-se a toda iniqüidade45 e honrar as or-
denanças e convênios do templo.46 O mara-
vilhoso buquê do amor de Deus — incluindo
a vida eterna — contém bênçãos para as quais
evemos devemos ser merecedores, não direitos adquiridos sem

D ensinar
nossos filhos
que eles receberão
dignidade. Os pecadores não podem fazer a vontade de
Deus se curvar a deles e exigir que Ele os abençoe em
seus pecados.47 Se eles desejarem sentir o perfume das
flores desse lindo buquê, devem arrepender-se.48
as bênçãos do amor
de Deus, desde que porque o Senhor havia criado Conselhos que Conduzem ao Arrependimento
obedeçam antes a todos os homens; (. . .) e, no O Presidente Brigham Young (1801–1877) declarou:
Seus mandomentos. fim, todos os homens teriam “Toda bênção que o Senhor dispensa a Seu povo é ba-
vida eterna”.36 Infelizmente, al- seada em certas condições, que podem ser resumidas nos
gumas pessoas acreditaram na seguintes preceitos: Obedecei à minha lei, guardai meus
falácia e nos conceitos incondi- mandamentos, recebei minhas ordenanças, observai os
cionais de Neor. meus estatutos, amai a misericórdia, preservai inviolavel-
Em contraste com os ensina- mente a lei que vos dei, mantende-vos puros dentro da lei,
mentos de Neor, o amor divino nos adverte de que “iniqüi- pois somente assim tereis direito a essas bênçãos”.49
dade nunca foi felicidade.”37 Jesus explica: “Vinde a mim e O Presidente Joseph F. Smith (1838–1918) fez uma de-
sede salvos; (. . .) a não ser que guardeis os meus manda- claração semelhante: “É assim que vejo o que Deus exige
mentos, (. . .) de modo algum entrareis no reino dos céus”.38 de Seu povo individual e coletivamente: Acredito que não
posso esperar bênçãos, favores, confiança ou o amor de
O Amor Divino e o Pecador Deus ou de meus irmãos a menos que seja por meio das
Isso significa que o Senhor não ama o pecador? Claro minhas obras, provando que sou digno. Jamais esperei
que ama. O amor divino é infinito e universal. O Senhor receber bênçãos sem merecê-las”.50
ama tanto os santos como os pecadores. O Apóstolo João O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) disse que
afirmou: “Nós o amamos a ele porque ele nos amou pri- o Senhor “não pode ‘encarar o pecado com o mínimo
meiro”.39 E Néfi, quando viu em visão o ministério mortal grau de tolerância.’ (D&C 1:31) (. . .) Seremos mais gratos
do Senhor, declarou: “O mundo, devido à iniqüidade, julgá- pelo amor e bondade que Ele nos dedica se igualmente a
lo-á como uma coisa sem valor; portanto o açoitam e ele su- abominação pelo pecado nos impelir a transformar nossa
porta-o; e ferem-no e ele suporta-o. Sim, cospem nele e ele vida por meio do arrependimento”.51
suporta-o por causa de sua amorosa bondade e longanimi- Visto que todos nós somos imperfeitos, a iniciativa indi-
dade para com os filhos dos homens”.40 Sabemos a abran- vidual é fator imperativo: “Aquele que se arrepender e
gência do amor do Redentor porque Ele morreu para que cumprir os mandamentos do Senhor será perdoado;
todos os que morreram pudessem viver novamente.41 E aquele que não se arrepender, dele será tirada até a

16
luz que recebeu, pois meu Espírito não contenderá comprometidos em moldar nossa vida de acordo com Seu
sempre com o homem, diz o Senhor”.52 exemplo, mais puro e divino será o nosso amor.60
Ao trilhar o caminho do arrependimento, leva-se em Talvez nenhum amor na mortalidade se aproxime mais do
conta tanto o esforço quanto o resultado. O Senhor ensi- divino do que o amor dos pais por seus filhos. Como pais, te-
nou que os dons espirituais são dados “àqueles que [O] mos a mesma obrigação que nossos pais celestiais de nos en-
amam e guardam todos os [Seus] mandamentos e sinar obediência. Embora possamos ensinar a necessidade da
[àqueles] que procuram assim fazer”.53 tolerância para com as diferenças entre as pessoas,61 não po-
demos tolerar suas infrações às leis de Deus. Temos que ensi-
O Amor Divino Serve de Padrão para Nós nar a doutrina do reino a nossos filhos,62 ensiná-los a confiar
Jesus pediu-nos que nos amássemos como Ele nos amou.54 no Senhor e a saber que receberão as bênçãos do Seu amor
Isso é possível? Nosso amor pelos outros pode realmente se primeiro obedecerem aos Seus mandamentos.63
aproximar-se do amor divino? Sim, pode!55 O puro amor de O amor divino é perfeito, infinito, duradouro e univer-
Cristo é concedido a todos os que o buscam e se mostram sal. A medida plena desse amor divino e as maiores bên-
dignos dele.56 Esse amor inclui serviço57 e exige obediência.58 çãos que ele nos proporciona são condicionais —
A submissão às leis divinas requer fé — o ponto crucial dependem de nossa obediência à lei eterna. Oro para que
das provações e testes da mortalidade. Ao mesmo tempo, nos qualifiquemos para essas bênçãos e tenhamos alegria
a fé prova nosso amor a Deus.59 Quanto mais estivermos para todo o sempre. ■

NOTAS reino de Deus” (João 3:5; grifo 33. Mosias 2:22; grifo do autor. 48. O Senhor disse: “Não tens
1. João 3:16. do autor), e “a não ser que Esse conselho condicional desculpa para tuas transgres-
2. D&C 34:3. guardeis minha lei, não obte- repete-se muitas vezes nas sões; (. . .) vai e não peques
3. Ver 2 Néfi 31:21; Alma 12:33; reis esta glória”. (D&C 132:21; escrituras. Ver 1 Néfi 2:20; mais”. (D&C 24:2). Ver tam-
D&C 93:3. grifo do autor.) Ver também 4:14; 2 Néfi 1:9, 20; 4:4; Jacó bém João 8:11; D&C 6:35;
4. Ver I João 4:12, 15–18. Éter 12:34; D&C 25:15; 132:21. 2:17–19; Jarom 1:9; Ômni 1:6; 29:3; 82:7; 97:27.
5. Ver Alma 34:9–12. O amor 16. Abraão 3:25; grifo do autor; Mosias 1:7; 2:31; Alma 9:13; 49. Discursos de Brigham Young,
divino também é infinito ver também Malaquias 3:10; 36:1, 30; 37:13; 38:1; 48:15, sel. John A. Widtsoe (1954),
porque todos os fiéis no final 3 Néfi 24:10. 25; 50:20; Helamã 3:20. p. 455.
serão “envolvidos pela incom- 17.Ver Mateus 25:21, 23. 34. Joseph Smith, Ensinamentos 50. Deseret News, 12 de novem-
parável generosidade de seu 18. João 15:10; grifo do autor. do Profeta Joseph Smith, sel. bro de 1873, p. 644.
amor”. (Alma 26:15) 19. D&C 95:12; grifo do autor. Joseph Fielding Smith (1976), 51. O Milagre do Perdão (1969),
6. Ver Isaías 54:10; ver também 20. João 14:23; grifo do autor. p. 249; grifo do autor. p. 59.
3 Néfi 22:10. 21. Provérbios 8:17. 35. I João 4:8, 16. 52. D&C 1:32–33.
7. Deuteronômio 7:9; ver tam- 22. Atos 10:34–35. 36. Alma 1:4; grifo do autor; ver 53. D&C 46:9; grifo do autor.
bém I Crônicas 16:15; Salmos 23. 1 Néfi 17:40. também 1:3, 5–6; 2 Néfi 54. Ver João 13:34; 15:12.
105:8. 24. João 14:21. 28:8–9. Esse conceito incondi- 55. Ver Éter 12:33–34; Morôni
8. Definido como “de, relativo a, 25. I Reis 3:14; grifo do autor; ver cional (vida eterna para todos) 7:46–47.
extensivo a, que afeta o também Deuteronômio 19:9. negaria a necessidade das 56. Ver Morôni 7:48.
mundo todo ou todos no 26. I Reis 6:12; grifo do autor. ordenanças, dos convênios e 57. Ver Gálatas 5:13; Mosias
mundo; mundial”. [The 27. D&C 82:10. do trabalho no templo. 2:18–21; 4:15.
American Heritage 28. D&C 130:21. 37. Alma 41:10. 58. João ensinou: “Qualquer que
Dictionary, 4ª ed. (2000), 29. D&C 88:38; ver também 38. 3 Néfi 12:20; grifo do autor. guarda a sua palavra, o amor
“universal”, 1883.] 132:5. 39. I João 4:19. de Deus está nele verdadeira-
9. Mateus 5:45; ver também 30. D&C 132:5–7; ver também 40. 1 Néfi 19:9; grifo do autor. mente aperfeiçoado”. (I João
3 Néfi 12:45. Alma 9:12; 42:13, 17. 41. Ver Romanos 5:8; II Coríntios 2:5)
10. Ver João 8:12; 9:5. 31. Malaquias 3:10; grifo do 5:14–15; ver também 59. Ver Deuteronômio 13:3; João
11. Ver D&C 88:6–13. autor; ver também 3 Néfi I Coríntios 15:22. 14:15; 15:6–7.
12. 2 Néfi 26:33. 24:10. O Senhor não foi espe- 42. Moisés 1:39. 60. Ver Mateus 6:19–22; D&C
13. Ver Mateus 6:6; ver também cífico sobre como Ele abençoa- 43. Ver Atos 24:15; I Coríntios 88:67–68; 93:11–20.
3 Néfi 13:6; Morôni 7:48. ria os que pagam o dízimo. 15:22; Alma 12:8; D&C 76:17; 61. Ver Regras de Fé 1:11.
14. Por exemplo, ver 1 Néfi 2:20; Alguns são abençoados espiri- Tradução de Joseph Smith, 62. As doutrinas incluem o plano
4:14; 2 Néfi 1:9, 20; 4:4; Jarom tualmente mais do que mate- João 5:29. de salvação, fé, arrependi-
1:9; Ômni 1:6; Alma 9:13; 36:1, rialmente. 44. Ver D&C 14:7. mento, batismo e o dom do
30; 38:1; 50:20; Helamã 4:15. 32. Ver D&C 119:4–5. O dízimo 45. Ver Morôni 10:32; Tradução de Espírito Santo. (Ver Morôni
15. Alguns exemplos são: “Aquele também é exigido de todos os Joseph Smith, Mateus 16:26. 8:10; D&C 68:25; Moisés
que não nascer da água e do que desejam ser considerados 46. Ver D&C 132:19. 6:57–62.
Espírito, não pode entrar no povo de Deus. (Ver D&C 85:3.) 47. Ver Alma 11:37. 63. Ver Mosias 4:6–7.

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 17


18
CONTE COM
M AU R I C E

FOTOGRAFIA DE LAURY LIVSEY; FOTOGRAFIAS DE NATUREZA MORTA DE JOHN LUKE


LAURY LIVSEY

O gênio em matemática sentou-se na


classe depois das aulas, esperando a
estrela do futebol americano para a
aula semanal de matemática. O rapaz que
Hoje, dois anos depois, Maurice
Navarro está sentado outra vez numa sala
de aula de ensino médio perto de Miami,
Flórida. O sinal de saída tocou há 30 minu-

M
gostava de álgebra, cálculos e trigonometria tos, mas exatamente como nos anos anterio- aurice
passava uma hora extra todas as semanas en- res, vários alunos estão ao redor de Maurice Navarro é
sinando ao herói do futebol americano, tido enquanto ele ensina um conceito de mate- um rapaz
por muitos como o melhor jogador juvenil mática que seus companheiros têm dificul- ocupado, mas não
dos Estados Unidos, a fazer expressões poli- dade de entender. tanto que não
nomiais e resolver equações com expoentes. Este é Maurice Navarro. Aquele que ainda tenha tempo para
Ele conseguia ganhar um jogo de futebol dá aulas particulares de graça. Aquele que ensinar matemá-
sem problemas, mas álgebra? Era um grande continua ajudando os outros. tica a seus colegas
desafio. Foi então que o gênio em matemá- e a servir como
tica apareceu para salvá-lo. Um Rapaz Ocupado voluntário em dois
Quando terminou o ano escolar, acaba- “Isso eu herdei da minha mãe”, diz ele hospitais locais.
ram-se as aulas. O professor esperava com quando fala de seu serviço. “Ela me ensinou
ansiedade o próximo ano no ensino médio que se sou capaz de ajudar os outros é muito
enquanto o aluno formou-se e aceitou uma importante que eu o faça. É difícil para algu-
bolsa de estudos para jogar futebol na mas crianças entenderem matemática, então
Universidade de Miami. é por isso que eu ensino. Já que a matemática
Por isso, o expert em matemática disse: é fácil para mim, fico contente em ajudar.”
“Algum dia, quando ele for um jogador de fu- O mesmo ocorre com seu trabalho volun-
tebol americano bem famoso, poderei dizer tário em dois centros médicos. Toda sexta
aos meus filhos que lhe ensinei matemática”. e sábado, Maurice doa nove horas de seu

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 19


tempo, fazendo diversas tarefas para espero que os diáconos e mestres
ambos os hospitais. olhem para mim como um exemplo,
“Trabalho com os pacientes, em- da mesma forma que eu olhava para
purrando-os em cadeiras de rodas ou os rapazes mais velhos quando eu ti-
camas pelo hospital”, disse ele. nha a idade deles”, disse ele.
“Quando estou lá, noto o sorriso no Uma evidência tangível do exem-
rosto deles quando vêem alguém fa- plo de Maurice aos outros portadores
zer alguma coisa boa em seu favor. do Sacerdócio Aarônico em sua ala é
Adoro estar com os pacientes, ver a o projeto de escoteiros que ele com-
expressão no rosto de cada um e ob- pletou no ano passado. Maurice orga-
servar suas reações. nizou um dia de identificação da
É a mesma coisa com as aulas”, con- criança e convidou as pessoas de sua

9
tinua ele. “Quando ouço alguém dizer comunidade a trazerem os filhos até
‘Entendi!’ sobre um conceito que a capela para que fossem filmados e

C
estou ensinando, sinto que fiz o meu omo projeto de esco- tiradas suas impressões digitais.
trabalho. O mesmo ocorre com os pa- tismo, Maurice convi- Depois que a polícia fez uma apre-
cientes do hospital, mas com sorrisos.” dou vários pais para sentação sobre como proteger
uma reunião na capela crianças, os pais que compareceram
Um Exemplo onde tiraram as impressões levaram os cartões com as impres-
Na Ala Fountainebleau (de língua digitais de seus filhos num sões digitais dos filhos e as fitas
espanhola), Estaca Miami Flórida, cartão. Uma ou duas vezes de vídeo para casa. Se algum dia
Maurice é o primeiro conselheiro do por semana, ele também precisarem dessa informação para
bispo no quórum dos sacerdotes. Há ensina os pontos mais identificar e encontrar uma criança
pouco tempo, ele era um jovem diá- difíceis de matemática perdida, os pais poderão utilizá-las
cono que olhava o exemplo dos sacer- para seus colegas. prontamente.
dotes que se preparavam para servir Maurice passou longas horas coor-
como missionários. Agora é a vez de denando esse projeto que atraiu
Maurice liderar. “Como sou o mais cerca de 100 crianças. Como bônus,

6+
velho na organização dos Rapazes, ele também pediu que as pessoas

20
4trouxessem uma ou duas latas de
algum produto enlatado comestível
para doar a uma entidade que coleta
alimentos para os necessitados. No
final, conseguiram encher três caixas
com enlatados.
“Gostei desse projeto porque foi
diferente”, disse Maurice. “Eu queria
que fosse algo significativo. Espero
que as pessoas nunca precisem usar
aquele vídeo ou as impressões digi-
tais no cartão. Não quero jamais que
Muitas Partes Pequenas
Durante sua vida, Maurice teve
uma pequena participação no dia-
a-dia de muitas pessoas. Os alunos de
Coral Gables que foram ensinados
por ele passaram em exames de ma-
temática; Maurice sentiu que contri-
buiu para o sucesso deles. Só por
precaução, os pais têm gravado infor-
mações sobre seus filhos e podem
agradecer a Maurice por isso. No
hospital, lá vai ele, empurrando um

9
cheguem a esse ponto, mas algumas paciente em cadeira de rodas de
coisas são úteis em caso de haver um quarto para o outro.Não é grande
uma criança desaparecida.” coisa? Talvez não. Mas essa é mais
uma atividade que Maurice arruma
Uma Tradição Familiar e fico feliz em explicar. Para muitas tempo para fazer.
Maurice tem 18 anos e fará 19 delas, é difícil compreender que eu Talvez, hoje, Maurice não tenha
em novembro. Depois de terminar queira fazer algo assim. Elas ficam uma visão plena de seu trabalho.
o ensino médio, terá oportunidade surpresas quando digo que vou ser Algum dia, quem sabe, a estrela do
de prestar serviço por um período missionário por dois anos e que nin- futebol americano fale com seus
mais longo e num trabalho que re- guém nos obriga a isso. Um dia, servi- filhos a respeito de um rapaz que
quer ainda mais responsabilidade. rei numa missão. conheceu na escola. “Crianças”, diria
Maurice tem tido muita receptivi- Meu pai foi batizado quando tinha ele, “Maurice foi quem me ensinou
dade dos colegas de classe quando vinte e poucos anos, por isso, nunca matemática”. ■
fala do programa missionário. serviu como missionário. Dentre os
Quando comentam a respeito da meus familiares, a única pessoa que
Igreja e surgem dúvidas sobre a serviu em uma missão foi meu tio.
Palavra de Sabedoria e a natureza Por isso, vejo minha missão como se
de uma missão, é com Maurice que eu estivesse começando uma tradição
os alunos vêm conversar. No Coral na família.”
Gables Senior High onde estuda,
ele é o único santo dos últimos dias.
“As pessoas na escola fazem per-
guntas o tempo todo sobre a missão,

+7 A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 21


Perguntas
e Respostas
Como Posso Ajudar Meus Amigos
a Entenderem a Lei da Castidade?
Meus amigos não conseguem entender por que cumpro a lei da castidade. O que sociedade mudaram tão drastica-
posso dizer a eles para que compreendam os ensinamentos do Senhor a respeito mente nos últimos anos que a casti-
desse assunto tão delicado? dade antes do casamento e a
fidelidade depois do casamento po-
Perguntas respondidas à guisa de orientação, não como pronunciamentos doutrinários dem parecer incompreensíveis para
da Igreja. alguns. Além do mais, a castidade é
um assunto sagrado e pessoal e você
RESPOSTA DE A LIAHONA pode achar que se está deparando
Há não muito tempo, pessoas questionariam sua decisão de viver com uma questão difícil.
de várias culturas diferentes não uma vida casta. Mas as crenças da Mas não deixe que a pressão so-
cial ou o medo o impeçam de discu-
tir esse assunto com seus amigos.
É possível que suas idéias sejam
exatamente o que eles procuram.
Talvez você possa ajudá-los a enten-
der que ser casto é a melhor escolha
porque é um mandamento de Deus,
não uma mera restrição, e que ofe-
rece uma grande liberdade, paz e
segurança.
Se você procurar a orientação do
Senhor, Ele o ajudará a encontrar um
meio adequado de compartilhar suas

LEFT: PHOTOGRAPH BY ELDON K. LINSCHOTEN; POSED BY MODELS


razões de viver a lei da castidade.
As palavras exatas que você disser
dependerão do tipo de relaciona-
mento que você tem com seus ami-
gos e a situação em que se encontrar.
Uma resposta concisa como “sou fe-
liz, cumprindo essa lei; sei que é as-
sim que Deus quer que as pessoas
vivam” provavelmente será o sufi-
ciente em algumas circunstâncias.
Mas se estiver conversando com um

22
amigo íntimo, talvez você queira falar RESPOSTAS DOS LEITORES
sobre a sua visão de pureza sexual e Um dia, meus amigos começaram
das mensagens que se encontram no a dizer que castidade era coisa do pas-
livreto Para o Vigor da Juventude. sado, que hoje ninguém obedece
Seguem-se alguns pontos-chave mais a esse mandamento. Eu logo
que você talvez queira discutir: disse que obedecia a essa lei e conhe- UM AVISO
• A castidade ajuda-o a concentrar- cia muitas pessoas que faziam o
se no que é importante. A amizade, o mesmo. Meus amigos riram e pergun-
“ o princípio, havia entre
respeito, a compreensão, a comuni-
cação, a confiança, interesses comuns
taram-me o que faria se fosse tentado.
Contei-lhes a respeito de uma expe-
N nós alguém que se rebelou
contra o plano do Pai Celestial
e valores do evangelho são a base só- riência em que tive de dizer “não”. e jurou destruí-lo.
lida de um relacionamento. Colocar Quando ela se recusou a ouvir, fui Privado de ter um corpo mortal,
essas coisas em primeiro lugar per- embora correndo. Depois disse-lhes foi expulso, perdendo para sempre
mite que duas pessoas se conheçam que fomos criados à imagem de Deus a oportunidade de estabelecer
de maneira adequada e sintam-se à e que nosso corpo é sagrado. Alguns seu próprio reino. Tornou-se
vontade. meses depois, um amigo que ouviu o satanicamente ciumento. Satanás
• Viver a lei da castidade propor- que eu disse naquele dia foi batizado. sabe que o poder de criação não
ciona mais confiança e auto-respeito. Jean Fernando da Silva, é um mero incidente, mas uma
Não ser casto abre a porta para rela- 20 anos, parte-chave do plano.

cionamentos em que seu físico é mais Segunda Ala de Planaltina, Ele sabe que se tentar vocês a
usar esse poder prematuramente,
valorizado do que todas as outras Estaca Brasília Brasil Norte
ou seja, a usá-lo cedo demais,
qualidades que você possui. A casti-
ou da maneira errada, vocês
dade permite que os outros valorizem
podem perder as oportunidades
sua personalidade, talentos, carinho e Quando não consegui mudar a opi-
de progresso eterno.”
benevolência. nião dos meus amigos com palavras,
— Presidente Boyd K. Packer,
• A castidade o mantém a salvo. tentei fazê-lo com meu exemplo. Presidente Interino do Quórum
Você não somente está livre de con- Muitas vezes, tive que me recusar a dos Doze Apóstolos (“Why Stay
trair doenças físicas, como sua saúde participar de suas atividades. Embora Morally Clean”, Ensign, julho
espiritual também estará protegida. ficasse sozinha, eu sabia que estava fa- de 1972, p. 112) ■
• A castidade é um mandamento. zendo a coisa certa.
(Ver Gálatas 5:16–17, 19–21.) A obe- Hoje, alguns de meus amigos tive-
diência aos mandamentos traz felici- ram experiências desagradáveis e al-
dade, paz e muitos outros benefícios. guns estão começando a viver esta lei
• Viver uma vida casta mostra que tão importante.
você tem respeito pelo Pai Celestial. O Linda López Fierro, 16 anos,
poder de criar a vida é algo pelo qual Ala Isidro Ayora,
devemos mostrar reverência. Se você Estaca Guayaquil Equador
quebrar a lei da castidade, estará zom- Leste
bando de um dom muito sagrado.
• Você vive essa lei porque quer;
castidade é uma bênção. Podemos explicar que, para desfru-
• A castidade faz com que seu fu- tar as bênçãos de Deus, precisamos
turo casamento seja forte. Quando da orientação e companhia constante
um casal é casto, seu relacionamento do Espírito Santo. Abstermo-nos de
pode ser de total confiança. relações sexuais antes do casamento e

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 23


permanecermos fiéis ao nosso côn- amigos sempre se surpreendem, mas corpo não nos pertence. Devemos cui-
juge depois do casamento são atitu- explico que o Senhor nos dá manda- dar bem dele vivendo a lei da castidade.
des essenciais para retermos a mentos para a nossa felicidade e que o Tahia Mou-Fa, 16 anos,
companhia do Espírito. obediente recebe as bênçãos. Ala Uturoa,
Emeka Ofoegbu, 23 anos, Irina Kutsenko, 19 anos, Estaca Raromatai Taiti
Ramo Ugborikoko, Ramo Voronezh
Distrito Warri Nigéria Levoberezhny,
Missão Rússia Moscou Sul
Tento falar coisas positivas a res-
peito da castidade. Converso sobre os
O Presidente David O. MacKay Podemos ser um exemplo man- conselhos dados pelos pais e líderes
(1873–1970) ensinou que “as mulhe- tendo limpos nossos pensamentos da Igreja e também sobre as escrituras
res devem ser rainhas de seu próprio e ações, vestindo-nos com recato e que ensinam a respeito dessa lei.
corpo”. (A Liahona, julho de 1998, p. usando uma linguagem adequada. Makeleta Fonua, 18 anos,
105) Se meu espírito sucumbir às Podemos ensinar às outras pessoas Segunda Ala de Matahau,
pressões do corpo físico, perderei que ter uma vida limpa permitirá que Estaca Nuku’alofa Tonga
meu auto-respeito. Se não sou capaz nos apresentemos diante de Deus Ha’akame
de me respeitar, não posso amar ao sem culpa no último dia.
Pai Celestial com todo o meu coração, Élder Tagiape’a Magalo,
mente e força e a meu próximo como 27 anos, Ajude a seção Perguntas e Res-
a mim mesma. Somente quando meu Missão Samoa Apia postas respondendo à pergunta
espírito governa meu corpo para que abaixo. Envie sua contribuição de
seja moralmente limpo é que posso modo a chegar ao destino antes de
ser rainha desse corpo. 1º de março de 2003. Escreva para
Anne Soininen, 20 anos, Antes de minha missão, meus ami- Questions and Answers 03/03, Liahona,
Ramo Joensuu, gos tiveram muitas conversas sobre Floor 24, 50 East North Temple Street,
Distrito Kuopio Finlândia como quebrar essa lei. Quase nunca Salt lake City, UT 84150–3223, USA
conversavam sobre como fugir do pe- ou mande e-mail para cur-liahona-
cado. Mas eu aprendi que podemos imag@ldschurch.org. Datilografe
ensinar os outros que nossos pensa- ou escreva legivelmente em seu pró-
Tento não fazer julgamentos, mas mentos devem ser puros para que prio idioma. Não deixe de colocar
deixo claro a meus amigos de que não nossas ações sejam puras. O Senhor seu nome completo, endereço, ala e
há nada mais importante para mim do nos dará as palavras que precisarmos estaca (ou ramo e distrito). Envie
que ser uma mulher virtuosa. para dizer essas coisas. também uma fotografia sua, que
Ama Dapaah, 23 anos, Élder Otto E. Visoni O., não será devolvida. Publicaremos
A página 25 de A Liahona segue-se às notícias locais e O Amigo.
Ramo Ola University, 20 anos, uma seleção de respostas que repre-
Estaca Cape Coast Gana Missão Honduras sente todas as recebidas.
San Pedro Sula
PERGUNTA: Meu pai é muito ocu-
pado. Com a escola, os amigos e as
Se surgem perguntas, falo a res- O Apóstolo Paulo disse: “Não sabeis atividades da Igreja eu também não
peito dos Dez Mandamentos. Explico vós que sois o templo de Deus e que o fico muito em casa. O que posso fazer
também que a imoralidade sexual vem Espírito de Deus habita em vós? (. . .) para ficar mais perto do meu pai e
logo depois do assassinato em termos Porque o templo de Deus, que sois vós, desfrutar de um bom relacionamento
de gravidade. (Ver Alma 39:5.) Meus é santo”. (I Coríntios 3:16–17) Nosso com ele se mal nos vemos? ■

24
MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES

coisas. O que é necessário — o que

Preparai Todas as realmente é necessário — é manter


sua atenção voltada para meu Filho’.

Coisas Necessárias Pareceu-me que Ele disse: ‘Aprende


de mim e ouve minhas palavras; anda
na mansidão de meu Espírito e terás

E
m espírito de oração leia a busqueis as coisas deste mundo, mas paz em mim’. (D&C 19:23)” (“But One
mensagem a seguir e escolha procurai primeiro edificar o reino de Thing Is Truly Needful”, Tambuli,
as escrituras e ensinamentos Deus e estabelecer sua justiça e todas março de 1988, p. 35)
que melhor atendam às necessidades essas coisas vos serão acrescentadas’.
das irmãs que você visita. Fale de suas (JST Mat. 6:38; Mat. 6:33, nota de ro- Como podemos evitar as distrações
experiências e de seu testemunho e in- dapé a) ‘Procurai primeiro edificar o e preparar a nós mesmas e nossa
centive as irmãs a fazerem o mesmo. reino de Deus’ significa colocar Deus família?
e Sua obra como prioridade principal. Élder Richard G. Scott, do Quórum
D&C 88:119: Durante a constru- O trabalho de Deus é levar a efeito a dos Doze Apóstolos: “Em alguns lo-
ção do Templo de Kirtland, o Senhor vida eterna de Seus filhos (ver Moisés cais que são sagrados e santos, parece
deu alguns conselhos aos santos que 1:39), bem como tudo o que isso im- mais fácil discernir a orientação do
também se aplicam à edificação de plica com respeito ao nascimento, Espírito Santo. O templo é tal lugar.
uma vida reta e famílias justas nos criação, ensino e selamento dos filhos Encontre um local tranqüilo e silen-
dias atuais: “Preparai todas as coisas de nosso Pai Celestial. Tudo o mais cioso onde periodicamente você
necessárias”. tem menor prioridade”. (A Liahona, possa ponderar e permita que o
ILUSTRAÇÃO DE JULIE ANN ALLEN

julho de 2001, p. 101) Senhor estabeleça a direção de sua


Como determinamos o que é Patricia T. Holland, ex-primeira vida. Cada um de nós precisa, de tem-
“necessário”, ou o que é da mais conselheira na presidência geral das pos em tempos, avaliar nossa situação
alta prioridade, em nossa prepara- Moças: “Numa linda e ensolarada ma- e verificar se estamos no rumo certo.
ção pessoal e familiar? nhã, sentei-me para olhar o Mar da Muito em breve poderá beneficiar-se
Élder Dallin H. Oaks, do Quórum Galiléia. Abri minha Bíblia em Lucas ao fazer a seguinte auto-avaliação:
dos Doze Apóstolos: onde se encontra o relato sobre Quais são minhas maiores priori-
“Jesus ensinou a res- Marta, uma mulher como eu ‘dis- dades a serem alcançadas aqui na
peito de prioridades traída em muitos serviços’. Mas em Terra?
quando disse: ‘Não vez das palavras que estavam impres- Como uso meu tempo livre?
sas na página à minha frente, imaginei Aplico consistentemente parte dele a
em minha mente e ouvi com meu co- minhas prioridades mais elevadas?
ração as seguintes palavras: ‘Pat, Pat, Existe algo que sei que eu não de-
estás ansiosa e afadigada com muitas veria estar fazendo? Se esse for o caso,
coisas’. Depois, o poder da revelação vou arrepender-me e parar agora.
pessoal pura tomou conta de mim ao Em um momento tranqüilo anote
ler ‘mas uma só [apenas uma] é ne- suas respostas. Analise-as e faça os
cessária’. (Ver Lucas 10:38–42.) ajustes necessários.
De Espírito para espírito, parecia Coloque o que for mais impor-
que nosso amoroso Pai Celestial es- tante em primeiro lugar”. (“First
tava sussurrando a mim: ‘Você não Things First,” A Liahona, julho de
tem que se preocupar com tantas 2001, p. 9) ■

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 25


PALAVRAS
DE
JESUS Perdão
“Soltai, e soltar-vos-ão.” (Lucas 6:37)

É L D E R C E C I L O. S A M U E L S O N J R . mesa, a mulher aproximou-se por trás, cho-


Da Presidência dos Setenta rando e lavando-lhe os pés com suas lágri-

O
Salvador deseja que todos nós te- mas. Com os cabelos enxugou-lhe os pés,
nhamos a Sua paz. Ele disse: “Deixo- beijou-os e ungiu-os cuidadosamente com
vos a paz, a minha paz vos dou. (. . .) ungüento. O anfitrião censurou o fato de
Não se turbe o vosso coração, nem se ate- Jesus ter aceitado tal demonstração de bon-
morize”. (João 14:27) Nesta época difícil, um dade da pecadora. Jesus, percebeu seus pen-
hino bem conhecido assegura-nos: samentos e deu-lhe como corretivo uma de
Suas mais comoventes lições sobre a dou-
Doce é a paz que o evangelho traz
trina do perdão.
Àqueles que a verdade procuram.
Nossa compreensão de Ele contou a história de um credor que ti-
Com sua luz brilhante, a paz e a verdade
que temos uma grande nha dois devedores. Um devia-lhe dez vezes
A visão dos homens iluminam.1
dívida para com nosso mais do que o outro. Nenhum deles tinha
Rei Celestial abre a Podemos ter muito com que nos preocu- condições de pagar-lhe o débito; por isso, o
porta para os dons do par e ter razões de sobra para isso. Contudo, credor gentilmente perdoou a ambos. “Dize,
arrependimento e do como observou o Presidente Spencer W. pois”, perguntou o Salvador, “qual deles
perdão. Kimball (1895–1985), a paz do Salvador e a amará mais [o credor]?” (Lucas 7:42) Simão
doutrina do perdão estão inseparavelmente respondeu corretamente que o devedor que
ligados. “A essência (. . .) do perdão é que mais devia provavelmente o amaria mais.
proporciona paz à alma anteriormente an- Jesus então comparou a falta de cuidado
gustiada, intranqüila, frustrada e aflita.”2 e hospitalidade de Simão com a atitude da
Lucas registra um episódio da vida do mulher. O Mestre queria que Simão visse a si
Salvador que demonstra o tipo de paz que o mesmo na história como o devedor que de-
Senhor nos concede quando recebemos Seu via menos e a mulher como o devedor que
perdão. (Ver Lucas 7:36–50.) Jesus foi convi- devia mais. Jesus reforçou esse ponto, di-
dado para jantar na casa de Simão, o fariseu. zendo: “Por isso te digo que os seus muitos
Uma mulher, tida como pecadora, sabendo pecados lhe são perdoados, porque muito
que Jesus estava na casa do fariseu, levou amou, mas aquele a quem pouco é per-
ungüento. Enquanto Jesus descansava incli- doado pouco ama”. (Lucas 7:47)
nado num sofá com os pés para fora da Em seguida, Jesus voltou a atenção para a

26
J
À ESQUERDA: DETALHE DE CRISTO NA SINAGOGA, DE GUSTAVE DORÉ; À DIREITA: VEDE ESTA MULHER, DE CRYSTAL HAUETER

mulher. Olhando-a nos olhos, concedeu-lhe curasse. Como a porta estava congestionada, esus ensinou
paz, dizendo: “Os teus pecados te são per- os homens o carregaram até o telhado, abri- uma de Suas
doados. (. . .) A tua fé te salvou; vai-te em ram um buraco e cuidadosamente baixaram a lições mais
paz”. (Lucas 7:48, 50) maca onde jazia o paralítico dentro da sala comoventes sobre
Não sabemos quais eram as transgressões onde Jesus estava. Jesus não ficou irritado o perdão quando
da mulher, mas podemos imaginar a gratidão, com essa interrupção, mas foi tocado por disse: “Por isso te
a alegria e a paz que ela deve ter sentido na- sua fé. Na frente de todos, em alta voz, Jesus digo que os seus
quele momento. disse ao doente: “Filho, tem bom ânimo, muitos pecados
perdoados te são os teus pecados” (Mateus lhe são perdoados,
Paz em Cristo 9:2) e advertiu-lhe para que não pecasse porque muito amou,
Devemos olhar para o Salvador, não para a mais. (Ver a tradução de Joseph Smith, mas aquele a quem
sabedoria do mundo, para buscar paz e per- Mateus 9:2.) pouco é perdoado
dão. Vocês talvez se lembrem da história do Como o homem continuasse deitado pouco ama”.
homem que era paralítico. (Ver Mateus 9:1–8; sobre a cama, alguns dos escribas e fariseus
Marcos 2:1–12; Lucas 5:17–26.) pensaram que Jesus cometera o pecado
O Salvador estava em Cafarnaum, ensi- da blasfêmia. (Ver o Guia para Estudo das
nando numa casa lotada de pessoas e muitas Escrituras, “Blasfêmia”, p. 31.) Ele confron-
tiveram que ficar do lado de fora. Quatro ho- tou a atitude de descrença desses homens,
mens vieram trazendo um amigo paralítico perguntando-lhes o que exigia mais poder:
deitado numa maca, esperando que Jesus o perdoar pecados ou curar os doentes. (Ver a

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 27


tradução de Joseph Smith, Lucas 5:23.) O Salvador disse a dívida; por isso, o rei mandou que o servo e sua família
isso para que Seus ouvintes “[soubessem] que o Filho do fossem vendidos como escravos. O servo desesperado pe-
homem tem na terra autoridade para perdoar pecados”. diu tempo e paciência, prometendo que pagaria tudo.
(Mateus 9:6; ver a Tradução de Joseph Smith, Mateus 9:6.) Tocado por sua sinceridade, o rei sentiu compaixão pelo
Jesus então voltou-se para o paralítico e declarou: servo e perdoou sua enorme dívida. O servo, por sua vez,
“Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa”. (Marcos prostrou-se diante do rei e o reverenciou.
2:11) Imediatamente o homem levantou-se e fez como o Esse mesmo servo, que acabara de receber o maravi-
Senhor ordenara. Os murmuradores e críticos não tiveram lhoso ato de misericórdia do rei e seu perdão, saiu imedia-
nada a dizer do óbvio milagre e sua implicação clara: que tamente a procura de um companheiro que lhe devia 100
Jesus tem poder para perdoar pecados e que sentimos dinheiros, provavelmente o equivalente a alguns poucos
“bom ânimo” ou paz ao sabermos que Ele realmente dólares. Com brutalidade, exigiu pagamento imediato da
perdoou nossas faltas. dívida. Quando o outro servo pediu-lhe tempo e paciência,
o primeiro não quis estender a este o que recebera gene-
Perdoar os Outros rosamente do rei, e fez com que o devedor fosse colocado
Quando o Mestre ensinou a Seus discípulos o que fazer na prisão até poder pagar sua dívida. Esse ato de insensibi-
quando se sentissem ofendidos ou como agir se alguém pe- lidade foi visto por outros servos que com propriedade re-
casse contra eles, pareceu-lhes uma nova doutrina. “Se teu lataram ao rei o ocorrido. “Indignado, o seu senhor o
irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que
te ouvir, ganhaste a teu irmão.” (Mateus 18:15) As palavras devia.” Jesus depois concluiu com o seguinte comentário:
do Salvador a respeito de perdoar os outros exigiu um “Assim vos fará, também, meu Pai Celestial, se do coração
ajuste significativo de atitude. Eles foram educados com o não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”.
conceito “olho por olho, dente por dente” (Mateus 5:38; (Mateus 18:34–35)
ver Levítico 24:20.) Pedro, querendo ter certeza de que ha- Aqueles que desejam ser considerados discípulos do
via entendido o significado do ensinamento, perguntou: Mestre devem entender que nós, como o primeiro servo,
“Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra temos uma grande dívida para com o nosso Rei Celestial
mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?” (Mateus 18:21) pelos muitos dons que recebemos Dele. Essa compreen-
Provavelmente Pedro conhecia os requisitos rabínicos de são abre a porta para os dons do arrependimento e nosso
que o ofensor faz a primeira tentativa de resolver a ofensa e próprio perdão. A retenção desses dons depende do per-
que a pessoa ofendida perdoa apenas duas ou três vezes.3 dão sincero que concedemos àqueles que nos ofendem. O
Jesus respondeu com clareza: “Não te digo que até sete; Salvador disse: “Bem-aventurados os misericordiosos, por-
mas, até setenta vezes sete (Mateus 18:22). Em outras pala- que eles alcançarão misericórdia” (Mateus 5:7) e “com o
vras, não deve haver restrições, sejam elas numéricas ou juízo com que julgardes sereis julgados”. (Mateus 7:2)
de outra natureza, no que tange ao perdão que concede- No entanto, perdoar os outros não significa necessaria-
mos aos outros. mente que iremos endossar ou aprovar o comportamento
O Salvador contou depois uma parábola a Seus discípu- ou a transgressão. Na verdade, há muitas ações e atitudes
los para que eles pudessem assimilar melhor, lembrar-se e que merecem franca condenação, porém, mesmo nesses
aplicar a lição de que devemos perdoar a todas as pessoas. casos, devemos perdoar completamente o ofensor.
(Ver Mateus 18:23–32.) Ele descreveu um rei que queria Perdoando, seremos perdoados. (Ver Lucas 6:37.)
acertar as contas com seus servos que lhe deviam di-
nheiro. O primeiro devia-lhe 10.000 talentos, o que prova- Todos os Pecados, Exceto Um
velmente poderia ser equivalente a milhões de dólares O Salvador foi muito claro quando disse que, sob condi-
americanos de hoje. O servo não tinha condições de pagar ção de arrependimento, todos os pecados podem ser

28
perdoados por intermédio de Seu sagrado
sacrifício expiatório, exceto o que Ele chama
de “blasfêmia contra o Espírito Santo”.
(Mateus 12:31; ver também Marcos 3:28–29.)
O Profeta Joseph Smith ensinou a respeito
desse assunto: “Jesus salvará a todos, exceto
os filhos da perdição. O que deve fazer o
homem para cometer o pecado imperdoável?
Tem que receber o Espírito Santo, ter os céus
abertos a ele e conhecer Deus, e depois
pecar contra Ele”.4
Assim sendo, o Redentor nos garante
claramente que “todos os pecados serão
perdoados” (Marcos 3:28) se nos arrepender-
mos, pois a missão do Salvador foi pregar o
arrependimento. (Ver a tradução de Joseph
Smith, Marcos 3:22; ver também Mosias
26:29–30.)

O Dom do Perdão
O Salvador ensinou a Seus discípulos em

Q
duas ocasiões distintas que eles deveriam então podemos alcançar o verdadeiro per- uando os
orar para obter o perdão de Deus para seus dão? Paulo, falando aos Efésios, escreveu que amigos do
pecados ou dívidas. Devemos também de- em Cristo “temos a redenção pelo seu san- homem
monstrar a sinceridade de nossas orações, gue, a remissão das ofensas, segundo as paralítico baixaram
perdoando àqueles que nos ofendem. Ele riquezas da sua graça”. (Efésios 1:7) a maca onde ele
mostrou-lhes como orar dizendo: “Perdoa- As bênçãos que emanam do dom de per- jazia deitado dentro
nos as nossas dívidas [ofensas], assim como doar são inúmeras. A principal delas é a paz. da sala onde Jesus
nós perdoamos aos nossos devedores [aque- O Salvador deseja que cada um de nós tenha estava, o Salvador
les que nos ofenderam]” (Mateus 6:12) e essa paz. Ele disse: “Deixo-vos a paz, a minha ensinou aos Seus
“perdoa-nos os nossos pecados, pois também paz vos dou. (. . .) Não se turbe o vosso cora- ouvintes que Ele
nós perdoamos a qualquer que nos deve”. ção, nem se atemorize”. (João 14:27) O per- tinha poder para
CRISTO CURANDO O HOMEM PARALÍTICO, DE DAVID LINDSLEY

(Lucas 11:4) Implícito nesse ensinamento dão que oferecemos aos outros e o perdão perdoar pecados
existe uma ligação direta entre pedir perdão que recebemos de Jesus Cristo levam-nos a e audaciosamente
e nossos esforços em nos arrepender de to- Ele e ao caminho que conduz à vida eterna. ■ declarou: “Tem bom
dos os nossos pecados. ânimo, perdoados
NOTAS
Na tentativa de perdoar e receber perdão, te são os teus
1. Hymns, nº 14, “Sweet is the Peace the Gospel
devemos reconhecer que, não obstante qual- Brings”. pecados”.
quer restituição que sejamos capazes de fazer 2. O Milagre do Perdão, 1969, Reimpresso em 1999,
p. 363.
ou receber, nosso empenho e o dos outros 3. Ver James E. Talmage, Jesus, o Cristo, (1964),
pp. 378–382.
são lamentavelmente insuficientes para satis- 4. Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, sel. Joseph
fazer as exigências da justiça eterna. Como Fielding Smith (1976), p. 349.

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 29


A Parábola da

Semente que Cresce


em Segredo
ÉLDER WILFREDO R. LÓPEZ
Setenta-Autoridade de Área

M eu avô era fazendeiro. Quando eu


era bem jovem, costumava ir traba-
lhar com ele na época do plantio.
Eu adorava vê-lo juntar os animais, empare-
lhá-los e colocar neles o arado para fazer o
trabalho. “Onde iremos plantar hoje?” Eu
perguntava. “Lá na frente”, respondia ele.
Ele sabia bem onde havia solo fértil.
Na parábola do Eu adorava o cheiro úmido que exalava
Salvador, o semeador da terra quando a ponta do arado a abria.
planta com fé e colhe Enquanto meu avô preparava os sulcos, eu
com alegria. enterrava as sementes. “Este solo é fértil”, por fios formando um grande círculo. Os fei-
dizia ele. Posteriormente retornávamos ao xes eram colocados no chão do lado de fora
campo para vermos surgirem os primeiros e ao redor do círculo. Os cavalos vinham e
brotos verdes. Logo os rebentos se transfor- corriam em torno do círculo, pisando nos
mavam em caules, e depois apareciam os feixes, fazendo as espigas desprenderem-se
ILUSTRAÇÕES DE BRAD TEARE

grãos. As plantas continuavam a crescer até dos caules expelindo as sementes. Depois,
atingirem a maturidade. os trabalhadores vinham com suas ferramen-
Na época da colheita, os trabalhadores tas para debulhar os cereais, separando os
cortavam os feixes e levavam-nos ao local de grãos da palha. Depois de terminarem
debulha, que consistia de varas amarradas seu trabalho, eles cantavam, dançavam e

30
desfrutavam da tradicional refeição de cordeiro assado. Era A Parábola do Salvador
uma linda celebração rústica. Os grãos eram armazenados Durante o ministério de Jesus na Galiléia, uma
em sacas e mais tarde processados para transformarem-se grande multidão reuniu-se junto ao mar para ouvi- Lo
em uma variedade de produtos úteis. pregar. Ele falou-lhes de um semeador que plantou
Entretanto, a despeito de tudo o que fazíamos do plan- sementes em diferentes tipos de solo — pedregoso,
tio à colheita, o sucesso do processo como um todo ba- espinhoso e fértil — e colheu diferentes quantidades
seava-se fundamentalmente na riqueza do solo, no tempo de frutos.
e em outras condições que fugiam ao nosso controle. Sem Ele ensinou-lhes então outra parábola, registrada so-
essas condições, as sementes não germinariam e não mente no testemunho de Marcos, que baseia-se nas causas
haveria colheita. pelas quais uma planta cresce. Ele disse:

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 31


“O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente viva e que se o ensinarmos, a graça de Deus estará
semente à terra. com aqueles a quem ensinarmos, à medida que crescerem,
E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a se- amadurecerem espiritualmente e realizarem boas obras.
mente (. . .) crescesse, não sabendo ele como. Nossa alegria então será completa no dia da colheita.
Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro Quando eu era líder de missão, na Ala Indepen-
a erva, depois a espiga, por último o grão dência, em Santiago, no Chile, concentramo-
cheio na espiga. nos em fazer com que os novos conversos
E, quando já o fruto se mostra, mete- permitissem a influência do Espírito em
se-lhe logo a foice, porque está chegada sua vida. Daquela época, daquela ala, saí-
a ceifa.” (Marcos 4::26–29) ram alguns dos grandes líderes do sacer-
Nesta parábola, o semeador planta dócio do Chile: sete presidentes de
com fé e colhe com alegria. Uma vez estaca, dois presidentes de missão, dois
feito o plantio, ele simplesmente acorda representantes regionais, um membro da
um dia e descobre que suas sementes cres- presidência de um templo e vários bispos.
ceram e amadureceram. Ele descobre que, Por que a colheita teve tanto sucesso?
sob a influência da riqueza do solo, do sol, da evangelho Porque foi o resultado da fecundidade do solo,
chuva, do vento e do orvalho, bem como de
outros fatores que não pode manipular, a folha
brota e forma-se a espiga.1
O restaurado
de Jesus
Cristo é uma
e o resultado da ajuda de Deus. Portanto, a
alegria que sinto advém do conhecimento de
que “a terra por si mesma frutifica”. (Marcos
semente viva e 4:28) Um dos meus hinos prediletos lembra-
Crescimento Espiritual se o ensinarmos, nos que quando plantamos para o Mestre, não
Uma importante lição dessa parábola é dada a graça de Deus trabalhamos sozinhos. Na verdade, quando
àqueles de nós que são professores, seja no lar estará com aqueles buscamos semear sementes preciosas do evan-
ou nas classes da Igreja, ou aos que estão envol- a quem ensinarmos. gelho verdadeiro, podemos ter a segurança de
vidos na obra missionária. A germinação e o que receberemos ajuda divina:
pleno florescimento das sementes do evange-
Nossas faltas tu conheces,
lho vivo no coração e na mente daqueles a quem ensina-
Forças dá-nos pra semear;
mos depende de fatores sobre os quais talvez não
Anjos guardem nossos campos
tenhamos controle. A escolha sobre se uma pessoa irá pon-
Para a planta germinar.
derar e aceitar as verdades do evangelho pertence, por
E os frutos dessa seara
uma questão de arbítrio pessoal, àqueles a quem ensina-
Crescem cheios de vigor.
mos. Se o testemunho de uma pessoa deve crescer até
Frutos são da vida eterna
mostrar o fruto maduro, ou a conversão, Deus deve ser a Que semeamos com amor.2 ■
força original que subjaz a nossa colheita. Sob a influência
do Espírito Santo, podemos participar na educação daque- O Élder Wilfredo R. López é Setenta-Autoridade de Área e serve na
Área Chile.
les que estão crescendo e se tornando frutíferos. Nós,
NOTAS
como semeadores autorizados, precisamos entender e 1. Ver James E. Talmage, Jesus, o Cristo, 3ª ed. (1916), p. 289.
confiar que o evangelho restaurado de Jesus Cristo é uma 2. “Semeando”, Hinos, nº 165.

32
MANTENHA-SE

LIVRE

SE VOCÊ NÃO TOMAR


CUIDADO, O MUNDO IRÁ
VENDER-LHE COISAS ATÉ POSSUÍ-LO.
(Ver Mateus 6:19–21.)
A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 33
RA
HO DEE
D D
Acordar às 4h30 da manhã para ir ao Seminário?

C
C
om o
seminário, a
leitura e a
compreensão
Eu nem era membro da Igreja. Mesmo assim,
eu não tinha nada a perder e muito a ganhar.
I S A A C KO F I M O R R I S O N
do Livro de Mórmon
tornou-se mais fácil.

Q
uando eu tinha 17 anos, fui morar quando os missio-

Q
Em pouco tempo,
recebi meu próprio com minha tia e meu tio, que esta- nários me desafia-
testemunho da vam custeando minha educação. ram para o batismo,
veracidade do livro. Ao chegar a sua casa em Sekondi, recusei porque não
Gana, imediatamente observei coisas inco- possuía um testemunho
muns sobre sua família. Eles faziam oração do Livro de Mórmon.
juntos pela manhã e à noite e realizavam reu- Achava difícil lê-lo e
niões familiares nas noites de segunda-feira, entendê-lo.
e isso parecia fazer com que cada membro Para agradar a tia
da família se sentisse amado e apreciado. Evelyn e o tio Sarfo,
Muito embora eu fosse um membro ativo eu já vinha freqüen-
de outra fé, interessei-me em saber mais tando as reuniões sa-
sobre sua crença. cramentais. Agora eles
Quando perguntei ao tio Sarfo sobre a
Igreja, ele explicou muitos dos ensinamentos
da Igreja. Acreditei em alguns, outros não
entendi.
Meu tio então pediu aos mis-
sionários que me ensinas-
sem as palestras,
e eu recebi
todas as
seis lições.
Contudo,

34 FOTOGRAFIA DE CHRISTINA SMITH


PE
E S RRTAARR
me encorajavam a matricular-me no curso do as lições do seminário, experimentei os sentimentos que
seminário, cujas aulas começariam o Élder Parley P. Pratt (1807–1857), do Quórum dos Doze
dentro de duas semanas, de Apóstolos, descreveu ao descobrir o Livro de Mórmon.
manhã bem cedo. “Abri-o ansioso e li a folha de rosto”, escreveu ele. “Li o
Pular da cama às 4h30 testemunho de algumas testemunhas em relação à ma-
não era fácil para mim, mas neira como foi encontrado e traduzido. Depois disso,
o professor do seminário, comecei a ler o conteúdo pela seqüência. Lia todos os
Solomon Agbo, conversou dias; comer era um sacrifício, não tinha vontade de comer;
comigo, incentivou-me a quando chegava a noite, dormir era um sacrifício, pois eu
ir às aulas e parecia já se preferia ficar lendo a dormir.” [Autobiography of Parley P.
importar comigo. Decidi ir Pratt (1985), p. 18]
ao seminário, e uma vez À medida que lia, o Espírito do Senhor prestava teste-
tomada a decisão, resolvi munho de que o Livro de Mórmon é verdadeiramente ou-
não faltar nem mesmo tro testamento de Jesus Cristo. Com o seminário, a leitura
um só dia. O curso de es- do Livro de Mórmon tornou-se muito mais fácil. Sempre
tudo era sobre o Livro de que havia alguma dificuldade de acompanhamento, meu
Mórmon, e eu queria ver professor ajudava-me a entender. Recebi o testemunho
se conseguiria adquirir de que o Livro de Mórmon é “o mais correto de todos
um testemunho desse os livros da Terra, (. . .)” e que seguindo seus preceitos o
livro. “homem se [aproximará] mais de Deus do que seguindo
Quando comecei a estu- os de qualquer outro livro.” [Ver Joseph Smith,
dar o Livro de Mórmon para Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, sel. Joseph
Fielding Smith (1976), p. 189]
Fui batizado no dia 5 de março de
1995. Tinha 21 anos na época em que
fui chamado como professor do semi-
nário. Assim ajudei outros a conhecerem
a divindade e a veracidade do livro que
desafiou minha vida. ■
Isaac Kofi Morrison é missionário de tempo
integral na Missão Nigéria Uyo.

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 35


CLÁSSICOS DO EVANGELHO

Três
Parábolas A Abelha Insensata, O Expresso Corujão
e As Duas Lâmpadas

É L D E R J A M E S E . TA L M A G E ( 1 8 6 2 – 1 9 3 3 )
Do Quórum dos Doze Apóstolos

O
Élder Talmage serviu como Apóstolo o tempo despendido não fora em vão, pois
durante 22 anos e escreveu dois não é verdade que até uma borboleta, um
livros para a Igreja que são muito besouro ou uma abelha podem dar lições a
usados hoje: Jesus, o Cristo e As Regras de um aluno receptivo?
Fé. Em janeiro de 1914, o Élder Talmage Certa vez, uma abelha selvagem das mon-
começou a publicar também uma série tanhas da redondeza voou para dentro da
de parábolas tiradas de sua própria expe- sala e, mais ou menos a cada intervalo de
riência pessoal que ensinam princípios uma hora ou mais, ouvia-se o agradável zum-
do evangelho. Seguem-se três de suas me- bido de seu vôo. A pequena criatura perce-
lhores parábolas. beu que era prisioneira, já que todos os
Três histórias da vida esforços para encontrar a saída pela janela
pessoal de James E. A Parábola da Abelha Insensata parcialmente aberta haviam falhado. Quando
Talmage ensina-nos a Às vezes, preciso trabalhar em um lugar eu estava pronto para ir embora, abri mais a
confiar na perspectiva silencioso e reservado, mas isso nem sempre janela e tentei primeiro guiar, depois forçar
do Senhor. é possível no escritório ou em meu estúdio a abelha a ganhar sua liberdade e segurança,
em casa. Meu retiro preferido fica numa das sabendo que, se ela ficasse na sala morreria
torres do Templo de Salt Lake, bem longe do como outros insetos que caíram nessa arma-
barulho e confusão das ruas da cidade. A sala dilha e não sobreviveram à atmosfera seca
é de difícil acesso e relativamente livre da in- do lugar. Quanto mais eu tentava forçá-la a
trusão de pessoas. Nesse local passei muitos sair, com mais determinação ela se opunha e
momentos tranqüilos e muitas horas ocu- resistia aos meus esforços. O zumbido suave
pado com livros e caneta. de antes se transformou num barulho enrai-
No entanto, nem sempre deixo de rece- vecido, seu vôo frenético passou a ser hostil
ber visitantes, especialmente no verão, pois e ameaçador.
quando as janelas ficam abertas, insetos voa- Depois, num momento de distração mi-
dores entram ocasionalmente no local. Essas nha, picou-me a mão — aquela que a teria
criaturas que se autoconvidam a entrar na conduzido à liberdade. Finalmente pousou
sala não são bem-vindas. Não raras vezes, lar- num ornamento do teto, fora do meu al-
guei a caneta e, esquecendo-me do trabalho, cance para ajudar ou prejudicar. A dor aguda
parei para observar com interesse as atividades da picada raivosa causou-me mais pena do
desses visitantes alados, convencido de que que fúria. Eu sabia qual seria a inevitável

36
penalidade para sua errônea oposição e rebeldia e tive que analogia entre seu curso insensato e nossa vida? Somos
deixar a criatura entregue a seu destino. Três dias depois, propensos a contender com a adversidade, às vezes até
voltei àquela sala e encontrei o corpo seco e sem vida da com veemência e fúria, quando no final ela pode ser a ma-
abelha sobre a mesa de escrever. Ela pagou com a vida nifestação da sabedoria divina e do cuidado amoroso de
pela sua teimosia. nosso Pai, interferindo em nosso conforto temporário em
Na visão tacanha da abelha e devido à sua má com- prol de uma bênção permanente. Nas tribulações e sofri-
preensão e egoísmo eu fui um adversário, um perseguidor mentos da mortalidade, existe um ministério divino que
persistente, um inimigo mortal obcecado por sua destrui- apenas a alma afastada de Deus não consegue entender.
ção, quando na verdade eu era um amigo, oferecendo-lhe Para muitos, a perda das riquezas tem sido uma bênção,
um meio de resgatar a vida que ela colocara em perigo de- um meio providencial de afastá-los dos confins da auto-
vido a seu próprio erro, tentando redimi-la da prisão da indulgência e guiá-los à liberdade, onde ilimitadas oportu-
morte, mesmo diante de sua resistência, e restaurá-la para nidades esperam aqueles que lutam por ela. A decepção,
o ar da liberdade que reinava lá fora. a tristeza e as aflições podem ser a manifestação da
Será que somos tão mais sábios que a abelha? Há alguma bondade sábia do Pai Celestial.

N
a visão tacanha
da abelha e
devido à sua má
compreensão e egoísmo
ILUSTRAÇÕES DE DILLEEN MARSH

eu fui um adversário;
quando na verdade eu
era um amigo, ofere-
cendo-lhe um meio de
resgatar a vida que ela
colocara em perigo.
A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 37
Pensem na lição da abelha insensata! estruturais que apresentam, as mudanças que sofreram e
“Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estri- sofrem atualmente — a ciência dos mundos.
bes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos Uma certa designação fez com que nos demorássemos
os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.” muitos dias no campo. Tínhamos atravessado, examinado
(Provérbios 3:5–6) e mapeado muitos quilômetros de terras baixas e altas, va-
les e morros, montanhas e desfiladeiros. Aproximando-se a
A Parábola do Expresso Corujão data marcada para terminarmos nossas pesquisas, fomos
Na minha época de faculdade, fui um dos alunos desig- apanhados por ventos fortíssimos e, em seguida, por uma
nados a fazer trabalho de campo como parte de nosso nevasca fora da estação e inesperada, que no entanto foi
curso de geologia — a ciência que lida com a Terra e seus aumentando de intensidade de maneira que começamos a
variados aspectos e fases, porém mais particularmente correr perigo de ficar isolados nas montanhas. A tempes-
com seus componentes rochosos, com as características tade atingiu o ápice quando descíamos um longo trecho na
vertente de uma colina íngreme a muitos quilômetros de
distância da pequena estação de trem na qual tínhamos
esperança de pegar um expresso que nos levasse

38
aquela noite para casa. Chegamos à estação com grande di- depois da meia noite debaixo de muito vento e muita neve.
ficuldade, tarde da noite, e a tempestade continuava forte. Meus companheiros entraram no trem, mas eu me demorei
Devido ao vento gelado e à neve, sentíamos muito frio e, um pouco, atraído pelo maquinista que, durante a breve pa-
para completar nosso desconforto, soubemos que o trem rada, estava ocupado com a maquinaria, colocando óleo em
que esperávamos ficara preso nos trilhos por causa da neve algumas partes, ajustando outras e vistoriando cuidadosa-
há alguns quilômetros daquela pequena estação.(. . .) mente as condições da locomotiva enquanto seu assistente
O trem que ansiosamente esperávamos era o Expresso reabastecia o suprimento de água. Aventurei-me a conversar
Corujão — um trem noturno bastante rápido que ligava com ele, embora estivesse muito ocupado. Perguntei-lhe
cidades grandes. Seus horários permitiam que parasse como se sentia numa noite tenebrosa como aquela em que
apenas nas estações mais importantes, mas ficamos sa- os poderes da destruição pareciam soltos em todo lugar, in-
bendo que precisava parar naquele local, apesar de a esta- controláveis, quando a tempestade castigava-os e o perigo
ção ser insignificante, os ameaçava de todos os lados. Pensei na possibilidade — na
para suprir a água da probabilidade — de a neve acumular-se sobre o trem, de

D
locomotiva. e fato, o maqui- bloquear os trilhos, de pontes terem sido danificadas pela
O trem chegou muito nista disse: “Olhe tempestade ou por deslizamentos de terra das montanhas.
para o farol da Pensei nesses e em outros possíveis obstáculos.
locomotiva. Aquela luz Percebi que caso sofrêssemos algum acidente,
não ilumina os trilhos como de os trilhos ficarem bloqueados pela
por 100 metros ou mais? neve ou de o trem descarrilar, o maquinista e
Bom, tudo que eu tento o foguista seriam os homens que mais esta-
fazer é cobrir esses 100 riam expostos ao perigo; uma colisão vio-
metros de trilhos ilumina- lenta provavelmente custaria a vida deles.
dos. Isso eu posso ver, e Todos esses pensamentos e outros eu expus
por aquela distância eu num rápido questionamento ao maquinista
sei que o caminho está ocupado e impaciente.
livre e seguro”. Sua resposta foi uma lição que jamais es-
quecerei. De fato, ele disse, embora de um
jeito abrupto e desarticulado: “Olhe para o
farol da locomotiva. Aquela luz não ilumina
os trilhos por 100 metros ou mais? Bom,
tudo que eu tento fazer é cobrir esses 100
metros de trilhos iluminados”. Em meio à
neve e o vento, naquela noite tempestuosa e
parcamente iluminada, vi em seu rosto um
sorriso bem-humorado e um piscar de olhos:
“Acredite, nunca consegui dirigir essa loco-
motiva velha tão rápido a ponto de ultrapas-
sar os 100 metros de trilhos iluminados.
Que Deus a abençoe por isso! A luz da lo-
comotiva está sempre à minha frente!”
Quando ele subiu para o seu lugar na
cabine, corri para tomar o primeiro assento
de passageiros e, ao sentar-me no banco

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 39


acolchoado, sentindo o bem-aventurado prazer do conforto estão iluminados, nosso plano é claro, nosso curso é visí-
e do calor, em grande contraste com a noite fria lá fora, pen- vel. Por aquela curta distância do próximo passo, ilumina-
sei muito nas palavras do maquinista, todo sujo e com man- dos pela inspiração de Deus, podemos seguir em frente!
chas de óleo na roupa. Eram palavras cheias de fé — a fé
que acompanha grandes realizações, que dá coragem e de- A Parábola das Duas Lâmpadas
terminação, que conduz às obras. O que teria acontecido Entre as coisas materiais do meu passado — coisas que
se o maquinista tivesse falhado, hesitado e sentido medo, se eu valorizo em minhas lembranças porque associo com
tivesse se recusado a prosseguir por causa do perigo amea- dias especiais da minha vida — está uma lâmpada. (. . .)
çador? Quem sabe que trabalhos teriam ficado por fazer, A lâmpada à qual me refiro, a lâmpada dos meus dias de
que planos teriam sido nulos, que encargos divinos de escola e faculdade, era uma das melhores do seu tipo.
misericórdia e consolo teriam sido impedidos de se realizar Comprei-a com um dinheiro que custei muito a economizar
se o maquinista fraquejasse e sucumbisse ao medo? e era para mim um dos meus objetos de maior estima. (. . .)
Por uma pequena distância os trilhos castigados pela Certa noite de verão, sentei-me pensativo do lado de
tempestade estavam iluminados. Por aquela curta distân- fora do quarto onde eu dormia e estudava. Um sujeito
cia, o maquinista foi dirigindo a locomotiva!
Podemos não saber o que nos espera em anos futuros,
nem nos próximos dias e horas. Mas por alguns quilô-
metros, ou provavelmente apenas alguns metros, os trilhos

40
desconhecido aproximou-se. Ele carregava uma bolsa. tinha tido idéia da escuridão em que eu vivia, trabalhava
Era afável e divertido. Peguei uma cadeira para ele dentro e estudava.
da casa, e ficamos conversando até surgirem as primeiras “Vou comprar sua lâmpada”, disse eu; “não precisa ex-
estrelas do anoitecer e ficar totalmente escuro. plicar nem argumentar mais.” Levei minha nova aquisição
Depois, ele disse: “Você é estudante e obviamente deve para o laboratório naquela mesma noite e verifiquei quanta
ter muitos trabalhos para fazer à noite. Que tipo de lâmpada luz ela era capaz de produzir. O resultado foi mais de 48 ve-
você usa?” E sem esperar pela resposta, las — cerca de quatro vezes mais intensi-
continuou: “Tenho um tipo de lâmpada de dade do que a minha lâmpada de estudo.

N
qualidade extra que gostaria de mostrar- o brilho reluzente Dois dias depois da compra, encontrei
lhe, uma lâmpada que foi desenhada e feita da lâmpada o mascate na rua por volta do meio-dia.
com os mais avançados recursos da ciên- Rochester, a Quando lhe perguntei como ia o trabalho,
cia, que ultrapassa tudo o que já foi produ- minha pequena Argand ele respondeu que ia bem; os pedidos
zido em termos de iluminação artificial”. emitia uma luz pálida para a sua lâmpada eram maiores do que
Retruquei confiante e, confesso, não e amarela. Até aquele a fábrica dava conta de produzir. “Mas”,
sem entusiasmo: “Meu amigo, eu tenho momento de convincente disse eu, “você não está trabalhando
uma lâmpada que foi testada e aprovada. demonstração, eu não hoje?” Sua réplica foi uma lição. “Você
Tem sido minha companheira por muitas tinha tido idéia da escu- acha que eu seria tão tolo a ponto de sair
e longas noites. É da marca Argand, uma ridão em que eu vivia, por aí vendendo lâmpadas em pleno dia?
das melhores. Eu a poli e limpei hoje; está trabalhava e estudava. Você teria comprado uma com o sol bri-
pronta para ser usada. Fique aí; vou lhe lhando? Eu escolho a hora de mostrar a
mostrar minha lâmpada, depois você me superioridade da minha lâmpada em
diz se a sua tem chances de ser melhor”. relação à sua, e você ficou ansioso para
Entramos no meu quarto de estudos e com aquela sen- comprar a que eu lhe ofereci, não foi?”
sação típica de um atleta que entra numa competição com Essa é a história. Agora, vejamos a aplicação de uma
um oponente que ele julga ser inferior, acendi o fósforo parte, uma parte minúscula desse episódio:
para iluminar a minha lâmpada. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para
O visitante fez elogios em alto e bom som. Era a melhor que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai,
lâmpada daquele tipo, disse ele. Afirmou que nunca tinha que está nos céus.” [Mateus 5:16]
visto uma lâmpada em melhor estado. Ele levantou e O homem que me vendeu a lâmpada não desmereceu
abaixou o pavio e comentou que o ajuste era perfeito. a minha. Ele colocou sua lâmpada muito mais poderosa ao
Declarou que nunca antes percebera quão satisfatória lado da minha luz mais fraca e eu me apressei em obter a
poderia ser uma lâmpada de estudo. melhor.
Gostei do homem; parecia-me uma pessoa sábia e com Os missionários da Igreja de Jesus Cristo são enviados
certeza agradável. “Adore, adore minha lâmpada”, pensei hoje ao mundo não para atacar ou ridicularizar as crenças
comigo, parafraseando uma expressão comum da época. dos homens, mas para mostrar à humanidade uma luz su-
“Agora”, disse ele, “com sua permissão, acenderei a mi- perior, de modo que a pequenez das chamas das crenças
nha.” Ele pegou em sua bolsa uma lâmpada conhecida fundadas pelo homem torne-se evidente. O trabalho da
como “Rochester”. Seu tubo de vidro, comparado ao da Igreja é construtivo, não destrutivo.
minha lâmpada de estudo, era o mesmo que comparar uma Para uma compreensão extra da parábola, aquele que
chaminé de fábrica à chaminé de uma casa. O buraco do tem olhos para ver, que veja e compreenda. ■
pavio era grande suficiente para caber meus quatro dedos.
Sua luz iluminava o canto mais remoto do quarto. Até Publicado em Improvement Era, setembro de 1914, pp. 1008–1009,
256–258; julho de 1914, pp. 807–809; pontuação e ortografia
aquele momento de convincente demonstração, eu não modernizadas.

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 41


VOZES DA IGREJA

missão de ser o Salvador do mundo.

Uma Testemunha Especial Quando terminou seu discurso, o


Élder Holland prestou testemunho
de Jesus Cristo
Irene Coimbra de Oliveira Cláudio
de que Jesus Cristo vive e que esta é
Sua verdadeira Igreja. O Espírito testi-
ficou-me que o Élder Holland tinha

Q uando entrei no imenso está-


dio onde seria realizada a con-
ferência regional, vi os belos
arranjos de flores e fiquei ainda mais
homem era realmente um Apóstolo
de Jesus Cristo. Orei ao Pai Celestial
para saber como compartilhar minha
experiência com meu marido quando
sido designado a falar em nome do
Senhor e que ele era realmente um
dos Apóstolos do Senhor.
Quando cheguei em casa, meu
impressionada com os milhares de voltasse para casa. marido perguntou: “Então, que tipo
pessoas que esperavam reverente- Quando os líderes locais e Autori- de homem é esse tal de Apóstolo?”
mente em silêncio. Tudo me parecia dades Gerais entraram, não fui capaz “Por fora, ele se parece exata-
perfeito. Encontrei um lugar e fiquei de dizer qual deles era o Apóstolo. mente com qualquer outro homem”,
admirando cada detalhe enquanto es- Nada havia em sua aparência que disse eu. “Mas é realmente muito
perava em silêncio. o diferenciasse dos demais. Quando mais que isso: é uma testemunha
Como eu tinha sido convertida ha- finalmente identifiquei o Élder especial de Jesus Cristo.” ■
via pouco tempo, aquela era minha Holland, pensei comigo mesmo: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio é
membro da Ala Jardim Indepêndencia,
primeira conferência regional. Estava “O que há de diferente nesse Estaca Ribeirão Preto Brasil.
ansiosa para adorar e cantar com os homem?”
membros de toda a minha região do Depois do primeiro hino, a pri-

M
Brasil. Mas estava ainda mais ansiosa meira oração e as palavras de nossos as à medida que o Élder
para ver e ouvir pela primeira vez um líderes locais, a irmã Patricia T. Holland, um Apóstolo,
Apóstolo em pessoa. Fiquei imagi- Holland, a esposa do Apóstolo, foi falava, comecei a sentir
nando como seria o Élder Jeffrey R. apresentada. Ela foi auxiliada por dentro de mim um testemunho
Holland, a Autoridade Geral visitante. uma intérprete, mas senti que podia de que aquele homem era real-
Será que um membro do Quórum entendê-la em sua própria língua por- mente um representante do
dos Doze Apóstolos teria uma apa- que ela não falava apenas a nossos Senhor e que sua mensagem
rência diferente da de outros líderes, ouvidos. Falava também para o nosso era verdadeira.
de dentro e fora da Igreja? Ele era coração.
realmente uma testemunha especial Depois do discurso da esposa, o
de Jesus Cristo? Élder Holland dirigiu-se ao púlpito.
Antes de eu sair para a conferên- Quando ele começou a falar, fiquei
cia, meu marido, que não é membro surpresa ao notar que suas palavras
da Igreja, disse sarcasticamente: pareciam normais. Mas à medida que
“Então, você vai ouvir um Apóstolo ele falava, comecei a sentir dentro de
de Jesus Cristo? Será que ele é mim um testemunho de que aquele
santo?” homem era realmente um represen-
“Não sei”, respondi. “Eu lhe direi tante do Senhor e que sua mensagem
quando voltar.” era verdadeira. Pensei em Jesus
Ao ponderar enquanto esperava Cristo, que também aparentava
a chegada do Élder Holland, desejei fisicamente ser como os outros
ter um testemunho de que aquele homens, mas teve a sublime
ILUSTRAÇÕES DE BRIAN CALL
42
envolvia. Naquele exato momento,

Não Havia Dúvida


Giuseppe Martinengo
a campainha tocou. Quando os
missionários entraram, eu sabia que
eles tinham as respostas que eu

Q uando os missionários me
mostraram o filme estático da
Primeira Visão do Profeta
Joseph Smith, foi-me difícil conter as
outras religiões e filosofias, mas
sempre havia algo faltando em todas
elas. Durante o ano anterior ao
meu encontro com os missionários,
procurava.
Na segunda palestra, os missio-
nários desafiaram minha mãe e eu a
sermos batizados. Tivemos reações
lágrimas. A história de sua busca da essa busca tinha-se tornado a coisa diferentes. Depois de ler boa parte
verdade era de certa forma seme- mais importante em minha vida. do Livro de Mórmon, jejuei, orei e
lhante à minha. Distanciei-me de alguns amigos e recebi uma confirmação da veraci-
Na época, eu tinha vinte anos de até saí da faculdade onde estudava. dade daquilo que os missionários
idade e morava na Itália, minha terra Meus parentes não podiam me estavam ensinando. Minha mãe,
natal. Por cinco anos, eu estivera compreender. porém, não tinha a menor intenção
procurando respostas que a religião No final de 1984, encontrei os mis- de ser batizada.
de meus pais não podia me sionários na rua e dei-lhes o meu en- Quando os missionários saíram,
dar. Procurei essas dereço. Eu sabia muito pouco sobre minha mãe me propôs uma decisão
respostas em a Igreja, mas por algum motivo tive muito difícil. Se eu decidisse ser
vontade de conversar com eles.
Alguns dias depois, eu estava em
meu quarto. Abri o coração a Deus,
pedindo-Lhe que me mostrasse o
que Ele queria que eu fizesse. Ao
orar, senti que uma grande paz me
batizado, teria que encontrar outro condição de que eu voltasse para a
lugar para morar. Não havia dúvida
para mim. Eu sabia qual era a escolha
universidade. Pouco tempo depois,
porém, nosso relacionamento se Uma Toalha
correta. Saí da casa de minha mãe na-
quela mesma noite.
deteriorou porque ele não queria
que eu fosse à Igreja ou que ajudasse
de Mesa Muito
No dia seguinte, os missionários,
o presidente do ramo e eu fomos até
os missionários. Por fim, proibiu-me
de sair da casa para ir à conferência
Especial
Juan Aldo Leone
a casa da minha mãe tentar resolver o de distrito na qual eu receberia o

E
problema. Na conversa que tivemos, Sacerdócio de Melquisedeque. m 1995, voltei de minha última
aceitei o pedido de minha mãe de Novamente, tive que escolher en- viagem pela extensa Missão
esperar um mês antes de ser bati- tre uma vida tranqüila e o evangelho. Argentina Córdoba, depois
zado, mas só o fiz pelo respeito que Não havia dúvida para mim. Naquele de servir como conselheiro do presi-
tinha por ela e para provar-lhe que sábado, acordei cedo, arrumei as ma- dente de missão por oito anos ines-
meu desejo era sincero. las e saí. quecíveis. Um novo chamado como
Durante aquele mês, os missioná- Não foi fácil ser membro da Igreja, presidente do Ramo Villa Allende
rios continuaram a me ensinar. Nada mas o Senhor me abençoou, e segui me aguardava. Eu já havia ocupado
mudou para minha mãe, e ficou evi- meu próprio caminho sem o apoio esse cargo duas vezes em outras uni-
dente que ela queria que eu adiasse de minha família. Uma das maiores dades. Como sempre, estava muito
novamente o batismo. Contudo, não bênçãos que recebi aconteceu quando grato pela oportunidade de servir.
pude esperar, e no dia 15 de feve- fui visitar a casa de um casal recém- Meu novo chamado fez-me pensar
reiro de 1985, o melhor dia de minha batizado, numa designação do quórum no crescimento da Igreja em minha
vida até então, fui batizado. de élderes. Ali conheci a filha deles, região da Argentina; uma experiência
Minha mãe ficou zangada com Giovanna. em particular fez-me sentir ainda
minha decisão, e eu não sabia o que Depois de algum tempo, Giovanna mais grato por meu legado no
devia fazer. Fui falar com meu presi- também foi batizada, e planejamos evangelho.
dente de ramo, e oramos juntos. casar-nos. Mas bem no dia de nosso Quarenta anos antes, o ramo origi-
Senti-me inspirado a pedir ao irmão casamento, recebemos um comuni- nal de Córdoba foi dividido. Daquela
de meu pai que me deixasse morar cado legal de que o casamento não primeira divisão, um ramo (hoje a
com sua família. poderia ser realizado. Minha mãe Ala Villa Belgrano) foi criado na parte
Meu tio concordou, mas sob a tinha encontrado um meio de im- oeste da cidade. Essa foi a base para
pedi-lo. Depois de vários meses muitas outras unidades criadas nos
difíceis, resolvemos a questão e nos anos subseqüentes.
casamos. Temos hoje quatro lindos Cada vez que um novo ramo

Q uando os missionários me
mostraram o filme está-
tico da Primeira Visão do
Profeta Joseph Smith, foi-me difí-
filhos.
Tivemos algumas dificuldades
como família, mas essas experiências
fortaleceram nosso testemunho.
era organizado, a Ala Villa Belgrano,
como o generoso tronco de uma
árvore robusta, dava aos novos ramos
parte de sua liderança e de seus
cil conter as lágrimas. Eu sabia O Senhor nos abençoou muito e membros e também doava todos
que aquilo era verdade, e esse usou nossas provações e dificuldades os materiais que podia: um púlpito,
conhecimento não me deixou para guiar-nos e abençoar nossa vida. cadeiras, mesas, bandejas de sacra-
dúvidas sobre o que eu devia Não há dúvida alguma disso. ■ mento, etc. Depois que o ramo novo
fazer. Giuseppe Martinengo é membro da Ala estivesse totalmente equipado, esses
Timpanogos Park Cinco, Estaca Orem Utah
Norte. materiais excedentes eram novamente

A LIAHONA FEVEREIRO DE 2003 45


doados para outros ramos. Desse ramo, reuníamo-nos numa velha e Pai Celestial lembrou-me das muitas
modo, móveis e outros objetos eram grande casa alugada. Certo domingo, bênçãos que eu tinha recebido du-
levados de um lado a outro, onde pu- quando estávamos reunidos na velha rante os sessenta anos em que fora
dessem ser mais úteis. casa, um de meus conselheiros e eu membro da Sua verdadeira Igreja.
Hoje, o pequeno Ramo de Villa estávamos abençoando o sacramento. Aquelas letras bordadas eram incon-
Allende tornou-se uma ala com uma Fazia anos que eu não oficiava naquela fundíveis. Quarenta anos antes, mi-

DETALHE DE JOSEPH SMITH RECEBENDO AS PLACAS, DE KENNETH RILEY; MARTIN HARRIS E O PROFESSOR ANTHON, DE WILLIAM WHITAKER; DETALHE DE PEDRO, DE MARILEE B. CAMPBELL; FUNDO: FOTOGRAFIA DE ELDON K. LINSCHOTEN
bela capela construída e um excelente sagrada ordenança; geralmente nos- nha mãe, que ao lado de meu pai foi
jovem bispo. Mas em 1995, quando sos jovens portadores do Sacerdócio uma pioneira em nossa cidade, tirou

A PARTIR DO ALTO À DIREITA: BRIGHAM YOUNG E O LEÃO, DE JAMES C. CHRISTENSEN, COURTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; MARTIN HARRIS E JOSEPH SMITH EXAMINANDO AS PLACAS, DE RALPH BARKSDALE;
comecei a servir como presidente do Aarônico tinham esse privilégio. uma peça de linho de seu enxoval e
A princípio, não prestei muita pediu-me que escrevesse nela as pa-
atenção na toalha branca da mesa lavras santa cena. Depois, bordou

Q uando meu conselheiro


e eu oficiávamos à mesa
do sacramento, não
prestei muita atenção na toalha
que cobria as bandejas do sacra-
mento. Mas quando nos levantamos
para partir o pão, as palavras santa
cena (sacramento), lindamente bor-
delicadamente em cima das letras e
doou a peça para o ramo como sua
primeira toalha de mesa.
Durante nossos anos de contínuo
de mesa até que as palavras dadas e destacadas em relevo, fize- crescimento, mudanças, transferên-
santa cena trouxeram-me à mente ram meu coração bater mais forte e cias e novas unidades, perguntei-me
muitas recordações. meus olhos encherem-se de lágrimas. muitas vezes o que teria acontecido
De um modo simples e comum o com aquela toalha de mesa. Teria
sido queimada no incêndio da capela
de Villa Belgrano em 1979?
Mas lá estava ela diante de mim, em
segurança. Trouxe-me à mente muitas
recordações e uma profunda gratidão.
Depois de tantas divisões de unidades
e após ter sido lavada e passada cente-
nas de vezes por muitas mãos carinho-
sas, ainda estava sendo usada: muito
longe do ramo onde começara, mas
ainda na Igreja após mais de 40 anos.
Naquele momento distante em
que a toalha de mesa foi feita, eu es-
tava servindo pela primeira vez como
jovem presidente de ramo recém-
chamado. Muitas coisas mudaram e
cresceram nos anos que se passaram;
muitas outras permaneceram iguais.
Lembrei-me e considerei preciosas as
coisas que mudaram e as coisas que
não mudaram ao reencontrar aquela
toalha de mesa tão especial. ■
Juan Aldo Leone é membro da Ala Villa
Allende, Estaca Córdoba Argentina Sierras.

46
Você Sabia?
O Leão do Senhor. Aconteceu em Fevereiro
Para alguém chamado “o Leão Em fevereiro de 1828, Martin Harris levou
do Senhor”, o Presidente Brigham uma cópia dos caracteres das placas de
Young (1801–1877) era um homem ouro, juntamente com sua tradução, ao
Professor Charles Anthon, da
Universidade de Columbia, na Cidade
de Nova York. De acordo com o relato de Martin
Harris, o Professor Anthon disse que os caracteres
eram “egípcios, caldeus, assírios e arábicos; e disse
que eram caracteres verdadeiros. Deu-me um certi-
ficado declarando (. . .) serem caracteres verdadei-
ros. (. . .) Peguei o certificado e coloquei-o no bolso.
extraordinariamente humilde. Estava para sair da casa, quando o Sr. Anthon me chamou e perguntou como o
Certa vez, o Profeta Joseph Smith jovem rapaz tinha descoberto que havia placas de ouro no lugar em que as en-
repreendeu severamente Brigham contrara. Respondi que isso lhe foi revelado por um anjo de Deus.
Young. Depois da repreensão do “Ele então me disse, ‘deixe-me ver esse certificado’. Tirei-o, então, do bolso e
Profeta, todos os presentes ficaram entreguei-lhe o certificado. Quando ele o pegou, rasgou-o em pedaços, dizendo
esperando a reação de Brigham. que não existiam anjos ministradores e que se eu lhe levasse as placas, ele as tra-
Ele podia ter-se defendido ou duziria. Informei-o de que parte das placas estavam seladas e que eu fora proi-
ficado ofendido, mas sua resposta bido de levá-las. Ele replicou: ‘Não posso ler um livro selado’”. (History of the
foi sincera e simples: “Joseph, Church, 1:20.)
o que você quer que eu faça?” O Professor Anthon cumpriu uma profecia de Isaías, que
O Presidente Young disse escreveu “de um livro selado que se dá ao
posteriormente: “Temos que nos que sabe ler, dizendo: Lê isto,
tornar humildes e ser como as peço-te; e ele dirá: Não posso,
criancinhas em nossos sentimentos porque está selado”. (Isaías
— tornarmo-nos humildes como 29:11)
uma criança em espírito (. . .)
desse modo teremos o privilégio
de crescer, de adquirir mais conhe-
cimento, sabedoria e entendi-
mento”. (Ensinamentos dos
Presidentes da Igreja: Brigham
Young, 1997, p. 179.)

Sugestões de Liderança temperante em todas as coisas, em tudo o que lhe for


Seremos mais eficazes em nossos chamados se confiado”. (D&C 12:8)
dermos ouvidos ao conselho de nossos líderes. O Apóstolo Pedro também aconselhou: “Sede todos
O Senhor disse: “E ninguém pode participar sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade,
desta obra, a menos que seja humilde e cheio porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
de amor, tendo fé, esperança e caridade, sendo humildes”. (I Pedro 5:5) ■
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tópicos desta edição

Como Utilizar
A = O Amigo
Amizade ........................................22, A2
Amor....................................................12
Apóstolos............................................42

A Liahona de
Arbítrio................................................33
Arrependimento ............................12, 26
Bênçãos..............................................12
Castidade ............................................22

fevereiro de 2003 Conversão......................................34, 42


Ensino............................................30, 48
Ensino Familiar......................................7
Ensino das Professoras Visitantes........25
Espírito Santo................................2, A10
Idéias para Discussão Espiritualidade................................2, 33
● “Fortalecendo o Nosso Interior”, página 2. O Presidente James E. Faust Exemplo..............................................18
explica-nos que todas as coisas são espirituais. Coloque em discussão manda- Fé ..................................................8, A16
mentos como pagar o dízimo, cumprir a Palavra de Sabedoria e manter História da Igreja ....................47, A4, A6
Jesus Cristo ..........26, 30, A11, A14, A16
santificado o Dia do Senhor. Pergunte-lhes como podemos fortalecer-nos Liderança ......................................47, 48
espiritualmente por meio da obediência a esses mandamentos. Livro de Mórmon, O......................34, 47
● “Viagem ao Templo no Aniversário”, página 8. Quando foi que você preci- Noite Familiar......................................48
sou fazer uma escolha difícil entre algo que desejava fazer e algo que o Pai Novo Testamento..........26, 30, A11, A14
Celestial queria que você fizesse? Ou entre algo bom e algo melhor? Como Obediência....................................12, 22
Obra Missionária......................18, 30, A2
você se sentiu após fazer a escolha? Parábolas........................................30, 36
● “O Amor Divino”, página 12. O Élder Russell M. Nelson ensina-nos que a
Paz ....................................................2, 26
plenitude do amor e das bênçãos de Deus encontra-se Perdão............................................26, A6
disponível para nós, mas sob algumas condições. Preparação..........................................25
O que podemos fazer para trazer para nossa vida Primária................................................A4
Prioridades ..........................................25
a plena expressão de amor e bênçãos do Senhor?
Regras de Fé........................................F4
● “A Pedra do Perdão”, página A6. Pergunte
Relacionamento Familiar......42, A6, A10
aos membros da família ou da classe se eles Restauração....................................A2, A4
possuem alguma pedra em seu sapato. Se Sacramento..................................42, A11
conveniente, relate uma experiência pessoal Serviço ..................................18, 42, A10
Smith, Joseph................................A4, A6
a respeito do perdão, enfatizando como
Templos e ordenanças
sentiu-se bem por ter perdoado. do templo....................................8, A9

Teste Seus Conhecimentos


Tente combinar as pessoas e as coisas que aparecem juntas
nas parábolas do Salvador.

1. Trigo a. Odres (ver Mateus 9:17)


2. Chuva b. Areia (ver Mateus 7:24–27)
3. Vinho c. Joio (ver Mateus 13:24–30)
4. Semente d. Lázaro (ver Lucas 16:19–31)
5. Filho pródigo e. Espinhos (ver Mateus 13:3–8)
6. Homem rico f. Bezerro cevado (ver Lucas 15:11–32)
PA R A A S C R I A N Ç A S D A I G R E J A D E J E S U S C R I S T O D O S S A N T O S D O S Ú LT I M O S D I A S • F E V E R E I R O D E 2 0 0 3

O Amigo
VINDE AO PROFETA
ESCUTAR

TESTIFICAMOS
sobre
ELE
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY grandes atos de bondade que praticam.
Precisamos ser tolerantes e amigáveis com

A
doramos ao Senhor, declaramos que aqueles que não são da nossa fé.
Ele vive e é Filho de Deus. Reafirma- Recebi uma carta de um homem de
mos nosso amor por Ele e o conhe- nossa comunidade que não é membro da
O Presidente Gordon B. cimento de Seu amor por nós. Igreja. Na carta, ele diz que sua filha foi
Hinckley explica-nos Há algumas pessoas que não nos consi- rejeitada pelas colegas da escola que são
como podemos deram cristãos. Isso não importa. O que santos dos últimos dias. Ele também men-
testificar sobre a pensamos de nós mesmos é o que impor- ciona um outro exemplo onde, alega-se,
Restauração sem ta. Admitimos que existem diferenças entre uma criança SUD arrancou do pescoço
depreciar a crença nós. Se assim não fosse, a restauração do de outra criança um medalhão religioso.
das outras pessoas. evangelho não teria sido necessária. Espero que isso não seja verdade. E se for,
Espero que não debatamos sobre esse peço desculpas aos que foram ofendidos.
assunto. Nós simplesmente testificamos, Coloquemo-nos acima de tais condutas.
com serenidade e sem pedir desculpas, Sejamos verdadeiros discípulos de Jesus
que Deus e Seu Filho Amado aparece- Cristo, obedeçamos à Regra de Ouro, fa-
ram no início da última dispensação zendo aos outros o que queremos que nos
da plenitude de Sua obra. façam.
Não devemos discutir ao falarmos das Sou grato pelo testemunho com o qual
diferenças de doutrina. Porém, não pode- Deus me abençoou a respeito da divindade
mos jamais negar o conhecimento que nos do chamado de Joseph Smith, da veracida-
foi dado por intermédio de revelação. Ja- de da Primeira Visão, da restauração do sa-
mais nos esqueçamos de que esta é a Igre- cerdócio, da veracidade desta, A Igreja de
ja restaurada do Salvador. Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. ●
Podemos e devemos respeitar outras De um discurso da Conferência Geral de abril
religiões. Devemos reconhecer os de 1998.

ESQUERDA: CRISTO APARECE NO HEMISFÉRIO OCIDENTAL, DE ARNOLD FRIBERG;


DIREITA: CRISTO E AS CRIANÇAS DO LIVRO DE MÓRMON, DE DEL PARSON;
FOTOGRAFIA DE STEVE BUNDERSON, POSADO POR MODELOS.

2
Não devemos discutir ao falarmos das diferenças
de doutrina. Porém, não podemos jamais negar
o conhecimento de que esta é a Igreja
restaurada do Salvador.
TEMPO DE
COMPARTILHAR

O Evangelho É Restaurado
V I C K I F. M AT S U M O R I

“Pois assim será a minha igreja chamada nos últimos cartão correspondente. Jogue um jogo de combina-
dias, sim, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos ções, colocando os cartões voltados para baixo. Cada
Últimos Dias.” (D&C 115:4) participante levanta dois cartões, tentando fazer uma
combinação.

§ Depois de sair da Primária, de que coisas você


se lembrará? De um hino que você gosta
muito? De uma história das escrituras que foi
especial para você? Um dos padrões do evangelho?
O Élder L. Tom Perry, do Quórum dos Doze Apósto-
Idéias para o Tempo de Compartilhar
1. Para ajudar as crianças a aprenderem sobre as bênçãos
da restauração, recorde alguns dos eventos relatados em
Joseph Smith — História. Convide quatro pessoas para virem à
los, disse que aprendeu na Primária o nome de todos Primária vestidas com roupas improvisadas da época e faze-
os apóstolos que serviam naquela época, bem como to- rem o papel de amigos ou familiares de Joseph Smith. Peça-lhes
das as Regras de Fé. Quando tentava lembrar-se dessas que falem a respeito de um evento como se Joseph o tivesse con-
coisas quando já era adulto, ele disse: “Descobri que tado a eles, utilizando as escrituras quando necessário. Separe
ainda me lembrava do nome dos Doze Apóstolos. (. . .) as crianças em quatro grupos e faça com que circulem pela
Depois da quinta regra de fé, porém, tive dificuldade sala, ouvindo cada visitante testificar a respeito das verdades
em lembrar-me da ordem em que elas aparecem e de reveladas em um evento: A Primeira Visão (Joseph Smith —
seu conteúdo”. História 1:14–17); a necessidade da Restauração (Joseph Smith
Por essa razão, o Élder Perry resolveu estudar de no- — História 1:18–19); o recebimento do Livro de Mórmon e sua
vo as Regras de Fé e, ao fazê-lo, ele conta que recebeu tradução (Joseph Smith — História 1:59–60); a restauração do
“uma firme convicção de que elas foram dadas por re- sacerdócio (Joseph Smith — História 1:68–72). Cante hinos a
velação ao Profeta Joseph Smith”. respeito de Joseph Smith, a Primeira Visão, o Livro de Mórmon
O Profeta Joseph Smith escreveu uma carta a John e o sacerdócio.
Wentworth, editor de um jornal. O Profeta escreveu so- 2. Para ajudar as crianças a compreenderem a bênção
bre muitas coisas que aconteceram quando o evange- da restauração do sacerdócio de Deus na Terra, peça-lhes
lho foi restaurado. Falou a respeito da Primeira Visão e que leiam juntos em voz alta I Pedro 2:9. Converse sobre as
da tradução do Livro de Mórmon. Depois escreveu as bênçãos e obrigações inerentes a uma “geração eleita, o sa-
Regras de Fé — 13 declarações que explicam as crenças cerdócio real, a nação santa, o povo adquirido”. Escreva as
dos santos dos últimos dias. seguintes frases em tiras de papel e coloque-as num recipiente:
O Élder Perry fez a seguinte promessa: “Se vocês ABENÇOAR UM BEBÊ, BATISMO, CONFIRMAÇÃO, ABENÇOAR
usarem [as Regras de Fé] como guia para orientar seus O SACRAMENTO, DAR UMA BÊNÇÃO DE SAÚDE, DESIGNAR
estudos da doutrina do Salvador, estarão preparados UMA PESSOA PARA UM CHAMADO, DEDICAÇÃO DE UM
para prestar seu testemunho da verdadeira Igreja res- EDIFÍCIO DA IGREJA, O TEMPLO, MISSIONÁRIOS, UM BISPO,
taurada do Senhor. Serão capazes de declarar com con- O PROFETA. Faça com que as crianças peguem uma tira
vicção: ‘Cremos nessas coisas’”. (“As Regras de Fé,” de papel e depois desenhem o que está escrito nela, enquanto
A Liahona, julho de 1998, p. 24) as outras crianças adivinham que bênção do sacerdócio
está sendo desenhada. Discuta como o sacerdócio nos aben-
Jogo das Regras de Fé çoa naquele exemplo ou por intermédio daquela pessoa.
Cole a página 5 numa cartolina. Recorte cada um dos Cante um hino relacionado ao assunto após ler cada frase
cartões. Quando memorizar uma regra de fé, ache o das tiras de papel. ●

4
ILUSTRAÇÕES DE SCOTT GREER

Cremos em Deus, o Pai Cremos que os homens se- Cremos que, por meio da Cremos que os primeiros Cremos que um homem Cremos na mesma organi- Cremos no dom de línguas,
Eterno, e em Seu Filho, rão punidos por seus pró- Expiação de Cristo, toda a princípios e ordenanças do deve ser chamado por zação que existia na Igreja profecia, revelação, visões,
Jesus Cristo, e no Espírito prios pecados e não pela humanidade pode ser salva Evangelho são: primeiro, Deus, por profecia e pela Primitiva, isto é, apóstolos, cura, interpretação de lín-
Santo. transgressão de Adão. por obediência às leis e Fé no Senhor Jesus Cristo; imposição de mãos, por profetas, pastores, mestres, guas, etc.
ordenanças do Evangelho. segundo, Arrependimento; quem possua autoridade, evangelistas, etc.
terceiro, Batismo por imer- para pregar o Evangelho e
são para remissão de peca- administrar suas ordenanças.
dos; quarto, Imposição de
mãos para o dom do Espí-
rito Santo.

Cremos ser a Bíblia a pala- Cremos em tudo o que Cremos na coligação literal Pretendemos o privilégio de Cremos na submissão a Cremos em ser honestos, capacidade de tudo supor-
vra de Deus, desde que es- Deus revelou, em tudo o de Israel e na restauração adorar a Deus Todo-Pode- reis, presidentes, governan- verdadeiros, castos, bene- tar. Se houver qualquer
teja traduzida corretamente; que Ele revela agora e cre- das Dez tribos; que Sião (a roso de acordo com os di- tes e magistrados; na obe- volentes, virtuosos e em fa- coisa virtuosa, amável, de
1234567
também cremos ser o Livro mos que Ele ainda revelará Nova Jerusalém) será cons- tames de nossa própria diência, honra e zer o bem a todos os boa fama ou louvável, nós
de Mórmon a palavra de muitas coisas grandiosas e truída no continente ameri- consciência; e concedemos manutenção da lei. homens; na realidade, po- a procuraremos.
Deus. importantes relativas ao cano; que Cristo reinará a todos os homens o mes- demos dizer que seguimos
Reino de Deus. pessoalmente na Terra; e mo privilégio, deixando-os a admoestação de Paulo:
que a Terra será renovada adorar como, onde ou o Cremos em todas as coi-
e receberá sua glória que desejarem. sas, confiamos em todas as
paradisíaca. coisas, suportamos muitas
coisas e esperamos ter a

Dom do
Espírito
Santo
8 9 10111213
Batismo
Apótolos
Profetas
Arrependimento Pastores
Mestres
Evangelistas

TRIBOS

O A M I G O FEVEREIRO DE 2003
5
A Pedra
do Perdão
J A N E M C B R I D E C H O AT E

Baseado em uma história real Levi colocou a mão dentro do copo e viu

L
evi não estava concentrado na Primária naque- que estava cheio de pedrinhas.
le domingo. Ele ainda estava com raiva do seu “Coloquem uma pedrinha no seu sapa-
irmão mais velho, Jason. to”, disse ela, “Agora tentem caminhar sem
Jason acabara de tirar sua carteira de habilitação. Na sair do lugar.”
semana anterior, ele atropelara a bicicleta de Levi, mui- Levi levantou o pé e colocou-o novamen-
to embora Levi a tivesse estacionado cuidadosamente te no chão. A pequena pedra provocou uma
ao lado da garagem. Levi levou muito tempo economi- sensação estranha no pé. Ele tentou movê-la para um
zando para comprar a bicicleta com o seu próprio lugar mais confortável, mas ela continuou a incomodar
dinheiro. seu pé.
“Sinto muito mesmo. Eu vou consertá-la, e ela ficará “Agora caminhem com reverência pela sala”,
novinha em folha”, prometeu Jason. instruiu a irmã McClure.
Levi olhou o pára-lama amassado. “Nunca mais será Algumas crianças começaram a dar risadi-
a mesma.” nhas, mas pararam quando a irmã McClure
Jason desculpou-se novamente, mas Levi recusou-se lhes lembrou que deveriam ser reve-
a ouvi-lo. “Se você não fosse um motorista tão desastra- rentes. Duas das crianças mais novas
do, não teria arruinado a minha bicicleta.” começaram a mancar e abaixaram-
“Eu disse que vou consertar a bicicleta.” Jason não se para retirar a pedra do sapato.
parecia tão arrependido agora. Levi deixou a pedra em seu sapa-
Levi saiu furioso, trancou-se no quarto pelo resto da to. Porém, à medida que caminha-
tarde, saindo apenas depois que a mãe insistiu que ele va, parecia que ela se tornava maior.
viesse jantar com a família. Depois de alguns minutos, a irmã
Isso aconteceu na quarta-feira. Levi tinha guardado McClure pediu às crianças que se sentas-
aquele ressentimento por quatro dias. Incomodava-o o sem e retirassem as pedras dos sapatos.
fato de estar zangado com Jason. Mesmo assim, ele não Mais uma vez, ela passou com o copinho de papel pela
sentia vontade de perdoar seu irmão. sala para que as crianças devolvessem as pedrinhas.
ILUSTRAÇÕES DE ROBERT A. MCKAY

Após a abertura e os hinos da Primária, a irmã Então explicou: “Essas pedrinhas são como os senti-
McClure, segunda conselheira, apresentou o Tempo de mentos que temos quando não perdoamos alguém
Compartilhar para as crianças mais velhas. Começando que nos ofendeu. Eles podem começar pequenos,
pelos alunos da classe de Levi, ela passou pela sala um mas depois crescem e tornam-se cada vez maiores.”
pequeno copo de papel. “Peguem uma e passem adiante”, “E se a pessoa que fez algo que nos magoou não
instruiu ela. estiver arrependida?” Perguntou Levi.

6
O A M I G O FEVEREIRO DE 2003 7
“Às vezes precisamos perdoar, mesmo quando a ou- Todos riram. A família inteira sabia que a mãe gostava
tra pessoa não pede desculpas ou não está arrependi- de usar objetos nas lições que dava na noite familiar.
da”, esclareceu a irmã McClure. Antes de ir dormir, Levi bateu à porta do quarto de
A irmã McClure contou a história de uma vez em que Jason. “Sinto muito por ter sido tão bobo”, disse ele
o Profeta Joseph Smith perdoou um dos seus amigos quando Jason abriu a porta. “Sei que você não amassou
que o havia traído. Levi sentiu um nó na garganta ao minha bicicleta de propósito.”
ouvir como o profeta tinha perdoado William W. Phelps, “Não, sou eu que tenho que pedir desculpas.”
muito embora o irmão Phelps tivesse conspirado com Jason puxou Levi e deu-lhe um grande e forte abraço,
as turbas que perseguiam a Igreja e seus líderes. levantando-o do chão. “Que tal trabalharmos juntos
Levi pensou sobre a aula da irmã McClure durante o para consertarmos a bicicleta amanhã depois da
restante da Primária. Após o jantar naquela noite, quan- escola? Vou perguntar ao papai se podemos usar
do seus pais perguntaram à família o que haviam apren- suas ferramentas.”
dido na Igreja, Levi contou-lhes sobre as pedrinhas. “Ótimo!” Exclamou Levi e, ao ir para o seu quarto,
“Como ficou o seu pé depois que você retirou a pensou: “Eu me sinto ótimo mesmo!” ●
pedra?” Perguntou o pai.
“Meu pé ficou um pouco machucado”, admitiu Levi.
“A irmã McClure comparou o nosso caminhar com a pe-
dra no sapato com as vezes em que guardamos rancor AMIGOS OUTRA VEZ
e nos recusamos a perdoar alguém que nos ofendeu.”
“Parece aqueles objetos que a mamãe usa na aula de-
la”, declarou Annie, sua irmãzinha. D epois de ter traído o Profeta Joseph Smith, o ir-
mão William W. Phelps pediu-lhe perdão. O pro-
feta escreveu-lhe a seguinte carta:
“Caro irmão Phelps: — Devo dizer que não é com
naturalidade que me empenho em escrever algumas
linhas em resposta [a sua carta]; mas ao mesmo tem-
po, alegro-me com o privilégio que me foi concedi-
do. (. . .) É verdade, sofremos muito devido a sua
conduta. (. . .) Entretanto, bebeu-se a taça, fez-se a
vontade de nosso Pai e ainda estamos vivos e gratos
ao Senhor por isso. Por acreditar que sua confissão
seja autêntica e seu arrependimento genuíno, ficarei
feliz em estender-lhe novamente a mão direita da ca-
maradagem. (. . .) Venha, caro irmão, findou-se a ba-
talha, pois os que eram amigos a princípio tornam a
ser amigos outra vez afinal.
Seu amigo de sempre, Joseph Smith Jr.”
(History of the Church,
4:162–164) ●

8
Em 2003, todos os exemplares de O Amigo
terão Cartões do Templo. Retire os cartões
da revista, cole-os sobre uma cartolina e

Cartões do Templo recorte-os. Colecione os cartões para lem-


brar-se da importância dos templos.

FOTOGRAFIA DE STEVE TREGEAGLE


FOTOGRAFIA DE STEVE TREGEAGLE

Templo de Idaho Falls Templo de Berna Suíça Templo de Los Angeles Califórnia

Dedicado em 23 de setembro de 1945 Dedicado em 11 de setembro de 1955 Dedicado em 11 de março de 1956


pelo Presidente George Albert Smith pelo Presidente David O. McKay pelo Presidente David O. McKay
FOTOGRAFIA DE MICHAEL MCCONKIE

FOTOGRAFIA DE LONGIN LONCZYNA


Templo de Hamilton
Nova Zelândia Templo de Londres Inglaterra Templo de Oakland Califórnia

Dedicado em 20 de abril de 1958 Dedicado em 7 de setembro de 1958 Dedicado em 17 de novembro de 1964


pelo Presidente David. O. McKay pelo Presidente David O. McKay pelo Presidente David O. Mckay
FOTOGRAFIA DE STEVE TREGEAGLE

FOTOGRAFIA DE CRAIG DIMOND


FOTOGRAFIA DE JOHN TELFORD

Templo de Ogden Utah Templo de Provo Utah Templo de Washington D.C.

Dedicado em 18 de janeiro de 1972 Dedicado em 9 de fevereiro de 1972 Dedicado em 19 de novembro de 1974


pelo Presidente Joseph Fielding Smith pelo Presidente Joseph Fielding Smith (oração pelo Presidente Spencer W. Kimball
lida pelo Presidente Harold B. Lee)

O A M I G O FEVEREIRO DE 2003 9
TENTAR SER
COMO JESUS

Ajudando
a Minha Mãe
V I N N Y K E N M U R A M AT S U D E O L I V E I R A

Q
uando eu tinha cinco anos, minha cozinha, subi numa cadeira e comecei a lavar a louça.
mãe teve um problema nas costas e Havia muitos pratos, mas achei que minha mãe poderia
não podia ficar de pé por muito dormir um pouco mais se eu fizesse aquilo por ela.
tempo. Numa tarde, depois do Eu ainda estava lavando os pratos, quando senti uma
almoço, ela e minha irmã mão em meu ombro. Era minha mãe, perguntando o
de dois anos, Dafne, fo- que eu estava fazendo. Disse-lhe que a estava ajudando
ram dormir. para que suas costas melhorassem, e ela começou a
Eu estava jogando chorar. Ela disse que estava muito feliz por eu querer
videogame, que é o ajudá-la. Abrançou-me e disse que Jesus estava muito
que mais gosto de feliz com o que eu estava fazendo.
fazer. Quando es- Aprendi na Primária que devemos ser como Jesus.
tava na melhor par- Não compreendia muito bem o que devia fazer para
te do jogo, pensei em ser como Ele. Mas por ter ajudado a minha mãe, apren-
minha mãe. Ela tinha di que o Espírito Santo me auxiliou a ter uma idéia de
sempre que manter a casa como ajudar minha mãe quando ela
limpa, mas suas costas esta- estava precisando. O Espírito Santo
vam doendo muito. Achei que me ajudou a ser como Jesus. ●
devia ajudá-la e fazer-lhe uma
surpresa quando acordasse. Vinny Ken Muramatsu de Oliveira,
de 9 anos, é membro da Ala Kariya,
Parei de jogar. Fui até a Estaca Okazaki Japão.

ILLÛSTRAÇÔES DZ GREGG THORKELSON

10
HISTÓRIAS DO NOVO TESTAMENTO

O PRIMEIRO
SACRAMENTO

ILUSTRAÇÕES DE PAUL MANN


Os judeus comemoravam todos os anos uma festa cha-
mada Páscoa. Essa festa os ajudava a lembrar como Deus
havia salvado os israelitas no Egito muito tempo antes, na
época de Moisés.
Êxodo 12:27; Lucas 22:7

Jesus e os Doze Apóstolos precisavam de um lugar para comemorar a Páscoa. O Salvador enviou Pedro e João para
encontrarem um lugar.
Lucas 22:8

O A M I G O FEVEREIRO DE 2003 11
Eles encontraram um lugar e prepararam o banquete. Jesus e todos os Apóstolos estavam ali e comemoraram a
Lucas 22:9–13 Páscoa.
Lucas 22:14

Durante a refeição, Jesus deu pela primeira vez o Jesus disse-lhes que pensassem em Seu corpo ao comerem
sacramento aos Seus Apóstolos. Ele tomou o pão, o pão, para lembrarem que Ele morreria por eles.
abençoou-o e depois partiu-o em pedaços. Disse aos Mateus 26:26; Lucas 22:19
Apóstolos que comessem o pão.
Mateus 26:26; Lucas 22:19

12
Jesus colocou um pouco de vinho num cálice. Ele Disse-lhes que pensassem em Seu sangue quando
abençoou o vinho. Disse aos Apóstolos que o bebessem. tomassem o vinho, para lembrarem que Ele sangraria e
Mateus 26:27 sofreria pelos pecados das pessoas.
Mateus 26:28; Lucas 22:20

Jesus também disse aos Apóstolos que seria morto por pessoas más. Onze dos Apóstolos ficaram muito tristes. Eles amavam
o Salvador e não queriam que Ele morresse. Jesus sabia que um dos Apóstolos, Judas Iscariotes, iria ajudar as pessoas más.
Mateus 26:2, 14–16, 21–25

O A M I G O FEVEREIRO DE 2003 13
HISTÓRIAS DO NOVO TESTAMENTO

OUTROS
ENSINAMENTOS
DADOS NA
ÚLTIMA CEIA

Depois de terminarem de comer, Jesus conversou com


Seus Apóstolos. Ele disse que as pessoas saberiam que
eles eram Seus discípulos se eles amassem uns aos
outros como Ele os tinha amado.
João 13:34

Ele disse que se eles O amassem, guardariam Seus mandamentos. Prometeu-lhes o Espírito Santo, que lhes ensinaria tudo
o que precisassem saber. Disse que o Espírito Santo os ajudaria a lembrar as coisas que Ele lhes havia ensinado.
João 14:15–18, 26

14
Jesus disse que Ele era a videira verdadeira. Seus discípu- Jesus prometeu a Seus Apóstolos que se eles vivessem o
los eram como se fossem ramos que cresciam da videira. evangelho, seriam como os ramos da boa videira. Ele os
Se os ramos não produzissem bons frutos, seriam corta- tornaria fortes. Seus frutos, ou seja, suas obras, seriam
dos. Se um ramo se quebrasse da videira verdadeira, não bons. Mas se não O seguissem, não produziriam nada.
poderia produzir nenhum fruto. Mas se os ramos perma- João 15:3–8
necessem firmemente unidos à videira, seriam nutridos.
João 15:1–2

Por fim, Jesus Cristo orou para que Seus Apóstolos fos- Depois disso, Jesus e os Apóstolos cantaram um hino e
sem um ao fazerem o trabalho do Pai Celestial. Disse que saíram do lugar onde estavam reunidos.
Ele era um com o Pai, porque tinha feito o que o Pai O Mateus 26:30
enviara para fazer. Jesus orou para que Seus discípulos
ensinassem as pessoas a acreditarem Nele.
João 17:1–4, 6, 20–23

O A M I G O FEVEREIRO DE 2003 15
Com Fé O Seguirei
C

! 44 : CB C C C
C C C CB C CBC C CB C
Com alegria = 92–104

C C BB C C CC C C CB B B
B
1. O Mes - tre deu- me o e-van - ge - lho e luz. E mos - trou- me a sen - da que ao céu con - duz. Sa - be -
˘˘ com pu - ro˘a - mor. Do -ce é a voz que˘es - cu - to do˘ Sal - va - dor.
g
(2. E - ) le me en - vol - ve E no

# 4 S B C CO B C C
˘ ˘ ˘˘ ˘
: C S C B
4 C C B B B

! CC C C C C g
C CC B CB C CB O C CB
B
C CB C BBO C C
rei bri - lhar, meu a - mor mos - trar, Eo Cris - to pro - cla - mar. Com
˘
BO
que eu fi - zer, pro - va - rei ter fé Nas coi - sas do Se - nhor. O

# C C B B BB C
˘
WB C C C A
C

! C C C CB C C CB C CB C C
C BB C C CB C CC C C C B B B
B
sim - ples fé me a - ben - ço - ou, Su - a for - ça dá - me se fra - co es - tou. Sem - pre O
Mes - tre mui - to me a - ben - ço - ou E, com gra - ti - dão, can - to Seu lou˘ - vor. E pro˘ -
# C S B C S C B
˘
C C B C C CB B
C B B C B

C g : C
! C C C C C
CC
[

C C C CB O C C CC
1. 2.

C B B C C BO C BO
B B B B
ser - vi - rei, Seu la - bor fa - rei: Com fé O se - gui - rei. 2. E -

# g CO B
cla - ma - rei que por cer - to sei Que sem - pre O se - gui - rei. Deu - me

B B :
BB
˘
C C C B B B BO BO
C C

C g
! C C C C C CB C C C
]

C B C CB O C C C CC BO
B C

# C C B
di - re - ção; pa - ra sem - pre, en - tão, com fé O se - gui - rei.

B B B B
˘
WB C WC XB B B
CBO
Letra e música: Janice Kapp Perry, n. 1938
© 2001 Janice Kapp Perry. Todos os direitos reservados.
Este hino pode ser copiado para uso na Igreja e no lar,
não para uso comercial. ILUSTRAÇÃO DE DILLEEN MARSH

16
Não Temas, de Greg Olsen
DA COLEÇÃO VISÕES DE FÉ, DA MILL POND PRESS, INC., VENICE, FLÓRIDA.

“Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes;


porque o Senhor teu Deus é contigo.” (Josué 1:9)
Q
ue exista em nossos pensamentos

e atos uma manifestação de força
e paz espiritual interior. Que
tenhamos uma fé absoluta de que todas
as coisas são possíveis a Deus e que nos
lembremos de que por meio da nossa
obediência podemos passar a conhecer
todas as coisas por intermédio do Seu
Santo Espírito.” Ver “Fortalecendo o
Nosso Interior”, Presidente James E.
Faust, página 2.
4
02239 82059
PORTUGUESE

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